ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO AOS PORTADORES DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES REALIZADO NO PROJETO DE REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR DA UNICENTRO-PR Mariély Trigo Tumasz (acadêmica – UNICENTRO), Jorge Marcelo Sauka (acadêmico – UNICENTRO), Francieli Angili Ramos (acadêmica – UNICENTRO), Nelson F. Serrão Júnior (orientador – Dep. de Fisioterapia/UNICENTRO) e-mail: [email protected] Resumo: ”Especificação” do atendimento feito aos portadores de doenças cardiovasculares atendidos no projeto de reabilitação cardiopulmonar do Curso de fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná. Palavras-chave: reabilitação cardiopulmonar, alterações cardiovasculares, condutas Introdução O projeto de reabilitação cardiopulmonar teve início no 2º semestre de 2007 na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Os atendimentos são gratuitos e realizados nas segundas e quartas feiras, com horário marcado. O público alvo é a população da cidade de Guarapuava, de todas as faixas etárias, que apresentem problemas pulmonares e ou cardiovasculares. Segundo a Organização Mundial da Saúde, Reabilitação Cardíaca (RC) é o somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva (MORAES, 2005). O presente artigo visa demonstrar as condutas realizadas no atendimento aos pacientes portadores de problemas cardiovasculares. Metodologia As fases da RCV são dividas em I, II, III e IV, sendo que a fase I - compreende a RCV durante a fase aguda do evento cardíaco, no período de internação hospitalar; fase II - constitui-se na fase de convalescência, em ambiente domiciliar, até que as condições clínicas permitam a realização do teste de esforço (TE) em protocolos habituais, que ocorre entre a 6ª e 8ª semana (fases já abordadas no Consenso Nacional do Infarto do Miocárdio); fase III - compreende a denominada reabilitação em fase crônica, a partir do 3º mês pós evento, que objetiva alcançar e manter os efeitos fisiológicos da RCV e com graus variáveis de supervisão, até que surjam as condições para a integração dos pacientes em grupos de reabilitação não supervisionados (fase IV) (REGENGA, 2000). O paciente é selecionado segundo indicação médica, já com o diagnóstico clínico estabelecido. È feita uma avaliação inicial, onde são especificados: dados pessoais, anamnese, exame físico, diagnóstico fisioterapêutico ou funcional, objetivos do tratamento e condutas realizadas para se alcançarem os objetivos desejados. Também são solicitados exames complementares que o mesmo possua, relativos a patologia encontrada. No exame físico, é feito um cálculo para se obter a FC máxima que será trabalhada com o paciente, para isso deve-se obter a FC submáxima utilizando a fórmula de Karvonen (REGENGA, 2000). A evolução dos pacientes é registrada em fichas de tratamento individuais, devendo-se registrar alterações observadas. De uma forma geral são tomadas as seguintes condutas: A) Repouso de 5 minutos antes da aferição dos sinais vitais iniciais, entre eles: pressão arterial (PA), freqüência respiratória (FR), freqüência cardíaca (FC). B) Fase de aquecimento de 5 -10 minutos de caminhada leve, que pode ser associada com alongamento global. É questionado ao paciente seu estado em relação a fadiga muscular e dispnéia, segundo o índice de percepção de esforço de Borg, (IPE de Borg); C) Fase de condicionamento de 20 minutos no ergômetro, que pode ser a bicicleta estacionária vertical e/ou horizontal, ou a esteira. Nessa fase divide-se o tempo total de exercício em três tempos, nos quais são aferidas a PA e a FC, sendo que esta não deve ultrapassar o valor da FC submáxima pré-estabelecida pela fórmula de Karvonen; e D) Fase de desaquecimento e relaxamento de 5-10 minutos de caminhada leve, associada a alongamentos, exercícios leves e repouso deitado ou sentado. A manutenção, melhoria ou restauração da resistência cardiovascular é realizada neste projeto através de dispositivos mecânicos específicos que promovem a diminuição da fadiga muscular, melhorando as condições cardiovasculares através das adaptações ocorridas e aumento da captação máxima de oxigênio. Discussão Os programas de RC foram desenvolvidos com o propósito de trazer os pacientes da alta hospitalar de volta as suas atividades diárias habituais, com ênfase na prática do exercício físico, acompanhada por ações educacionais voltadas para a mudança do estilo de vida. (COUTO et al 2005, REGENGA, 2000; KISNER, 2005). O projeto abrange a fase III da RC, que é considerado como cerca de 12 semanas após a alta hospitalar para problemas cardíacos ou, ainda, para os que apresentam fatores de risco para doenças cardíacas (KISNER, 2005; REGENGA, 2000). Atividade física moderada em intensidade e freqüência está associada com melhores condições de saúde e redução da morbidade cardiovascular quando comparado com atividade física reduzida ou baixo condicionamento físico (CASTRO, 1999). Com o treinamento de exercícios aeróbicos, a PA sofre uma redução de cerca de 6 a 10 mmHg, tanto em homens como em mulheres, sedentários e independente da idade. Os mecanismos específicos de como a PA diminui pelo exercício contínuo ainda são desconhecidos, mas os fatores que contribuem são: a atividade diminuída do Sistema Nervoso Simpático com o treinamento e uma possível normalização arteriolar, que diminuem a resistência periférica ao fluxo sanguíneo, e assim, também ajudam a diminuir a PA. A eliminação de sódio pelos rins facilitada pela função renal alterada, diminuindo o volume de líquido e, portanto, a PA (McARDLE, 2003). Esse programa atua a longo prazo na recuperação, adaptação e manutenção do sistema cardiovascular, controlando os fatores precipitantes e agravantes de doenças cardiovasculares ( aterosclerose, estresse, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, sedentarismo, dislipidemias, diabetes, obesidade, hereditariedade, sexo e idade). Atua também de forma curativa dos sistemas cardiovascular, respiratório, humoral e muscular (REGENGA, 2000; KISNER 2005, COUTO et al, 2005). Conclusão Depois dos estudos citados, podemos confirmar a importância da atuação da Fisioterapia na fase III da RC. Deixamos claro também com esse artigo a importancia da monitorização dos sinais vitais durante o exercício. É importante lembrar que a atuação de uma equipe multiprofissional (médico, fisioterapeuta, educador físico, enfermeiro, nutricionista e psicólogo), na RC é indicada para que haja um melhor desempenho físico e auto-confiança dos pacientes, para que consigam uma melhora na qualidade de vida. Referências Bibliográficas: CASTRO, IRAN. Cardiologia: princípios e pratica. Editora Artes Médicas Sul, Porto Alegre, 1999. In: Parte II: prevenção: a importÂncia do exercício fÍsico na prevenção primaria e secundária das doenças cardiovasculares. Autores: BUENO, NÍLIA; COSTA, RICARDO V.C. COUTO, LORETA R. et al. Dispositivos mecânicos que oferecem resistência cardiovascular. Rev. Saúde. Com, 2005 ; 1 (2): 110-117 KISNER, CAROLYN, COLBBY, LYNN A. Exercícios Terapêuticos, fundamentos e técnicas. Editora Manole. Barueri, SP, 4ª edição 2005. In capitulo III: Exercícios Resistidos: exercício muscular e exercicio resistido, definições e princípios direcionadores. Pág 58 a 148, e In:capitulo XIX: treinamento das disfunções pulmonares: pág 738 a 774. McARDLE, WILLIAN D.; KATCH, FRANK; KATCH, VICTOR L.. Fisiologia do exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 5a edição. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2003. MORAES, RUY S. Diretriz de Reabilitação Cardíaca. Arq. Bras. Cardiol. Vol. 84no.5 São PauloMay, 2005. REGENGA, M.M.: Fisioterapia em cardiologia: unidade de terapia intensiva à reabilitação. São Paulo: Roca, 2000. In: Capítulo XII: Reabilitação precoce do paciente infartado. Pag 243 a 260. Autores: REGENGA, M.M.; PERONDINI, G.B.; MAFRA, J.M.S. E In: Capitulo XIII: Fisioterapia cardiovascular na fase tardia – Fase III da reabilitação cardiovascular. Pág 261 a 310. Autores: SIVA, E.; CATAI, Apa M.