Robô de Seringas e o Comportamento dos Fluídos Robô de Seringas e o Comportamento dos Fluídos Caio C. Mendonça, Gabrielle Banin, Henrique W. Rosa, Julio E. de Morais, Luiza A. Dias, Mateus M. Gandini, Pamela Miyazato, Rafael S. Francisco, Rhuan Buarque, Thyago Esnervelin Orientador: Jean-Jaques Bonvent, CCNH Campus Santo André Resumo Introdução: Segundo o Princípio de Pascal, a alteração de pressão produzida num líquido em equilíbrio se transmite integralmente a todos os pontos do líquido e às paredes do recipiente, além dos líquidos de diferentes propriedades modificarem o comportamento de diversos sistemas hidráulicos. Teve-se como objetivo compreender o comportamento dos fluídos, a partir da aplicação de uma ferramenta didática, o robô Metodologia: Foi construído um robô com três articulações em madeira movimentado por seringas em série, formando sistemas hidráulicos simples. Nestes sistemas foram utilizados três fluídos: álcool etílico, água destilada e glicerina. A partir desta construção e aplicação, analisou-se diversas propriedades como velocidade de fluxo, vazão e constante de Reynold. Resultados: Com base no dimensionamento da tubulação utilizada, constatou-se que o álcool e a água destilada apresentaram fluxos turbulentos, enquanto que a glicerina apresentou fluxo laminar, devido ao fato de sua viscosidade ter maior valor. Por este mesmo motivo a glicerina apresentou menor velocidade de fluxo e vazão em comparação à água e o álcool. Conclusão: A partir das análises dos resultados de comportamento do fluído, demonstrou-se que um fluído com maior vazão e menor viscosidade tem uma velocidade de fluxo maior quando comparada a um fluído com viscosidade relativamente superior. INTRODUÇÃO O Princípio de Pascal consiste na alteração de pressão produzida num líquido em equilíbrio que se transmite integralmente a todos os pontos do líquido e às paredes do recipiente1. Esse princípio pode ser facilmente observado num sistema com seringas, no qual a força em uma delas desloca o líquido e faz com que o êmbolo da outra seringa se movimente com força maior. Pode-se aplicar esta força a fim de gerar um movimento mecânico. A força necessária para movimentar o êmbolo varia de acordo com as propriedades reológicas do fluído, como densidade e a viscosidade, para a qual um líquido pode seguir as leis de Newton e apresentar a viscosidade uniforme independente da variação da força mantendo sua característica isotrópica, ou pode apresentar variação em sua viscosidade por sua deformação não ser proporcional à tensão aplicada (líquido não-newtoniano)1. O objetivo principal do projeto foi compreender o comportamento de diversos fluídos através da aplicação de uma ferramenta didática, o robô. METODOLOGIA Montagem da estrutura do robô de seringas Para efetuar a montagem do robô, foram utilizadas placas de MDF com 3 mm de espessura, cortadas e coladas como demonstra a Figura 1. Parafusos e porcas também foram utilizados para fixar melhor determinadas articulações do mesmo. A fixação das 3 seringas (de 22 mm de diâmetro), responsáveis por movimentar o braço mecânico, foi realizada com fita adesiva dupla face. Essas seringas foram conectadas a outras 3 seringas (de 15mm de diâmetro) por um tubo de silicone de 0,3 mm. Os três sistemas foram preenchidos cada um com um fluído diferente como água destilada, álcool e glicerina, e fixados à articulação 1 (art1). Figura 1 – Esboço das peças e esquema de montagem da estrutura Testes com fluídos Os testes envolvendo os diferentes fluídos tinham por finalidade avaliar as mudanças encontradas na movimentação do robô, relacionadas ao rendimento e eficiência. Papel milimetrado, transferidor e paquímetro foram utilizados para mensurar o deslocamento da articulação pela aplicação de uma força mínima constante no sistema em determinado tempo e IX Simpósio de Bases Experimentais das Ciências Naturais da Universidade Federal do ABC - 12 e 13 de agosto de 2011 Robô de Seringas e o Comportamento dos Fluídos com isso realizar o cálculo das velocidades lineares e angulares. RESULTADOS E DISCUSSÃO No sistema hidráulico construído, os êmbolos das seringas possuíam áreas diferentes, sendo que a primeira possuía área menor e a segunda – associada ao robô- área maior. Quando aplicada uma força mínima na seringa 1, a força resultante apresentada na seringa 2 foi diferente da inicial, conforme Tabela 1. Tabela 1 – Forças aplicadas em um sistema fechado FORÇAS APLICADAS NO SISTEMA (N)* Seringa 1/Bomba – Força Aplicada 16,288i Seringa 2/Prensa Hidráulica – Força Resultante 25,789 De acordo com o Princípio de Pascal, a força resultante na seringa 2 foi proporcional ao aumento da área. Se considerarmos que nos três sistemas compostos por água destilada, álcool etílico e glicerina foram aplicadas as mesmas forças, foi possível notar que a água destilada e o álcool etílico possuíram velocidades de fluxo (vf) e vazão muito próximos entre si se comparados à glicerina, conforme Tabela 2. Tabela 2 – Valores de Vazão e Velocidade de Fluxo dos três fluídos utilizados. COMPORTAMENTO DOS FLUIDOS EM UMA TUBULAÇÃO VEL. DE FLUIDO FLUXO Tubulaçã Seringa V(m/s) Seringa 1 o 2 VAZÃO - Q (m³/s) Água -7 -7 -7 3,94.10 8,69.10 4,34.1 Destilada CTE. REYNOLD (Re) 2,0498 6149,50 4,11.10 -7 9,05.10 -7 4,52.1 -7 2,1342 5335,41 Glicerina 1,57.10 -7 3,47.10 -7 1,73.1 -7 0,08182 2080,07 Álcool O escoamento dos líquidos na tubulação pode ser classificado a partir da constante de Reynolds – que considera velocidade de fluxo (vf), o diâmetro interno da tubulação (d) e a viscosidade cinemática (V) de cada fluído1,2. Para a glicerina o fluxo foi considerado laminar (velocidade de escoamento constante ao longo de todo o tubo), já que sua constante teve valores abaixo de 2300, diferentemente da água destilada e álcool etílico, cujos fluxos foram turbulentos (velocidade diminuída próximo às paredes do tubo)2. Após montar todo o sistema de três seringas com álcool etílico – fluído considerado mais eficiente - as velocidades linear e angular (arco de movimento) foram mensuradas para as três articulações do robô de seringas e pôde-se notar que houve diferença nas velocidades obtidas, conforme Tabela 3. A art3 apresentou menor velocidade se comparada a art2 e art1, assim como a art2 apresentou menor velocidade se comparado a art1. Tabela 3 – Velocidades nas articulações com fluído álcool etílico VELOCIDADE LINEAR E ANGULAR NAS ARTICULAÇÕES – FLUÍDO ÁLCOOL V(m/s) e V(rad/s) Articulação 1 – Velocidade Linear 1,58.10 -3 Articulação 2 – Velocidade Angular 2,48.10 -2 Articulação 3 – Velocidade Angular 3,29.10 -2 Os diferentes valores de velocidade encontrados podem ser justificados pelo aumento do peso em cada sistema. CONCLUSÃO A glicerina apresentou uma menor vazão e velocidade de fluxo em comparação à água destilada e o álcool etílico, devido ao fato de sua viscosidade cinemática apresentar maior valor. Também devido a sua viscosidade, a glicerina apresentou um escoamento laminar, em contraste à água e o álcool etílico que, por possuírem viscosidades menores, apresentaram fluxo turbulento. O álcool etílico demonstrou uma melhor eficiência e, por isso, foi utilizado para movimentação das articulações do robô de seringas que apresentaram diferentes velocidades lineares e angulares devido a cada articulação ter um peso específico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 BISTAFA, SR. Mecânica dos fluidos. Editora: Blucher, 2010. 2 FARACO. JFX, ARRUDA, SR, CARRADORE, AJ, DOCIATTI, MA. Hidráulica e técnicas de comando (Apostila SENAI). Florianópolis, 2004. AGRADECIMENTOS Ao professor Jean-Jaques, sempre solícito e por nos direcionar nas pesquisas; Ao professor Rodrigo Cordeiro e ao Engº Donizete (Zeppelin Systems), que nos orientaram quanto ao comportamento dos fluídos e aos cálculos hidráulicos. IX Simpósio de Bases Experimentais das Ciências Naturais da Universidade Federal do ABC - 12 e 13 de agosto de 2011