1 A TERRITORIALIZAÇÃO DA LUTA PELA TERRA EM

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBARLÂNDIA – UFU
INSTITUTO DE GEOGRAFIA – IG
LABORATÓRIO DE GEOGRAFIA AGRÁRIA – LAGEA
1
II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA
A TERRITORIALIZAÇÃO DA LUTA PELA TERRA EM MINAS GERAIS:
dados de ocupações do projeto DATALUTA 2001-2005
Carla Buiatti Cruz1
João Cleps Junior2
Lucimeire de Fátima Cardoso3
Eduardo Rozetti de Carvalho4
Resumo
As ocupações são uma importante forma de acesso à terra e se constituem uma das principais
estratégias de territorialização e espacialização da luta pela terra. São formas utilizadas pelos
movimentos socioterritoriais objetivando pressionar o governo em relação à implantação da
reforma agrária e a criação de assentamentos rurais.
O presente artigo busca analisar os dados referentes às ocupações no período de 2001 à 2005
ocorridas no Estado de Minas Gerais. A partir disso, objetiva entender a dinâmica e atuação dos
movimentos socioterritoriais, bem como quantificar as ocupações, municípios e o número de
famílias mobilizadas para a concretização dessas articulações.
Palavras-chave: Ocupações, Territorialização, Movimentos Socioterritoriais, Luta pela Terra,
Organização dos Trabalhadores Rurais.
1
Graduanda em Geografia – UFU, Estagiária do Laboratório de Geografia – LAGEA, Bolsista pela FAPEMIG,
Orientanda do Professor Dr. João Cleps Júnior, [email protected].
2
Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFU – MG. Orientador. E-mail: [email protected]
3
Graduanda em Geografia – UFU, Estagiária do Laboratório de Geografia – LAGEA, Bolsista pela FAPEMIG,
Orientanda do Professor Dr. João Cleps Júnior, [email protected].
4
Licenciado em Geografia – UFU, Graduando em Bacharelado em Geografia – UFU, Estagiário do Laboratório de
Geografia – LAGEA, Bolsista pela CNPq, Orientando do Professor Dr. João Cleps Júnior, [email protected].
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Introdução
A modernização do campo ocasionou desigualdade e um intenso empobrecimento da população
rural, tendo o êxodo rural como uma das conseqüências mais graves, gerando assim, milhões de
excluídos.
A colonização, que se baseava nos grandes latifúndios e na monocultura, gerou as grandes
propriedades rurais e, conseqüentemente, as desigualdades sociais no campo. A partir dessas
desigualdades, surgiram os movimentos de resistência e luta pela terra, que buscam pressionar os
governos para a realização da reforma agrária.
As manifestações da luta pela terra no Brasil iniciam-se em meados da década de 1950 com o
surgimento das Ligas Camponesas. Os movimentos socioterritoriais surgiram em sua maioria
durante o período da ditadura militar e foram violentamente reprimidos, apesar disso continuaram
crescendo e é nesse momento que se iniciam as ocupações de terra sob a influência da ala
progressista da Igreja Católica dando início ao surgimento da CPT (Comissão Pastoral da Terra)
em 1975.
Em 1985, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizou seu primeiro
Congresso Nacional, em Curitiba, cuja palavra de ordem era: "Ocupação é a única solução".
Neste mesmo ano, o governo de José Sarney aprova o Plano Nacional de Reforma Agrária
(PNRA), que tinha por objetivo dar aplicação rápida ao Estatuto da Terra (criado em 1964
durante a ditadura militar) e viabilizar a Reforma Agrária até o fim do mandato do presidente,
assentando 1,4 milhão de famílias, sendo que ao final do mandato de 5 anos, assentou menos de
90 mil famílias.
Dentre as ações de pressão utilizadas pelos movimentos, podemos citar como uma forma bastante
difundida as ocupações de terras, que mobilizam as famílias a ocuparem as grandes áreas
improdutivas, uma vez que essas ocupações causam grandes impactos políticos. Dessa forma, as
ocupações se constituem como forma de acesso a terra, demonstrando a eficácia dessas
mobilizações.
Ou seja, essa luta travada pelos movimentos socioterritoriais impulsiona a política de
assentamentos rurais do Governo Federal. Segundo FERNADES (2000, p.265) um dos principais
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desafios dos movimentos socioterritoriais é ampliação do número de assentamentos nas regiões
Sul e Sudeste, uma vez que esse número é bem menor que o número de ocupações.
Nesse sentido, o presente artigo busca fazer uma análise dos dados referentes a ocupações de
terras no período de 2001 a 2005 no estado de Minas Gerais, identificando as áreas de atuação do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e demais movimentos socioterritoriais
atuantes na região, e ainda, analisar a representatividade dos movimentos e sua abrangência no
Estado de Minas Gerais.
Metodologia de Pesquisa
A metodologia empregada nesse trabalho pautou-se na coleta de dados do período de estudo
referentes a ocupações de terra ocorridas em Minas Gerais, revisão bibliográfica, organização das
tabelas e posterior análise dos dados. Inicialmente, foram organizadas as tabelas com as
ocupações ocorridas no estado durante o referido período, com base nos dados da CPT (Comissão
Pastoral da Terra) e do banco de dados do DATALUTA (Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos
sobre Reforma Agrária – NERA, do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da UNESP, Campus de Presidente Prudente).
Esses dados foram analisados à luz de uma revisão bibliográfica acerca da problemática sendo
possível a concretização desse artigo.
A organização dos trabalhadores rurais em Minas Gerais
As primeiras manifestações dos trabalhadores rurais em Minas Gerais datam dos anos 1950 e
1960, com a fundação dos sindicatos e Ligas Camponesas. Entretanto, essas manifestações
ocorriam de forma isolada.
Em 1954 foi realizada a 2ª Conferência Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, que
desencadeou a formação de algumas associações de trabalhadores rurais. Em 1956 na 1ª
Conferência de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Estado de Minas Gerais, realizada em
Belo Horizonte, é criada a ATAMG (Associação dos Trabalhadores Agrícolas de Minas Gerais).
No mesmo ano, seria criada a ULTAM (União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de
Minas) no Triângulo Mineiro.
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Essas estratégias de organização de trabalhadores ocorreram de forma isolada e com focos
dispersos. Entretanto, as mesmas se constituem de extrema importância na luta pela terra e como
forma de organização e mobilização dos trabalhadores rurais.
Em 1968, foi criada a FETAEMG (Federação dos Trabalhadores Rurais de Minas Gerais), que
inicialmente não possuía autonomia, uma vez que a mesma estava atrelada ao Estado. A reforma
agrária se tornaria foco das lutas nas décadas de 1980, que será expressiva nas ocupações no
estado, principalmente no ano de 2001, ano que ocorreram 46 ocupações sendo que 13, ou seja,
28 % do total foram realizadas pela FETAEMG.
A partir do ano de 1980 a FETAEMG adota uma postura mais agressiva, devido principalmente
ao surgimento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da atuação da CPT
(Comissão Pastoral da Terra).
O MST inicia sua influência no estado de Minas Gerais a partir de 1984, nos vales do Mucuri e
Jequitinhonha. As primeiras reuniões foram organizadas pela CPT e contaram com a participação
de “camponeses proprietários, meeiros, posseiros, parceiros, rendeiros, agregados e assalariados”
(FERNANDES, 2000, p. 135).
Em junho de 1985, foi realizado um encontro regional dos sem terra em Teófilo Otoni, que
contou com o apoio da CPT. Nesse encontro, iniciam-se as articulações para realização dos
primeiros trabalhos nos municípios, que teve um respaldo inicial de lideranças vindas da Bahia e
Santa Catarina. No final de 1989, o MST já estava articulado em outras regiões do estado, como
Noroeste de Minas e Triângulo Mineiro.
Em um momento histórico de repressão da ditadura militar, houve uma estagnação na articulação
dos movimentos, retomando suas atividades e reiniciando as mobilizações somente nos anos 70.
Entretanto, foi na década seguinte de 1980 que ocorreu o maior número de mobilizações de
trabalhadores, alavancando de uma maneira decisiva os movimentos de luta pela terra no estado.
A partir desse período ocorre o fortalecimento dos movimentos socioterritoriais.
Em 1994, o MST se consolida como um dos movimentos socioterritoriais mais atuantes em todo
o país, inclusive no estado de Minas Gerais. É também nesse contexto que surgem novos
movimentos sociais na luta pela terra, alguns como grupos divergentes do MST, outros formados
a partir de suas próprias experiências e objetivos à serem alcançados.
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Tabela 1: Ocupações de Terras em Minas Gerais: 2001 a 2005
Município
Águas Formosas
Almenara
Araxá
Bonfinópolis de Minas
Brasilândia de Minas
Brasília de Minas
Buritis
Buritizeiro
Buritizeiro
Dom Bosco
Grão Mogol
Ibirité/M. Campos/ Brumadinho
Iturama
Jequitinhonha
Lagoa Grande
Machacalis
Manga
Matias Cardoso/ Montalvânia
Montalvânia
Montalvânia
Monte Alegre de Minas
Monte Alegre de Minas
Montes Claros
Montes Claros
Montes Claros
Paracatu
Patrocínio
Patrocínio
Patrocínio
Pavão
Pequi
Pirapora
Pompeu
São Romão/Icaraí de Minas
Tiros
Tumiritinga
Uberlândia
Uberlândia
Uberlândia
Uberlândia
Unaí
Unaí
Nome do imóvel
Fazenda Boa Sorte
Fazenda Barra dos Veados
Fazenda São Mateus
Fazenda Aeroporto
Fazenda Cachoeira Extrema
Fazenda Carrancas
Fazenda Ceval
Fazenda Michel
Fazenda São Pedro das Gaitas
Fazenda Dom Bosco/Meu Sertão
Fazenda São Vicente
Fazenda Maria Pastorina
Fazenda Bonito Tracajá
Fazenda Transval
Fazenda Gameleira
Fazenda Esperança do Vale
Fazenda Beirada
Fazenda Mata do Japoré
Fazenda Calcedônia
Fazenda do Espinho
Fazenda Marca de Ouro
Fazenda Santa Mônica
Fazenda Canoas
Fazenda da Produção
Fazenda Senharó
Fazenda Caetano
Fazenda Pif-Paf
Fazenda São José dos Talhados
Fazenda Serra Negra
Fazenda Três Corações
Fazenda Brenha
Fazenda Prata
Área no Alto São Francisco
Fazenda Rodeio
Una de Tiros
Fazenda Natal
Fazenda Capim Branco / Três
Corações
Fazenda das Pedras/Ferub
Fazenda Matinha II
Fazenda São Domingos
Fazenda Saco Grande II
Fazenda Vargem B. de Baixo (II)
Data
1/set/01
25/jul/01
25/jul/01
25/jul/01
25/jul/01
25/jul/01
5/out/01
1/out/01
15/fev/01
25/jul/01
1/mai/01
25/abr/01
2/mai/01
25/jul/01
25/jul/01
1/mai/01
7/mar/01
5/jun/01
25/jul/01
25/jul/01
26/abr/01
1/mai/01
20/jul/01
25/jul/01
25/jul/01
24/jan/01
25/jul/01
8/fev/01
2/jul/01
31/mar/01
3/abr/01
25/jul/01
2/mai/01
25/jul/01
25/jul/01
25/jul/01
Área
1557
21/abr/01
1040
100
MLSTL
14/jan/01
26/abr/01
26/abr/01
25/jul/01
4/jan/01
550
1000
2300
110
200
200
70
15
MST
MLSTL
MLSTL
Fetaemg
-
5000
2471
8500
653
1660
5000
5000
800
3500
908
400
Famílias Movimento
25
Fetaemg
70
STR-AR
23
Fetaemg
45
STR-BM
30
Fetaemg
60
MST
60
STR-BU
20
STR-BUR
63
STR-DB
280
MST
90
Fetaemg
30
STR-IT
50
Fetaemg
45
STR-LG
140
MST-MG
45
LOC
40
LCO
60
STR
100
STR
200
MLST L
250
MLST L
35
STR-MC
43
Fetaemg
43
STR-MC
70
35
Fetaemg
18
Fetaemg
34
Fetaemg
300
Fetaemg
120
MST
80
STR
20
STRs
300
Fetaemg
68
STR-T
35
Fetaemg
6
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Unaí
Uruana de Minas
Uruana de Minas
Fazenda Vargem B. de Cima (I)
Fazenda Leitão
Fazenda Renascença
Várzea da Palma
Fazenda Saco do Cercado
Buritis
Campina Verde
Porteirinha
Porteirinha
Porteirinha
Fazenda Córrego da Ponte
Fazenda Inhumas/Sanharão
Fazenda Experimental Semente/17
Abril/Mártires
Fazenda da Mata
Fazenda Aliança/Nova Alegria/
Terra Prometida
Fazenda Eldorado/Acamp.
Padre Gino
Fazenda Usina Passos Maia
Fazenda Yapasa/Yasmina/
Monvep
Fazenda Corgão
Fazenda Bacuri
Fazenda Agrivale
Fazenda Guiné
Fazenda Gravatá/Nova Vida
Fazenda Antinha/Antha/
Sapecado
Fazenda Santa Cláudia
Fazenda Santa Maria
Fazenda São Miguel
Rio Pardo de Minas
Fazenda Riacho dos Cavalos
Carmo da Mata
Carmo do Cajuru
Felisburgo
Frei Inocêncio
Guapé
Itacarambi
Janaúba/Verdelandia
Monte Alegre de Minas
Montes Claros
Montes Claros
Novo Cruzeiro
Perdizes
Rubim
Rubim
Santa Vitória
Tarumirim
Uberlândia
Unaí
Unaí
Uruana de Minas
Uruana de Minas
Fazenda Iracema/Acamp.
Provisório
Fazenda Iracema/Acamp.
Provisório
Fazenda Catingueira/Acamp.
Canudos
Área da Escola Agrícola
Fazenda Santa Fé
Área em Barreirinho
Fazenda Porteira
Fazenda Vereda do Leitão/
Pasto dos Bois/Oziel Alves
Fazenda Vereda do Leitão/
Pasto dos Bois/Oziel Alves
3/jan/01
1/out/01
2/abr/01
1/mar/01
23/mar/02
1282
9600
20
40
150
ACUTRMU
STR-UR
MST
1300
30
120
STR-VP
MST
23
STR
150
MST
30
MST
20/set/02
17/abr/02
100
23/out/02
1/mai/02
2400
300
MST
23/mai/02
2880
700
MST
30/out/02
5000
105
MST
7/jul/02
36
-
9/ago/02
11/mar/02
2/abr/02
21/abr/02
14/abr/02
25
40
100
30
150
LCPNM
CLST
LOC
LOC
MST
100
CCL
3400
1700
2700
12
0
70
18
LOC
LOC
LOC
STRRPM/
MST/
Fetaemg
3291
300
MST
1938
23/mar/02
8/nov/02
9/dez/02
16/out/02
25/jul/02
10/set/02
20/jul/02
SI
1/ago/02
60
MST
30/set/02
14/abr/02
8/dez/02
12/jul/02
5
150
ASTT
MST
MST
MST
9000
1100
30
9/mar/02
10/jun/02
Vargem do Peão
Fazenda Estirinha/Varjão
16/mar/02
Almenara
Fazenda Esperança
29/dez/03
MST/CPT
1800
360
400
MST/CPT
40
MLT
60
STR
7
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13/out/03
Arinos
Fazenda Bacuina
Fazenda Paraíso /Acamp.Irmãos
Naves/ Kilombo
Fazenda Vargem Grande
Bocaiúva
Brasilândia de Minas
Buritis
Buritis
Buritis
Araguari
Araguari
Campo Azul
Campo do Meio
Capitão Enéas
Esmeraldas
Frei Inocêncio
Grão Mogol
Indaiabira
Indaiabira
15
MST
9/jun/03
268
123
MST
28/abr/03
5000
50
Fazenda Malvina/Ass. Betinho
28/mar/03
19519
40
Fazenda Cifra
Fazenda Buritis
Fazenda Palmeiras
Fazenda Pernambuco
Faz Bela Vista/Covanca/Acamp.
Campo Azul
Fazenda Ariadnópolis/Acamp.
Vitória da Conquista
Fazenda Norte América
Fazenda Samburá/Acamp. Ho
Chi Minh
Fazenda Eldorado/Acamp. Padre
Gino
Fazenda Americana II
Fazenda Mucosa/Acamp.
Muzzelo
1/jun/03
16/set/03
11/set/03
18/mai/03
950
150
100
100
50
MST
LCPNM/
OTC/STR
OTC
MST
MST
MST
10/nov/03
2800
180
MST
27/jul/03
6000
60
20/jun/03
2884
200
Fetaemg/
MST
MST
10/jun/03
300
258
MST
23/mai/03
2880
400
MST
1/jun/03
50
STR
16/jul/03
245
MST
Fazenda Italmagnésio
26/jun/03
4000
250
CPT/MST/
STR
2/abr/03
3840
280
MST
2/jun/03
3872
140
MST
1/jun/03
40
LCPNM
1/jun/03
1/fev/03
48
60
LCPNM
LCPNM
1/jun/03
60
LCPNM
1/jun/03
21/mar/03
1/jun/03
1/jun/03
24/abr/03
1/ago/03
164
250
20
100
400
300
OTC
MST
STR
MST
MST
LCPNM
250
Paracatu
Patrocínio
Fazenda Barra do Aranã/Royal/
Acamp. Esperança do Vale 2
Fazenda Margarida
Fazenda Paranaense/Acamp.
Jardim Esperança
Fazenda Poço da Vovó
Fazenda Serra Azul
Fazenda Sítio Grande/Conquista
da Terra
Fazenda Pé da Serra
Fazenda Santa Helena
Fazenda Alagadiço
Fazenda Quebrados
Fazenda Sanharó/Usifer
Fazenda Santa Fé
Fazenda Boa Esperança/Acamp.
Pe. Josimo
Quilombo dos Amaro
Área em Patrocínio
Pirapora
Fazenda Prata/Acamp. Pirapora
3/ago/03
3800
400
Porteirinha
Fazenda Santa Cláudia
1/jun/03
3400
40
Itambacuri
Itambacuri
Jaíba
Jaíba
Jaíba
Januária
Japonvar
Juatuba
Minas Novas
Montes Claros
Montes Claros
Norte de Minas
Palmópolis
93
10000
2600
17/jun/03
2500
170
MST
7/ago/03
7/nov/03
732
40
80
LCPCO
Fetaemg/
MST/STR
LCPNM
8
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II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA
Porteirinha
Porteirinha
Sacramento
São Francisco
São Joaquim das Bicas
Taiobeiras
Uberlândia/Tupaciguara
Unaí
Unaí
Unaí
Unaí
Fazenda Santa Maria
Fazenda São Miguel
Fazenda Resa/Chapadão do
Zagaia
Faz. Ponte Nova/Acamp. Eloy
Ferreira
Fazenda da Fhemig
Faz. Estatal/Planta Sete
Empreendimentos
Fazenda São Domingos
Faz. Nova Jerusalém/Acamp.
Índio Galdino
Fazenda Sururina
Fazenda Vargem Bonita de
Baixo (II)
Fazenda Vargem Bonita de
Cima (I)
1/jun/03
1/jun/03
1700
2700
40
30
LCPNM
LCPNM
5/mar/03
19000
250
MST
6/jul/03
100
MST
1/jun/03
11
STR
14/ago/03
9000
400
MST
24/jul/03
2300
85
MTL
18/jul/03
600
200
MST
80
MST
30/mar/03
15/jun/03
600
150
MST
1/abr/03
1570
40
MST
Verdelândia/Jaíba
Fazenda Rio Verde
21/fev/03
30
LCPNM
Almenara/Bandeira
Araguari
Bambuí
Betim
Buritis
Campo do Meio
Esmeraldas
Frei Inocêncio
Gurinhatã
Pará de Minas
Fazenda Marobá
Fazenda Quilombo
Fazenda Velha Cerradão
Fazenda São Geraldo
Fazenda Buritis
Sede da Usina Ariadinópolis
Fazenda Casa Grande
Fazenda Casa Branca
Fazenda Piedade
Fazenda Limeira
16/abr/04
29/dez/04
12/abr/04
12/jul/04
16/set/04
16/abr/04
18/ago/04
26/abr/04
9/abr/04
15/mar/04
200
250
50
800
500
70
150
50
70
400
MST
MST
MST
MST
MST
MST
MST
MST
MTL
MST
Tupaciguara
Fazenda Água Viva
25/nov/04
70
MTL
Bambuí
Buritis/ Unaí
Faz. de Cláudio Minicucci
Faz. São Miguel/Agrorserva
Faz. Ariadnópolis/ Acamp. Irmã
Campo do Meio
Dorothy/Vitória da Conquista
Capitão Enéas
Faz. Brejinho/Acamp. Darci Ribeiro
Capitão Enéas
Fazenda Orion
Faz. Monte Azul/Acamp. Maria da
Penha
Frei Inocêncio
Ituiutaba
Área do DNIT
Jequitaí
Faz. Correntes/Acamp. Erivan
Faz.São Geraldo/
Jequitinhonha/Felisburgo/Joaíma
Acamp. Cinco Mártires
Manga
Faz. Marilândia/Acamp. Valdir Júnior
Pirapora
Fazenda Cocal
Prata
Fazenda Cachoeirinha
Resplendor
Faz. Bananeira/Acamp. Chico Mendes
Sacramento
Faz. Marimbondo/
30/dez/05
25/set/05
400
45000
60
400
MST
MST
10/out/05
6000
30
MST
29/out/05
30/dez/05
1060
1169
20
30
MST
SS
11/jun/05
25/jan/05
29/out/05
1902,12
11000
120
56
250
MST
MST
MST
17/jul/05
1562
150
MST
16/set/05
28/set/05
12/mai/05
10/jul/05
20/nov/05
1000
1200
100
80
120
250
70
MST
MST
MTL
MST
MST
968
600
9
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Acamp. Vinte de Novembro
Ald. Água Boa/Maxakali/
Sta. Helena de Minas/ Bertópolis
Faz. Montes das Oliveiras
Santa Vitória
Fazenda Jacaré Curiango
São João da Ponte
Fazenda Aurora
Uberlândia
Faz. São José/Acamp. Roseli Nunes
Uberlândia
Fazenda Boa
Uberlândia
Fazenda Boa Esperança
Fazenda Bonanza/Brejo dos
Varzelândia
Crioulos
Fazenda Bonanza/Brejo dos
Varzelândia
Crioulos
Veríssimo
Fazenda Califórnia
Veríssimo
Fazenda Santa Cruz
Comunidade de Resistência Olga
Visconde do Rio Branco
Benário
18/ago/05
5305
43
Índios
16/out/05
1/set/05
26/jul/05
25/jun/05
26/jul/05
984
18
350
377,52
150
30
150
Fetaemg
SS
MST
MTR
MST
1500
70
ACRQBC
1/jul/05
10
LCPNM
30/mai/05
30/mai/05
100
100
FST
FST
14/jun/05
35
MST
28/ago/05
Fonte: LAGEA/ Projeto DATALUTA-MG, 2006.
De acordo com a análise da Tabela 1, podemos concluir que no ano de 2001 ocorreram 46
ocupações envolvendo 3862 famílias. Os movimentos mais atuantes foram os STRs locais, com
16 ocupações perfazendo um percentual de 35 % do total de ocupações realizadas em 2001. A
FETAEMG também teve grande atuação no estado nesse ano com 13 ocupações, que
correspondem a 28 % do total das ocupações no referido ano.
Dentre as ocupações com maior número de famílias participantes podemos destacar a Fazenda
Três Corações e a Fazenda Rodeio, situadas no município de Pavão e São Romão / Icaraí de
Minas respectivamente, ambas contando com a participação de 300 famílias em cada ocupação.
No ano de 2002 foram contabilizadas 28 ocupações, mobilizando 2994 famílias. O movimento
socioterritorial mais atuante em 2002 foi o MST, que participou de 15 ocupações, que
corresponde, aproximadamente, 53% do total. Outro movimento de destaque foi o LOC, que foi
responsável por 5 ocupações, o que equivale a aproximadamente 18 % do total.
Das ocupações que mobilizaram maior número de famílias podemos destacar as ocorridas na
Fazenda Eldorado / Acampamento Padre Gino, no município de Frei Inocêncio, com 700
famílias, e na Fazenda Vereda do Leitão / Pasto dos Bois / Oziel Alves, no município de Uruana
de Minas.
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II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA
Em 2003 foram registradas 46 ocupações que contaram com a participação total de 6339 famílias.
O movimento que mais atuou nesse ano foi o MST com 25 ocupações, percentual que
corresponde a aproximadamente 55% do total de ocupações.
Nas ocupações com maior representatividade de número de famílias é possível visualizar 4 com
um número de 400 famílias cada uma, ressaltando que nessas 4 ocupações o MST foi o
movimento responsável por todas.
No período que corresponde ao ano de 2004 temos a seguinte configuração: 11 ocupações e a
participação de 2610 famílias. Dessas ocupações o MST coordenou 9, ou seja, aproximadamente
82% do total.
Nesse ano de 2004 houve uma ocupação no município de Betim que reuniu 800 famílias,
ocupação essa também coordenada pelo MST, mostrando claramente a representatividade desse
movimento no estado de Minas Gerais.
Em 2005 ocorreram 25 ocupações, totalizando 2442 famílias. Novamente o MST é o movimento
de maior representatividade, participando de 15 ocupações, ou seja, 60% do total.
Nesse ano a ocupação com maior número de famílias ocorreu em Buritis / Unaí contando com a
participação de 400 famílias, ocupação também liderada pelo MST.
Tabela 2: Ocupações de Terras em Minas Gerais de acordo com o Movimento Socioterritorial:
2001-2005
Movimento
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
terra
FETAEMG - Federação dos Trabalhadores da
Agricultura do Estado de Minas Gerais
STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais (Locais)
MLST L-Movimento Libertação dos Sem Terra
LOC - Liga Operária e Camponesa
Outros movimentos
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
terra
STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais (Locais)
LOC - Liga Operária e Camponesa
Ocupações
Ano
6
13
16
5
2
1
15
1
5
2001
2002
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MLT - Movimento de Luta pela Terra
CLST - Caminho de Libertação dos Sem Terra
Outros movimentos
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
terra
STR - Sindicato dos Trabalhadores Rurais (Locais)
MTL - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade
FETAEMG - Federação dos Trabalhadores da
Agricultura do Estado de Minas Gerais
Outros movimentos
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
terra
MTL - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
terra
MTL-Movimento Terra, Trabalho e Liberdade
FETAEMG - Federação dos Trabalhadores da
Agricultura do Estado de Minas Gerais
Outros movimentos
1
1
4
25
4
1
2003
2
13
9
2
2004
15
1
2005
1
8
Fonte: LAGEA/ Projeto DATALUTA-MG, 2006.
Conforme os dados apresentados anteriormente, foram realizadas 155 ocupações de 2001 a 2005,
assim distribuídas: em 2001 foram realizadas 46 ocupações, em 2002 ocorreram 27, no ano de
2003 55 ocupações, em 2004 11 ocupações e em 2005, 25 ocupações. Com isso, podemos
constatar que os movimentos mais atuantes no Estado de Minas Gerais é o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), correspondendo a aproximadamente 46% do total de todas as
ocupações ocorridas no período. Por seu turno, a FETAEMG (Federação dos Trabalhadores da
Agricultura do Estado de Minas Gerais) realizou 16 ocupações no período 2001-2005, o que
corresponde a aproximadamente 10% do total de ocupações ocorridas. Os STRs locais
(Sindicatos dos Trabalhadores Rurais) realizaram 21 ocupações, o que equivale a 14% do total no
período de 2001 a 2005, sendo que dessas 21 ocupações, 16 ocorreram no ano de 2001.
Pela pesquisa DATALUTA-MG, foi possível constatar ainda que no período de análise, os
principais movimentos socioterritoriais que atuaram no Estado foram respectivamente: MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (70 ocupações), FETAEMG - Federação dos
Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais (16 ocupações), STR - Sindicato dos
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Trabalhadores Rurais (21 ocupações), MTL - Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (4
ocupações), LOC - Liga Operária Camponesa (6 ocupações), MLSTL - Movimento de Libertação
dos Sem Terra (4 ocupações), CLST - Caminho de Libertação dos Sem Terra (1 ocupação) e
outros movimentos (26 ocupações).
Considerações Finais
Através da análise realizada durante a construção desse artigo é possível constatar um total de
155 ocupações ocorridas durante o período de 2001 a 2005. No ano de 2001 e 2003 foram
registradas 46 ocupações em cada ano, sendo que esses foram os anos com maior ocorrência das
mesmas no Estado de Minas Gerais no período estudado. Em contrapartida em 2004 foi o ano
que registrou o menor número, tendo sido registrada 11 ocupações.
Em 2005 ocorreram 25 ocupações, tendo um acréscimo em relação ao ano de 2004, entretanto
esse número continua inferior se compararmos aos anos de 2001 e 2003.
Constatou-se, também, que tais ocupações não foram realizadas apenas por um movimento
socioterritorial, mas por vários, com destaque para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) que representou, mais da metade das ocupações ocorridas de 2001 a 2005 no
Estado.
A ocupação é uma ação que os trabalhadores sem-terra utilizam para reivindicarem o seu direito e
acesso à terra, essenciais para sua reprodução e sobrevivência. É também uma forma de luta
contra a exclusão causada pelo modelo capitalista excludente e pelos grandes proprietários de
terra.
A importância de se estudar as ocupações se dá pela necessidade de compreender aonde e como
esses movimentos atuam.
É necessário, também, analisar o que os movimentos estão reivindicando, já que os mesmos são
cada vez mais marginalizados, uma vez que essas reivindicações se constituem como estratégia,
em busca da terra, e constantemente são vistas como ações de desordem e bagunça.
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II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA
Referências:
FERNANDES, B. M. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000. 319 p.
_________________. MST formação e territorialização. 2 ed. São Paulo:Hucitec, 1999. 285 p.
_________________. 500 anos de luta pela terra. Disponível
http://www.agbcuritiba.hpg.ig.com.br/Textos/brasil500.htm. 23/05/06.
na
internet.
GOMES, R. M. Trnasformaçoes no mundo rural e a reforma agrária em Minas Gerais: os
movimentos socioterritoriais e a organização camponesa no Triângulo Mineiro. In: FEITOSA,
A. M.A .A.; ZUBA, J. A. G.; CLEPS JR, J. (Orgs) Debaixo da lona. Tendências e desafios
regionais da luta pela terra. Goiânia: Ed. Da UCG, 2006.
____________. Ofensiva do capital e transformações no mundo rural: A resistência
camponesa e a luta pela terra no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. 252 f. Dissertação
(Mestrado em Geografia) - Instituto de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, 2004.
SILVA, J.G. da. O que é questão agrária. 14 ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 120 p.
__________. Para entender o Plano Nacional de Reforma Agrária. São Paulo: Brasiliense,
1985. 140 p.
STÉDILE, J. P.(coord.) A questão agrária hoje. Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1994.322 p.
Site consultado: < http://www.cptnac.com.br/>. Acesso em 15/05/2006.