PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANOPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE DIRETORIA DE VIGILANCIA EM SAUDE GERENCIA DE VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA INFORME EPIDEMIOLÓGICO n° 01/2009/SMS/DVS/GVE MENINGITE Refere-se às informações relacionadas ao surto de Meningite Meningocócica ocorrido no Estado da Bahia e ressalta as medidas de controle a vigilância, manejo clínico e o enfrentamento da doença. A Diretoria de Vigilância em Saúde, através da Vigilância Epidemiológica, informa a confirmação de surto de Meningite Meningocócica no sul do estado da Bahia, um dos destinos turísticos mais procurados no país. No dia 23 de outubro (semana epidemiológica 42) foram notificados ao Ministério da Saúde 04 óbitos (3 masculinos e 1 feminino), com idade de 15 a 19 anos, ocorridos em Trancoso, nos dias 22 e 23 de outubro. Todos haviam participado de um show que ocorreu em Trancoso no dia 18/10, sendo que o início dos sintomas de todos os casos ocorreu após três dias. O quadro clínico geral era cefaléia, febre, petéquias, vômito e rigidez na nuca. Embora se verifiquem muitas excursões de pessoas residentes em Florianópolis para o Estado bahiano, salienta-se que não constatou-se ocorrência de casos de meningite meningocócica no período do surto. Em Florianópolis, na semana epidemiológica imediatamente anterior ao surto (SE 41) e na semana epidemiológica 42, (período do surto na Bahia), foram notificados e investigados 03 casos de meningite, sendo que nenhum deles é da mesma etiologia dos casos naquele Estado, sendo que todos os casos tiveram boa evolução clínica. Não houve configuração de surto epidemiológico no Município de Florianópolis, considerando que não houve vínculo epidemiológico, ou seja, as pessoas que mantiveram contato com os pacientes não desenvolveram a doença. Visando garantir a saúde dos munícipes e daqueles que eventualmente transitam por nosso Município, ressaltamos a importância da vigilância contínua, especialmente dos serviços de saúde, e o alerta quanto aos sinais e sintomas relacionados à doença, possibilitando o diagnóstico precoce e intervenção clínica rápida e eficaz, buscando evitar outros agravos e óbitos por meningite, especialmente a meningocócica, e outras doenças transmitidas através das vias respiratórias. Ressaltamos a necessidade de reforçar as orientações gerais sobre a doença e as formas de prevenção a todos os profissionais de saúde, da educação, dos terminais rodoviários, do aeroporto, das empresas de transporte e outras, do comércio e da comunidade em geral. O anexo I deste Informe Epidemiológico contém informações gerais relacionadas à doença, enfatizando especialmente a vigilância, o manejo clínico e o enfrentamento da Meningite. ANEXO I Meningite O que é meningite? Meningite é uma infecção das membranas (denominados “meninges”) que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Agente Etiológico Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, dentre outros, e agentes não-infecciosos (ex: traumatismo). As meningites de origem infecciosa, principalmente as causadas por bactérias e vírus, são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos. Dentre elas destacam-se: → meningite bacteriana por: Neisseria meningitidis (meningococo), Mycobacterium tuberculosis, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae; → meningites virais: três cepas de poliovirus, 28 cepas de echovírus, 23 cepas do vírus coxsackie. Transmissão Acontece de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo necessidade de contato íntimo (residentes na mesma casa, colega de dormitório ou alojamento, namorado) e/ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente. A transmissão fecal-oral é de grande importância em infecções por enterovírus. Período de Incubação Em geral, de 2 a 10 dias; em média, 3 a 4 dias. Período de Transmissibilidade É variável, dependendo do agente infeccioso e da instituição do diagnóstico e tratamento precoces. No caso da doença meningocócica, a transmissibilidade persiste até que o meningococo desapareça da nasofaringe, o que geralmente ocorre após 24 horas de antibioticoterapia. Aproximadamente 10% da população pode se apresentar como portadora assintomática. Manifestações Clínicas A meningite pode apresentar como sinais e sintomas febre alta, cefaléia (forte dor de cabeça), vômitos, rigidez de nuca (dificuldade de movimentar a cabeça), dor no corpo, cansaço (desânimo), fotofobia (desconforto na presença de luz), e em alguns casos pode ocorrer petéquias ou sufusões hemorrágicas (manchas avermelhadas na pele), convulsões e prostração. Nos lactentes e recém-nascidos os sinais e sintomas são atípicos, estando ausente, geralmente, a rigidez de nuca. Suspeitar se a criança apresentar hipo ou hipertermia, sonolência ou irritabilidade, choro intenso, recusa alimentar, vômitos, palidez, abaulamento da fontanela (moleira). Vigilância Epidemiológica dos Casos Todos os casos deverão ser imediatamente notificados à Vigilância em Saúde – Vigilância Epidemiológica do Município, que realizará a investigação e monitoramento de todos os casos e realizará a quimioprofilaxia, caso necessário. Através da quimioprofilaxia, que é o uso de antibióticos aos contatos íntimos de casos de alguns casos de meningite, previne-se novos casos, evitando a ocorrência do surto. Após o tratamento precoce, de 24 à 48h, o paciente com meningite não transmite mais a doença. Medidas de Prevenção São medidas gerais de prevenção de doenças infecciosas: v Realizar a freqüente higiene das mãos; v Manter alimentação adequada e realizar atividade física, melhorando a imunidade do organismo; v Manter a ventilação adequada dos ambientes de preferência possibilitando a entrada do sol; v Evitar aglomerações de pessoas, procurando manter o local ventilado; v Manter a higiene geral dos utensílios, do vestuário, higiene corporal e dos alimentos; v Manter em dia o calendário vacinal das crianças. A vacina BCG previne contra meningite tuberculosa, a Tetravalente previne contra meningite por Haemophilos Influenza. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) - ISBN 85-334-1047-6 Manual Técnico da Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Meningite em Geral. Santa Catarina.