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Centro Universitário Fundação Santo André.
Programa de Pós Graduação Latu Senso, em Prática Educacional no
Atendimento as Necessidades Especiais.
“Saúde Auditiva no Ensino Médio: um processo educacional.”
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras do Centro
Universitário Fundação Santo André, como requisito
parcial para obtenção do título de Pós Graduação.
Orientação: Profª Dra. Marisa Sacaloski.
Santo André
2012
Centro Universitário Fundação Santo André.
Programa de Pós Graduação Latu Senso, em Prática Educacional no
Atendimento as Necessidades Especiais.
“Saúde Auditiva no Ensino Médio: um processo educacional.”
Deise Fernandes de Moura
Rodrigo Parreira Valverde
Santo André
2012
RESUMO:
Este artigo tem como finalidade verificar entre os alunos do Ensino Médio de
ambos os sexos de um colégio particular do município de Santo André, os
hábitos de saúde auditiva e quais as influências causadas pelos aparelhos
eletrônicos de uso auditivo na qualidade de vida dos mesmos e sua
interferência no processo de ensino aprendizagem do ponto de vista de alunos
e professores. O melhor entendimento da audição e da perda auditiva começa
com a compreensão de como escutamos. Com isso o artigo inicia-se
apresentando formas de conscientização e prevenção dos alunos quanto ao
uso saudável desses equipamentos. A pesquisa foi realizada por meio de um
questionário com perguntas fechadas referentes ao comportamento dos alunos
em seu cotidiano, tal instrumento foi aplicado a 40 alunos do ensino médio. A
faixa etária dos alunos variou de 14 a 18 anos, sendo 37,5% do sexo masculino
e 62,5% do sexo feminino. Das questões respondidas pelos professores, a
minoria retira os aparelhos sonoros dos alunos quando usados em sala de
aula, ou acham que estes equipamentos podem prejudicar a aprendizagem.
Todos os alunos entrevistados utilizam aparelhos com fones de ouvido no seu
cotidiano, sendo que quase metade o faz no ambiente escolar, e na prática de
atividade física. Quanto à exposição em locais com barulhos muito fortes, a
maioria freqüenta ambientes com som acima do desejável para o ouvido
humano.
Tais equipamentos são usados na maioria das vezes, mais de uma
vez por semana. Em relação aos aparelhos sonoros mais utilizados pelos
jovens pesquisados, o celular foi o de maior destaque, seguido pelo ipod e
mp3/4, mas os alunos não creem que esses equipamentos prejudicam a
aprendizagem, mas sabem o que fazer para prevenir a perda de audição.
Quase metade dos estudantes teve algum amigo na escola com problemas de
audição. Tais achados revelam que mesmo sabendo como se prevenir dos
riscos relativos à audição, alunos e professores não tomam as medidas
cabíveis para retirar os equipamentos ou reduzir a exposição a sons de forte
intensidade. Aparentemente sequer identificam tais equipamentos como
nocivos.
Desta
forma,
é
necessário
um
trabalho
preventivo
e
de
conscientização para que mudanças nos hábitos de exposição ao ruído sejam
uma prática na escola e em outros ambientes.
Palavras- chave: Perda Auditiva, aparelhos sonoros, educação
ABSTRACT
This article aims to check among middle school students of both sexes of a
private college in the municipality of Santo André, hearing health habits and
what the influences caused by auditory use electronic devices in their quality of
life and its interference in the process of learning from the point of view of
students and teachers. The better understanding of hearing and hearing loss
begins with understanding how we listen. This article starts featuring forms of
awareness and prevention of students regarding the use of these healthy
equipment. The survey was conducted by means of a questionnaire with
questions concerning the performance of the students locked in their routine,
such an instrument was applied to 40 high school students. The age range of
students varied from 14 to 18 years, with 37.5 males and female 62.5. Of the
questions answered by teachers, the minority takes sound equipment of the
students when used in the classroom, or find that these devices can disrupt the
learning. All the students interviewed, use appliances with headphones in your
daily life, with almost half the does in the school environment, and in the
practice of physical activity. As for exposure in workplaces with strong noises,
most frequents environments with desirable above sound to the human ear.
Such equipment is used in most cases, more than once a week. For more
sound equipment used by young people surveyed, the mobile phone was the
featured, followed by iPod and mp34, but students did not believe that such
equipment affect learning, but you know what to do to prevent hearing loss.
Almost half of the students had some friend at school with hearing problems.
Such findings reveal that even knowing how to prevent the risks relating to
hearing students and teachers do not take reasonable measures to withdraw
the apparatus or reduce exposure to sounds of strong intensity. Apparently
even identify such equipment as harmful. In this way, there is a need for a
preventive and awareness-building work that changes in habits of exposure to
noise shall be a practice at school and in other environments.
Keywords: hearing loss, sound equipment, education
INTRODUÇÃO
A degradação auditiva se manifesta progressivamente, com a exposição a sons
muito fortes por longos períodos podendo causar o desgaste, ou ainda, em
casos mais graves, a perda de alguns componentes do sistema auditivo. A
audição é o sentido que nos coloca em contato com o mundo, porém se o som
for muito intenso e a exposição prolongada, isso pode ser prejudicial. O trauma
acústico é a perda auditiva, provocada por uma explosão ou estampido. Os
níveis sonoros que atingem as estruturas da orelha interna ultrapassam os
limites mecânicos produzindo lesão do Órgão de Corti. “A manutenção da
exposição ao ruído e o distúrbio metabólico provocado, faz com que haja morte
celular com perda auditiva definitiva” (CRUZ; COSTA, 1994).
A exposição prolongada ao ruído pode causar perda auditiva, além de outros
sintomas, comprometendo as relações do indivíduo no trabalho e dentro da
sociedade, o que poderá prejudicá-lo no seu desempenho nas atividades
cotidianas.
A maioria dos indivíduos não consegue perceber se está com algum tipo de
perda auditiva, principalmente as crianças e os adolescentes no ambiente
escolar. É necessário que o professor fique sempre atento aos alunos e suas
dificuldades de aprendizagem, pois os indivíduos com queixas de dificuldades
escolares,
geralmente
apresentam
pior
desempenho
em
testes
de
processamento auditivo em função de atraso na manutenção das habilidades
auditivas, podendo apresentar prejuízos no processo de ensino aprendizagem.
O termo dificuldades de aprendizagem não se refere a um único distúrbio, mas
sim á vários problemas que podem afetar qualquer área do desempenho
escolar podendo alterar as possibilidades da criança de aprender independente
de suas condições neurológicas (SMITH, STRICK, 2001).
Essas dificuldades podem ser classificadas como naturais ou secundárias. As
naturais são aquelas em que as causas estão relacionadas a fatores como a
escola, pouca assiduidade da criança e aspectos referentes à família.
Geralmente essas dificuldades são transitórias e tendem a ser superadas
(SMITH; STRICK, 2001).
As dificuldades secundárias são aquelas decorrentes de outras patologias
como: portadores de déficits de atenção, sensoriais e quadros neurológicos
mais graves. ( MOOJEN, 2003).
As características mais encontradas na grafia de uma criança com dificuldades
de aprendizagem são: erros ortográficos, lentidão ao realizar uma cópia,
alterações no traçado da letra e uso incorreto do espaço. A leitura é lenta
acarretando baixa compreensão e confusão com palavras semelhantes
(SMITH, STRICK, 2001).
Desta forma o objetivo desse artigo é verificar entre os alunos do Ensino Médio
de ambos os sexos de um colégio particular do município de Santo André, os
hábitos de saúde auditiva e quais as influências causadas pelos aparelhos
eletrônicos de uso auditivo na qualidade de vida dos mesmos e sua
interferência no processo de ensino aprendizagem do ponto de vista de alunos
e professores.
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi realizada num colégio particular do município de Santo André,
por meio de um questionário com perguntas fechadas referentes ao
comportamento dos alunos em seu cotidiano.
O questionário e termo de consentimento ( Anexo I e II) foram entregues para
todos os alunos do Ensino Médio do Colégio juntamente com uma carta de
esclarecimento sobre a pesquisa, pois a grande maioria dos alunos são
menores de idade, necessitando assim de uma autorização dos responsáveis.
Um dos autores desse estudo pertence ao corpo docente da instituição
pesquisada, e antes da entrega dos questionários, explicou para todos os
alunos a respeito da importância desse trabalho preventivo.
Após breve
conversa reflexiva, foram entregues um total de 150 questionários que é o
público existente no colégio, sendo que desses, 51 são meninos e 99 são
meninas.
Foi dado um prazo de uma semana para a devolução dos mesmos, logo após
foi realizado um levantamento de dados, e 40 questionários foram devolvidos
no prazo e com o preenchimento correto. Desse montante, 15 são de meninos
e 25 de meninas (Tabela 1).
Tabela 1- Distribuição percentual dos alunos estudados segundo o sexo e a
idade (n=40)
Idade (em anos)
Sexo masculino
Sexo feminino
Total
No.
%
No.
%
No.
%
14 anos
6
15 %
1
2,5 %
7
17,5 %
15 anos
4
10 %
14
35 %
18
45 %
16 anos
1
2,5 %
9
22,5 %
10
25 %
17 anos
1
2,5 %
1
2,5 %
2
5%
18 anos
3
7,5 %
0
0%
3
7,5 %
Total
15
37,5
25
62,5
40
100
Além dos questionários aos alunos, também foram entrevistados dez
professores da mesma instituição por meio de duas questões abertas (anexo
III), sendo que 60 % responderam e 40% não devolveram os mesmos no
prazo. Desses professores que colaboraram com o trabalho 33,3% são homens
e 66,6% mulheres.
Foram tabuladas todas as questões de forma comparativa e transformadas em
gráficos.
Após a devolução dos questionários a instituição pesquisada possibilitou a
divulgação da pesquisa para os alunos, pais e professores, e foi possível
informar e conscientizar a todos sobre a importância do uso correto de
aparelhos com fone de ouvido, mostrando seus benefícios e malefícios a saúde
auditiva, esse trabalho foi feito através de folders espalhados pela instituição,
comunicados encaminhados para as famílias e palestras para os alunos.
Resultados
Nesse capítulo apresentamos os achados relativos ao questionário aplicado
aos alunos do ensino médio de uma escola particular do município de Santo
André e a seus professores.
Quanto aos hábitos de exposição a ruídos os achados são ilustrados nos
gráficos 1 a 4.
Usa fones na atividade física
5%
50%
45%
Usa fones na aula
55%
45%
Frequenta ambientes com som
forte
sem resposta
não
sim
42,50%
57,50%
usa fones
100%
0% 20% 40% 60% 80% 100 120
% %
Gráfico 1: Distribuição percentual dos hábitos de exposição ao ruído na
população estudada.
menos que uma
vez
22,50%
mais que uma vez
30%
uma vez por
semana
12,50%
todo dia
34%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Gráfico 2: Distribuição percentual da frequência de uso de fones de
ouvido na população estudada.
40%
entre 13 e 15 anos
32,50%
entre 10 e 12 anos
62,50%
menos de 10 anos
5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Gráfico 3: Distribuição percentual da idade de início do uso de
equipamentos com fones de ouvido na população estudada.
80%
75%
70%
60%
45%
50%
37,50%
40%
30%
20%
20%
10%
0%
celular
mp3 ou mp4
ipod
outros
Gráfico 4: Distribuição dos sujeitos segundo os equipamentos sonoros
eletrônicos utilizados.
70%
Quanto ao contato com colegas que possuem perda de audição e quanto aos
aspectos relativos às noções sobre cuidados com a audição e sua relação com
a aprendizagem, os dados são apresentados nos gráficos de 5 a 7.
50%
45%
40%
40%
30%
20%
15%
10%
0%
sim
não
sem resposta
Gráfico 5: Distribuição dos sujeitos segundo a resposta à pergunta:
“Você tem ou teve algum amigo na escola com problemas de audição?”
60%
50%
52,50%
45%
40%
30%
20%
10%
2,50%
0%
sim
não
sem resposta
Gráfico 6: Distribuição dos sujeitos segundo a resposta à pergunta:”
Você acha que a utilização excessiva de fones de ouvido pode atrapalhar
o rendimento escolar?”
evitar locais com
muito barulho
32,50%
diminuir o volume
dos aparelhos
35%
não ouvir sons
muito alto
45%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Gráfico 7: Distribuição percentual sobre os cuidados da audição
mencionados pelos alunos.
A seguir apresentamos as respostas dos professores sobre o uso de
equipamentos sonoros eletrônicos com fones (gráficos 8 e 9).
40%
sem resposta
20%
interfere na compreensão do conteúdo
20%
10%
ajuda em momentos criativos
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Gráfico 8: Distribuição das respostas dos professores quanto ao uso de
equipamentos sonoros eletrônicos na sala de aula.
40%
sem resposta
30%
retiro o aparelho quando usado
não me incomodo
10%
sou a favor em determinados momentos
10%
sou contra o uso
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Gráfico 9: Distribuição das respostas dos professores entrevistados para
a pergunta: “Com relação ao uso excessivo de aparelhos eletrônicos com
fones de ouvido, qual a sua avaliação quanto a esse hábito dos alunos, e
como isso pode interferir no processo de ensino aprendizagem ?”
DISCUSSÃO
Dos alunos entrevistados, 100% utilizam aparelhos com fones de ouvido no
seu cotidiano, sendo que 45% usam o mesmo no ambiente escolar, e na
prática de atividade física. Quanto à exposição em locais com barulhos muito
fortes, 57,50% confirmaram freqüentar ambientes com som acima do desejável
para o ouvido humano (Gráficos 1 a 4).
A poluição sonora é um dos fatores mais graves que afetam o planeta. Dada a
sua repercussão na saúde e no meio ambiente, é considerado um sério
problema de saúde pública mundial.
Por conviver constantemente com esse mal, a humanidade está acostumada
com o ruído e em muitos casos não percebe seus efeitos maléficos na saúde,
no ambiente e na qualidade de vida. Porém estudos indicam que o ruído está
entre os principais agentes causadores de estresse, insônia, depressão e
outros sintomas que levam a mudanças físicas e psicológicas negativas nos
seres humanos.
A ciência tem desvendado nobres funções do sono como as psicológicas, as
intelectuais, as da memória, as do humor e as da aprendizagem. O sono
parece ser o período mais fecundo para consolidar os traços mnemônicos e
geradores de criatividade. Prejuízos causados a ele diminuem a capacidade
das funções superiores do cérebro, condenando suas vítimas a cidadãos de
segunda classe (JOUVET, 1977; DE KONINCK ET AL, 1989; PIMENTELSOUZA, 1990). A sensibilidade de Scbopenhauer já o permitia antecipar de
mais de um século as provas científicas de hoje ao afirmar: "O barulho é a
tortura do homem de pensamento".
Quanto à freqüência do uso de fones de ouvido, a população estudada
apresentou resultados interessantes, 34% utilizam todos os dias, 30% mais de
uma vez, 12,50% uma vez e 22,50% menos que uma vez por semana
(Gráfico 2). Mais de 50 % dos alunos acredita que o uso desses equipamentos
não atrapalha a aprendizagem
Guilherme (1991) estima em 30 % de perda da audição nos jovens que usam
aparelhos com fones de ouvido acima de duas horas por dia a níveis próximos
de 100 dB. No quadro abaixo apresentamos exemplos de sons cotidianos e
sua intensidade.
Quadro 1: Níveis intensidade (dBNPS) das diversas fontes sonoras.
FONTE SONORA
Arma de fogo
Concerto de “rock”
Serra elétrica / furadeira pneumática
Pátio do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro
(medição fornecida pela Infraero)
INTENSIDADE dB NPS
130-140
110
100-105
80-85
(dosimetria – 8h)
Tráfego pesado
80
Automóvel (passando a 20 metros)
70
Conversação a 1 metro
60
Sala silenciosa
50
Área residencial à noite
40
Falar sussurrando
20
Fonte: Sociedade Brasileira de Otologia (SOB), 2010.
O quadro 1 demonstra que não é difícil estarmos expostos por grande espaço
de tempo em ambientes cujos sons têm intensidade sonora muito elevada,
dessa forma percebemos que diariamente, em diferentes situações, estamos
sujeitos a possíveis danos a audição, sem mesmo nos darmos conta disso.
Em relação aos sons emitidos por aparelhos de fone de ouvido, estudos
mostram que os mesmos podem chegar a emitir em média, no volume máximo,
114 decibéls, comparando com o quadro percebe-se que estes aparelhos
chegam a emitir mais decibéls do que uma serra elétrica, ou até mesmo podem
ser equivalentes a um show de rock.
O Quadro 2 destaca alguns danos que estamos sujeitos a causar em nosso
organismo quando ficamos expostos a um nível alto de ruído:
Impacto de ruídos na saúde – volume/reação efeitos negativos exemplos de
exposição.
Quadro 2. Reações orgânicas e efeitos negativos frente aos diversos níveis de
ruído (dBNPS).
Intensidade
dBNPS
Até 50
55 a 65
65 a 70
Acima de 70
Reação orgânica
Efeitos negativos
Nenhuma.
Nenhum.
(Organização Mundial da
Saúde)
Estado de alerta
Redução
do
poder
de
concentração
e
da
produtividade intelectual
Redução das defesas do Aumento da cortisona e do
organismo
colesterol sanguíneo, liberação
de endorfina que torna o
organismo dependente.
Estresse degenerativo e Aumenta risco de enfarte e
comprometimento
da infecções.
saúde mental
Fonte: Unesp, 2010
O aparelho auditivo está sujeito a lesões que podem ser irreversíveis. A parte
do ouvido freqüentemente afetada são as células da cóclea. É cada vez mais
comum a perda auditiva em jovens, estimando-se que um terço desses
enfrentará problemas auditivos precoces. Isso pode ser atribuído ao uso
excessivo de aparelhos com fones de ouvido, como MP3 players, falta de
advertências pela maioria dos fabricantes desse tipo de aparelho e efeitos
cumulativos diários.
Com o avanço da tecnologia, a possibilidade de ouvir música em vários tipos
diferentes de aparelhos aumentou, com isso também cresceu o número de
usuários desses aparelhos. É comum encontrar pessoas em diferentes faixas
etárias que ficam expostas por várias horas, a um volume elevado, ouvindo
esses aparelhos portáteis, sem, muitas vezes, conhecer os danos causados
pelos mesmos.
De acordo com a Norma Regulamentadora 15 (NR-15) que destaca a
segurança e medicina do trabalho em atividades e operações insalubres, os
limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente devem ser seguidos
conforme o quadro abaixo:
Quadro 3. Exposição diária permissível ao nível de ruído
NÍVEL DE RUÍDO DB (A)
MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
85
8 horas
86
7 horas
87
6 horas
88
5 horas
89
4 horas e 30 minutos
90
4 horas
91
3 horas e 30 minutos
92
3 horas
93
2 horas e 40 minutos
94
2 horas e 15 minutos
95
2 horas
96
1 hora e 45 minutos
98
1 hora e 15 minutos
100
1 hora
102
45 minutos
104
35 minutos
105
30 minutos
106
25 minutos
108
20 minutos
110
15 minutos
112
10 minutos
114
8 minutos
115
7 minutos
Fonte: Brasil Leis, 2005
Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia (SOB) o limite máximo de
exposição diário permitido, sem grandes conseqüências, é de 85 decibéis.
Acima deste valor, dependendo do tempo de exposição e sensibilidade
individual, existe o risco de danos a audição, podendo causar inclusive surdez.
Levando em conta que um MP3 player pode chegar a 114 decibéls e que
muitas pessoas ficam expostas ao volume máximo desses aparelhos, percebese, portanto, que pode ser esse um dos motivos mais comuns que leva as
pessoas, na maioria jovens, a terem problemas auditivos.
A pesquisa que desenvolvemos, surgiu pelo interesse em poder orientar os
alunos do Ensino médio quanto a utilização correta de aparelhos com fones de
ouvido. Os adolescentes são, dentre as diversas faixas etárias da população,
os que mais utilizam MP3 players e, muitas vezes, por utilizarem-se deste
aparelho excessivamente, em intensidade elevada, causam danos a sua
audição.
Em relação aos aparelhos sonoros mais utilizados pelos jovens pesquisados, o
celular foi o de maior destaque com 75%, seguido pelo iPod com 45% e por
ultimo o mp3/4 com 37,50% e outros 20% (Gráfico 4).
Quanto ao contato com colegas que possuem perda de audição, verifica-se
que 45% tiveram algum amigo na escola com problemas de audição, 40% não
e 15% não responderam a pergunta (Gráfico 5).
A deficiência auditiva é uma diminuição da capacidade de percepção normal
dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na
vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é
funcional com ou sem prótese auditiva.
Pelo menos uma em cada mil crianças nasce profundamente surda. Muitas
pessoas desenvolvem problemas auditivos ao longo da vida, por causa de
acidentes ou doenças.
Existem dois tipos principais de problemas auditivos. O primeiro afeta o ouvido
externo ou médio e provoca dificuldades auditivas "condutivas" (também
denominadas de "transmissão"), normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo
envolve
o
ouvido
interno
ou
o
nervo
auditivo.
Chama-se
surdez
neurossensorial.
A deficiência auditiva pode ser classificada como deficiência de transmissão,
quando o problema se localiza no ouvido externo ou médio (nesse caso, o
prognóstico costuma ser excelente); mista, quando o problema se localiza no
ouvido médio e interno, e sensorioneural (neurossensorial), quando se origina
no ouvido interno e no nervo auditivo. Infelizmente, esse tipo de surdez em
geral é irreversível. A surdez condutiva faz perder a intensidade sonora: é
como tentar entender alguém que fala muito baixo ou está muito longe. A
surdez neurossensorial corta o volume sonoro e também distorce os sons.
Essa interpretação descoordenada de sons é um sintoma típico de doenças do
ouvido interno. (MEC/SEESP, 1995).
A surdez neurossensorial pode se manifestar em qualquer idade, desde o prénatal até a idade avançada. A cóclea é um órgão muito sensível e vulnerável
aos fatores genéticos, às doenças infantis, aos sons muito altos e a alguns
medicamentos. Muitos idosos também sofrem de surdez neurossensorial.
Um parto difícil ou prematuro, sobretudo quando o bebê não recebe oxigênio
suficiente, às vezes causa surdez neurossensorial. Ao nascer, a criança está
sujeita à icterícia, prejudicial ao nervo auditivo, podendo levar à perda de
audição.
A icterícia é mais comum em bebês prematuros. Muitos problemas que surgem
no parto estão se tornando menos freqüentes à medida que se aprimoram as
técnicas de assistência a bebês de "alto risco". (MEC/SEESP, 1995).
Outro dado interessante nesse trabalho está relacionado à aprendizagem, pois
a maioria dos jovens acredita que o uso de fones de ouvido em sala de aula
não atrapalha no rendimento escolar, pois já estão acostumados a estudar,
conversar com os amigos e ficar no computador usando esses variados
aparelhos sonoros. Sendo que muitos jovens não conseguem estudar se não
estiver ouvindo alguma música. No entanto para termos um melhor
entendimento não somente em sala de aula, mas no nosso dia a dia,
necessitamos um pouco de silêncio sem muitos ruídos juntos, dessa forma
nossa atenção ficará voltada apenas para um único foco, fazendo com que
tenhamos uma atenção maior naquilo que estamos realizando. A compreensão
do que se escuta depende, além da atenção à mensagem, do processamento
auditivo, que compreende a memória, as associações que se faz e síntese
(DREOSSI, 2004).
Quando perguntado aos alunos entrevistados quais os cuidados preventivos,
muitos citam que um dos cuidados para a audição é de não ouvir sons muito
altos ou para reduzir o “volume” dos equipamentos, isso nos surpreendeu, pois
notamos no convívio diário desses alunos que sempre estão com um volume
bastante alto chegando a incomodar quem está próximo, mas ele mesmo nem
percebe. A falta de percepção de estarem em um ambiente ruidoso, pode
representar uma fonte de perigo, pois quanto mais sons externos esses jovens
ouvirem mesmo já estando com o fone de ouvido, a tendência de aumentar o
som do aparelho será bem maior. Russo (1997), se expressa muito bem em
suas palavras:
Que o respeito a um órgão tão perfeito – o ouvido humano - e a valorização de
um dos mais importantes sentidos dos quais somos dotados – a audiçãosejam um compromisso mais do que momentâneo, mas que o assumamos por
toda a vida, pois som e audição continuam a ser uma das mais belas
combinações (p.49).
Com relação às questões respondidas pelos professores, 30% retiram os
aparelhos sonoros dos alunos quando usados em sala de aula e 40% dos
professores não responderam nossa pergunta. Com isso podemos perceber
que numa sala ruidosa e com alunos que estão usando aparelhos sonoros, o
professor tende a superar os ruídos competitivos elevando a intensidade da
sua voz para se fazer ouvir e ao mesmo tendo chamar atenção para aquilo que
esta sendo trabalhado. Isso caracteriza o “Efeito Lombard”, que corresponde a
essa tendência onde quem fala mantém constante relação entre o nível de sua
fala e o ruído (DREOSSI, 2004). Por outro lado, os alunos despendem grande
energia para manter a atenção, pois lidam não somente com o barulho da sala,
mas também, com muitos ruídos externos, onde também pode ocasionar um
baixo rendimento escolar.
Os professores acreditam que o uso excessivo de aparelhos eletrônicos com
fones de ouvido, não somente atrapalha no processo de ensino aprendizagem,
mas também tira toda a atenção do aluno interferindo, assim na compreensão
do conteúdo (gráfico 8). Com essa situação os professores se vêem
impossibilitados de realizar um trabalho que realmente culmine com um ensinoaprendizagem eficiente. Segundo Sancho, as novas tecnologias trazem novos
horizontes à escola; assim alunos e professores podem estar mais próximos e
o processo de ensino-aprendizagem pode ganhar um dinamismo, inovação e
poder de comunicação inusitada. A aprendizagem se dá através da descoberta
e o professor passa a ser um guia do aluno (SANCHO, 1998). Desta forma os
professores podem juntamente com os alunos promover debates, roda de
conversas e exposições em sala de aula sobre o assunto, promovendo assim
um maior conhecimento da deficiência auditiva causada por fones de ouvido.
O professor precisa abrir espaço para compreender a dinâmica estabelecida
em sala de aula, pelo aluno, como a construção de seu conhecimento e
também de sua subjetividade. Se de um lado temos os alunos buscando novos
saberes, do outro deveríamos ter o professor que investiga, observa, escuta,
propõe situações problemas, intervém e organiza o espaço para que a
aprendizagem se concretize.
Nós como professores precisamos ter uma visão mais ampla perante nossos
alunos, oferecer para eles aquilo que mostram interesse, dessa forma as aulas
passarão a ser mais interessantes e os alunos participarão sem perder a
atenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse artigo apresentamos os achados relativos ao questionário aplicado aos
alunos do ensino médio de uma escola particular do município de Santo André
e a seus professores.
Das questões respondidas pelos professores, a minoria retira os aparelhos
sonoros dos alunos quando usados em sala de aula, ou acham que estes
equipamentos podem prejudicar a aprendizagem.
Todos os alunos entrevistados utilizam aparelhos com fones de ouvido no seu
cotidiano, sendo que quase metade o faz no ambiente escolar, e na prática de
atividade física. Quanto à exposição em locais com barulhos muito fortes, a
maioria freqüenta ambientes com som acima do desejável para o ouvido
humano.
Tais equipamentos são usados na maioria das vezes, mais de uma
vez por semana.
Em relação aos aparelhos sonoros mais utilizados pelos jovens pesquisados, o
celular foi o de maior destaque, seguido pelo ipod e mp3/4.
Quase metade dos estudantes teve algum amigo na escola com problemas de
audição.
Dessa forma concluímos que é de extrema importância a orientação e
prevenção no cuidado com a saúde auditiva, o limite máximo de exposição
diário permitido, sem grandes conseqüências, é de 85 decibéis. Acima deste
valor, dependendo do tempo de exposição e sensibilidade individual, existe o
risco de danos a audição, podendo causar inclusive surdez.
Levando em conta que um MP3 player pode chegar a 114 decibéis e que
muitas pessoas ficam expostas ao volume máximo desses aparelhos, percebese, portanto, que pode ser esse um dos motivos mais comuns que leva as
pessoas, na maioria jovens, a terem problemas auditivos. Quando aos
cuidados preventivos quanto à audição, a maioria relata medidas de redução
do volume dos equipamentos sonoros.
Tais achados revelam que mesmo sabendo dos riscos relativos à audição,
alunos e professores não tomam as medidas cabíveis para retirar os
equipamentos ou reduzir a exposição a sons de forte intensidade.
Aparentemente
sequer
identificam
tais
equipamentos
como
nocivos.
Aparentemente sequer identificam tais equipamentos como nocivos.
Desta forma, é necessário um trabalho preventivo e de conscientização para
que mudanças nos hábitos de exposição ao ruído seja uma prática na escola e
em outros ambientes.
REFERÊNCIAS
AUDIREAL, APARELHOS AUDITIVOS. Saúde Auditiva. Disponível em:
<http://audireal.com.br/informativo.htm?gclid=CP6p7_v17KkCFQ5Y7AoddkK_
WA> Acesso em 28 Fev. 2011.
BEMZEN, REDAÇÃO. Perigo Invisível: Música alta prejudica a audição.
Disponível em: <http://bemzen.uol.com.br/noticias/ver/2010/11/09/1936-perigoinvisivel>. Acesso em: 22 Jan. 2012.
BRASIL - Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de
Educação Especial - Área da Deficiência Auditiva - Secretaria de Educação
Especial – Série Diretrizes 6 - Brasília: MEC/SEESP, 1995.
CRUZ, D.L.M., COSTA. S.S. Da Disacusias Neurossensoriais Induzidas por
Ruído. In: COSTA, S.S.da; CRUZ, D.L.M.; OLIVEIRA, J.A.A. de.
Otorrinolaringologia. Princípios e pratica. Porto Alegre: Artes Medicas, 1994.
DREOSSI, Raquel Cecília Fischer. A Interferência do ruído na aprendizagem.
Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 2,no. 64, p. 38-47, 2004.
MOOJEN S. Caracterizando os transtornos de aprendizagem. In:
Bassols A.M.S, Santis MFB, Sukiennik P.B., Cristóvão P.W., Fortes
S.D.(org.) Saúde mental na escola 1: uma abordagem
multidisciplinar. Porto Alegre: Mediação; 2003. P. 98-110.
PROJETO ACADEMIA DE CIENCIA, INSTITUTO FERNAND BRAUDEL. Por
que
muito
barulho
prejudica
a
audição?
Disponível
em:
<http://www.academiadeciencia.org.br/curiosidades/18112009.shtml>
Acesso em: 11 Fev. 2012.
RUSSO, I. P. 1997. Noções gerais de acústica e psico-acústica. In:
Perda auditiva induzida pelo ruído, p.49, Porto Alegre.
SANCHO, J. Para uma tecnologia educativa. Porto. Alegre: ArtMed, 1998
SMITH C, STRICK L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z: um guia
completo para pais e educadores. Porto Alegre, RS: Artmed; 2001.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE OTOLOGIA (SOB). Campanha Nacional da
Saúde Auditiva. Disponível em: <http://www.saud eauditiva.org. br/ >. Acesso
em: 28 fevereiro. 2012.
UNESP. O barulho e seus efeitos sobre a audição. Disponível em:
<www.bauru.unesp.br>. Acesso em: 29 Jun. 2010.
ANEXOS 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento
Título: SAÚDE
EDUCACIONAL
AUDITIVA
NO
ENSINO
MÉDIO:
UM
PROCESSO
Você está sendo convidado a participar de um estudo sobre saúde e
prevenção auditiva.
Os hábitos da juventude em relação à música eletronicamente
amplificada, como freqüência a discotecas, academias de ginásticas e o uso de
equipamentos de som com fones de ouvidos podem causar perdas auditivas.
Para participar deste projeto você terá que responder a um questionário
(em anexo).
Sua participação neste estudo é de livre e espontânea vontade, sem
nenhum custo e seu consentimento de participação poderá ser retirado a
qualquer momento.
As informações obtidas serão analisadas em conjunto, não sendo
divulgada a identificação de nenhum participante.
Nós, Profº Rodrigo Parreira Valverde e Profª Deise Fernandes,
estudantes da Pós Graduação do Curso de Práticas Educativas no
Atendimento as Necessidades Especiais, do Centro Universitário da Fundação
Santo André sob a supervisão da Profª Marisa Sacaloski, colocamo-nos à sua
disposição para esclarecer todas as dúvidas sobre esta pesquisa.
AUTORIZAÇÃO
Eu,___________________________________responsável pelo (a) aluno (a)
______________________________________ concordo em deixar meu
(minha) filho (a) a participar voluntariamente deste estudo e poderei retirar meu
consentimento a qualquer momento.
_________________________________
Data ___/___/___
Assinatura do responsável
Declaramos que obtivemos de forma voluntária o consentimento deste
aluno para a participação neste estudo.
________________________________________________ Data ___/___/___
Rodrigo Parreira Valverde / Deise Fernandes de Moura
*Termo Elaborado a partir das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Conselho Nacional de Saúde,
Resolução 196/96 – Ministério da Saúde.
ANEXO 2 - Questionário
TEMA: Saúde Auditiva no Ensino Médio: Um Processo Educacional.
IDADE:___________SEXO:__________________SÉRIO/ANO:____________
Este questionário destina-se a conhecer melhor sua audição. E orientá-lo
quanto aos cuidados com a sua saúde auditiva.
ORIENTAÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO:
Responda as questões abaixo circulando sim ou não e quando
necessário assinale com X as alternativas.
1- Usa fones de ouvido para ouvir música?
(SIM) (NÃO)
a)- Com que freqüência ?
( ) Todos os dias.
( ) Um vez por semana.
( ) Mais que uma vez por semana.
( ) Menos que uma vez por semana.
b)- Quantas horas de uso ?
( ) Seis horas por dia.
( ) Mais que seis horas por dia.
( ) Menos que seis horas por dia.
c)- Escreva abaixo com que idade você começou a utilizar aparelhos
eletrônicos com fones de ouvido ?
idade ___________.
2- Freqüenta ambientes de som muito alto como
(SIM) (NÃO)
danceterias, academias de ginástica, shows e etc. ?
Há quanto tempo ? ____________________________
a)- Com que freqüência ?
( ) Um vez por semana.
( ) Mais que uma vez por semana.
( ) Menos que uma vez por semana.
3- Você acha que a utilização excessiva de
(SIM) (NÃO)
fones de ouvido pode atrapalhar no seu rendimento escolar ?
4- Você utiliza fones de ouvidos em horários de aulas? (SIM) (NÃO)
(
(
) só no intervalo
) em algumas aulas
(
) em todas aulas
5- Você usa fones de ouvido enquanto pratica alguma
atividade física ?
(SIM) (NÃO)
6- Assinale quais aparelhos eletrônicos que você usa:
( ) celular
( ) mp3 ou mp4
( ) ipod
( ) outros quais ___________________
7- Na família há pessoas com problemas de audição? (SIM) (NÃO)
Em caso afirmativo, quem? ___________________
Se souber qual é o problema __________________.
8- Você tem ou teve algum amigo na escola com
problemas de audição ?
(SIM) (NÃO)
ANEXO 3
Questões feitas aos professores da Instituição pesquisada:
1- Com relação ao uso excessivo de aparelhos eletrônicos com fones
de ouvido, qual a sua avaliação quanto a esse hábito dos alunos, e o
que isso pode interferir no processo de ensino aprendizagem?
2- Qual a sua ação perante o aluno que utiliza esses equipamentos em
sala de aula?
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