IZABEL MARQUES GONÇALVES ROMERO PREVALÊNCIA DE DIABÉTICOS E HIPERTENSOS QUE NÃO ADEREM CORRETAMENTE AO TRATAMENTO NA ESF SUL BONITO, ITAQUIRAÍ-MS Itaquiraí – MS 2011 2 IZABEL MARQUES GONÇALVES ROMERO PREVALÊNCIA DE DIABÉTICOS E HIPERTENSOS QUE NÃO ADEREM CORRETAMENTE AO TRATAMENTO NA ESF SUL BONITO, ITAQUIRAÍ-MS Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação a nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientador (a): Prof.Especialista Ethel Ebiner Eckert Itaquiraí– MS 2011 3 1. SUMÁRIO 2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................5 3 DELIMITAÇÃO DO PRBLEMA....................................................................................5 3.1 Epidemiologia............................................................................................................6 3.2 Conceituação.............................................................................................................7 4 OBJETIVOS...................................................................................................................8 4.1 Objetivo geral.............................................................................................................8 4.2 Objetivos específicos..................................................................................................9 5 METODOLOGIA...........................................................................................................9 6 CRONOGRAMA...........................................................................................................11 7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS....................................................................11 8 CONCLUSÃO................................................................................................................15 9 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................17 ANEXO 1.............................................................................................................................19 4 Resumo A Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus podem ser considerados como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Estudos apontam uma mudança no perfil da mortalidade da população brasileira, com aumento dos óbitos por doenças crônico-degenerativas (PAIVA et al, 2006). Sabendo que a não adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos ao tratamento pode se tornar um problema relevante à Saúde Pública, esse estudo teve como objetivo identificar os fatores relacionados à adesão ao tratamento, para assim proporcionar mudanças que contribuam para a redução das complicações. O estudo foi realizado na Estratégia de Saúde da Família Sul Bonito, no Município de Itaquiraí, Mato Grosso do Sul. A equipe atende uma população de 169 hipertensos e 43 diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA. A escolha desse tema foi baseada nos altos índices de complicações relacionadas a essas patologias citadas em algumas literaturas. Surgiu então o interesse em avaliar os motivos da não adesão desses pacientes ao tratamento no município de Itaquiraí _ MS, embora a pesquisa seja dirigida apenas a uma única Estratégia de Saúde da Família. Os resultados do estudo mostraram as características dessa população, que possui baixo grau de escolaridade, renda familiar baixa, difícil acesso aos locais das reuniões, patologias associadas, meios de transporte precários e déficit de conhecimento em relação as complicações destas patologias, bem como do auto-cuidado. Sugere-se também o desenvolvimento de trabalhos envolvendo a família, já que esta assume parcela significativa de responsabilidade na prestação do cuidado, haja vista que foi constatado que a maior parte desses pacientes possuem baixo grau de escolaridade, o que dificulta o entendimento sobre o tratamento, horários e doses certas e medicações corretas. Neste sentido avalio a importância da relação equipe-paciente sem bem construída, com espaço para questionamentos e discussões a fim de se criar um vínculo de respeito e confiança facilitando assim o acolhimento de forma receptiva do que for proposto ao paciente e sua família. 5 Por fim, considero também fundamental a implementação de ações educativas, com estratégias individuais e coletivas com o objetivo de melhorar a qualidade da atenção prevenindo complicações que são onerosas tanto para a família quanto para o município. Este desafio de mudanças no modelo assistencial requer grande empenho e apoio de todos os membros da equipe, para assim proporcionar um atendimento de qualidade evitando internações hospitalares, reduzindo as taxas de mortalidade e melhorando de um modo geral a qualidade de vida desses pacientes. Descritores: hipertensão, diabetes e tratamento 6 2. JUSTIFICATIVA A Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus podem ser considerados como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Estudos apontam uma mudança no perfil da mortalidade da população brasileira, com aumento dos óbitos por doenças crônico-degenerativas (PAIVA et al, 2006). Sabendo que a não adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos ao tratamento pode se tornar um problema relevante à Saúde Pública, esse estudo teve como objetivo identificar os fatores relacionados à adesão ao tratamento, para assim proporcionar mudanças que contribuam para a redução das complicações. O estudo foi realizado na Estratégia de Saúde da Família Sul Bonito, no Município de Itaquiraí, Mato Grosso do Sul. A equipe atende uma população de 169 hipertensos e 43 diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA. A escolha desse tema foi baseada nos altos índices de complicações relacionadas a essas patologias citadas em algumas literaturas. Surgiu então o interesse em avaliar os motivos da não adesão desses pacientes ao tratamento no município de Itaquiraí _ MS, embora a pesquisa seja dirigida apenas a uma única Estratégia de Saúde da Família. Com a análise da aplicação de questionários em uma amostra da população, será possível determinar os principais motivos que levam esses pacientes em questão a não aderirem corretamente ao tratamento. Essa pesquisa poderá auxiliar na adoção de medidas que visem à detecção precoce de complicações, bem como a redução das taxas de mortalidade desses pacientes. Assim será possível planejar uma assistência de enfermagem integral, coerente com as necessidades específicas dessa população. 3. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA A não adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos ao tratamento será o foco do presente estudo. Trata-se de um uma questão freqüentemente observada nos diversos 7 serviços de saúde que apresenta reflexos tanto para o próprio indivíduo, quanto para suas famílias, sociedade e sistemas de saúde. Segundo Cavalari (2010), a adesão ao tratamento consiste na coincidência entre a prescrição da equipe de saúde e o comportamento do cliente, visando alcançar os resultados terapêuticos esperados. São consideradas ações como ingerir o medicamento, seguir a dieta, realizar mudanças no estilo de vida, comparecer as consultas médicas e reuniões com a equipe de saúde. “ Entende-se que a Adesão ao tratamento anti-hipertensivo pode ser influenciada por três grupos de fatores antecedentes, os quais, atuando de modo inter-relacionado, podem determinar diferentes graus de adesão: os relativos ao próprio paciente, como as variáveis sócio demográficas, os conhecimentos e crenças que os pacientes têm sobre a doença e o tratamento, e o apoio familiar; os relacionados a terapêutica farmacológica e não farmacológica; e os fatores relacionados ao sistema de saúde, entre os quais foram ressaltados a estrutura dos serviços de saúde e o processo de atendimento ao portador de hipertensão.” ( FERREIRA , 2009) Segundo Henrique et al (2008), a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Melitto são elencados como os principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. No Brasil, a principal causa de morbimortalidade da população está relacionada a essas patologias, sendo que 60 a 80% desses casos podem ser tratados na rede básica de saúde. Essas duas patologias apresentam vários aspectos em comum, dentre eles: a etiopatogenia, os fatores de risco, a possibilidade do tratamento não-medicamentoso, a cronicidade com suas complicações possivelmente evitadas se diagnosticadas no princípio, a característica assintomática e a difícil adesão ao tratamento pela necessidade da participação ativa do cliente. ( BRASIL. Ministério da Saúde, 2001). 3.1 Epidemiologia Cavalari (2010), conceitua a hipertensão arterial como um sério problema de Saúde Pública, devido a sua elevada prevalência que pode alcançar 22,3% a 43,9% entre os brasileiros. Devido a essa prevalência ressalta então os fatores de risco modificáveis como o 8 tabagismo, sedentarismo, alimentação, alcoolismo, e a obesidade sem, contudo deixar de citar os fatores não modificáveis como a etnia, faixa etária e hereditariedade. A hipertensão arterial é um problema grave de Saúde Pública, responsável por 40% das mortes por acidente vascular encefálico, 25% das mortes por doença arterial coronariana, e em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal (BRASIL. Ministério da Saúde, n15, 2006). No ano de 2003 do total de mortes que ocorreram na região centro-oeste, 29% foram decorrentes das doenças cardiovasculares (OSHIRO, 2007). Em relação ao diabetes, Paiva et al,(2006) relata que um estudo multicêntrico sobre a prevalência de diabetes no Brasil, apontou um índice de 7,6% de ocorrência na população de 30 a 69 anos, alcançando a cifra de 20% na população acima de 70 anos. Um fator importante relacionado a essa patologia consiste no fato de que cerca de 50% dessa população desconhecem o diagnóstico e 25% não fazem nenhum tratamento. 3.2 Conceituação Segundo Bossay et al, (2006), a Hipertensão Arterial Sistêmica pode ser considerada como uma síndrome caracterizada pelos níveis tensoriais elevados, associados a alterações metabólicas, hormonais e hipertrofias cardíaca e vascular. Pode também ser considerada como uma doença crônica, de natureza multifatorial e na maioria das vezes assintomática, que compromete o equilíbrio do organismo, provocando aumento da tensão sanguínea com conseqüente prejuízo da irrigação tecidual o que pode provocar danos aos diversos órgãos. (LUZ et al, 2007). Oshiro (2007), complementa ainda afirmando que a hipertensão arterial contribui com 62% das doenças cerebrovasculares e 49% da doença isquêmica cardíaca. O diabetes pode ser conceituado como um grupo de doenças metabólicas, caracterizadas por hiperglicemia, decorrente de defeito de secreção ou ação da insulina no organismo (BRASIL. Ministério da Saúde n. 16, 2006). 9 Segundo Brasil. Ministério da Saúde (2001), o diabetes pode ser classificado de duas formas baseado em sua etiologia. A primeira, denominada Diabetes tipo I, compreende cerca de 10% do total de casos e está caracterizado pela deficiência absoluta da produção de insulina pelo pâncreas, acometendo principalmente crianças e adolescentes. A segunda, anteriormente conhecida como Diabetes do adulto, recebe a denominação de Diabetes tipo II e está caracterizada pela deficiência relativa de insulina, compreendendo 90% dos casos. Podemos citar também o Diabetes Melitus gestacional, que pode ser considerada como qualquer forma de intolerância a carboidratos, com início ou diagnóstico durante a gestação. Geralmente está relacionado ao estresse fisiológico decorrente da gestação. Acomete cerca de 2,4 a 7,2% das gestantes, sendo diagnosticada pela primeira vez durante a gestação podendo ou não persistir após o parto (REIS; MIRANDA, 2006). Classificadas como doenças crônicas, essas patologias requerem um tratamento contínuo por toda a vida. Ferreira (2009), ressalta a ocorrência de complicações graves, haja vista que muitas vezes essas patologias evoluem silenciosamente, o que contribui para que a manutenção do tratamento seja realizada por apenas 50% dos pacientes nos países desenvolvidos e em número menor ainda nos países em desenvolvimento. O tratamento da hipertensão arterial bem como do diabetes, visa à redução da morbimortalidade e consiste na administração de fármacos associados ao tratamento nãomedicamentoso. Este requer modificações no estilo de vida como a perda de peso, a prática de atividades físicas e a alimentação saudável. (ALMEIDA et al, 2006) Almeida et al (2006), ressalta ainda que, o tratamento desses pacientes deve sempre ser individualizado, considerando-se sempre a idade e presença de outras comorbidades, o estado mental do paciente, a dependência de álcool ou drogas, cooperação familiar, restrições financeiras, entre outros. 4. OBJETIVOS 4.1 Objetivo geral 10 Identificar as causas da não adesão ao tratamento de hipertensão e diabetes na ESF Sul Bonito visando contribuir para a redução de complicações e melhora da qualidade de vida. 4.2 Objetivos Específicos 1. Identificar as dificuldades dos pacientes desse grupo em aderir ao tratamento; 2. Promover melhora da qualidade de vida; 3. Prevenir complicações relacionadas a essas patologias; 4. Avaliar a atuação da ESF perante esses pacientes; 5. Levantar estratégias para melhora do atendimento. 5. METODOLOGIA O presente estudo consiste num projeto de intervenção. Segundo o Colegiado Gestor – CEABSF, o projeto de intervenção trata de uma ação desenvolvida visando à resolução de um determinado problema levantado. A população alvo idealmente a ser atingida seria constituída por 221 pacientes devidamente inscritos no programa de acompanhamento dos pacientes diabético e hipertensos do Município. Foi selecionada uma amostra de 10 por cento desses pacientes, onde foi aplicado um instrumento de coleta de dados para registro das dificuldades desses pacientes em relação ao tratamento. O método de pesquisa utilizado foi o não probabilístico ou intencional, que segundo Martins (2002) é aquele onde se escolhe intencionalmente um grupo de elementos para compor a amostra de maneira aleatória, sem sorteio. O presente estudo foi realizado na ESF Sul Bonito, no período de julho a agosto de 2011. Os dados foram coletados por meio de um questionário contendo 14 11 questões abertas e fechadas, aplicado aos pacientes diabéticos e hipertensos cadastrados na Unidade. Participaram da pesquisa 21 pacientes da área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família. Após a coleta de dados, os mesmos foram catalogados e analisados por meio do cálculo de porcentagem e apresentados por meio de gráficos e tabelas através do Programa Excel Office (2003) da Microsoft. Os resultados obtidos serão analisados e através destes serão elaboradas ações direcionadas a prevenção das complicações, melhora da qualidade no atendimento e conseqüente melhora da qualidade de vida desses pacientes. 12 6. CRONOGRAMA Atividade Diagnóstico problema do Revisão literatura de Elaboração Projeto do Set Out X X Coleta de dados Tabulação dados Nov Dez X X Jan Fev X X Mar Abr X X de Análise de dados Mai Jun X X Jul Ago Set Out X Interpretação dos dados X Elaboração relatório do Entrega relatório do X X 7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS O estudo foi realizado com uma amostra de 21 diabéticos e hipertensos cadastrados na ESF Sul Bonito. Da população pesquisada, 13 são do sexo masculino e 8 do sexo feminino. Segundo Bossay et al (2006), a prevalência da hipertensão arterial evolui progressivamente com a idade, em ambos os sexos. BRASIL.Ministério da Saúde, (2001) afirma que o diabetes pode atingir todas as pessoas, sem distinção de sexo, idade ou raça. Com relação ao tipo de patologia, dentre os pacientes pesquisados, observase que a porcentagem de hipertensos foi de 12 constituindo 57,1 %, os diabéticos foram 5 constituindo 23,8 % e os demais totalizando 4 que representam 19,4 %, apresentam as duas patologias. 13 A hipertensão arterial e o diabetes tem prevalência estimada de 20 e 7,6% respectivamente na população adulta. Já a associação das duas patologias pode ocorrer na ordem de 50% tanto nos portadores de hipertensão como de diabetes (HENRIQUE et al 2008). TABELA 1 – Distribuição dos portadores de hipertensão arterial, diabetes e as duas patologias associadas, cadastrados na ESF Sul Bonito. Patologias Hipertensão Quant. 12 % 57,1% Diabetes 05 23,8% Hipertensão e diabetes 04 19,4% Total 21 100% Em relação à escolaridade, foi constatado que a população em questão apresenta baixo grau de escolaridade, sendo que 14 % são analfabetos, 23,8 % sabem ler e escrever, 42,8 % possui ensino fundamental incompleto e 19,4 % apresentam ensino fundamental completo. 50 40 Analfabetos 30 Sabem ler e escrever 20 Ensino fundamental incompleto 10 Ensino fundamental completo 0 % Gráfico 1: Grau de escolaridade Fonte: Autora O meio de transporte utilizado também foi um dos focos do estudo. Foi constatado que 8 % não possuem meio de transporte, 65 % utilizam carroças, 16 % utilizam motocicletas e 11 % possuem carro. Esse resultado chama a atenção para a dificuldade desses pacientes em comparecer as reuniões e a unidade de saúde, pois se trata de uma ESF rural, onde as residências são distantes e com estradas muitas vezes difíceis de transitar. 14 A renda familiar dos entrevistados varia entre 9,52 % de até um salário mínimo, 47,61 % de 1 a 2 salários, 38,09 % de 2 a 3 salários e 4,76 % mais de 3 salários mínimos. Segundo BRASIL. Ministério da Saúde, (2001) essas duas patologias apresentam caráter crônico, requerendo acompanhamento eficaz e permanente, cujas complicações podem ser evitadas se precocemente identificadas e adequadamente tratadas. Foi constatado que 33,33 % da população apresentam essas patologias por um período de 5 a 10 anos, 38,09 % de 3 a 5 anos e 28,57 % de 1 a 3 anos. De todos os pacientes entrevistados 76,19 % realizaram consulta de acompanhamento durante esse ano e apenas 23,80 % afirmaram que não comparecem as consultas de acompanhamento há mais de um ano. Tabela 2 - Distribuição dos portadores de hipertensão arterial e diabetes, segundo a quantidade de medicamentos utilizados diariamente. Quantidade de medicamentos 1 a 2 comprimidos Quantidade 3 % 14,28% 2 a 4 comprimidos 10 47,61% Mais de 4 comprimidos 8 38,09% Total 21 100% Pode também ser observado que 14,4 % dos pesquisados fazem uso de 1 a 2 comprimidos por dia, 57,1 % de 2 a 4 e 28,5 % mais de 4 comprimidos. Os resultados são semelhantes ao estudo de Cavalari (2010), onde foi constatado que os pacientes ingerem em média 5,1 comprimidos por dia. Em pesquisa realizada por Oshiro (2010), foi revelado que 67% dos casos de não adesão ao tratamento decorreram da necessidade de tomar as medicações várias vezes ao dia e 54% devido aos efeitos colaterais. Quando questionados sobre a participação nas reuniões do programa HIPERDIA, que atende e acompanha os pacientes diabéticos e hipertensos cadastrados, 57,14 % gostam de participar das reuniões, porque facilita a aquisição dos medicamentos e recebem orientações importantes. 33,33 % encontram dificuldade em se deslocarem até os locais das reuniões e apenas 9,52 % acham desnecessário pausarem suas atividades domésticas para participarem das reuniões. 15 Dentre as principais dificuldades de comparecimento as reuniões foram citadas a dificuldade em relação ao meio de transporte 19,04 %, os trabalhos domésticos 14,28 % e a dificuldade de locomoção devido a idade avançada e patologias associadas 4,76%. Os demais 61,90 % não encontram dificuldades. Quando questionados acerca dos medicamentos oferecidos pela Estratégia de Saúde da Família 28,57 % relataram que algumas vezes não conseguem medicamentos em quantidade suficiente. A falta de medicações, consiste num problema que ocorre também em outras regiões do Brasil esse fato pode ser evidenciado no trabalho realizado por Henrique et al (2008), que realizou um estudo no Rio de Janeiro, onde evidenciou que 55,6% dos pesquisados possuem alguma dificuldade em obter medicamentos, sendo que destes 95,45% relatam a falta destes medicamentos para a distribuição. Dentre a população em estudo, 9,52% apresentaram derrame cerebral, 14,28 % diminuição da acuidade visual, 4,76 % insuficiência cardíaca congestiva, 9,52 % apresentam complicações vasculares 23,80% apresentam outras complicações relacionadas ao estilo de vida, idade e outros fatores não relacionados a diabetes e hipertensão e 38,09% não apresentam nenhuma complicação. Derrame cerebral Redução da acuidade visual Insuficiência cardíaca congestiva complicações vasculares outras complicações nenhuma complicação Fonte: Autora Segundo Brasil. Ministério da Saúde (2001), a hipertensão arterial e o diabetes mellitu podem gerar lesões vasculares, atingindo o cérebro, coração e rins. Além disso o diabetes pode ocasionar danos também a micro circulação, causar doenças oculares, e danos ao sistema nervoso central, além de feridas e amputações. 16 8. CONCLUSÃO O presente estudo foi realizado na Estratégia de Saúde da Família Sul Bonito, no município de Itaquirai – MS, onde foram estudados pacientes diabéticos e hipertensos cadastrados no programa HIPERDIA buscando alcançar a prevalência de não adesão ao tratamento, bem como os fatores desencadeantes desse problema. Os resultados do estudo mostraram as características dessa população, que possui baixo grau de escolaridade, renda familiar baixa, difícil acesso aos locais das reuniões, patologias associadas, meios de transporte precários e déficit de conhecimento em relação as complicações destas patologias, bem como do auto-cuidado. A atuação da equipe junto a esses pacientes, no que se refere as consultas de acompanhamento, foi satisfatória, atingindo a grande maioria. Em relação a falta de medicamentos a questão passa a ser de nível municipal, fugindo ao controle da Estratégia de Saúde da Família. A não adesão dos pacientes diabéticos e hipertensos ao tratamento constitui notadamente um grande desafio para os profissionais de saúde. Pensando na prevenção de complicações relacionadas a essas patologias, sugere-se a busca do apoio da equipe multidisciplinar ajudando na adoção de atitudes efetivas para o controle dessas patologias. O trabalho em equipe pode auxiliar nas orientações relacionadas a alimentação, prática correta de atividade física, acompanhamento psicológico visando a melhora da auto-estima e autocuidado, bem como a identificação e resolução de problemas sociais. Ficou também evidenciada a importância da prevenção através de estratégias e desenvolvimento de ações educativas que tornem o paciente membro ativo no processo saúde-doença, tendo a equipe de saúde, papel fundamental na questão do constante trabalho de educar. Observando as características dessa população, no que se trata da dificuldade de acesso as reuniões relacionada a falta de meios de transporte, propõe-se a realização de atividades em locais diversificados, permitindo o acesso de toda a população, atendendo as particularidades de cada área. 17 Sugere-se também o desenvolvimento de trabalhos envolvendo a família, já que esta assume parcela significativa de responsabilidade na prestação do cuidado, haja vista que foi constatado que a maior parte desses pacientes possuem baixo grau de escolaridade, o que dificulta o entendimento sobre o tratamento, horários e doses certas e medicações corretas. Neste sentido avalio a importância da relação equipe-paciente ser bem construída, com espaço para questionamentos e discussões a fim de se criar um vínculo de respeito e confiança facilitando assim o acolhimento de forma receptiva do que for proposto ao paciente e sua família. Por fim, considero também fundamental a implementação de ações educativas, com estratégias individuais e coletivas com o objetivo de melhorar a qualidade da atenção prevenindo complicações que são onerosas tanto para a família quanto para o município. Este desafio de mudanças no modelo assistencial requer grande empenho e apoio de todos os membros da equipe, para assim proporcionar um atendimento de qualidade evitando internações hospitalares, reduzindo as taxas de mortalidade e melhorando de um modo geral a qualidade de vida desses pacientes. 18 9. BILBLIOGRAFIA ALMEIDA, et al. Minas Gerais. Secretaria de estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte, 2006. BOSSAY, Diogo et al. Fatores associados à não adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Ensaios e Ciência, v.10, n 3. Dez. 2006. Disponível em: < HTTP://redalyc.ualmex.mx/redalyc/pdf/260/26012809008.pdf>. Acesso em: 28 ago/2011. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial. cad. 7. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. n. 15. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. n.16. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. CAVALARI, E. Adesão ao tratamento: estudo entre portadores de hipertensão arterial em seguimento ambulatorial. Ribeirão Preto, 2010. Disponível em: <http:// teses.usp.br/teses/.../22/...04082010.../ELIANACAVALARI.pdf> Acesso em: 28 ago/2011. FERREIRA, M. T. L. Estratégias para aumentar a adesão ao tratamento não-medicamentoso pelos portadores de hipertensa arterial sistêmica da Caponga da Bernarda. 2009. Disponívem em: http://www.esp.ce.gov.br Acesso em 28 ago/2011. HENRIQUE, et al. Hipertensão arterial e diabetes mellitus: um estudo sobre os programas de atenção básica. Revista de Enfermagem, 16(2): 168-73. Abr/jun. 2008. Disponível em: http://facenf.uerj.br/v16n2/v16n2a05.pdf. Acesso em: 28 ago/2011. LUZ, A. M. H. et al. Cartilha informativa sobre hipertensão e diabetes para a população da Rede Básica de Saúde, município São Francisco de Paula, RS. Sementes do SUS, série técnica. V.2, Brasil, 2007. Disponível em:http://www.webartigos.com/artigoshipertensaodiabetes-e-educacao-em-saude/26606/ Acesso em: 28 ago/2011 19 MARTINS, G.A. Manual para Elaboração de Monografias e Dissertação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. OSHIRO, M. L. Fatores para não-adesão ao Programa de Controle da hipertensão arterial em Campo Grande, MS: um estúdio de caso e controle. Brasília, 2007. Disponível em: http://www.bvsms.saude.gov.br/.../maria_lourdes_oshiro_trabalho_completo.pdf. Acesso em 08 nov/2011. PAIVA, D.C. P.; BERSUSA, A. N. S.; ESCUDER, M. M. L. Avaliação da assistência ao paciente com diabetes e/ou hipertensão pelo Programa Saúde da família do município de Francisco Morato, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde pública, 22(2):377-385. Fev, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v22n2/15.pdf . Acesso em: 30 ago/2011. REIS.R.; MIRANDA, P. A. C. Diabetes mellitus gestacional. Revista da Associação Médica brasileira. 2008. Nov-dez v.54 n.6. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010442302008000600006&script=sci_arttext. Acesso em: 08 nov/2001. 20 ANEXO 1 QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO PARA O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO INTITULADO: PREVALÊNCIA DE DIABÉTICOS E HIPERTENSOS QUE NÃO ADEREM CORRETAMENTE AO TRATAMENTO NA ESF SUL BONITO. NOME: ___________________________________________________________LT:__________ 1) Sexo: ( ) masculino 2) Qual a sua doença? ( )Diabetes ( ( ) Hipertensão ( ) feminino )Diabetes e hipertensão 3) Qual a sua escolaridade? ( ) analfabeto ( completo ( )sabe ler e escrever ( )médio incompleto ( ) fundamental incompleto ( ) médio completo ) fundamental ( ) superior 4) Qual seu meio de transporte? ( ) carroça ( )não possui meio de transporte ( ) bicicleta ( ) carro ( ) moto 5) Qual sua renda mensal familiar? ( ) até 1 salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários ( )de 2 a 3 salários ( ) mais de 3 salários 6) Cor/raça ( ) branco ( ) preto ( ) pardo ( ) amarelo ( ) indígena 7) Há quanto tempo é hipertenso e diabético ( ) menos de 1 ano ( anos ) de 1 a 3 anos ( ) de 3 a 5 anos ( ) de 5 a 10 anos ( ) mais de10 8) Quando fez a última consulta de acompanhamento? ___________________________________________________ 9) Qual a maior dificuldade encontrada em comparecer as reuniões do HIPERDIA? ________________________________________________________ 10) Qual a sua principal ocupação atualmente? ________________________________________________ 11) Faz uso de quantas medicações por dia? ( )1 a 2 ( )de 2 a 4 ( ) mais de 4 21 12) Você gosta de participar das reuniões do HIPERDIA? Porquê? _________________________________________________________________________________ _ 13) A Unidade de Saúde da Família tem oferecido os medicamentos em quantidades suficientes? ( ) sim ( ) não 14) Além da hipertensão ou diabetes possui outro problema de saúde? ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------