(Programas de alimentação para reprodutora pesada

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Programas de alimentação para reprodutora pesada.
R.C.Freitas¹, H.R.Sanchez² e H. Enting³
¹Marfrei, Consultoria e Representações Agroavícola - Consultor Técnico Reprodutora Pesada.
²Grupo Grica, Faculdade de Agricultura, Universidade de Antioquia, Colombia Gerente Técnico América do Sul. Trouw Nutrition Hifeed B.V.
³Nutricionista Senior de Trouw Nutrition International, Boxmeer, Holanda.
[email protected]
Introdução.
O trabalho com reprodutoras pesadas, de uma forma geral, é bem
simples, bastando seguir as recomendações contidas nos manuais das
linhagens disponíveis no mercado, as linhas de peso, os incrementos de ração
e um paralelo aos níveis nutricionais com um bom manejo e uma boa sanidade
e obter-se-á razoáveis índices de produtividade. Contudo, o desafio é o ponto
de equilíbrio entre a alimentação fornecida e consumida por cada ave (cada
indivíduo) e o aporte necessário para que a reprodutora transmita a progênie
condições de expor suas características genéticas e suportar os desafios no
campo.
Não existe mágica que se faça para que possamos obter astronômicos
índices zootécnicos quando o assunto é volume de ovos e quantidade de
pintainhos por ave alojada. Basta compararmos as metas técnicas dos manuais
da década de 80 aves clássicas para as de conformações atuais onde os
índices zootécnicos não cresceram de forma vertiginosa.
Entretanto se compararmos a geração de calor do embrião da década
de 80 com os das linhagens modernas conforme (Lourens, 2006) no final do
período de incubação, veremos que ela simplesmente dobrou. E também o
desempenho do frango, ai sim, a diferença é de anos luz principalmente em
peso e conversão alimentar.
(Lubritz, Apinco 2008) em uma previsão para os próximos dez anos
demonstra a possibilidade em melhoramento no frango de peso aos 40 dias de
450 a 650 gramas, o que poderá encurtar de 8 a 10 dias o abate, e a
conversão alimentar terá uma redução de100 a 300 gramas de ração por Kg de
carne produzido. O que nos assegura claramente que ajustes significativos
deverão ser feitos nas seleções genéticas para alcançar estes índices, e nos
faz refletir e indagar sobre o comportamento e o papel das reprodutoras nesta
história.
A dúvida que paira quando possuímos a opção de mais de uma casa
genética com diferentes e substanciais características particulares, tais como:
curva de peso de ovos, volume de produtividade, curvas de crescimento no
frango, entre outros, é se estamos conduzindo as casas genéticas de acordo
com suas atuais exigências onde a mãe cumpre o seu verdadeiro papel de
repassar a progênie além de suas características genéticas uma excepcional
condição de seguir após o nascimento com capacidade de suportar os desafios
iniciais bem como expor toda característica objetivada.
Pela velocidade do trabalho genético em gerações, o tempo e a
complexidade necessários em se trabalhar academicamente para este fim,
torna esta dúvida ainda mais forte. Não é prudente assumirmos riscos e mudar
curvas de peso e nutrição, bem como incrementos alimentares sem
embasamento cientifico e/ou respaldo das casas genéticas.
Contudo, como a necessidade de atingir o ápice em produtividade no
frango é cada dia mais forte principalmente pelos custos de produção, este
assunto tem que ser retratado e discutido permanentemente até que
encontremos uma ferramenta que possa nos dar um norte onde possamos
ofertar a cada casa genética e a cada reprodutora a condição ideal de criação
para que tenha a oportunidade de transmitir a sua progênie o ápice de suas
características.
Com certeza a discussão deve se afunilar entre a nutrição, o volume e a
forma de administrar o alimento na recria e retirá-lo na produção.
Sistema de alimentação na recria e produção.
Seguindo o básico.
Na recria o modelo de arraçoamento atualmente, consiste em optar por
programas que possam fornecer volumes de alimento de forma a oferecer as
reprodutoras uma oportunidade a todos os indivíduos de se alimentarem e
manterem uniformes (com dias que comem X dias que não comem ração),
4X3, 5X2,6X1 e diário.
Desde o primeiro dia na granja a busca é incessante por uniformidade e
peso nos lotes de reprodutoras pesadas, haja vista, que existe uma correlação
direta desses com os índices de produtividade.
Todavia, o nosso objetivo durante todo o processo como manejadores
até o final do ciclo produtivo, é seguir os parâmetros técnicos das curvas de
peso ofertadas por nossas linhagens com os incrementos alimentares GAD
(Grama Ave Dia). No entanto, cada lote possui curvas distintas de peso, curva
de volume de alimento, produção e eclodibilidade.
Sempre temos um desenho de performance particular para cada lote
alojado durante o ano, mesmo que comparado entre linhagens, nos mesmos
períodos do ano, num mesmo sistema de criação, numa mesma empresa e
usando um mesmo critério de criação para todos os alojamentos, por vários
motivos. Citando alguns:
•
•
•
•
•
•
•
Deficiência de equipamentos.
Mudanças constantes no desenho nutricional.
Sanidade.
Uniformidade dos lotes.
Variações na qualidade do alimento.
Variações de temperatura.
Variações nos manejos de arraçoamento.
As seleções de aves em 100% dos plantéis durante a recria pode
contribuir para ajustes no processo pela busca da uniformidade e amenizar as
competições sociais entre tamanhos, onde iremos fornecer as categorias de
peso criadas pelo manejo (pesadas, médias e leves) o volume de alimento
necessário para o encontro da curva de peso desejada. Instintivamente um
volume de alimento maior em GAD (Grama Ave Dia) é fornecido para aves
leves até por volta da 12ª semana de vida, e o contrário é praticado para aves
pesadas. Categorias de peso X GAD (Grama Ave Dia).
A partir da 13ª semana os valores devem ser invertidos e o consumo da
categoria pesada principalmente, deve ser ajustado as suas necessidades de
manutenção corporal, somado o volume necessário para o crescimento
esperado (gramas) até inicio da postura. Porém, normalmente o que
encontramos são aves leves consumindo alimento em GAD (Grama Ave Dia)
maior que a as pesadas acima da 13ª semana até inicio de produção e como
conseqüência, quantidade acumulada menor em volume de alimento com
possibilidade de aporte nutricional inferior, em uma ave maior. Seguir os
incrementos pela média de ingestão de alimento GAD (Grama Ave Dia) entre
categorias de peso somente pode ser uma forma não muito segura de conduzir
e avaliar o trabalho na recria.
Em produção a regra é bem simples: a partir do início da produção de
ovos, incrementos de alimento na subida para pico de postura são fornecidos
até atingir o máximo volume de alimento entre 60 a 75% de postura fornecendo
de 462 a 480 kcal, iniciando retirada de alimento de 2 a 4 semanas após o pico
máximo de produção em % até os volumes de 378 a 414 kcal.
Questionando o básico: Estamos seguindo no caminho certo?
Os programas de restrição de alimento nada mais são, que mecanismos
de fabricar uniformidades e estão intimamente relacionados a corrigir falhas no
sistema de distribuição de alimento. Tudo indica que os modelos de restrição
alimentar deverão ser extintos e o sistema irá caminhar para alimentação
diariamente, haja vista, que as reprodutoras estão no limite fisiológico e todo
estresse tem que ser evitado. Então, adequar equipamentos ás exigências das
reprodutoras atuais de conformação como espaço por ave, e a velocidade de
distribuição do alimento, não é mais opção, mas sim exigência básica do
processo.
Em relação ao consumo de alimento por categoria, podemos observar
que é sensata a busca por objetivos de peso nas diversas categorias do 1º dia
até a 12ª semana, e com as aves leves após seleções sejam incrementadas e
consumam uma quantidade de alimento maior que aves pesadas, porem não é
racional que essas mesmas categorias de aves leves consumam alimento em
quantidade superior ás pesadas no momento de desenvolvimento do aparelho
reprodutor.
Assim, paira a duvida no desempenho da progênie oriundas dessas
categorias, o que, com certeza, é difícil de ser avaliado comercialmente em
nossas integradoras. Acreditamos que na recria principalmente da 12ª a 23ª
semana possa estar o caminho para os ajustes necessários nos volumes de
alimento, aliados a novos desenhos nutricionais onde possamos oferecer as
nossas reprodutoras uma possibilidade de melhorar o seu aporte nutricional
sem interferir significativamente nas curvas de peso propostas, respeitando o
desenho de crescimento de cada genética.
Como em produção o nosso alvo é sempre a curva de peso aliado a um
bom equilíbrio no desempenho de produção e eclosão, a retirada de alimento
deve continuar caminhando com sensatez entre necessidade de manutenção
corporal + volume de ovos produzidos + crescimento semanal, porem os pesos
reais acima dos propostos pelas linhagens que não causem transtornos
produtivos devem ser avaliados de forma que a meta de ganho semanal não
seja simplesmente um objeto de necessidade extrema e nos force a retirar
mais alimento que o necessário para o momento.
Como a nutrição poderá nos auxiliar?
O consumo de alimentos ad libitum e uma alta taxa de crescimento na
criação de reprodutoras pesadas tem um efeito negativo no desempenho
reprodutivo. Portanto, se restringe o consumo de alimento para evitar
problemas reprodutivos relacionados com sobrepeso e um depósito de graxa
excessiva.
No entanto, há indicações de que os níveis atuais de restrição alimentar
podem causar fome e estresse crônico. Por outro lado, mostra-se que as
reprodutoras requerem uma nutrição cumulativa mínima durante a recria para
obter um adequado desempenho reprodutivo durante a postura.
Quando as reprodutoras têm um acesso ilimitado ao alimento, a taxa de
crescimento e a deposição de gordura estão associados aos índices
inadequados de postura e fertilidade (Hocking et al., 1994; Applegate, 2002).
A seleção para aumentar o ganho de peso corporal nas reprodutoras
pesadas está acompanhada por um incremento nas taxas de ovulação das
fêmeas devido ao desenvolvimento simultâneo de mais de um folículo ovariano
(Hocking, 1996). Isto leva a anormalidades na casca do ovo, ovos de duas
gemas e inúmeras gemas perdidas na cavidade abdominal (Yu et al., 1992,
Hocking 1996, Hocking e Robertson, 2000).
O início da postura está regulado principalmente pela secreção das
gonadotrofinas LH e FSH pela glândula pituitária e hormônio liberado das
gonadotropinas (GnRH) pelo hipotálamo no fim da recria (Etches, 1996;
Bruggeman, 1998). Os níveis de consumo de nutrientes durante o período de
recria têm um efeito sobre o início da maturidade sexual (Lilburn e Nestor,
1993, Renema et al., 1998, 1999). De acordo com esses autores, o
desenvolvimento do ovário e os hormônios ovarianos são estimulados pela
alimentação ad libitum, devido a um aumento precoce dos níveis de LH, que
está envolvido no processo da puberdade. No entanto, ainda não está claro
como os níveis de alimentação afetam a produção de hormônios reprodutivos
da glândula pituitária, hipotálamo e ovários.
Etches (1996) e Bruggeman (1998) sugeriram que os fatores associados
com níveis de consumo de nutrientes, idade, composição corporal e
desenvolvimento ovariano podem estar envolvidos neste processo. Soller et al.
(1984) relacionou o início da postura com a composição corporal, enquanto Yu
et al. (1992) sugeriram que o consumo de ração e a taxa de crescimento foram
mais importantes do que a idade ao início da postura. Um mínimo de massa
corporal magra com conteúdo de gordura parece ser necessário para o início
da postura.
Bruggeman et al. (1998) observaram que o tempo e a duração da
restrição alimentar durante o período de recria influem no desempenho
reprodutivo. A maior produção de ovos foi obtida em grupos que foram
restringidos, no período que compreende entre 7 e 15 semanas de idade. Isso
indica que as mudanças no consumo de nutrientes em determinadas fases do
período de criação, são particularmente importantes para a mudança de
hormônios reprodutivos que regulam o inicio e a manutenção da postura.
Em um extenso estudo realizado em galinhas poedeiras, Kwakkel et al.
(1991, 1995) concluíram que o desenvolvimento dos ovos é afetado pela fase e
método de restrição alimentar durante a recria.
Tamanho e composição do ovo.
Applegate (2002) observou que a variabilidade na produção precoce de
ovo pode estar associada com mudanças na composição do ovo. Isto poderia
estar relacionado com a diferença na etapa de nutrientes digestíveis para o
ovo.
As mudanças e diferenças na composição alimentar podem influenciar
no desenvolvimento embrionário, uma vez que os nutrientes são o único
substrato para o desenvolvimento embrionário (Applegate, 2002).
Os embriões de reprodutoras jovens se desenvolvem mais lentamente
do que os das reprodutoras mais velhas (Applegate e Lilburn, 1996). Isto
parece estar relacionado a um maior aumento proporcional no peso da gema
de ovo em galinhas mais velhas (Etches, 1996). Tem sido sugerido que os
problemas no desenvolvimento embrionário em ovos de reprodutoras pesadas
jovens são devido a uma mobilização e uso insuficiente de lipídios da gema.
Applegate e Lilburn (1999) e Applegate et al. (1999) encontraram
vilosidades mais longas e uma melhor migração de enterócitos nos embriões
de galinhas de 48 semanas de idade durante a última fase de incubação,
comparados com embriões de galinhas mais jovens. Devido aos possíveis
efeitos na composição do ovo sobre o desenvolvimento embrionário Applegate
(2002) sugeriu que a maximização do tamanho do ovo e da gema pode
minimizar o pico de mortalidade precoce na progênie. Isto sugere que fatores
dietéticos que incrementem o tamanho do ovo, rumo a uma proporção gemaalbúmen mais alta, podem afetar positivamente o desempenho da progênie e
reduzir a mortalidade.
Além disso, os minerais presentes no ovo são essenciais para o
desenvolvimento do embrião e a suplementação dietética é indispensável para
ótima eclodibilidade. A suplementação com zinco e manganês, principalmente
em compostos orgânicos tem demonstrado incrementar a sobrevivência da
progênie, devido a uma melhor imunidade (Stahl et al. 1989, Kidd et al. 2002)
mas não teve nenhum efeito sobre o crescimento da progênie . Somente a
suplementação com selênio teve um efeito sobre o crescimento da progênie
(Cantor e Scott, 1974). Por outro lado, Hudson et al (2004) testaram
simultaneamente suplemento mineral zinco-aminoácido e sulfato de zinco, e
observaram melhora na qualidade da casca dos ovos, o que trouxe como
conseqüência uma produção de 3,6 pintainhos a mais no final do período de
produção, comparado com a dieta com complexo mineral-aminoácido. No
entanto, não se observou diferença no período total de nascimento nem no
peso do pintainho ao nascer.
Fome e estresse crônico.
O nível de restrição alimentar de reprodutoras pesadas durante o
período de recria pode ser de mais de um terço do consumo de alimentos ad
libitum. Há vários indicadores de comprometimento do bem-estar da
reprodutora aos níveis atuais de restrição alimentar. As alterações
comportamentais como aumento da conduta estereotípica e hiperatividade,
aumento nos níveis de corticosterona no plasma em relação
heterófilos/linfócitos e estímulo do consumo de alimento foram relatados
extensivamente. Estas alterações parecem estar relacionadas com a sensação
de fome, frustração e podem estar associadas com o estresse crônico. Tem
sido demonstrado que o aumento nos níveis de corticosterona pode estar
associado com diminuição da concentração de hormônios reprodutivos como o
LH. De fato, podemos deduzir que o estresse resulta em um aumento dos
níveis de corticosterona e ACTH, pode ter um efeito negativo direto sobre o
desempenho reprodutivo. Isto indica que a restrição alimentar também poderia
exercer um efeito sobre o desempenho reprodutivo, alterando os níveis de
hormônios do estresse.
O aumento da concentração de corticosterona a níveis mais elevados
de restrição alimentar pode também ter um efeito sobre a composição do ovo e
desempenho da progênie. A corticosterona pode ser imunossupressora de
diferentes maneiras. No caso de níveis elevados de corticosterona diminui a
produção de anticorpos na reprodutora e uma menor quantidade de anticorpos
maternos pode ser transferida para os ovos. Isto poderia deteriorar o soro e os
níveis de anticorpos na progênie, e que a IgG, que é depositada na gema e
está presente na circulação de embrião pela absorção da gema, enquanto que
a IgM é depositada na clara e se integra no tecido intestinal (Knorr, 1991).
Estudos com restrição alimentar em suínos mostraram que a
alimentação com dietas fibrosas reduz a sensação de fome e frustração,
medida pela redução de comportamentos estereotípicos e estimulo do
consumo de alimento (Robert et al., 1993; 1997, De Leeuw, 2004). Em estudos
com reprodutoras pesados durante a recria Savory et al. (1996) e Savory e
Lariviere (2000) não encontraram redução no comportamento estereotípico,
concentrações plasmáticas de corticosterona e quociente heterófilos/ linfócito
em dietas ricas em fibra, indicando que não melhorou o bem-estar das aves.
Uma redução do comportamento anormal em galinhas poedeiras com dietas
ricas em fibra poderia indicar um aumento da saciedade.
Recentemente Hocking et al. (2004) observaram uma diminuição da
bicagem com dietas contendo 5% de polpa de beterraba e 20% casca de aveia
em comparados com uma dieta controle. A relação heterófilos / linfócitos mais
altas foram encontrados em um grupo controle de baixo-fibra eo grupo com 5%
de polpa de beterraba na dieta. Hocking et al. (2004) sugeriram que as dietas
com polpa de beterraba poderia melhorar saciedade e bem-estar devido a um
maior conteúdo de água no trato digestivo.
Em dietas ricas em fibra e recursos alimentares, poderia fazer-se uma
diferenciação entre fibras solúveis e insolúveis. Um aumento no conteúdo de
fibra insolúvel na dieta de diferentes origens (celulose, metil-celulose ou de
casca de arroz) proporcionou um aumento da taxa de passagem do alimento
em frangos de engorda e reprodutoras pesadas, e reduziu o conteúdo de
energia das dietas de codornas com 40% de celulose, encontrando um
incremento no consumo de alimentos no tempo de consumo intervalos mais
curtos entre as refeições.
Com base nesses achados, conclui-se que a nutrição não se melhora
substancialmente com dietas diluídas. No entanto, Zuidhof et al. (1995)
observaram mudanças no comportamento e uma redução na relação
heterófilos / linfócitos quando as dietas de reprodutoras foram diluídas com 15
ou 30% casca de aveia. Resumindo, podemos dizer que a fome e o estresse
crônico em reprodutoras pesadas podem reduzir-se com níveis de consumo de
alimento mais alto. No entanto, isso tenderá a um efeito negativo sobre o
desempenho reprodutivo, se a galinha ganhar muito peso. Não há quase
nenhuma observação de que as mudanças na proteína bruta na dieta,
aminoácidos, gordura bruta e níveis de amido afetam a fome e o estresse
crônico em reprodutoras. Composição da dieta que aumenta o volume e tempo
médio de retenção no trato gastrintestinal pode reduzir a fome e estresse
crônico. O fator principal na dieta que parece reduzir a fome em reprodutoras é
um aumento da fibra na dieta. No entanto, isto pode depender do tipo de fibra
utilizada.
Evidência Experimental.
Enting (2005) realizou uma série de experimentos para estudar os
efeitos de diluição dos nutrientes sobre o estresse da reprodutora e
desempenho da progênie. No primeiro experimento proporcionou três
diferentes níveis de energia metabolizável (EM), durante o período de recria e
postura. No grupo controle incluiu um alimento com níveis normais de EM. Nos
outros dois grupos não só reduziu os níveis de energia, mas também os níveis
de outros nutrientes limitantes primários tais como: lisina digestível, cálcio e
fósforo disponível.
Portanto, nesse texto os termos são usados, baixa EM ou baixa
densidade da dieta. Os nutrientes (EM) se reduziram abaixo dos níveis
tradicionais para tornar mais evidente a diferença. Neste experimento, não só
determinou o desempenho das reprodutoras pesadas, mas também a da
progênie, uma vez que a idéia é que se a uniformidade das reprodutoras
melhora quando se administra dietas baixas em EM, também melhoraria a
uniformidade de peso do frango de engorda. Dietas baixas em EM reduzem a
mortalidade da progênie (Tabela 1) e esse efeito parece estar relacionado a
mudanças durante o período de recria, que indicou um menor estresse e
melhora no bem-estar das reprodutoras pesadas.
Altos níveis de estresse resultam em uma maior relação entre heterófilos
e linfócitos, não obstante uma redução da EM resultou em uma redução
significativa na devida proporção ao qual poderia explicar o desempenho e a
mortalidade na progênie. Níveis de hormônios de estresse podem afetar o
desenvolvimento do sistema imunológico.
Não só os níveis de hormônio do estresse parecem ser afetados pelas
dietas baixas em EM. Também foram encontrados indícios de mudanças
comportamentais a partir do tempo de consumo de alimentos aumentando
acentuadamente quando consumido dietas baixas em EM (Enting, 2005).
Tabela 1. Efeito da energia metabolizável das dietas de matrizes pesadas durante a
recria e produção sobre a mortalidade da progênie.
AME Recria
kcal/kg
AME Produção
kcal/kg
Mortalidade frango
%
2.800
2.800
6.8 b
2.800
2.500
7.5 b
2.500
2.500
4.5 a
2.200
2.200
4.2 a
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
Quando se administrou alimento de baixa densidade sozinho durante o
período de postura, não se observou nenhuma redução na mortalidade da
progênie, o qual indica que alimentar com uma dieta com densidade reduzida
nos período de recria foi essencial na redução da mortalidade.
Um segundo estudo foi realizado utilizando-se os mesmos níveis de
nutrientes em dietas de baixa densidade que foram aplicados no primeiro
experimento. Além desse, foi incluído um tratamento adicional no qual a
densidade dos nutrientes é diminuída por outras fontes de alimento, com
respeito aos demais tratamentos, a fim de descobrir se houve efeitos
específicos de matérias-primas não processada.
No quarto tratamento a densidade de nutrientes é reduzida com a
inclusão de aveia e polpa de beterraba (OSBP), enquanto que nos outros
tratamentos a densidade de nutrientes foi reduzida por inclusão de subprodutos
de trigo, milho e palmiste. Em todas as dietas, os níveis de nutrientes limitantes
primários foram diminuídos na mesma proporção como foi feito com o nível de
energia. Deu-se a mesma nutrição acumulativa mínima ajustada ao consumo
de alimento.
No segundo experimento, também se estudou a relação entre as dietas
de reprodutoras e desempenho da progênie. Mediu-se o desenvolvimento de
diferentes órgãos (Tabela 2 e 3). Apesar do peso vivo não ter sido afetado,
observou diferenças no desenvolvimento dos órgãos reprodutivos (Tabela 2).
Dietas de baixa densidade em EM refletiram em atraso no
desenvolvimento do ovário e oviduto, especialmente quando a densidade de
nutrientes foi diminuída pela inclusão de aveia e polpa de beterraba no
alimento. O atraso no desenvolvimento dos órgãos reprodutivos na 24ª
semanaa de idade, foi compensado nas próximas 2 semanas (Tabela 3), que
resultou em quase nenhuma diferença na idade do primeiro ovo. Além disso,
estudos de digestibilidade demonstraram que mudanças no desenvolvimento
dos órgãos reprodutivos foram relacionadas a mudanças na digestibilidade das
dietas de baixa densidade em comparação com dietas de densidade normal.
Num segundo estudo, foram analisados os parâmetros de estresse e
comportamento das reprodutoras, mas não se encontrou nenhuma relação
entre o estresse e o desenvolvimento de órgãos reprodutivos (dados não
demostrados). Alimentos de baixa densidade apenas produziram mudanças
significativas durante as primeiras 10 semanas do período de recria, entretanto
não se observou diferença nos parâmetros de estresse (hormônios) (Enting,
2005).
Tabela 2. Efeito da energia metabolizável aparente durante o período de recria sobre
o aparelho reprodutor e peso do ovo durante o período de produção.
AME, kcal/kg
Ovário1
g
Oviduto1
g
Peso ovo2 g
2.800
24.6
37.6 b
65.4 a
2.500
23.4
40.5 b
65.9 a
2.200
15.9
33.9 ab
66.5 b
2.500 OSBP
7.5
18.6 a
68.1 c
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
¹ Medido com 24 semanas de idade.
² Medido 25-26 semanas de idade.
OSBP: aveia e polpa de beterraba sacarina.
Tabela 3. Efeito da energia metabolizável durante o período de recria sobre o
desenvolvimento do trato reprodutivo durante o período de produção antecipada.
AME, kcal/kg
Ovário1
g
Oviduto2
g
Comprimento2
cm
2.800
24.6
27.1 a
10.1 a
2.500
23.4
24.7 a
12.2 a
2.200
15.9
40.1 ab
14.1 a
2.500 OSBP
7.5
50.0 b
29.4 b
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
¹ Medido com 24 semanas de idade.
² Medido 24-26 semanas de idade.
OSBP: aveia e beterraba subproduto.
O aumento no peso dos ovos foi perceptível especialmente no
tratamento em que as dietas foram formuladas com aveia e polpa de beterraba
e este aumento foi relacionado com o atraso no desenvolvimento dos órgãos
reprodutivos, pouco antes de iniciar o período de postura. Não se observou
nenhuma diferença na produção de ovos entre os tratamentos, exceto para o
tratamento 2, no qual se observou um aumento significativo no número de
ovos. Zuidhof et al. (1995) também encontraram isto quando diminuiram a
densidade de nutrientes por inclusão de casca de aveia e este achado pareceu
estar relacionado com uma melhor digestibilidade do que o esperado neste
alimento, indicando que uma fonte de nutrientes mais alta em comparação ao
grupo controle pode resultar em uma melhor produção de ovos.
Quando observamos a composição do ovo, verificamos que a relação
entre a clara e a gema aumentou quando administrou-se alimentos de baixa
densidade (Tabela 4). Esses deram lugar a um aumento significativo na relação
clara / gema, especialmente no começo da postura (29ª semana de idade).
Alterações na relação clara / gema explicaram as diferenças no peso do ovo
(Tabela 4). O aumento no peso do ovo se deve a um aumento na quantidade
de clara e essa mudança pode estar relacionada com as diferenças no
desenvolvimento dos órgãos reprodutivos.
Tabela 4. Efeito da idade e dietas de baixa densidade nas reprodutoras pesadas sobre
a composição do ovo (clara / gema).
Clara/Gema
Idade
Semanas
2.800 AME
2.200 AME
29
1.707 a
1.775 b
41
1.594 x
1.612 y
a,b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
x,y / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,01).
Devido a verificação de diferenças na composição do ovo, a próxima
questão era, se o que produzia essas alterações poderia repercutir no
desenvolvimento embrionário. Estudou-se diferentes órgãos e descobriu-se
que, quando alimentados com dietas de baixa densidade se aumentou a
relação de clara/gema, o desenvolvimento inicial do tecido intestinal foi mais
rápido. Essas mudanças resultaram num melhor desenvolvimento do embrião
após o 11º dia de incubação no grupo com alimento de densidade mais baixa
em lotes de animais jovens (Tabela 5). Essa melhora foi associada a um maior
desenvolvimento da área de superfície vitelinea (Tabela 6).
Em um estudo adicional, demonstrou-se que um melhor
desenvolvimento inicial do tecido intestinal permite que as aves sejam menos
suscetíveis a uma infecção de má absorção (dados não mostrados). Além
disso, observou-se que dietas de baixa densidade resultaram em um aumento
significativo no peso do pintainho de um dia de idade. No entanto, as dietas de
reprodutoras de baixa densidade não resultaram na progênie em todos os
casos de pesos corporais finais mais altos (dados não mostrados).
A redução intermediária dos níveis de energia proporcionou um aumento
significativo no peso final, enquanto que os níveis mais baixos não resultaram
em melhores pesos, embora o desenvolvimento embrionário tenha melhorado.
Parece que a digestibilidade do alimento e a densidade de nutrientes mais
baixas foram menores que o esperado. Embora o desenvolvimento embrionário
tenha melhorado devido ás alterações no desenvolvimento do trato reprodutivo,
a quantidade total de nutrientes no ovo era algo mais baixo, comparado com
outros tratamentos, o que, finalmente, não resultou em um aumento do peso
corporal final.
No tratamento em que níveis intermediários de nutrientes foram
aplicados, observou-se uma melhor digestibilidade que o esperado, o qual
implicou mais nutrientes no ovo. Também foi observado que o aumento na EM
de 2.300 a 2.500, produziu frangos significativamente mais pesados aos 38
dias de idade (Tabela 7), e, aparentemente, esse efeito foi maior no grupo mais
jovem, que produz ovos menores (Tabela 8).
Tabela 5. Efeito da idade e dietas de baixa densidade nas reprodutoras pesadas sobre
o desenvolvimento do embrião em 11 dias de incubação.
Peso do embrião
g
Idade
Semanas
2.800 AME
2.200 AME
29
1.67 a
2.04 b
41
3.26
3.24
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
Tabela 6. Efeito da idade e dietas de baixa densidade nas reprodutoras pesadas sobre
a superfície da área vitelínea.
Idade
Semanas
Superficie da área vitelínea depois de 48 horas,
mm2
2.800 AME
2.200 AME
29
700 a
910 b
41
837
858
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
Tabela 7. Efeito de dietas de baixa densidade na recria e produção, no desempenho
da progênie.
AME
recria, kcal/kg
AME
produção, kcal/kg
BW 38 d,
g
2.600
2.800
2.125 a
2.300
2.500
2.185 b
2.000
2.200
2.131 a
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
Tabela 8. Efeito de dietas de baixa densidade e tamanho do ovo no frango BW em 38
dias de idade.
Tamanho do ovo
AME recria
kcal/kg
AME produção
kcal/kg
Menor
Maior
2.800
2.800
2.074 a
2.176
2.500
2.500
2.162 b
2.209
2.200
2.200
2.096 a
2.165
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
Quando aumentamos a oferta de alimento, tendemos a acreditar que
isso poderia afetar negativamente o desempenho da postura. No entanto, isso
nem sempre é verdade, dependendo da extensão desse aumento. O seguinte
estudo foi desenvolvido na Bélgica e demonstrou o efeito positivo de aumentar
a porção de alimento antes do início da produção de ovos (Bruggeman, 1998).
Neste estudo, diferentes estratégias de alimentação foram avaliadas durante a
recria dos quais 4 se mostram nesta tabela. O período de recria foi dividido em
3 fases. O tratamento RRR incluiu níveis de restrição normais durante as 3
fases, que foram diferenciados no período de recria.
No tratamento AAA a alimentação ad libitum foi dada durante o período
de recria completo. O tratamento ARA indicou restrição apenas na segunda
fase da recria e no tratamento RAR o consumo de alimento foi restringido
durante a primeira e a última parte do período da recria.
Segundo esperado, o tratamento de AAA resultou em um desempenho
notoriamente inadequado durante a postura. Quando a ração alimentar foi
aumentada na primeira e última parte da recria, a produção de ovos aumentou
significativamente, enquanto que um aumento na metade da recria produziu
desempenho inadequado.
Com base nos resultados obtidos com alimentos de baixa densidade e
o efeito de aumentar a ração no final da recria, recomendamos permitir um
consumo de alimento mais alto ao final da recria de reprodutoras de alta
produção, a fim de assegurar a máxima produção de ovos com suficiente
nutrientes para o desenvolvimento do frango de corte.
Tabela 9. Efeito do programa de alimentação durante o período de recria sobre a
produção de ovos.
Recria
programa de
alimentação
Idade ao 1º ovo
Dias
Media HDP*)
%
EHH*)
RRR
179.4
63.4 a
108.2 b
AAA
161.2
44.0 c
83.1 d
ARA
166.7
67.9 a
134.4 a
RAR
169.1
50.6 b
91.5 c
* A partir do início de ovos até 50 semanas de idade.
a, b / Médias com diferentes letras sobrescritas são significativamente diferentes (P<0,05).
R: Restrito.
A: Ad libitum.
Considerações finais.
Na prática, podemos reduzir o nível de energia no final do período de
recria em 150 a 200 kcal / kg, a fim de melhorar o desempenho e a viabilidade
de frangos de corte. Outros nutrientes devem ser reduzidos na mesma
proporção que o conteúdo de energia, mas o consumo de alimento deve ser
ajustado para garantir acumulo suficiente de nutrientes. Por ter observado que
um aumento no suplemento de nutrientes melhora o desempenho da postura e
dos frangos de corte, temos recomendado um aumento no fornecimento de
alimento no final da recria e durante o inicio da postura a fim de assegurar
suficiente nutriente para os ovos e, portanto para os frangos.
Importante também deve ser o equilíbrio nos volumes de alimento a
partir da 13ª semana, conforme a exigência de cada categoria de ave
(pesadas, médias e leves) até o inicio da postura, fornecer o alimento GAD
(Grama Ave Dia) compatível com o tamanho, respeitando sempre a curva de
crescimento de cada categoria a partir desta idade, pode nos garantir um
equilíbrio de aporte nutricional nos planteis de reprodutoras e assim para a
progênie.
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