Análise dos jornais El País, El Mundo e La V

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Título do trabalho: Estereótipos sobre a América Latina na imprensa espanhola: Análise
dos jornais El País, El Mundo e La Vanguardia (outubro 2002 – janeiro 2003).
Autor: Frederico Barbosa Furtado Rosas.
Instituição: Universidade de Navarra (Espanha).
Titulação: Programa Individualizado de Pós-Graduação em Jornalismo Político e Social.
e -mail: [email protected]
Resumo:
Os veículos de comunicação podem transmitir estereótipos sobre a América Latina
e/ou seus países? Em caso positivo, até que ponto e qual seria o estereótipo mais detectado?
Partindo dessas indagações, busca-se aprofundar uma investigação sobre a imagem da
América Latina entre espanhóis. Para isso, realiza-se uma hemerografia e uma posterior
análise quantitativa e qualitativa de classificações de conteúdo encontrados em três jornais
de circulação nacional (El País, El Mundo e La Vanguardia) durante 92 dias. Na escolha do
período da análise, privilegiou-se o da eleição presidencial no Brasil em 2002.
A investigação se apóia na matéria Comunicação para o Desenvolvimento. Ratifica
que estereótipos não representam algo absolutamente negativo, e que devem ser analisados
intimamente sob a armadura de uma visão crítica, construída por meio do conhecimento.
Palavras-chave: Jornalismo, Estereótipos, América Latina.
INTRODUÇÃO
Estudar conteúdos apresentados em meios de comunicação de outros países ou
continentes, mantendo um contato direto com suas respectivas culturas pode ser
surpreendente e aclarador. Ainda mais quando tal oportunidade é recebida com euforia por
um jornalista recém-formado, e quando o mesmo humildemente propõe-se a estabelecer
análises sobre o retrato de sua região de origem, a América Latina (“em desenvolvimento”),
na imprensa espanhola (inserida em um contexto europeu e “desenvolvido”).
Para tanto, pretende-se aprofundar uma investigação quantitativa e qualitativa sobre
estereótipos
latino-americanos identificados no conteúdo de três veículos espanhóis,
seguindo sempre o princípio de que são empregados valores inatos no exercício da
profissão – sobretudo por indivíduos culturalmente distintos – que podem “forjar” tais
formas de percepção, contribuindo para uma desinformação generalizada sobre países em
desenvolvimento e dificultando ajudas ou transformações em larga escala – essenciais à
expansão econômica e social pretendidas na América Latina.
Serviu como base, nesta investigação semestral cujo conteúdo original possui cerca
de 80 páginas, a obtenção de respostas às seguintes indagações pertinentes: Os veículos de
comunicação são capazes de transmitir estereótipos sobre a América Latina e/ou seus
países? Em caso positivo, até que ponto e qual seria o estereótipo mais detectado?
Tal orientação deve-se, em grande parte, ao interesse do investigador pelo conteúdo
apresentado em aula na matéria Comunicación para el Desarrollo (Comunicação para o
Desenvolvimento), da qual foi aluno na Universidade de Navarra durante o primeiro
semestre de 2003. Ressalta-se ainda que o objetivo desta investigação não é julgar autores
de possíveis equívocos na transmissão de informações, sobretudo porque considera a
humanidade como parte integrante da figura do jornalista no dia-a-dia da profissão.
Da mesma forma, o atual trabalho, ao concluir e exercer comparações sobre o tema
proposto, estará por si só valorando tratamentos empregados por veículos de comunicação,
o que não isenta o investigador de impor-se como um indivíduo possuidor de uma
formação cultural distinta, passível de erro em seus juízos de valor. Ratifica-se que em
momento algum estará em discussão a qualidade de um veículo, ou mesmo se os
estereótipos identificados são verdadeiramente justificáveis.
DESCRIÇÃO DA PESQUISA
Para obter conclusões sobre o tema proposto, realizou-se uma extensa hemerografia.
Parte-se do princípio de que a circulação diária de notícias sobre uma determinada região
pode ser o espelho da mesma no imaginário coletivo daqueles que as lêem, havendo
prováveis relações quanto à produção ou manutenção de algumas percepções sociais.
Segundo o estudo Los estereotipos sociales, el proceso de perpetuación a través de
la memoria selectiva 1 , feito para a Universidade Complutense de Madrid por José Ignácio
Gestoso, “estereótipos são crenças atribuídas às características de um conjunto social”. E
como tal, estão condicionados também à memória que possuímos dos comportamentos dos
indivíduos pertencentes a um determinado grupo. Logo, torna-se muito provável que não
conheçamos representantes de uma categoria (sobretudo as mais abrangentes), e, desta
forma, a memória que induzirá a formação dos estereótipos poderá basear-se nas
mensagens que hipoteticamente chegaram sobre eles.
A hemerografia serve ainda como um interessante teste pessoal sobre a assimilação
dos
estereótipos
existentes,
principalmente
ao
confirmarem-se conceitos prévios no
resultado quantitativo dos conteúdos temáticos que mais foram apresentados em um
determinado país (alguém se mostraria muito surpreso ao saber, por exemplo, que no
noticiário referente à Colômbia prevaleceu a classificação “Narcotráfico/Guerrilha”?).
Foram dois meses de estudos diários e verificação “folha a folha” nos jornais
selecionados em busca de conteúdos referentes à América Latina. Serão explicados ainda
os critérios adotados durante a formação dos quadros hemerográficos, para as posteriores
análises quantitativa (exposição dos resultados obtidos) e qualitativa (parte-se a um
segundo nível de entendimento ao apontar pequenas conclusões) do material obtido.
METODOLOGIA
Os
procedimentos
inerentes
a
qualquer
análise
hemerográfica,
e
adotados
especialmente no atual trabalho, serão apresentados e descritos abaixo, de forma sucinta.
1
GESTOSO, José Ignacio. Los estereotipos sociales, el proceso de perpetuación a través de la memoria
selectiva. Madrid: Universidad Complutense, Servicio de Reprografia, 1993.
1. Objetivos. Recolher e investigar conteúdos referentes à América Latina na imprensa
espanhola, tendo como fonte o jornalismo impresso.
2. Critérios de seleção. Para atingir ao objetivo proposto, foram estipulados os seguintes
critérios de seleção: quanto ao período da análise; quanto aos jornais que iriam submeter-se
à análise, durante o período estipulado; quanto às unidades consideradas elementos-básicos
na investigação hemerográfica para posterior levantamento quantitativo e qualitativo.
2.1. Seleção do período. O período escolhido para a análise está compreendido entre os
dias 1º de outubro de 2002 e 2 de janeiro de 2003 (ambos inclusive). Tal seleção pretende
aprofundar acontecimentos determinados sobretudo no Brasil, como o segundo turno das
eleições para presidente e a posterior posse de Luiz Inácio Lula da Silva no cargo (27 de
outubro e 1º de janeiro, respectivamente). Levou-se em consideração para delimitar o
período da análise a importância deste fato não só para os brasileiros, como também para os
vizinhos latino-americanos. E a certeza de que representaria um alvo informativo
abrangente e natural para os jornais componentes da hemerografia, já que desde 1998
empresas espanholas investiram 50 bilhões de euros no Brasil2. Destacam-se neste
montante os gastos da operadora Telefonica, dos bancos SCH e BBVA e das energéticas
Iberdrola e Endesa.
2.2. Seleção dos jornais. Compõem a análise três diários espanhóis caracterizados como de
“Informação Geral” - isto é, com conteúdos temáticos diversos e não especializados -, de
abrangência nacional, e com correspondentes fixos e colaboradores na América Latina.
São eles os “madrilenhos” El País e El Mundo, escolhidos pelo investigador por
serem respectivamente líder e vice-líder em vendas na categoria Informação Geral, e o
catalão La Vanguardia, selecionado pela influência e tradição exercidas em Barcelona,
segunda cidade mais importante do país. Farão parte da análise as edições dos respectivos
órgãos de informação classificadas como “nacionais” (El País e El Mundo), ou que
circulem por toda a Espanha adaptadas a um enfoque menos regional (La Vanguardia).
Escolhidos o período e os jornais componentes da pesquisa hemerográfica, assumese um universo de 276 edições, isto é, o produto de três jornais por 92 dias
(tradicionalmente não há circulação em 25 de dezembro e 1º de janeiro). Todos foram
2
Fonte: Seção Economia/Trabalho do jornal EL PAÍS de 6/10/02.
consultados na forma de arquivo, durante os meses de maio e junho de 2003, na
Hemeroteca da Universidade de Navarra, localizada no Edifício de Bibliotecas.
2.3. Seleção das unidades de análise
2.3.1. Editorias ou classificações temáticas. O conteúdo informativo da análise será
dividido em 17 seções, escolhidas de forma pessoal, abrangente e simplificada. Cabem duas
explicações sobre a definição das classificações Interesse Espanhol e Outros. A primeira
abrangerá notícias sobre a presença de empresas espanholas em território latino-americano,
visitas à região de representantes de governo ou celebridades do país, etc. Já a segunda
abrangerá todo conteúdo que não se encaixou nas outras seções: Política interna; Política
externa; Economia; Interesse Espanhol; Esporte; Sociedade; Cultura/Espetáculo; Direitos
Humanos;
Meio-Ambiente;
Violência
Urbana;
Justiça
ou
Corrupção;
Narcotráfico/Guerrilha; Terrorismo; Tragédia Humana; Catástrofes Naturais; Religião.
3. Observações sobre a análise. Não são objeto de análise simples menções aos países
latino-americanos em seções diversas dos jornais, e sim acontecimentos ocorridos em tal
espaço geográfico e/ou que tenham os países integrantes como protagonista dos fatos.
Também não serão computadas informações colhidas em suplementos semanais ou encartes
especiais, por seu caráter temático especializado. Tal orientação é classificada como
“tecnicamente correta” em análises cujo objetivo seja estudar órgãos jornalísticos de
informação geral por José Marques de Melo em um de seus mais importantes trabalhos,
Estudos de Jornalismo Comparado 3 , consultado durante toda a produção da hemerografia.
Melo é um dos mais significativos e premiados investigadores brasileiros na área da
Comunicação Social. Outro livro utilizado como base para a composição analítica foi Hay
notícia. Como se crea la actualidad: Análisis de tres asuntos de periodicos, da jornalista
espanhola Soledad Díaz4. Deixa-se claro também que a seção “primeira página” não terá o
seu assunto correspondente computado no quadro de classificações temáticas, por
representar uma breve introdução a ser aprofundada em seções internas diversas.
ANÁLISE QUANTITATIVA
3
MELO, José Marques de. Estudos de jornalismo comparado. São Paulo: Livraria Pioneira, 1972.
DÍAZ, Soledad Y. Hay noticia: cómo se crea la actualidad: análisis de tres asuntos de periodicos. Madrid:
Fragua, 2002.
4
Esta seção será dividida em quatro partes, onde haverá uma transcrição e exposição
teórica dos dados hemerográficos obtidos: Países de maior destaque; Países de menor
destaque; América Latina como categoria; Jornais componentes.
1. Países de maior destaque. Durante a análise, cinco países destacaram-se sobre os
demais. Apareceram em maior número no quadro de classificações de conteúdo na soma do
total dos três jornais. Juntos, corresponderam a 73% do universo referente à América Latina
encontrado. São eles, respectivamente: Brasil (363 classificações de conteúdo); Argentina
(336); Venezuela (223); México (191); Colômbia (118).
Essa ordem de aparição não encontrou grandes variações nos jornais analisados.
Ressalta-se apenas que o Brasil foi superado em quantidade de aparições exclusivamente no
El Mundo, e pela Argentina, com uma diferença de 19 classificações de conteúdo. E que o
México ultrapassou a Venezuela no El País, com diferença de 13 aparições.
Se somadas as chamadas de 1ª página atribuídas a esses países, obtém-se 83 (86,4%
do total deste quesito na amostra). México e Colômbia são os únicos desse grupo que não
conseguiram tal destaque em comum nos três jornais. Ambos pela “exclusão” no La
Vanguardia. Lideram nesse gênero jornalístico especial Brasil (30) e Venezuela (27).
1.1. Classificações de conteúdo. No Brasil e na Venezuela predominaram como
classificações de conteúdo a Política Interna, com 126 em um total de 363 (34,7% do total)
e 142 de 223 (63,7% do total), respectivamente. Na Argentina, Economia, com 90 de 336
(26,7% do total). Já no México, destacou-se Interesse Espanhol, com 47 de 191 (24,6% do
total). E na Colômbia, Narcotráfico/Guerrilha, com 53 de 118 (44,9% do total).
Os outros temas secundários mais destacados dividem-se da seguinte maneira em
cada país integrante do “grupo dos cinco”: Brasil: Economia (14% do total), Interesse
Espanhol (10,4%) e Política Externa (8,2%); Argentina: Direitos Humanos (14,5%),
Cultura/Espetáculo (13,9%) e Esporte (11,9%); Venezuela: Economia (13,45%), Sociedade
(5,38%)
e
Política
Cultura/Espetáculo
Externa
(21,4%)
e
(4,48%);
Esporte
México:
(13,6%);
Interesse
Colômbia:
Espanhol
(24,6%),
Terrorismo
(8,4%),
Cultura/Espetáculo (6,77%), Justiça ou Corrupção e Tragédias Humanas (5,93%).
Apesar do destaque a esses países, alguns temas não apareceram entre eles de forma
particular. No Brasil, apenas Terrorismo não foi computado. Na Argentina, Meio-ambiente,
Narcotráfico/Guerrilha e Catástrofes Naturais. Na Venezuela, o maior número de exceções
(5): Esporte, Meio-ambiente, Narcotráfico/Guerrilha, Catástrofes Naturais e Religião. No
México, Meio-ambiente e Religião, e, na Colômbia, Economia e Meio-ambiente.
2. Países de menor destaque. Não apareceram na análise, ou seja, não produziram
informações durante o período estipulado nos jornais analisados, os seguintes países:
Bahamas; Belize; El Salvador; Guiana; Jamaica; Suriname; Antígua e Barbuda; Barbados;
Dominica; Granada; Santa Lúcia; São Cristóvão e Névis; São Vicente e Granadinas.
Proporcionaram informações, embora de forma única, Trinidad e Tobago (notícia
sobre Narcotráfico/Guerrilha), Costa Rica (nota breve sobre Tragédia Humana) e Haiti
(notícia sobre Direitos Humanos). Com exceção da Bolívia em La Vanguardia, todos os
outros países apareceram nos três jornais em comum. Seguem-se em ordem de menor
aparição: Panamá (5), Honduras (7), República Dominicana (11) e Paraguai e Nicarágua
(ambos com 13). Panamá e Honduras obtiveram ainda uma chamada na 1ª página. O
primeiro no El País e o segundo no El Mundo.
Ressalta-se que Porto Rico e Guiana Francesa, excluídos da análise por não serem
territórios
independentes,
protagonizaram
três
notícias,
um
artigo
e
uma
nota,
respectivamente: Política Externa, Cultura/Espetáculo, Interesse Espanhol e Outros (2).
3. América Latina como categoria. À categoria América Latina corresponde 6,9% do
total da análise. Somou 118 classificações de conteúdo nos três jornais. Está empatada com
a Colômbia, quinto país que mais apareceu na hemerografia. Sobressaem-se as
classificações
de
conteúdo
Interesse
Espanhol
(33%),
Cultura/Espetáculo
(27,1%),
Economia (11,8%), Direitos Humanos e Política Interna (5%). Não computou informações
sobre Violência Urbana, Tragédia Humana e Catástrofes Naturais.
Os jornais que mais noticiaram fatos sobre a categoria América Latina foram, por
ordem: El País (45 classificações de conteúdo), El Mundo (39) e La Vanguardia (34).
Somou quatro primeiras páginas, sendo duas delas no El País.
4. Jornais componentes. Dentre os três jornais analisados, o que mais ofereceu
informações sobre a América Latina e seus países foi o El País, com 675 classificações de
conteúdo (40,1% do total da análise). É seguido por El Mundo, com 544 (32,3%), e La
Vanguardia, com 463 (27,5%). O El País também realizou mais chamadas de primeira
página do que os dois concorrentes: foram 51, contra 30 no El Mundo e 15 no La
Vanguardia. O El Pais é ainda o melhor colocado na lista do número de países abrangidos
em sua cobertura (19 incluindo a categoria América Latina), empatado com El Mundo. La
Vanguardia traz informações sobre 18.
Os três jornais retrataram exclusivamente alguns países. O El País cataloga no
período da análise uma notícia sobre o Haiti, o El Mundo uma nota sobre a Costa Rica e o
La Vanguardia uma notícia sobre Trinidad e Tobago.
As classificações de conteúdo que mais apareceram foram: Política Interna (351 no
total dos três jornais), Cultura/Espetáculo (223), Interesse Espanhol (203), Economia (197),
Esporte (111) e Direitos Humanos (101). Os menos computados foram Meio-ambiente
(10), Catástrofes Naturais (11) e Religião (13). Destaca-se a predominância do El País em
11
dos
17
temas
Cultura/Espetáculo,
propostos:
Violência
Política
urbana,
Externa,
Justiça
ou
Economia,
Corrupção,
Esporte,
Sociedade,
Narcotráfico/Guerrilha,
Tragédia Humana, Religião e Outros. O veículo divide ainda a liderança em outros dois
com o La Vanguardia, caso de Interesse Espanhol (33,4%) e Catástrofes Naturais (45,4%).
O catalão, no entanto, reúne mais aparições em Política Interna do que os
concorrentes, e o El Mundo destaca-se sobre os demais em três categorias: Direitos
Humanos, Meio-ambiente e Terrorismo. Apesar dos números apresentados, somente em
três oportunidades um jornal ultrapassou ou atingiu 50% de predominância em um
determinado conteúdo. Ocorreu em Meio-ambiente (El Mundo somou 60%), Outros (El
País; 51,7%) e Violência urbana (El País; 50%).
ANÁLISE QUALITATIVA
1. Estereótipos destacados. Pelo volume do material recolhido na análise hemerográfica,
distinguiu-se, de forma particular para um melhor aprofundamento característico nesta
Comunicação Acadêmica, apenas um estereótipo sobre a América Latina encontrado em
comum nos conteúdos dos três jornais, e que despertou maior interesse nas 276 edições que
formam o universo da análise. Este será descrito mais detalhadamente a partir da seção 2.1,
seguindo sempre uma visão pessoal, da qual alguns podem vir a concordar ou não.
Por considerar extremamente conclusiva a análise aprofundada de cada um dos
efeitos de Percepção Social implicados em uma notícia ou até mesmo em cada nota, título
ou foto privilegiou-se a seguir uma visão crítica extraída de casos individuais exemplares
ou agrupados em constante repetição, tal como foram encontrados no dia-a-dia da
investigação. Isto é, valorizam-se seleções realizadas, e retornam a “segundo plano” os
números e dados já expostos, justificantes apenas em sua função de ratificar determinadas
posições com maior critério.
2.1. Os países resumem-se a seus governantes. E estes...
Um estereótipo sobressaiu sobre os demais identificados, tanto pelo alto número de
implicâncias encontradas como pela enorme abrangência no objeto do trabalho, a América
Latina: a identificação direta dos países com seus líderes, com estes associados,
posteriormente, a comportamentos ditatoriais ou herdeiros do militarismo, e caracterizados
em meio a um universo populista e geralmente corrupto.
Ou seja, Hugo Chávez, presidente venezuelano, antes de qualquer avaliação positiva
ou negativa, remetia à própria Venezuela, assim como Lula ao Brasil, e Fidel Castro a toda
e qualquer notícia – salvo raríssimas exceções – publicada sobre Cuba, seja ela em âmbito
cultural e até esportivo. Esta primeira impressão acerca de uma percepção social referente à
região é aplicável a todos os países componentes da análise. Excluem-se apenas aqueles
que não somam mais de cinco atribuições de conteúdo, desde que não estejam relacionados
à Política Interna, Externa ou Economia. O protagonismo dos governantes é latente.
Logo, diminui-se a abrangência obtida através da atribuição desta imagem ao partirse a um nível mais qualitativo, e chegar-se enfim à caracterização, considerada pejorativa,
de seus comportamentos como líderes anti-democráticos e populistas. O exemplo maior
desta diferença, que merece ser citada para não se cair em generalizações, é o caso único do
brasileiro Lula que, embora esteja diretamente associado ao Brasil, foi tratado de forma
diferente segundo esse conceito (como será explicado proximamente).
A Guatemala, país que registrou apenas duas reportagens em toda a análise, ilustra
com perfeição um caso completo deste primeiro estereótipo encontrado. O país trazia em
uma delas, ou seja, em 50% do referente a esse tipo de gênero jornalístico tido como mais
qualitativo, o título: “Guatemala, paraíso da impunidade” (30/12). Publicada no El País,
provoca a evidente associação ainda no lead: “Três anos depois de chegar ao poder com o
respaldo de 1,2 milhão de votos, um 25% do censo eleitoral nesse país de 11 milhões de
habitantes, o Governo, presidido por Alfonso Portilllo mas dirigido desde o Congresso pelo
ex-ditador Efraín Ríos Montt, encontra-se encurralado pelos casos de corrupção e
impunidade.” A única foto da página é, inclusive, do próprio Montt, e não de Portillo.
Outro exemplo clássico surge de uma reportagem titulada “A corrupção põe em
xeque a democracia e o desenvolvimento da América Latina”, publicada no La Vanguardia
(14/11), sob a linha-fina “Os desmandos econômicos são a causa direta do agravamento da
pobreza” e a introdução “O escândalo que salpica o Governo Lagos no Chile evidencia
como o suborno, o tráfico de influências, a “malversação” de fundos, ou o narcotráfico
põem em xeque o desenvolvimento dos países latino-americanos”. A única foto da página é
de Hugo Chávez, apertando uma cruz católica sobre o peito.
A reportagem começa da seguinte maneira, e relaciona casos ocorridos nos mais
variados territórios da região, generalizando-os: “Uma década depois de que Fernando
Collor de Mello fora obrigado a se demitir da presidência do Brasil por corrupção, com o
que se iniciou uma cruzada de honestidade na América Latina, o suborno segue sendo o
grande problema da região. Em maior ou menor medida, todos os países estão afetados pelo
mal manejo das finanças públicas, tanto Brasil e México como Equador, Honduras,
Nicarágua, Bolívia... Desde o rio Bravo até a Patagônia, presidentes, líderes políticos,
juízes, empresários, prefeitos, generais e até um batalhão inteiro de Infantaria se viram
implicados em escândalos de corrupção”.
Como modelos ainda dessa primeira associação, relacionam-se, dentre muitos, os
seguintes títulos atribuídos a Chávez, geralmente simulando alguma ação forte ou
tipicamente “guerrilheira”: Chávez lança seus seguidores à rua para amedrontar os grevistas
(El País, 11/12) - O Governo da Venezuela empurrou os chavistas à rua para contra-atacar
o ativismo da oposição..; Chávez rechaça eleições e opta por uma resistência obstinada (La
Vanguardia, 12/12) - Depois de 10 dias de interrupção cívica, o presidente não cede nem
um milímetro; Chávez reforça seu poder ao controlar a polícia de Caracas (El País, 18/11) –
A decisão complica as negociações com a oposição para sair da crise.
Ressalta-se que esta foi apenas uma amostra do material recolhido, e que a
preponderância obtida acima pelo El País é casual, até porque a Venezuela soma 40% do
referente ao tema Política Interna no total da amostra, com este sendo o mais somado entre
todas as classificações de conteúdo. E que os exemplos acima fogem a uma simples
transcrição dos fatos, senão simulando títulos característicos a artigos ou crônicas,
atingindo assim níveis maiores de opinião, e muitas vezes “mastigando” o assunto antes do
leitor tirar suas próprias conclusões.
Na formação dessa imagem estereotipada, não “escapa” nem o recém-eleito
presidente equatoriano Lucio Gutiérrez, responsável quase solitário pela grande maioria do
tema Política Interna no referente ao país (65%). Tanto que a abertura de uma Entrevista
Especial com o mesmo já eleito (21/12), realizada em Madrid pelo El País, titulava-se
“Entre Chávez e eu há muitíssimas diferenças”. Da mesma forma, outras duas notícias
publicadas antes das eleições (24 e 25/12) também no El País antecipam um desfecho. A
primeira - outra Entrevista Especial - sob o agressivo título “Os espanhóis não necessitaram
de visto para vir”, torna tenso desde já relacionamentos diplomáticos do até então
candidato. Ressalta-se que sua caracterização é “Lucio Gutiérrez/Ex-coronel golpista e
candidato dos movimentos indígenas”. Na mesma página, no entanto, o outro candidato,
Álvaro Noboa é titulado de forma mais suave: “Manterei as melhores relações com os
Estados Unidos”, embora seja caracterizado ainda como “Milionário e Populista”.
Mas talvez o exemplo mais claro da pronta associação de Gutiérrez com o perfil já
caracterizado de militarismo ditatorial e populista latino-americano seja o editorial do El
Mundo titulado “O novo salvador da pátria?” (26/11), que começa a tratar a situação
interna equatoriana da seguinte maneira: “De novo, um militar populista assume o poder
em um país latino-americano sumido na pobreza...”.
Eventuais “ridicularizações”
Pois, em se tratando de “militares populistas”, às vezes fica difícil escapar da
ridicularização, surgindo exemplos como a cobertura do afastamento público de Fidel por
uma picada de mosquito em dezembro, e as charges sobre Chávez, com uma digna de
referência publicada no La Vanguardia em que o mesmo está de cócoras em um pedestal ao
lado de Putin, Sharon, Saddam e Bush, em igual posição. O título da caricatura, expresso
em uma faixa que simula um concurso acompanhado de perto por um jurado, é “Campionat
Mundial de Caganers” (escrito em catalão). Sobre Fidel, destaca-se a única noticia cubana
merecedora de 1ª página no El País, ainda sobre o referido assunto: “FIDEL CASTRO
explica que não comparece publicamente em Cuba pela picada de um mosquito” (27/10).
“O Felipe González brasileiro”
Dentro do contexto apresentado acima, o nome “Lula” parece representar a única
exceção “positiva”. Lula somou prêmios e inúmeros elogios durante a cobertura das
eleições brasileiras nos três jornais. Foi eleito um dos protagonistas do ano de 2002 no
suplemento Domingo do El Pais, ao lado do presidente norte-americano George W. Bush,
do socialista espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, do escritor colombiano Gabriel
García Márquez e do atacante do Real Madrid, Ronaldo (29/12). Extrai-se um trecho da
abertura do artigo introdutório desta edição especial, sobre o novo mandatário brasileiro:
“Seu carisma é indiscutível... Antes inclusive de tomar posse de seu cargo como presidente
(...) já está revolucionando o modo de governar tradicional fazendo participar a opinião
pública de suas decisões... Dele diz-se que poderia ser o novo líder da América Latina”.
O petista foi ainda “capa” da revista El Pais Semanal (22/12), abraçando de forma
emblemática uma enorme bandeira brasileira e cuja manchete era “Da miséria à
presidência”. Este último caso lhe valeu inserções durante a semana nas páginas internas e
na capa do jornal, culminando com uma inteira no sábado anterior, e que teve como pano
de fundo a caricatura de um ônibus com a bandeira do país denominado “Tour Sol”, em
movimento percorrendo uma estrada sob proteção do Cristo Redentor.
O El Mundo premia a Lula como “Homem do ano”, em um concurso estendido
também a várias outras categorias. Um artigo na mesma edição do anúncio (24/25 de
dezembro de 2002) explica o porquê: “Lula da Silva representa a esperança de milhões de
pessoas. A chegada ao poder de um homem do povo...”. Um dia depois, um suplemento
especial de 12 páginas sobre o prêmio é publicado, e dedica a metade ao brasileiro.
No catalão La Vanguardia não foi diferente. Produziram-se editoriais como “Lula, a
nova via” e “A esperança Lula” (20/10 e 30/12 respectivamente), entre outros dedicados ao
petista. No dia do primeiro turno da eleição, uma chamada na primeira página titulava:
“Brasil vota com todo o vento a favor de Lula”. Soma-se à “onda Lula” ainda o título de
abertura da seção Economia/Bolsas do dia 5/10, enfático: “Lula! Lula!”, referindo-se ao
efeito positivo causado no mercado em um contexto natural de risco.
Surpreende também neste jornal o destaque acompanhado de um sinal verde nos
tradicionais semáforos da segunda página do dia 11/12, sobre a seguinte justificativa,
contornada por traços heróicos: “O presidente eleito brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva
(57), decidiu pegar o touro pelos chifres e pedir à primeira potência capitalista do mundo –
Estados Unidos – seu aval diante do FMI.” E o título da escolha dos primeiros integrantes
da equipe de governo “petista” (29/12): “Lula cria um dream-team de técnicos”.
É exemplar a comparação realizada entre a chegada ao poder de Lula com a
ocorrida há 20 anos pelos socialistas espanhóis, com Felipe González, e com o Pacto da
Moncloa, encabeçado por Adolfo Suárez em 1977. Neste último, firmou-se um amplo pacto
entre diversos setores da sociedade e o novo governo a fim de promover um maior
desenvolvimento na Espanha, após o regime franquista. A adaptação de Lula nesse
contexto variou conforme o espaço e a intensidade da cobertura destes dois marcos recentes
da história espanhola. Ou seja, a imediata contextualização foi proporcional à aparição e ao
destaque dado a esses assuntos, com predominância quase absoluta no El País. Ressalta-se
que Felipe González participava da Cúpula de Negócios Latino-Americana, no Rio.
Logo, sob a alegação de que na capital fluminense muitos tratavam Lula como o
Felipe González brasileiro, publica-se uma crônica titulada “O Felipe González brasileiro”
no El Pais de 25/11, e depois uma reportagem sob o título: “Lula impulsiona um acordo
similar aos pactos da Moncloa para governar o Brasil”. Complementam ainda o fato, dois
artigos assinados por Felipe González, nos dias 29/10 e 14/12.
O primeiro titula-se “Lula: o triunfo da democracia”. Começa da seguinte maneira:
“Foi um 27 de outubro e me sento a escrever no 28, duas décadas depois de um dia
semelhante para mim, para meu país, para as pessoas que, carregadas de esperança,
acudiram maciçamente a definir um novo rumo aqui e acolá, agora. O triunfo de Lula é
importante para o Brasil, mas transcende fronteiras e sacode a América Latina como um
vento diferente, um grito de expectativa, reclamando outro destino”.
No segundo, “Esperando a Lula”, o ex-presidente socialista do governo espanhol
reafirma uma série de recomendações e comparações sobre o desafio a ser vivido pelo
petista àquele proposto aos socialistas na chegada ao poder na Espanha.
De forma mais comedida, El Mundo e La Vanguardia apenas noticiaram ou
mencionaram a semelhança dos fatos, assim como alguns jornais brasileiros na ocasião. O
primeiro reserva um intertítulo para o comentário “O ex-presidente Felipe González
considera válida a comparação que se faz entre ele e o presidente eleito do país latinoamericano” (22/11), sob a matéria principal titulada “O Banco Mundial respalda a Lula e
crê que Brasil entra em uma etapa esperançosa”, por exemplo.
Ainda analisando contextualizações utilizadas pelo El País, destaca-se outra variante
latino-americana, e esta, à primeira vista é “negativa” e envolve o Partido Popular, do
presidente José María Aznar, cuja oposição é liderada pelos socialistas. Compara a
iminente sucessão de Aznar “à luz da experiência política mexicana”, em uma reportagem
titulada “Dedazo y destape” e sob a vinheta “As `Primárias` do PP”. (10/11). A reportagem
começa da seguinte maneira: “A ausência de precedentes parlamentares capazes de ilustrar
os mecanismos idealizados por José María Aznar para designar a seu futuro substituto
como candidato presidencial do PP em 2004 convida a analisar as experiências do sistema
mexicano, que sofreu uma crise irreversível entre os anos de 1988 e 2000. A desaparecida
figura do presidente que designa livremente a seu herdeiro (o dedazo), ainda que logo o
partido teatralize sua nomeação formal como candidato destapado, parece ter encontrado
asilo na Espanha”. Logo depois surge no corpo da matéria ao menos um lembrete,
fundamental aos mais desavisados em âmbito geral: “as analogias precisam ser manejadas
com cuidado para não cair-se em conclusões disparatadas”.
CONCLUSÃO
Tomou-se como base, dentre as inúmeras conclusões obtidas durante o trabalho,
responder à indagação realizada na introdução do mesmo.
?? Os veículos de comunicação são capazes de transmitir estereótipos sobre a
América Latina e/ou seus países? Em caso positivo, até que ponto e qual seria o
estereótipo mais detectado?
Sim. Estereótipos definem-se como crenças atribuídas às características de um
conjunto social, e como tal, estão condicionados muitas vezes à imagem que possuímos ou
recebemos de uma categoria. Nesse contexto, a exposição diária de notícias sobre a
América Latina e seus países nos veículos espanhóis estaria, como em qualquer outro meio
de comunicação de qualquer país do mundo, sujeita a provocar interferências na memória
daqueles que absorvem suas informações na construção não só de estereótipos, como
também das demais percepções sociais.
Seguindo o princípio de que nem sempre se pode conhecer de perto uma cultura tão
abrangente como a desta região, assim como contatar-se diretamente com pessoas nascidas
nela ou pertencentes à sua singular realidade, a memória individual que induzirá à formação
de estereótipos poderá basear-se nas mensagens publicadas diariamente e expostas em
qualquer banca de jornal. Da mesma forma, sublinha-se que são distintos os níveis de
recordação de determinado fato ou opinião de terceiros, entre cada um de nós.
No Princípio da disponibilidade, de Tversky e Kahneman5, isso fica claro ao
desenvolver-se a idéia de que o indicador de probabilidade ou freqüência de uma memória
associada a um determinado estereótipo ou imagem viria em função de sua disponibilidade,
dependendo do grau de exposição obtida. E, desta forma, ressalta-se que, perigosamente, a
possibilidade de países como a Nicarágua, que só “apareceu” 13 vezes no noticiário, de
“imortalizarem” esta como sua única lembrança e portanto, associarem-se a um
determinado estereótipo como constituirem-se em um existe em maior escala. Lembra-se
que no caso nicaragüense foram atribuídas à Justiça ou Corrupção 69,2% das ocorrências
do país (9 de 13 na soma dos três jornais). Sendo que no El Pais e no El Mundo essa marca
chega a 100% (4/4 e 3/3 respectivamente).
Partindo ao segundo nível da exposição, o estereótipo identificado que obteve maior
destaque na cobertura sobre a América Latina, no período desta investigação, diz respeito à
associação direta dos países com seus líderes, motivada pelo enorme protagonismo das
ações governamentais. Ramifica-se na herança ditatorial e anti-democrática dos mesmos,
geralmente envoltos por um ambiente movido pelo populismo e a corrupção.
Sob a armadura da visão crítica
Talvez a mais curiosa conclusão obtida no trabalho é a de que os estereótipos não
representam algo absolutamente negativo ou que devem ser combatidos a todo custo.
5
Os israelenses Amos Tversky (1937-1996) e Daniel Kahneman (1934) desenvolveram notáveis pesquisas na
área de psicologia cognitiva, que valoriza o conhecimento e a cultura do indivíduo. Kahneman recebeu o
Prêmio Nobel de Economia em 2002, por inovações nos campos de psicologia econômica e economia
experimental.
Possuem características extremamente abrangentes, entre elas até uma eventual propensão a
ações preconceituosas. Mas, mesmo assim, segue-se o princípio de que devem ser
“recepcionados” ou analisados intimamente obedecendo a alguns critérios, sobretudo sob a
armadura de uma visão crítica aberta e essencial.
E, desta forma, volta-se à referência inicial feita à matéria Comunicação para o
Desenvolvimento, cuja orientação e importância foram vitais ao progresso deste trabalho.
Sobretudo pela crença no poder da informação como atuante transformador nos mais
diversos campos sociais. Obedecendo à prioridade da construção de uma visão crítica
necessária ao recebimento de percepções sociais de uma determinada realidade em cada um
dos trechos de cada uma das edições de um jornal, expõe-se abaixo dois grandes enfoques,
traduzidos primariamente como formas distintas de se “fazer” jornalismo:
?? Apelando ao sentimento: busca uma resposta do leitor sem entrar em maiores
detalhes
no
material
apresentado,
geralmente
apelando
para
estereótipos
característicos do Terceiro Mundo, como a pobreza marginalizada e sua infraestrutura precária de sobrevivência;
?? Apelando ao conhecimento: pretende esgotar um assunto, baseado em dados
obtidos junto à fonte mais correta possível, entrevistando ambos os lados da
questão, expondo o porquê do problema e não somente o problema.
Não se descarta a “utilidade” do primeiro, sobretudo quando analisadas as razões
mercadológicas inerentes ao funcionamento de qualquer veículo de comunicação como
empresa que é. Mas o atual trabalho apóia-se no apelo ao conhecimento, e por si so baseou
sua atuação em dados, acreditando que a informação é o melhor antídoto à criação e
manutenção de estereótipos negativos, como alguns detectados antes.
Isso porque, estar fundamentado em fatos com a liberdade de escolher inúmeras
fontes de informação - entre as milhares disponíveis - nos brindaria uma proximidade “mais
aceitável” do real, seguindo critérios individuais, e não somente do que se pensa sobre o
real. Desta forma, a América Latina não seria somente retratada de forma mais fiel à sua
realidade, como também estaria ainda mais qualificada a receber estímulos de qualquer
ordem necessários a um maior desenvolvimento, seja social ou econômico.
Bibliografia (original)
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Aires: EUDEBA, 1977.
DÍAZ, Soledad Y. Hay noticia: cómo se crea la actualidad: análisis de tres asuntos de
periodicos. Madrid: Fragua, 2002.
GESTOSO, José Ignacio. Los estereotipos sociales, el proceso de perpetuación a través de
la memoria selectiva. Madrid: Universidad Complutense, Servicio de Reprografia, 1993.
GRIJELMO, Alex. El estilo del periodista. Madrid: Taurus, 1997.
MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.
---------. Estudos de jornalismo comparado. Sao Paulo: Livraria Pioneira, 1972.
PASTOR RAMOS, Gerardo. Conducta Interpersonal, ensayo de psicología social
sistemática. 4. ed. rev. Salamanca: Universidad Pontificia, 1994.
RANDALL, David. El periodista universal. Madrid: Siglo Veintiuno de España Editores,
1999.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. ampl. Sao
Paulo: Cortez, 2002.
VICENTINO, Cláudio. História Geral. 4. ed. rev. ampl. Sao Paulo: Scipione, 1997.
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