MERCADOS INSTITUCIONAIS DE GÊNEROS AGRÍCOLAS: O

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
MERCADOS INSTITUCIONAIS DE GÊNEROS AGRÍCOLAS: O
PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS (PAA) NO BRASIL SOB A
PERSPECTIVA DA RELAÇÃO RURAL-URBANO
JEFFERSON RODRIGUES DOS SANTOS 1
LUCAS VIANA DA SILVA 2
ADILSON JOSÉ PEREIRA JÚNIOR3
Resumo: O presente trabalho analisa o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), tomando a
intensidade e características das relações rurais-urbanas como pressuposto na definição dos
espaços rurais que vêm demonstrando maior engajamento ao mesmo. Para abordar essa questão,
utilizou-se a base de dados do PAA em escala nacional, localização dos centros urbanos com maior
capacidade polarizadora na rede urbana de cada estados. Os resultados indicam uma relação forte
entre a proximidade da rede urbana e a efetividade do programa.
Palavras-chave: produção agrícola, mercados institucionais, estrutura territorial
Abstract: This paper analyzes the Food Acquisition Program (PAA), taking the intensity and
characteristics of rural-urban relations as a precondition to the definition of rural spaces that have
greater engagement to it. To approach this issue, we used the PAA database on a national scale and
the location of urban centers with more polarization capacity in the urban network of each state. The
results indicate a strong correlation between the proximity of the urban network and the effectiveness
of the program.
Key-words: farm production, institutional markets, territorial sctructure.
1 – Introdução
Mercados institucionais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e
o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) representam uma importante
1
Docente do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Câmpus Rio Grande.
E-mail de contato: [email protected]
2
Discente do curso de Informática para Internet, do IFRS – Câmpus Rio Grande.
3
Discente do curso de Geoprocessamento, do IFRS – Câmpus Rio Grande.
2756
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inovação em termos de políticas públicas para o espaço rural, a agricultura familiar e
a segurança nutricional no país. Embora se tratem de experiências relativamente
recentes, apresentam aspectos importantes a serem investigados pela Geografia,
por lançarem luz a problemas pertinentes a esse campo do conhecimento.
O PAA funciona através da compra de alimentos diretamente dos agricultores,
assentados da reforma agrária e comunidades indígenas e demais comunidades
tradicionais. Atualmente pode ser operacionalizado tanto pela CONAB 4, quanto por
governos estaduais e municipais. A proposta é formar, de um lado estoques
estratégicos e distribuir alimentos para a população em situação de vulnerabilidade
social, configurando um espaço de consumo (SILVA, 2007). Na dimensão do espaço
da produção, busca o fomento à produção alimentar, a reativação de redes locais e
a influência positiva na formação de preços, reduzindo os mecanismos oligopsônicos
comuns na comercialização agrícola. Forma-se assim um mercado institucional que
viabiliza a inserção econômica e a diversificação produtiva por parte dos
agricultores, já que não existem restrições de escala para a entrada no programa.
Nos primeiros anos de funcionamento, o PAA foi operacionalizado sobretudo pela
CONAB, passando a contar com a participação de estados e municípios ao longos
dos anos.
Esse artigo aborda um debate que compõe o conjunto de objetivos de uma
pesquisa que pretende investigar as diversidade regional da implementação do
Programa de Aquisição de Alimentos no Brasil. Trata-se de um estudo em escala
nacional, e de abordagem multidimensional, já que objetiva caracterizar a produção
vinculada ao PAA, bem como os possíveis fatores limitantes para a adesão e
continuidade do mesmo, tanto os de natureza material, quanto aqueles ligados às
relações de produção estabelecidas em cada região.
A partir de uma abordagem ao PAA pretende-se aqui abordar três eixos de
discussão: a) a distância aos centros urbanos como fator importante na definição da
produção; b) o papel das cidades com nós de articulação produtiva em escala
regional e c) a vizinhança rural-urbano como potencializador de novos modelos de
4
Companhia Nacional de Abastecimento.
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mercado e emergência de redes e institucionalidades viabilizadoras de processos de
inovação e desenvolvimento.
Os resultados apresentados na sequência, ainda que em caráter preliminar,
confirmam a necessidade do aprofundamento dos estudos nas três dimensões
propostas.
2 – Anéis agrários, lugares centrais e o território como recurso: a
proximidade revisitada
A articulação entre espaços rurais e urbanos, sobretudo no que tange aos
aspectos produtivos, sua dinâmicas e definições, representa uma pauta histórica,
cuja abordagem não se esgota. Ambos são partes de uma totalidade, cujas formas,
funções e modelos de interação transforman-se constantemente. Essa condição
implica que pensar os processo rurais, sobretudo produtivos, de forma apartada da
realidade urbana resulta numa análise fragmentária, com suas consequentes
limitações. Um indício dessa indissociabilidade é a crescente dificuldade de definir
as fronteiras entre as duas dimensões, bem como um esforço, tanto no seio da
academia quando do planejamento estatal, de afastamento de uma delimitação
entre rural e urbano tomando o segundo como referencial, cabendo ao primeiro, a
condição de negação, o rural como o não-urbanizado.
Abramovay (2009) revisou as conceituações de rural em diferentes realidades
nacionais e indica, por exemplo, o surgimento de uma definição de ruralidade que
desloca-se da abordagem da oposição, ou seja, o rural como o não-urbano, para
uma concepção de rural a partir de sua relação com as cidades (ABRAMOVAY,
2009, p. 22). Excetuando as sociedades tribais, os demais modelos de sociedade
existentes na história experimentaram alguma forma de relação entre cidade e
campo (QUEIROZ, 1978). Mudaram, conforme a autora, apenas o pólo de comando,
a cada momento histórico.
Dentre as variadas formas de relação, começemos pelo básico: alimentação.
Nas palavras de Fontoura (2011, p.43) “Em qualquer tempo e qualquer cidade temos
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que pensar em uma forma de excedente de alimentos, em um sistema de trocas, e
também uma territorialidade destas trocas. Portanto, uma relação.” O que dizer
sobre a territorialidade das trocas? Há duas vertentes possíveis, a saber, a natureza
das relações sociais de troca (com a imanência do poder, os conflitos e as
concertações de interesses), e a espacialidade, tomada em sua dimensão de
distância, conectividade, acessibilidade. Como um sistema de movimentos da
matéria no espaço com suas potencialidades e freios, tomando a expressão
apresentada por Pierre George (1968)
Na direção da segunda persepectiva, Silva (2007) aponta a necessidade de
se analisar a ligação entre lugares, em conjunto com as relações entre atores, para
um refinametno dos estudos de cadeias produtivas. Define a existência de três
espaços numa perspectiva de Geografia da Alimentação, os da produção, da
transferência, e do consumo, constituindo circuitos espaciais de produção (SANTOS
e SILVEIRA, 2001). Segundo o autor, além de questões técnicas e sociais, a
peculiaridade do alimento, em sua condição de produto perecível, seria responsável
pela manutenção de relações de proximidade entre áreas de produção e consumo:
“exemplos clássicos estão ligados a boa parte dos hortigranjeiros (numa alusão aos
famosos “cinturões verdes”)” (SILVA, 2007, p. 3). Mas uma manifestação das
combinações de fatores físicos, biológicos e humanos, das quais falou André
Cholley (1964).
A abordagem ao clássico sistema dos anéis agrários de Von Thünen
(WAIBEL, 1979) pode contribuir para a análise. O autor propõe, no escopo de um
modelo conceitual, a existência de uma relação de equilíbrio espacial entre o preço
da terra, os custos de transporte, e a perecibilidade dos alimentos. Dessa forma, as
atividades produtivas se organizariam em torno da cidade numa relação de
distância, nível de especialização e escala de produção. Esse modelo poderia
explicar a presença das variedades olerícolas no entorno das cidades, num circuito
de abastecimento caracterizado pela proximidade. Ao longo de um processo de
distanciamento, surgiriam as culturas de grãos e pecuária, com maiores escalas e
mais especializadas.
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Mas a produção alimentar diversificada não se localiza próxima às cidades
apenas pela necessidade logística. É no urbano onde se localiza a demanda para o
excendente, cujo papel é indiscutível nas estratégias das unidades familiares no
interior de uma sociedade capitalista. De um modelo de mercado simples, de venda
direta a uma feira ou a entrega dos produtos a um atravessador, gradativamente
surgem modalidades cada vez mais complexas de mercados, em distintas
articulações entre atores. O mercado alimentar de massa, o de luxo ( WILKINSON,
2008), os mercados de nichos, oportunizados por grupos sociais em profusão nos
espaços das cidades, como os demandantes por produtos orgânicos, por exemplo.
A presença do complexo de transformação dos restaurantes e demais locais
dedicados à transformação da produção agrícola em alimento, e as indústrias. Mais
recentemente, os mercados chamados institucionais, caracterizados pelo esforço do
Estado em criar novos contatos entre produtores e demandantes de alimentos,
minimizando os problemas de barreira à entrada, de escala sobretudo, enfretados
pelos pequenos produtores rurais.
Como lugar central, numa perspectiva christalleriana (CORREA, 2011), a
cidade, ou melhor dizendo, uma rede formada por diversas delas em diferentes
níveis hierárquicos orquestram um sistema regional, que oportuniza possibilidades
de inserção da produção agrícola. A localização da propriedade familiar na região de
influencia de um sistema urbano complexo, é fator positivo, como se retira do trecho
a seguir:
O bem estar econômico das áreas de povoamento mais
disperso está ligado e depende da atividade econômica das
áreas mais densamente povoadas. Não é uma coincidência
que as áreas rurais mais prósperas tenham estreitos laços
econômicos com outras partes do mundo e com grandes
centros urbanos (ABRAMOVAY, 2009, P. 35)
Para além de uma lógica espacial baseada em custos de transporte, os
efeitos de proximidade emergentes das relações rural-urbano constituem atributos
territoriais específicos, como as redes de atores estruturados, a facilidade de
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
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comunicação e de articulação entre atores e organizações, aspectos positivos para
estratégias inovadoras dependentes de um processo de aprendizagem pari passu a
prática (learnin by doing). O território, em sua dimensão de coexistência dos atores,
seus processos históricos de acúmulo de conhecimento e práticas organizacionais e
produtivas, são atributos territoriais de natureza específica, que não podem ser
transferidos momentaneamente de um lugar para outro, são enraizados (BENKO E
PECQUEUR, 2001). Uma região articulada num tecido rural-urbano-rural-urbano,
tem, para além dos sistemas materiais de transporte, um conteúdo histórico como
vantagens comparativas.
A proximidade é um fator extremamente positivo nessa questão. Silva (2009),
ao concatenar os conceitos de espaço social alimentar com a ideia de circuitos
espaciais de produção apresenta o conceito de circuitos de proximidade definidos
como formas de circulação do excedente, destinadas ao consumo local ou regional.
Teriam segundo o autor, capacidade de favorecer o dinamismo e protagonismo dos
atores locais nos processos de desenvolvimento.
Numa análise que se aproxima do tema proposto, Storper e Venables (2005)
discutem a manutenção da concentração geográfica das atividades produtivas em
alguns centros industrias, malgrado a redução dos custos de transporte, fator
favorável à dispersão. Segundo os autores, a manutenção desses centros de
concentração necessita ser analisada à luz da perspectiva do intercâmbio de
informações, conhecimento e ideias, possibilitados pelo contato face a face, o
burburinho das cidades, dizem os autores. Seguindo a tradição marshalliana dos
distritos industriais, os autores apontam o importante aspectos da intensidade das
relações de proximidade como base para o encadeamento de processos inovadores.
A respeito de inovação na agricultura, Wilkinson (2008) aponta que, num
cenário de relações assimétricas nos sistemas de integração agroindustrial aos
quais os agricultores familiares se articulam, surge a necessidade de criação de
novos mercados e formas organizacionais, com a necessidade concomitante de
novos padrões de aprendizagem. Seja na tentativa de enquadramento aos
mercados convecionais, com suas barreiras de escalas, custos e critérios de
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qualidade, seja na busca por formas alternativas de reconversão (mercados
artesanais, nichos alimentares específicos), são fatores determinantes diferentes
níveis de associação, com diferentes soluções para o processo de aprendizagem.
Se usando a terminologia de Santos (2002) a proposta é dar relevo à
horizontalidade, frente à verticalidade que subordina, a co-presença proporcionada
pela proximidade rural-urbano é fator a ser incorporado e refinado teoricae
metodologicamente pelas pesquisas.
3 – Procedimentos Metodológicos
Os procedimentos metodológicos, além de uma revisão de literatura
pertinente ao tema proposto e dos relatórios oficiais produzidos até o momento,
consistiram na busca de dados oficiais do programa, em escala nacional5, bem como
organização de uma base de dados cartográficos (arquivos vetoriais das bases
municipal, estadual, regional e rodovias) para análises espaciais. Um aspecto
importante a ser relatado: os dados do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
embora extremamente ricos em termos de detalhamento, carecem de um intervalo
temporal mas longo, visto que só passaram a ser disponibilizados abertamente a
partir do ano de 2011. As informações relativas aos anos 2003-2010 podem ser
observadas apenas de forma qualitativa (mapas com municípios participantes) ou na
forma de totais por estado. Assim, os dados capazes de uma análise na escala e
escopo propostos neste trabalho, restrigem-se ao período 2011 – 20136.
Os dados foram organizados num banco de dados, operado através de
linguagem computacional, dada a dimensão das informações. Foram realizadas
consultas e tabulações. Também foi utilizada a categorização da hierarquia urbana
5
Os resultados aqui apresentados fazem parte do projeto intitulado “Diferenças Regionais nos
Mercados Institucionais: uma Investigação dos Programas de Aquisição De Alimentos (PAA) e
Programa Nacional de Alimentação Escolar no Brasil e no sul do Rio Grande do Sul”, viabilizado por
recursos do CNPq e PROPI – IFRS.
6
Há o problema na demora da consolidação dos dados. Até a data da redação deste trabalho, os
dados de 2014 ainda eram considerados não consolidados, sendo prudente descartar
temporariamente o último ano da série
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proposta pelo IBGE (2008), para a observação dos dados vis-à-vis a localização dos
centros urbanos de maior relevância na rede de cada estado7. Foram computados
os quantitativos de contratos firmados entre agricultores e o PAA em suas diferentes
modalidades, através de círculos concêntricos (buffers) contabilizando os totais num
raio de 40 quilômetros dos principais centros urbanos da rede de cada estado, em
intervalos de 20 quilômetros.
4 – A lógica territorial do PAA: observações preliminares de um
problema
A análise dos dados e mapas do programa no período 2003-20108 revela
inconstância na política, no que diz respeito à participação dos agricultores de
determinados municípios. Os relatórios-síntese das oficinas de avaliação do PAA do
ano de 2006 realizadas nas regiões sul e nordeste relatam diversos problemas de
escopo organizacional, baseados nas dificuldades de comunicação e coordenação
entre os envolvidos no programa, bem como conflitos políticos relacionados às
diversas escalas de poder que se cruzam e materializam na realidade dos
municípios.
Como problema de ordem infraestrutural, destaca-se: “A falta de estradas
adequadas e falta de meio de transporte dificultam a implementação do Projeto e
oneram ainda mais o custo dos produtos para agricultores/as e organizações
proponentes” (CONAB, 2006a, pg 15). Já no relatório da região Nordeste (2006b, p.
19), lê-se: “As organizações situadas no interior têm que viajar grandes distâncias
para entregar/apresentar o projeto na sede Estadual da CONAB” e “As regiões com
grandes distâncias entre comunidades enfrentam maiores dificuldades para
transporte, acesso ao PAA e articulação entre os produtores. (op. cit. p. 21).
7
8
Considerados a partir da categoria Centro Regional A.
Os mapas do programa no período
http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1406&t=
2003-2010
podem
ser
acessados
em:
2763
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
Com base nos dados recentes, já disponibilizados de forma aberta, pode-se
confirmar esse comportamento incostante do programa. A tabela 1 evidencia que as
esferas estadual e municipal também não viabilizam o programa em todas regiões e
estados brasileiros, sendo apenas a CONAB onipresente.
Tabela 1: Contratos PAA (por modalidade) - Brasil (2011-2013)
Região
Sul
Sudeste
CentroOeste
Nordeste
Norte
DF
UF
RS
SC
PR
SP
RJ
ES
MG
MS
MT
GO
TO
BA
SE
AL
PE
PB
PI
RN
CE
MA
PA
AP
AM
RR
AC
RO
2011
6571
8721
7587
12996
1281
2382
9977
2214
3108
2051
650
8840
3449
2544
7536
2145
1275
4321
3504
4150
1609
292
1860
483
656
1522
209
Conab
2012
17571
12310
12081
18523
965
2453
10060
2428
4587
2543
519
10440
4068
3600
1639
2318
2595
5026
1984
5524
2167
563
1561
661
988
1630
-
2013
3064
963
3501
8641
621
892
1268
1843
1287
1404
576
3010
288
1577
1632
2593
1125
1160
309
1815
110
728
1102
476
537
790
100
Estadual
Municipal
2011
2012
2013
2011 2012
2013
1691 1249
4408
370
837
590
35630 22655 25141 2674 4983
6980
10850 12632 10404
129
105
18
1591 1770
1790
14904 19729 15782
1100
399
153
815
1339
2613
10014 5684
6578
603
4971 12589 17211
118
226
60
104
412
205
958
1541
1601
1052
567
1828
2485
5957
7177
4011 3431
3867
466
747
816
3796 4643
4200
7384
7255
6215
4557
1284
7274
76
186
8
1898
3248
2681
7481 9620 14212
3537 4325 10097
711
2995
3514
358
289
662
2175
4020
695
260
456
554
6212
7796 22006
3982
1488
1930
302
1423
2565
1312
-
2011
68508
34956
16824
36540
59232
66444
21240
28164
18396
-
Leite
2012
6016
2211
3240
5413
4679
939
3972
2351
-
2013
5051
1567
3877
5319
1097
755
2625
-
Fonte: PAA Data (MDS), 2015.
Organização: Os autores, 2015.
A Região Nordeste é aquela que apresentou o maior nível de execução em
todas as modalidades, tendo inclusive uma modalidade com enfoque regional, a do
leite, política também direcionada ao norte de Minas Gerais. Tal modalidade
apresentou uma variação extrema no número de contraros, fato que ainda será
investigado em seu pormenor, mas Costa (2009), indica a ocorrência de apropriação
dos programa por produtores de médio e grande porte no estado do Rio Grande do
Norte, devido as dificuldades logísticas dos pequenos produtores.
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
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No tocante ao peso da distância da rede urbana sobre a intensidade de
ocorrência do programa, serão apresentados dois exemplos regionais distintos, dada
a impossibilidade de apresentar todos os resultados no espaço deste artigo.
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
40km
20km
Figura 1: Quantidade de contratos PAA em função da distância aos centros urbanos regionais.
Rio Grande do Sul (2011)
Fonte: Dados (PAA DATA). Organizado pelos autores.
1400
1200
1000
800
600
400
40km
20km
200
0
Figura 2: Quantidade de contratos PAA em função da distância aos centros urbanos regionais.
Região Centro-Oeste (2011)
Fonte: Dados (PAA DATA). Organizado pelos autores.
Os dados do estado do Rio Grande do Sul e da Região Centro Oeste revelam
a alta concentração de agricultores participantes do programa localizados em
municípios sob a área de influencia de centros urbanos regionais de maior
2765
A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
capacidade polarizadora em cada estado (Centro Regional A e superiores). As
análises dos demais estados brasileiros revelam dinâmica semelhante, apesar do
esforço do programa em atingir as regiões mais remotas de cada estado.
5 – Considerações Finais
Seja pelo custo logístico, pela perecibilidade do alimento, ou pela riqueza e
oportunidades das relações de proximidade, a relação entre a distância ao urbano e
as possibilidades de ação dos agricultores familiares são um debate a ser encarado
pelos geógrafos, malgrado o temor de um determinismo espaciológico que o tema
possa sucitar. Não se trata de lançar um veredito fatalista, mas de indicar uma
dimensão de problemas a serem considerados pelas políticas públicas, uma
contribuição positiva e genuína que a Geografia pode oferecer. Ao mesmo tempo,
um campo para o refinamento e amadurecimento das teorias e métodos dessa
ciência.
As distância remota ao centros urbanos pode ser vencida pelas tecnologias
de transporte e comunicação. Mas é preciso tambem vencer sua herança histórica,
sua marca territorial que define situações de especialização e resistência à
estratégias de reconversão. Resistência por parte dos agricultores que não se
baseia em comportamento refratário gratuito, mas no acúmulo de experiênicas
concretas.
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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
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