Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Revista Brasileira de Geografia Física ISSN:1984-2295 Homepage: www.ufpe.br/rbgfe Análise Comparativa da Temperatura Média do Ar em Campina Grande, PB, Obtida pelo Método dos Extremos e pelo Método Padrão Jório Bezerra Cabral Júnior¹; Hermes Alves de Almeida2; Cláudio Moisés Santos e Silva³ ¹Geógrafo, Mestrando em Ciências Climáticas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGCC-UFRN) Campus Natal, RN, Brasil, [email protected]; ²Prof. Dr. do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Universidade Estadual da Paraíba, Campus Campina Grande, Paraíba, Brasil. ³Prof. Dr. do Departamento de Física Teórica e Experimental e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas (PPGCC-UFRN) Campus Natal, RN, Brasil. Artigo recebido em 31/07/2013 e aceito em 20/08/2013 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo principal comparar os valores da temperatura média do ar calculados pelos métodos Padrão (INMET) e dos Extremos (FAO). Utilizando-se uma série de dados diários de temperatura do ar (das 12:00 e 24:00 UTC) e das temperaturas máxima e mínima, do período:01.01.1980 a 31.12.2011, cedida pela Embrapa Algodão, em Campina Grande, PB. Os dados horários/diário foram agrupados cronologicamente e em seguida determinadas as médias diárias da temperatura média do ar, aplicando os dois métodos citados. Das médias diárias foram calculadas as médias mensais e por estação do ano. As análises estatísticas foram feitas usando as medidas de tendência central (média e mediana), de dispersão (amplitude e desvio padrão) e de frequência. O modelo de ajuste foi o de regressão linear simples e de correlação de Pearson. Os principais resultados indicaram que os valores médios mensais, anuais e por estação do ano da temperatura média obtida pelo método dos extremos foram maiores, em média, de 1 a 2°C que os pelo método padrão. Ao nível de 99% de confiança estatística ( = 0,01), o efeito linear foi positivo nas quatro estações do ano podendo ser expressa da seguinte forma no verão (Y= 4,4435 + 0,8725x) no outono (Y= 2,4939 + 1,1436x) no inverno (Y= -1 0445 + 1,1084x) e na primavera (Y= - 1,2228 + 1,1084x). Houve forte correlação (r) entre os dois métodos oscilando entre 0,834 (no verão) e 0,981 (no inverno). Recomenda-se precaução no uso da média pelo método dos Extremos, pois a sua utilização, através dos dados analisados, acarreta superestimativa. Palavras-chave: Clima, variabilidade, sazonalidade. Comparative Analysis of Average Temperature of Air in Campina Grande, PB, When Obtained by the Extreme and Standard Methods ABSTRACT The main objective of the present work is to compare the daily air temperature calculated by two different methods, the Standard and the Extreme. We used a climatological time series from 1th January 1980 to 31 December 2011 of daily air temperature collected at 1200 and 0000UTC as well as the maximum and minimum daily temperature, available from “Embrapa Algodão”, located in Campina Grande municipality. The dataset was chronologically organized and both, Standard and Extreme, methods were applied. Monthly and climatological analyses were performed from the daily results. The statistic analyses were performed based on average and median calculations. In addition statistic dispersion (amplitude and standard deviation) and frequency distribution were analyzed. We used the linear model and Pearson correlation in order to adjust the models. O main results indicates that the monthly, annual and seasonal temperature obtained by the Extreme methods is always higher relatively to Standard method one. At 99% confidence level the linear effect was positive during the four seasons. In summer the linear equation was (Y= 4,4435 + 0,8725x), in autumn (Y= -2,4939 + 1,1436x) in winter (Y= -1 0445 + 1,1084x) and in spring (Y= - 1,2228 + 1,1084x). A strong correlation was verified between the two models with r = 0.834 and r = 0.981 in winter. Based on results here presented we recommend precaution in using the Extreme values method because it causes overestimation in daily temperature. KEYWORDS: Climate, variability, seasonality. * Cabral E-mailJúnior, para correspondência: [email protected] J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. (Cabral Júnior, Jório Bezerra). 888 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Meteorologia (OMM) e Instituo Nacional de 1. Introdução No âmbito meteorológico e climático a Meteorologia (INMET). temperatura do ar é o elemento de extrema Quanto ao método dos extremos é importância, pois influencia diversos outros utilizada pela Organização das Nações Unidas elementos na para Alimentação e Agricultura (FAO) na produção agrícola, nos recursos hídricos, nos estimativa da evapotranspiração de referência meios socioeconômico e ambiental. por Penman-Monteith (FAO 56), a partir da climáticos, assim como As aplicações de métodos e de análises estatísticas, aplicados a este elemento do tempo e do clima, permitem compreender média das temperaturas máxima e mínima diária (ALLEN et al., 1998). Ainda são necessárias análises melhor os fenômenos atmosféricos derivados, comparativas quando se utiliza dos mesmos determinando os seus padrões de ocorrência e dados de temperatura, por exemplo, com propiciando uma adequada previsibilidade do métodos diferentes de média, pois isso pode seu comportamento numa região. Com essa resultar ferramenta científica é possível identificar se consequentemente conduzir a inúmeros erros a variação de um determinado elemento nos resultados obtidos. climático se deve a uma variabilidade natural ou é uma mudança do elemento meteorológico ou do próprio método. em Ledo temperatura diferenças et al. média apreciáveis, (2011) calculou por e a diferentes metodologias em Barbalha no estado do Assim, tal como é para a temperatura Ceará e identificou que os quatro métodos do ar, existe formas distintas de obtenção do avaliados em relação ao padrão (INMET) valor podem ser utilizados nas estimativas de médio diário, o que depende basicamente da quantidade de dados coletados pela estação ao longo do dia, tornando-se temperaturas médias diárias do ar. Porém, Jerszurki e Souza (2010) pertinente, sempre que possível, analisar as fazendo equações que comumente são utilizadas para localidades o cálculo dos valores médios diários dos encontraram sérias restrições para utilizar a elementos meteorológicos. (TERAMOTO et temperatura média do ar calculada pelo al. 2009). método dos extremos (FAO), principalmente Peterson e Vose (1997) citam que há análise com comparativa diferentes em doze métodos nas estações do verão e primavera. mais de cem fórmulas para calcular a A questão é complexa porque efeitos temperatura média diária do ar (tmed), semelhantes podem resultar da mudança do embora Almeida (2012), por sua vez, local da estação meteorológica, ou de recomenda já alteração do seu entorno (VAREJÃO-SILVA, recomendados pela Organização Mundial de 2006). Nesse caso não se trata de mudança de o método Padrão, Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 889 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 temperatura e sim de local, de tecnologia ou Quanto à estrutura geológica é se for à média de procedimentos de constituída por rochas resistentes, muito determinação (Almeida, Souza e Alcântara, antigas, que formam o Complexo Cristalino 2008). da era Pré-Cambriana (CPRM, 2005). Nesse contexto, o objetivo principal da A área da unidade é recortada por rios presente pesquisa é o de comparar valores predominantemente intermitentes, de pequena médios de temperatura do ar em Campina vazão e potencial de água subterrânea baixo. Grande-PB, para identificar se há diferenças A entre estes dois métodos, Padrão (OMM / Subcaducifólica e Caducifólica, próprias das INMET) e Extremos (FAO). áreas agrestes. Pela classificação climática de vegetação é formada por Florestas Köppen, o clima é Tropical, com temperatura 2. Material e Métodos média do mês mais frio superior a 18° C e a 2.1 Área de estudo e coleta de dados precipitação média anual superior a 700 mm, A área de estudo compreende a localidade de Campina Grande (latitude 7° 13' cuja fórmula climática é Asi. Para análise e avaliação do presente 0" S, longitude de 35° 53' 0" W e altitude 551 trabalho m), inserida na mesorregião do Agreste do meteorológicos Estado da Paraíba, conforme a Figura 1. temperatura do ar, coletados nas Estações De acordo com os anais da foram Meteorológicas utilizados horários e dados diários Convencional (EMC) de e COBENGE (2005) Campina Grande está Automática (EMA), instaladas no Centro localizada a 120 km a Oeste da capital João Nacional Pessoa-PB. Pólo de cinco microrregiões (Embrapa/CNPA), em Campina Grande, PB, homogêneas que compõe o Compartimento da e pertencentes ao Instituto Nacional de Borborema exerce influência geoeconômica Meteorologia de Pesquisa (INMET) do Algodão (Figura 2). em limites que transpõem fronteiras estaduais, tornando-se, assim, uma das mais importantes do Nordeste do Brasil. Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 890 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Figura 1. Localização da área de estudo. Figura 2. Estação Meteorológica, instalada no Centro Nacional de Pesquisa do Algodão /EMBRAPA, pertecente ao INMET, em Campina Grande, PB. 2.2 Procedimentos e metodologia como também os valores das temperaturas As observações meteorológicas foram extremas (máxima e mínima) durante o realizadas diariamente às 12:00, 18:00 e 24:00 período de 01.01.1980 a 31.12.2011. A UTC (Unidade de Tempo Coordenado), temperatura média diária (tmed), determinada Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 891 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 pelo método padrão (INMET), foi calculada segundo a equação 1: A princípio foram analisadas separadamente as médias por estações do ano, tanto da média calculada pelo método padrão, tmed Padrão = tar12 + t máx + t min + 2 tar24h h (1) como pelo dos extremos, e posteriormente comparadas entre si. 5 As frequências dos valores médios Sendo: diários, tmedPadrão : temperatura média diária; computados em diferentes classes de valores tar 12h : temperatura do ar lida às 12:00h UTC; de temperatura e organizados num histograma tar 24h : temperatura do ar lida às 24:00h UTC; de frequências relativas. tmáx : temperatura máxima do dia; pelos dois métodos, foram A análise de regressão (Y= a + bX) foi t min : temperatura mínima do dia. utilizada para indicar qual a relação existente entre as médias de temperaturas determinadas Em seguida determinou-se a pelos dois métodos, sendo o método Padrão a temperatura média diária utilizando o método referência, e, portanto a variável independente dos extremos (tmedExtremos), (FAO). Dado pela (X) em relação ao método dos Extremos (Y). equação 2: Os coeficientes a e b são os parâmetros que indicam por meio do teste de significância, e tmedExtremos t +t = máx min 2 (2) do coeficiente angular, a interdependência. Para identificar a proporção da variação entre os diferentes valores médios de temperatura do ar calculou-se o coeficiente de A unidade de medida utilizada para Determinação (R²), dado por: ambos os métodos foi em graus Celsius (°C). As médias mensais e anuais das temperaturas mínimas, médias e máximas do ar foram determinadas pela média aritmética R² = SQ reg SQ tot (3) dos seus respectivos valores diários e mensais. O mesmo critério foi usado no Sendo R²: Coeficiente de Determinação; cálculo da tmed de toda a série, as medidas de SQreg: Soma do Quadrado de Regressão; tendência central (média e mediana) e SQ tot: Soma do Quadrado Total. dispersão (desvio padrão, amplitude e desvio O coeficiente de correlação (r) foi relativo), foram utilizadas de acordo com os utilizado para detectar se há ou não relação critérios propostos por Assis, Arruda e Pereira linear entre as variáveis, e qual a intensidade (1996). de relação existente entre ambas. O método Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 892 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 utilizado foi o da correlação de Pearson, Observa-se que os valores médios e as utilizando-se as variáveis para as duas medianas mensais diferem entre os métodos. temperaturas médias (X e Y) e o numero de No método padrão a temperatura média observações (n) de acordo com Spiegel mensal oscilou entre 24,5 °C (Jan-Fev-Mar) e (1972), expresso pela equação 4: 23,3 °C (Jul); no método dos extremos a oscilação ficou entre 25,8 °C (Dez-Jan) a 22 n X iYi X i Yi i=1 i=1 i=1 n r= n n n X i2 X i i=1 i=1 n 2 n °C (Jul), indicando uma amplitude de 3,8 °C, n n Yi 2 Yi i=1 i=1 n sendo 0,6 °C a mais em relação à amplitude 2 (4) determinada pelo método padrão. A maior dispersão da média pelo método padrão foi no mês de fevereiro, e pelo método dos extremos foi no mês de março, com valor igual de 0,9 °C; o coeficiente de 3. Resultados e Discussão variação para esses meses é de 3,4 e 3,5%, Nas Figuras 3 e 4, verificam-se as respectivamente. médias mensais das médias, medianas e Desvio Padrão (DP) calculados pelos métodos padrão e dos extremos, respectivamente. Média Mediana 1,0 DP 25,0 0,8 24,0 0,6 23,0 0,4 22,0 0,2 21,0 20,0 Desvio Padrão (DP) Temperatura do ar (°C) 26,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses Figura 3. Médias mensais da média, mediana e Desvio Padrão da temperatura média do ar (temperatura média calculada pelo método Padrão) de Campina Grande, PB, período: 01.01.1980 a 31.12.2011 Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 893 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Mediana DP 1,0 25,0 0,8 24,0 0,6 23,0 0,4 22,0 0,2 21,0 20,0 Desvio Padrão (DP) Temperatura do Ar (°C) Média 26,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses Figura 4. Médias mensais da média, mediana e Desvio Padrão da temperatura média do ar (temperatura média calculada pelo método dos extremos) de Campina Grande, PB, período: 01.01.1980 a 31.12.2011. As médias mensais das temperaturas mais das temperaturas médias das mínimas, máximas, médias (calculadas pelos métodos isso se deve ao fator de ponderação com peso dos Extremos e Padrão) e mínimas são maior (dois) no cálculo para o horário das mostradas 24UTC (21h, horário local). na Figura 5. A média da temperatura máxima foi de 30,6°C em Quanto às temperaturas médias dezembro e janeiro. A menor média da calculada pelo método dos extremos são mínima foi de 18,4°C em agosto quando se determinadas exatamente pela interseção entre observou uma amplitude, média, de 12,2 °C. a média da máxima e da mínima, isso ocorre As temperaturas médias pelo método padrão apresentam tendência de aproximar-se Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. devido a serem esses os únicos envolvidos e sem ponderação no referido cálculo. 894 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Temperatura do ar (°C) Tmed Extremos Tmed Padrão Tmedmin 32 30 30 28 28 26 26 24 24 22 22 20 20 18 Temperatura do ar (°C) Tmedmáx 32 18 J F M A M J J A S O N D Meses Figura 5. Médias mensais da temperatura máxima (Tmáx), média calculada pelo método dos extremos (Tmed Extremos), média calculada pelo método padrão (Tmed Padrão) e mínima (Tmin). Campina Grande, PB, período de 1980-2011. As oscilações anuais das médias da obtida pela média dos extremos em relação a temperatura média do ar foram observadas ao sua média histórica (24,4°C) corresponderam longo da série histórica de 32 anos, houve em 40,6 e 46,9%respectivamente; 12,5% anos que registraram média anual acima como foram os valores médios anuais que não abaixo da série histórica, ou seja, os anos que apresentaram desvio. registraram médias acima da média histórica Na década de 80 em 8 dos dez anos resultaram em Desvios Relativos Positivos observou-se DRN’s, o contrário ocorreu na (DRP’s) e as médias com valores abaixo, década 2000. O maior desvio médio ocorreu Desvios no ano de 1998 (1,1°C). Em 1980 a 1986 foi Relativos Negativos (DRN’s), evidenciando-se na Figura 6. Os DRP’s da temperatura média padrão em relação à média histórica (23,3°C) registrada uma sequência na diminuição das temperaturas médias, e de 2006 a 2010 uma sequência de aumento. foram de 40,6%. Em 9,4% estiveram na faixa da média histórica e 50% resultaram em DRN’s. Os DRP’s e os DRN’s da tmed do ar Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 895 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 1,5 tmedPadrão tmedExtremos 1,0 DR (°C) 0,5 0,0 -0,5 -1,0 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 Anos Figura 6. Desvios relativos médios (em °C) das médias anuais calculada pelo método Padrão pela diferença das médias anuais do método dos Extremos de Campina Grande, PB, médias do período: 01.01.1980 a 31.12.2011. A seguir é apresentado uma análise e ≤ 25,5 °C; pelo método dos extremos a sazonal (Figuras 7 e 8). Foi verificado maior ocorrência foi para valores acima de diferenças as 25,5°C. Em julho (mês mais frio) a maior frequências de médias diária calculada por frequência, de ocorrer valores de temperatura ambos os métodos. No verão (janeiro) a média diária, é entre o intervalo de classe maior de compreendido entre 21 e 22,5 °C, com 57,1 e temperatura pelo método padrão foi entre 24 57,5%; Padrão e Extremos, respectivamente. quando frequência 80 comparadas de ≤ 21°C ocorrência > 21 e ≤ 22,5°C > 22,5 e ≤ 24°C > 24 e ≤ 25,5 °C >25,5 °C 70 Padrão Fr (%) 60 50 40 30 20 10 0 Jan Abr Jul Out Meses Figura 7. Histograma de frequências para ocorrência de diferentes valores de temperaturas médias diárias, médias obtidas pelo método Padrão em Campina Grande, PB. Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 896 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 80 ≤ 21°C > 21 e ≤ 22,5°C > 22,5 e ≤ 24°C > 24 e ≤ 25,5 °C >25,5 °C 70 Fr (%) 60 50 40 30 20 10 0 Jan Abr Jul Out Meses Figura 8. Histograma de frequências para ocorrência de diferentes valores de temperaturas médias diárias, médias obtidas pelo método dos Extremos em Campina Grande, PB. Destaca-se que as médias dos extremos quantidade, ocorrência e dispersão, foram sempre superiores que as médias particularmente quando se comparou médias determinadas pelo método padrão; vale obtidas por métodos distintos. ressaltar que de As médias da temperatura média proporcionalidade quando se observou os calculada pelo método dos extremos (FAO) desvios nas quatro estações, ou seja, há diferiram, estação com desvios maiores e outras quando comparada pelo método padrão menores. primavera (OMM), o que corrobora com resultados identificou-se a maior diferença entre os encontrados por Teramoto et al. (2009). Neste métodos, cerca de 1,3°C em média. caso não se trata de mudança de temperatura e No não houve verão e relação na As médias para o verão, outono, sim demonstrado de procedimentos superestimação de determinação inverno e primavera são de respectivamente conforme descrito por Almeida, Souza e 24,4; 23,9; 21,5 e 23,2°C pelo método padrão. Alcântara Para Jerszurki & Souza (2010) ao afirmarem que a o método dos extremos são sucessivamente de 25,8; 24,9; 22,3 e 24,5 °C. Os dados médios e medianos (Figuras 3, 4 e 5) assim como os desvios relativos (2008), complementado por temperatura média do ar calculada pelo método dos extremos, poderá ser utilizada, porém com sérias restrições. médios (Figura 6) e até mesmo a ocorrência de frequências para diferentes valores de temperatura (Figuras 7 e 8) diferiram em Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 897 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 27 26 26 25 25 24 24 23 Tmed Extremos 27 26 Outono 26 25 24 24 23 23 22 23 22 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 Anos Anos Tmed Extremos Tmed Padrão 27 25 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 a 2010 24 Tmed Padrão Tmed Extremos 24 Tmed Padrão 23 23 22 22 21 21 20 20 Temperatura do ar (°C) Inverno Temperatura do ar (°C) Temperatura do ar (°C) 26 26 Primavera 25 25 24 24 23 23 22 22 21 21 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 1980 1983 1986 1989 1992 1995 1998 2001 2004 2007 2010 Anos Anos Figura 9. Médias anuais das temperaturas médias, por estação do ano, calculada pelo método dos extremos (Tmed Extremos), e média calculada pelo método padrão (Tmed Padrão) em Campina Grande, PB, período de 1980-2011. Nota-se na Figura 10 o modelo de de 1,1436, em média, nos valores dos regressão linear simples e o coeficiente de extremos com aumento de cada grau pelo Determinação da reta (R²) entre os dois método Padrão. Já os valores nas estações de valores médios do método INMET e FAO, inverno e primavera foi de 1,1084 de por estação do ano. aumento, em média. Foi verificado que há uma relação O coeficiente de determinação (R²) foi linear positiva entre os dois métodos de de 0,6955 no verão, nas demais estações do cálculo para a temperatura média do ar em ano o R² ficou superior a 0,92; o que significa Campina Grande, sendo que os valores alta relação linear entre a temperatura média lineares foram diferenciados. No verão, pelos métodos analisados. aumentando-se um grau de temperatura média No verão, o valor calculado f = 68,52 , do ar pelo método padrão aumenta-se, em foi maior que o valor crítico f média, 0,8725 graus da tmed pelo método dos concluindo extremos. A estação do outono foi a que probabilidade (α = 0,01), ao efeito linear da apresentou o maior valor, com um incremento temperatura média (FAO) versus temperatura Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. Temperatura do ar (°C) Verão 28 que ao nível 0,01(1,3) de = 7,56; 1% de 898 Temperatura do ar (°C) Tmed Padrão Temperatura do ar (°C) 27 Tmed Extremos Temperatura do ar (°C) Temperatura do ar (°C) 28 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 média (INMET) é significativo, podendo ser 1,1436x (no outono) e Y= - 1,2228 + 1,1084x expressa pela equação Y= 4,4435 + 0,8725x. (na primavera). Para o inverno o valor No outono e na primavera os valores calculado f = 380, foi superior ao valor crítico calculado f foi maior que o valor crítico f f 0,01(1,3) = 7,56; sugerindo que ao nível de 1% = 7,56; e ao nível de 1% de de probabilidade (α = 0,01) esse efeito linear probabilidade (α = 0,01), essa significância é significativo, ajustado a reta pela equação pode ser expressa pela equação Y= -2,4939 + Y= -1 0445 + 1,1084x. 0,01(1,3) 27,0 26,7 2 Tmed Extremos (°C) Tmed Extremos (°C) y = 4,4435 + 0,8725x 26,3 R = 0,6955 25,9 25,5 Verão 26,5 y = - 2,4939 + 1,1436x 26,0 R2 = 0,9629 25,5 25,0 Outono 24,5 25,1 24,0 24,7 23,5 23,9 24,3 24,7 25,1 23,5 22,9 25,5 23,4 23,9 Tmed Padrão (°C) 24,9 25,4 25,9 Tmed Padrão (°C) 23,5 25,5 y = - 1,2228 + 1,1084x y = - 1,0445 + 1,084x R2 = 0,927 23,0 Tmed Extremos (°C) Tmed Extremos (°C) 24,4 22,5 Inverno 22,0 21,5 21,0 25,0 R2 = 0,9705 24,5 Primavera 24,0 23,5 22,5 21,5 22,0 23,0 22,5 23,5 24,0 Tmed Padrão (°C) Tmed Padrão (°C) Figura 10. Equação de regressão linear simples e coeficiente de Determinação (R²) entre os valores médios mensais das médias por estação do ano calculado pelo método Padrão e o método dos Extremos em Campina Grande, PB, período 1980 a 2011. Os coeficientes de correlação de significa atribuir haverá totalitária de uma Pearson são mostrados na Tabela 1, em que predominância apresentaram valores entre 0,833957 (no quando se calcula a média de temperatura do verão) e o máximo de 0,985159 (na ar em Campina Grande pelo método dos primavera), o modelo de correlação foi extremos a correlação será aditiva, quando positiva ( > 0 ) cujas intensidades fortes. Isso comparada à média do método Padrão. Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. quase que que 899 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Tabela 1. Coeficientes de correlação de Pearson e as respectivas intensidades entre a temperatura média calculada pelo método Padrão e dos Extremos nas estações do ano. Campina Grande, PB. Coeficiente de Intensidade da Pearson (r) correlação (r) Verão 0,833957 Forte Outono 0,981268 Forte Inverno 0,962787 Forte Primavera 0,985159 Forte Estações Os autores deste trabalho agradecem, 4. Conclusões - A temperatura média diária pelo método dos em memória, ao Dr Napoleão Esberard de extremos foi sempre maior que a do método Macêdo padrão; EMBRAPA ALGODÃO, Campina Grande, - No verão, as temperaturas médias, pelo PB, pelo apoio e incentivo a este trabalho e a método pesquisa agrícola nacional. padrão ocorreram com maior Beltrão, ex-diretor geral da frequência entre 24 e 25,5 °C e pelo extremo superior a 25 °C; 6. Referencias - No verão e na primavera a temperatura média do ar, pelo método dos extremos, foi Allen R. G.; Pereira, L.; Raes, D.; Smith, M. o 1,4 C maior que pelo método padrão e de 1,0 1998. Crop evapotranspiration: guidelines for o C, no outono e inverno; computing - Há uma relação linear positiva entre os dois cropwaterrequirements. Rome: FAO, (Irrigation and Drainage Paper, 56). métodos de determinação da temperatura média diária em Campina Grande, PB, sendo o método dos extremos 1,1 °C, em média, sustainable development in the semi-arid of maior que o método padrão; - Os níveis de probabilidade Almeida, H. A. de. 2012a. Climate, water and foram estatisticamente significantes a 99% de confiança (α = 0,01) e a correlação existente entre os dois métodos foram fortes. northeastern Brazil. In: Sustainable water management in the tropics and subtropics and case studies in Brasil, Unikaseel, Alemanha, v.3, p.271-298. 5. Agradecimentos Cabral Júnior, J. B.; Almeida, H. A. de; Silva, C. M. S. e.. 900 Revista Brasileira de Geografia Física v. 6, n, 4, (2013) 888-902 Almeida, H. A. de; Santos, A de S.; Cabral aldoevento>Acesso em 17 de dezembro de Júnior, J. B. 011. Aquecimento global na PB? 2009. : Mito, fato ou uma realidade cada vez mais próxima. 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