05/05/2014 Crônica de um aquecimento anunciado por Lúcia Chayb e René Capriles, da Eco21 Manual de Sobrevivência no Século XXI. Arte: Óleo sobre tela de Roberto Magalhães Fonte: http://envolverde.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/05/ECO-21-209-capinha.jpg Já está circulando a revista ECO 21 de abril de 2014. Uma das principais publicações sobre meio ambiente e sustentabilidade no Brasil, a ECO 21 traz excelentes textos. Veja abaixo o editorial e o índice da edição. Editorial Em 1955, Gabriel García Márquez escreveu um dos seus primeiros contos: “Isabel vendo chover em Macondo”. Macondo, um lugar mítico inventado por García Márquez representa o mundo e, nesse lugar, a protagonista observa a chegada da tão esperada chuva após sete meses de seca. A alegria inicial de Isabel logo se torna uma espécie de terror ao ver a pequena chuva se transformar num dilúvio de proporções quase bíblicas, tal como um gigantesco e devastador furação. Isabel diz, então: “a chuva estava penetrando demasiado fundo nos nossos sentidos [...] Estávamos paralisados, narcotizados pela chuva, entregues ao arrasamento da natureza numa atitude pacífica e resignada”. O conto termina da mesma forma que “Cem anos de solidão”: “Macondo já era um pavoroso rodamoinho de poeira e escombros, centrifugado pela cólera do furacão bíblico” e, então, o lendário Aureliano Buendía percebe que ele e seu mundo tinham acabado. Com esta homenagem a García Márquez, na ECO 21, traçamos uma parábola sobre o aquecimento global. De acordo com o último informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o AR5, o aquecimento global já é uma realidade existindo um consenso sobre este ponto na comunidade científica mundial. Segundo o AR5 a ação humana é inquestionavelmente a principal causa da elevação da temperatura no Planeta, mesmo que existam grandes interesses das indústrias fósseis e nucleares financiando campanhas negando este fato. O IPCC, pela primeira vez em seus relatórios, tocou no tema da alimentação. Sobre isto, o cientista Paulo Artaxo, membro do Painel, escreveu: “A produção de alimentos também poderá ser afetada, bem como nosso estilo de vida, onde teremos que usar os recursos naturais de nosso Planeta de modo mais inteligente”. Esta realidade já preocupa o Vaticano. A Pontifícia Academia das Ciências, que conta entre seus membros diversos cientistas como Stephen Hawking, Mario Molina, alguns deles ateus, economistas como Jeffrey Sachs e vários Prêmios Nobel, programou para início de Maio deste ano um grande encontro chamado “Humanidade Sustentável, Natureza Sustentável: a Nossa Responsabilidade”. Este Fórum é coordenado pelo cientista indiano Veerabhadran Ramanathan, especialista em ciências atmosféricas, que assim definiu o evento: “Nosso objetivo não é catalogar os problemas ambientais; propomos tratar sobre o intercâmbio da humanidade com a natureza baseado em três necessidades fundamentais: alimentação, saúde e energia. Solicitamos que nossos Acadêmicos convidem expertos em ciências naturais e sociais para falar sobre os diversos caminhos que poderiam satisfazer estas exigências”. O Fórum, que é considerado uma sequência da RIO+20, abordará outros temas da interface ambiental como a situação das favelas, das savanas africanas, da poluição urbana, do aumento dos contaminantes industriais e agrícolas, da destruição da Camada de Ozônio, etc. Com este encontro, que será aberto pelo Papa Francisco, o Vaticano pretende traçar um caminho denominado “as perspectivas futuras” e assim, assumir, finalmente, uma liderança mundial em busca da solução para mitigar os graves problemas que encontraremos no futuro imediato devido ao aquecimento. Em face desta realidade, se a humanidade não reagir, nem a ciência, nem a religião, terão importância alguma. Índice 4 Gabriel García Márquez – A Bacia Amazônica sem mitos 8 Evaristo E. Miranda – Anchieta: ambientalista e patrono da biodiversidade 12 Liszt Vieira – O insustentável desenvolvimentismo 14 Elton Alisson – Entrevista com José Marengo 16 Roberto Savio – O futuro de nosso Planeta depende de 48 pessoas 18 Paulo Artaxo – 5º Relatório do IPCC: é hora de adaptação e mitigação 19 Suzana Kahn – A cidade sustentável e as mudanças do clima 20 José Goldemberg – A COP-21 do Clima de 2015 22 Fabio Feldmann – Cadastro Ambiental Rural: não dá mais para esperar 23 Mario Mantovani – O imbróglio do Código Florestal prejudica o país 24 Thais Corral – Adapta Sertão, um projeto inovador no Semiárido 28 Ana Cíntia Guazzelli – Brasil recebe nota 6 no Índice de Saúde do Oceano 30 Marussia Whately – A crise da água em São Paulo 31 Roberto C. Tavares – A hora e a vez do saneamento 32 Hannah Edwards – ONU lança avaliação do consumo mundial da água 36 Marcus E. de Oliveira – Consumo voraz em poucas mãos 38 Sonia Mey Schmidt – OMS: 7 milhões de mortes devido à poluição do ar 40 Isabel Gardenal – Marketing verde deixa orgânicos no vermelho 42 José Graziano da Silva – Ano Internacional da Agricultura Familiar 43 Esther Vivas – A vulnerabilidade de uma dieta globalizada 44 Renata Clarke – Transgênicos no comércio de alimentos geram incidentes 46 Silneiton Favero – Adaptação e sustentabilidade empresarial 50 Ruy Guerra – O Ovo da Serpente Para assinar clique aqui(http://www.eco21.com.br/assinaturas/assinaturas.asp). Fonte: Eco21/Envolverde(http://envolverde.com.br/noticias/cronica-de-um-aquecimento-anunciado/) 12/05/2014 Oceano Antártico sofre com ventos mais fortes dos últimos mil anos por AFP – Agence France-Presse(mailto:[email protected]) Os ventos que estão varrendo o Oceano Antártico são os mais fortes do último milênio, alimentados pelas mudanças climáticas e pelas taxas crescentes de dióxido de carbono na atmosfera, revelaram cientistas nesta segunda-feira. Os ventos do Oceano Antártico, que aterrorizaram gerações de marinheiros, estão "mais fortes hoje do que nunca nos últimos mil anos", afirma o estudo da Australian National University (ANU). "O fortalecimento desses ventos foi particularmente claro nos últimos 70 anos e, combinando nossas observações com os modelos climáticos, podemos vincular claramente o fenômeno ao aumento dos gases de efeito estufa", afirma Nerilie Abram, co-autora do estudo publicado na revista Nature Climate Change. Os ventos do oeste, que evitam a costa oriental da Antártica circundando-a, levam mais ar frio à medida que se intensificam, privando a Austrália – que enfrenta um aumento constante das temperaturas, com secas e incêndios - de preciosas chuvas. "A Antártica desafia a tendência. Todos os continentes esquentam e o Ártico é onde isso acontece mais rápido", alerta a cientista. Para chegar as suas conclusões, os pesquisadores extraíram amostras de gelo na Antártica, analisaram o crescimento de árvores na América do Sul e a evolução das águas dos lagos neste continente. Os dados foram analisados pelo supercomputador Raijin da ANU. A evolução climática é, no entanto, contrastada na Antártica, fruto da influência complexa entre os ventos e as correntes. Enquanto o centro da Antártica continua sendo frio, os ventos do oeste esquentam a península a um ritmo preocupante, transformando o ecossistema local com, por exemplo, uma forte diminuição das populações de pinguins-de-adélia. A atividade humana é essencialmente responsável por estas mudanças, explica steven Phipps, da Universidade de Nova Gales do Sul. A partir dos anos 1970, a situação foi agravada pelo aumento do buraco da camada de ozônio devido aos clorofluorcarbonos (CFC) utilizados na indústria. "Inclusive na hipótese de um cenário (de impacto climático) médio, a tendência continuará no século XXI", adverte Steven Phipps. Fonte: em.com.br > Notícias > Especiais(http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/05/12/interna_internacional,527909/oceanoantartico-sofre-com-ventos-mais-fortes-dos-ultimos-mil-anos.shtml) 15/05/2014 Fundo multilateral libera R$ 4,3 mi para proteger a camada de ozônio Brasil receberá verba específica para o programa de eliminação de hidroclorofluorcarbonos por Lucas Tolentino Foto: Divulgação Fonte: http://www.mma.gov.br/media/k2/items/cache/33d0396b0a7fe50a7d973d2739647a39_XL.jpg Mais de U$ 1,8 milhão (R$ 4,3 milhões) serão usados em ações de proteção da camada de ozônio. O financiamento foi anunciado, nesta quinta-feira (15/05), na 72ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal, no Canadá. A delegação brasileira presente no encontro internacional conseguiu a aprovação de dois programas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para retirar de circulação as substâncias que destroem a camada de ozônio (SDOs). O Projeto Piloto para o Manejo e Disposição Final de Resíduos de SDOs receberá U$ 1,49 milhão (R$ 3,42 milhões) do FML. De acordo com inventário do MMA, existem, no Brasil, mais de 60 toneladas de SDOs inservíveis, recolhidas na manutenção e descarte de produtos como os refrigeradores, principais responsáveis pela liberação dessas substâncias na atmosfera. O projeto piloto prevê a criação de sistemas de armazenamento temporário e a adaptação de fornos de eliminação desses compostos químicos. Eliminação O Comitê Executivo do FML aprovou, também, a liberação de U$ 390 mil (R$ 897 mil) para a segunda etapa do Programa Brasileiro de Eliminação de Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs), nocivos à Camada de Ozônio e encontrados, principalmente, em equipamentos de refrigeração e ar condicionado e na produção de espumas. O montante será usado no planejamento das próximas ações de eliminação dos HCFCs a partir de 2016, conforme o cronograma estabelecido pelo Protocolo de Montreal. O MMA já desenvolve, com sucesso, a primeira etapa do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH). A ação consiste no congelamento do consumo dos hidroclorofluorcarbonos e na redução de 16,6% até 2015, em relação à linha de base verificada entre 2009 e 2010. Saiba Mais Aberto em 1987, o Protocolo de Montreal é um acordo multilateral em que 197 países se comprometem a eliminar gradativamente substâncias destruidoras da camada de ozônio. Entre elas, estão os clorofluorcarbonos (CFCs), presentes em geladeiras e outros equipamentos de refrigeração comercial, e os HCFCs. No caso dos HCFCs, a primeira etapa do compromisso brasileiro vai até 2015 e estabelece a redução de 16,6% do consumo da substância em comparação aos índices de 2009 e 2010. A segunda etapa vai de 2020 a 2040, com redução de 35% em 2020, 67,5% em 2025, 97,5% em 2030 e eliminação total em 2040. Além das ações fomentadas pelo MMA e financiadas pelo Protocolo de Montreal, outras iniciativas contribuem para o corte dos hidroclorofluorcarbonos em território nacional. Uma instrução normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), publicada no fim de 2012, controla a entrada de HCFCs por meio de cotas específicas para a importação do material. A camada de ozônio serve como filtro à radiação ultravioleta do tipo B, que em excesso é nociva à saúde das pessoas, provocando câncer de pele, doenças oculares e com consequências negativas também para a fauna e flora. As substâncias destruidoras estão em praticamente todos os setores industriais, em equipamentos de refrigeração, ar-condionado e em materiais que utilizam espumas de poliuretano e fazem parte do dia a dia das indústrias e dos cidadãos. Fonte: MMA > InfoMMA > Notícias(http://www.mma.gov.br/informma/item/10130-fundo-multilateral-libera-r$4,3-mi-para-proteger-a-camada-de-oz%C3%B4nio) 27/05/2014 Desenvolvimento econômico e equilíbrio ambiental por Maurício Tovar do Diário da Manhã Aracionalidade ambiental está em andamento, mas deverá ser consolidada devido à imperiosa crise ambiental instaurada nos quadrantes da Terra. Enquanto ela não se impor a todos os povos, a negligência e o adiamento das atitudes em favor da restauração do equilíbrio da biosfera continuarão gerando um sinegismo destrutivo capaz de afetar drasticamente a sustentabilidade humana e também as comunidades ecológicas dos ecossistemas terrestres e aquáticos. A partir da década de 70 a “questão ambiental” passou a ser debatida em Convenções Mundiais com intuito de se estabelecer princípios e planos de ações a serem seguidos com o propósito de conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Principais Convenções E Protocolos Relacionados À Questão Ambiental Em 1972, em Estocolmo, ocorreu o 1º encontro internacional sobre Meio Ambiente. Em 1985 aconteceu a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Dela emergiu o Protocolo de Montreal para regulamentar o uso de produtos que destroem a camada de ozônio. Em 1992 acontece na cidade do Rio de Janeiro a Convenção das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Rio-92. Nesse encontro houve a participação de 172 países com 108 chefes de Estados com suas delegações. Foi redigida nesse encontro a “Agenda 21”, que estabeleceu uma série de objetivos, critérios e princípios, todos compatíveis com o desenvolvimento sustentável. As Convenções estabelecidas na Carta da Terra (ou Eco-92): o Convenção Sobre Combate à Desertificação – O propósito dessa Convenção foi encontrar caminhos para se conter a desertificação e melhorar a qualidade de vida dos povos que habitam as regiões áridas e semiáridas do planeta. o Conveção Sobre Diversidade Biológica: através dessa Convenção surgiu o Protocolo de Nagoya e o Protocolo de Cartagena. O primeiro tratou do acesso e do uso dos recursos genéticos da biodiversidade planetária, e o segundo sobre a questão dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM), também conhecidos como transgênicos. o Convenção Sobre Mudança de Clima: o foco principal foi a criação de diretrizes capazes de eliminar as causas das mudanças climáticas e de criar mecanismos que produzam adaptações aos seus efeitos. Dessa Convenção surgiu o conhecido Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas modestas para a redução de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. • No ano de 2000 ocorreu a Cúpula do Milênio, encontro que estabeleceu 8 metas a serem cumpridas até 2015. Destaca-se a erradicação da pobreza e a sustentabilidade ambiental. • Em 2002, aconteceu em Johannesburgo, a Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável, que aprovou um plano para o aceleramento das implantações dos compromissos já estabelecidos na Rio-92. • Em 2012, ocorreu a Rio+20, e nela foram estabelecidas as metas para o desenvolvimento sustentável a partir de três pilares básicos: o econômico, o social e o ambiental. o o o No âmbito econômico, o estabelecimento de “economias verdes” que respeitam a natureza esteve no centro dos “debates”. No âmbito social houve o estabelecimento de metas que apontam para a redução da pobreza, a geração de empregos e o respeito aos povos tradicionais. No âmbito ambiental a meta estabelecida foi a preservação dos ecossistemas e dos recursos naturais essenciais. Imprudentemente, muito pouco do que foi estabelecido e protocolado foi cumprido. Fonte: DM.com.br - Diário da Manhã > Notícias(http://www.dm.com.br/texto/178322-desenvolvimentoeconamico-e-equilabrio-ambiental-) 27/05/2014 Cientistas alertam para o nível do mar com o degelo da Antártica Dois estudos publicados neste mês mostraram que uma grande extensão da calota polar começou a desmoronar por Justin Gillis e Kenneth Chang Foto: Anxo Lamela/Anxo Lamela Fonte: http://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/16528356.jpg?w=640 Dois grupos de cientistas divulgaram este mês que uma grande extensão da poderosa calota polar da Antártica Ocidental começou a se desmoronar e o seu desgelo contínuo agora parece ser irreversível. Se as descobertas se mantiverem, eles sugerem que o derretimento pode desestabilizar partes adjacentes do manto de gelo, e que uma elevação do nível do mar de três metros ou mais pode ser irreversível nos próximos séculos. O aquecimento global provocado pela emissão humana dos gases do efeito estufa ajudou a desestabilizar a calota polar, embora possivelmente outros fatores também sejam responsáveis, disseram os cientistas.Segundo eles, é provável que a elevação do nível do mar continue sendo relativamente lenta no restante do século 21, porém, num futuro mais distante, isso pode se acelerar de forma marcante, potencialmente arrastando a sociedade a uma crise. "Isto de fato está acontecendo", declarou em uma entrevista Thomas P. Wagner, que dirige os programas da NASA relativo ao gelo polar e ajudou a supervisionar parte da pesquisa. – Não temos como interromper o processo agora. Mas ainda existe a limitação da física em relação à velocidade do fluxo do gelo – disse. Dois estudos científicos divulgados em 12 de maio pela revista Science e pela Geophysical Research Letters tiveram resultados semelhantes utilizando métodos diferentes. Os dois grupos de cientistas constataram que as geleiras da Antártica Ocidental haviam se retraído o bastante para desencadear uma instabilidade natural na calota polar, o que os especialistas temem há décadas. A NASA convocou uma entrevista coletiva por telefone a fim de frisar a urgência das descobertas. A calota polar da Antártica Ocidental situa-se em uma depressão na Terra em forma de taça, com a base do gelo abaixo do nível do mar. A água morna do oceano está fazendo com que o gelo localizado na borda da taça se afine e derreta. Conforme o limite frontal do gelo se afasta da borda e entra em águas profundas, ele pode derreter mais rapidamente do que antes. Em um dos estudos, uma equipe coordenada por Eric Rignot, glaciologista da Universidade da Califórnia, em Irvine, utilizou medições aéreas e por satélites para documentar a aceleração do derretimento de seis geleiras que vêm desaguando na região do Mar de Amundsen nas últimas décadas. E com o levantamento atualizado do terreno abaixo da calota polar, a equipe conseguiu excluir a presença de quaisquer montanhas ou colinas grandes o bastante para desacelerarem o derretimento. – Hoje, apresentamos evidências observáveis de que uma grande parte da calota polar da Antártica Ocidental se retraiu irreversivelmente – Rignot disse em uma entrevista coletiva da NASA. – Já passou do ponto sem volta. Essas seis geleiras sozinhas podem fazer com que o nível do mar se eleve mais de um metro com seu desaparecimento, Rignot disse, possivelmente dentro de dois séculos. Ele acrescentou que é bem provável que o derretimento dessas geleiras desestabilizará outros setores do manto de gelo, assim a elevação final pode ser o triplo disso. Uma equipe separada liderada por Ian Joughin da Universidade de Washington estudou uma das geleiras mais importantes, a Thwaites, através de uma modelagem computadorizada sofisticada, em conjunto com as recentes medições da corrente de gelo. A equipe também constatou que um colapso lento seria inevitável. Mesmo que a água morna derretendo o gelo acabasse hoje, seria "tarde demais para estabilizar o manto de gelo", Joughin disse. "Não existe mecanismo de estabilização". As duas equipes trabalharam de forma independente na preparação dos estudos, que seriam publicados com diferença de dias entre si. Após descobrirem que os resultados eram parecidos, as equipes e suas publicações concordaram divulgar as descobertas no mesmo dia. A nova descoberta parece ser o cumprimento de uma previsão feita em 1978 pelo eminente glaciologista, John H. Mercer da Universidade do Estado de Ohio. Ele delineou a natureza vulnerável do manto de gelo da Antártica Ocidental e alertou que a rápida emissão humana dos gases do efeito estufa representava "uma ameaça de desastre". Ele foi atacado na época, mas nos últimos anos, cientistas vêm observando com preocupação crescente os desdobramentos dos eventos previstos por Mercer (ele morreu em 1987). Os cientistas disseram que o manto de gelo não estava derretendo por causa das temperaturas mais quentes do ar, e sim porque a água relativamente quente que ocorre naturalmente nas profundezas do oceano estava sendo puxada para a superfície pela intensificação dos ventos poderosos que cercam a Antártica nas últimas décadas. E embora não se conheça claramente a causa desses ventos, muitos pesquisadores consideram o aquecimento global antropogênico como um fator significativo. Os ventos ajudam a isolar a Antártica e a esfriar a sua superfície, mas o aquecimento global permanece, traduzindo-se em uma diferença de temperatura mais aguda entre e Antártica e o resto do globo. Essa diferença fornece energia adicional para os ventos, que por sua vez misturam as águas dos oceanos. Alguns cientistas acreditam que o buraco na camada de ozônio acima da Antártica – provocado não pelo aquecimento global e sim por um problema ambiental completamente diferente, a emissão humana dos gases prejudiciais à camada de ozônio – também possa acrescentar energia aos ventos. E a variação natural também pode contribuir, embora os cientistas não acreditem que isso seja o fator principal. O nível do mar global vem sofrendo elevação desde o século 19, porém, a Antártica até agora foi apenas um pequeno fator. O maior fator até hoje é que a água do mar se expande conforme aquece. Mas a previsão é que o derretimento tanto da Groelândia quanto da Antártica seja bem mais importante no futuro. Um comitê científico das Nações Unidas, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, alertou que o nível do mar em todo o mundo pode subir até um metro por volta do final deste século caso não haja maiores esforços para controlar as emissões dos gases do efeito estufa. As novas descobertas indicam que provavelmente a situação piore nos séculos subsequentes. Richard B. Alley, cientista do clima da Universidade Estadual da Pensilvânia que não participou do novo levantamento, mas estuda as calotas polares há décadas, declarou que achou os novos estudos convincentes. Embora ele tema a possibilidade de um colapso da calota polar há muito tempo, quando soube das novas descobertas "tremi um pouco", disse. Ele acrescentou que, embora uma grande elevação do nível do mar agora seja inevitável na Antártica Ocidental, a emissão contínua dos gases do efeito estufa certamente irá piorar a situação. Os gases captadores de calor poderiam desestabilizar outras partes da Antártica assim como a calota polar da Groelândia, potencialmente provocando elevação do nível do mar o suficiente para que muitas cidades costeiras mundiais por fim tenham de ser abandonadas. Alley declarou, "Se de fato acendemos o pavio na Antártica Ocidental, é muito difícil pensar em apagá-lo. Contudo, existe uma série de outros pavios, e existem muito mais palitos de fósforo, e precisamos decidir agora: devemos acendê-los?". Fonte: ZH Planeta Ciência > Notícias > Aquecimento Global(http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/planetaciencia/noticia/2014/05/cientistas-alertam-para-o-nivel-do-mar-com-o-degelo-da-antartica-4511897.html) 27/05/2014 Aquecimento global atinge ponto sem retorno na Antártida por Eric Rignot* Na segunda-feira 12 sediamos uma conferência da Nasa sobre a situação do manto de gelo na Antártida Ocidental que, pode-se dizer, provocou uma espécie de reação. "Este é um momento de incredulidade no aquecimento global", dizia em termos chulos uma manchete na revista Mother Jones. Anunciamos que tínhamos coletado observações suficientes para concluir que o recuo do gelo no setor do mar de Amundsen na Antártida Ocidental era incontível, com graves consequências -- significa que os níveis do mar vão aumentar um metro em todo o mundo. Além disso, é provável que seu desaparecimento provoque o colapso do resto do manto de gelo da Antártida Ocidental, o que provocará um aumento do nível do mar entre 3 e 5 metros. Esse acontecimento vai desalojar milhões de pessoas em todo o mundo. Dois séculos, se é que vai demorar tanto, pode parecer muito tempo, mas não há um botão vermelho para deter esse processo. Reverter o sistema climático ao que era na década de 1970 parece improvável; mal conseguimos conter as emissões de gases, que triplicaram desde o Protocolo de Kioto, o qual foi criado para atingir metas de redução. Desacelerar o aquecimento climático ainda é uma boa ideia, porém – o sistema antártico pelo menos levará mais tempo para alcançar esse ponto. O setor do mar de Amundsen é quase tão grande quanto a França. Seis geleiras (ou glaciares) o drenam. As duas maiores são as de Pine Island (com 30 km de largura) e Thwaites (100 km de largura), que se estendem por mais de 500 quilômetros. Muitos cientistas notáveis estiveram nesse campo antes de nós. O conceito da instabilidade na Antártida Ocidental remonta aos anos 1970, depois que estudos feitos por Charles Bentley nos anos 1960 revelaram uma camada de gelo que repousa sobre um leito fincado bem abaixo do nível do mar e que se aprofunda pelo continente. Hans Weertman havia mostrado em 1974 que uma camada de gelo com base marinha repousando sobre um leito retrógrado é instável. Robert Thomas ampliou seu trabalho para seguir a hipótese da instabilidade. Terry Hughes sugeriu que o setor da Pine Island na Antártida Ocidental era seu ventre frágil, e que seu recuo faria desmoronar o manto de gelo da Antártida Ocidental. Permanecia uma considerável incerteza sobre o cronograma, porém, devido a uma falta de observação dessa área muito distante. As coisas mudaram com o lançamento do satélite ERS-1, que permitiu que as geleiras dessa parte da Antártida sejam observadas do espaço. Em 1997, descobri que a linha de desgaste (onde a geleira se destaca de seu leito e torna-se flutuante) de Pine Island havia recuado 5 quilômetros no espaço de quatro anos, entre 1992 e 1996. Stan Jacobs e Adrian Jenkins tinham descoberto um ano antes que a geleira estava se banhando em águas incomumente quentes, o que sugeria que o oceano tinha uma grande influência no processo. Duncan Wingham e outros mostraram que a geleira estava se tornando menos espessa. Em 2001, descobri que a Thwaites também estava recuando. Nessa altura, a comunidade científica adotou um olhar diferente para a região. O trabalho da Pesquisa Antártica Britânica, da Nasa e do Chile levou a observações mais detalhadas, um programa de monitoramento foi iniciado, instrumentos foram colocados sobre o gelo e no oceano, e resultados científicos de diversos programas de pesquisa começaram a se acumular. A partir daí, todos buscamos descobrir se aquilo estava realmente acontecendo. Hoje, duas décadas após o início do processo, testemunhamos as linhas de desgaste das geleiras recuarem quilômetros a cada ano, as geleiras perdendo metros de espessura a cada ano, centenas de quilômetros terra adentro, perdendo bilhões de toneladas de água por ano e acelerando vários pontos percentuais por ano para as vertentes de divisões topográficas. A geleira Thwaites começou a acelerar depois de 2006, e em 2011 detectamos um enorme recuo de suas linhas de desgaste a partir de 2000. Reconstruções detalhadas do leito da geleira confirmaram que nenhuma montanha ou monte atrás dessas geleiras poderia atuar como barreira e contê-las; e 40 anos de evolução do fluxo de geleiras mostravam que a aceleração era uma história antiga. Todos esses resultados indicam um desmoronamento progressivo dessa área. No ritmo atual, uma grande fração da bacia terá desaparecido dentro de 200 anos, mas estudos de modelos recentes indicam que o ritmo do recuo aumentará no futuro. Como isso aconteceu? Uma pista é que todas as geleiras reagiram ao mesmo tempo, o que sugere uma força comum que só pode ser o oceano. O calor do oceano é empurrado pelos ventos de oeste, ou corrente ocidental, e esses ventos mudaram ao redor da Antártida, reagindo ao aquecimento climático e ao desgaste da camada de ozônio. Os ventos mais fortes são causados pelo aquecimento global mais rápido do que o resfriamento da Antártida. Os ventos de oeste mais fortes empurram mais águas quentes abaixo da superfície em direção ao polo, derretendo as geleiras, e empurram as águas da superfície para o norte. Nerilie Abram e outros acabam de confirmar que os ventos de oeste estão mais fortes hoje do que em qualquer outro momento nos últimos mil anos, e sua potencialização foi especialmente destacada desde os anos 1970, em consequência do aquecimento climático induzido pelos humanos. As previsões com modelos também mostram que a tendência continuará em um clima cada vez mais quente. O que isso significa em última instância é que podemos ser responsáveis por provocar o rápido recuo da Antártida Ocidental. Essa parte do continente provavelmente recuaria de qualquer modo, mas nós podemos tê-la empurrado mais rapidamente. Continua difícil definir um cronograma para isso, porque os modelos de computador ainda não são bons o suficiente, mas poderá ser dentro de alguns séculos, como eu comentei. Também há uma imagem maior que a Antártida Ocidental. O setor do mar de Amundsen não é a única parte vulnerável do continente. A Antártida Oriental inclui setores de base marinha que contêm mais gelo. Um deles, a geleira de Totten, contém o equivalente a 7 metros de nível do mar global. Controlar o aquecimento climático poderá afinal fazer uma diferença não apenas na velocidade com que o gelo da Antártida Ocidental derreterá, mas também se outras partes da Antártida seguirão seu caminho. Há vários "candidatos" na fila, e nós parecemos ter descoberto uma maneira de desequilibrá-los mesmo antes que o aquecimento da temperatura do ar seja forte o suficiente para derreter a neve e o gelo na superfície. O aquecimento climático de vários graus durante o próximo século provavelmente vai acelerar o colapso da Antártida Ocidental, mas também poderá provocar um recuo irreversível de setores de base marinha na Antártida Oriental. Se devemos fazer algo sobre isto é simplesmente uma questão de bom senso. E o momento para agir é agora; a Antártida não vai esperar. *Eric Rignot é um glaceólogo do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. Ele é o principal autor do notável trabalho científico apresentado na semana passada sobre a Antártida Ocidental Fonte: PLANETAOSASCO > Notícias > Diretório Jurídico > Sustentabilidade(http://planetaosasco.com/sustentabilidade/43023-aquecimento-global-atinge-ponto-semretorno-na-antartida) 31/05/2014 Grupo de 151 países se compromete a doar 9,7 bilhões ao meio ambiente • • A V Assembleia do Fundo para o Meio Ambiente Mundial entra em acordo para dar mais ajuda aos países pobres A Terra, mudanças profundas em 2050(http://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/20/sociedad/1400604766_206368.html) por Paula Chouza da Cidade do México Enrique Peña Nieto durante sua intervenção no GEF. Foto: EFE Fonte: http://ep01.epimg.net/sociedad/imagenes/2014/05/30/actualidad/1401476494_735180_1401476594_noticia _normal.jpg Delegados de 151 países acordaram nesta quinta-feira doar 4,4 bilhões de dólares (9,7 bilhões de reais) ao Fundo para o Meio Ambiente(http://www.thegef.org/gef/) Mundial. A soma, uma cifra recorde em relação ao arrecadado nas reuniões passadas, servirá para o desenvolvimento de projetos no período 2014-2018. Durante a quinta assembleia do organismo, celebrada em Cancun(http://brasil.elpais.com/tag/mexico/a/), também se aprovou a Estratégia 2020, um documento que formula uma visão em médio prazo e uma focagem mais pontual em programas destinados a frear a degradação ambiental. O secretário de Meio Ambiente do Governo mexicano(http://www.semarnat.gob.mx/), Juan José Guerra Abud, explicou em conversa telefônica que outro dos grandes lucros da reunião é o acordo para “dar mais apoio aos países mais pobres”. O Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF na sua sigla em inglês) foi criado em 1991 como um mecanismo financeiro multilateral que canaliza recursos para lutar contra os problemas ambientais globais, tais como a mudança climática, a destruição da biodiversidade, o buraco na camada de ozônio, a contaminação de águas internacionais, a degradação da terra e os poluentes orgânicos persistentes. Na primeira assembleia celebrada em Nova Deli em 1998 o GEF reuniu 2,7 bilhões de dólares. Na segunda reunião, em Pequim quatro anos mais tarde (outubro de 2002), foram arrecadados 2,9 bilhões de dólares. No encontro da Cidade do Cabo em agosto de 2006 conseguiu 3,1 bilhões de dólares e a do Uruguai em 2010, 4,2 bilhões de dólares. No encontro de Cancún, o Governo mexicano anunciou que o país contribuirá nesta sexta reposição 20 milhões de dólares, uma quantidade duas vezes maior do que destinou quatro anos atrás. A decisão foi aplaudida pela diretora executiva e presidenta do GEF(https://twitter.com/theGEF), Naoko Ishii, que reconheceu que o México “tomou medidas concretas para alcançar um desenvolvimento sustentável”. Ao longo dos cinco dias de reunião o país submeteu a consideração 17 projetos, em sua maioria focados no setor energético, embora o titular da carteira esclareça que provavelmente incorporarão mais propostas neste período. Um dos objetivos prioritários dos trabalhos é o de mitigar as emissões de Gases de Efeito Estufa com energias limpas. Neste sentido, o Governo considera a Reforma Energética(http://brasil.elpais.com/tag/reforma_energetica/a/) impulsionada pelo presidente Enrique Peña Nieto e cuja legislação secundária debate-se agora no Congresso, uma ferramenta fundamental. Guerra Abud afirmou que entre os projetos apresentados se encontra “a reconversão da frota veicular pública, que usa diesel e gasolina, para o gás natural”. “Queremos promover o gás natural porque é uma molécula mais limpa e mais econômica, que permite percorrer maior distância com a mesma quantidade de combustível”, explica. Combater a pobreza mediante o aproveitamento sustentável da biodiversidade, fomentar o crescimento verde e impulsionar a infraestrutura produtiva sustentável com a participação da iniciativa privada, são outros dos objetivos dos programas apresentados pelo México. O país é membro fundador do GEF e até a data recebeu mais de 450 milhões de dólares em recursos de doação para o impulso de 54 projetos. Na assembleia, a presidenta do GEF pediu para que nações implementem projetos com uma focagem estratégica e inovadora. Assim mesmo, o Conselho reconheceu a importância do programa de pequenas doações para a sexta reposição do fundo, pelo que se respaldou a visão de converter em um programa com esquemas híbridos de financiamento, tanto doações como créditos para comunidades locais, indígenas, mulheres e jovens. Fonte: EL PAÍS > Notícias Sociedade(http://brasil.elpais.com/brasil/2014/05/30/sociedad/1401476494_735180.html) >