UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica PROJETO DE TESE LÚCIO FIGUEIRA PIMENTEL Recife, Outubro de 2002 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica PROJETO DE TESE ____________________________________ Profª. Dra. Nereide Stela Santos Magalhães Orientadora ____________________________________ Lúcio Figueira Pimentel Mestrando Recife, Outubro de 2002 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROJETO DE TESE Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica EQUIPE DE PESQUISA Orientadora: Profª.Dra. Nereide Stela Santos Magalhães Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) Departamento de Farmácia – UFPE Mestrando: Lúcio Figueira Pimentel Mestrando em Ciências Farmacêuticas – UFPE DURAÇÃO DO PROJETO: 2 ANOS Recife, Outubro de 2002 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 1.0 Introdução A malaria é uma doença tropical causada pela infestação dos parasitas Plasmodium vivax, P. falciparum, P. ovalae e P. malariae, transmitidas através do repasto sanguíneo de fêmeas do inseto Anopheles sp. É caracterizada por cefaléia ocasional, náuseas, vômitos, astenia, fadiga, anorexia e ligeira febre. O ataque agudo de malária caracteriza-se por um conjunto de paroxismos febris que apresentam quatro períodos sucessivos: o de frio, calor, de suor e apirexia. A malária acometia cerca de 6 milhões de brasileiros a cada ano, na década de 1940, em toda as regiões do país. No ano de 2000 registraram-se 611.042 casos da doença no Brasil, sendo 99,4% destes na Amazônia Legal. (FNS, 2002) No período de 1975 a 1996 de 1223 novas drogas desenvolvidas apenas 3 eram antimaláricos. A industria perdeu o interesse no desenvolvimento de inseticidas para fins em saúde pública e o suporte para a pesquisa em malária diminuiu. (GREENWOOD, 2002) Medidas de controle da malária tem sido tomadas desde o início da década de 40, porém a transmissão da malária tem aumentado em muitas regiões onde a infestação é endêmica. Entre as medidas adotadas citam-se o desenvolvimento de novos fármacos, o desenvolvimento de vacinas, o uso de técnicas e inseticidas no controle do inseto vetor, além do estudo das espécies envolvidas, para melhor caracterização da ação das medidas de combate. A malária ainda é a infestação humana mais devastadora no mundo inteiro, com 300 a 500 milhões de casos clínicos e quase 3 milhões de mortes a cada ano (HARDMAN, 1996). Estima-se que sejam gastos anualmente cerca de 1 bilhão de dólares na prevenção e controle da malária, sendo a maior parcela deste montante, utilizado na África onde cerca de 1 milhão de mortes ocorrem a cada ano, sendo 700.000 destas mortes em crianças. Estipula-se ainda que o controle da malária teria um benefício a curto período estimado entre 3 e 12 bilhões de dólares por ano. (WHO, 2000) Assim a malária é um problema de saúde constante, devendo-se incentivar a pesquisa contínua de novos fármacos com atividade antimalárica, técnicas de melhoria da ação terapêutica das drogas já existentes, novos esquemas de tratamento, controle do vetor e desenvolvimento de vacina, além da garantia de uma farmacoterapia adequada, evitando-se assim o aumento da resistência aos inseticidas e fármacos já existentes. A tentativa de se erradicar a malária através do uso de quimioterápicos foi frustada pelo surgimento de parasitas resistentes a uma ou mais classes de drogas antimaláricas. A resistência medicamentosa representa um grave problema clínico no caso do P. falciparum que é o responsável por mais de 85% dos casos de mortes por malária, sendo a quinina essencialmente 1 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica valiosa para o tratamento da doença grave, devido sua ação mesmo em cepas resistentes à cloroquina e a múltiplos fármacos (MFR) (HARDMAN, 1996). A quinina é o principal alcalóide da chinchona, extraída da casca a árvore que é nativa da América do Sul. Apesar de ter sido sintetizada, a quinina ainda é obtido a partir de fontes naturais. Age principalmente como esquizonticida sangüíneo, tem poucos efeitos nos esporozoítos ou nas formas pré-eritrocitárias dos parasitas da malária. O mecanismo de ação da quinina foi proposto em parte, pois sendo a quinina uma base fraca ela é altamente concentrada nos vacúolos alimentares ácidos do P. falciparum, admiti-se que a quinina aja nestas organelas, inibindo a atividade da heme polimerase, permitindo o acúmulo de seu substrato tóxico, o heme. Porém ainda não foi estabelecido se o heme induz a citotoxicidade por si só ou ou em complexo com a quinina. Porém mesmo após doses terapêuticas padrões pode-se obter concentrações tóxicas e uma sintomatologia conhecida por chinchonismo caracterizada por zumbidos, cefaléias, náuseas e distúrbios visuais, podendo agravar-se quando em terapia continuada, com efeitos gastrointestinais, cardiovasculares e dérmicos (HARDMAN, 1996 & VIEIRA, 2000). Apesar da sua toxicidade potencial, a quinina permanece como esquizonticida sanguíneo de escolha para o tratamento supressivo e para a cura da malária falciparum resistente a cloroquina e MFR. Esta toxicidade é um dos problemas a serem minorados. A modulação apropriada do fármaco no organismo está relacionada diretamente com a forma de administração do medicamento. Atualmente, o objeto principal de investigação na farmácia galênica é o desenvolvimento de novas formas de administração de medicamentos que possam melhorar a biodisponibilidade e diminuir a toxicidade de fármacos (COUVREUR, 1991, PUISIEUX, 1989). Polímeros naturais ou sintéticos tem sido utilizados como sistemas matriciais em processos de encapsulamento de drogas, proteínas, enzimas, produtos microbiológicos, vegetais ou células animais, com a finalidade de desenvolver um sistema de liberação dos materiais encapsulados. Microesferas são micropartículas porosas que promovem a liberação controlada de fármacos. Elas são constituídas de um sistema matriz contendo o fármaco uniformemente distribuído através da matriz polimérica. Tanto polímeros naturais e sintéticos tem sido utilizados na sua preparação. As micropartículas têm sido utilizadas com sucesso para uma grande variedade de fármacos e substâncias bioativas, incluindo proteínas, enzimas, hormônios, e vacinas. Microcápsulas com uma matrix de alginato e uma membrana polianion-polication em um complexo polieletrolítico tem sido muito investigada para varias aplicações, entre elas o encapsulamento de leveduras para a produção de álcool, imobilização de células de hibridoma na 2 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica produção de anticorpos monoclonais, insulina, e encapsulamento de drogas em sistemas de liberação prolongada. (GASER∅D, 1998) GIUNCHEDI et al, 2001, elaboraram comprimidos de clorexidina, para tratamento bucal a partir de microcápsulas de alginato revestidas com quitosana, permitindo o desenvolvimento de um sistema de liberação da droga controlado e eficiente. Complexos polieletroliticos são formados pela reação de um polieletrólito com outro de carga oposta em uma solução aquosa. Polisacarídios que possuem anéis piranosídios volumosos e elevada configuração estereoregular em sua cadeia linear rígida, tem sido freqüentemente estudados. O alginato é um copolimero α-L-Ácido Galaturônico 1→4 com resíduos de 2-amino2dioxi-β-D-Glucano e pode ser extraído de algas marrons, principalmente de espécies como a ¸Laminaria hyperborea (GASER∅D, 1998). É um biopolímero natural, com grande interesse Industrial devido as suas propriedades de formação de complexos com policátions, entre eles o cálcio. O Alginato tem sido estudado pela industria farmacêutica devido seu potencial uso em sistemas de liberação controlada, sua excelente biocompatibilidade e baixa toxicidade. A quitosana [(1,4)-2-acetoamido-2-deoxi-b-D-glicose] é obtida através da deacetilação da quitina, uma abundante biopolímero isolado da carapaça de crustáceos como caranguejo e camarão. É solúvel em ácidos diluídos, quando o grupamento amino livre (-NH2) torna-se protonado (-NH3+). Diante disso a quitosana tem sido identificado como “polímero” linear pronto para aderir em superfícies negativas como a pele, mucosas e proteínas. Inúmeras aplicações biomédicas da quitosana têm sido estudadas. O caráter catiônico de seus grupos reativos proporcionam a quitosana propriedades únicas para o controle de liberação. (CRAVEIRO, 1999) Micropartículas de alginato podem ser revestidas com uma membrana de alginatoquitosana por interação iônica. Isto muda as características da micropartícula de alginato e pode sustentar a liberação dos materiais ativos encapsulados no meio. O desenvolvimento de formas farmacêuticas de liberação controladas por microencapsulamento de sulfato de quinina, poderão permitir um melhor controle da cinética de liberação da droga, resultando em níveis plasmáticos terapêuticos com baixas flutuações da concentração da droga e menores efeitos tóxicos. 3 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 2.0 Justificativa Entre as tecnologias utilizadas para a melhoria da atividade de drogas já utilizadas, destacamos o encapsulamento, seja através da produção de lipossomas, microcápsulas ou nanocápsulas. Estas tecnologias visam o desenvolvimento de sistemas carreadores de drogas miniaturizados, com estabilidade adequada, melhor absorção, controle da liberação, transferencia quantitativa, além da atividade farmacodinâmica esperada. (SPEISER, 1991) Dentre as vantagens destes sistemas de liberação controlada em relação às formas farmacêuticas convencionais, destacam-se a redução da flutuação da concentração do fármaco, a redução na freqüência da dose, maior conveniência e cooperação do paciente, redução dos efeitos colaterais, redução dos custos de atendimento e de saúde. (ANSEL, 2000). O sulfato de quinina é a alternativa de escolha para a grande maioria de casos de malária falciparum resistente à cloroquina, porém, possui um grande número de reações tóxicas que limitam o seu uso na terapêutica. O desenvolvimento de formas farmacêuticas de liberação controladas por microencapsulamento desta droga, pode consistir num passo importante para o desenvolvimento de uma nova terapêutica antimalárica, o que pode repercutir para a melhoria da qualidade de vida de milhões de pacientes, além do impulso técnico, cientifico e financeiro, potencialmente adquiridos. O presente projeto apresenta caráter multidisciplinar o qual associa a Nanotecnologia, design de formas miniaturizadas de carreamento de drogas, a Fisico-Química Interfacial, que fornece suporte no estudo da estabilidade de sistemas de liberação controlada de medicamentos; a Tecnologia Farmacêutica para produção de medicamentos de menor toxicidade e maior especificidade e a Farmacologia que permite o estudo farmacocinético e farmacodinâmico de produtos farmacêuticos elaborados. O projeto engloba uma dissertação de mestrado e o desenvolvimento de um projeto de iniciação científica sob orientação da Profª. Dra. Nereide Stela Santos Magalhães. Conta ainda com um projeto de colaboração com a Universidade de Paris XI, pelo acordo CAPES-COFECUB 269/99 e outro convênio a ser estabelecido com o Centro de Pesquisas René Rachou (FIOCRUZMG). Estas instituições contam com uma equipe de pesquisadores altamente qualificados e de renome internacional, colaborando para o desenvolvimento do projeto. Dentre os resultados esperados com a realização deste projeto citamos: mínimo de 2 artigos publicados em revistas científicas especializadas, apresentação de trabalhos em congressos científicos; produção de 01 (uma) tese de mestrado; obtenção de produtos que possam vir a ser utilizados na terapêutica; formação de recursos humanos: 01 mestre. 4 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 3.0 Objetivos Objetivo Geral O projeto visa o desenvolvimento de formulações microencapsuladas de sulfato de quinina, para a sua utilização na terapia antimalárica. Objetivos Específicos § Obter e caracterizar do ponto de vista físico-químico as microcápsulas de sulfato de quinina. § Determinação da Cinética de Liberação in vitro de sulfato de quinina microencapsulada. § Determinação da atividade antimalárica in vitro e in vivo de sulfato de quinina microencapsulada. § Especificação de parâmetros para o Controle de Qualidade das formas obtidas. 5 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 4.0 Materiais e Métodos 4.1 Local de Execução do Projeto § O presente projeto será desenvolvido no Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA-UFPE); Laboratório de Malária do Centro de Pesquisas Rene Rachou (FIOCRUZ-MG) e no o Laboratório de Físico-Química, Farmacotecnia e Biofarmácia da Université de Paris - Sud XI, URA CNRS 1218. 4.2 Infra estrutura § A parte principal da infra-estrutura oferecida pelo Laboratório de Imunopatologia Keizo-Assami - LIKA (UFPE) para desenvolvimento do projeto encontra-se relacionada a seguir. ♦ Sistema completo para HPLC com injetor, bombas, detetor UV/VIS, Computador com software, impressora (WATERS); Potenciômetro (JANWAY); Sistema de purificação de água MILLI Q - PLUS (MILLIPORE); Centrífuga refrigerada (BACKMAN); Ultracentrífuga (MIMAC); Evaporador rotativo (BUCHI); Balança Analítica (SARTORIUS); Microscópio Eletrônico de Varredura (JOEL); Placa de aquecimento com agitador magnético (FISATON); Freezer - 80°C; Aparelho para teste de cinética de liberação "in vitro" dissolutest (HANSON); Banho de ultra-som; Sonda de ultra-som (sonicador BIOBLOCK); Reator Ultra-Turrax (IKA) 4.3 Materias 4.3.1 § Equipamentos / Máquinas Cromatógrafo Líquido de Alta Performance; Coluna cromatográfica de empacotamento L1 (C18) de 3,9 mm x 30 cm; Microscópio eletrônico; Sonicador; Aparelho de desintegração; Aparelho de dissolução; Balança Analítica; Estufa de incubação; 6 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 4.3.2 § Vidrarias Balão volumétricos; Bastão de vidro; Becker; Erlenmeyers; Funis de separação; Pipetas volumétricas; Pipetas graduadas; Provetas; Microbureta; Placas de petri; Bit de filtração a vácuo; Outras. 4.3.3 § Matérias-primas Sulfato de Quinina; Alginato de Sódio baixa viscosidade; Quitosana com 7585 de grau de deacetilação; Cloreto de Cálcio PA. Álcool Absoluto PA; Acetonitrila grau CLAE; Ácido Metanesulfônico PA; Metanol PA; Ácido Acético Glacial. 4.4 Métodos Fase Inicial: Consiste na obtenção de sulfato de quinina para estudos de desenvolvimento tecnológico de formas farmacêuticas. § Aquisição da matéria-prima; § Identificação, caracterização e padronização de sulfato de quinina, utilizando-se ensaios de identificação, rotação específica, umidade e doseamento (USP 24, 2000). Fase Farmacotécnica: Consiste na obtenção de formas farmacêuticas microencapsuladas de sulfato de quinina. § Obtenção de sulfato de quinina microencapsulada, por coacervação simples, utilizando-se microcápsulas de alginato com revestimento de quitosana. O princípio do método consiste na formação de microcápsulas de alginato de sódio contendo o sulfato de quinina por interação com cátions divaletes, neste caso o cálcio e posterior revestimento com uma membrana de quitosana; § Otimização dos parâmetros do método de fabricação; § Otimização dos parâmetros da formulação; § Caracterização físico-química das micropartículas (rendimento, doseamento de sulfato de quinina nas formas microparticuladas, diâmetro médio das micropartículas, variação de pH e distribuição granulométrica das micropartículas). As formulações de microcápsulas escolhidas durante o processo de otimização após sua fabricação serão avaliadas quanto ao aspecto de estabilidade físico-química, utilizando-se os testes de estabilidade acelerada, 7 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica estabilidade a longo prazo e acompanhamento da estabilidade em tempo real, sendo estes aspectos úteis na definição da fórmula final do produto (SANTOS MAGALHÃES et al. 2000). ♦ Determinação do diâmetro médio das partículas O diâmetro médio e a distribuição do tamanho das partículas são determinados por um contador de partículas à laser calibrado com suspensões padrões de látex com tamanho de partículas variados. A amostra é diluída com água desionizada filtrada para uma concentração adequada e a leitura é efetuada a 20°C ± 1°C pelo método unimodal e SDP (size distribution processor). ♦ Propriedades da Superfície das Partículas : A análise da composição química da superfície será realizada por espectroscopia eletrônica (ESCA) e avaliação do potencial Zeta pela medida da mobilidade eletroforética utilizando um Zetasizer (PERACCHIA et al. , 1997). ♦ Análise morfológica das micropartículas: A morfologia das microcápsulas e as características da parede polimérica serão avaliadas através de microscopia eletrônica de varredura (SEM), utilizando ouro coloidal para visualização. Fase Farmacológica: Consiste na determinação da Cinética de Liberação in vitro e da atividade antimalárica dos produtos obtidos. § Determinação da cinética de liberação in vitro, será efetuada por teste de dissolução, conforme monografia específica para granulados. (USP 24, 2000). § Avaliação da atividade antimalárica in vitro. ♦ O estudo da atividade antimalárica in vitro será realizado pelo método de Candle Jar (JENSEN & TRAGER, 1977), onde se utilizará uma cultura de Plasmodium falciparum resitente a cloroquina, obtido de pacientes com o parasita. O sulfato de quinina microencapsulado será diluído no meio de cultura (RPMI 1640 suplementado com 10% de soro humano), adicionando-se ainda Tween-80, e incubados com varias concentrações da suspensão do parasita por um total de 72 horas a 37º C. Dois diferentes controles são usados em cada ensaio. Um em que o parasita é incubado com o meio de cultura isento da das microcápsulas e outro em que o parasita é incubado com meio de cultura contendo doses padrões de cloroquina e quinina. Após 24 horas e 48 horas o meio de cultura é reposto por meio fresco com ou sem as drogas. A atividade antimalárica será avaliada pela percentagem de inibição de crescimento do tratado em relação aos controles, conforme a seguir. Nos tempos sucessivos de 24 horas, esfregaços em lâminas coradas 8 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica por Giemsa serão feitas e examinadas por microscopia para determinar a percentagem de parasitemia em 5000 eritrócitos contados. A inibição do crescimento na presença do controle com drogas esquizonticidas e a quinina microencapsulada testada serão comparadas com o número de parasitas que crescerão no controle isento de drogas. Os ensaios serão realizados em duplicata e os esfregaços serão lidos sem o conhecimento do tratamento prévio aplicado. § Avaliação da atividade antimalárica in vivo. ♦ O estudo da atividade antimalárica in vivo será realizado pelo método de Supressão clássica em 4 dias (PETERS & ROBINSON, 1992), contra cepas de Plasmodium Berghei NK65. Onde camundongos pesando em torno de 20g ± 2g serão inoculados com 1 x 106 eritrócitos infectados por Plasmodium berguei por via intraperitonial. Microcápsulas de sulfato de quinina serão testadas em preparações de suspensões em Tween-80 a 0,2%. Os camundongos inoculados serão divididos randomicamente em 3 grupos de 5 animais. O grupos teste receberão por 4 dias consecutivos doses únicas diárias por via intraperitonial em diferentes concentrações. O grupo não tratado (5 camundongos) serão utilizados em todos os experimentos. Um grupo controle será realizado com doses de quinina e cloroquina em diferentes concentrações. A atividade antimalárica será avaliada pela percentagem de inibição de crescimento do tratado em relação aos controles, conforme a seguir. Amostras de sangue serão recolhidas no 5 dia após a inoculação dos parasitas. Esfregaços em lâminas coradas por Giemsa serão examinados microscópicamente para determinar a percentagem de parasitemia em 5000 eritrócitos contados. A inibição do crescimento na presença do controle com drogas esquizonticidas e a quinina microencapsulada testada serão comparadas com o número de parasitas que crescerão no controle isento de drogas. Os ensaios serão realizados em duplicata e os esfregaços serão lidos sem o conhecimento do tratamento prévio aplicado. O delinemento experimental da atividade antimalárica in vivo será avaliada pelo Comitê de Ética do Centro de Pesquisas Rene Rachou (FIOCRUZ-MG), onde serão realizados o referido teste. § Controle de Qualidade do sulfato de quinina microencapsulado para a sua qualificação no desenvolvimento de formas farmacêuticas (morfologia, reologia, granulometria, tempo de escoamento, entre outros). § Estudo de estabilidade das formas micropaticuladas de sulfato de quinina (estabilidade acelerada com resistência a centrifugação, a vibrações mecânicas, ao ciclo congelamentodescongelamento (SANTOS MAGALHÃES et al, 1991) e estabilidade a longo prazo com observação dos aspectos macroscópicos, microscópicos.) 9 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica ♦ Testes de envelhecimento a longo prazo. Nos testes de estabilidade a longo prazo serão estudados os seguintes parâmetros: Aspecto macroscópico e microscópico, e tamanho das partículas. Para este teste todas as propriedades físico-químicas das microcápsulas serão observadas a intervalos de tempo regulares (0, 7, 15, 30, 45, 60 dias até instabilidade do sistema). Amostras das preparações serão acondicionadas em frascos de 12,5 ml tipo penicilina com tampa e conservados à 4ºC ± 1° C. § Especificação dos parâmetros de controle de qualidade do produto desenvolvido, abrangendo ensaios físicos e físico-químicos especificados para a forma farmacêutica em questão. § Validação da técnica analítica por Cromatografia Líquida de Alta Performance (CLAE), para a determinação de sulfato de quinina microencapsulado. Análise estatística: A análise estatística dos resultados obtidos serão realizados com o auxílio do programa Excel. Para a comparação de duas amostras distintas, será utilizado o teste t de Student e para comparação de três ou mais populações distintas será empregado a análise de variância (ANOVA). Indicadores do progresso técnico-Científico do projeto: O progresso técnico do projeto será avalizado através de: i) Publicação dos resultados inovadores em revistas indexadas de circulado internacional, ii) avaliação crítica do coordenador com demais membros da equipe responsáveis por cada área do conhecimento. Esta avaliação será efetuada em reuniões de trabalho com apresentação oral expositiva dos resultados e discussão aberta com propostas de soluções para eventuais problemas e perspectivas para continuidade do projeto; iii) Apresentações de resultados em congressos nacionais e internacionais com participação de alunos envolvidos. iv) Apresentação de proposta a nível de empresa para aplicação tecnológica dos produtos obtidos. 10 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 5.0 Cronograma de Trabalho O trabalho será desenvolvido segundo cronograma proposto a seguir. 2002 ETAPAS 2003 2004 03 a 07 08 a 12 01 a 03 04 a 06 07 a 09 09 a 12 01 a 02 I. Estudo Farmacotécnico 1. Caracterização físico-química e controle de qualidade da matéria-prima de sulfato de quinina a ser utilizada durante o experimento. 2. Validação da técnica analítica por HPLC, para a determinação de quinina microencapsulado. X X X X 3. Obtenção de microcápsulas de alginatoquitosana. X X 4. Obtenção de microcápsulas de alginatoquitosana contendo sulfato de quinina. X X X 5. Caracterização físico-química das microcápsulas de sulfato de quinina X X X 6. Especificação dos parâmetros de Controle de Qualidade das formas obtidas. X X II. Estudo Farmacológico 7. Estudo da cinética de liberação in vitro do antimalárico a partir das microcápsulas. 8. Ensaios in vitro de atividade antimalárica de microcápsulas contendo sulfato de quinina 9. Ensaios in vivo de atividade antimalárica de microcápsulas contendo sulfato de quinina III. Defesa da Tese X X X X X X X 11 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica 6.0 Bibliografia ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G.; ALLEN, JR. L. V. Formas Farmacêuticas & Sistemas de Liberação de Fármacos. 6. ed. São Paulo, Editorial Premier, 2000. COUVREUR, P.; FATTAL, E.; ANDREMONT, A. Pharm. Research, v. 8 p. 10791086, 1991. 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Development of sterically stabilized poly(isobutyl 2-cyanocrylate) nanoparticles by chemical coupling of poly(cthylene glycol). Journal of Biomedical Materials Research., v. 34, p. 317-326, 1997. 12 Desenvolvimento Farmacotécnico de Sulfato de Quinina Microencapsulada, Cinética de Liberação e Atividade Antimalárica PETERS, W.; ROBINSON, B. L. The chemotherapy of rodent malaria. XLVII. Studies on pyronaridine and other Mannich base antimalarials. Annals of Tropical Medicine and Parasitology v.86, p. 455-465, 1992. PUISIEUX, F.; ROBLOT-TREUPEL, L. S.T.P. Pharma Sci., n.2, p.107-113, 1989. SANTOS MAGALHÃES, N. S.; CAVE, G.; SEILLER, M.; BENITA, S. The stability and in vitro kinetics of a clofibride emulsion. Int J. Pharm., v. 76, p. 225237, 1991. SANTOS MAGALHÃES, N. S.; PONTES, A.; PEREIRA, V.M.W., CAETANO, M.N.P. Colloidal carriers for benzathine penicillin G: Nanoemulsions and nanocapsules. Int. J. Pharm., v. 208 p. 71–80, 2000. SPEICER, P. 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