16 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 27, 28 e 29 de janeiro, 2012 EMPRESAS Editora: Eliane Sobral [email protected] Subeditora: Estela Silva [email protected] Patrícia Nakamura [email protected] Murillo Constantino JBS quer que Friboi seja a grife das carnes Wesley Batista, da JBS, quer emplacar a marca Friboi em carne in natura Reestruturação das marcas e investimentos em marketing são as estratégias para a transformação Erica Polo [email protected] Nos próximos cinco meses, as imagens do ator que interpretou José Batista Sobrinho, fundador da JBS, no primeiro comercial de televisão na história da empresa, poderá ser visto por telespectadores do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. Com a pulverização da campanha da marca Friboi, lançada por enquanto apenas no estado de São Paulo, a JBS, comandada por Wesley Batista e cuja receita líquida chegou a R$ 44,8 bilhões entre janeiro e setembro de 2011, quer imprimir marca à carne in natura. O trabalho de comunicação dá força a uma estratégia de negócios ambiciosa e que tem como meta tornar a marca Friboi sinônimo de categoria. “Arroz é Tio João, água é Lindoya, açúcar é União, em carne bovina in natura não há essa percepção por parte do público consumidor. Então, vamos criar uma referência, pois temos 40% desse mercado”, diz Marcio Gonzalez, diretor de marketing da JBS. Os investimentos de até R$ 100 milhões em marketing, aplicados entre 2011 e 2012, aliados à reestruturação da área comercial e de distribuição (ver reportagem na página ao lado), são esforços que devem levar a companhia a atingir suas metas de quadruplicar a capilaridade da marca nos próximos cinco anos. Hoje, entre todas as marcas vendidas pela JBS, a Friboi é a de maior alcance, pois chega a 101 mil pontos de vendas em todo o Brasil. No total, o país tem cerca de 450 mil estabelecimentos com o perfil para a venda dos produtos da linha. “É pela capilaridade que foi escolhida “ Arroz é Tio João, açúcar é União, mas em carne bovina in natura não há essa percepção por parte do público. Vamos criar uma referência, pois temos 40% desse mercado Marcio Gonzalez diretor de marketing da JBS para ser o alvo da primeira campanha”, diz Gonzalez. Também é um dos motivos que levaram a marca a ser escolhida para sobreviver num portfólio extenso. Daqui a três anos, pelo menos é o plano por enquanto, os produtos distribuídos por 54 marcas serão concentrados em apelas duas: Friboi, com perfil mais RAIO X acessível e concorrente da Seara (da Marfrig), e Swift, a marca premium (ver página ao lado). Até o fim deste ano, a linha Friboi deverá receber itens de marcas que serão descontinuadas, como a Anglo. A marca deverá chegar a dezembro com 300 itens ante os atuais 251. Os próximos lançamentos serão feitos já a partir de março, quando a feijoada e a carne em conserva chegarão ao portfólio da marca. Ação de resultado Alcance e portfólio da marca Friboi Linha de produtos Pontos de venda Campanhas publicitárias Fonte: empresa HOJE FUTURO 251 itens 300 itens, até dezembro de 2012 400 mil, em cinco anos Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, neste primeiro semestre 101 mil SP 13% Foi o aumento das vendas da marca em São Paulo após o início da campanha de marketing Após a primeira campanha veiculada em São Paulo, as vendas da JBS no estado aumentaram 13% em volume em novembro e dezembro. Enquanto isso, no resto do Brasil, o crescimento foi de 1%. A campanha têm duas etapas. A primeira é a veiculação do filme em horário nobre na televisão por cerca de 45 dias. “Tratase de uma apresentação”, expli- ca Gonzalez. Depois, a empresa inicia as promoções nos varejos, quando os consumidores poderão trocar selos obtidos na compra de carne por bonecos de personagens do mundo sertanejo, como as duplas Zezé di Camargo & Luciano, Victor & Leo e o cantor Luan Santana. “Assim, o consumidor pede a marca. É fidelização”, complementa o diretor de marketing. Os resultados também puderam ser mensurados por meio de pesquisas de percepção de marcas. A primeira, realizada pelo instituto TNS, em maio do ano passado, mostrava que a Friboi tinha cerca de 3% de reconhecimento do público, quando questionado que marcas de carne bovina conhecia. Em dezembro, a mesma pesquisa, desta vez coordenada pelo Ibope, apontava reconhecimento de 15% do público, informou o diretor da empresa. ■ Sexta-feira e fim de semana, 27, 28 e 29 de janeiro, 2012 Brasil Econômico 17 Divulgação Basque assume como interino da Nivea Após perder seu presidente para a Hypermarcas, conforme noticiou o BRASIL ECONÔMICO na edição de ontem, a Nivea Brasil optou pelo diretor financeiro Ricardo Basque para ocupar o cargo deixado por Nicolas Fischer. De acordo com comunicado da companhia, o novo presidente “responderá interinamente pela função”. Na empresa desde 2006, Basque é Bacharel em Administração de Empresas e passou anteriormente pela Nestlé, onde permaneceu por 14 anos. Tim Boyle/Bloomberg Estratégia de negócio vai levar as marcas de Norte a Sul do país Friboi e Swift devem centralizar os demais nomes por serem os mais fortes do grupo, com o desafio de chegarem em todo o território nacional A estratégia da JBS para trabalhar suas duas marcas, Friboi e Swift, incluiu uma reestruturação do trabalho das equipes comerciais e de distribuição. Desde março do ano passado, as áreas de atuação das equipes foram divididas em três regionais. O primeiro núcleo de negócios, batizada como regional um, atende, principalmente, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. A regional dois foca o atendimento em Minas Gerais, Goiás, Pará e estados do Nordeste. A regional três atende Mato Grosso, Acre e Rondônia. “São estados atendidos prioritariamente por cada um desses núcleos, mas não significa que não possam atender outras regiões. A três também atende o Rio”, diz João Audi, diretor comercial da divisão de carnes. “Com essas alterações, ganhamos eficiência, por exemplo”. Antes dessa mudança, explica Audi, as 34 plantas da JBS e as equipes comerciais atendiam a todo o país. “Agora o trabalho é focado”, diz o executivo. “A logística funciona melhor, há mais velocidade de entrega e melhor custo beneficio”. “ Buckley reforça bons resultados da 3M Ninguém no Brasil tem uma distribuição ou unidades convenientemente localizadas e que possam atender todo o país João Audi diretor comercial da divisão de carnes Além de focar mais o trabalho por região, as equipes também foram divididas por perfil de cliente. Há, por exemplo, os vendedores que atendem atacado, outros que trabalham junto ao pequeno varejo e, ainda, as equipes que atendem grande varejo e cozinhas industriais. “É importante para a estraté- gia da empresa porque o atendimento é diferente. O perfil de compra é diferente”, diz Audi. Uma cozinha industrial, por exemplo, tem uma programação de compra distinta da do pequeno varejo. Enquanto demora 30 dias para fazer nova encomenda, o pequeno varejista compra toda semana. “Além do modelo de compras, a precificação e o mix de produtos são diferentes em cada estabelecimento”, diz o diretor de marketing, Marcio Gonzalez. O quadro de funcionários não foi muito ampliado, segundo Audi. O segredo foi, mesmo, a reestruturação do trabalho. “Ninguém no Brasil tem uma distribuição ou plantas convenientemente localizadas e que possam atender todo o país. Não estávamos utilizando a nossa distribuição da melhor maneira, a localização das plantas por todo o Brasil é um trunfo”, completa Audi. Gonzalez, do marketing, diz, ainda, que a meta da companhia é alcançar, nos próximos cinco anos, poder de distribuição semelhante ao da Ambev e ao da Souza Cruz, referências no assunto. ■ E.P. ESTRATÉGIA Swift será marca premium do grupo Se por um lado, Friboi será a marca mais acessível da JBS, e que vai fazer frente à Seara, da Marfrig, por outro, a Swift terá como destino a despensa do consumidor interessado em comprar um produto premium. “É importante ficar claro que a Swift, e suas assinaturas, concorrem em esfera mais sofisticadas, o que não significa ser marca de nicho”, diz Marcio Gonzalez, diretor de marketing da JBS. “Quando há um dinheiro sobrando, você não quer experimentar algo mais sofisticado?”. Ele lembra que num país como o Brasil, onde a população ganha poder aquisitivo, não há restrições de classe quando o te- Cortes de carne da Swift e da Friboi podem ter diferença de preços ao consumidor que variam de 30% a 100% ma é alimentação. A Swift, que chega a cerca de 10 mil pontos de venda atualmente, ante os 1,2 mil a que chegava em 2010, tem 390 itens sob o guarda-chuva da marca. Os produtos fazem frente a categorias da marca Sa- dia, por exemplo. A empresa deverá realizar campanhas de marketing para a marca daqui a cerca de dois anos, quando a capilaridade for maior. “Não adianta fazer comerciais de amplo alcance se o consumidor não encontrar o produto”. Cortes de carne para churrasco da Friboi e da Swift podem ter diferença de preços para o consumidor que variam entre 30% a 100%, a depender do produto. Para Claudio Felisoni, coordenador do Provar, da FIA, a estratégia que está por trás de trabalhar duas marcas é alcançar dois universos de consumidores: os sensíveis e os não sensíveis a preços. ■ E.P. 3M tem lucro trimestral acima do esperado Demanda de setor industrial e de transportes compensa vendas fracas de eletrônicos A 3M teve lucro trimestral acima do esperado, apoiado em uma demanda dos mercados industrial e de transporte que compensou as vendas fracas para fabricantes de produtos eletrônicos. A empresa americana de produtos inovadores, conhecida pelo Post-It, fita adesiva e componentes para eletrônicos, teve lucro líquido de US$ 954 milhões, ou US$ 1,35, ante US$ 928 milhões, ou US$ 1,28, um ano antes, nos meses de outubro a dezembro. As vendas da 3M tiveram crescimento de 6%, para US$ 7,1 bilhões, e atenderam às estimativas de Wall Street. A empresa, que possui mais de 35 unidades de negócios, teve desempenho variado. Os segmentos industrial e de transporte tiveram salto de 14% nas vendas, o que reflete a boas perspectivas para os mercados automotivo, aeroespacial e de energias renováveis.As vendas nas divisões de produtos para papelaria e escritório, cuidados com a saúde e de mercado industrial e segurança também foram maiores. Nas divisões de produtos elétricos, eletrônicos e de telecomunicações, no entanto, as vendas da companhia caíram. “Fomos suficientemente fortes para obter esse resultado apesar da deterioração da demanda na Europa e nos eletrônicos”, disse em nota George Buckley, principal executivo da companhia. Embora os números tenham sido positivos, a 3M acredita que o crescimento será mais len- Embora números tenham sido positivos, companhia acredita que crescimento será mais lento no primeiro semestre de 2012 to neste primeiro semestre de 2012. A companhia reiterou previsão de lucro entre US$ 6,25 e US$ 6,50 por ação e disse que se focará mais no lucro líquido no curto prazo em um cenário de menor crescimento. A 3M disse ainda que aquisições aumentarão os resultados do ano. Em janeiro, a empresa expandiu o segmento de material para escritório comprando por US$ 550 milhões a Avery Dennison, uma das principais fornecedores de produtos para escritório e escolar. Em 2011, su as vendas somaram US$ 765 milhões. ■ Agências