Ca pênis T2 de Alto Grau Linfadectomia: Econômica ou Clássica? Antonio Carlos Lima Pompeo Prof. Titular - Disciplina Urologia – FM-ABC, Brasil Infiltração de Linfonodos Inguinais Importância Prognóstica • Fator mais importante para SV longo prazo • SV 5 anos: c/Tto nodos (+) 50% (10 - 86%) nodos (-) 80%-100% • Fatores a considerar: Número Bilateralidade. Inf. Capsular Tamanho, sup./profundo/pélvico Importância da Linfadenectomia • Estadiamento patol / terapêutica / planejamento (QT / RT) Algaba F et al. – EAU Guidelines on Penile Cancer – Eur Urol, 2002; Pompeo ACL et al. – ICUD, 2009 Linfonodos Palpáveis Qual a Conduta? • As evidências sugerem benefício para linfadenectomias como rotina Melhor estadiamento – potencial de cura • Antibioticoterapia prolongada é controversa: lesões primárias pequenas bem diferenciadas / infectadas Srinivas V, Morse MJ, Herr HW et al– J Urol, 1987 Horenblas S , Van Tinteren H,et al. – J Urol, 1994 Pompeo A, Wroclawski E, Sadi M - Algoritmos em Uro-Oncologia, 2007 Linfonodos não Palpáveis Qual a conduta? • Observação vigilante – risco de 20% de linfonodos (+) • LND sistemática – Tto desnecessário em 80% dos pts - Potencial significativo de complicações • Tendência atual: estratificação em grupos de risco Alto risco 50% G2G3 >T2 T1G2 ± infiltração linfovascular Impossibilidade seguimento Linfadenectomia Baixo risco <10% Tis Ca verrucoso Ta T1G1 Observação Algaba F, Horenblas S, et al. – EAU Guidelines on Penile Cancer – Eur Urol 2011 Ravi R – Prophylactic X observations …. – J Clin Oncol 1993 Pompeo A, Wroclawski E, Sadi M – Algoritmos em Uro-Oncologia, 2007 Nomograma preditivo da probabilidade de infiltração de linfonodos inguinais Ficarra V et al. – In: Pompeo ACL, Heyns CF, Abrams P. ICUD – Penile Cancer - SIU, 2009 Linfadenectomia Técnicas • Linfonodos sentinelas (Cabañas) • Modificada (Catalona) • Superficial Padrão Modificada • Superficial + profundos ± pélvicos • Vídeo endoscópica (VEIL) Obs: Bilateral Síncrona VS. assíncrona com a penectomia ? Cabanas RM – Cancer, 1977 Catalona WJ – J Urol, 1988 Pompeo A .- Can J Urol 2005 A Dissecção dos Linfonodos Sentinelas é Confiável para o Estadiamento? Vários estudos não confirmaram sua eficácia Catalona WJ – Urol Clin North Am 1980;7:785 Perinetti EP et al. – J Urol 1980;124:734 Wespes E et al. – Urology 1986;28:278 Linfonodos Metastáticos* ( n = 50) Metástases Sentinela Superficial Profundos Pélvicos Positivas 16 88.8% 13 72.2% 6 33.3% 4 22.2% Negativas 2 11.1% 5 27.3% 12 66.7% 14 77.8% Total 18 18 * LND sistemática – estudo prospectivo 18 18 p < 0.001 Pompeo ACL - Can J Urol 2005;12:30-6 Linfocintilografia - Linfonodo Sentinela Dinâmico Tc99-nanocolóide Recomendações atuais: esta técnica pode ser considerada e indicada para pacientes com exame clínico negativo para adenopatia inguinal, nos quais a morbidade da LND convencional pode ser evitada. Algaba F, Horenblas S, et al. – EAU Guidelines on Penile Cancer – Eur Urol, 2002 Lont AP et al. – J Urol, 2003 Ca Pênis – Linfadenectomia sistemática Estudo prospectivo (n = 50)* 1984 -1993 Conclusões... • LN sentinelas baixa acurácia • Disseminação profunda e/ou pélvica na ausência de infiltração superficial não foi detectada • LND bil. superfícial é a técnica de escolha para pts com risco de infiltração LN • LND profunda / pélvica somente se LN sup (+) Pompeo ACL – Canadian Journal of Urology, 12: 2005 Linfonodos Ilíacos Conduta Dois ou mais linfonodos inguinais (+) ou infiltração extracapsular 20% - 30% linfonodos pélvicos (+) Controvérsias: Linfadenectomia pélvica • Radioterapia • Quimioterapia • Combinações • SV média 5a 10% Horenblas S et al. – Squamous cell carcinoma of the penis. J Urol, 1993 Ravi R – Prophylatic lymphadenectomy vs. observation vs. inguinal lymphadenectomy … J Clin Oncol 1993 Pompeo ACL - Extended lymphadenectomy in penile cancer. Can J Urol, 2005 Linfadenectomia Inguinal Videoendoscópica VEIL (n = 20) Objetivos • Comparar os resultados da LND videoendoscópica realizada em um lado vs. cirurgia aberta convencional no lado oposto Conclusões • • • • É possível duplicar-se os princípios da cirurgia convencional VEIL está associada a menor morbidade Este procedimento tem potencial de tornar-se uma opção minimamente invasiva Perspectivas: “single site access” Tobias-Machado M, Pompeo ACL – SIU Newsletter, Oct. 2010 Morbidade Cutânea VEIL Cirurgia aberta X Indicação de Linfadenectomias Tratamento da lesão primária • Baixo risco • LN não palpáveis • Alto risco • LN palpáveis LND superficial bilateral Observação - Pompeo A, Wroclawski E, Sadi M - Algoritmos em Uro-Oncologia, 2007 + LND profunda ± Qt LND Pélvica Linfadenectomias Complicações • Necrose cutânea • Infecção • Linfocele • Fístulas – linfedemas • Hemorragia – lesão vascular • Necrose de retalhos 20% – 50% G2 – G3 Pompeo ACL - Can J Urol 2005;12:30-6 Bouchot O et al. – Eur Urol 2004;45:761-5 Milathianakis C et al. – Int J Urol 2005;12:776-8 • • • • 58 a, penect. parcial há 8 meses Ca epidermóide pT2G3 Não retornou para complementação terapêutica Imagens: US / RM tumorações inguinais • 60 a, iInfiltração vasos femorais Shunt: artéria ilíaca – artéria femoral (Dacron) Nomograma preditivo de sobrevida câncer-específica em pacientes submetidos a penectomia e linfadenectomia Pontos 0 Espessura do tumor <5 mm Padrão de crescimento 10 vertical grau 1 Infiltr. corpo cav. ausente Infiltr. corpo esponj. absent 50 60 70 80 90 100 pN+ pNx superficial grau 2 grau 3 ausente Infiltração uretral presente present presente presente pN (estádio patol.) 5-a probabil. SV 40 >5 mm Grau Embolização Total de pontos 30 20 N0 0 40 .98 .96 80 .93 120 .9 .8 160 .7 .6 .5 200 240 .4 .3 .2 .1 .04 .01 280 Ficarra V et al. – In: Pompeo ACL, Heyns CF, Abrams P. ICUD – Penile Cancer - SIU, 2009 Linfadenectomia em Ca de Pênis Conclusões • Infiltração LN é o fator prognóstico mais importante de progressão / sobrevida • Indicações da LND devem ser orientadas por fatores de risco: EF / histopatologia da lesão primária • A LND tem importância diagnóstica e terapêutica. • A técnica cirúrgica deve ser individualizada • As complicações são relacionadas à técnica • A técnica VEIL tem potencial de tornar-se uma opção minimamente invasiva ICUD - Penile Cancer [email protected] Shanghai, 2009 29 a, penectomia há 4 anos T2G3 NxMx Perda de seguimento Câncer do Pênis Fatores Prognósticos G1 G3 Características Histologia Crescimento vertical / linear Embolização linfovascular P53 HPV Estadiamento TNM ? Ficarra V et al. – In: Pompeo ACL, Heyns CF, Abrams P. ICUD – Penile Cancer - SIU, 2009 Estratificação de risco para infiltração inguinal baseada em informações da lesão primária Interferência na conduta terapêutica Risco Baixo Intermediário Alto Classif. Solsona Tis/Ta/T1G1 Ca verrucoso Classif. EAU Conduta Tis/TaG1-1 – T1G1 T1G2-3 ou T2-3 G1 T1G2 T2-T3G2-3 T2-T3 ou G3 Observação LN+ <10% Linfadenectomia LN+ > 50% Solsona et al Jurol 2001 EAU guidelines 2011 Ca do Pênis – Prevalência Geográfica Intermational Consultation on Penile Cancer, SIU, 2009 Brazilian Guidelines in Uro-Oncology – SBU, 2005 rara frequente muito frequente Inglaterra / Canadá: 1:100.000 - Uganda: 50 vezes Ca epidermóide G1 – G3 (95%). Idade: > 50 a Câncer do Pênis História Natural • Lesão primária • Disseminação – linfática ++++ – hematogênica +/2 • Óbitos complicações regionais Progressão lenta – 80% localizado – 15% linfonodos inguinais – 5% metástases Câncer do Pênis - Tratamento Fatores a Considerar • Tamanho e localização da lesão primária • Histologia: G1 – G2 – G3 • Estadiamento • Condições clínicas • Participação do paciente na decisão terapêutica Câncer do Pênis Estadiamento TNM 2002 M1 Fleming ID, et al. AJCC / Ca Staging 2002 Algoritmos em Uro-Oncologia, 2007 Câncer do Pênis - Estadiamento I / T1 III / N3 II / T2 IV / M1 I – IV (Jackson) /TNM Clínico X Cirúrgico Câncer do Pênis (n = 50) Probabilidade de sobrevida (%) Sobrevida por Estádios (Kaplan Meier) 100 80 60 40 Estádio I (n=21) Estádio II (n=11) Estádio III (n=13) Estádio IV (n=5) 20 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 Months Pompeo ACL.- Extended lymphadenectomy in penile cancer. Can J Urol, 2005;12:30-36 Câncer do Pênis Estadiamento Clínico Exame físico – Lesão – Palpação de linfonodos inguinais Imagem – US / TC / RM / FNA / PET Conclusão A acurácia de todos os métodos é controversa, principalmente para casos de metástases "ocultas" Tanis PJ et al. – J Urol 2002;168(1):76-80 Akduman B et al. – Urology 2001;58(1):65-68 Lont AP et al. – J Urol 2003;170(3):783-786 Câncer do Pênis Estadiamento Cirúrgico • Histopatologia da lesão primária (PO) • Linfonodos inguinais pélvicos – Biópsia (lesões ulceradas) – Biópsia por aspiração (FINA) – Linfadenectomias – Linfocintilografia linfonodos sentinelas dinâmicos Câncer do Pênis - Tratamento A) Tratamento da lesão primária – Circuncisão. Penectomia parcial / total Emasculação – Laser. Cirurgia de Mohs. Radioterapia Crioterapia B) Linfadenectomia inguinal – fatores de risco (+) Sentinela. Superficial. Profunda. Pélvica? C) Metástases à distância – Quimioterapia CoBEU – Comitê Brasileiro de Estudos em Uro - Oncologia, 2007 Câncer do Pênis - Tratamento Lesão Primária Prepúcio Glande Circuncisão Lesão Penectomia Criot. excisão parcial Haste Laser Penectomia Mohs total / parcial Radiot. Criot. Pênis + escroto Emasculação Pompeo A, Wroclawski E, Sadi M. Algoritmos em Uro-Oncologia, 2007 Lesão Primária - Tratamento Penectomia parcial Penectomia total Emasculação Câncer do Pênis Penectomia Parcial Qual a margem de segurança necessária para o controle oncológico? • Convencional: 1,5 – 2 cm • Grau histológico I e II: 1 cm Grau III: 1,5 cm • Biópsia de congelação é recomendável sempre que disponível Agrawal A et al. BJU Int 2000;85:299-301 Conseqüências nº de penectomias parciais comprimento peniano residual mais longo Diretrizes Uro-Oncologia - SBU, 2005 Câncer do Pênis “Glandectomia” Parcial Pompeo ACL et al. - ICUD 2009 Câncer do Pênis Resurfacing Pompeo ACL et al. - ICUD 2009 Câncer do Pênis Braquiterapia Pompeo ACL et al. - ICUD 2009 LND – Limites de Dissecção Ligamento inguinal Nervo femoral Artéria femoral Veia femoral Músculo adutor longo Veia safena Músculo Sartório Penile Cancer Lymphadenectomy Limits of Dissection Pompeo A - Can J Urol 2005; 12:30-36 Ca Epidermóide de Pênis Tumor Metastático Valor da QT Sistêmica Quimioterapia em Ca do Pênis (MTX / CDDP / BLM / MMC) Protocolo Quimioterápico • • • • Methotrexate 30 mg / m2 EV dia 1 Cisplatina 20 mg / m2 EV dias 1-5 Bleomicina 5 mg / m2 EV dias 1-5 Mitomicina C 10 mg / m2 EV dia 5 MTX CDDP CDDP CDDP CDDP CDDP BLM BLM BLM BLM BLM MMC 1 2 3 4 5 Quimioterapia Sistêmica Quimioterapia Sistêmica Quimioterapia Sistêmica • 59 a, penectomia parcial há 3 anos, T2G3 • Perda de seguimento Câncer de Pênis Tratamento da Moléstia Metastática Quimioterapia (n = 19) (MTX / CDDP / BLM / MMC) 11% Doença em progressão Resposta completa Resposta parcial 52% 37% Duração da resposta 3 - 16 meses Média 7 meses Malzyner A, Pompeo ACL - 1999 Câncer do Pênis Complicações do Tratamento • • • Cirúrgico Recorrência local: 1 - 10% Estenose uretral: 5 - 15% Linfadenectomias: necroses, deiscências, infecções, linfedemas Radioterapia Recorrência: 10 - 40% Estenose uretral: 20 - 40% Fístulas: necrose; fibrose CC Quimioterapia Depressão medular Infecções Recorrência: 30 - 90% t Câncer do Pênis Preservação Sexual (n = 39) Relação com o tamanho do pênis remanescente > 4 cm (n = 22) < 4 cm (n = 17) 4/22 (18,2%) Impotente Potente 18/22 (81,8%) Reconstrução Peniana (CEP) n = 22 Retalho n = 13 Enxerto n=9 Câncer do Pênis - Tratamento Objetivos Contemporâneos • Cura • Imagem corporal (auto-estima) • Sexualidade • Paternidade (reprodução assistida) QOL Câncer do Pênis Mensagem Final • Podemos evitar este câncer com medidas preventivas • higiene • circuncisão • doenças sexualmente transmissíveis (HPV) Câncer do Pênis SBU – Campanha de Prevenção Linfadenectomia Retalho Miocutâneo Linfadenectomia Como reduzir morbidade … • Pré-operatório: Antibióticos. Suspender anticoagulação • Intra-operatório a) Proteção da lesão peniana. Incisão: apenas a necessária b) Dissecção abaixo da fascia de Scarpa – irrigação cutânea c) Proteção dos vasos femorais (sartório) d) Rotação de retalhos miocutâneos, se necessário e) Hemostasia. Drenagem. Curativo compressivo a b • Pós-operatório – Elevação c1 c2 d MMII. Meias de compressão. Antibióticos Pompeo ACL - Can J Urol 2005;12:30-6 Câncer do Pênis Linfadenectomias após tto lesão primária Razões Controvérsias • Inabilidade para se avaliar • Necessidade linfonodos • Momento forma não invasiva • Técnica • Aumento regionais linfonodal de por processos inflamatórios 20% falso-negativos 50% falso-positivos Pompeo AC - B J Urol,2002 Cabanas RM –Cancer, 1997 Catalona WJ - J Urol, 1988