UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA MESTRADO EM PERIODONTIA E PRÓTESE DENTÁRIA Lidiane Thomaz Coelho QUALIDADE DE VIDA, SAÚDE GERAL E ANSIEDADE EM PACIENTES COM DIFERENTES TIPOS E GRAUS DE SEVERIDADE DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR NATAL/RN 2009 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA MESTRADO EM PERIODONTIA E PRÓTESE DENTÁRIA Lidiane Thomaz Coelho QUALIDADE DE VIDA, SAÚDE GERAL E ANSIEDADE EM PACIENTES COM DIFERENTES TIPOS E GRAUS DE SEVERIDADE DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Dis s er taç ã o Pr ogr am a apr es en t ad a de O d on to l o gi a P ós - G r ad u aç ão da ao em Un i v er s i d a de F e der a l d o R i o G r a nd e do N or te , c om o r e qu is it o par c i a l par a ob t enç ã o do tí tu l o d e Mes tr e e m O dont o l og i a, c om ár e a de C o n c en tr aç ã o P er io d on t ia e Pr ót es e De nt ár i a. O r i en t ad or : Pr of . Dr . G us t a vo A ug us t o S e abr a B ar b os a NATAL/RN 2009 em Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Prof. Alberto Moreira Campos”. Coelho, Lidiane Thomaz. Qualidade de Vida, Saúde Geral e Ansiedade em pacientes com diferentes tipos e níveis de disfunção temporomandibular / Lidiane Thomaz. – Natal, RN, 2009. 116 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular – Dissertação. 2. Qualidade de vida – Dissertação. 3. Questionários – Dissertação. 4. Ansiedade – Dissertação. I. Barbosa, Gustavo Augusto Seabra. II. Título. RN/UF/BSO Black D723 RN/UF/BSO Black D74 LIDIANE THOMAZ COELHO QUALIDADE DE VIDA, SAÚDE GERAL E ANSIEDADE EM PACIENTES COM DIFERENTES TIPOS E NÍVEIS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Dis s er taç ã o Pr ogr am a apr es en t ad a de O d on to l o gi a P ós - G r ad u aç ão da ao em Un i v er s i d a de F e der a l d o R i o G r a nd e do N or te , c om o r e qu is it o par c i a l par a ob t enç ã o do tí tu l o d e Mes tr e e m O dont o l og i a, ár e a de C onc e ntr aç ão P er io d on t ia e Pr ót es e De nt ár i a. Avaliada em: _____ / _____ /_____ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Profª. Drª. Patrícia dos Santos Calderon Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Prof. Dr. André Ulisses Dantas Batista Universidade Federal da Paraíba – UFPB em Dedicatória “Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente...” (Tocando em frente – Renato Teixeira) Dedico a todos que me acompanham nesta marcha: DEUS, razão primeira da minha vida. Dedico não só este trabalho, mas tudo o que faço, tudo o que tenho e o que sou. Sem Ele, eu nada poderia. “Tudo é do Pai, toda honra e toda glória, é d’Ele a vitória alcançada em minha vida”; Aos meus pais, Elson e Inês, e às minhas irmãs, Lilian e Larissa, que estão sempre “tocando em frente” comigo, me ajudando a superar obstáculos; Ao meu amor, Eudivar, que tem dividido comigo bons e maus momentos, me ensinando a superá-los sempre com otimismo e fé; Aos pacientes, razão deste estudo e de todo o meu trabalho. Espero poder contribuir de alguma forma para que algum benefício chegue até vocês. Amo todos a quem aqui dedico este trabalho. Agradecimentos especiais Agradeço a Deus, por todas as oportunidades, por permitir mais uma vez que eu alcance uma meta, por me dar provas constantes do Seu imenso amor; Ao meu pai, Elson, pelos ensinamentos de perseverança e exemplos de vida digna e honesta, pelo amor a mim dedicado; À minha mãe, Inês, por sua sabedoria, dedicação e amor incondicional; À minha irmã Lilian, por seu apoio e incentivo sempre, por não medir esforços pra me ajudar; À minha irmã Larissa, pelo seu companheirismo e bom-humor sempre na hora certa. Por acreditar em mim; A toda minha família que, mesmo distante, tem me dado o suporte necessário a cada desafio. Essa conquista é nossa; Ao Eudivar, em quem eu encontrei os valores mais preciosos da vida – amor, honestidade, perseverança, otimismo, fé. Obrigada por depositar em mim toda confiança em tudo que eu faço e pelas contribuições na finalização deste trabalho; Ao meu orientador, Professor Gustavo Augusto Seabra Barbosa, pelos ensinamentos e paciência durante esta caminhada juntos; Ao sempre prestativo Professor João Carlos Alchieri, por sua enorme contribuição na realização deste trabalho. Obrigada por ter me ajudado a conhecer uma parte do vasto mundo da Psicologia; À aluna da graduação e monitora da Disciplina de Oclusão, Rachel, por sua importante colaboração na execução desta pesquisa. Estudantes como você enobrecem a nossa classe; Agradecimentos Ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por minha formação desde a graduação até o presente momento. Levarei para sempre comigo lembranças felizes desta casa e dos amigos que aqui fiz; Ao professor Angelo Roncalli, por ter iniciado meus passos na pesquisa, sendo meu primeiro orientador na iniciação científica; À professora Isauremi, pela amizade e por todas as chances que me deu de fazer Ciência. Obrigada pelo carinho e por depositar em mim sua confiança. A recíproca é verdadeira; Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia – UFRN: Eduardo Gomes Seabra, Adriana da Fonte Porto Carreiro, Antônio Ricardo Calazans Duarte, Carlos Augusto Galvão Barboza, Kênio Costa Lima, Maria Angela Ferreira, Íris do Céu Clara Costa, Maria do Socorro Costa, Elizabethe Cristina Fagundes - exemplos de dedicação ao ensino e à pesquisa; À minha grande amiga Larissa, por estar ao meu lado sempre, em tudo; Aos amigos do mestrado, Adriana, Aldinha, Alessandra, Ana Rafaela, Arcelino, Georgia, Líbia, Luana, Luciana, Marina, Miguel, Pedro, Rossana e Stella, por todos os nossos momentos juntos, os de seriedade e os de descontração. Ficarão na memória e no coração; Aos funcionários Sandra, Cleide, Ocean, Nelson, Dona Lúcia, entre tantos outros que sempre estiveram dispostos a ajudar; Às bibliotecárias, Cecília e Mônica, por suas importantes colaborações; Ao professor André Ulisses, pela atenção dada sempre, em especial, na correção do meu projeto de estudo para a seleção do mestrado. Você é um dos responsáveis por eu ter conseguido estar aqui. Serei sempre grata! Ao professor Flávio Seabra, por suas grandes contribuições na qualificação deste trabalho. “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.” Mateus 7, 7-9 Resumo Alguns estudos na literatura relatam que os fatores emocionais e a qualidade de vida podem estar envolvidos tanto na etiologia, quanto na progressão das Disfunções Temporomandibulares (DTM). Proposição: O objetivo do presente estudo é o de observar uma possível associação entre as diferentes formas de ansiedade, a qualidade de vida e a saúde geral em pacientes diagnosticados como portadores de diferentes tipos e graus de Disfunção Temporomandibular. Metodologia: A amostra foi constituída por 60 pacientes diagnosticados como portadores de Disfunção Temporomandibular de origem muscular, articular ou ambas, com diferentes graus de severidade (DTM leve, moderada e severa). Os pacientes foram diagnosticados através do RDC-TMD (Research Diagnostic Criteria) para avaliar o tipo de disfunção (muscular ou articular) e através do Protocolo de Fonseca para verificar o grau da disfunção (leve, moderada ou severa). Para avaliação dos aspectos psicossociais foram utilizados três questionários auto-aplicáveis, com o objetivo de obter informações a respeito da saúde geral (Questionário de Saúde Geral – QSG), do tipo de ansiedade (Inventário de Ansiedade Traço-Estado - IDATE) e da qualidade de vida (World Health Organization Quality Of Life abreviado -WHOQOL brief). Resultados: Observou-se associação entre todos os indicadores pesquisados nas mais diversas formas de DTM com variados graus de comprometimento. A Qualidade de vida apareceu associada ao Tipo e ao Grau de DTM: DTM Muscular e Articular (p=0,037), Deslocamento de Disco Com Redução (p=0,01), e DTM Leve (p=0,042). A Saúde Geral apresentou associação com o Grau de DTM, à exceção do fator estresse (p=0,78). Em relação à análise conjunta dos tipos e graus, a DTM Muscular Severa teve associação estatisticamente significante para o indicador de Qualidade de Vida (p=0,049). A Ansiedade apresentou associação apenas com o Grau de DTM (p=0,047 para ansiedade-traço). Conclusão: Dentro das limitações do estudo, pode-se concluir que a ansiedade, a qualidade de vida e a saúde geral são importantes indicadores psicossociais, que estão associados às mais diversas formas de DTM, em diferentes graus de severidade. Palavras-chave: DisfunçãoTemporomandibular, Ansiedade, Saúde Geral, Qualidade de vida. Abstract Some studies reported in the literature that emotional factors and quality of life may be involved both in aetiology, as in the progression of Temporomandibular disorders (TMD). Proposition: The purpose of this study is to observe a possible association between different forms of anxiety, quality of life and general health of patients diagnosed as carriers of various types and levels of Temporomandibular Dysfunction. Methodology: The sample consisted of 60 patients diagnosed as carriers of TMJD origin of muscle, joint, or both, with different levels of severity (mild TMD, moderate and severe). The patients were diagnosed with TMD-RDC (Research Diagnostic Criteria) to assess the type of dysfunction (muscle or joint) and by the Protocol of Fonseca to verify the degree of dysfunction (mild, moderate or severe). To evaluate the psychosocial aspects were used three self-applied, with the purpose of obtaining information about the general health (General Health Questionnaire - GHQ), the type of anxiety (Trait Anxiety Inventory-State - STAI) and quality of life (World Health Organization Quality Of Life Short WHOQOL-brief). Results: There was a correlation between all indicators studied in several forms of TMD with varying degrees of commitment. Quality of life appeared linked to the type and the level of TMD: Muscular and Articular TMD (p = 0,037), Disk Displacement With Reduction (p = 0.01) and Mild TMD (p = 0.042). The General Health showed association with the level of TMD, with the exception of the stress factor (p = 0.78). For the analysis of the types and levels to Severe Muscular TMD had a statistically significant indicator of the quality of life (p = 0049). The anxiety only showed association with the level of TMD (p = 0,047 for anxiety-trait). Conclusion: Besides the limitations of the study, it was concluded that anxiety, quality of life and general health are important psychosocial indicators, which are linked to several forms of TMD in different levels of Keywords: Temporomandibular Disorder, Anxiety, General Health, Quality of life. severity. Lista de quadro/ gráficos / tabelas Página Quadro 1 : Tipo, Classificação e Definição das Variáveis 40 Gráfico 1: Tipos de DTM pelo RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 47 Gráfico 2: Subtipos de DTM – Grupo I do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 48 Gráfico 3: Subtipos de DTM – Grupo II do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 48 Gráfico 4: Subtipos de DTM – Grupo III do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 48 Gráfico 5: Grau de DTM pelo Protocolo de Fonseca. 49 Tabela 1: Idade dos indivíduos estudados – Medidas de Centro da Distribuição e Variabilidade 47 Tabela 2: Escores Psicológicos.Média e Desvio - Padrão 49 Tabela 3: Tipos de DTM pelo RDC-TMD. Amostra feminina 50 Tabela 4: Níveis de DTM pelo Protocolo de Fonseca. Amostra feminina 50 Tabela 5: Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) 52 Tabela 6: Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Distúrbios psiquiátricos menores (QSG) 53 Tabela 7: Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Qualidade de Vida (WHOQOL) 54 Tabela 8: Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) 55 Tabela 9: Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 56 Tabela 10: Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e Qualidade de Vida 58 Tabela 11: Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) 59 Tabela 12: Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 60 Tabela 13: Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Qualidade de Vida 61 Tabela 14: Associação entre os tipos de DTM e Ansiedade (IDATE) 62 Tabela 15: Associação entre os Tipos de DTM e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 63 Tabela 16: Associação entre os Tipos de DTM e Qualidade de Vida 64 Tabela 17: Associação entre o Grau de DTM e Ansiedade (IDATE) 65 Tabela 18: Associação entre o Grau de DTM e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 66 Tabela 19: Associação entre o Grau de DTM e Qualidade de Vida (WHOQOL) 67 Tabela 20: Associação entre Tipos e Níveis de DTM e Ansiedade (IDATE) 68 Tabela 21: Associação entre Tipos e Níveis de DTM e Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 69 Tabela 22: Associação entre Tipos e Níveis de DTM e Qualidade de Vida (WHOQOL) 71 SUMÁRIO Páginas RESUMO 09 ABSTRACT 10 LISTA DE QUADRO, TABELAS E GRÁFICO 11 1. INTRODUÇÃO 14 2. REVISÃO DA LITERATURA 17 2.1. Disfunção Temporomandibular - definição 18 2.2. Disfunção Temporomandibular - prevalência 18 2.3. Disfunção Temporomandibular - etiologia 20 2.4. Disfunção Temporomandibular – relação com os aspectos psicológicos 22 2.5. Disfunção Temporomandibular - classificação 29 3. PROPOSIÇÃO 32 4. METODOLOGIA 34 4.1. Implicações Éticas 35 4.2. Local do Estudo 35 4.3. Amostra 35 4.4. Instrumento de Coleta de Dados 37 4.4.1. Diagnóstico quanto ao Tipo de DTM – muscular / articular / muscular e articular 37 4.4.2. Diagnóstico quanto ao Grau de DTM – leve / moderada / severa 38 4.4.3. Avaliação da Ansiedade 39 4.4.4. Avaliação da Saúde Geral 39 4.4.5. Avaliação da Qualidade de Vida 40 4.5. Elenco de Variáveis 40 4.6. Análise dos dados 44 5. RESULTADOS 46 5.1. Estatística Descritiva 47 5.2. Estatística Inferencial 50 5.2.1. Subtipos de DTM X Aspectos Psicológicos 52 5.2.2. Tipos de DTM X Aspectos Psicológicos 62 5.2.3. Graus de DTM X Aspectos Psicológicos 65 5.2.4. Tipos e Graus de DTM X Aspectos Psicológicos 68 6. DISCUSSÃO 73 6.1. Ansiedade (IDATE) 77 6.2. Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) 78 6.3. Qualidade de Vida (WHOQOL) 80 7. CONCLUSÃO 83 REFERÊNCIAS 85 ANEXOS 93 “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz” (Tocando em frente – Renato Teixeira) INTRODUÇÃO 15 1. Introdução Cada vez mais vêm sendo estudadas as relações de fatores psicossociais com as diversas áreas de saúde13, 19, 25, 30, 47 . Com a Odontologia não tem sido diferente. Observa-se um interesse crescente em compreender como fatores emocionais, de estresse, do comportamento e de personalidade do indivíduo podem influenciar no aparecimento, na progressão e na manutenção de doenças do aparelho estomatognático 14 . Para investigar como se relacionam os campos psicológico e fisiológico do corpo humano, é necessário que a Ciência esteja cada vez mais disposta à interdisciplinaridade, de forma a somar conhecimento de áreas distintas, porém afins e indissociáveis, uma vez que possuem um mesmo objetivo. A questão é tentar reencontrar um elo perdido ao longo da história da evolução científica, entre corpo e mente. A Medicina, a Odontologia, a Fisioterapia, a Fonoaudiologia, a Nutrição e a Psicologia, tratam o mesmo objeto: o homem, em suas diversas necessidades e distintas manifestações e dimensões de saúde. Algumas patologias deixam bem claras as fronteiras entre as áreas de conhecimento da saúde, outras não. Assim são as Disfunções Temporomandibulares (DTM’s): desordens do aparelho estomatognático que se apresentam, tanto na sua etiologia quanto nas suas manifestações, de forma plural, sem dissociar as áreas. Apesar disso, pelo fato da maioria dos sinais e sintomas ser orofaciais, a Odontologia tem se encarregado de tratar os portadores de DTM. Entretanto, já está claro, que ela não pode mais tratá-los sozinha. A DTM não é a única condição orofacial que requer participação de áreas afins, como a Psicologia. Diversos estudos têm buscado esclarecer a influência de diferentes construtos psicológicos na manifestação, etiologia e progressão de outras condições bucais, tais como a doença periodontal, a cárie e o bruxismo14. Tal relação só é possível porque corpo e mente são partes de um todo integrado, onde experiências físicas, mentais ou emocionais podem afetar o equilíbrio fisiológico dos sistemas nervoso, imune e circulatório, retroalimentando respostas e ações comportamentais mais ou menos adaptativas. De forma empírica, chama a atenção na clínica diária o abalo emocional que muitos, senão a maioria, dos portadores de DTM, apresenta. Além disso, muitas vezes, ainda que o tratamento odontológico esteja adequado e haja acompanhamento, não 16 ocorre remissão dos sintomas, em especial, a dor. Observa-se nesses casos a manutenção de um estado emocional debilitado, impedindo que os métodos terapêuticos empregados atinjam seus efeitos desejados em sua totalidade. Isto, que é observado empiricamente na clínica, tem sido constatado em pesquisas, como mostra a literatura61,67. Porém, diversas metodologias têm sido empregadas e a falta de uma uniformização dos estudos sobre as questões emocionais e DTM têm tornado difícil a compreensão dos resultados. A literatura mostra estudos com amostras bem distintas2,4,26,41, ora com crianças, ora com adolescentes, ora sem definição etária, socioeconômica ou de gênero. Uma infinidade de questionários validados tem sido empregada a fim de se extrair a relação entre os fatores psicossociais e a DTM. Entretanto, muitas vezes não se encontra uma distinção diagnóstica entre os tipos e níveis de DTM nestes estudos, além do que, os instrumentos utilizados têm sido os mais diversos. Esta dificuldade é ainda acrescida de novos desdobramentos quando se busca relacionar definições e entendimentos de outras áreas, como na psicologia, principalmente se levar em consideração a grande variabilidade de testes psicológicos empregados nos estudos, que dificulta a comparação dos resultados entre as pesquisas. Os testes psicológicos são instrumentos que têm por função gerar dados através de medidas, classificando os indivíduos quanto ao seu aspecto psicossocial. A utilização de testes para a avaliação psicológica é uma das maneiras de se estudar objetivamente a percepção individual sobre algumas questões do funcionamento psíquico da pessoa ou de um grupo, durante um tempo específico 14. O instrumento ou teste é, portanto, uma forma objetiva para a mensuração de determinadas características psicossociais que se distribuem distintamente nos indivíduos. Na odontologia, diferentes abordagens de avaliação psicológica têm sido utilizadas. Vão desde entrevistas estruturadas, questionários de múltipla escolha, até os testes de auto-relato. Estes últimos são a forma mais segura de se obter um resultado validado e com maior confiança, entretanto, muitas vezes, com amostras muito grandes, torna-se inviável. Assim sendo, a maioria dos instrumentos utilizados em Odontologia são medidas e escalas, que servem para medir ou descrever fenômenos psicológicos diversos a fim de relacionar e ou caracterizar expressões comportamentais variadas. Tendo em vista a possível relação entre fatores psicossociais e a DTM, e que tais fatores podem influenciar a resposta ao tratamento odontológico, neste estudo, buscou- 17 se conhecer a associação entre alguns aspectos psicológicos, tais como ansiedade, distúrbios psiquiátricos Temporomandibular. menores e qualidade de vida, com a Disfunção “Não está na natureza das coisas que o homem realize um descobrimento súbito e inesperado; a ciência avança passo a passo e cada homem depende do trabalho de seus predecessores.” (Ernest Rutherford) REVISÃO DA LITERATURA 18 Revisão da Literatura 2.1. Disfunção Temporomandibular – definição É um termo coletivo que engloba vários problemas clínicos que envolvem a musculatura da mastigação, a articulação temporomandibular ou ambos. É reconhecidamente a maior causa de dor não-dental da região orofacial. O sintoma mais presente é a dor, especialmente dos músculos da mastigação e da região peri-articular. Além da dor, também estão presentes sons e ruídos articulares, além de limitação dos movimentos mandibulares 4,43. Assim, a Disfunção ou Desordem Temporomandibular (DTM) inclui qualquer desarmonia que ocorra nas relações funcionais dos dentes e suas estruturas de suporte, das maxilas, das articulações temporomandibulares, dos músculos do aparelho estomatognático e dos suprimentos vascular e nervoso destes tecidos 5,50. Okeson49, afirma que o termo desordens temporomandibulares inclui muitas desordens funcionais das estruturas mastigatórias. Kirveskari, Jämsä, Alanen35 consideram as desordens temporomandibulares como um agrupamento heterogêneo de condições que afetam os músculos da mastigação e/ou as articulações temporomandibulares. 2.2. Disfunção Temporomandibular – prevalência Epidemiologia é o estudo da incidência e distribuição de uma doença na população21. Estudos epidemiológicos de DTM devem focar não só em sinais e sintomas que a desordem pode apresentar, mas sim, em seu diagnóstico. Assim, é necessário antes que o conceito da doença esteja bem estabelecido, com um sistema de classificação único que não provoque diferenças entre estudos devido a erros metodológicos. 19 Estudos epidemiológicos envolvendo DTM foram inicialmente conduzidos na Escandinávia e norte da Europa no início dos anos 70. Posteriormente, investigações provenientes de outras partes do mundo também foram publicadas. Este interesse espalhou-se por muitos países da Europa e América do Norte. Também têm sido publicados dados epidemiológicos provenientes do Egito, Índia, Israel, Japão, Nova Zelândia, Arábia Saudita e Singapura, os quais não têm diferido daqueles encontrados na Europa e Estados Unidos. Embora isto possa sugerir que o mesmo ocorra no Brasil, dados epidemiológicos em relação à população brasileira ainda são raros53. O fato de se tratar de um conjunto de desordens e não de uma entidade patológica única faz com que as diferenças socioeconômicas e socioculturais influenciem bastante a distribuição, não podendo se generalizar dados referentes de uma localização à outra. Assim, um estudo feito no Brasil deve considerar as diferenças inter-regionais. Os dados sobre a prevalência de DTM ainda são um pouco confusos, e se apresentam variáveis de acordo com a população estudada e métodos empregados. Porém, sabe-se que de acordo com a idade, a DTM apresenta-se inicialmente crescente, ocorrendo um decréscimo a partir da quinta década de vida, sendo rara em idosos 53. Atsü e Ayhan-Ardic4, afirmam que estudos epidemiológicos50 de populações específicas mostram que 75% apresentam pelo menos um sinal de DTM e por volta de 33% apresentam ao menos um sintoma. Afirmam ainda que os sinais e sintomas de DTM aumentam em freqüência e severidade entre a segunda e a quarta décadas de vida, e que a razão da disfunção de mulheres para homens é da ordem de 4:1. Este último dado suscita questionamentos, uma vez que as mulheres tendem a buscar mais o tratamento e podem estar sendo superestimadas no diagnóstico em relação aos homens. Segundo estes mesmos autores, apesar da alta prevalência da doença, apenas 5-6% dos pacientes estão em tratamento. Pereira e colaboradores53, em uma revisão sobre a epidemiologia e etiologia das DTM, encontraram em um dos estudos que a avaliação profissional da necessidade de tratamento variava de 1,5 a 30%, sendo que a real procura por este tratamento era da ordem de 3-7%. Eles também afirmam que é consenso que estimativas quanto à necessidade ou demanda por tratamento são, em geral, bem menores que a freqüência de sinais e sintomas encontrados na população. Uma possível explicação para a discrepância entre a necessidade de tratamento e a procura (30% contra 7%) é que ainda faltam centros de referência suficientes para o tratamento das DTM. Na maioria das 20 vezes, os pacientes, que desconhecem o problema, buscam, por anos, consultas com especialistas das mais diversas áreas que não são capazes de identificar a disfunção e encaminhá-los a uma equipe apropriada. As faculdades de Odontologia acabam por absorver grande parte desta demanda. Dados sobre a prevalência das DTM ainda são inconsistentes 12, 65, 45, 51, 56 e apresentam grande variabilidade (16 a 59% para sintomas e 33 a 86% para sinais clínicos, segundo Carlsson12 de acordo com a população estudada e a metodologia do levantamento49. A simples presença de sinais e sintomas não permite conclusões sobre o grau de incapacidade do indivíduo e não deve ser traduzida em necessidade de tratamento. O que se conhece, de fato, até o momento é que a prevalência desses sinais e sintomas é baixa em crianças, aumenta em adolescentes e adultos jovens e decresce a partir dos 45 ou 50 anos de idade, entretanto dados epidemiológicos quanto à prevalência na população brasileira ainda são necessários. 53 2.3. Disfunção Temporomandibular – etiologia Os sintomas típicos das desordens temporomandibulares começaram a ser reconhecidos nos meios médico e odontológico a partir de observações feitas por Costen, um médico otorrinolaringologista, em 1934. Acreditava-se que os sintomas eram devido a um deslocamento do côndilo mandibular para uma posição mais posterior dentro da fossa articular. Este deslocamento era atribuído à perda dos dentes posteriores, acreditando-se então, que a reabilitação dentária sozinha seria capaz de devolver condições de normalidade ao paciente, levando à remissão dos sinais e sintomas. O fator oclusal era tido até então como causa central das DTM, até que, em 1956, Laszlo e Schwartz, citados por Pereira Jr53, refutaram esta teoria alegando a participação de fatores psicológicos. Segundo os autores, a resposta do sistema mastigatório ao estresse seria mais importante que a oclusão em si. Com o passar dos anos, foram sendo propostos vários conceitos etiológicos para as DTM. Em combate à crença de que o principal fator envolvido na etiologia da DTM seria o oclusal, a teoria psicológica propunha que distúrbios emocionais iniciariam uma hiperatividade 21 muscular, induzida pelo Sistema Nervoso Central, gerando parafunções, e que estas, levariam a alterações oclusais. Assim, a oclusão seria uma conseqüência e não fator de risco. No final da década de 70, o conceito multifatorial da etiologia da DTM começou a ganhar força e foi aceito nos anos 80, tendo como principais grupos etiológicos os fatores anatômicos, neuromusculares e psicológicos53. Hoje é consenso que a DTM possui etiologia multifatorial3, 7, 16, 42, 43 . Ash3 afirma que, geralmente, a DTM é causada pela interação desfavorável entre os fatores neuromusculares, articulares, oclusais e psicológicos. Deduz-se que nenhum fator seja preponderante ao outro. O papel desencadeante que cada um pode desempenhar varia de indivíduo para indivíduo. Os fatores envolvidos são classificados em predisponentes, inicializadores e perpetuantes, e podem ser fisiológicos, estruturais (anatômicos) e/ou psicológicos. Dentre os fisiológicos, têm-se: fatores neurológicos, vasculares, reumatológicos, metabólicos, hormonais, degenerativos, neoplásicos e infecciosos. Entre os fatores estruturais que podem funcionar como predisponentes estão malformações musculo-esqueléticas, injúrias e/ou traumatismos passados, e tratamento dentário inapropriado. Apesar de que ainda há a crença clínica de que o componente oclusal seja um fator etiológico predisponente, cientificamente ainda não foi estabelecida uma relação direta entre as mal oclusões e a DTM. Entretanto, acredita-se que o fator oclusal funcione como predisponente quando: existe uma discrepância entre a RC (Relação Cêntrica) e a MIH (Máxima Intercuspidação habitual) maior que 2 mm, mordida aberta anterior, mordida cruzada unilateral, traspasse horizontal maior que 6-7 mm, ou ausência de 5 ou mais dentes posteriores. Os fatores psicológicos que são considerados como predisponentes incluem os emocionais, de personalidade e características de atitude4, 42, 52. Fatores inicializadores estão relacionados a trauma ou a carga adversa de forma repetitiva sobre o sistema mastigatório. Este trauma, que leva a injúrias à cabeça, ao pescoço e à mandíbula, pode ser resultado de um impacto (macro trauma), de injúrias durante a mastigação (micro traumas), durante o ato de bocejar e até mesmo após um longo período de abertura bucal durante tratamento dentário. Outra forma de trauma está relacionada à carga excessiva imposta ao sistema mastigatório de forma repetitiva, como resultado de uma parafunção43 ou de alterações oclusais provocadas por tratamentos restauradores inadequados ao longo do tempo. 22 As parafunções também podem funcionar como fatores perpetuantes. Além delas, se enquadram neste grupo fatores hormonais ou psicológicos, e estes podem estar associados a outros fatores perpetuantes e/ou inicializadores mantendo um ciclo de disfunção, o que pode complicar o tratamento42. O aspecto psicológico foi relatado por Yap e colaboradores69, em seu estudo, cujos pacientes diagnosticados com dor miofascial e outras condições articulares (artralgia e osteoartrite) apresentaram níveis altamente significantes de depressão e somatização. Apesar disso, tem-se atribuído às alterações oclusais uma grande participação no desequilíbrio da função muscular e no desenvolvimento das desordens temporomandibulares48. Como já mencionado, foi por volta dos anos 40 e 50 que a associação entre oclusão e DTM começou a ser questionada por Schwartz, que enfatizou a importância da musculatura mastigatória e especificamente da tensão emocional como fator etiológico primário. Nos anos 60 e 70, a pesquisa científica clínica cresceu em sofisticação e começou a enfatizar o papel da neurofisiologia. A mudança de uma abordagem mecânica para uma mais psicológica foi reforçada por estudos da fisiologia neuromuscular de Moyers, Perry, Yemm entre outros. Em 1969, Laskin publicou o conceito psicofisiológico de espasmo e fadiga muscular produzidos por hábitos orais crônicos, responsáveis pela Síndrome da dor-disfunção. Como a natureza multifatorial da DTM começou a ser conhecida nos anos 60 e 70, o estresse e o estado psicológico passaram a ser cada vez mais considerados como fatores contribuintes52. 2.4. Disfunção temporomandibular – relação com os aspectos psicológicos De Boever20 sugeriu que dentre as causas que produzem as desordens temporomandibulares (DTMs), as de origem psicossomáticas, nas quais os sintomas físicos podem ter origens psíquica, emocional ou mental, devem ser consideradas. O mesmo autor ainda afirma que fatores emocionais, como a ansiedade e o estresse, podem desencadear hábitos parafuncionais e tensão muscular, levando ao aparecimento dos sinais e sintomas das DTM. Segundo Suvinen e colaboradores63 estudos a respeito de parâmetros psicológicos em pacientes com DTM têm produzido resultados conflitantes, em parte devido a diferenças na amostra, na metodologia e na análise dos 23 dados e, em parte, por causa de diferenças inter-individuais relacionadas não somente às dimensões sensoriais (limiar de tolerância), como também cognitivas, emocionais, comportamentais e ambientais. Pesquisadores como Southwell, Deary e Geissler60 têm relatado que altos níveis de ansiedade são uma característica significante nos pacientes com DTM. A relação entre estresse, ansiedade, tensão e disfunções dos músculos esqueléticos têm sido bastante observada, porém, os mecanismos que unem esses fatores ainda não foram descritos. Apesar dos mecanismos ainda não terem sido descritos, estudos revelam que os pacientes com DTM possuem alto nível de ansiedade41. Sabe-se que há indivíduos vulneráveis, que apresentam uma predisposição para anormalidades nas respostas hormonais ao estresse que podem levar ao desenvolvimento de uma ampla faixa de condições tais como: a depressão e a dor facial crônica35. A DTM é bem tolerada pela maioria da população à exceção de uma minoria significativa que mostra um comportamento disfuncional da dor crônica associado com alterações psicológicas como depressão e somatização22. No final dos anos 80 e início dos 90 ocorreu uma explosão de conhecimento sobre os mecanismos da dor, havendo grandes avanços no que se sabia sobre sua neurofisiologia e neurofarmacologia. Sabe-se que algumas condições de dor orofacial associadas à história de dano tecidual são mantidas pelo sistema nervoso simpático. Turk, Rudy, Dworkin e LaResch, além de outros, descreveram o comportamento da dor crônica enfatizando a importância da plasticidade do Sistema Nervoso Central, dos fatores comportamentais e psicossociais para a sua abordagem42. Alguns estudos têm utilizado índices, como o QSG (questionário de saúde geral) e IDATE (inventário de ansiedade traço estado) para avaliar alterações psicológicas em várias condições médicas 13, 19, 25, 30, 47. Marchiori e colaboradores41, estudando a relação entre DTM e ansiedade em crianças do Ensino Fundamental (9-15 anos), encontraram que grande parte delas se encontrava ansiosa, descrevendo correlação positiva entre DTM e ansiedade, principalmente a ansiedade-traço, que é aquela relacionada aspectos constitutivos da personalidade do indivíduo. Em outra pesquisa, em amostra distinta desta, os resultados apresentados divergiram em alguns aspectos do estudo de Marchiori et al. Fernandes e colaboradores26 estudando graduandos de odontologia da Universidade de Brasília (UnB), encontraram que embora tenha havido uma relação diretamente proporcional entre DTM e ansiedade, não houve diferença estatisticamente significante entre a 24 ansiedade-traço e estado. Ou seja, nesta população, a característica de personalidade, inerente ao indivíduo, não foi preponderante na determinação de ocorrência de DTM quando comparada a eventos geradores de ansiedade no momento em que se realizou a pesquisa. É importante que se observem as características da população estudada – sua faixa etária, condição socioeconômica, escolaridade, cidade, estado e país de origem, uma vez que as variáveis socioculturais podem interferir nos dados obtidos pela pesquisa, gerando resultados diferentes. Gale29, havia afirmado que diversos estudos já haviam admitido a importância dos fatores psicológicos nas causas e na perpetuação das desordens temporomandibulares crônicas. O autor associou este tipo de patologia com vários tipos de desordens psicológicas, incluindo a ansiedade, desordens afetivas (particularmente a depressão), desordens somáticas e distúrbios de personalidade. Tal fato apontava para um tratamento menos limitado à reparação mecânica e mais voltado para a interdisciplinaridade. Dworkin23, estudando a participação dos fenômenos psicológicos no desenvolvimento de uma hiperatividade muscular, afirmaram que, a forma pela qual as mudanças no estado afetivo, como a ansiedade e as respostas individuais aos eventos diários (denominados geralmente de estresse) encaixam-se nos estudos clássicos que explicam a hiperatividade muscular, ainda não está clara. Discutiram o assunto sugerindo que o estresse e a ansiedade tinham um efeito periférico através do sistema nervoso simpático, que exacerba a interação de substâncias algésicas entre as terminações nervosas dos aferentes primários nociceptivos e o sistema circulatório. Além disso, sugeriram que o processamento central das informações nociceptivas e da atividade reflexa resultante, pode ser enfatizado pela ansiedade e, portanto, aumentar a percepção da dor ou a resposta à dor. Finalmente reconheceram que, tais teorias ainda não possuíam uma comprovação científica com embasamento fisiológico. Apesar de não se conhecer até o presente momento a etiopatogenia, sabe-se, através de diversos estudos, que os fatores emocionais desempenham papel importante na etiologia de diversas condições clinicas, bem como das Disfunções Temporomandibulares, e que ainda, segundo Auerbach e colaboradores5, os fatores psicológicos têm um papel mais importante em dores de origem muscular. Este autor sugere que intervenções no comportamento devam ser aplicadas em pacientes em que o fator psicológico apareça com um papel importante. Stohler62, afirmou que quando a 25 mialgia persiste mesmo após ajustes oclusais, geralmente os fatores psicológicos são usados para explicar a falha do tratamento. Kino e colaboradores34 compararam diferentes subgrupos de disfunções temporomandibulares (Dor miofascial; Deslocamento do disco, Artralgia e Osteoartrite) com características como dor, dificuldade na função e aspectos psicológicos. Os resultados mostraram que pacientes com disfunções musculares (Dor miofascial) apresentaram índices de depressão maiores que outros subgrupos. Pelo fato da diversidade de manifestações das Disfunções Temporomandibulares e considerando-se que sob o ponto de vista etiológico elas são uma entidade multifatorial, o tratamento requer uma mudança de paradigma por parte dos cirurgiõesdentistas, de um modelo puramente mecânico para um modelo biopsicossocial35. A mudança de pensamento requer uma mudança na abordagem única, onde se pensa conhecer causa e efeito, para uma abordagem multidisciplinar, onde a causa é incerta, variável e convoluta. Com o objetivo de testar a habilidade do cirurgião dentista em detectar problemas psicológicos, Oakley47, estudou 107 pacientes com DTMs, nos quais foram aplicados e comparados os resultados de quatro testes psicológicos: o MMPI (Minnesota Multiphasic Personality Inventory), BDI (Beck Depression Inventory), SER (Schedule of Recent Experience) e o STAI (State-Trait Anxiety Inventory), após a consulta inicial destes pacientes. Os itens avaliados foram: presença ou ausência de depressão, ansiedade, estresse recente e pessimismo. Os resultados mostraram que a avaliação do Cirurgião Dentista apresentou baixa especificidade para todos os fatores psicológicos previamente determinados através dos testes psicológicos utilizados antes da avaliação do profissional, com 27% de resultados falso-negativos para o estresse e 19% em relação traço de ansiedade e 21% ao estado de ansiedade. Os autores concluíram que os procedimentos de investigação baseados na impressão geral dos dentistas, durante o exame inicial, não identificaram adequadamente os problemas psicológicos em uma população com DTM. O autor recomendou a utilização de testes psicológicos específicos, a fim de não tratar pacientes que não precisam do tratamento. McNeill44, afirmou que deveria ser feito um esforço especial para evitar uma terapia agressiva e irreversível porque pouco se sabe sobre o curso natural das DTM e sobre quais sinais e sintomas vão progredir para uma condição mais séria. A ênfase 26 deve ser dada a um tratamento reversível que envolve uma abordagem física e comportamental do paciente. Além da ansiedade, outros fatores relacionados ao campo mais individual na etiologia das DTM’s, devem ser considerados, a fim de se conhecer melhor o perfil do portador da disfunção para que se possa tratá-lo de forma mais eficaz. Um dado importante, que pode reforçar a necessidade de tratamento multidisciplinar do portador de DTM, é a respeito de sua qualidade de vida. Segundo Allen1, estes dados devem servir de complemento aos achados objetivos e podem ajudar a identificar os pacientes que responderão melhor ao tratamento odontológico. De acordo com Seidl e Zannon58 existem duas tendências quanto à conceituação do termo “qualidade de vida” na área de saúde, que são identificadas: qualidade de vida como um conceito mais genérico, e qualidade de vida relacionada à saúde propriamente dita. Segundo Guiteras e Bayés31, qualidade de vida pode ser definida como valoração subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em relação ao seu estado de saúde. Para Cleary, Wilson e Fowler17 refere-se aos vários aspectos da vida de uma pessoa que são afetados por mudanças no seu estado de saúde, e que são significativos para a sua qualidade de vida. Já para Patrick e Erickson , citados por Ebrahim24, é o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por doença, dano, tratamento ou políticas de saúde. A Qualidade de Vida64 também foi definida como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. De acordo com Coleman18, o Questionário de Saúde Geral (QSG), foi criado por Goldberg em 1972, para avaliar a saúde mental das pessoas. Houve muitas dificuldades para tal elaboração, já que o conceito de saúde sofre oscilações e influências da sociedade em função da época e do lugar. Para a adaptação brasileira do Questionário, em 1994, pesquisa realizada por Pasquali e colaboradores51 teve o objetivo de estudar a validade e a utilidade do QSG para a população geral brasileira e seu potencial de uso para diagnosticar sinais clínicos de distúrbios. O Questionário foi aplicado a 902 adultos normais, com idade entre 19 a 70 anos. O principal fator componente da análise foi o rendimento no fator geral (ausência de saúde mental) e cinco fatores específicos correlacionados: estresse psicológico, desejo de morte, falta de confiança na capacidade de auto- realização, distúrbios do sono e distúrbios psicossomáticos. Cada fator 27 interpretado foi alcançado através de análise de conteúdo semântico. Para o Fator 1 Estresse Psíquico, que destaca "experiências de tensão, irritação, impaciência, cansaço e sobrecarga, que tornam a vida uma luta constante, desgastante e infeliz". Para o Fator 2 - Desejo de Morte, que evidencia "basicamente o desejo de acabar com a própria vida, já que ela se apresenta como inútil, sem sentido e sem perspectivas". Para o Fator 3 Falta de Confiança na Capacidade de Desempenho que expressa "a consciência de ser capaz de desempenhar ou realizar as tarefas diárias de forma satisfatória". Para o Fator 4 - Distúrbios do Sono que se refere "a problemas relacionados com o sono, tais como insônia e pesadelos". Para o Fator 5 - Distúrbios Psicossomáticos, que é composto de itens que expressam problemas de "ordem orgânica, tais como sentir-se mal de saúde, dores de cabeça, fraqueza, calafrios". Para o Fator 6 - Saúde Geral, pode-se interpretá-lo "como se referindo à severidade da ausência de saúde mental" 51. A distinção entre o conceito de estresse e ansiedade é diretamente relacionada à expressão da ação crônica de ansiedade. A ansiedade é um fenômeno psicológico decorrente da desadaptação e regulação de ações na vida cotidiana. Trata-se de uma reação de caráter subjetiva de apreensão e incerteza acompanhada por uma ativação do sistema nervoso autônomo e um aumento da atividade endócrina10. Spielberg61 apresentou uma proposta diferenciada para ansiedade através da expressão de dois componentes; a constitucionalmente ansiedade da Traço e personalidade, Estado, como onde uma a primeira tendência ou faz parte disposição comportamental adquirida que influencia o comportamento. A pessoa responde a circunstâncias percebidas como ameaçadoras com reações ou níveis de estado de ansiedade exacerbados em intensidade e magnitude em relação ao perigo real e objetivo. Por sua vez a ansiedade-Estado está relacionada ao componente de humor em constante variação, caracterizado por sentimentos de apreensão e tensão, associados à estimulação do Sistema Nervoso Autônomo. Sua expressão também se relaciona a manifestações cognitivas de preocupações, inquietudes e pensamentos negativos, quando existem alterações na percepção subjetiva da ativação fisiológica. A ansiedade-Estado está diretamente relacionada à intensidade da ansiedade-Traço, ou seja, uma predisposição para perceber as situações em geral como ameaçadoras eleva a ocorrência da percepção e ou magnitude da ansiedade experienciada10. O QSG é composto por 60 itens sobre sintomas psiquiátricos não psicóticos (distúrbios psiquiátricos menores), que são apresentados, um a um e devem ser 28 respondidos numa escala de quatro pontos. Foi desenvolvido para identificar a severidade do distúrbio psiquiátrico do paciente avaliado, devendo ser auto-aplicável e não utilizado para identificação de casos de psicose. Os seus índices expressam índices comportamentais e o paciente limita-se a responder o que está sentindo no momento. O questionário é subdividido em seis itens: estresse psíquico, desejo de morte, desconfiança no próprio desempenho, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e saúde geral. Suas principais utilidades seriam a avaliação da severidade de distúrbios psiquiátricos menores e servir como meio de identificação potencial desses distúrbios na população geral não clínica. Como vantagem está o fato de ser auto-aplicável, possibilitando a aplicação num grande número de pessoas num curto espaço de tempo a baixo custo, evitando problemas de diferenças subjetivas, quando são utilizadas avaliações com diferentes examinadores, constituindo-se num importante objeto de pesquisa. Apesar de fornecer informações relevantes acerca do estado de saúde geral do paciente, que pode refletir em sua qualidade de vida, o QSG não é propriamente um instrumento de aferição de qualidade de vida51. A constatação de que não havia nenhum instrumento que avaliasse qualidade de vida dentro de uma perspectiva transcultural motivou a Organização Mundial da Saúde a desenvolver um instrumento com estas características. O grupo de Qualidade de Vida da OMS, sob a coordenação de John Orley, definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas padrões e preocupações”. Nesta definição fica implícito que o conceito de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e que inclui elementos de avaliação tanto positivos como negativos26. Não há um consenso a respeito do conceito de Qualidade de Vida (QV), contudo alguns aspectos devem ser levados em consideração na elaboração desse construto, de acordo com as diversas culturas, incluindo-se subjetividade, multidimensionalidade e presença de dimensões positivas e negativas27. A avaliação da QV deve-se basear na percepção do indivíduo sobre o seu estado de saúde, englobando-se aspectos gerais da vida e do bem-estar, isto é, experiências subjetivas, influenciadas também pelo contexto cultural em que está inserido15. Nesse estudo, o conceito de QV adotado é o definido pela OMS como sendo “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” 64 . Assim, desenvolveu-se o 29 WHOQOL-100 (World Health Organization Quality of Life) e posteriormente, a sua forma abreviada, o WHOQOL-brief, composto por 26 questões com o intuito de medir a qualidade de vida. A evolução científica parece estar se deslocando em direção a um processo diagnóstico de dor orofacial mais complexo e multidisciplinar e conseqüentemente, para uma abordagem biopsicossocial, ao mesmo tempo em que se afasta da abordagem mais mecanicista e reparativa do passado. 2.5. Disfunção temporomandibular – classificação Em 1990, a Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP – American Academy of Orofacial Pain) estabeleceu a primeira classificação diagnóstica para DTM, que foi revisada em 1993. Ao mesmo tempo, um grupo de estudo multicêntrico estabeleceu um critério mais específico de pesquisa diagnóstica, englobando questionários e exame físico do paciente com DTM. Este critério de diagnóstico (RDC – Research Diagnostic Criteria) usou uma classificação similar à criada em 1990. Segundo esta classificação da AAOP, a DTM pode ser dividida em desordens da articulação e desordens da musculatura da mastigação, possuindo cada um desses grupos, subitens de classificação. Assim, dentro de desordens da articulação tem-se: desordens congênitas ou de desenvolvimento (aplasia, hipoplasia, hiperplasia e neoplasia), desordens do disco articular (deslocamento de disco com e sem redução), deslocamentos da articulação, condições inflamatórias (capsulites/sinovites, poliartridites), condições não inflamatórias (osteoartrite primária e secundária), anquilose (fibrosa e óssea) e fratura do processo condilar. Dentro das desordens musculares, tem-se: dor miofascial, miosite, mioespasmo, mialgia local não classificada, contratura miofibrótica e neoplasma 43,44. Entretanto, o RDC traz um protocolo similar a esta classificação, porém mais objetivo e confere os seguintes diagnósticos ao final do exame: dor miofascial, dor miofascial com limitação de abertura, deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução, deslocamento de disco sem redução com limitação de abertura bucal, osteoartrite, osteoartrose e artralgia 39. 30 A dor miofascial 43,44 é tida como uma dor localizada ou regional, caracterizada pela presença de pontos-gatilho em músculos, tendões ou fáscia durante a palpação. As características de sensação dolorosa localizada e dor referida regional durante a palpação diferenciam a dor miofascial de outras dores generalizadas, tais como a fibromialgia. A dor muscular pode estar associada à isquemia localizada, mudanças histoquímicas na terminação periférica de um nervo nociceptivo ou a mudanças no Sistema Nervoso Central, incluindo aumento da atividade do Sistema Nervoso Simpático ou alterações psicológicas. A dor miofascial com limitação de abertura é a mesma da descrita anteriormente, com a diferença de que nesta ocorre contração involuntária da musculatura levando a uma redução da amplitude de abertura bucal normal, existindo, portanto, um comprometimento maior. O deslocamento de disco corresponde a um desalinhamento do complexo discocôndilo que pode ser com redução ou sem redução43. O deslocamento com redução é caracterizado pelo desalinhamento abrupto e temporário do disco, que sai de posição durante a translação mandibular, gerando um som durante a abertura bucal, conhecido por estalido. Esse som também pode ocorrer durante o fechamento, porém é geralmente de menor magnitude, e se deve novamente ao desalinhamento do disco, freqüentemente para uma posição mais anterior ou ântero-medial. No deslocamento com redução, este desalinhamento é passageiro, pois o disco retorna à posição inicial. No deslocamento sem redução o desalinhamento do disco é mantido durante a translação mandibular e pode gerar diversos sons e limitação dos movimentos mandibulares. Se gerar tais limitações, será considerado um deslocamento de disco sem redução, com limitação de abertura. Após um episódio agudo de deslocamento sem redução, que pode ser bastante doloroso, estabelece-se uma condição crônica, geralmente sem dor. McNeill44 cita o estudo de Leeuw et al, que após 30 anos de acompanhamento, observou que pouquíssimos casos de deslocamento de disco com redução evoluíram para um estágio sem redução, mas que quase todos os deslocamentos sem redução desenvolveram alterações ósseas estruturais. A osteoartrite é uma condição degenerativa não- inflamatória da ATM, caracterizada por alterações estruturais da superfície da articulação em conseqüência a uma força excessiva durante o mecanismo de remodelação óssea4. É caracterizada clinicamente por dor durante a função, crepitação (ruído articular semelhante à areia), evidência radiográfica de alterações ósseas estruturais e geralmente por uma moderada 31 limitação dos movimentos mandibulares, além de desvio para o lado afetado durante a abertura bucal. Quando se torna mais dolorosa é devido a uma inflamação secundária ao processo. A osteoartrose ou artrite é uma condição inflamatória, bem como a sinovite e capsulite, e pode ocorrer devido a um trauma ou doença sistêmica (artrite reumatóide, artrite reumatóide juvenil, lúpus eritematoso sistêmico, entre outras)4. Além disso, a osteoartrose pode ser uma condição decorrente de uma osteoartrite, como resultado de uma sobrecarga na ATM, representando uma fase adaptativa estável. Este processo ocorre da seguinte forma: a osteoartrite provoca alterações estruturais nas superfícies da articulação, levando a remodelação óssea, identificada em exames de imagem. A condição é indolor, com presença de crepitação49. Já a artralgia, nada mais é que a dor na ATM devido à inflamação, relacionada à ansiedade, hábitos parafuncionais, má oclusão e traumatismo direto ou indireto na mandíbula. Deve-se lembrar que as modificações de caráter restaurador, feitas ao longo de um tempo nas superfícies oclusais dos dentes, podem gerar contatos prematuros e/ou interferência oclusal, que funcionam como microtraumas. Dependendo da adaptação fisiológica do indivíduo, pode haver artralgia das ATM como resultado de microtrauma repetitivo4. “Quem conduz e arrasta o mundo não são as máquinas, mas as idéias”. (Victor Hugo) PROPOSIÇÃO 33 3. Proposição O presente trabalho se propôs a avaliar a associação entre indicadores de qualidade de vida, de saúde geral (distúrbios psiquiátricos menores) e de ansiedade em pacientes diagnosticados como portadores de variadas formas de Disfunção Temporomandibular (DTM), em variados graus de severidade (leve, moderada e severa), a partir das seguintes análises: • Tipos de DTM e Qualidade de vida / Saúde Geral / Tipos de Ansiedade; • Graus de DTM e Qualidade de vida / Saúde Geral / Tipos de Ansiedade; • Tipos / Graus de DTM e Qualidade de vida / Saúde Geral / Tipos de Ansiedade. “A única coisa de que tenho certeza é da singularidade do indivíduo.” (Albert Einstein) METODOLOGIA 35 4. Metodologia 4.1. Implicações Éticas Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), sendo aprovado de acordo com o parecer nº 116/2008 (ANEXO I). Todos os pacientes, que concordaram em participar da pesquisa, assinaram a um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO II), aprovado por este comitê. 4.2. Local do Estudo A presente pesquisa foi realizada no CIADE (Centro Integrado de Atendimento a pacientes portadores de Disfunção do aparelho Estomatognático), que é um projeto de extensão da Disciplina de Oclusão, do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Este projeto visa o atendimento de todo paciente que busca o serviço e é diagnosticado como portador de DTM. Dessa forma, não há limites de idade para receber o tratamento, quando necessário, visto que a desordem pode se manifestar tanto em crianças, adolescentes, adultos e idosos. 4.3. Amostra Segundo Carlsson12, dentre as desordens que apresentam manifestações dolorosas, a DTM e a dor orofacial aparecem com alta prevalência na população, estando os sinais e sintomas presentes em até 86% da população ocidental. Assim, para efeito de cálculo, considerou-se a prevalência como sendo de 86%, como mostra a equação a seguir: N = z2 . (1 – P) E2 . P Onde: N = tamanho da amostra Z = 1, 96 para um nível de significância de 5 % P = Prevalência E = margem de erro de 10 % 36 N = (1,96)2 . (1 – 0,86) (0,1)2 . 0,86 Dessa forma, chegou-se a um N igual a 62,53, que foi ajustado para 60 indivíduos, uma vez que este dado sobre prevalência (86%) não é exato12,66,46,52,57. Foram avaliados cerca de 150 pacientes, que procuraram voluntariamente o Departamento de Odontologia da UFRN encaminhados para a disciplina de Oclusão, dos quais foram selecionados 60 que, de fato, possuíam Disfunção Temporomandibular. Para este diagnóstico inicial, utilizou-se o Protocolo de Fonseca, que identifica a presença de DTM, em diferentes graus de severidade. Critérios de Inclusão Homens e mulheres com idade maior ou igual a 12 anos, diagnosticados inicialmente através do Protocolo de Fonseca28 (ANEXO V). Todos os pacientes diagnosticados com algum grau de DTM (leve, moderado ou severo) através deste protocolo foram incluídos no estudo e, posteriormente, diagnosticados quanto ao tipo de DTM através do RDC-TMD (Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders)40. Critérios de Exclusão Pacientes que não sejam diagnosticados como portadores de Disfunção Temporomandibular e/ou que apresentam problemas de saúde sistêmicos, tais como doenças cardiovasculares e disfunções neurológicas, a fim de que não funcionem como variáveis de confusão. 37 4.4. Instrumentos de Coleta de Dados (vide cópias dos questionários em anexo) 4.4.1. Diagnóstico quanto ao tipo de DTM - muscular / articular / muscular e articular. Para o diagnóstico quanto ao tipo de Disfunção Temporomandibular foi utilizado o eixo I do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disfunction (RDC –TMD). O RDC-TMD consiste em um instrumento diagnóstico criado com o objetivo de estabelecer critérios confiáveis e válidos para diagnosticar e definir subtipos de DTM, e possui dois eixos diagnósticos. O eixo I consiste na avaliação física do paciente através de 10 itens de exame clínico e de três questões subjetivas (questão 3- Q3 e questão 14 Q14.a; Q14.b). O eixo II agrupa cada paciente segundo a intensidade da dor crônica e incapacidade, grau de depressão, escala de sintomas físicos não-específicos e limitação da função mandibular, estando relacionado a condições psicológicas. Dessa forma, a fim de obter o diagnóstico quanto ao tipo de DTM, utilizou-se apenas o eixo I, que classificou os indivíduos como pertencentes à pelo menos um dos três grupos de DTM: Dor miofascial, Deslocamentos do Disco Articular e outras condições das Articulações Temporomandibulares (ATM). O eixo II do RDC não foi utilizado uma vez que o mesmo foi substituído por três instrumentos da psicologia mais específicos para o estudo. O diagnóstico do eixo I é dado após a leitura e cálculo do exame segundo esquemas pré-determinados para cada um dos três grupos, separadamente, em lados direito e esquerdo (ANEXO IV), resultando na seguinte classificação: • Grupo I - avalia se o paciente possui dor miofascial ou se possui dor miofascial com limitação de abertura bucal. Se o diagnóstico for positivo dentro deste grupo de avaliação, o paciente possui DTM de origem muscular; • Grupo II - avalia se o paciente tem disfunção na ATM do tipo deslocamento de disco, podendo ser identificadas as três formas: 38 deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução e deslocamento de disco sem redução e com limitação de abertura bucal. Se o diagnóstico for positivo dentro deste grupo, o paciente possui DTM articular, do tipo Deslocamento de Disco; • Grupo III – avalia se o paciente possui disfunção na articulação do tipo degenerativo: artralgia, osteoartrite ou osteoartrose. Se o diagnóstico for positivo dentro deste grupo, o paciente possui DTM articular, classificado como “outras condições da ATM”. Para efeitos didáticos, os dois últimos grupos (Grupo II: deslocamentos do disco e Grupo III: outras condições da ATM) podem ser reunidos num só diagnóstico – DTM articular. Os casos diagnosticados dentro do Grupo I resultam no diagnóstico de DTM muscular. Caso haja concomitância entre o grupo I e os grupos II e/ou III, o paciente é portador tanto de DTM muscular quanto articular. Para a avaliação física, se utilizou régua plástica flexível a fim de se realizar medidas de abertura bucal e de movimentos excursivos mandibulares, e estetoscópio para ausculta das ATM. Para a palpação dos músculos da mastigação, foi exercida uma pressão bidigital num ponto relativamente central do músculo em avaliação. Os músculos que sofreram palpação estão especificados no instrumento (página 3 do ANEXO III). Ao final da avaliação pelo RDC cada paciente foi diagnosticado quanto aos subtipos de DTM (Grupos I, II e III), que puderam ser generalizados para três grandes grupos: DTM Muscular, DTM Articular e DTM Muscular e Articular. 4.4.2. Diagnóstico Quanto ao Grau de DTM – leve / moderada / severa. A coleta dos dados relativos aos sinais e sintomas que permite a classificação do grau de DTM dos pacientes foi realizada por meio do Protocolo de Fonseca (1992)28. Este possui dez questões que incluem informações a respeito das dificuldades em abrir a boca e movimentar a mandíbula para os lados; cansaço ou dor muscular quando mastiga; dores de cabeça com freqüência; dor na nuca ou torcicolo; dor no ouvido ou nas regiões das articulações; ruído nas ATMs quando mastiga ou quando abre a boca; 39 hábito de apertar ou ranger os dentes; se os dentes não se articulam bem e se este se considera uma pessoa tensa ou nervosa. Para ser possível a classificação do grau de DTM atribuem-se valores de zero a 10 a cada questão de maneira que o “sim” possui escore 10; “às vezes”, 5 e; “não” equivale à zero. Após a somatória dos resultados obtidos, é possível estabelecer o nível da gravidade da DTM apresentada pelos pacientes, segundo os padrões determinados pelo índice, sendo considerado de zero a 19 sem DTM; de 20 a 44, com DTM leve; de 45 a 69, com DTM moderada; e de 70 a 100, com DTM severa ou grave. 4.4.3. Avaliação da Ansiedade Para a identificação e caracterização do nível de ansiedade entre os pacientes estudados, foi utilizado o “Inventário de Ansiedade Traço-Estado” (IDATE). Este é constituído por dois questionários auto-aplicáveis: 1) Ansiedade-estado e 2) Ansiedadetraço. O questionário, que avalia a ansiedade-estado, consiste de 20 afirmações nas quais o paciente indica como ele se sente em um determinado momento no tempo. O questionário ansiedade-traço também consiste de 20 itens, mas nessa escala os pacientes devem responder como geralmente se sentem durante sua vida. 4.4.4. Avaliação da Saúde Geral Para a coleta da saúde geral, que reflete na qualidade de vida dos pacientes estudados, foi utilizado o Questionário de Saúde Geral (QSG), que avalia a ausência dos distúrbios psiquiátricos não psicóticos (chamados distúrbios psiquiátricos menores)51. O questionário foi respondido individualmente, com o paciente acomodado em cadeira odontológica da clínica de Odontologia da UFRN, onde lhe foi fornecido o questionário e uma caneta. Inicialmente foram preenchidos os dados pessoais: idade, sexo, estado civil. O examinador fez uma breve explicação, lendo juntamente com o paciente as instruções, esclarecendo as possíveis dúvidas e orientando que seria necessário responder sempre como está o seu estado atual. O paciente também foi esclarecido, que suas informações são confidenciais e que mesmo para o examinador a resposta será transformada em números e escores, não verificando as suas respostas individualmente. 40 O QSG contém 60 questões, que são subdivididas em seis fatores: estresse psíquico, desejo de morte, desconfiança no próprio desempenho, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e saúde geral. Para avaliação da saúde geral deve ser realizada a soma das sessenta questões, que demonstra o estado de saúde geral do paciente avaliado. 4.4.5. Avaliação da Qualidade de Vida Para a verificação dos indicadores da qualidade de vida, utilizou-se o WHOQOL-brief 27,64, um instrumento de avaliação específico, adaptado do WHOQOL100, desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS). O WHOQOL-brief, que está traduzido para mais de 20 idiomas8, é composto por 26 questões, divididas em quatro domínios: Físico, Psicológico, Social e Meio Ambiente. Assim como os demais, o questionário foi respondido individualmente, com o paciente acomodado em cadeira odontológica da clínica de Odontologia da UFRN, após explicação pelo examinador acerca do instrumento. O paciente foi esclarecido de que, a qualquer momento, poderia pedir auxílio na interpretação das questões, caso sentisse necessidade. A qualidade de vida, segundo este instrumento, é medida de acordo com uma escala analógica de 0 a 100, onde, quanto maior for o escore, maior é a qualidade de vida e quanto menor o escore, menor a qualidade de vida. 4.5. Elenco de Variáveis Quadro 1. Tipo, Classificação e Definição das variáveis Variável Tipo Classificação Sexo Independente Categórica Definição (nominal mutuamente exclusiva) Conformação orgânica, que física e permite distinguir homem e mulher. Idade Independente Quantitativa racional) (contínua Tempo de vida decorrido desde o nascimento até uma determinada data tomada como referência 41 DTM Muscular Independente Categórica (nominal exaustiva) Presença de dor miofascial com ou sem limitação de abertura. Dor miofascial Independente Categórica (nominal mutuamente exclusiva) Dores nos músculos da mastigação e/ou pontos gatilho. Dor miofascial c/ limitação Independente de abertura Categórica (nominal mutuamente exclusiva) Dores nos músculos da mastigação e/ou pontosgatilho com prejuízo de função:limitação de abertura bucal. DTM Articular Independente Categórica (nominal exaustiva) Funcionamento anormal da Articulação Temporomandibular. Deslocamento de disco Independente com redução Categórica (nominal exaustiva) Funcionamento anormal da Articulação Temporomandibular, onde o disco sai de posição, porém retorna à posição original. Deslocamento de disco sem Independente redução Categórica (nominal exaustiva) Funcionamento anormal da Articulação Temporomandibular, onde o disco sai de posição e não retorna. Deslocamento de disco sem Independente redução com limitação de Categórica (nominal exaustiva) Funcionamento anormal da Articulação abertura Temporomandibular, onde o disco sai de posição e não retorna, acompanhado de limitação de abertura bucal. DTM Articular Independente Categórica (nominal Funcionamento anormal da 42 (degenerativa) exaustiva) ATM, causado por sua máformação ou degeneração fisiológica ou patológica. Artralgia Independente Categórica (nominal exaustiva) Dor na articulação, devido à inflamação, estar podendo relacionada ansiedade, à hábitos parafuncionais, má oclusão, traumatismo indireto na direto ou mandíbula, artrite ou artrose. Osteoartrite Independente Categórica (nominal exaustiva) Doença articular degenerativa em que ocorre degeneração da cartilagem da articulação. Osteoartrose Independente Categórica (nominal exaustiva) Condição inflamatória que compromete a articulação como um todo: cápsula articular, sinovial, membrana ligamentos e musculatura Peri articular. Protocolo de Fonseca Grau de DTM DTM Leve Independente Categórica (nominal Nível de gravidade pequeno.Pontuação exaustiva) entre 20-44. DTM Moderada Independente Categórica (nominal exaustiva) Nível de gravidade médio.Pontuação entre 4569 DTM Severa Independente Categórica exaustiva) (nominal Nível de gravidade alto.Pontuação entre 70100. IDATE Inventário de Ansiedade Traço-Estado 43 Dependente Categórica (nominal mutuamente exclusiva) Ansiedade – Traço Ansiedade característica do indivíduo/ dependente da personalidade Dependente Categórica (nominal mutuamente exclusiva) Ansiedade momentânea / dependente de condições externas Ansiedade - Estado QSG Questionário de Saúde Geral Estresse psíquico Desejo de morte Dependente Categórica (nominal exaustiva) Expressão de inquietude, nervosismo e tensão associada a situações e eventos do cotidiano. Dependente Categórica (nominal exaustiva) Desconfiança no Percepção de sentimentos de intolerância a situações atuais em graus que vão de desempenho leve desconforto a fuga das situações e da vida. Dependente Categórica (nominal exaustiva) Sentimentos e impressões relacionados à capacidade de desempenhar as diversas atividades do dia-a-dia. Distúrbios do sono Dependente Categórica exaustiva) (nominal Alterações referentes ao sono, envolvendo aspectos desde o conciliar o sono até o despertar reconfortado 44 Dependente Categórica (nominal exaustiva) Preocupação ativa freqüente Distúrbios psicossomáticos com e as manifestações somáticas e a saúde. Dependente Categórica (nominal exaustiva) Fator de composição, resultante a expressão dos demais fatores anteriores. Saúde Geral WHOQOL World Health Organization – Quality of Life Dependente Físico Categórica (nominal exaustiva) Caracteriza a expressão fisiológica e percepção de energia quanto à existência de dor e desconfortos. Dependente Categórica (nominal Evidencia a manifestação sentimentos e percepções exaustiva) sobre si e os demais. Psicológico Dependente Categórica (nominal exaustiva) Observa as relações e a percepção de suporte social. Social Dependente Categórica exaustiva) (nominal Identifica a percepção do ambiente e seu entorno, as pessoas e as condições Meio ambiente atuais de vida. 4.6. Análise dos Dados Após a obtenção dos dados, os resultados foram tabulados e submetidos a testes estatísticos, através do Programa SPSS, versão 15.0, para verificar as manifestações entre os fatores estudados (Tipo de ansiedade, saúde geral, qualidade de vida e tipos e níveis de Disfunção Temporomandibular). Tendo em vista o número de participantes e 45 suas características quanto aos fatores demográficos e psicossociais, não foi possível valer-se de estratégias paramétricas de análises de resultados, principalmente no que se refere à composição do grupo quanto ao sexo masculino, que tinha 07 integrantes. Os resultados tabulados em planilhas eletrônicas (Excel) foram posteriormente transferidos ao software estatístico após a checagem e depuração do banco de dados. Verificou-se, através de teste de normalidade que a distribuição não seguiu parâmetros de distribuição normal dos resultados dos instrumentos, estabelecendo assim o uso de provas não paramétricas para o tratamento dos dados coletados. A fim de responder a pergunta da pesquisa (“Existe associação entre AnsiedadeTraço, Ansiedade-Estado, Indicadores de Saúde Geral e Indicadores de Qualidade de Vida e Diferentes tipos e graus de DTM?”), utilizou-se o teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) para verificar se as médias das variáveis dependentes diferiam entre os grupos estudados (variáveis independentes: tipos e graus de DTM). A diferença entre as médias dos postos, quando p ≤ 0,05, permite inferir que, quando a média é maior, a associação é mais forte, e quando a média é menor, a associação é mais fraca. “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados” (Mahatma Gandhi) RESULTADOS 47 5. Resultados Apresentam-se os principais indicadores da estatística descritiva sobre a identificação dos participantes, fatores psicossociais e clínicos. 5.1. Estatística Descritiva • Participantes Verificou-se que a idade mínima foi de 12 e a máxima de 68 anos, havendo uma grande variação (DP aproximadamente de 15 anos), com média de idade em torno dos 36 anos. A idade mais freqüente foi a de 20 anos, que junto à média (36.48) e à mediana (36), caracterizam este estudo como predominantemente da idade adulta, conforme abaixo (tabela 1). Dos 60 indivíduos, 53 eram mulheres e apenas 07, homens. Tabela 1. Idade dos indivíduos estudados – Medidas de Centro da Distribuição e Variabilidade Idade N Mín. Máx. Média DP Moda Mediana 60 12 68 36.48 15.556 20 36 • Escores clínicos Dentre os tipos de DTM, observou-se maior número de indivíduos no Grupo DTM Muscular e Articular (34), seguido do Grupo DTM Articular (11), e por último, DTM Muscular (4). Onze indivíduos não foram diagnosticados com DTM pelo RDCTMD, embora tenham apresentado algum grau de DTM pelo Protocolo de Fonseca. Nenhum homem foi diagnosticado com DTM muscular, como pode ser visto no gráfico. Gráfico 1. Tipos de DTM pelo RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 48 Em relação aos subtipos de DTM, aqueles com o maior número de casos foram Dor miofascial e Deslocamento de disco com redução, ambos com 21 casos. Entre os homens, o subtipo com maior número de indivíduos foi o Deslocamento de disco com redução (5) e entre as mulheres, a dor miofascial foi mais prevalente (19), sendo o menor número de casos, para ambos os sexos, o de Deslocamento de disco sem redução com limitação de abertura (feminino = 1, masculino = 0). No grupo III, o subtipo mais prevalente foi a artralgia (18), seguido da osteoartrite (16) e da osteoartrose (5), conforme mostram gráficos a seguir. Gráfico 2.Subtipos de DTM – Grupo I do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. Gráfico 3.Subtipos de DTM – Grupo II do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. * Vide legenda *Onde: SD = Sem Diagnóstico; DDCR = Deslocamento de Disco Com Redução; DDSR = Deslocamento de Disco Sem Redução; DDSRCL = Deslocamento de Disco Sem Redução Com Limitação. Gráfico 4.Subtipos de DTM – Grupo III do RDC-TMD. Distribuição por Sexo. 49 Com relação ao grau de DTM, obteve-se a seguinte distribuição: Gráfico 5.Grau de DTM pelo Protocolo de Fonseca. • Escores psicológicos Os resultados obtidos pelos participantes nos instrumentos Inventário de Ansiedade Traço-Estado, Questionário de Saúde Geral e no WHOQOL- brief evidenciaram os seguintes indicadores quanto a médias e desvios-padrão, conforme a tabela abaixo. Tabela 2. Escores Psicológicos.Média e Desvio Padrão. Média DP A Estado 42,79 10,05 A Traço 44,05 10,72 Stress 2,09 0,52 Morte 1,61 0,61 Desempenho 2,13 0,51 Sono 2,23 0,75 Somáticos 2,27 0,64 Saúde 2,07 0,51 Físico 13,02 2,37 Psico 13,14 2,03 Social 13,60 2,85 Meio Ambiente 12,18 2,69 IDATE QSG WHOQOL 50 5.2. Estatística Inferencial Na distribuição apresentada no gráfico 1, observa-se que houve poucos casos masculinos, existindo, inclusive, uma classificação (Deslocamento de disco sem redução com limitação) em que não houve nenhum representante deste sexo. Além disso, o grupo masculino apresentou dados em relação ao grau de DTM muito discrepantes. Dessa forma, sendo os homens uma parcela pequena desta amostra, com dados extremos, optou-se por sua omissão nos demais cálculos, a fim de que não funcionassem como elementos com magnitudes acima do previsto (outliers). Com base no exposto, segue a nova distribuição: Tabela 3. Tipos de DTM pelo RDC-TMD. Amostra feminina Tipo de DTM Tabela 4. Grau de DTM pelo Protocolo de Fonseca. Amostra feminina N° de indivíduos Grau de DTM Sem diagnóstico 10 DTM Muscular 4 DTM Articular 9 DTM Muscular e Articular 30 TOTAL 53 Nº de indivíduos DTM Leve 14 DTM Moderada 13 DTM Severa 26 Total 53 A partir desta nova amostra, foram feitos os seguintes cruzamentos de variáveis: • Tipos de DTM X Aspectos psicológicos Grupo I – RDC-TMD X qualidade de vida/ saúde geral/ ansiedade Grupo II – RDC-TMD X qualidade de vida/ saúde geral/ ansiedade Grupo III – RDC-TMD X qualidade de vida/ saúde geral/ ansiedade DTM Muscular / Articular / Muscular e Articular X qualidade de vida/ saúde geral/ ansiedade. • Grau de DTM X Aspectos psicológicos DTM leve / moderada / severa X qualidade de vida / saúde geral / ansiedade 51 • Tipos e Grau de DTM X Aspectos psicológicos DTM muscular leve / muscular moderada / muscular severa X qualidade de vida / saúde geral / ansiedade DTM articular leve / articular moderada / articular severa X qualidade de vida / saúde geral / ansiedade DTM muscular e articular leve / muscular e articular moderada / muscular e articular severa X qualidade de vida / saúde geral / ansiedade 52 5.2.1. SUBTIPOS DE DTM X ASPECTOS PSICOLÓGICOS Associação entre Subtipos de DTM (RDC-TMD) e aspectos psicológicos Grupo I – RDC-TMD : Dor miofascial X Aspectos Psicológicos Tabela 5.Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) Variáveis Dependentes AEstado Média dos Grupo I - RDC N Sem diagnóstico 18 26,25 Dor miofascial 18 23,25 16 30,44 Dor miofascial com limitação abertura Postos Total 52 Sem diagnóstico 18 26,22 Dor miofascial 18 24,94 16 28,56 *p ,383 IDATE ATraço Dor miofascial com limitação abertura Total ,781 52 *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05 ) De acordo com o que mostra a tabela 5 acima, não houve associação (p =0,383 e 0,781) entre ansiedade e os subtipos de DTM muscular (grupo I – RDC) na população do estudo. Da mesma forma (tabela 6, abaixo), não houve associação (p = 0,186; 0,921; 0,186;0,506;0,231;0,186) entre os itens do Questionário de Saúde Geral de Golberg (QSG) e o grupo estudado (grupo I –RDC) 53 Tabela 6. Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Distúrbios psiquiátricos menores (QSG) Variáveis Dependentes Stress Morte Desempenho Grupo I - RDC N Média dos Postos *p Sem diagnóstico 18 21,78 ,186 Dor miofascial 18 27,00 Dor miofacial com limitação abertura 16 31,25 Total 52 Sem diagnóstico 17 22,56 Dor miofascial 17 25,76 Dor miofacial com limitação abertura 15 26,90 Total 49 Sem diagnóstico 18 22,14 Dor miofascial 18 26,86 Dor miofascial com limitação abertura 16 31,00 Total 52 Sem diagnóstico 18 21,08 Dor miofacial 18 29,25 Dor miofacial com limitação abertura 16 29,50 Total 52 Sem diagnóstico 18 21,47 Dor miofascial 18 28,72 Dor miofascial com limitação abertura 16 29,66 Total 52 Sem diagnóstico 18 22,00 Dor miofacial 18 26,97 Dor miofascial com limitação abertura 16 31,03 Total 52 ,921 ,186 QSG Sono Somáticos Saúde *Teste de Kruskall- Wallis (p ≤ 0,05 ) ,506 ,231 ,186 54 Tabela 7. Associação entre o Grupo I do RDC-TMD e Qualidade de Vida (WHOQOL) Variáveis Dependentes Fisico Grupo I - RDC Média dos Postos Sem diagnóstico 18 26,00 Dor miofacial 18 26,67 15 25,20 Dor miofacial com limitação abertura Psico N Total 51 Sem diagnóstico 18 26,33 Dor miofacial 18 28,47 15 22,63 Dor miofacial com limitação abertura Total 51 Sem diagnóstico 18 24,14 Dor miofacial 18 31,06 15 22,17 *p ,961 ,521 WHOQOL Social Dor miofacial com limitação abertura Mamb Total 51 Sem diagnóstico 18 26,19 Dor miofacial 18 30,86 15 19,93 Dor miofacial com limitação abertura Total ,178 ,108 51 *Teste de Kruskall-Wallis ( p≤ 0,05 ) Na tabela 7, observa-se que também não houve associação entre os itens de qualidade de vida e o Grupo I – RDC. Desta forma, os resultados mostram que não houve associação estatisticamente significante entre nenhum dos fatores psicológicos pesquisados (ansiedade, distúrbios psiquiátricos menores e qualidade de vida) e os subtipos de DTM Muscular (Grupo I- RDC). 55 Grupo II – RDC-TMD: Deslocamentos de disco X Aspectos Psicológicos Tabela 8. Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) Variáveis dependentes AEstado N Sem diagnóstico 32 28,08 16 24,06 2 17,75 1 7,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação IDATE ATraço Média dos Grupo II - RDC Postos Total 51 Sem diagnóstico 32 28,61 16 23,47 2 12,50 1 10,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação *p ,368 ,234 Total 51 *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) Não houve associação estatisticamente significante (p= 0,368 e 0,234) entre Ansiedade e os subtipos de DTM Articular (Grupo II – RDC), conforme pode ser visto na tabela acima. Abaixo, na tabela 9, observa-se que, da mesma forma, não houve associação estatisticamente significante entre os itens do Questionário de Saúde Geral de Golberg (QSG) e o grupo estudado (grupo II –RDC). 56 Tabela 9. Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) Variáveis dependentes Stress Grupo II - RDC Sem diagnóstico Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Morte 32 25,72 16 24,44 2 38,50 1 35,00 Sem diagnóstico 31 24,27 15 24,33 1 22,50 1 36,00 Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Total 48 Sem diagnóstico 32 25,92 16 23,91 2 39,00 1 36,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Sono Postos 51 redução Desempenho Média dos Total Deslocamento de disco com QSG N Total 51 Sem diagnóstico 32 24,13 16 27,44 2 39,25 1 36,50 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Total 51 *p ,579 ,871 ,512 ,431 57 Somáticos Sem diagnóstico Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Saúde 32 23,98 16 27,41 2 41,50 1 37,00 Total 51 Sem diagnóstico 32 25,73 16 24,47 2 38,50 1 34,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Total ,326 ,597 51 *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) Observa-se que o único fator que apresentou correlação com os Deslocamentos de Disco (DTM Articular) foi o fator social do questionário de qualidade de vida, WHOQOL (p = 0,01), conforme mostra a tabela 10. Por meio do Teste de KruskallWallis, é possível estabelecer uma diferença de associação entre grupos. A diferença entre as médias dos postos permite concluir se houve uma associação maior num subtipo que em outro, sendo a maior média representativa de uma maior associação, e vice-versa. Assim, a associação mais forte foi com o Deslocamento de disco com redução (média dos postos = 35,03) e a mais fraca foi com Deslocamento de disco sem redução com limitação (média dos postos = 15,00). Desta forma, pode-se dizer que houve associação estatisticamente significante entre a qualidade de vida e Deslocamentos de Disco (DTM Articular). 58 Tabela 10. Associação entre o Grupo II do RDC-TMD e Qualidade de Vida Variáveis dependentes Fisico N Sem diagnóstico 31 25,27 16 24,63 2 29,25 1 39,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Psico 50 Sem diagnóstico 31 24,00 16 30,44 2 8,25 1 27,50 redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Social Total 50 Sem diagnóstico 31 20,63 16 35,03 2 30,00 1 15,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Mamb Total 50 Sem diagnóstico 31 21,92 16 30,78 2 34,50 1 34,00 Deslocamento de disco com redução Deslocamento de disco sem redução e sem limitação Deslocamento de disco sem redução com limitação Total *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) Postos Total Deslocamento de disco com WHOQOL Média dos Grupo II -RDC 50 *p ,786 ,165 ,010 ,165 59 Grupo III – RDC-TMD: Doenças degenerativas da ATM X Aspectos Psicológicos Não houve associação estatisticamente significante (p = 0,776 e 0,577) entre Ansiedade e o Grupo III –RDC (artralgia, osteoartrite,osteoartrose), conforme apresentado na tabela 11. Tabela 11. Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Ansiedade (IDATE) Variáveis dependentes AEstado IDATE ATraço Média dos Grupo III -RDC N Sem diagnóstico 18 24,31 Artralgia 17 28,03 Osteoartrite 14 28,50 Osteoartrose 3 21,67 Total 52 Sem diagnóstico 18 22,47 Artralgia 17 28,24 Osteoartrite 14 29,14 Osteoartrose 3 28,50 Total 52 *p Postos ,776 ,577 Neste grupo, que engloba as doenças degenerativas da ATM (DTM Articular), observa-se que o item que mais se aproximou de uma associação estatisticamente significante foi o fator somático (p = 0,053) do Questionário de Saúde Geral (QSG tabela 12). No entanto, não houve nenhuma associação relevante (p ≥ 0,05). 60 Tabela 12. Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) Variáveis Dependentes N Grupo III - RDC Stress Morte Desempenho QSG Sono Somáticos Saúde Média dos Sem diagnóstico 18 24,81 Artralgia 17 31,41 Osteoartrite 14 26,11 Osteoartrose 3 10,67 Total 52 Sem diagnóstico 18 25,33 Artralgia 16 25,59 Osteoartrite 13 26,00 Osteoartrose 2 10,75 Total 49 Sem diagnóstico 18 24,67 Artralgia 17 32,00 Osteoartrite 14 25,61 Osteoartrose 3 10,50 Total 52 Sem diagnóstico 18 25,83 Artralgia 17 31,18 Osteoartrite 14 25,25 Osteoartrose 3 9,83 Total 52 Sem diagnóstico 18 25,97 Artralgia 17 32,21 Osteoartrite 14 24,43 Osteoartrose 3 7,00 Total 52 Sem diagnóstico 18 25,17 Artralgia 17 31,21 Osteoartrite 14 25,68 Osteoartrose 3 11,67 Total *p Postos 52 ,151 ,552 ,117 ,145 ,053 ,195 61 De maneira similar ao apresentado anteriormente, não houve associação estatisticamente significante (p ≤ 0,05) para os itens do questionário de qualidade de vida (WHOQOL), como mostra a tabela abaixo. Tabela 13. Associação entre o Grupo III do RDC-TMD e Qualidade de Vida Variáveis dependentes Fisico Psico Média dos Grupo III - RDC N Sem diagnóstico 18 31,31 Artralgia 17 20,44 Osteoartrite 14 25,14 Osteoartrose 2 31,50 Total 51 Sem diagnóstico 18 30,75 Artralgia 17 24,65 Osteoartrite 14 21,39 Osteoartrose 2 27,00 Total 51 Sem diagnóstico 18 29,03 Artralgia 17 24,06 Osteoartrite 14 25,75 Osteoartrose 2 17,00 Total 51 Sem diagnóstico 18 32,31 Artralgia 17 23,38 Osteoartrite 14 22,18 Osteoartrose 2 18,25 Total 51 Postos *p ,171 ,333 WHOQOL Social Mamb ,610 ,154 62 5.2.2. TIPOS DE DTM (MUSCULAR / ARTICULAR / MUSCULAR E ATICULAR) X ASPECTOS PSICOLÓGICOS DTM muscular / articular / muscular e articular X Aspectos Psicológicos Tabela 14. Associação entre os tipos de DTM e Ansiedade (IDATE) Variáveis dependentes AEstado Tipo de DTM N Média dos Postos *p DTM muscular 11 29,91 ,411 DTM articular 12 22,50 DTM muscular e articular 26 24,08 Total 49 DTM muscular 11 27,18 DTM articular 12 27,67 DTM muscular e articular 26 22,85 Total 49 IDATE ATraço ,530 *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) Observa-se, na tabela 14, que não houve associação estatisticamente significante (p ≤ 0,05) entre Ansiedade e os tipos de DTM. Da mesma forma, não houve associação estatisticamente significante (tabela 15) entre os distúrbios psiquiátricos menores, expressos pelos itens do QSG, e os tipos de DTM. Já entre os fatores de qualidade de vida (WHOQOL) e os tipos de DTM (tabela 16), houve associação estatisticamente significante para o domínio Físico (p = 0,037), onde a associação mais forte se deu entre os portadores de DTM Muscular e Articular (Média dos Postos = 28,69) e a mais fraca entre os portadores de DTM Muscular (Média dos Postos = 15,91). 63 Tabela 15. Associação entre os Tipos de DTM e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) Variáveis Dependentes Stress Morte Desempenho Tipos de DTM N Média dos Postos *p DTM muscular 11 22,45 ,794 DTM articular 12 26,08 DTM muscular e articular 26 25,58 Total 49 DTM muscular 11 21,86 DTM articular 10 28,55 DTM muscular e articular 25 22,20 Total 46 DTM muscular 11 21,91 DTM articular 12 26,00 DTM muscular e articular 26 25,85 Total 49 DTM muscular 11 23,59 DTM articular 12 23,54 DTM muscular e articular 26 26,27 Total 49 DTM muscular 11 27,41 DTM articular 12 20,75 DTM muscular e articular 26 25,94 Total 49 DTM muscular 11 22,68 DTM articular 12 26,46 DTM muscular e articular 26 25,31 Total 49 ,402 ,717 QSG Sono Somáticos Saúde *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) ,803 ,474 ,808 64 Tabela 16. Associação entre os Tipos de DTM e Qualidade de Vida Variáveis Tipos de DTM N Média dos Postos *p Dependentes Fisico Psico DTM muscular 11 15,91 DTM articular 11 23,18 DTM muscular e articular 26 28,69 Total 48 DTM muscular 11 22,59 DTM articular 11 22,73 DTM muscular e articular 26 26,06 Total 48 DTM muscular 11 22,64 DTM articular 11 22,09 DTM muscular e articular 26 26,31 Total 48 DTM muscular 11 23,55 DTM articular 11 16,68 DTM muscular e articular 26 28,21 Total 48 ,037 ,698 WHOQOL Social Mamb *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) ,612 ,069 65 5.2.3. NÍVEIS DE DTM E ASPECTOS PSICOLÓGICOS DTM leve / moderada / severa X Aspectos Psicológicos Tabela 17. Associação entre o Grau de DTM e Ansiedade (IDATE) Variáveis Dependentes AEstado Média dos Nível de DTM N DTM Leve 4 24,75 DTM Moderada 9 27,50 DTM Severa 29 19,19 Total 42 DTM Leve 4 26,75 DTM Moderada 9 29,17 DTM Severa 29 18,40 Total 42 *p Postos ,176 IDATE ATraço ,047 *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) A tabela acima (tabela 17) mostra que houve associação estatisticamente significante entre a Ansiedade-Traço e os Níveis de DTM (p = 0,047), sendo a associação mais significativa a dos portadores de DTM Moderada (maior Média de Postos). A tabela abaixo (tabela 18) mostra que não houve associação estatisticamente significante apenas para o item Estresse do QSG ( p = 0,78), sendo a associação de todos os outros itens estatisticamente significante, onde a associação mais forte se deu entre os pacientes com DTM Leve, conforme mostra as médias dos postos. 66 Tabela 18. Associação entre o Grau de DTM e os Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) Variáveis Dependentes Estresse Morte Desempenho Nível de DTM N Média dos Postos DTM Leve 4 33,75 DTM Moderada 9 26,56 DTM Severa 29 18,24 Total 42 DTM Leve 4 31,75 DTM Moderada 9 20,61 DTM Severa 26 17,98 Total 39 DTM Leve 4 33,63 DTM Moderada 9 27,06 DTM Severa 29 18,10 Total 42 DTM Leve 4 29,75 DTM Moderada 9 27,78 DTM Severa 29 18,41 Total 42 DTM Leve 4 30,88 DTM Moderada 9 29,06 DTM Severa 29 17,86 Total 42 DTM Leve 4 34,75 DTM Moderada 9 26,39 DTM Severa 29 18,16 Total 42 *p ,078 ,018 ,049 QSG Sono Somáticos Saúde *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) ,016 ,016 ,042 67 Pode-se observar na tabela 19 que a única associação estatisticamente significante entre os níveis de DTM e o questionário de qualidade de vida (WHOQOL) se deu no domínio Físico (p = 0,042), sendo a associação mais forte a dos portadores de DTM Leve. Tabela 19. Associação entre o Grau de DTM e Qualidade de Vida (WHOQOL) Variáveis Nível de DTM Dependentes Fisico Psico N Média dos Postos DTM Leve 4 28,38 DTM Moderada 9 12,72 DTM Severa 28 22,61 Total 41 DTM Leve 4 14,25 DTM Moderada 9 20,44 DTM Severa 28 22,14 Total 41 DTM Leve 4 21,63 DTM Moderada 9 15,78 DTM Severa 28 22,59 Total 41 DTM Leve 4 21,63 DTM Moderada 9 16,22 DTM Severa 28 22,45 Total 41 *p ,042 ,453 WHOQOL Social Mamb *Teste de Kruskall-Wallis (p ≤ 0,05) ,320 ,394 68 5.2.4.TIPOS E GRAU DE DTM X ASPECTOS PSICOLÓGICOS Tipos e Grau de DTM X Aspectos Psicológicos Tabela 20. Associação entre Tipos e Grau de DTM e Ansiedade (IDATE) Variáveis Dependentes IDATE AEstado ATraço Tipo e Grau de DTM N Média dos Postos *p Muscular Leve 1 6,50 ,317 Muscular Moderada 2 38,00 Muscular Severa 1 14,00 Articular Leve 3 15,00 Articular Moderada 2 28,75 Articular Severa 4 14,75 Muscular e Articular Leve 3 23,50 Muscular e Articular Moderada 7 25,86 Muscular e Articular Severa 19 20,71 Total 42 Muscular Leve 1 8,50 Muscular Moderada 2 25,75 Muscular Severa 1 4,50 Articular Leve 3 22,33 Articular Moderada 2 33,00 Articular Severa 4 17,38 Muscular e Articular Leve 3 19,17 Muscular e Articular Moderada 7 26,00 Muscular e Articular Severa 19 20,87 Total 42 ,577 *Teste de Kruskall-Wallis (p≤ 0,05) Não houve associação estatisticamente significante entre Ansiedade e os Tipos e Grau de DTM. 69 Tabela 21. Associação entre Tipos e Grau de DTM e Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) Variáveis Dependentes Tipos e Nível de DTM N Stress Morte QSG Desempenho Média dos Postos *p ,294 Muscular Leve 1 29,00 Muscular Moderada 2 11,75 Muscular Severa 1 31,00 Articular Leve 3 34,17 Articular Moderada 2 15,50 Articular Severa 4 26,38 Muscular e Articular Leve 3 24,67 Muscular e Articular Moderada 7 25,29 Muscular e Articular Severa 19 17,34 Total 42 Muscular Leve 1 30,00 Muscular Moderada 2 12,00 Muscular Severa 1 39,00 Articular Leve 3 32,50 Articular Moderada 2 6,50 Articular Severa 4 17,13 Muscular e Articular Leve 2 35,25 Muscular e Articular Moderada 7 19,50 Muscular e Articular Severa 17 17,71 Total 39 Muscular Leve 1 30,00 Muscular Moderada 2 11,50 Muscular Severa 1 26,00 Articular Leve 3 34,83 Articular Moderada 2 17,00 Articular Severa 4 27,00 Muscular e Articular Leve 3 24,00 Muscular e Articular Moderada 7 26,21 Muscular e Articular Severa 19 16,95 Total 42 ,049 0,241 70 Sono Somáticos Saúde Muscular Leve 1 30,50 Muscular Moderada 2 26,50 Muscular Severa 1 26,00 Articular Leve 3 27,50 Articular Moderada 2 11,75 Articular Severa 4 27,38 Muscular e Articular Leve 3 26,17 Muscular e Articular Moderada 7 24,86 Muscular e Articular Severa 19 17,13 Total 42 Muscular Leve 1 31,00 Muscular Moderada 2 20,00 Muscular Severa 1 27,00 Articular Leve 3 25,33 Articular Moderada 2 16,75 Articular Severa 4 30,00 Muscular e Articular Leve 3 27,00 Muscular e Articular Moderada 7 22,00 Muscular e Articular Severa 19 17,92 Total 42 Muscular Leve 1 28,00 Muscular Moderada 2 11,75 Muscular Severa 1 31,00 Articular Leve 3 34,33 2 15,50 Articular Severa 4 26,13 Muscular e Articular Leve 3 24,67 Muscular e Articular Moderada 7 25,36 Muscular e Articular Severa 19 17,39 Total 42 ,504 ,693 ,302 *Teste de Kruskall-Wallis (p≤ 0,05) Na tabela 21, verifica-se que houve associação estatisticamente significante entre o fator “desejo de morte” do QSG e os Tipos e Grau de DTM (p = 0,049), onde a associação mais forte se deu entre os portadores de DTM Muscular Severa (maior Média de Postos). 71 Tabela 22. Associação entre Tipos e Grau de DTM e Qualidade de Vida (WHOQOL) Variáveis Dependentes Fisico Psico WHOQOL Social Tipo e Grau de DTM N Média dos Postos Muscular Leve 1 32,00 Muscular Moderada 2 22,25 Muscular Severa 1 18,00 Articular Leve 3 16,50 Articular Moderada 2 21,50 Articular Severa 4 31,13 Muscular e Articular Leve 3 17,00 Muscular e Articular Moderada 7 18,64 Muscular e Articular Severa 18 20,44 Total 41 Muscular Leve 1 22,00 Muscular Moderada 2 31,50 Muscular Severa 1 33,50 Articular Leve 3 15,67 Articular Moderada 2 29,00 Articular Severa 4 25,00 Muscular e Articular Leve 3 15,67 Muscular e Articular Moderada 7 16,93 Muscular e Articular Severa 18 20,67 Total 41 Muscular Leve 1 10,50 Muscular Moderada 2 24,00 Muscular Severa 1 30,50 Articular Leve 3 10,33 Articular Moderada 2 17,75 Articular Severa 4 30,13 Muscular e Articular Leve 3 22,50 Muscular e Articular Moderada 7 19,14 Muscular e Articular Severa Total 21,31 41 *p ,770 ,634 ,556 72 Mamb Muscular Leve 1 28,50 Muscular Moderada 2 28,75 Muscular Severa 1 25,00 Articular Leve 3 9,00 Articular Moderada 2 23,50 Articular Severa 4 28,88 Muscular e Articular Leve 3 16,00 Muscular e Articular Moderada 7 13,93 Muscular e Articular Severa 18 23,06 Total 41 ,286 *Teste de Kruskall-Wallis (p≤ 0,05) Não houve associação estatisticamente significante (p≤ 0,05) entre nenhum dos domínios do WHOQOL e os Tipos e Grau de DTM. “Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade.” (Michel de Montaigne) DISCUSSÃO 74 6. Discussão Tem-se atribuído às alterações oclusais uma grande participação no desequilíbrio da função muscular e no desenvolvimento das DTMs, sendo estas consideradas, na grande maioria das vezes, o fator etiológico das mesmas. Porém, sabe-se que a DTM possui etiologia multifatorial, sendo a oclusão, apenas um dos fatores envolvidos3,7,16,53. A literatura tem mostrado que os fatores emocionais e a qualidade de vida também podem estar envolvidos tanto na etiologia, na progressão, como também na manutenção das Disfunções Temporomandibulares e dores orofaciais. Alguns trabalhos avaliam o papel de algumas alterações psicológicas 22, 5, 34, 29, porém não avaliam outros fatores em conjunto como, por exemplo, a qualidade de vida. Neste estudo se buscou avaliar não só os fatores psicológicos (tipos de ansiedade), como também aqueles relacionados à qualidade de vida e saúde geral, de forma a reforçar a necessidade de tratamento multidisciplinar do portador de DTM. Diferentemente de outras doenças que se relacionam ao estresse, a DTM não é uma entidade patológica isolada, mas um conjunto de desordens do aparelho estomatognático, que é subdividido e classificado qualitativa e quantitativamente. Em termos qualitativos, como já visto anteriormente, a DTM pode ser considerada de origem muscular, articular ou de ambas. E em termos quantitativos, pode ser dividida em variados graus de severidade: leve, moderado e severo. A importância clínica destas classificações está justamente no tratamento que será adotado em cada caso. Para se chegar a um protocolo de tratamento do portador de DTM, bem como se chegou a um protocolo de diagnóstico, com a criação do RDC – TMD (Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders), inicialmente faz-se necessário que se tenha um perfil de distribuição dos fatores comportamentais que participam das diversas formas da doença. Compreender como se dá a distribuição dos aspectos psicológicos nas várias classificações da Disfunção é fundamental para tratar adequadamente o paciente. McNeill44 atentou para o fato de que deve se priorizar um tratamento reversível que envolva uma abordagem física e comportamental do portador de DTM, uma vez que pouco se sabe sobre o curso natural da disfunção, e quais os sinais e sintomas vão progredir para uma condição mais séria. Portanto, é primordial que, durante a investigação diagnóstica, se proceda também uma investigação das condições psicológicas atuais do paciente. 75 Neste estudo, foi realizado um diagnóstico inicial através do Protocolo de Fonseca em cerca de 150 pacientes com queixas de sinais e sintomas sugestivos de DTM. O número de sujeitos arrolados baseou-se em cálculo amostral a partir da prevalência da doença na literatura. Cabe aqui uma ressalva: os dados sobre a prevalência de DTM são inconsistentes, variam muito de um estudo para outro, bem como varia a população estudada, conforme visto na revisão da literatura. Além disso, estudos epidemiológicos de DTM abordam a prevalência de sinais e sintomas da Disfunção e não os casos de fato diagnosticados como DTM. Muitas vezes a simples presença de um sinal ou sintoma de DTM não quer dizer que o paciente tenha desenvolvido a disfunção. De Bont21, afirma que articulações saudáveis podem produzir sons, e que a diferença entre esses sons e os ruídos da disfunção (crepitação, estalidos) ainda não está clara. Além do mais, uma articulação pode apresentar estalido por muitos anos sem que haja danos ou prejuízo de função devido à adaptação do organismo. Para que o estudo de prevalência da doença seja coerente é preciso que sejam utilizados instrumentos diagnósticos validados, como o RDC-TMD (Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders)40. O RDC/TMD foi proposto inicialmente na língua inglesa, sendo posteriormente traduzido. Para realização da adaptação cultural deste questionário, fez-se uma avaliação da tradução inglês-português e a validade aparente (avaliação por um comitê multidisciplinar e pré-teste). Segundo Lucena e colaboradores38 esse processo de adaptação cultural resultou em um instrumento de fácil entendimento e aplicação. A consistência interna e reprodutibilidade do mesmo foram verificadas por Campos e colaboradores11, sendo positiva. No presente trabalho, o RDC-TMD foi aplicado apenas aos casos diagnosticados através do Protocolo de Fonseca, assim, os casos que resultaram no diagnóstico “sem DTM (0-15)” por este protocolo, foram excluídos do estudo. Aos demais casos (DTM leve, moderada ou severa) aplicaram-se o RDC-TMD a fim de identificar os tipos de disfunção (muscular/ articular/ ambos). Após o diagnóstico através do RDC-TMD, observou-se que 11 casos identificados pelo Protocolo de Fonseca não apresentaram diagnóstico nenhum quanto ao tipo de DTM. Este achado suscita a necessidade de averiguação dos instrumentos de diagnóstico, especialmente o Protocolo de Fonseca, uma vez que pode estar resultando em casos falso-positivos. Este protocolo é extremamente útil pela sua praticidade de uso, já que se trata de um breve questionário (10 questões) auto-aplicável. Porém deve- 76 se ter cuidado ao se utilizar somente ele como instrumento diagnóstico, já que poderá estar identificando casos sem necessidade. É fundamental que outros estudos testem a sensibilidade do Protocolo de Fonseca. A ocorrência de falso-positivos pode estar ligada à estruturação do questionário 28, que reúne itens que são mais importantes para avaliar DTM que outros, num mesmo grau de importância, atribuindo-se a eles uma mesma pontuação. Este achado reforça o uso do Protocolo como um importante elemento de triagem e não de diagnóstico. Nesta pesquisa não houve prejuízo quanto a este aspecto, uma vez que também se aplicou o RDC-TMD, instrumento diagnóstico aceito internacionalmente e já devidamente validado, que envolve além dos questionários, critérios de investigação física (palpação, ausculta, medidas dos movimentos excursivos de mandíbula,etc). Toledo, Capote e Campos65, estudando a associação entre grau de DTM, medido pelo Protocolo de Fonseca, e depressão, através do eixo II do RDCTMD, afirmaram que todos os pacientes que apresentaram depressão grave apresentaram também algum tipo de DTM. Tendo em vista que o Protocolo de Fonseca confere diagnóstico quanto ao grau de DTM e não quanto ao tipo, e que pode identificar casos falso-positivos, sugere-se a aplicação do eixo I do RDC-TMD, a fim de confirmar os resultados encontrados pelo Protocolo, para que se possa afirmar a respeito da associação com depressão. A distribuição por sexo, considerando-se as subclasses de DTM do RDC-TMD, aparece neste trabalho um tanto quanto pulverizada, devido ao tamanho da amostra. Para uma leitura mais clara e objetiva, decidiu-se reunir as subclasses em três grandes grupos, já citados na metodologia: DTM Muscular (contemplando o primeiro grupo diagnóstico do RDC-TMD); DTM Articular (contemplando os grupos II e / ou III); DTM Muscular e Articular (grupos I e II e/ou III). Assim, pode-se observar uma predominância de casos de DTM Muscular e Articular (34 casos) em relação aos de DTM Articular (11 casos) e DTM Muscular (apenas 4 casos). De Bont, Dijkgraaf e Stegenga21, estudaram os aspectos epidemiológicos e a progressão natural das alterações funcionais do sistema estomatognático de origem articular e afirmaram que o termo desordens temporomandibulares é uma denominação coletiva que engloba tanto desordens de origem muscular, oclusal e articular. A prevalência de casos femininos em relação aos masculinos deste estudo está de acordo com o que diz a literatura 40, 56, 59 , que mostra que os sinais e sintomas de DTM são mais freqüentemente referidos por mulheres. A susceptibilidade feminina às 77 DTMs, segundo De Bont, Dijkgraaf e Stegenga21 pode estar relacionada à natureza biomolecular. Os avanços na área de biologia molecular poderão responder a questões sobre a predominância feminina em várias doenças articulares degenerativas, especialmente nas adolescentes. Embora, alguns estudos tenham sugerido que esta predominância pode não estar ligada apenas a questões do comportamento feminino, como a freqüência de cuidados e visitas médico-odontológicas maior que dos homens, acredita-se na influência deste comportamento sobre os dados de prevalência deste e dos demais estudos. 6.1. Ansiedade (IDATE) Conforme já visto na revisão de literatura10, sabe-se que a ansiedade é um fenômeno psicológico decorrente da desadaptação e regulação de ações na vida cotidiana e que é gerada pela sensação de incerteza diante dos fatos e acontecimentos futuros, causando ativação do sistema nervoso autônomo e aumento da atividade endócrina. Apesar de fortes sugestões clínicas de que os portadores de DTM apresentam-se ansiosos 60,69,20, 42, 29 neste estudo a única associação estatisticamente significante entre este fator psicológico e a Disfunção Temporomandibular foi dada com o Grau de DTM, não tendo associação com o tipo de disfunção. Este dado corrobora com o resultado encontrado por Marchiori e colaboradores41, que mostrou que há correlação positiva entre DTM e ansiedade, principalmente a ansiedade-traço (personalidade). Diferentemente do estudo de Marchiori, em que a amostra se constituiu de crianças (915 anos) de escolas particulares, no presente estudo não houve delimitação etária, tampouco socioeconômica, sendo a população heterogênea, representativa da população geral. Já no estudo de Fernandes et al26, foi encontrado que embora tenha havido uma relação diretamente proporcional entre DTM e ansiedade, não houve diferença estatisticamente significante entre a ansiedade-traço e estado. Ou seja, nesta população, graduandos de odontologia da Universidade de Brasília (UnB), a característica de personalidade, inerente ao indivíduo, diferentemente dos achados deste estudo e dos de Marchiori et al41, não esteve associada à presença de DTM. 78 Acredita-se que, apesar da amostra da presente pesquisa ser relativamente pequena, quando considerada sua divisão em subtipos de DTM, e baseada em dados de prevalência inconsistentes na literatura, ela seja bastante representativa da população geral, uma vez que a triagem foi feita de maneira aleatória em um Centro de Atendimento a Portadores de DTM (CIADE – UFRN), freqüentado por pacientes das mais diversas classes sociais e faixas etárias, por não haver outro centro de referência para a disfunção na cidade onde se realizou a pesquisa (Natal-RN). A fim de que se confirmem estes resultados, faz-se necessário um estudo de base populacional que utilize como instrumento diagnóstico para DTM o RDC-TMD. 6.2. Distúrbios Psiquiátricos Menores (QSG) O QSG, criado por Golberg, 1972, é um importante instrumento usado para detectar o estado de saúde mental do paciente em relação aos distúrbios psiquiátricos menores (não-psicóticos). Erroneamente tem sido utilizado como instrumento para medir qualidade de vida. A qualidade de vida se refere a um conceito muito mais amplo e abrange dimensões diferentes das estudadas pelo QSG. A análise dos resultados do QSG se faz pela interpretação do conteúdo semântico dos seus seis fatores conforme já visto na revisão da literatura 51. Diversos estudos 22, 5, 34 avaliam a depressão, escala de dor e ansiedade em portadores de DTM, entretanto não abordam os indicadores de saúde geral. Evidenciar se há ou não associação com a saúde geral, medida pela presença de distúrbios psiquiátricos menores, através do QSG, é essencial para conhecer o verdadeiro impacto das alterações psicológicas na vida do paciente. Neste estudo, nenhum destes seis fatores esteve associado ao Tipo de DTM, quer sejam os subtipos (Grupos 1, 2 e 3 do RDC-TMD), quer sejam os tipos muscular, articular, muscular e articular. Contudo, houve associação entre os distúrbios psiquiátricos menores (QSG) e o grau de severidade de DTM. Ou seja, os distúrbios psiquiátricos menores não estiveram associados aos tipos de DTM, porém a intensidade da disfunção foi importante para haver a associação. Entretanto, quando analisados tipos e níveis de DTM, em conjunto, o item “desejo de morte” do QSG apareceu associado à DTM Muscular severa (p = 0,049). Com relação aos subgrupos de DTM, quando comparados pacientes com dor muscular com aqueles com dor articular, há uma 79 tendência nos pacientes com dor muscular em apresentar mais problemas psicológicos, pior qualidade do sono e uma maior quantidade de agentes estressores8, 9, 37, 39, 70 entretanto, tal fato não foi verificado neste estudo. No estudo de Manfredini e colaboradores40, em que se usou também o RDCTMD como meio diagnóstico, a dor miofascial esteve mais associada aos fatores psicológicos analisados (distúrbios de humor e medo de lugares abertos e multidões) que os demais grupos do instrumento. De forma contrária, na presente pesquisa o grupo de dor miofascial não apresentou associação com nenhum dos indicadores psicológicos. A literatura geralmente traz trabalhos que avaliam estresse com o tipo de DTM 5, 8 e não com o grau. O fator estresse não esteve associado a nenhum nível de DTM, entretanto todos os outros fatores apareceram associados (desejo de morte, desconfiança no próprio desempenho, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e saúde geral), e mais associados à DTM Leve. Considerando-se que os níveis de DTM evoluem de forma gradativa, partindo de um estado de higidez para uma disfunção leve que, se cronificada, pode evoluir para um comprometimento moderado ou severo, é possível se pensar que os itens supracitados estejam bastante associados à DTM leve devido ao fato desta funcionar como algo novo, que gera um estado psicológico alterado. Neste sentido, ao perceber um problema desconhecido, o paciente apresenta desejo de fuga, acredita não ser possível desempenhar as atividades diárias de maneira satisfatória, passa a ter dificuldades em conciliar o sono, sente-se mal de saúde de uma forma geral. A evolução para um estado moderado ou severo de disfunção pode ser acompanhada por um aprendizado de comportamentos na tentativa de lidar com as manifestações do problema, existindo assim uma menor associação com o QSG. Auerbach e colaboradores5, concluíram que os fatores psicológicos têm um papel mais importante em dores de origem muscular. O mesmo foi encontrado por Bertoli e colaboradores8, que estudaram o nível de disfunção psicológica e estresse em pacientes com DTM muscular e articular. Isto pôde ser observado na associação encontrada neste estudo entre DTM Muscular severa e o item “desejo de morte” do QSG. Entretanto, quando analisado isoladamente o subtipo “dor miofascial” (Grupo I do RDC-TMD), não houve associação com nenhum indicador psicológico. Tal fato reforça a importância do grau de disfunção em detrimento do subtipo para o aparecimento de distúrbios psicológicos. Auerbach e colaboradores5 afirmam que 80 intervenções no comportamento devem ser aplicadas em pacientes em que o fator psicológico aparece com um papel importante. 6.3. Qualidade de Vida (WHOQOL) Conforme já dito na revisão de literatura15, a avaliação da Qualidade de Vida deve se basear na percepção do indivíduo sobre o seu estado de saúde, englobando-se aspectos gerais da vida e do bem-estar. Na odontologia, bem como em outros ramos da área médica, sabe-se que medições objetivas da doença fornecem poucas respostas do impacto das alterações bucais na vida diária e na qualidade de vida1. Daí a importância de se buscar conhecer os fatores psicossociais que podem estar envolvidos na doença. Em DTM, têm-se encontrado trabalhos que avaliam a qualidade de vida através do OHIP (Oral Health Impact Profile) 33, 32, 68 , que difere do WHOQOL, usado na presente pesquisa. Reißmann e colaboradores55, utilizando o RDC-TMD como meio diagnóstico, encontraram que os pacientes com dor miofascial (Grupo I do RDC-TMD) tiveram, através do OHIP, maior impacto sobre a qualidade de vida que os demais grupos (deslocamento de disco e outras doenças degenerativas da ATM – Grupos II e III do RDC-TMD). Os achados da presente pesquisa se opõem a estes, uma vez que a qualidade de vida esteve associada ao Grupo II do RDC-TDM, mas não aos outros dois grupos. Tal fato provavelmente decorre das diferenças metodológicas dos estudos. O índice OHIP é um instrumento mais específico, que trata do impacto da saúde oral sobre a qualidade de vida. Já o WHOQOL, é um instrumento que não se restringe à saúde oral. Como a DTM não envolve apenas a saúde oral, considerou-se mais adequado o uso do WHOQOL nesta pesquisa. Assim, foi observada associação entre a qualidade de vida (QV) e os Deslocamentos de Disco com redução (p = 0,01), DTM Muscular e Articular (p = 81 0,037) e DTM leve (p = 0,042). Dentre os subtipos de DTM, o único que apresentou associação foi o deslocamento do disco com redução com o fator social. Tal fato pode ser entendido 81 pelos sinais e sintomas comuns desta categoria de disfunção, tais como estalidos e limitação de função. Pode-se depreender deste achado que possivelmente esteja ocorrendo um prejuízo das funções sociais, como por exemplo, atividades em grupo. Já entre os tipos de DTM (muscular / articular / muscular e articular) houve associação estatisticamente significante para o domínio Físico (p = 0,037), onde a associação mais forte se deu entre os portadores de DTM Muscular e Articular. Isto implica dizer que neste grupo há maior expressão fisiológica e percepção de energia quanto à existência de dor e desconfortos. Diferentemente deste resultado, que mostra que a existência de dois componentes (muscular e articular) foi importante para haver associação com a qualidade de vida, Reißmann e colaboradores55 encontraram que aqueles pacientes diagnosticados unicamente no Grupo I do RDC-TMD ( DTM Muscular) estiveram mais associados a QV que os demais. Embora sejam instrumentos de medida diferentes, tanto o OHIP, quanto o WHOQOL tem o mesmo fim - avaliar o impacto de condições adversas sobre a qualidade de vida - e ambos encontraram associação com a DTM. Em relação ao Grau de DTM, novamente a DTM leve esteve mais associada que a moderada e a severa aos fatores psicológicos. Neste caso, a associação se deu no domínio Físico do WHOQOL, que denota maior percepção do comprometimento físico causado pela disfunção. Esta percepção é maior quando se sai de um estado de higidez para de doença (leve) do que entre os níveis da doença (moderada e severa). Não foram encontrados outros estudos que avaliassem a associação entre o grau de severidade da disfunção e a qualidade de vida. Novos estudos, especialmente relativos ao acompanhamento2 durante e após o tratamento, são fundamentais para que se possa compreender o papel que o aspecto psicossocial pode estar desempenhando, quer seja como um dos fatores causais quer seja como conseqüência da disfunção. Alerta-se para o fato de que é necessário se tentar superar as limitações aqui encontradas. Os resultados que aparecem neste estudo estão ligados ao contexto em que se desenvolveu, e este possui limitações, tais como o desenho do estudo que pôde ser realizado e o número amostral. Esta última se refere ao número de participantes que se tornou pequeno diante da classificação em subtipos pelo RDC-TMD. A primeira se refere à dificuldade em se desenvolver um estudo com grupo controle, que talvez fosse o ideal para efeitos de comparação dos aspectos psicológicos entre uma população dita normal (livre de DTM) e outra portadora da disfunção. Esta 82 dificuldade reside no fato de que haveria inúmeras variáveis confundidoras no grupo controle, uma vez que o paciente sem DTM poderia apresentar os mesmos indicadores psicológicos que os com DTM, porém por motivos adversos. Acredita-se que o aprimoramento metodológico auxilie na realização de novas pesquisas para contribuir com melhorias no atendimento do paciente com DTM. Há de se destacar o caráter multiprofissional que as interconsultas e as diferentes ciências podem ofertar na qualificação deste atendimento, tornando-o mais humanizado. “O estudo é a valorização da mente a serviço da felicidade humana” (François Guizot) CONCLUSÕES 84 7. Conclusões Dentro das limitações do estudo e de acordo com os resultados encontrados, pode-se concluir que: Quando um paciente apresenta mais de um tipo de Disfunção Temporomandibular (DTM), por exemplo, um componente muscular e outro articular, há associação com a Qualidade de Vida, no sentido em que o paciente percebe mais suas alterações fisiológicas e conseqüentes limitações decorrentes destas alterações. A DTM articular, do tipo deslocamento de disco com redução, também apresentou uma associação significante com a Qualidade de Vida, no tocante ao aspecto social. Isto quer dizer que, estes pacientes apresentam, de alguma forma, prejuízo nas relações sociais devido às dificuldades e /ou limitações provocadas pela disfunção. O grau de DTM apresentou associação significante com todos os indicadores psicológicos do estudo. Dentro da análise da ansiedade, houve associação com a Ansiedade-traço (relacionada à personalidade do indivíduo). Em relação à saúde geral, expressa por itens de distúrbios psiquiátricos menores, presentes no QSG, houve associação estatisticamente significante, exceto para fator estresse (QSG), que não esteve associado a nenhum tipo nem grau de DTM. O grau de severidade de DTM também se mostrou associado à Qualidade de Vida, com maior expressão no domínio físico. Ou seja, há maior percepção da existência de dor e desconfortos pelo paciente. Quando observados em conjunto, os graus e tipos de DTM foram associados apenas a Qualidade de Vida. Diante do exposto por este estudo, reforça-se a necessidade de atenção múltipla ao portador de DTM, visto que indicadores psicológicos de ansiedade, saúde geral e qualidade de vida estão de alguma forma associados à disfunção. REFERÊNCIAS 86 REFERÊNCIAS 1. Allen PF. Assessment of oral health related quality of life. Health Qual Life Outcomes 2003; 8(1): 40-53. 2. Anselmo SM. Fatores psicológicos relacionados às desordens temporomandibulares: avaliação de pacientes submetidos à tratamento com aparelhos oclusais planos e reabilitação oral [Tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba; 2005. 99p. 3. Ash MM. Philosophy of occlusion: past and present. Dent Clin North Am 1995; 39(2): 233-45. 4. Atsü SS, Ayhan-Ardic F. Temporomandibular disorders seen in rheumatology practices: A review. Rheumatol Int 2006 Jul; 26(9): 781-7. 5. Auerbach SM, Laskin DM, Frantsve LM, Orr T . 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Essa pesquisa procura avaliar o nível de ansiedade e a qualidade de vida dos pacientes da clínica de oclusão do departamento de odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, diagnosticados como portadores de Disfunção Temporomandibular (DTM) com diferentes níveis de severidade (DTM leve, moderada e severa). Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: • Preenchimento de um questionário de Fonseca (1992). Este possui dez questões que inclui informações a respeito das dificuldades em abrir a boca e movimentar a mandíbula para os lados; cansaço ou dor muscular quando mastiga; dores de cabeça com freqüência; dor na nuca ou torcicolo; dor no ouvido ou nas regiões das articulações; ruído nas ATMs quando mastiga ou quando abre a boca; hábito de apertar ou ranger os dentes; se os dentes não se articulam bem e se este considerava uma pessoa tensa ou nervosa. • Preenchimento do questionário IDATE (Inventário de Ansiedade TraçoEstado). É constituído por dois questionários: 1) ansiedade-estado e 2) ansiedade-traço. Contendo 20 questões cada. • Preenchimento do Questionário de Saúde Geral (QSG) com 60 itens. A avaliação será feita apenas com o preenchimento de questionários e não causa qualquer tipo de incômodo, nem riscos. Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: Diagnosticado algum tipo de problema, você será encaminhado para tratamento específico de acordo com o problema identificado. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Se você tiver algum gasto comprovado que seja devido à sua única e exclusiva participação na presente pesquisa, você será ressarcido, caso comprovação do mesmo por meio de documentos. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito a indenização conforme previsto em lei. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para o Prof. Gustavo Augusto Seabra Barbosa, no endereço: Departamento de Odontologia da UFRN - Av. Salgado Filho 1787, CEP:59056-000, Lagoa Nova, Natal - RN, ou pelo telefone (84) 3215-4114. II - I Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço: Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa Postal 1666; CEP: 59072-970, natal-RN, pelo telefone Telefone/Fax (84)3215-3135. Consentimento Livre e Esclarecido Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Relação entre qualidade de vida e nível de ansiedade em pacientes com diferentes níveis de disfunção temporomandibular”. Participante da pesquisa: __________________________________________ Assi natura Responsável, caso participante seja menor de idade: _____________________________________________ RG nº: _______________________________ CPF nº __________________________________________ Endereço:______________________________________________________________________ _________ Pesquisador responsável: Prof. Gustavo Augusto Seabra Barbosa Departamento de Odontologia da UFRN - Av. Salgado Filho 1787, Lagoa Nova – Tel: 3215-4114 __________________________________ Gustavo Augusto Seabra Barbosa Comitê de ética e Pesquisa Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa Postal 1666; CEP: 59072-970, Natal-RN; Telefone/Fax (84)3215-3135. II - II ANEXO IV CÁLCULO PARA DIAGNÓSTICO DO GRUPO I DO RDC-TMD VI - I IV - I ANEXO IV CÁLCULO PARA DIAGNÓSTICO DO GRUPO II – ARTICULAÇÃO ESQUERDA IV - II ANEXO IV CÁLCULO PARA DIAGNÓSTICO DO GRUPO II – ARTICULAÇÃO DIREITA IV - III ANEXO IV CÁLCULO PARA DIAGNÓSTICO DO GRUPO III – ARTICULAÇÃO ESQUERDA IV - IV ANEXO IV CÁLCULO PARA DIAGNÓSTICO DO GRUPO III – ARTICULAÇÃO DIREITA IV - V ANEXO VI IDATE PARTE I Leia cada pergunta e faça um círculo ao redor do número à direita da afirmação que melhor indicar como você se sente agora, neste momento. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar uma resposta que mais se aproxime de como você se sente neste momento. AVALIAÇÃO Muitíssimo ............. 4 Bastante .................. 3 Um pouco .................. 2 Absolutamente não .... 1 1. Sinto-me calmo(a) ........................................... 1 2 3 4 2. Sinto-me seguro(a) .......................................... 1 2 3 4 3. Estou tenso(a) ................................................. 1 2 3 4 4. Estou arrependido(a) ....................................... 1 2 3 4 5. Sinto-me à vontade ......................................... 1 2 3 4 6. Sinto-me perturbado(a) ................................... 1 2 3 4 7. Estou preocupado(a) com possíveis infortúnios 1 2 3 4 8. Sinto-me descansado(a)................................... 1 2 3 4 9. Sinto-me ansioso(a) ......................................... 1 2 3 4 10. Sinto-me "em casa" ................................................. 1 2 3 4 11. Sinto-me confiante ........................................ 1 2 3 4 12. Sinto-me nervoso(a) ...................................... 1 2 3 4 13. Estou agitado(a)............................................. 1 2 3 4 14. Sinto-me uma pilha de nervos........................ 1 2 3 4 15. estou descontraído(a) .................................... 1 2 3 4 16. Sinto-me satisfeito(a)..................................... 1 2 3 4 17. Estou preocupado(a)...................................... 1 2 3 4 18. Sinto-me superexitado(a) e confuso(a) .......... 1 2 3 4 19. Sinto-me alegre ............................................. 1 2 3 4 20. Sinto-me bem ................................................ 1 2 3 4 VI - I ANEXO VI PARTE II Leia cada pergunta e faça um círculo em redor do número à direita que melhor indicar como você geralmente se sente. Não gaste muito tempo numa única afirmação, mas tente dar a resposta que mais se aproximar de como você se sente geralmente. AVALIAÇÃO Quase sempre ......... 4 Às vezes .................... 2 Freqüentemente ...... 3 Quase nunca .............. 1 1. Sinto-me bem ......................................................................................................... 1 2 3 4 2. Canso-me facilmente ............................................................................................. 1 2 3 4 3. Tenho vontade de chorar........................................................................................ 1 2 3 4 4. Gostaria de poder ser tão feliz quanto os outros parecem ser ................................ 1 2 3 4 5. Perco oportunidades porque não consigo tomar decisões rapidamente ................. 1 2 3 4 6. Sinto-me descansado(a) ......................................................................................... 1 2 3 4 7. Sou calmo(a), ponderado(a) e senhor(a) de mim mesmo....................................... 1 2 3 4 consigo resolver ......................................................................................................... 1 2 3 4 9. Preocupo-me demais com coisas sem importância ................................................ 1 2 3 4 10. Sou feliz ............................................................................................................... 1 2 3 4 11. Deixo-me afetar muito pelas coisas ..................................................................... 1 2 3 4 12. Não tenho muita confiança em mim mesmo(a) ................................................... 1 2 3 4 13. Sinto-me seguro(a) ............................................................................................... 1 2 3 4 14. Evito ter que enfrentar crises ou problemas ......................................................... 1 2 3 4 15. Sinto-me deprimido(a) ......................................................................................... 1 2 3 4 16. Estou satisfeito(a) ................................................................................................ 1 2 3 4 preocupando ............................................................................................................... 1 2 3 4 18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo tirá-los da cabeça ........... 1 2 3 4 19. Sou uma pessoa estável ........................................................................................ 1 2 3 4 20. Fico tenso(a) e perturbado(a) quando penso em meus problemas do momento .. 1 2 3 4 8. Sinto que as dificuldades estão se acumulando de tal forma que não as 17. Às vezes, idéias sem importância me entram na cabeça e ficam me VI - I ANEXO VII Questionário de Saúde Geral de Goldberg Você ultimamente: 1. Tem se sentido perfeitamente bem e com boa saúde? 1) melhor do que de costume 2) como de costume 3) pior do que de costume 4) muito pior do que de costume 2. Tem sentido necessidade de tomar fortificantes (vitaminas)? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 3. Tem se sentido cansado (fatigado) e irritadiço? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 4. Tem se sentido mal de saúde? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 5. Tem sentido dores de cabeça? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 6. Tem sentido dores na cabeça? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 7. Tem sido capaz de se concentrar no que faz? 1) melhor do que de costume 2) como de costume 3) pior do que de costume 4) muito pior do que de costume 8. Tem sentido medo de que você vá desmaiar num lugar público? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 9. Tem sentido sensações (ondas) de calor ou de frio pelo corpo? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 10. Tem suado (transpirado) muito? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 11. Tem acordado cedo (antes da hor1) e não tem conseguido dormir de novo? 1) melhor do que de costume 2) como de costume 3) pior do que de costume 4) muito pior do que de costume 12. Tem levantado sentindo que o sono não foi o suficiente para lhe renovar as energias? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume muito mais do que de costume 13. Tem se sentido muito cansado e exausto, até mesmo para se alimentar? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 14. Tem perdido muito sono por causa de preocupações? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 15. Tem se sentido lúcido e com plena disposição mental? 1) melhor do que de costume 2) como de costume 3) menos lúcido do que de costume 4) muito menos lúcido do que de costume 16. Tem se sentido cheio de energia (com muita disposição)? 1) melhor do que de costume 2) como de costume 3) com menos energia do que de costume 4) com muito menos energia do que de costume ANEXO VII 17. Tem sentido dificuldade em conciliar o sono? (pegar no sono) 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 18. Tem tido dificuldade em permanecer dormindo após ter conciliado o sono (após ter pego no sono)? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 19. Tem tido sonhos desagradáveis ou aterrorizantes? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 20. Tem tido noites agitadas e maldormidas? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 21. Tem conseguido manter-se em atividade e ocupado? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) um pouco menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 22. Tem gasto mais tempo para executar seus afazeres? 1) mais rápido do que de costume 2) como de costume 3) mais tempo do que de costume 4) muito mais tempo do que de costume 23. Tem sentido que perde o interesse nas suas atividades normais diárias? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 24. Tem sentido que está perdendo interesse na sua aparência pessoal? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume muito mais do que de costume 25. Tem tido menos cuidado com suas roupas? 1) mais cuidado do que de costume 2) como de costume 3) menos cuidado do que de costume 4) muito menos cuidado do que de costume 26. Tem saído de casa com a mesma freqüência de costume? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 27. Tem se saído tão bem quando acha que a maioria das pessoas se sairia se estivesse em seu lugar? 1) melhor que de costume 2) como de costume 3) um pouco pior 4) muito pior 28. Tem achado que de um modo geral tem dado boa conta de seus afazeres? 1) melhor que de costume 2) como de costume 3) pior do que de costume 4)muito pior do que de costume 29. Tem se atrasado para chegar ao trabalho ou para começar seu trabalho em casa? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 30. Tem se sentido satisfeito com a forma pela qual você tem realizado suas atividades (tarefa ou trabalho)? 1) mais satisfeito do que de costume 2) como de costume 3) menos satisfeito do que de costume 4) muito menos satisfeito do que de costume 31. Tem sido capaz de sentir calor humano e afeição por aqueles que o cercam? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 32. Tem achado fácil conviver com outras pessoas? 1) mais fácil do que de costume 2) tão fácil como de costume 3) mais difícil do que de costume 4)muito mais difícil do que de costume ANEXO VII 33. Tem gasto muito tempo batendo papo? 1) mais tempo do que de costume 2) tanto quanto de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 34. Tem tido medo de dizer alguma coisa às pessoas e passar por tolo (parecer ridículo)? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 35. Tem sentido que está desempenhando uma função útil na vida? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) menos útil do que de costume 4) muito menos do que de costume 36. Tem se sentido capaz de tomar decisões sobre suas coisas? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 37. Tem sentido que você não consegue continuar as coisas que começa? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 38. Tem se sentindo com medo de tudo que tem que fazer? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 39. Tem se sentido constantemente sob tensão? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 40. Tem se sentido incapaz de superar suas dificuldades? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 41. Tem achado a vida uma luta constante? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 42. Tem conseguido sentir prazer nas suas atividades diárias? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) um pouco menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 43. Tem tido pouca paciência com as coisas? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) menos paciência do que de costume 4) muito menos paciência do que de costume 44. Tem se sentido irritado e mal-humorado? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 45. Tem ficado apavorado ou em pânico sem razões justificadas para isso? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 46. Tem se sentindo capaz de enfrentar seus problemas? 1) mais capaz do que de costume 2) como de costume 3) menos capaz do que de costume 4) muito menos capaz do que de costume 47. Tem sentido que suas atividades têm sido excessivas para você? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 48. Tem tido a sensação de que as pessoas olham para você? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 49. Tem se sentido infeliz e deprimido? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 50. Tem perdido a confiança em você mesmo? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume ANEXO VII 51. Tem se considerado como uma pessoa inútil (sem valor)? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 52. Tem sentido que a vida é completamente sem esperança? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume muito mais do que de costume 53. Tem se sentido esperançosos quanto ao seu futuro? 1) mais do que de costume 2) como de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 54. Considerando-se todas as coisas, tem se sentido razoavelmente feliz? 1) mais do que de costume 2) assim como de costume 3) menos do que de costume 4) muito menos do que de costume 55. Tem se sentido nervoso e sempre tenso? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 56. Tem sentido que a vida não vale a pena? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume muito mais do que de costume 57. Tem pensado na possibilidade de dar um fim em você mesmo? 1) definitivamente, não 2) acho que não 3) passou-me pela cabeça 4) definitivamente, sim 58. Tem achado algumas vezes que não pode fazer nada porque está muito mal dos nervos? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 59. Já se descobriu desejando estar morto e longe (livre) de tudo? 1) não, absolutamente 2) não mais do que de costume 3) um pouco mais do que de costume 4) muito mais do que de costume 60. Tem achado que a idéia de acabar com a própria vida tem se mantido em sua mente? 1) definitivamente, não 2) acho que não 3) passou-me pela cabeça 4)definitivamente,sim ANEXO VIII ANEXO VIII ANEXO VIII ANEXO VIII