PANORAMA DE O LIXO HOSPITALAR NO BRASIL Carlos Eduardo

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PANORAMA DE O LIXO HOSPITALAR NO BRASIL
Carlos Eduardo Balestrin Flores
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade
de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
[email protected] Fone: (55) 81482714
Fernando Cuenca Rojas
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade
de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
[email protected] Fone: (54) 99004405
Tatiane Baldissera
Estudante de Graduação do curso de enfermagem, Universidade de Passo Fundo, Passo
Fundo, RS, Brasil. [email protected] Fone: (54) 96753791
RESUMO
A geração de resíduos sólidos de serviços (RSS) de saúde vem crescendo a cada ano no
Brasil e é claro que o manejo, processamento e disposição final deles é fundamental para o
seu tratamento adequado. O presente estudo apresenta um panorama geral do lixo
hospitalar no Brasil em função da legislação brasileira resíduos sólidos. Realizando uma
pesquisa integrativa e uma revisão minuciosa dos diferentes órgãos municipais, estaduais e
federais do país. Atualmente o Brasil tem um índice médio de 1,3 Kg/hab/ano de lixo RSS e
um total de 4,5 kg de resíduos/leito ocupado/dia. A disposição final dos RSS no brasil é
basicamente sustentando pela incineração, autoclave e Micro-ondas.
Palavras Chave: RSS, lixo hospitalar, resíduos
ABSTRACT
The generation of solid waste services (RSS) of health has been growing each year in Brazil
and of course the handling, processing and disposal of them is fundamental to its proper
treatment. This study presents an overview of the medical waste in Brazil in the light of the
brazilian solid waste legislation. Performing a search and a thorough review of the integrative
different local, State and federal agencies in the country. Brazil currently has an average of
1.3 Kg/inhab/year RSS garbage and a total of 4.5 kg of wastes/busy/day bed. The final
disposal of RSS is basically supporting the incineration, autoclaving and microwave.
Keywords: RSS, medical waste, residues
1
INTRODUÇÃO
Através do surgimento de novos padrões de vida desencadeou-se o crescimento de
grandes centros urbanos e com isso o consumo excessivo de produtos de inovação
tecnológica. Por serem obsoletas, as mercadorias rapidamente transformam-se em
resíduos. O descarte inadequado desses resíduos trouxe riscos e compromete os recursos
naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.
Os resíduos da saúde estão inseridos dentro desta problemática e vem assumindo
posição importante nos últimos anos. Para a Agência Nacional da Vigilância Sanitária
(Anvisa,2006), os resíduos hospitalares representam potencial risco para a saúde
ocupacional dos profissionais que os manipulam, seja os profissionais da saúde, seja o
pessoal do setor de higiene e limpeza e também para o ambiente, cujas características
podem ser modificadas devido a disposição final inadequada dos resíduos hospitalares.
Segundo o conceito do Ministério de Saúde do Brasil, os danos causados ao meio
ambiente afetam toda a sociedade, cujo modelo de organização – individualista, consumista
e descartável, dificulta o entendimento, por parte de cada cidadão, da sua parcela de
responsabilidade diante dos problemas ambientais (BRASIL, 2016).
Os resíduos de serviços de saúde são geralmente considerados apenas aqueles
provenientes de hospitais, clínicas médicas e outros grandes geradores. Tanto que os
resíduos de serviços de saúde são muitas vezes chamados de “lixo hospitalar”. Entretanto,
resíduos de natureza semelhante são produzidos por geradores bastante variados, incluindo
farmácias, clínicas odontológicas e veterinárias, assistência domiciliar, necrotérios,
instituições de cuidado para idosos, hemocentros, laboratórios clínicos e de pesquisa,
instituições de ensino na área da saúde, entre outros.
Considerando que menos de 10% do volume total dos resíduos sólidos hospitalares
produzidos são constituídos de lixo infeccioso, a classificação previa na fonte produtora
devera reduzir o volume atualmente destinado à disposição correta (LUCCHIN, 2009).
A gestão compreende as ações referentes às tomadas de decisões nos aspectos
administrativo, operacional, financeiro, social e ambiental e tem no planejamento integrado
um importante instrumento no gerenciamento de resíduos em todas as suas etapas geração, segregação, acondicionamento, transporte, até a disposição final -, possibilitando
que se estabeleça de forma sistemática e integrada, em cada uma delas, metas, programas,
sistemas organizacionais e tecnologias, compatíveis com a realidade local (ANVISA, 2006).
Um plano de Gerenciamento de RSS (Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde) é um
instrumento que tem por finalidade estabelecer cada etapa deste processo: classificação,
geração, segregação (separação), acondicionamento, coleta interna e externa, transporte,
armazenamento, tratamento e disposição final, além do manejo seguro e uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Ê fundamental compreender que todo Serviço de Saúde deve, obrigatoriamente,
elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos e submeter à aprovação do órgão
fiscalizador determinado pelo município, seja ligado ao meio ambiente e/ou à saúde.
Segundo Formaggia (1995) alguns requisitos, como alguns citados a seguir, são
primários e devem ser obedecidos por qualquer estabelecimento gerador do resíduo
hospitalar:

Higiene e Limpeza devem ser consideradas palavras de ordem do estabelecimento
de serviço de saúde;

Todos os profissionais do estabelecimento devem estar conscientizados de sua
responsabilidade, conhecer corretamente todos os procedimentos preconizados no
manuseio, coleta e transporte de RSS. Devem conhecer símbolos gráficos ou padrões de
cores adotados, existência ou não de segregação, horários e percurso de coleta de
resíduos;

No caso de hospitais, o gerenciamento dos RSS deve ser avaliado e acompanhado
pela CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar), particularmente no que se refere
à programação de treinamentos para profissionais de setores de higiene e limpeza, e pela
conscientização geral do staff do hospital no que concerne a problemática dos RSS.
Os RSS são parte importante do total de RSU, não em função da quantidade gerada
(cerca de 1% a 3% do total), mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao
meio ambiente (ANVISA, 2006).
O presente estudo foca em mostrar uma analise e revisão da legislação federal e
estadual do gerenciamento dos RSS no Brasil, centralizando e detalhando cada etapa do
processo desde a classificação ate a disposição final como indica a Lei Federal 12.305/2010
a qual relata a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
2
OBJETIVOS
2.1
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral da pesquisa é analisar e avaliar a legislação atual do gerenciamento
de RSS no Brasil desde a geração ate a disposição final.
2.2
OBJETIVOS ESPECIFICOS
Os objetivos específicos são:

Avaliar o panorama geral da legislação brasileira no gerenciamento de RSS.

Analisar o item de gerenciamento de RSS no Plano Estadual de Residuos Sólidos do
Rio Grande do Sul.

Listar e classificar os diferentes processos do Resíduo Hospitalar com a legislação
brasileira.
3
METODOLOGIA
O estudo foca-se em uma revisão e analise da legislação brasileira em questão ao
Gerenciamento de Residuos Sólidos de Serviço de Saúde (RSS) ou comumente conhecido
como Resíduo Hospitalar gerado em diferentes centros de atendimento a saúde humana
e/ou animal.
Etapas do manejo dos RSS:
a)
Caracterizar os resíduos gerados.
b)
Classificar os resíduos, segundo a legislação vigente.
c)
Implantar sistema de manejo interno, que compreende geração, segregação,
acondicionamento, identificação, tratamento preliminar, coleta e transporte interno,
armazenamento temporário e externo. Além de higienização e segurança ocupacional.
d)
Acompanhar as fases do manejo realizadas fora do estabelecimento de saúde, como
a coleta e transporte externo, que geralmente são realizados por outras instituições, mas
que continuam sendo de responsabilidade do estabelecimento gerador.
Uma revisão da legislação brasileira como o a PERS-RS/2015 (Plano Estadual de Residuos
Sólidos) mostra o manejo dos RSS, porem trataremos os dados gerais em etapas
apresentadas na Figura 1.
Figura 1 – Etapas do processo do manejo dos RSS.
Segregação
Acondicionamento
Idenificação
Coleta Interna I
Armazenamento Interno
Coleta Interna II
Armazenamento Externo
Coleta Externa
Tratamento
Disposição Final
Fonte: Adaptado Lucchin, 2009.
4
DESENVOLVIMENTO
De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e a Resolução CONAMA no 358/2005,
são definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à
saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de
campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços
onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e
farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da
saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro,
unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem,
dentre outros similares.
4.1
Classificação dos Resíduos Sólidos
Quanto à classificação dos resíduos sólidos, encontramos a sobreposição de algumas
delas, emitidas por alguns órgãos que dificultam o enquadramento dos referidos resíduos.
Termos a Associação de Normas Técnicas, de maio de 2004, que avalia o risco
potencial ao Meio Ambiente e à Saúde Publica, conhecida como a NBR 10004- Residuos
Sólidos- Classificação- estabelecendo dois classes, conforme apresentado a seguir, mas
não contempla os rejeitos radioativos, considerando ser estes de competência exclusiva da
CNEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear.
a) Resíduos de Classe I - Perigosos;
Podem apresentar risco a saúde publica e ao meio ambiente, em função de suas
propriedades físico-químicas e infectocontagiosas. Devem apresentar também, ao menos
umas das seguintes características, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e
patogenicidade.
b) Resíduos de Classe II – Não perigosos;
Os resíduos não perigosos se subdividem em dois subclasses: resíduos classe II A –
Não inertes e resíduos classe II B – Inertes.
Resíduos classe II A - Não inertes.
Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos
ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos da Norma 10004/2004. Os resíduos classe II
A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em água.
Resíduos classe II B – Inertes
Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo
a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou
deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
4.1.1 Classificação dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSS)
A ANVISA- Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, após amplo e polemico debate,
em dezembro de 2004 publicou a RDC nº 306, resolução que busca harmonizar questões de
saúde e meio ambiente, conciliando suas próprias determinações com as do CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente. A partir dessa resolução foi resolvido o principal
ponto de conflito: a classificação dos resíduos dos Serviços de Saúde.
Os resíduos são divididos em cinco grupos, sendo:
GRUPO A – Risco Biológico
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características, podem apresentar risco de infecção.
A1
- Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos,
exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;
meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de
culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
- Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com
relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que
se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja
desconhecido.
- Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação
ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta
incompleta.
- Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e
materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos
corpóreos na forma livre.
A2
- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como
suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de
microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que
foram submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica.
A3
- Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais,
com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade
gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha
havido requisição pelo paciente ou familiar.
A4
- Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
- Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento
médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
- Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções,
provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes
Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação,
ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente
importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de
contaminação com príons.
- Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro
procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.
- Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha
sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
- Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos
cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica.
- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não
submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como
suas forrações.
- Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.
A5
- Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais
materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza
de contaminação com príons.
GRUPO B – Risco Químico
Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde
pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade.
-
Produtos
hormonais
e
produtos
antimicrobianos;
citostáticos;
antineoplásicos;
imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; antirretrovirais, quando descartados por
serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e
os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS
344/98 e suas atualizações.
- Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados;
reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.
- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).
- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas
- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT
(tóxicos, corrosivos, Inflamáveis e reativos).
GRUPO C – Rejeitos Radioativos
Quaisquer
materiais
resultantes
de
atividades
humanas
que
contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas
do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
- Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos,
proveniente de laboratórios de análises clinica, serviços de medicina nuclear e radioterapia,
segundo a resolução CNEN-6.05.
GRUPO D – Resíduo Comum
Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao
meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
- papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário,
resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises,
equipo de soro e outros similares não classificados como A1;
- sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
- resto alimentar de refeitório;
- resíduos provenientes das áreas administrativas;
- resíduos de varrição, flores, podas e jardins.
- resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde
GRUPO E – Perfurocortantes e Escarificantes
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas,
lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e
todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e
placas de Petri) e outros similares.
No apêndice II da RDC nº 306/2004 da ANVISA encontramos a Classificação de
Agentes Etiológicos Humanos e Animais, segundo a instrução Normativa Ctnbio nº7 –
06/06/1997 e as Diretrizes Gerais para o trabalho em Contenção com Material Biológico de
Ministério de Saúde/2004, descritas a seguir:
Quadro 1: Classificação de Agentes Etiológicos Humanos e Animais
Classe de Risco 4
Bactérias
Nenhuma
Fungos
Nenhuma
Parasitas
Nenhuma
Vírus e Micro plasmas
Agentes da Febre Hemorrágica ( CriméiaEncefalites transmitidas por carrapatos
Congo, Lassa,
(inclui o vírus da
Junin, Machupo, Sabiá, Guanarito e outros
Encefalite primavera-verão Russa
ainda não
identificados)
Vírus da Doença de Kyasanur, Febre
Herpesvírus simiae (Monkey B vírus)
Hemorrágica de Omsk e vírus da Encefalite
da Europa Central).
Mycoplasma agalactiae (caprina)
Mycoplasma mycoides (pleuropneumonia
contagiosa
bovina)
Peste equina africana
Peste suína africana
Varíola caprina
Varíola de camelo
Vírus da dermatite nodular contagiosa
Vírus da doença de Nairobi (caprina)
Vírus da doença de Teschen
Vírus da doença de Wesselsbron
Vírus da doença hemorrágica de coelhos
Vírus da doença vesicular suína
Vírus da enterite viral dos patos, gansos e Vírus da febre aftosa (todos os tipos)
cisnes
Vírus da febre catarral maligna
Vírus da febre efêmera de bovinos
Vírus da febre infecciosa petequial bovina
Vírus da hepatite viral do pato
Vírus da louping III
Vírus da lumpy skin
Vírus da peste aviaria
Vírus da peste bovina
Vírus da peste dos pequenos ruminantes
Vírus da peste suína clássica (amostra
selvagem)
Vírus de Marburg
Vírus de Akabane
Vírus do exantema vesicular
Vírus Ebola
Fonte: ANVISA, 2004.
Obs.- Os microrganismos emergentes que venham a ser identificados deverão ser
classificados neste nível até que os estudos estejam concluídos.
4.2
Segregação e Acondicionamento
A segregação é uma das etapas mais importante, pois consiste na separação dos
resíduos no momento e local de sua geração, levando em consideração suas caraterísticas
física, químicas e biológicas.
A segregação deve ser feita de acordo com o tipo de classificação que cada resíduo
se enquadra, facilitando a coleta, transporte, tratamento e destinação final.
Conforme descrita na RDC ANVISA 306/2004, os resíduos sólidos devem ser
acondicionados em saco constituído de material resistente a ruptura e vazamento,
impermeável, baseado na NBR 9191/2008 da ABNT, respeitados os limites de peso de cada
saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.
Para os resíduos do Grupo A, os sacos devem ser de cor branca e simbologia de
substância infectante, contidos em recipientes e material lavável, resistente à punctura,
ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com
cantos arredondados e ser resistente ao tombamento, possuir fundo branco e símbolo de
substância infectante.
O Grupo A subdivide-se em 5 subgrupos, A1, A2, A3, A4 e A5, devendo cada
subgrupo ter acondicionamento diferenciado. Todos deverão ter saco leitoso branco
submersos em recipiente com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual,
apresentado simbologia de substância infectante. Porém na tampa, deve conter adesivo
indicando o subgrupo e os resíduos que devem ser depositados no recipiente.
Os resíduos do Grupo B, os sacos devem ser de cor branca com símbolo de
substância tóxica representado por uma caveira. Os sacos são contidos em recipientes
resistentes, com tampa provida do sistema de abertura sem contato manual, apresentado
simbologia de substancia infectante.
Os resíduos do Grupo C são representados pelo símbolo internacional de presença
de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos
pretos, acrescido da expressão Rejeito Radioativo.
Os resíduos comuns, classificados no Grupo D, são acondicionados em sacos pretos
dispostos em recipientes abertos ou com tampa, encontrados no setor administrativo,
recepção, corredores.
Os resíduos classificados no Grupo E, por serem materiais perfurocortantes, seus
acondicionamentos deverá ser em recipientes rígidos de forma que evitem eventuais
contatos ou danos aos manipuladores.
4.3
Da Geração de Resíduos ao Transporte Externo
É necessário conhecer os resíduos gerados em um estabelecimento de saúde, por
meio de uma metodologia de caracterização que inclui a avaliação qualitativa (composição)
e a quantitativa (atual e projetada) desses materiais, observando as seguintes etapas:

Identificacao de resíduos dos diferentes grupos;

Segregação, coleta e armazenamento na fonte de geração, de acordo com a
classificação estabelecida;

Pesagem, durante sete dias consecutivos, para determinar a quantidade gerada.
O quadro 2 a seguir ilustra uma possível situação de identificação dos resíduos
gerados de acordo com os locais ou modalidade de atendimento, porem recomenda-se que
cada unidade faça sua própria avaliação (BRASIL, 2001).
Quadro 2 – Fontes geradoras.
Fonte Geradora
Nos Hospitais
Ambulatório
Autopsia
Centro Cirúrgico
Isolamento
Medicina Interna
Radiologia
Unidade de Terapia Intensiva
Urgência/emergência
Nos Laboratórios
Bioquímica
Coleta
Hematologia
Medicina Nuclear
Microbiologia
Patologia Clinica
Nos serviços de apoio
Administração
Almoxifarado
Área de circulação
Banco de sangue
Central de Esterilização
Cozinha
Farmácia
Lavanderia
Fonte: Lucchin, 2009.
Risco
Biológico
Risco
Químico
Rejeito
Radioativo
Residuos
Comuns
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
4.4
Estimativa de Geração
O resultado da pesquisa nos permite projetar que dos 5.570 municípios brasileiros,
4.526 prestaram em 2014, total ou parcialmente, serviços atinentes ao manejo dos RSS,
levando a um índice médio de 13 kg por habitante/ano. O total coletado cresceu 5,0% em
relação a 2013 enquanto que índice médio por habitante revelou um crescimento de 4,1%
no mesmo período.
No atendimento à saúde humana os estabelecimentos que mais geram RSS são os
hospitais. No Rio Grande do Sul existem 377 hospitais (entre estabelecimentos privados e
públicos), localizados em 274 dos 497 municípios do Estado, totalizando 31.575 leitos
(DATASUS, 2014).
Foram obtidos dados do Sindicato dos Hospitais de Porto Alegre (SINDIHOSPA),
referentes a oito hospitais da capital: Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Hospital
Divina Providência (HDP), Hospital Ernesto Dorneles (HED), Hospital Mãe de Deus (HMD),
Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), Instituto de Cardiologia (IC-FUC), Complexo
Hospitalar Santa Casa (CHSC) e Grupo Hospitalar Conceição (GHC).
4.5
Coleta de RSS Executada pelos Municípios
Em virtude da legislação atribuir aos geradores a responsabilidade pelo tratamento e
destino final dos RSS, grande parte dos municípios coletam e dão destinação final apenas
para os resíduos deste tipo gerados em unidades públicas de saúde conforme indica Tabela
1.
Tabela 1: Coleta Municipal de RSS.
2013
RSS Coletado / Índice
População
2014
RSS Coletado
Índice
(Kg/hab/ano)
Total
(t/ano)
(Kg/hab/ano)
Norte
9.174 / 0,539
17.261.983
9.635
0,558
Nordeste
36.458 / 0,653
56.186.190
38.519
0,686
Centro-Oeste
18.894 / 1,260
15.219.608
19.625
1,289
Sudeste
174.266 / 2,063
85.115.623
182.880
2,149
Sul
13.436 / 0,467
29.016.114
14.182
0,489
252.228 / 1,254
202.799.518
264.841
1,306
Regiões
BRASIL
Fonte: ABRELPE e IBGE, 2014.
É sob esta ótica que devem ser interpretados os dados apresentados na Figura , que
mostra um crescimento de 5,0% nas quantidades de RSS coletados pelos municípios em
2014 relativamente a 2013.
Figura 2 - RSS Coletados pelos Municípios do Brasil e Regiões (tx1000/ano).
Fonte: ABRELPE, 2014.
4.6
Tratamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde
Entende-se por tratamento dos resíduos sólidos, de forma genérica, quaisquer
processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que alterem as
características dos resíduos, visando a minimização do risco à saúde, a preservação da
qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador (ANVISA,2006).
Tratamento de resíduos de serviço de saúde é definido como o “conjunto de
unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas, físico-químicas,
químicas ou biológicas dos resíduos e conduzem a minimização do risco a saúde pública e
a qualidade do meio ambiente” (CONAMA n° 358 ̸ 05) (BRASIL, 2005).
As estratégias de tratamento devem levar em conta:

Redução na fonte de resíduos gerados;

Redução do desperdício de matérias – primas;

Modificação de processos existentes de forma a minimizar os riscos.
Existem vários procedimentos de tratamento de RSSS, associados a diferentes
grupos de resíduos.
Para efeito de tratamento, merecem destaque os resíduos do GRUPO A (risco
biológico), do GRUPO B (risco químico) e do GRUPO C (rejeitos radioativos). Cada um
desses grupos de resíduos tem características próprias, o que implica em tratamento
especifico apresentados no quadro 3.
Quadro 3 – Resumo dos métodos de tratamento e disposição final dos RSS.
Métodos de
Tratamento
Grupos de RSS
Grupo A Grupo B
Grupo C
Biológico Químico Radioativo
X
Redução
Volume
Eficiência
Desinfecção
Alta
Alta
Processo
Impacto
ambiental
Custo
Operação
Cap.
Trat.
Baixo
Alto
Sem
Limites
Média
Baixa
Média
Alta
Muito
Baixa
Incineração
X
Autoclave
X
Baixa
Alta
Baixo
Médio
Tratamento
Químico
Microondas
Decaimento
X
Baixa
Incompleta
Médio
Médio
X
Baixa
Alta
Baixo
Alto
X
X
*Cap.Trat. : Capacidade de Tratamento
Fonte: BRASIL,2005.
No caso de resíduos que possuam características que os enquadrem em mais de um
grupo, o tratamento deve compatibilizar as exigências de cada grupo. Por exemplo, resíduos
com risco biológicos contaminados com rejeitos radioativos deverão ser tratados,
inicialmente como rejeitos radioativos e, posteriormente (após o tempo de decaimento),
como resíduos com risco biológico; resíduos com risco biológico contaminados com
resíduos com risco químico devem ser tratados como resíduos com risco químico.
4.7
Destinação Final dos RSS Coletados pelos Municípios no Brasil
De acordo com o destacado no item anterior a coleta de RSS executada pela maioria
dos municípios é parcial, o que contribui significativamente para o desconhecimento sobre a
quantidade total gerada e o destino real dos RSS no Brasil. A Figura apresenta um quadro
sobre como os municípios destinaram os resíduos coletados em 2014, onde “Outros”
compreende a destinação em aterros, valas sépticas e lixões.
Figura 3 - Destino Final dos RSS Coletados pelos Municípios em 2014.
Fonte: ABRELPE, 2014.
Figura 4 - Percentual de Municípios por modalidade de Destinação de RSS.
Fonte: ABRELPE, 2014.
As capacidades Instaladas dos tratamentos de RSS no brasil são apresentadas na
tabela 2, como foco geral em cada região do pais.
Tabela 2 - Capacidade Instalada de Tratamento de RSS (t/ano) no Brasil.
Regiões
Autoclave
Incineração
–
4.118
–
4.118
11.544
16.723
–
28.267
3.120
20.779
–
23.899
Sudeste
72.446
27.612
47.112 (*)
147.170
Sul
22.464
4.992
3.744
31.200
109.574
74.224
50.856
234.654
Norte
Nordeste
Centro–Oeste
BRASIL
Fonte: ABRELPE, 2014.
Micro-ondas
TOTAL
5
CONCLUSÕES E RESULTADOS
O resultado da pesquisa nos permite projetar que dos 5.570 municípios brasileiros,
4.526 prestaram em 2014, total ou parcialmente, serviços atinentes ao manejo dos RSS,
levando a um índice médio de 1,3 kg por habitante/ano. O total coletado cresceu 5,0% em
relação a 2013 enquanto que índice médio por habitante revelou um crescimento de 4,1%
no mesmo período.
Observa-se que o conceito de leito ocupado, por ser o leito a unidade de referência
do hospital. Valores como 4,57 kg de resíduos/leito ocupado/dia foram descritos (3,35 kg de
resíduo comum e 1,22 kg de resíduos hospitalar), valores que devem variar para mais ou
menos, dependendo das características do hospital.
As normas aplicáveis aos RSS estabelecem que determinadas classes de resíduos
de serviços de saúde necessitam de tratamento previamente à sua disposição final. Porém,
alguns municípios encaminham tais resíduos para os locais de destinação sem mencionar a
existência de tratamento prévio dado aos mesmos. Tal fato contraria as normas vigentes e
apresenta risco diretamente aos trabalhadores da área, à saúde pública e ao meio
ambiente.
Recomenda-se que a reciclagem dos RSS como reciclagem de matéria orgânica
(compostagem), papel, plásticos, vidro, metais e de construção civil devem ser analisados e
corretamente separados para seu reaproveitamento.
A lógica da educação ambiental é fazer de cada um de nós um cidadão
ambientalmente educado, por intermédio de busca do conhecimento e da interação com o
mundo em que vive e da noção da importância de suas atitudes. Para adultos, no entanto,
mudar hábitos e atitudes é difícil.
REFERÊNCIAS
ABNT NBR 12808: Resíduos de serviço de saúde – Classificação. Brasil. 1993.
ABNT NBR 9191 – Sacos plásticos para o acondicionamento de lixo – requisitos e métodos
de ensaio. Brasil. 2008.
ABNT. NBR 10004: Resíduos Sólidos- Classificação. Brasil, 2004.
ABRELPE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. Panorama dos Resíduos
Sólidos no Brasil 2014. Edição Especial de 12 anos. São Paulo, SP, 2015.
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Saúde.
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http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_gerenciamento_residuos.pdf>.
Acesso em: mar. 2016.
ANVISA – AGÊNCIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 306, de 07 de
dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos
de
serviços
de
saúde.
Disponível
em:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/10d6dd00474597439fb6df3fbc4c6735/RDC+N
%C2%BA+306%2C+DE+7+DE+DEZEMBRO+DE+2004.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em:
mar. 2016.
BRASIL. Ministério de Meio Ambiente. CONAMA. RESOLUÇÃO no 283, DE 12 DE
SETEMBRO
DE
2001,
RS.2016.
Disponível
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Acesso em: 10 mar.2016.
BRASIL. Ministério de Meio Ambiente. CONAMA. RESOLUÇÃO no 358, DE 29 DE ABRIL
DE
2005,
RS.2016.
Disponível
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FORMAGGIA, D.M.E. Resíduos de serviços da Saúde. In: GERENCIAMENTO de residuos
sólidos de serviços da saúde. São Paulo: CETESB, 1995. P.3-13.
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Sistemático da Produção Agrícola. Pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento das
Safras Agrícolas no Ano Civil, Rio de Janeiro v.27 n.3 p.1-84 mar. 2014.
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Virginia Helena Soares de; MOZACHI, Nelson. O HOSPITAL. Paraná: Manual Real Ltda.,
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Plano
Nacional
de
Resíduos
Sólidos
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PNRS.
<http://www.mma.gov.br/>. Acesso em: mar. de 2016.
Brasília,
2011.
Disponível
em:
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