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Triplica tempo de espera por produto - Estadao.com.br
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Triplica tempo de espera por produto
Em vez dos usuais três a cinco dias, mercadorias importadas por tradings estão demorando de 10 a
15 dias para serem liberadas
29 de abril de 2012 | 22h 30
SÃO PAULO - A Operação Maré Vermelha provoca prejuízos para os grandes
importadores. As empresas relatam que duplicou e até triplicou o tempo de espera para
liberar um produto importado. Em vez dos usuais três a cinco dias, os itens parados pela
fiscalização estão demorando 10 a 15 dias.
Segundo tradings ouvidas pelo Estado, os atrasos provocam várias despesas extras,
porque é preciso estender o tempo de estadia do produto no contêiner e pagar os
caminhoneiros pelos dias parados. A principal despesa, no entanto, é financeira: a trading
já pagou o fornecedor, mas não recebe do cliente enquanto não entrega o produto.
"A Receita está no direito dela de fiscalizar. O problema é que pagam todos: os
importadores honestos e os infratores", diz Sérgio Vladimirschi Junior, vice-presidente da
Comexport. "Esse tipo de operação não separa o bom do ruim. Pune a todos", afirma
Alfredo de Goeye, presidente da Sertrading.
A Operação Maré Vermelha ganhou esse nome porque começou a transferir mais
produtos do "canal verde", onde a liberação é praticamente automática, para o "canal
vermelho", onde os produtos estão sujeitos a fiscalização documental e física com
abertura da carga.
A Receita não divulga o número de produtos incluídos nessa operação especial, nem qual
é a porcentagem de importação direcionada ao "canal vermelho". Conforme estimativas
do setor, o volume de produtos sujeitos a maior fiscalização triplicou.
Teoricamente, a escolha dos produtos que vão para o "canal vermelho" é aleatória, mas
fontes experientes no comércio exterior contam que o governo acaba escolhendo os
setores que são fiscalizados com mais cuidado e que também considera o histórico do
importador.
São Paulo. Os portos e aeroportos de São Paulo têm sido os mais afetados pela Operação
Maré Vermelha, porque concentram quase 30% do transporte marítimo e mais de 50% do
transporte aéreo. Mas o impacto do aperto na fiscalização é sentido em todo o País.
De acordo com José Cândido Senna, coordenador do Comitê de Usuários de Portos e
Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus), da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP), a operação Maré Vermelha da Receita Federal provocou uma "superlotação" dos
terminais de contêineres no Porto de Santos, que geralmente já trabalha no limite.
"O movimento da Operação Maré Vermelha é perverso, porque cria barreiras para a
importação, mas também para a exportação, já que o sistema como um todo começa a
trabalhar com muitas ineficiências", diz Senna.
http://economia.estadao.com.br/noticia_imp.php?req=economia,triplica-tempo-de-esp... 30/04/2012
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Segundo a advogada Carol Monteiro de Carvalho, do escritório Bichara, Barata, Costa &
Rocha, algumas empresas estudam entrar na Justiça, porque estão sofrendo gravemente,
já que trabalham com estoque reduzido. Ela explica que a Receita está no seu direito ao
apertar a fiscalização, mas não pode paralisar a atividade das empresas. "O poder público
pode fiscalizar, mas não inviabilizar uma atividade."
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