Distribuição das Cavidades Naturais na Zona da Mata Paraibana

Propaganda
Distribuição das Cavidades Naturais na Zona da
Mata Paraibana
Eduardo Pazera Jr - .Prof .Ms – UNIPE, [email protected] br
Paulo Roberto de Oliveira Rosa Prof - UFPB I [email protected]
Conrad Rodrigues Rosa - Estud. de Geografia UFPB. [email protected]
Maria José Vicente de Barros - Estud. de Geografia UFPB [email protected]
A faixa geográfica que compreende as zonas litorâneas até ao piemonte do planalto
cristalino da Borborema, envolve uma área cuja litologia é conformada por um pacote
sedimentar, que reflete uma ruptura abrupta da superfície, na linha da costa e acaba por
conformar o relevo de falésia em que o sopé é uma área de recepção do material oriundo
das superfícies mais elevadas. Por isso, esta área mais baixa é considerada um relevo de
planície. A borda superior da falésia tem altitude que varia de 15 a 19 metros e tende a
crescer. Essa altitude direciona-se ao planalto cristalino da Borborema, no entanto a
variação de altitude é relativamente modesta, chegando ao nível altimétrico de 200metros
em alguns pontos da superfície do relevo.
A drenagem é determinada pela direção Oeste-Leste e comandada pelos principais rios:
Gramame, Paraíba, Miriri, Mamanguape e Camaratuba. Esses rios têm o escoamento do seu
curso d’água em sentido Leste e apresentam uma sistuação geométrica marcada por um
certo paralelismo entre si.
Os rios que descem do planalto cristalino vêm de superfícies bem elevadas, superiores a
300 metros; já os rios que estão na zona costeira têm suas nascentes em altitudes bem
modestas.
A diferença de relevo se dá do planalto cristalino e mais abaixo, para o planalto sedimentar,
seguido da planície costeira. No entanto, algumas planícies fluviais estão no interior do
planalto sedimentar, onde são estocados os sedimentos oriundos principalmente do
planalto cristalino.
A diferença de altitude é um dos fatores que determinam a competência dos rios, e essa,
quando conjugada à extensão longitudinal, passa a determinar o gradiente de declividade,
ou seja, a altitude é um elemento mais influente a partir da menor extensão longitudinal.
As superfícies com características de planura e com baixa densidade vegetal nos remetem a
uma outra situação referente à incidência pluvial, pois se a declividade é mais intensa, a
primeira tendência é a acumulação da água sobre o solo, favorecendo a infiltração. Esta
infiltração é o resultado de situações favorecidas pela gravidade, porosidade e capilaridade
do solo. A dinâmica da interrelação dos elementos é responsável pela fisionomia da
paisagem e compreende assim as cavidades naturais na região da Mata Paraibana,
especificamente no entorno das cidades de João Pessoa e Santa Rita.
As cavidades naturais (ou cavernas) a que nos propomos a investigar, estão localizadas nas
seguintes coordenadas geográficas: Caverna do Marés - 7º 10’26’’S e 34º57’26’’O;
Caverna da Onça - 7º12’04’’S e 34º56’14’’ O; Caverna do Indio 7º13’44’’ e 34º57’40’’, ao
que tudo indica estas cavidades resultam do processo de erosão mecânica. Essas três
cavidades estão contidas numa faixa de sedimentos cuja largura é de aproximadamente 2
(dois) quilômetros no sentido Sul/Norte, este sentido está relacionado ao maior volume da
cavidade. As altitudes em que estão dispostas as cavernas variam entre os 60 e 80 metros e
a distância entre as cavidade são: Caverna do Índio, mais ao Sul até a Caverna da Onça, há
um intervalo de aproximadamente 4 (quatro) quilômetros, e desta para a Caverna do Marés
há uma distância de aproximadamente 3 (três) quilômetros.
No sentido, de realçar o trabalho dos rios e riachos que erodem o relevo dos baixos
planaltos costeiros, percebemos que as vertentes trabalhadas pelos corpos d’água têm uma
ação mais acentuada, onde há um desgaste maior provocado pela drenagem da vertente
direita dos corpos hídricos principais. A partir dos dados topográficos transversais, foi
possível traçar o perfil longitudinal dos corpos d’água que erodem o relevo dando a
conformação das cavernas.
O escoamento superficial que antecede e sucede as três cavidades investigadas, está sobre
superfícies de solo que contém grande quantidade de material areno-argiloso e pouco
consolidado; solo este que, como já foi realçado, pertencente ao Grupo Barreiras, e a
topografia que antecede a cavidade é de pouca declividade, possivelmente uma planura
com menos de 2º (dois graus). Apesar dessa pequena declividade há o deslocamento da
água em busca de seus menores níveis de energia que estão após ao término da cavidade.
Essas cavidades estão sobre uma superfície que varia entre 60 e 80 metros de altitude, e os
escoamentos são tributários de outros sistemas. A confluência é diferenciada em termos de
altitude, pois há um escoamento hídrico que é o agente ocasionador das cavidades. Esses
sistemas tributários se encontram em superfícies relativamente mais elevadas. No entanto, a
diferença de altitude em relação à foz desses três rios torna-se outro indicador importante
para que seja determinada a força de erosão.
A erosão é, no caso destas cavidades, contida pela condição do solo, ou seja, pelo fragipan.
Porém, não devemos considerar o fragipan uma rocha consolidada e sim um solo em
consolidação. A erosão regressiva é imputada pelo ravinamento provocado pelo
escoamento pluvial e contida pelo fragipan, mas este é um elemento frágil diante dos
componentes oriundos da intempérie como: energia solar, temperatura e umidade. Nesse
sentido, fez-se presente a observação de que, se não houver a proteção deste solo, a erosão
regressiva será continuada.
Estas condições ampliam a capacidade de captação , saturação e escoamento de água no e
sobre o solo, permitindo assim um processo erosivo mais atuante.
Diante das exposições levantadas, passamos a chamar a atenção sobre a dinâmica da
paisagem nas microbacias que abrigam as cavidades naturais, pois é um ambiente, a nosso
ver, frágil devido à combinação de fatores diversos e intervenientes como a ação da
intempérie de elevada intensidade e magnitude, sendo estas capazes de intensificar e dar
continuidade ao processo erosivo, depauperando a paisagem e transformando-a de forma
significativa.
Para ampliar as condições frágeis do ambiente, há no entorno das cavidades a presença de
um antropismo acentuado, cujas atividades econômicas, apesar de extensivas, são também
estressantes, pois são áreas usadas como pasto ou para o plantio de cana-de-açúcar. Estas
práticas chegam a ocupar o solo até bem próximo à cavidade .
O uso do solo pela agricultura e pela pecuária acaba provocando o desflorestamento,
proporcionando assim a colonização vegetal de gramíneas e estas acabam por dificultar a
colonização por indivíduos do tipo de formações de maior porte. No sentido de proteger
essas cavidades faz-se necessária a intervenção institucional, pois estas cavidades estão
sendo ameaçadas pela ação antrópica no seu entorno, ampliando assim o fomento natural
que propicia o trabalho erosivo dos agentes naturais.
Download