JORNAL DA UBE Poesia, Poetas, Poemas O ESCRITOR Páginas de Izacyl Guimarães Ferreira Conceitos, frases, versos Um leitor me perguntou o que eu diria de meu entre estes conceitos, frases e versos de terceiros. Embora pudesse extrair de algum texto pessoal, em prosa ou de metapoesia, algo curto como resposta, preferi dizer mais longamente o que penso a respeito, e até mais próximo da pergunta “afinal o que faz alguém ser poeta?” E é o que se segue. Não é a verdade absoluta. Talvez sequer uma novidade. Acho que a poesia, um poeta, um poema, não se faz só com palavras (v. Mallarmé, Drummond), só com idéias (v. Pessoa, Neruda), a partir de um certo ritmo (v. Valèry, João Cabral), algum assunto, escolhido ou encontrado (v. Camões, Rilke), e muito menos pelo domínio adquirido de técnicas de versificação(v. Boileau, Castilho). Acho que as pessoas em geral, sejam poetas ou não, têm alguma percepção ou visão do mundo, consciente ou não, pela qual se guiam. Percepção ou visão dominante, pois creio que ninguém é um monobloco, tendo do mundo e das coisas um modo de ver e de atuar que exclua variantes e nuanças. Embora seja comum haver pessoas que agem sem parecer que tenham qualquer visão de mundo, podemos distribuir entre quatro grandes áreas do conhecimento e do com- portamento as “visões do mundo”: entre a ciência, a filosofia, a religião e a arte. E esta ou aquela visão de mundo, se chega a ser expressa ou mesmo só assumida, leva alguém a dedicar-se mais à ciência (fatos, comprovações), à filosofia (especulação, sistematização), à religião (fé, revelação) ou à arte (intuição, representação). O poeta, artista que é, tem uma percepção do mundo, expressa através de palavras formando um complexo de sentidos e sons, um todo capaz de emocionar, pois é do campo específico da arte a emoção - provocada pela beleza ou a força da obra criada. Faltaria dizer que ninguém é poeta ou cientista etc o tempo todo, e que haverá quem inclua outras áreas além das quatro que considero abrangentes o bastante para conter a totalidade das preocupações humanas. Como a política, por exemplo. Penso, enfim, que o ato criador decorre de uma visão particular do mundo, servida pelos recursos expressivos que o artista conquiste, pela capacidade de transmitir essa visão de mundo. Se poeta, com assunto, idéias, palavras, ritmo, técnica: estes componentes que podem dar à sua linguagem uma dicção própria, capaz de atingir o leitor e permanecer na memória da língua. Um brasileiro universal: Murilo Mendes Murilo Mendes dispensaria apresentação. Entra nesta página como autor indispensável numa antologia da poesia brasileira de todos os tempos. Mais que tentar resumir sua importância, remeto leitores mais jovens a alguns textos essenciais sobre Murilo e a duas antologias de sua obra, lembrando, porém, que este é um autor para ser lido por inteiro. Creio que estes textos são alguns dos melhores que se escreveram sobre nosso poeta: o prefácio de José Guilherme Merquior à Antologia Poética, com seleção de João Cabral de Melo Neto ( Fontana/MEC, 1976): “À beira do universo debruçado ou Introdução livre à poesia de Murilo Mendes”; outro é o livro de Laís Corrêa de Araújo, Murilo Mendes, da coleção Poetas Modernos do Brasil (Editora Vozes, 1972); e o de Fábio Lucas (Murilo Mendes: poeta e prosador, Educ, Oficina do Livro Rubens Borba de Moraes, 2001). A outra antologia é O menino Experimental, da Coleção Palavra Poética (Summus Editorial, 1979), com apresentação e seleção de Affonso Romano de Sant’Anna, e de que consta a inescapável Microdefinição do Autor, que Murilo escreveu em Roma, em 1970. Nestes textos interpretativos e nas antologias está o Murilo modernista, o libertário mozartiano que denunciava o fascismo, o católico de uma igreja “carnal”, como viu Merquior, o europeu de sua obra madura, ganhadora do prêmio Etna-Taormina. Foi professor de literatura brasileira e adido cultural na Espanha e na Itália. Seu universalismo está nos textos brasileiros ou europeus e está também na vida cheia de contatos com o melhor de seu tempo, na literatura e nas artes plásticas - um Murilo de corpo inteiro. Ei-lo em dois fragmentos: o São Francisco de Assis de Retratos Relâmpagos e o São João da Cruz, de Tempo Espanhol: São Francisco de Assis Poeta, isto é, fundador da palavra essencial; pobre da coisa perecível. Exorcisma o capital-demônio. (...) Fazem dele um homem da ordem. Mas é um inconformista, um rebelado, um fuorilegge; tal seu mestre. São João da Cruz w No 103 - Junho/2003 - Pág. 18 w Viver organizando o diamante (Intuindo sua face) e o escondendo. Tratá-lo com ternura castigada. Nem mesmo no deserto suspendê-lo. Mas Viver consumido de sua graça. Obedecer a esse fogo frio Que se resolve em ponto rarefeito. Viver: do seu silêncio se aprendendo. Não temer sua perda em noite obscura. E, do próprio diamante já esquecido, Morrer, do seu esqueleto esvaziado: Para vir a ser tudo, é preciso ser nada. Para não esquecer: Abgar Renault Eis um poeta já quase esquecido, apesar de sua fina qualidade, de seu saber poético. Companheiro da geração modernista mineira, acadêmico, Abgar Renault foi sempre discreto e exemplar cultor da amizade, isso que vale mais que as camaradagens momentâneas. Escreveu pouco e entre suas melhores obras está a longa elegia pela perda do filho: os poemas que compõem o livro A Lápide sob a Lua (edição pessoal,1968). Foi também tradutor excepcional, de que damos mostra na edição de A Separata, que acompanha este jornal, dedicada à temática da guerra. Sonetista à moda antiga - Sonetos Antigos é o título do livro de 1923, logo duplamente antigo, pois também publicado em 1968 - eis aqui uma das peças mais interessantes e bem realizadas do livro, com que homenageamos Renault, mantendo a linguagem quinhentista e a ortografia utilizada pelo poeta. É o soneto que abre o livro, todo ele um cantar de amor. A que amostraes nos olhos & no rosto Maga expressão secreta de tristeza, Porque nada he de falso, ou de supposto, De alto quebranto augmenta essa belleza. Essa que em vosso todo tendes posto Tam descuydosa & candida simpleza, A meu olhar o ser vos tem composto De outra que não humana natureza. Respeito disso he que, Senhora, o aspeito Tanto que a vós vos vi, tive mudado, E o juyzo a se perder num só sujeito: Que he o temor de querer o vosso agrado Quem, de rudo, de mau & de imperfeito, Nem sequer vos merece ter fitado É preciso conhecer: Rosario Castellanos Poeta mexicana contemporânea, sua poesia original, cheia de drama e de provocação de nossa sensibilidade, merece a atenção de todo leitor ibero-americano, pela qualidade incomum, por um sentir que é nosso. Sugerindo que a busquem em fontes como as representações do México, o Memorial da América Latina e o catálogo da Biblioteca Nacional, e também por falta de espaço, publico abaixo só as traduções. Bandeira me endossa: seus Poemas Traduzidos não são edição bilingüe... Canção de ninar É grande o mundo? - É grande. Do tamanho do medo. É longo o tempo? - É longo. Longo como o esquecimento. É profundo o mar? - Pergunte ao náufrago. (O Tentador sorri, me acaricia os cabelos e me diz que durma.) Xadrez Porque éramos amigos e às vezes nos amávamos, talvez para juntar outro interesse aos muitos que os dois nos obrigavam, decidimos jogar jogos de inteligência. Pusemos um tabuleiro frente a nós, eqüitativo em peças, em valores, possibilidades de movimentos. Aprendemos as regras, juramos respeitá-las, e a partida teve início. Eis-nos aqui há um século, sentados, meditando encarniçadamente como dar a estocada última que aniquile de modo inapelável e para sempre o outro. JORNAL DA UBE Poesia, Poetas, Poemas O ESCRITOR w No 103 - Junho/2003 - Pág. 19 w Páginas de Izacyl Guimarães Ferreira Já é lugar comum nas observações e leituras críticas da atual poesia brasileira dizer-se que não há grupos, estilos compartilhados, propostas, gerações. Se listássemos aqui uns, digamos, trinta nomes de poetas em atividade hoje e razoavelmente conhecidos, poucas seriam as “linhas de força” ou “pedras de toque” capazes de aproximá-los realmente, a não ser que se procedesse a uma análise minuciosa de formas, vocabulários, temas, pois, afinal, um poeta raramente escapa às circunstâncias de seu tempo. Os “melhores” ( palavrinha esta tão fora de contexto, perdão!) seriam inconfundíveis, reconhecíveis em poucos versos a esmo. Talvez. Entre estes está Donizete Galvão. Não é um “novo”, pois já tem vários livros, mas escreve pouco. Seus livros são pequenos, seus poemas, em geral, curtos. Vejamos o que ele nos tem a dizer sobre sua poética. É certo o que disse acima, que você é um poeta “econômico”, tipo escultor? Pelo menos tento ser. Gosto de autores de obras econômicas como Kaváfis, Elizabeth Bishop ou Dante Milano. A obra de Bishop é um exemplo de como um autor pode ser importante sem escrever compulsivamente. Não quero dizer que brevidade signifique necessariamente qualidade, mas a o muito dito com pouco fica melhor. Eu escrevi uns poemas mais longos no meu livro A Carne e o Tempo. Na época, sentia a necessidade de usar um pouco mais a prosa, de experimentar um pouco o fôlego. Acho que o mais longo é o poema que escrevi chamado “Carta a Miss E.B.” Depois disso, voltei aos poemas mais curtos. Acho que me sinto melhor nessa área. Também prefiro livros menores porque acho que existe tanta coisa sendo publicada. Há livros em excesso e a gente deve se perguntar se deve colocar mais um no mundo. No final, a vaidade fala mais alto e publicamos. Entretanto, tenho a maior admiração pelos bons leitores que andam escassos. Sei que você crê que poesia é mais talento que trabalho. Elabore a respeito. Acho que são necessárias as duas coisas, mas trabalho sem talento não leva a muita coisa. Não acredito nessa figura do poeta como um artesão esforçado que vai se aprimorando cada dia. Acho que a técnica se ergue e se desfaz em cada poema. Como o José Paulo Paes, poeta pelo qual tenho grande admiração, eu também acredito em inspiração ou outra palavra que valha. Sem esse impulso interior, sem esse incômodo que nos leva a escrever, dificilmente se faz poesia. Eu tenho lá minhas dúvidas sobre as teorias de composição do Edgar Allan Poe. Eu acho que ele as escreveu depois de terminado O Corvo. Claro que depois de escrito o poema vêm os cortes e as mudanças até que você desiste e resolve publicar. Não acredito é na autoconsciência absoluta. Alguma chama tem de ser acesa para que o poema apareça no escuro da noite. Muitas teses e teorias construtivistas servem mais ao autor delas do que como parâmetro para outros. Cada um deve construir seus caminhos. É raro encontrar em poemas ditos curtos o que se convenciona chamar de música, polifonia etc. Seus versos têm música. Como a constrói ou a encontra? Sou um apaixonado por música de todos os gêneros. Eu não procuro muito a música pelo menos no sentido de privilegiar a Entrevistando Donizete Galvão Donizete Galvão, melopéia ou o ritmo encantatório. Acho que tenho certo ouvido e procuro evitar sons estranhos, cacofonias e inversões. Tento ao menos não gerar ruídos. Preocupo-me mais com a música natural da língua para que a sintaxe fique muito rebuscada. Alguns poemas eu escrevi movido por coisas que escutei. Muita coisa de Villa-Lobos, Gorécki, Arvo Pärt, canções de Billie Holiday e a minha maior obsessão, Nina Simone. Eu acho o canto o dom mais bonito, um sopro em Deus como disse Rilke. Eu gostaria de ser um poeta mais musical, mas faltam-me recursos. Aprendi a trabalhar com meus poucos recursos. Nossa poesia corrente parece agnóstica, não religiosa. Mas a sua, embora sem um Deus presente, parece tocada por uma noção do sagrado. Engano meu ou você tem tal consciência? Pergunto isto porque penso e digo na página ao lado, serem 4 as “visões de mundo” do homem - ciência, filosofia, religião e arte . A sua é por certo a da arte, poeta que é. Onde entra o “sagrado” aí? Já pensei muito sobre isso. Acho que o que me ajudou a entender melhor essas relações foram A Metáfora do Coração, de María Zambrano, e Ascese, de Nikos Kazantzákis. Em primeiro lugar, devo esclarecer que não tenho fé alguma. Ou teria uma religião sem deus ou com muitos deuses. Todos estamos vendo os re s u l t a do s do f u nda me nt a l i s mo religioso. Durante muito tempo achei que era totalmente ateu. Depois, percebi que essa busca de um sentido do sagrado era constante na minha poesia, que ainda mantém uma ligação com o mito. Li muita coisa de René Guénon, Julius Évola, Colin W i l s o n , J u ng , A l l a n Wa t t s, Thomas Merton, Mircea Eliade e Roger Caillois, Rudolf Steiner. Isso por volta dos 35 anos. Depois, enjoei um pouco desses temas sobretudo por causa do conservadorismo político de muitos deles que acreditam em “eleitos”. Acho que encontrei mais explicações na mística existencialista de Kazantzákis. Quero resssaltar que não tenho a menor afinidade com essa onda barata de esoterismo, auto-ajuda e budismo que está na moda. São coisas muito mal escritas, cheias de receitas e caminhos para a felicidade. Ao mesmo tempo, sinto que o homem atual está buscando um sentido para o mundo dessacralizado em que vive.. Há muitos perigos nessa busca, inclusive de cair no charlatanismo e no irracionalismo. Essa ligação com o sagrado se faz por meio da natureza, dos animais, dos objetos. Procuro uma poesia que tenha ligações com o chão, o que é concreto, os restos, os restolhos, o que pode não ser considerado poético. Quando acho que minha poesia pode perder esse lastro concreto me volto para o lugar da infância em Minas Gerais e para o que está mais próximo. Não tenho muita capacidade para altos vôos poéticos e para a abstração sublime. Você aprende com o tempo que nasceu mais para viver no quintal do que cruzar os altos montes em direção a Patmos. Creio que todo poeta tem uma noção de seu caminho, a partir de certa altura da obra. Sua poesia tem um projeto claro, um rumo definido ou você acompanha o que ela vai lhe pedindo? Ou me engano e como diz Bandeira, a poesia sopra quando quer? Acho que ela sopra quando quer e devemos respeitar isso.Com a idade, essas visitas vão ficando ainda mais raras. Não há o que se possa fazer. Não tenho nenhum projeto pelo menos a longo prazo. Meu horizonte é sempre limitado pelo livro que estou escrevendo. Depois dele nunca sei se escreverei um outro. Não tenho rumos. Vivo na incerteza e no tatear no escuro. Apesar disso, em cada livro específico, tenho pelo menos um eixo que surge a partir das epígrafes, do nome, e de certas anotações. Como se fosse a economia interna do livro. Nada de grandes arquiteturas, mas a definição de um terreno. Isso parece criar um campo imantado que atrai, eu pelo menos penso assim, os poemas. Pode ser que seja mais artifícios de processo criativo do que uma construção que fique aparente no livro. Eu preciso me cercar de certos livros, discos, quadros ou assuntos quando escrevo os poemas. Digamos que tenho um projeto para cada livro mas nenhum projeto ou visão de obra. Cite algumas preferências da poesia do passado e do momento, nossa e de fora. Por que prefere, especificamente, tais poetas? Para ser sincero tenho pouca afinidade com poesias do passado literário brasileiro. Gosto do Cláudio Manoel da Costa e Alphonsus de Guimaraens. A minha maior afinidade no Brasil é com os poetas modernistas e contemporâneos. Drummond, Emílio Moura, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar e Armando Freitas Filho. No caso específico do Emílio Moura, cuja obra leio desde a adolescência, me encanta a melancolia, o tom baixo, a maneira com que ele trata o abstrato recorrendo a uma linguagem simples e depurada. Eu acho que a reedição de Itinerário Poético merece ser saudada. Afinal, desde 69 que não era mais publicado. Também não sou alguém que tenha uma cultura acadêmica ou literária que me desse grande desenvoltura para conhecer literatura a fundo. Minha formação é de jornalista, portanto, superficial, e o que li foi muito guiado pelo próprio gosto. Tenho mais afinidade com certo objetivismo da poetas ingleses e americanos do que propriamente com os franceses. Eu sou daquele tipo de leitor que simpatiza com muita coisa ao mesmo tempo. Gosto de Emily Dickinson Wallace Stevens, W. B. Yeats, de Ungaretti, Montale. Um dos poetas que mais admiro é Francis Ponge. Gosto também dos gregos que o José Paul Paes traduziu. De Jorge Guillén, Cernuda e Octavio Paz. Enfim, tenho uma lista grande de admirações que são as mesmas de quase todo mundo. Só não gosto de poesia que parece marcha militar ou daquelas declamatórias, excessivas, messiânicas. Não aprecio o sermão em forma de poesia. Como vê, sou como o Álvaro de Campos que simpatiza com tudo. Quando se sentiu poeta e se convenceu de sua vocação? Até hoje tenho maior dificuldade de escrever que sou poeta. Fulano de Tal poeta parece soar tão pretensioso. Eu prefiro dizer que escrevi alguns livros que são de poesia. Trata-se de uma vocação muito difícil, espinhosa, e que relutei muito em aceitar. Por isso, publiquei tarde o meu primeiro livro aos 33 anos. A primeira coisa é aceitar de que se trata de uma vocação e não de uma carreira. E que você vai ter que arranjar outros meios de sobreviver. A partir daí, você luta sempre com uma cisão, uma contradição. O mundo da poesia chamando-o para um lado e a vida prática exigindo outras coisas. Robert Graves dizia que a Deusa Branca é uma senhora exigente que não tolera que você seja jornalista, publicitário ou outra ocupação. Nós tentamos ludibriá-la, mas pagamos um preço alto inclusive na qualidade daquilo que poderíamos fazer com uma dedicação integral.& Donizete Galvão, mineiro de Borda da Mata, é autor de Azul Navalha, SP, T. A. Queiroz, Editor, 1988; ; As Faces do Rio, SP, Água Viva, 1991; Do Silêncio da Pedra, SP, Arte Pau-Brasil, 1996; A Carne e o Tempo, SP, Nankin Editorial, 1997; Ruminações, SP, Nankin Editorial, 1999; Pelo Corpo, SP, Cacto/Alpharrabio, 2002, em parceria com Ronald Polito. Prêmio APCA de autor revelação e indicação para o Prêmio Jabuti (CBL) Endereços para correspondência: [email protected] - Rua dos Cariris 400, São Paulo, SP, 05422-020