Isaurina Carvalho dos Santos e Maura Lúcia DAssuncao dos

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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Enfermagem
Trabalho de Conclusão de Curso
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E SOCIOECONÔMICO DE
GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRÉ-NATAL DE ALTO
RISCO ATENDIDAS NO HOSPITAL DA ASA SUL (HRAS).
Autoras: Isaurina Carvalho dos Santos e Maura Lúcia
D’Assunção dos Santos
Orientadora: Fernanda Monteiro de Castro Fernandes
Brasília - DF
2011
ISAURINA CARVALHO DOS SANTOS
MAURA LÚCIA D’ASSUNÇÃO DOS SANTOS
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E SOCIOECONÔMICO DE GESTANTES
ACOMPANHADAS NO PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO ATENDIDAS NO
HOSPITAL DA ASA SUL (HRAS).
Trabalho de conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Enfermagem da
Universidade Católica de Brasília para
obtenção do título de bacharel em
enfermagem.
Orientadora: Fernanda
Castro Fernandes
Coorientadora: Lídia Peres
Brasília
2011
Monteiro
de
Monografia de autoria de Isaurina Carvalho dos Santos e Maura Lúcia
D’Assunção
doa
Santos,
intitulada
“PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
E
SOCIOECONÔMICO DE GESTANTES ACOMPANHADAS NO PRÉ-NATAL DE
ALTO RISCO ATENDIDA NO HOSPITAL DA ASA SUL HRAS”, apresentada como
requisito parcial para obtenção do grau de bacharelado em Enfermagem da
Universidade Católica de Brasília, em 16 de junho de 2011, defendida e aprovada
pela banca examinadora abaixo assinada:
_______________________________________
Profª. Drª. Maria do Socorro Nantua Evangelista
_______________________________________
Profº. MSc. Mauricio de Oliveira Chaves
_______________________________________
Profª. MSc. Fernanda Monteiro de Castro Fernandes
Brasília
2011
RESUMO
Referência: SANTOS, Isaurina C; SANTOS, Maura L.D. Perfil Epidemiológico e
Socioeconômico de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco atendidas no
Hospital da Asa Sul (HRAS). 2011. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade
Católica de Brasília. Brasília, 2011.

A gestação é um fenômeno biológico que envolve transformações de aspectos
fisiológicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais na vida da mulher
podendo se desenvolver em um processo normal sem a presença de
intercorrências. No entanto, devido a algum agravo, que pode ser causado tanto
por uma patologia quanto por fatores sociais, há uma parcela de gestantes que
podem apresentar uma evolução desfavorável tanto para a mãe como para o feto
sendo designado como gestação de alto risco. A pesquisa teve como objetivo
Identificar qual o perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco; descrever o perfil das gestantes no
pré-natal de alto risco; analisar se os fatores socioeconômicos podem influenciar
nos agravos das gestantes de alto risco e, quais os agravos mais comuns
apresentados pelas gestantes de alto risco. Trata-se de uma pesquisa
quantitativa e estudo transversal, cujos dados foram coletados em um Hospital
Regional da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, especializado em
atendimentos à gestante e a criança. Foram utilizadas entrevistas de forma
estruturada com um total de 50 gestantes. Nos resultados obtidos constatou-se
que o fator socioeconômico das gestantes que fazem parte do grupo de alto risco
do HRAS não foi o principal agravante do quadro clínico gestacional. Observouse que as doenças pré-existentes se constituem como um fator preponderante
para o agravo da saúde da mãe e do feto. Outro dado importante foram as
características demográficas, uma vez que a distância e a as maneiras para
transpô-la são fatores que influenciam o acesso da gestante ao atendimento no
serviço de saúde, especialmente quando se consideram populações de baixa
renda”. A pesquisa evidenciou que a maioria das gestantes entrevistadas reside
longe da unidade de saúde da qual fazem o tratamento para a gestação de alto
risco, dificultando o acesso à assistência ao pré-natal para a gestante.
Palavras chaves: Gravidez. Gestação de alto risco. Perfil socioeconômico.
ABSTRACT
Pregnancy is a biological phenomenon which involves changing in physiologic,
psychological, social, economical and cultural aspects in woman’s life; it can occur in
a normal process without presence of complications. However, because of any harm
which can be caused either by pathology or social factors there is a group of
pregnant women that might show an unfavorable evolution for the mother and for the
baby, being named as risky pregnancy. The research’s goal is to identify the
epidemiologic and social economic profile of the pregnant women followed by
medical monitoring with possible risky delivery. It tries to clarify the consequences
that the social economic factor can influence in complications of risky pregnant
women, as well as identify the factors that cause complications in risky pregnancy. It
is about a quality research which data was collect in a Regional Hospital from Health
Office in Distrito Federal specialized in treatments of pregnant women and child.
Interviews were used in a structured way in a total of 50 pregnant women. The
results showed that the social economic factor of pregnant woman who is part of
risky group in HRAS was not the main complication cause in pregnant clinical
situation. It was observed that previous sickness constitute a relevant aspect to
mother and child health complication. An important point was the demographic
characteristic, once the distance and the several ways to overcome it are reasons to
compromise the doctor’s service visiting, especially when low income population is
considered. The research highlighted that most of the interviewed pregnant women
live far away from the Health Unit where they are assisted in their risky pregnancy,
which makes the access to doctor’s monitoring before delivery more difficult to
pregnant women.
Keywords: Pregnancy. Risky pregnancy. Social economic profile.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição das entrevistadas em tipo de moradia e local de
residência...................................................................................................................36
Tabela 2 - Distribuição das entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS pelo
grau de escolaridade e tipo de ocupação..................................................................37
Tabela 3 - Distribuição de renda familiar das gestantes entrevistadas no pré-natal de
alto risco do HRAS.....................................................................................................39
Tabela 4 – Número de gestações e o tipo de parto das gestantes entrevistadas no
pré-natal de alto riso do HRAS...................................................................................40
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do HRAS
pela faixa etária..........................................................................................................35
Gráfico 2 - Estado civil das gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do
HRAS..........................................................................................................................36
Gráfico 3 - Distribuição de doenças pré-existentes apresentadas pelas gestantes
entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS......................................................41
Gráfico 4 - Distribuição das imunizações das gestantes entrevistadas no pré-natal de
alto risco do HRAS.....................................................................................................42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9
1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 11
1.3 HIPÓTESE................................................................................................................. 11
1.4 OBJETIVOS DO ESTUDO......................................................................................... 12
1.4.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 12
1.4.2 Objetivos específicos .............................................. Erro! Indicador não definido.
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 13
2.1 GRAVIDEZ ................................................................................................................ 13
2.2 MUDANÇAS NO ENFOQUE DE ATENDIMENTO À GESTANTE .............................. 14
2.3 FATORES EPIDEMIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO ......................... 17
2.3.1 Assistência ao pré-natal e a visão do enfermeiro ................................................ 19
2.3.2 Rotina de atendimento à gestante nas unidades básicas de saúde .................... 21
2.4 Gestação de alto risco............................................................................................ 25
2.5 Ações de implementação de redução de riscos ..................................................... 29
3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 30
3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................. 30
3.2 AMOSTRA ................................................................................................................. 30
3.3 LOCAL DE ESTUDO ................................................................................................. 31
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 32
3.4.1 Aspectos éticos da pesquisa ............................................................................... 33
3.4.2Análise e discussão dos resultados...................................................................... 34
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 45
9
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa teve como objetivo se fazer uma investigação sobre o Perfil
epidemiológico e socioeconômico de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto
risco atendidas no Hospital da Asa Sul (HRAS).
A gestação é um fenômeno que envolve transformações de aspectos
fisiológicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais na vida da mulher,
podendo ser um processo de gestação normal sem a presença de intercorrências.
No entanto, há uma parcela de gestantes que por sofrerem algum agravo,
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável tanto para o feto
como para mãe, constituindo o chamado “gestante de alto risco”. O fator
socioeconômico pode ser uma das causas que podem influenciar o surgimento de
agravos a saúde das gestantes de alto risco, (BRASIL, 2007).
O risco gravídico pode causar conseqüências graves tanto para mãe quanto
para o feto. As intercorrências que podem acontecer por parte materna, podem ser
decorrentes de doenças pré-existentes ou adquiridas durante a gestação podendo
causar uma alteração permanente à saúde da mãe ou até sua morte. Em relação ao
feto as implicações podem ser desde uma má formação fetal, baixo peso ao nascer,
maior freqüência de internações no primeiro ano de vida e ocorrência de abortos,
(DOURADO, 2006).
No Brasil, em toda sua extensão, as disparidades socioeconômicas se
refletem nas taxas de mortalidade neonatal e infantil. Sendo assim, o pré-natal,
como uma das medidas de prevenção de riscos à gravidez, deverá ser iniciado o
mais precoce possível, porque é durante este período que a mulher gestante recebe
acompanhamento médico e orientação sobre: cuidados com a alimentação, controle
de peso, uso de polivitamínicos, tratamento odontológico e realização de exames
que poderão identificar alguma intercorrência gravídica, (GAMA, 2002).
O profissional de enfermagem pode atuar de forma significativa no controle e
redução das complicações relacionadas com a função reprodutiva, por meio de uma
adequada assistência ao ciclo gravídico-puerperal, ampliando os conhecimentos
para proporcionar uma melhor assistência às gestantes de alto risco nos serviços de
10
pré-natal e agindo na orientação de planejamento familiar, de acordo com o contexto
socioeconômico e cultural, (DOURADO, 2006).
11
1.2 JUSTIFICATIVA
A importância de se pesquisar o perfil socioeconômico das gestantes de alto
risco encontra-se no fato de que o fator socioeconômico tem influencia sobre as
ações de saúde. A desigualdade social e econômica tem se caracterizado como um
fator importante de diferenciação das condições de saúde da população. Indicadores
como escolaridade, a renda e o local de moradia determinam tanto o acesso, quanto
a qualidade da assistência prestada pelos serviços de saúde. A repercussão da
qualidade da assistência de saúde na área materno-infantil começa desde a
gestação e persiste no momento do parto, no puerpério e na atenção à criança,
(BRASIL, 2007).
1.3 HIPÓTESE
A hipótese desta pesquisa é a de que as gestantes que fazem parte do grupo
de alto risco do HRAS possuem características socioeconômicas desfavoráveis o
que contribui para a piora do quadro clínico.
12
1.4 OBJETIVOS DO ESTUDO
1.4.1 Objetivo geral
Identificar qual o perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco atendidas no hospital da asa sul (HRAS).
1.4.2 Objetivos específicos

Descrever o perfil das gestantes no pré-natal de alto risco;

Analisar se os fatores socioeconômicos podem influenciar nos agravos das
gestantes de alto risco;

Quais os agravos mais comuns apresentados pelas gestantes de alto risco.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 GRAVIDEZ
A gravidez é um acontecimento biológico e natural na vida da mulher, que se
desenvolve em um contexto social e cultural. Na investigação das reações humanas
e conhecimento melhor das influências e complexidade das vivências do ciclo
grávido-puerperal, é importante considerar fatores como a história pessoal da
gestante e seu passado obstétrico, o contexto da gravidez, sua idade e vínculo com
o parceiro (DOURADO, 2006).
Na
gestação
mesmo
havendo
alterações
anatômicas,
endócrinas,
hemodinâmicas e imunológicas importantes, o organismo feminino se mantém em
equilíbrio dinâmico por mecanismos compensatórios. No entanto, o limite entre a
anormalidade e a doença é extremamente pequeno e manter o equilíbrio representa
risco elevado de morbimortalidade (MARTINS, 2003).
Em se tratando de um fenômeno fisiológico, a evolução da gravidez se dá na
maior parte dos casos sem intercorrências. Apesar desse fato, há uma pequena
parcela de gestantes que, por possuírem características específicas, ou por
sofrerem
algum
agravo,
apresenta
maiores
probabilidades
de
evolução
desfavorável, tanto para o feto como para a mãe, sendo assim designadas
"gestantes de alto risco” (BRASIL, 2000).
A saúde reprodutiva foi definida em 1994, na Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento, como
Um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as
matérias concernentes ao sistema reprodutivo, suas funções e processos, e
não apenas mera ausência de doença ou enfermidade. Dá-se a entender,
que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a
capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas
vezes devem fazê-lo (BRASIL, 2007).
Os riscos que envolvem a mãe e o feto durante a gestação podem ser, a
morte perinatal, morte materna, trabalho de parto prematuro, entre outros. Dentro
das patologias que se manifestam ou se agravam na gestação, a hipertensão arterial
e a diabetes são as mais freqüentes levando a gestante a ser incluída no chamado
gravidez de alto risco (DOURADO, 2006).
14
2.2 MUDANÇAS NO ENFOQUE DE ATENDIMENTO À GESTANTE
Durante décadas, o enfoque das políticas de saúde da mulher no Brasil era
exclusivamente para o atendimento às demandas decorrentes da gestação e do
parto, restringindo a atenção ao processo reprodutivo. Havia como base a
especificidade biológica feminina e o seu papel social de mãe e doméstica.
Entretanto, nos anos 80, com o aumento alarmante dos casos de AIDS e as
mudanças no padrão procriativo, aspectos como a sexualidade ganharam relevância
em relação à contracepção, a gravidez e o parto. Com essas mudanças, surgiu a
dificuldade por parte do Ministério da Saúde em abordar a saúde da mulher de forma
integral,
sem
desconsiderar
problemas
graves
e
complexos.
Houve
um
direcionamento de ações para identificar os maiores problemas e alterar a realidade
constatada com o objetivo de diminuir as taxas de mortalidade por causas evitáveis,
promover condições de decisão sobre o direito reprodutivo e garantia de assistência
integral e humanizada, no sentido de fortalecer as ações preventivas e de promoção
à saúde (DOURADO, 2006).
O Ministério da Saúde divulgou oficialmente o PAISM em 1984, por meio do
documento preparado pela referida comissão: “Assistência Integral à Saúde da
Mulher: bases de ação programática”. Para estabelecer sua proposta, o ministério
partia da constatação de que o cuidado da saúde da mulher pelo sistema de saúde
até então, limitava-se ao ciclo gravídico-puerperal. E, mesmo aí, era deficiente.
Considerava-se esse quadro agravado face à crescente presença da mulher na
força de trabalho, além do seu papel fundamental no núcleo familiar.
O texto em questão salientava que o governo estava procurando agilizar a
atenção à saúde da população em geral, atuando em duas frentes: expandir e
consolidar a rede de serviços básicos de prestação de ações integrais de saúde
(AIS); enfatizar atividades-chaves, identificadas por critérios epidemiológicos, pelo
seu impacto e transcendência. Entre essas atividades estavam àquelas voltadas
para o grupo materno-infantil: O conceito de assistência integral, aqui preconizado,
envolve a oferta de ações globalmente dirigidas ao atendimento de todas as
necessidades de saúde do grupo em questão, aonde todo e qualquer contato que a
15
mulher venha a ter com os serviços de saúde seja utilizado em benefício da
promoção, proteção e recuperação de sua saúde, (OSIS, 1998).
As diretrizes gerais do Programa previam a capacitação do sistema de saúde
para atender as necessidades da população feminina, enfatizando as ações dirigidas
ao controle das patologias mais prevalentes nesse grupo. Estabeleciam também a
exigência de uma nova postura de trabalho da equipe de saúde em face do conceito
de integralidade do atendimento; pressupunham uma prática educativa permeando
todas as atividades a serem desenvolvidas, de forma que a clientela pudesse
apropriar-se dos conhecimentos necessários a um maior controle sobre sua saúde,
(OSIS, 1998).
Ainda a título de diretrizes gerais, o documento em questão dedicava dois
itens ao planejamento familiar. Primeiramente, situavam-se as atividades voltadas à
regulação da fecundidade como complementares no elenco de ações de saúde
materno-infantil, esclarecendo que as motivações do Ministério da Saúde para agir
nessa área baseavam-se nos princípios de equidade, oportunidade de acesso às
informações e aos meios para a regulação da fertilidade por parte da população e de
ordem médica, traduzidos no risco gravídico. Enfatizava-se também que as
atividades de planejamento familiar estavam desvinculadas de qualquer caráter
coercitivo para as famílias que venham a utilizá-las (OSIS, 1998).
O planejamento familiar deve ir além da solução dos problemas sociais e
econômicos do país. Cabe ao Estado proporcionar meios e informações para que
todos os brasileiros possam planejar suas famílias. A atenção à mulher deve ser
integral: clínico-ginecológica e educativa, voltada ao aperfeiçoamento do controle
pré-natal, do parto e puerpério; à abordagem dos problemas presentes desde a
adolescência até a terceira idade; ao controle das doenças transmitidas
sexualmente, do câncer cérvico-uterino e mamário e à assistência para concepção e
contracepção (OSIS, 1998).
Em 1983, o Ministério da Saúde através da Divisão Nacional de Saúde
Materno Infantil (DINSAMI) elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da
Mulher, com o objetivo de reduzir a morbi-mortalidade da mulher e da criança
(PAISMC). Em 1984, o PAISMC foi implantado na Fundação Hospitalar do Distrito
Federal (FHDF), e em 1991 houve a separação do Programa da Criança (PAISC) do
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). O objetivo maior do
PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases da vida,
16
respeitando as necessidades e características de cada uma delas. Para isto, a
Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem dado ênfase ao atendimento à
população feminina por meio de ações preventivas e de controle às doenças
prevalentes nesse grupo populacional nos níveis primário, secundário e terciário de
assistência.
As áreas de atuação do PAISM são divididas em grupos baseados nas fases
da vida da mulher, como:

Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e
puerpério;

Assistência ao abortamento;

Assistência à concepção e anticoncepção-;

Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama;

Assistência ao climatério;

Assistência às doenças ginecológicas prevalentes;

Prevenção e tratamento das DST/AIDS;

Assistência à mulher vítima de violência.
O PAISM tem como atribuições:

Planejar, em conjunto com os Centros de Saúde e outras unidades de saúde
regionais, as atividades do PAISM previstas para a população alvo de cada
abrangência;

Supervisionar e avaliar as atividades do PAISM nestas unidades;

Programar e supervisionar a distribuição de medicamentos básicos e
equipamentos de apoio das ações do PAISM;

Organizar e promover o inter-relacionamento dos profissionais executores das
ações do PAISM;

Promover cursos de educação continuada teóricos e práticos, bem como
treinamento em serviços para os profissionais;

Detectar o número de horas disponíveis e necessárias de profissionais para
atingir a cobertura programada;

Apresentar à coordenação Central do PAISM relatório mensal do Programa
em sua Regional;
17

Participar das reuniões do PAISM central para auxiliar na avaliação,
normatização e estabelecimento de diretrizes do PAISM-DF (NAISM, 2010,
acesso em 07/09/2010).
Em 1984 o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os
princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição
de prioridades neste campo. O PAISM incorporou como princípios e diretrizes as
propostas de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, bem
como a integralidade e a equidade da atenção. O novo programa para a saúde da
mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e
recuperação, englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no prénatal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de
colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil
populacional das mulheres. O processo de construção do Sistema Único de Saúde
(SUS) tem grande influência sobre a implementação do PAISM (BRASIL, 2007).
Em 2003 a Área Técnica de Saúde da Mulher identificou ainda a necessidade
de articulação com outras áreas técnicas e da proposição de novas ações, quais
sejam: atenção às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias e
lésbicas e a participação nas discussões e atividades sobre saúde da mulher e meio
ambiente (BRASIL, 2007).
2.3 FATORES EPIDEMIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO DE ALTO RISCO
Os indicadores epidemiológicos do Brasil mostram uma realidade na qual
convivem doenças dos países
desenvolvidos (cardiovasculares e crônico-
degenerativas) com aquelas típicas do mundo subdesenvolvido (mortalidade
materna e desnutrição). Os padrões de morbimortalidade encontrados nas mulheres
revelam também essa mistura de doenças, que seguem as diferenças de
desenvolvimento regional e de classe social (BRASIL, 2004).
Apesar dos esforços, 21,3% dos óbitos maternos ocorridos no Brasil nos anos
de 1996-1997 foram atribuídos às causas indiretas, que envolvem as doenças pré-
18
existentes complicadas pela gestação. A assistência perinatal adequada e a
orientação sobre planejamento familiar pode contribuir para a redução destes óbitos
(DOURADO, 2006).
As desigualdades sociais, econômicas e culturais, se revelam no processo de
adoecer e morrer das populações, e de cada pessoa em particular, de maneira
diferenciada. De acordo com os indicadores de saúde, as populações expostas a
precárias condições de vida estão mais vulneráveis e vivem menos. O relatório
sobre a situação da população mundial demonstra que o número de mulheres que
vivem em situação de pobreza é superior ao de homens, e que as mulheres
trabalham durante mais horas do que os homens e pelo menos, metade do seu
tempo é gasto em atividades não remuneradas, o que diminui o seu acesso aos
bens sociais, inclusive aos serviços de saúde (BRASIL, 2007).
As mulheres em idade reprodutiva, ou seja, de 10 a 49 anos, são 58.404.409
e representam 65% do total da população feminina, conformando um segmento
social importante para a elaboração das políticas de saúde (BRASIL, 2007).
A Síntese de Indicadores Sociais 2002, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apresenta os seguintes dados: a população feminina ocupada
concentra-se nas classes de rendimento mais baixas – 71,3% das mulheres que
trabalham ganham até dois salários mínimos, contra 55,1% dos homens, e a
desigualdade salarial aumenta conforme a remuneração. A proporção de homens
que ganham mais de cinco salários mínimos é de 15,5% e das mulheres é de 9,2%.
No que se refere ao trabalho doméstico, as mulheres dedicadas a essa atividade
(19,2%) e que não recebem remuneração (10,5%) é bem maior do que a dos
homens (0,8% e 5,9% respectivamente) para o ano de 2003 (BRASIL, 2007).
A desigualdade social e econômica tem sido apontada como um importante
fator de diferenciação das condições de saúde da população. Indicadores como a
escolaridade, a renda e o local de moradia determinam tanto o acesso, quanto a
qualidade da assistência prestada pelos serviços de saúde (GAMA, 2002).
No Brasil, como um todo, as disparidades socioeconômicas se refletem nas
taxas de mortalidade neonatal e infantil. Quando a gestação ocorre na adolescência
o problema se potencializa. À situação de pobreza se soma a falta de estrutura
emocional da jovem grávida, que muitas vezes não conta com o apoio do pai da
criança e/ou da própria família. A adolescência é uma etapa da vida caracterizada
por um complexo processo de desenvolvimento biológico, psicológico e social. Além
19
disso, um conjunto de experiências marca a vida do adolescente: o desenvolvimento
do autoconhecimento que dá origem aos sentimentos de autoestima e de
questionamento dos valores dos pais e dos adultos em geral; os impulsos sexuais
ganham uma expressão mais efetiva em função da maturação física, e a percepção
do início da potencialidade de procriação. Entretanto, esse processo se dá de forma
diferenciada de acordo com a história de vida de cada adolescente e do grupo
socioeconômico em que está inserido (GAMA, 2002).
Ao se analisar a mortalidade materna, é importante conhecer o status social e
econômico da mulher e seu acesso à saúde. Em muitos casos, o risco de a grávida
vir a falecer é observado durante a gestação. São mulheres desinformadas, com
nível socioeconômico baixo e doente. Não lhes é oferecida assistência à saúde
adequada ou informações de planejamento familiar. O que se percebe, então, é que
não se detecta, nem se corrige o risco de morte (RIQUINHO, 2006).
2.3.1 Assistência ao pré-natal e a visão do enfermeiro
A assistência ao pré-natal não deve se limitar somente às ações clínicoobstétricas, mas devem incluir ações de educação em saúde na rotina da
assistência integral, os aspectos antropológicos, sociais, econômicos e culturais, que
devem ser conhecidos pelos profissionais que assistem as mulheres grávidas,
buscando entendê-las no contexto em que vivem, agem e reagem, (LINHARES,
2009).
A identificação de indivíduos de alto e baixo risco permite a equipe de saúde
dispor de instrumentos para fornecer atendimento diferenciado. As necessidades de
grupos de baixo risco são resolvidas, de maneira geral, com procedimentos simples
no atendimento primário de assistência. Os grupos de alto risco geralmente
requerem técnicas mais especializadas. Deve-se lembrar que durante toda a
gestação podem ocorrer complicações que fazem uma gestação normal tornar-se de
risco. Assim sendo, durante todo o pré-natal deve-se proceder a uma “avaliação de
riscos” das gestantes de modo a identificá-las e encaminhá-las a um serviço de
atendimento especializado. A detecção de qualquer risco implica em uma atenção
especializada, com exame/avaliação e seguimentos adicionais e, se necessário, a
referência da atenção básica para um serviço de nível mais complexo. Na ausência
20
de risco, o acompanhamento pré-natal deverá seguir as recomendações para a
atenção básica na assistência pré-natal (LINHARES, 2009).
Segundo Buzzo, 2007, a qualidade da assistência pré-natal ainda é deficiente
no Brasil, porque mesmo em regiões com alta cobertura de concentração de
consulta pré-natal, a mortalidade materna é alta. Um indicador da má qualidade do
pré-natal no país é referente ao fato da hipertensão específica da gravidez ser a
causa mais comum de morte materna no Brasil. O meio mais eficaz de redução
desse tipo de morte está no adequado controle ao longo da gestação. Cabe
ressaltar que a ausência da assistência pré-natal é um dos fatores de risco para a
gestante e para o feto.
Apesar do aumento no número de consultas de pré-natal, a qualidade dessa
assistência é precária, sendo conferido pela alta incidência de sífilis congênita, pelo
fato da hipertensão arterial ser a causa mais freqüente de morte materna no Brasil, e
também porque apenas 41,01% das gestantes inscritas no Programa de
Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) receberam a segunda dose ou a
dose de reforço ou a dose imunizante da vacina antitetânica. Os indicadores do
Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e
Nascimento (Sisprenatal) demonstram que somente 4,07% das gestantes inscritas
no PHPN realizaram o elenco mínimo de ações preconizadas pelo Programa e que
somente 9,43% realizaram as seis consultas de pré-natal e a consulta de puerpério.
(BRASIL, 2007).
No pré-natal o enfermeiro deve ficar atento para também, interpretar a
percepção que a gestante tem com relação a sua experiência da maternidade no
contexto mais amplo (ambiente, família, mudanças físicas, psicológicas e sociais)
por ser essa uma experiência única. O profissional enfermeiro não deve impor seus
conhecimentos e desconsiderar a realidade do cliente; caso isso aconteça, as
orientações dadas poderão não ser adotadas por incompatibilidade com essa
realidade. Conhecer as necessidades de aprendizagem das gestantes no período do
pré-natal é considerar a importância da cliente na determinação de seu autocuidado.
Os profissionais de saúde devem assumir a postura de educadores que
compartilham saberes, buscando devolver à mulher sua autoconfiança para viver a
gestação, o parto e o puerpério (CIÊNC. SAÚDE COLETIVA, 2007).
De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Decreto n.º
94.406/87 e o Ministério da Saúde, o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente
21
acompanhado pela enfermeira. Como descrito na Lei n.º 7.498 de 25 de julho de
1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício de Enfermagem, cabe ao
enfermeiro realizar consulta de enfermagem e prescrição da assistência de
enfermagem; como integrante da equipe de saúde: prescrever medicamentos, desde
que estabelecidos em Programas de Saúde Pública e em rotina aprovada pela
instituição de saúde; oferecer assistência de enfermagem à gestante, parturiente e
puérpera e realizar atividades de educação em saúde (CIÊNC. SAÚDE COLETIVA,
2007).
No atendimento ao pré-natal é importante considerar ainda:

Agenda aberta a qualquer hora, para atendimento pré-natal por médico ou
enfermeiro treinado, ou para atividades em grupo, ampliando-se as
possibilidades de recepção e ingresso da gestante no pré-natal;

Solicitação de teste gravidez ou pedido dos exames de rotina no momento do
agendamento;

Atendimento de pré-natal com consultas intercaladas, entre o enfermeiro e o
obstetra que trabalhem em equipe;

Estratégia de retornos marcados para dia preferencial de pré-natal
favorecendo as atividades em grupo prévias à consulta (sala de espera);

Garantia de agendamento da revisão pós-parto, quando a paciente trará
informações sobre o parto e será introduzida em outros grupos (planejamento
familiar, crescimento e desenvolvimento, atenção ao desnutrido...).

Preenchimento obrigatório do Cartão de Pré-natal, visando garantir a
qualidade das informações a respeito do atendimento à gestante;

Referenciamento das gestações de risco para atendimento em níveis de
maior complexidade;

Encaminhamento das gestantes para o parto em maternidades de referência
distrital, através do formulário de referência e contra referência fornecida no
centro de saúde.

Integração com o projeto de prevenção e combate à desnutrição (alimentação
alternativa, distribuição de farinha enriquecida) para gestantes e nutrizes
(CIÊNC. SAÚDE COLETIVA, 2007).
2.3.2 Rotina de atendimento à gestante nas unidades básicas de saúde
22

Inserção da gestante no Programa de Humanização do Parto e Nascimento/
SIS-Pré-natal;

Vinculação à maternidade de referência para atendimento à urgência/parto;

Cartão de pré-natal e prontuário deve ser de uso obrigatório;

Calendário de consultas:
o Primeira consulta: o mais precoce possível, podendo ser realizada pelo
médico ou enfermeiro.
o Consultas subseqüentes:

A segunda consulta deverá ser realizada preferencialmente pelo
médico
para
avaliação
dos
resultados
dos
exames
complementares;

As Consultas deverão ser mensais até a 32ª semana e
quinzenais até a 40ª semana, intercaladas entre o obstetra e o
enfermeiro treinado. Após a 40ª semana, retorno semanal com
avaliação do bem estar fetal após a 41ª semana;

Vinculação da gestante à maternidade de referência (os nomes
da unidade de saúde e da maternidade de referência deverão
estar escritos no cartão de pré-natal);

Avaliação pós-parto e inserção da cliente no programa de
planejamento familiar
Exames laboratoriais de rotina:
 Primeira consulta:

Eritrograma

Grupo sanguíneo e fator Rh

Glicemia de jejum (vide protocolo para rastreamento de diabetes gestacional
a seguir)

VDRL

Sorologia IgG, IgM para toxoplasmose

EUR e urocultura

HbsAg

Teste de HIV/AIDS oferecido para todas as gestantes
23
 Em torno da 24ª a 28ª semana:

Glicemia 2hs após 75g de dextrosol, para rastreamento de diabetes
gestacional (vide fluxograma)

Repetir VDRL

Repetir IgM para toxoplasmose se anteriormente IgG negativo.

Repetir ex.: urina rotina.

Profilaxia do Tétano: Será feita com a aplicação da vacina dupla (contra
tétano e difteria) ou na sua falta, com a vacina antitetânica, no seguinte
esquema:
1ª dose: a partir do 4º mês de gestação
2ª dose: 60 dias após a 1ª (mínimo 30 dias após).
3ª dose: 60 dias após a 2ª (mínimo 30 dias após).
Observações:

Se a gestante já tiver recebido esquema incompleto, completar com as doses
restantes.

Se completamente imunizada anteriormente: até 5 anos - imune.

> 5 anos - reforço com 1 dose

Prescrição de Sulfato ferroso profilático a partir da 20ª semana de gestação
(300 MG, 1 dg/dia)
Para as gestantes Rh negativas:

Coombs indireto na primeira consulta e mensalmente a partir da 24ª
semana.

Referenciar para nível de maior complexidade a gestante com teste de
coombs indireto positivo.

Avaliação ultrassonográfica:
Solicitada pelo obstetra de acordo com critérios de indicação:

Alteração da medida de fundo uterino em relação ao esperado:
suspeita de crescimento intrauterino retardado (CIUR), gravidez
múltipla, polidrâmnio;

Mau passado obstétrico: abortamentos habituais, fetos mal formados,
etc.;

Quando necessário precisar a idade gestacional,
24

Nos
casos
a
serem
referenciados
para
pré-natal
de
maior
complexidade

Outras indicações a critério médico.
Observações: As indicações de ecografia poderão ser ampliadas de acordo
com disponibilidade do serviço. Marcação do exame: por telefone em serviço de
ultrassom no nível secundário (CIÊNC. SAÚDE COLETIVA, 2007)
Consulta de enfermagem:
a) Entrevista da gestante:

Preenchimento dos dados da ficha e cartão.

Investigação e registro das alterações.
b) Exame físico:

Avaliação do peso e do estado nutricional da gestante.

Determinação de sinais vitais.

Avaliação das mamas direcionada ao aleitamento materno.

Medida da altura uterina.

Ausculta do BCF.

Toque vaginal quando necessário para diagnosticar trabalho de parto.
c) Solicitação dos exames laboratoriais de rotina padronizados (teste de
gravidez, exame de urina rotina e urocultura com antibiograma, eritrograma, glicemia
de jejum e pós dextrosol, grupo sanguíneo e fator RH, IgM e IgG para toxoplasmose,
VDRL, pesquisa de HbsAg, anti HIV)
d) Diagnóstico (análise e interpretação das informações):

Cálculo da idade gestacional.

Avaliação do estado nutricional materno.

Acompanhamento do ganho de peso e crescimento uterino.

Avaliação de situações de risco materno-fetais.
e) Ações complementares:

Orientações.

Prescrição de Sulfato Ferroso profilático.

Referenciamento para atendimento de maior complexidade (nível
secundário ou terciário).

Referenciamento para imunizações.

Referenciamento para práticas educativas coletivas.
25

Referenciamento para programa de suplementação alimentar.

Referenciamento para atendimento odontológico.

Agendamento
das
consultas
subseqüentes.
(CIÊNC.
SAÚDE
COLETIVA, 2007)
2.4 Gestação de alto risco
Por gestação de alto risco entende-se como sendo aquela na qual a vida ou
saúde da mãe e/ou do feto tem maiores chances de serem atingidas por
complicações que a média das gestações, (LINHARES, 2009).
As gestações, tanto nas mulheres com idade de 40 anos, quanto nas
adolescentes, apresentam aumento de risco de restrição de crescimento, sofrimento
fetal e óbito intraútero, (BUZZO, 2007).
De acordo com Dourado (2006) aproximadamente 20% das gestantes
apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tanto para ela como
para o feto, constituindo o chamado grupo "gestante de alto risco”. Desse modo,
conhecer, sob o enfoque dessas gestantes, o acontecimento da concepção, a
programação e o desejo de ter um filho, mesmo tendo conhecimento de um agravo
anterior a gestação, poderá contribuir com os profissionais da saúde para a melhoria
do cuidado e assistência às gestantes. Sendo assim, a enfermagem pode atuar de
forma significativa para a redução das complicações relacionadas com a função
reprodutiva, através de uma adequada assistência ao ciclo gravídico-puerperal,
ampliando os horizontes para a equipe assistir melhor as gestantes de alto risco nos
serviços de pré-natal e na orientação de planejamento familiar, de acordo com seu
contexto socioeconômico-cultural.
O interesse pela gestação de alto risco data da década de 70 e despertou a
atenção de inúmeros estudiosos, no mundo inteiro. Para a generalização dos
conhecimentos, o primeiro passo era a identificação, em determinada população,
daquelas que tivessem fatores de risco. Assim, surgiram inúmeras tabelas e escores
na literatura mundial, diferentes entre si, por relatarem realidades de países, ou
mesmo regiões diferentes.
26
No Brasil, por suas grandes dimensões e, principalmente pelas diferenças
socioeconômico-culturais, são evidenciados fatores de risco diversos para as várias
regiões. Sendo assim, são listados os fatores mais comuns na população em geral.
Desse modo, os fatores geradores de risco podem ser agrupados em quatro
grandes grupos, que são:
1. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis;
2. História reprodutiva anterior à gestação atual;
3. Doenças obstétricas na gestação atual;
4. Intercorrências clínicas, (BRASIL, 2000).
Esses fatores embora de risco, devem ser abordados, quanto ao atendimento
especializado, na dependência da estruturação dos serviços locais. De maneira
geral, são inicialmente atendidas no nível primário, e referenciadas posteriormente,
se necessário, para níveis mais complexos de atenção. Na atenção às gestantes
ditas de "baixo risco", deve-se atentar para o aparecimento ou agravamento dos
referidos fatores. Fatores de risco na gravidez:
1. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis

Idade menor que 17 e maior que 35 anos

Ocupação: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário,
exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.

Situação conjugal insegura

Baixa escolaridade

Condições ambientais desfavoráveis

Altura menor que 1,45 m

Peso menor que 45 kg e maior que 75 kg

Dependência de drogas lícitas ou ilícitas

História reprodutiva anterior

Morte perinatal explicada e inexplicada

Recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou malformado

Abortamento habitual

Esterilidade/infertilidade

Intervalo interpartal menor que 2 anos ou maior que 5 anos

Nuliparidade e Multiparidade
27

Síndrome hemorrágica ou hipertensiva

Cirurgia uterina anterior

Doença obstétrica na gravidez atual

Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de
líquido amniótico

Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada

Ganho ponderal inadequado

Pré-eclâmpsia e eclâmpsia

Diabetes gestacional

Amniorrexe prematura

Zemorragias da gestação

Aloimunização

Óbito fetal
2. Intercorrências clínicas

Hipertensão arterial

Cardiopatias

Pneumopatias

Nefropatias

Endrocrinopatias

Hemopatias

Epilepsia

Doenças infecciosas

Doenças autoimunes

Ginecopatias (BRASIL, 2000).
O Sistema Único de Saúde propõem integralidade na atenção às gestantes
de alto risco, considerando a sensibilidade diagnóstica do nível básico para propor
encaminhamentos adequados, através da rede de serviços por meio do sistema de
referência e contra-referências. Contudo, faltam instrumentos que possibilitem
avaliações dos processos que ocorrem na atenção pré-natal, em especial os de
referência e contra-referências para evitar a duplicidade de meios para fins idênticos.
A melhor forma para a investigação do conteúdo da atenção oferecida em todos os
níveis de assistência e suas interrelações é conseguida pela aplicação de conceitos
e métodos epidemiológicos na avaliação de serviços, programas e tecnologias. A
qualidade da atenção dedicada ao pré-natal pode ser verificada pelo cumprimento
28
ou não das normas e rotinas por parte dos profissionais. O não preenchimento de
registros indica utilização inadequada e sugere uma visão coletiva limitada no
planejamento das ações de saúde do serviço, podendo interferir na execução das
normatizações (BUCHABQUI JA et al.,2006).
Uma pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal,
analisando óbitos em mulheres de 10 a 49 anos (ou seja, mulheres em idade fértil),
as dez primeiras causas de morte encontradas foram as seguintes, em ordem
decrescente: acidente vascular cerebral; AIDS; homicídios; câncer de mama;
acidente de transporte; neoplasia de órgãos digestivos; doença hipertensiva; doença
isquêmica do coração; diabetes e câncer de colo do útero.
A mortalidade associada ao ciclo gravídico-puerperal e ao aborto não aparece
entre as dez primeiras causas de óbito nessa faixa etária. No entanto, a gravidade
do problema é evidenciada quando se chama atenção para o fato de que a gravidez
é um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto não é doença, e que,
em 92% dos casos, as mortes maternas são evitáveis (BRASIL, 2007).
A mortalidade materna se constitui como um bom indicador para avaliar as
condições de saúde de uma população. A partir de análises das condições em que e
como morrem as mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma
determinada sociedade. Razões de Mortalidade Materna (RMM) elevada são
indicativas de precárias condições socioeconômicas, baixo grau de informação e
escolaridade, dinâmicas familiares em que a violência está presente e, sobretudo,
dificuldades de acesso a serviços de saúde de boa qualidade. Estudo realizado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, em 1990, aproximadamente
585.000 mulheres em todo o mundo morreram vítimas de complicações ligadas ao
ciclo gravídico-puerperal. Apenas 5% delas viviam em países desenvolvidos
(BRASIL, 2007).
A queda da mortalidade materna de 1999 a 2001 pode estar associada a uma
melhoria na qualidade da atenção obstétrica e ao planejamento familiar. Nesse
período, a mortalidade materna foi considerada uma prioridade do governo federal e
vários processos estaduais e municipais foram deflagrados para reduzi-la. A partir
do ano de 1998, diminuíram os óbitos em internações obstétricas no SUS, passando
de 34,8 óbitos por 100.000 internações em 1997, para 28,6 óbitos por 100.000
internações em 2001. Nesse período, também caiu o número de mulheres que
29
morreram no parto em relação ao número de partos realizados, passando de 32,48
para 24 óbitos em 100.000 partos em 2001 (BRASIL, 2007).
2.5 Ações de implementação de redução de riscos
Para Mendoza-sassi (2007) apesar de diversos programas e ações terem sido
implementados no Brasil nas últimas décadas, a redução dos riscos à gravidez com
conseqüente melhoria nos indicadores de saúde materna está longe de ser
realidade.
Entre
essas
implementações,
destacam-se
programas
de
aconselhamento à gravidez, com destaque para nutrição adequada, melhora da
autoestima, apoio social e redução de potenciais fatores de risco, como tabagismo,
alcoolismo e drogas. As ações têm sido, em geral, originadas de organismos
governamentais. Por entender que, no centro da assistência inadequada à gravidez,
está a falta de conhecimento da mulher quanto aos seus direitos reprodutivos, o
Ministério da Saúde implantou no ano 2000 o Programa de Humanização no Prénatal e Nascimento (PHPN).
Com o PHPN e a progressiva difusão dos conhecimentos em saúde e
educação nessa área, espera-se que a gestante, durante as consultas de pré-natal,
rejeite a atitude passiva de aceitar somente o que lhe é oferecido em detrimento
daquilo a que tem direito, resultando em um atendimento de melhor qualidade. Até
os momentos, a ênfase desse programa se dá nos procedimentos clínicos e
laboratoriais que a gestante deve receber durante o pré-natal, enfocando também a
identificação de situações de risco, que requerem a busca imediata de cuidados
médicos. No entanto, pouco se sabe a respeito do conhecimento que a gestante tem
sobre esse processo em si, ou seja, quanto conhece dos procedimentos
necessários, ou a que tem direito, desde o início da gravidez até o pós-parto
imediato. O PHPN constitui-se como base para, garantir parâmetros mínimos
assistenciais para a gestante, educar e tornar a mulher mais partícipe, reduzindo,
conseqüentemente, os índices de morbi-mortalidade materna (MENDOZA-SASSI,
2007).
30
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Para elaboração da metodologia desta pesquisa, optou-se por uma
abordagem quantitativa e o estudo
transversal. A pesquisa quantitativa, é um
método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a
construção de inquéritos por questionário (MINAYO, 1996). Já o estudo transversal,
segundo Pereira (2005), a “causa” e “efeito” sao detectados simultaneamente.
Somente a análise dos resultados permite identificar os grupos de interesse, os
“expostos”, os “não-expostos”, os “doentes” e os “sadios”, de modo a investigar a
associação entre exposição e doença. A relação exposição-doença é examinada,
em uma dada população, em um particular momento. Fornece um retrato de como
as variáveis estão relacionadas, naquele momento. A população para exame não é
reunida, nem na época da exposição ao risco, nem na época do diagnóstico da
doença. Os participantes sao reunidos em um momento definido pelo investigador –
em geral, refere-se a data da coleta dos dados.
A pesquisa quantitativa e o estudo transversal se complementam. Enquanto a
primeira é mais adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes
dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários) e são
utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os
objetivos da pesquisa, a segunda permite detectar a causa e o efeito
simultaneamente na análise dos dados obtido com a coleta dos dados.
3.2 AMOSTRA
Participaram desta pesquisa 50 gestantes atendidas no pré-natal do HRAS no
período de março a abril de 2011.
31
Os sujeitos participantes foram selecionados conforme os seguintes critérios:
Critério de Inclusão:
Gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco em idade reprodutiva, ou
seja, de 10 a 49 anos, atendidas no HRAS, independente da idade gestacional, da
raça e cor, escolaridade, nível socioeconômico e região habitacional.
Critério de Exclusão:
Excluiu-se, as gestantes acompanhadas no pré-natal de baixo risco,
gestantes atendidas em outras unidades de saúde ou aquelas que não apresentam
complicações tanto para a mãe quanto para o feto.
3.3 LOCAL DE ESTUDO
O estudo foi realizado no Ambulatório de pré-natal de alto risco do Hospital
Regional da Asa Sul do Distrito Federal, (HRAS), referência no Distrito Federal para
a gestação de alto risco, UTI neonatal, reprodução assistida, programa de medicina
fetal, câncer ginecológico e na assistência à mulher vítima de abuso sexual. Oferece
assistência integrada ao parto normal e de risco, pré-natal de baixo e alto risco, com
cobertura de 100% na sua área de abrangência. Oferece ainda atendimento de
emergência nas áreas de gineco-obstetrícia e pediatria.
Estratégia para a coleta de dados:
Para a coleta de dados foi realizado um acompanhamento das consultas de
pré-natal no Ambulatório do HRAS no período de março a abril de 2011, nesse
momento as gestantes foram abordadas e convidadas a participar da pesquisa.
Foi utilizado como instrumento desta pesquisa (Anexo A) o método de
entrevista estruturada com questões fechadas, onde as perguntas foram feitas
oralmente em uma ordem fixa, cada uma sendo acompanhada por um determinado
conjunto de respostas dentre as quais a entrevistada escolheu o que melhor
corresponde a sua opinião. Essa entrevista teve duração média de 20 minutos.
Segundo Minayo (1996), as entrevistas estruturadas apresentam uma relação
padronizada e fixa de perguntas (questionário ou formulário), cuja ordem e redação
permanecem invariáveis para todos os entrevistados, que geralmente são em
grande número. Recomenda-se que o mesmo seja pré-testado em uma amostra da
população e permite o tratamento quantitativo dos dados.
32
Sendo este estudo quantitativo, a abordagem é estruturada para maximizar a
fiabilidade e a validade da medição de conceitos chave (MINAYO, 1996). Sendo
assim, o investigador tem claramente especificado um conjunto de questões que
está a ser investigado. Assim, a entrevista é estruturada e concebida para responder
a perguntas específicas. As principais vantagens deste método são de facilitar a
análise dos dados e permitir a replicação do estudo.
A escolha da entrevista como técnica para coleta de dados apoiou-se no fato
de que a entrevista auxilia o pesquisador a conseguir uma de suas metas mais
importantes, que é a de encorajar o entrevistado e dar a máxima contribuição a sua
organização. Os aspectos investigados na entrevista referem-se ao perfil
epidemiológico e socioeconômico das gestantes acompanhadas no pré-natal de alto
risco.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos neste estudo foram tabulados por meio da construção de
um banco de dados para a análise e descrição dos resultados. Os programas
computacionais utilizados foram o Statistical Package for Social Sciences (SPSS),
versão 13.0 e o Microsoft Word.
Para análise dos dados foi utilizado a análise estatística simplificada, para
identificação da frequência das respostas ás questões fechadas. O método de
análise de conteúdo pode ser definido como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas mensagens
(BARDIN, 2002).
Para Ferreira (2003) este método de análise é usado quando se quer ir além
dos significados, da leitura simples do real. Aplica-se a tudo que é dito em
entrevistas e depoimentos ou escrito em jornais, livros, textos ou panfletos, como
também a imagens de filmes, desenhos, pinturas, cartazes, televisão e toda a
comunicação não verbal: gestos, posturas, comportamentos e outras expressões
culturais.
33
Na análise de conteúdo, surgem as discussões sobre as diferenças que
existiriam se fosse enfatizada a abordagem qualitativa ou quantitativa nas
pesquisas. Na análise quantitativa, o que serviria de referencial seria a frequência
com que surgem certas características do conteúdo (BARDIN, 2002).
Ferreira (2003) aponta que este método se realiza em três momentos:
1ª fase - Pré Análise: Este momento é o de organizar o material, de escolher
os documentos a serem analisados, formular hipóteses ou questões norteadoras,
elaborar indicadores que fundamentem a interpretação final. Nesta fase, inicia-se o
trabalho escolhendo os documentos a serem analisados. No caso de entrevistas,
elas serão transcritas na íntegra. O primeiro contato com os documentos se constitui
no que se chama de leitura superficial (flutuante). É a leitura em que surgem
hipóteses ou questões norteadoras, em função de teorias conhecidas.
2ª fase – Exploração do material: É o momento da codificação – em que os
dados brutos são transformados de forma organizada e agregados em unidades, as
quais permitem uma descrição das características pertinentes do conteúdo. Nesta
fase há a eleição das categorias sociotécnicas intermediárias e finais de análise,
preocupando-se com aspectos específicos dos discursos.
3ª fase – Tratamento e Interpretação dos resultados: Nesta fase a inferência
na análise de conteúdo se orienta por diversos polos de atenção, que são os polos
de atração da comunicação. Durante a interpretação dos dados, é preciso voltar
atentamente aos marcos teóricos, pertinentes à investigação, pois eles dão o
embasamento e as perspectivas significativas para o estudo. A relação entre os
dados obtidos e a fundamentação teórica, é que dará sentido à interpretação. As
interpretações a que levam as inferências serão sempre no sentido de buscar o que
se esconde sob a aparente realidade, o que significa verdadeiramente o discurso
enunciado, o que querem dizer, em profundidade, certas afirmações, aparentemente
superficiais.
3.4.1 Aspectos éticos da pesquisa
Foram respeitados no transcorrer da pesquisa todos os aspectos éticos e
legais necessários para a preservação dos sujeitos participantes da mesma, tais
como: sigilo dos nomes ou de qualquer informação que possa levar à identificação
34
do sujeito participante da pesquisa ou a qualquer advento que não esteja no
contexto da pesquisa e que porventura o pesquisador venha a tomar conhecimento
ou presenciar. Foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
para todos os sujeitos que participaram das entrevistas (Anexo). Os resultados da
pesquisa serão publicados em jornais e revistas científicas, apresentados em
eventos científicos e para equipes técnicas e de gestores da Secretaria de Saúde do
Distrito Federal (SES-DF) para que possam ser utilizados no planejamento,
organização e adequação da assistência de enfermagem.
Este estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação
de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde do Distrito Federal (FEPECS) sob o
parecer de número 465/10 em 13/12/210 (Anexo). Após o parecer favorável do
Comitê de Ética em Pesquisa da FEPECS esta pesquisa foi apresentada ao Diretor
do Hospital Regional da Asa Sul com a finalidade de obter autorização para
realização deste estudo.
3.4.2Análise e discussão dos resultados
O estudo teve como objetivo categorizar o perfil epidemiológico e
socioeconômico de gestantes acompanhadas no pré-natal de alto risco no Hospital
da Asa Sul (HRAS).
A pesquisa foi realizada em duas etapas: na primeira, procedeu-se a
aplicação de questionário onde foram investigados os seguintes dados a respeito
das participantes do estudo: características demográficas; idade; estado civil; vida
reprodutiva (total de gravidez, número de filhos vivos e mortos); imunização;
exames; nível socioeconômico (renda familiar); escolaridade; condições de
habitação; peso; estatura e questões sobre o conhecimento do pré-natal. Na
segunda etapa, por sua vez, foram analisados os dados obtidos por meio do
questionário realizado com as gestantes do pré-natal de alto risco do ambulatório do
HRAS.
Em ambas as etapas o foco da abordagem foi identificar a presença de
tópicos relacionados ao perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco.
35
A seguir será apresentada a análise das entrevistas realizadas com as
gestantes de alto risco do HRAS, por meio de gráficos e tabelas, buscando os
fatores que contribuem para gestação de alto risco.
Gráfico 1 observa-se a faixa etária das entrevistadas no pré-natal de alto
risco do HRAS.
32%
16
30%
14
Menor de 18 anos
12
18 a 25 anos
10
16%
8
25 a 30 anos
30 a 35 anos
6
4
16%
6%
Maior de 35 anos
2
0
Gráfico 1 – Distribuição das gestantes atendidas no pré-natal de alto risco do HRAS pela faixa etária.
Fonte: Dados coletados em março de 2011.
Com relação à idade, a maioria, 32% tinham entre 18 e 25 anos; 30% entre
25 e 30 anos; 16% entre 30 e 35 anos; 16% mais de 35 anos e 6% menores de 18
anos. Os dados desta análise permitiram verificar que 62% das gestantes
entrevistadas não pertenciam a uma idade desfavorável para uma gravidez de alto
risco, conforme preconizado pelo Ministério da saúde 2000, que as características
individuais desfavoráveis sejam a idade menor que 17 e maior que 35 anos.
Franceschini (2003) diz que mães muito jovens são fisiologicamente imaturas
para suportar os estresses da gravidez e, o risco é especialmente maior quando a
gestação acontece em menos de dois anos após a menarca. A gestante adolescente
tem menores ganhos de peso e é questionado se ela compete com o feto os
nutrientes, em prol do seu próprio crescimento.
Gráfico 2 ilustra o estado civil das gestantes entrevistadas no pré-natal
de alto risco do HRAS.
36
50%
25
36%
20
Casada
15
Solteira
10
Uniao estável
14%
5
0
Gráfico 2 - Estado civil das gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS.
Fonte: dados coletados em março de 2011.
Quanto ao estado civil, 50% eram casadas, 36% tinham união estável e 14%
são solteiras. Verificou-se então de acordo com esses dados que a maioria, 86%
das gestantes apresentavam-se em situação conjugal estável, não constituindo um
fator indicativo para uma gestação de alto risco.
Segundo Dourado (2005) a situação conjugal instável e a maternidade para
as solteiras são situações apresentadas como fator de risco gravídico e agravante
para as complicações obstétricas como parto pré-termo, baixo peso ao nascer,
aumento da mortalidade perinatal. Em contraponto, o fato de viver com companheiro
é considerado como um fator favorável para a gestação, pois o casal tem a
oportunidade de assumir e dividir a responsabilidade pela vida do filho e, como
conseqüência, influenciar positivamente em resultados perinatais.
Tabela
1
ilustra
as
características
demográficas
das
gestantes
participantes da pesquisa, tais como: o local de residência e o tipo de moradia
das entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS.
Tipo de Moradia
Nº Entrevistados
Porcentagem
Casa própria
26
52
Aluguel
17
34
Imóvel cedido
7
14
37
Local de Residência
Nº Pessoas
Porcentagem
No restante do Distrito
27
54
Fora do Distrito Federal
20
40
Plano Piloto
3
6
Federal
Tabela 1 – Distribuição das entrevistadas em tipo de moradia e local de residência no HRAS
Fonte: Dados coletados em março de 2011
Com relação às características demográficas, 54% residiam dentro da área
administrativa do Distrito Federal, 40% residiam fora da área administrativa do DF
(entorno) e 6% residiam no Plano Piloto. Conforme observado nos dados obtidos, a
maioria das gestantes residiam longe da unidade de saúde da qual faziam o
tratamento para a gestação de alto risco. Isso torna mais difícil o acesso à
assistência ao pré-natal para a gestante.
No que se refere à moradia, 52% relataram possuir moradia própria, 34%
relataram morar em imóvel alugado e 14% relataram morar em imóvel cedido.
De acordo com Pereira (2006) a distância entre o usuário e o serviço de
saúde assim como as maneiras para transpô-la são fatores que influenciam o
acesso ao atendimento, especialmente quando se consideram populações de baixa
renda.
Tabela 2 ilustra o grau de escolaridade e o tipo de ocupação das
gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS.
Escolaridade
Nº pessoas
Porcentagem
Ensino fundamental
10
20
5
10
Ensino médio incompleto
6
12
Ensino médio completo
20
40
Ensino superior
6
12
3
6
incompleto
Ensino fundamental
completo
incompleto
Ensino superior completo
38
Ocupação
Nº pessoas
Porcentagem
Trabalham fora de casa
24
48
Serviços domésticos
26
52
Tabela 2 – Distribuição das entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS pelo grau de
escolaridade e tipo de ocupação.
Fonte: Dados coletados em março de 2011
Referente à escolaridade foram encontrados os seguintes resultados: 40%
possuíam ensino médio completo, 20% possuíam ensino fundamental incompleto,
12% possuíam ensino médio incompleto, 12% possuíam ensino superior incompleto
e 6% possuíam ensino superior completo. De acordo com os dados analisados,
nota-se que a maioria das gestantes possui conhecimento escolar formal e esse
conhecimento é indispensável para uma melhor compreensão no seu autocuidado.
Dourado (2005) enfatiza que a escolaridade materna é um dos indicadores do
nível socioeconômico e importante influenciador dos índices de saúde maternoinfantil. O conhecimento do grau de escolaridade subsidia a equipe multidisciplinar
no sentido de adequar as orientações sobre a gestação, parto e puerpério à clientela
assistida.
Quanto à atividade profissional, 52% trabalhavam no serviço doméstico e
48% trabalhavam em atividades diversas. Os tipos de ocupação classificados de
acordo com a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), estabelecido pela
portaria nº 397. De 09/10/2002 do Ministério do Trabalho e Emprego, referidos pelas
gestantes eram muito variados: do lar, 22 gestantes; duas secretárias; duas
estudantes;
uma
gerente
de
confecção;
quatro
domésticas;
uma
auxiliar
administrativo; uma copeira; uma técnica em enfermagem; três vendedoras; uma
faxineira; uma manicure; uma babá; uma massoterapeuta; uma pedagoga; uma
fiscal de caixa; uma empresária; uma telefonista; uma acompanhante de idoso; uma
funcionária pública e duas atendentes.
Conforme Oliveira (2008) o tipo de ocupação (analisar o esforço físico, carga
horária extensa, rotatividade do horário, exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos, estresse) contribuem para a gestação de alto risco.
Segundo Parada (2009) a gravidez afeta a mulher de uma forma que
transcende as divisões de classe, permeando todas as suas atividades: educação,
trabalho, envolvimento político-social, saúde, sexualidade, sua vida e seus sonhos.
Ao mesmo tempo, essa experiência é influenciada por inúmeros fatores, dentre os
39
quais se destacam as circunstâncias de vida pessoal, a situação marital e as
condições socioeconômicas, assim como as crenças e valores culturais a ela
relacionados.
Tabela 3 ilustra a renda familiar das gestantes entrevistadas no pré-natal
de alto risco do HRAS.
Renda Familiar
Nº Pessoas
Porcentagem
Dois a três salários
26
52
1 Salário mínimo
19
38
Quatro a cinco salários
4
8
1
2
mínimos
mínimos
Mais de 6 salários
mínimos
Tabela 03 – Distribuição de renda familiar das gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do
HRAS.
Fonte: Dados coletados em março de 2011
Quanto à renda familiar (expressa em salários mínimos de acordo com a
classificação socioeconômica do brasileiro), 52% possuíam entre 2 e 3 SM, 38%
possuíam 1 SM, 8% possuíam entre 4 e 5 SM, e 2% possuíam mais de 6 SM.
Observou-se nos dados obtidos que o fator socioeconômico sendo um indicador que
favoreça a uma gestação de alto risco, não foi relevante no resultado dessa
pesquisa.
Segundo Dourado (2005), o nível socioeconômico da gestante tem grande
influência sobre aspectos da gestação e puerpério. A incidência de distúrbios
psicossomáticos em gestantes está presente em toda classe social, entretanto é
mais comum nas mulheres de classes sociais menos favorecidas. Diz a autora, que
o conhecimento da ocupação de trabalho, da renda familiar e da escolaridade das
gestantes, em especial às de alto risco, é de grande importância para a equipe de
saúde. Mulheres com baixa renda e escolaridade e sem ocupação definida
representam um grupo de alto risco social, no qual a probabilidade de óbito materno
está aumentada.
40
Os dados referentes ao número de gestações e o tipo de parto das
gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS podem ser
observados na Tabela 4 a seguir.
Tipo x Parto
Pessoas
Normal
Cesárea
Aborto
Gravidez tubária
Numero de gestações
18
39
12
3
Pessoas
36
78
24
6
Porcentagem
18
7
5
2
1
1
2
36
14
10
4
2
2
4
Primeira gestação
Segunda gestação
Terceira gestação
Quarta gestação
Quinta gestação
Sexta gestação
Sétima gestação
Porcentagem
Tabela 4 - Número de gestações e o tipo de parto das gestantes entrevistadas no pré-natal de alto
risco do HRAS.
Fonte: Dados coletados em março de 2011
Quanto ao número de gestações, 36% eram primigestas, 30% já estavam na
2ª gestação, 14% estavam na 3ª gestação, 10% estavam na 4ª gestação, 4%
estavam na 5ª gestação, 4% estavam na 7ª gestação e 2% estavam na 6ª gestação.
Conforme o tipo de parto: 64% referiram ter tido partos cesárea, 36%
referiram ter tido partos normal, destas, 24% tiveram abortos, 6% referiram ter tido
gravidez tubária.
Segundo Ministério da Saúde (2010) a determinação da via de parto e o
momento ideal para este evento nas gestações de alto risco talvez represente ainda
hoje o maior dilema vivido pelo obstetra. A decisão deve ser tomada de acordo com
cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, com
informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível
culturalmente, quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que
deve ser garantida a sua participação no processo decisório.
Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana.
Em muitas situações é possível a indução do parto visando o seu término por via
vaginal, ou mesmo aguardar o seu início espontâneo. A indicação da via de parto
deve ser feita pelo profissional que for assistir ao parto.
41
Gráfico 3 ilustra o tipo de doença pré-existente apresentada pelas
gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do HRAS.
26,7%
16
21,7%
14
20%
12
Hipertensão arterial
Diabéticas
15%
10
Cardiopatias
11,7%
8
Parto prematuro
Infecção urinária de repetição
6
Outras
5%
4
2
0
Gráfico 3 – Distribuição de doenças pré-existentes apresentadas pelas gestantes entrevistadas no
pré-natal de alto risco do HRAS.
Fonte: dados coletados em março de 2011.
Quanto às doenças pré-existentes, 26.7% eram portadoras de hipertensão
arterial,
21.7%
eram
portadoras
de
outras
doenças
(anemia,
epilepsia,
hipotireoidismo, doenças no feto, glândula de Bartolini, hepatite B, fratura de bacia,
trombose de MMII, cisto hepático), 20% eram diabéticas, 15% tiveram partos
prematuro, 11.7% disseram já ter adquirido infecção do trato urinário de repetição,
5% eram cardiopatas. De acordo com os dados obtidos, as doenças crônicas
prevalecem como indicadores de agravantes de gestação de alto risco.
As alterações maternas salientadas que podem acarretar alterações no
decurso da gestação são as doenças crônicas, que aparecem com o evoluir da vida
e freqüentemente, algumas delas atingem não só a mãe, como também ao feto;
como as doenças que surgem com o decorrer da gravidez, e as que são agravadas
pela gestação. Dentre as doenças pré-existentes, é preciso ressaltar as principais;
que são as cardiopatias, a hipertensão, o diabetes, as alterações circulatórias, entre
outras. (GESTAÇÃO DE ALTO RISCO, 2011)
Gráfico
4
ilustra
as
imunizações
realizadas
entrevistadas durante o pré-natal de alto risco do HRAS.
pelas
gestantes
42
60%
30
25
Esquema completo para
gestantes
20
Apenas dt
15
10
Apenas hepatite B
24%
16%
H1N1
5
0%
0
Gráfico 4 - Distribuição das imunizações das gestantes entrevistadas no pré-natal de alto risco do
HRAS.
Fonte: dados coletados em março de 2011.
Quanto à imunização, 60% estavam imunizadas com esquema completo de
vacinas indicadas para gestante; 24% vacinaram apenas com a vacina “DT”, 16%
vacinaram apenas com a vacina contra hepatite “B” e nenhuma das gestantes foram
vacinadas contra o vírus H1N1. De acordo com esses dados as gestantes estavam
mantendo o cartão de vacinação para gestante atualizado, observando que no
momento da entrevista as vacinas estavam atualizadas de acordo com a data de
gestação em que a grávida se encontrava.
De acordo com o Ministério da Saúde 2001 a vacina é o imunobiológico que
contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob
diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias
mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados
quimicamente ou geneticamente. Não há nenhuma evidência de que a
administração em gestantes de vacinas de vírus inativados (vacina contra a raiva,
por exemplo) ou de bactérias mortas, toxóides (toxóide tetânico e toxóide diftérico) e
de vacinas constituídas por componentes de agentes infecciosos (vacina contra
infecção meningocócica e vacina contra hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer
risco para o feto. No entanto, as vacinas vivas (vacina contra sarampo, contra
43
rubéola, contra caxumba, contra febre amarela, BCG) são contra-indicadas em
gestantes.
Quanto aos exames realizados durante a gravidez, 86% realizaram o exame
de ecografia gestacional; 86% realizaram o exame de hemograma completo; 86%
realizaram o exame de glicemia, 68% realizaram o exame VDRL; 56% realizaram o
exame de toxoplasmose; 50% realizaram o exame contra hepatite “C” e 28%
realizaram o exame de colpocitologia. Conforme os dados obtidos, notou-se que as
gestantes entrevistadas aderiram à assistência dispensada ao atendimento para as
mulheres grávidas e realizaram os exames exigidos no pré-natal demonstrando
preocupação com a sua saúde e a dos seus bebês.
De acordo com o Ministério da Saúde (2008) existem doenças que podem
afetar a vida da mãe e do feto como anemia, diabetes, as DSTs, hepatite B,
infecções, câncer etc. Os exames de rotina do pré-natal, a ser realizados durante a
gravidez que podem prevenir são: hemograma, glicemia, VDRL, tipagem sanguínea,
teste Anti-HIV, Teste para Hepatite B (HBsAg), toxoplasmose, Exame de Urina,
Exame Preventivo de Câncer de Colo de Útero.
No que se refere à satisfação e segurança no serviço de acompanhamento ao
pré-natal de alto risco oferecido no Hospital da Asa Sul (HRAS) 98% disseram estar
satisfeitas e sentir segurança com o tratamento oferecido e apenas 2% disseram
não estar satisfeita com o acompanhamento. O resultado avaliado neste item
demonstra que a satisfação deste atendimento é devido ao acolhimento e segurança
que a instituição proporciona às gestantes.
A hospitalização, tão comum, quanto por vezes necessária, no seguimento da
gravidez de alto risco, deve ser considerada como outro fator estressante adicional.
Conscientiza-se a grávida da sua doença; é afastada do suporte familiar; vive
conflito entre a dependência imposta e a perda de autonomia (perda do controle
sobre si e sobre a gravidez). O atendimento pré-natal deve ser organizado para
atender às reais necessidades de toda a população de gestantes de sua área de
atuação por meio da utilização de conhecimentos técnico-científicos e dos meios e
recursos adequados e disponíveis (BRASIL, 2010).
De acordo com o Ministério da Saúde (2010) a estruturação da rede implica
na disponibilidade de serviços de pré-natal para o baixo e alto risco, planejamento
familiar, serviços especializados para atendimento das emergências obstétricas e
partos incluindo os de alto risco, leitos de UTI neonatal e para adultos, leitos de
44
berçário para cuidados intermediários, assim como, eventualmente, a constituição
de casas de apoio as gestantes de risco com dificuldades de acesso geográfico ou a
puérperas que sejam mães de bebês que necessitam permanecer internados.
Também implica na humanização do atendimento por meio da sensibilização e da
atualização profissional das equipes do sistema como um todo.
Esses serviços podem coexistir num mesmo município ou estarem
organizados em uma região de saúde. Os parâmetros de assistência pré-natal e ao
parto já são estabelecidos, porquanto os gestores têm como saber qual é a
demanda e qualificar a rede, com adequação da cobertura, capacitação de recursos
humanos e elaboração de protocolos (BRASIL, 2010).
45
4. CONCLUSÃO
A gestação é um processo natural na vida da mulher, em que ocorrem
profundas mudanças envolvendo todos os sistemas do organismo, que se alteram
fisiologicamente se adaptando à nova condição, ocorrendo na maior parte dos casos
sem intercorrências. No entanto, devido a características especificas feminina ou por
sofrer algum agravo, algumas mulheres apresentam probabilidades de evolução
gestacional desfavorável tanto para a mãe como para o feto, sendo assim
designadas gestantes de alto risco. Esses riscos podem ser causados, pela
presença de patologias associadas ao ciclo gravídico-puerperal ou até mesmo pela
própria gestação.
Uma gestação de evolução natural pode tornar-se uma gravidez de risco por
várias razões como os fatores socioeconômicos, demográficos, história obstétrica ou
reprodutiva, situação clínica materna, doença obstétrica atual, intercorrências
clínicas e hábitos durante a gestação (fumo, álcool, drogas, etc.).
Os fatores socioeconômicos, como a idade e escolaridade materna, estado
civil e renda familiar, relacionados ao crescimento fetal, além das alterações
fisiológicas e hormonais, as quais provocam modificações nos níveis de energia e
humor, alteram, de forma significativa, a unidade familiar e seus padrões tradicionais
de atividade. O baixo nível socioeconômico está associado ao estado nutricional e a
outros fatores determinantes da velocidade de crescimento intrauterino.
A análise deste estudo permitiu concluir que:
Em relação à idade, ao se comparar os resultados obtidos nesta pesquisa
verificou-se que de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde (2000) a
faixa etária das gestantes entrevistadas não pertencia a uma idade desfavorável
para uma gravidez de alto risco.
Do mesmo modo, a situação conjugal das gestantes pesquisadas não se
enquadrava dentro dos fatores predisponentes para uma gestação de alto risco
como cita Dourado (2005) que diz que “a situação conjugal instável e a maternidade
para as solteiras são situações apresentadas como fator de risco gravídico e
agravante para as complicações obstétricas como parto pré-termo, baixo peso ao
nascer, aumento da mortalidade perinatal”, devido os resultados de a pesquisa
46
apresentar uma porcentagem maior de gestantes com estabilidade na situação
conjugal.
No que se refere à moradia, a análise dos dados permitiu observar que a
maioria das gestantes possui residência própria, não se constituindo um fator
considerado relevante para a gestação de alto risco.
Já no que se refere às características demográficas, obteve-se um resultado
negativo como agravante para as conseqüências de uma gravidez de alto risco
como cita Pereira (2006) que “a distância entre o usuário e o serviço de saúde assim
como as formas de condução são fatores que influenciam o acesso ao atendimento,
especialmente quando se consideram populações de baixa renda”. A pesquisa
evidenciou que a maioria das gestantes entrevistadas reside longe da unidade de
saúde da qual fazem o tratamento para a gestação de alto risco, dificultando o
acesso à assistência ao pré-natal para a gestante.
Quanto à escolaridade os dados analisados permitiram verificar que a maioria
das gestantes possui conhecimento escolar formal. O grau de escolaridade é um
fator importante tanto para a aquisição do conhecimento quanto para uma melhor
compreensão no que se refere às patologias e no autocuidado das gestantes. É um
importante influenciador dos índices de saúde materno-infantil.
Quanto à atividade profissional, verificou-se que a maioria das gestantes
entrevistadas exerce atividades em sua própria residência, sendo também expostas
a fatores que contribuem para a gestação de alto risco como, esforço físico, carga
horária extensa, rotatividade do horário, exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos e estresse.
Quanto à renda familiar observou-se nos dados obtidos que o fator
socioeconômico sendo um indicador que favorece uma gestação de alto risco, não
foi um dado relevante no resultado dessa pesquisa, devido a maioria das gestantes
entrevistadas possuir uma renda salarial satisfatória.
Em relação ao número de gestações, percebeu-se que a maioria das
gestantes era primigesta, embora correlacionando com a faixa etária notou-se que
não correspondiam ao grupo favorável para a manifestação de uma gravidez de alto
risco.
Conforme o tipo de parto, embora a maioria das gestantes relatarem ter tido
partos cesárea, o Ministério da Saúde (2010) não cita esse procedimento como um
fator causador de uma gestação de alto risco, uma vez que decisão deve ser tomada
47
de acordo com cada caso de gestação. Um fator a ser observado é o número
considerável de abortos apresentados na pesquisa, que pode servir de alerta para
averiguação de possível presença de enfermidade que possa comprometer a saúde
da mãe.
Quanto às doenças pré-existentes os dados obtidos, permitiram verificar que
as doenças crônicas prevalecem como indicadores de agravantes de gestação de
alto risco.
Em relação à imunização, conforme os dados analisados observou-se que a
maioria das gestantes está mantendo o cartão de vacinação para gestante
atualizado. Do mesmo modo a maioria das gestantes realizaram os exames exigidos
durante a gravidez, demonstrando cuidado com sua saúde e a do seu bebê.
No que se refere à satisfação e segurança no serviço de acompanhamento ao
pré-natal de alto risco oferecido no Hospital da Asa Sul (HRAS), a análise dos dados
permitiu a verificação de alto grau de satisfação por parte das gestantes com o
serviço de saúde dispensado no atendimento à gestação de alto risco. Isso
proporciona maior segurança do estado gestacional sendo um fator positivo na
recuperação da saúde da gestante de alto risco.
A hipótese desta pesquisa era a de que as gestantes que fazem parte do
grupo
de
alto
risco
do
HRAS
possuíam
características
socioeconômicas
desfavoráveis que contribuíam para a piora do quadro clínico. No entanto observouse durante a análise dos resultados que não foi o principal agravante do quadro
clínico gestacional.
Percebeu-se que o perfil epidemiológico e socioeconômico das gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco não pertencia a uma idade desfavorável
para uma gravidez de alto risco, do mesmo modo, a situação conjugal das gestantes
pesquisadas não se enquadravam dentro dos fatores predisponentes para o
agravante clínico. Permitiu ainda verificar que a maioria das gestantes possui
conhecimento escolar formal, que a maioria exerce atividades em sua própria
residência, possuem uma renda salarial satisfatória e residência própria.
Verificou-se que as gestantes primigestas encontravam-se dentro de uma
faixa etária favorável para a gestação. Quanto à imunização percebeu-se que o
cartão de vacinas estava atualizado de acordo com o calendário de vacinação.
Percebeu-se também a verificação de alto grau de satisfação por parte das
48
gestantes com o serviço de saúde concedido no atendimento a gestação de alto
risco.
Identificou-se que como fator preponderante causador dos agravos na
gestação de alto risco as doenças pré-existentes. Notou-se também que as
características demográficas, é um influenciador importante, uma vez que a
distância entre o usuário e o serviço de saúde assim como as maneiras para
transpô-la
são
fatores
que
influenciam
o
acesso
ao
atendimento
e
acompanhamento, dificultando o acesso à assistência ao pré-natal para a gestante.
Como recomendação, sugere-se uma atuação mais significativa do
profissional de enfermagem com o objetivo de:

Orientar toda equipe quanto às complicações que podem surgir durante a
fase da gestação, e assim estar preparada para atender as gestantes de alto
risco;

Proporcionar uma adequada assistência ao pré-natal das gestantes de alto
risco, com orientação para as gestantes sobre o estado gravídico e as
anormalidades que podem surgir durante a gravidez;

Criar grupos de apoio com outros profissionais para assistir as gestantes nos
aspectos psicológicos, sociais e espirituais com o objetivo de minimizar os
conflitos que podem aparecer na fase gestacional.
49
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MINAYO, M.C. de S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de
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ANEXO A
QUESTIONÁRIO
DATA: / / .
01-I DADE: ..........
02- ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRO ( ) CASADO ( ) U. ESTÁVEL
03- CIDADE:.................. AREA ( ) F/A ( ) F/DF ( )
04- ESCOLARIDADE :
( )E.FUND.INC. ( )E.FUND.COM. ( )E.MED.INC. ( )E.MED. COM
( )ENS.SUP.INC.. ( )E..SUP.COM.
05- ESTATURA: ...........cm PESO: .........kg
06- TRABALHA ( )SIM ( )NÃO
07- OCUPAÇÃO: ..........................................
08- RENDA FAMILIAR: ( ) 1 SAL. MIN. ( ) 2/3 SAL.MIN. ( ) 3/4 SAL. MIN.
( ) 4/5 SAL.MIN. ( ) + 6 SAL.MIN.
09- MORADIA: ( ) PRÓPRIA ( )ALUGADA ( )CEDIDA
10- GESTAÇÃO: ....... PARTO: ........
11- TIPO DE PARTO: ( )NORMAL ( )CESÁREA ( )ABORTO ( ) GEMELAR
12- DOENÇAS PRE-EXISTENTES: ( )HIPERTENSÃO ( )DIAB.MEL.
( )CARDIOPATIAS ( )PARTO PREMATURO ( )NEOPLASIA
( ) ITU REPETIÇÃO
13- IMUNIZAÇÃO: ( ) D.T. ( )HEPATITE B ( ) H1N1
14- EX. LABORATORIAL: ( )EC. GESTACIONAL ( )VDRL ( )TOXO
( )COLPOCITOL ( ) GLICEMIA ( )HEMOGRAMA ( ) HEPATITE B,C
15-VOCÊ
SE
SENTE
ESPECIALIZADO ?
( ) SIM
( ) NÃO
SEGURA
COM
ESTE
ACOMPANHAMENTO
ANEXO B
Parecer do comitê de ética
cx
ANEXO C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Instituição: Universidade Católica de Brasília - UCB
Título do projeto: Perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco atendidas no Hospital da Asa Sul (HRAS).
Pesquisadoras:
Isaurina Carvalho dos Santos e Maura Lúcia D’Assunção
dos Santos, graduandas de enfermagem da Universidade Católica de Brasília –
UCB.
Lídia Peres – enfermeira, docente e coorientadora da UCB e
Fernanda
Monteiro de Castro Fernandes, enfermeira, mestre, orientadora e docente da
Universidade Católica de Brasília - UCB.
O senhor (a) está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa cujo
propósito é investigar o Perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco atendidas no Hospital da Asa Sul (HRAS).
Buscar-se-á Identificar o perfil epidemiológico e socioeconômico de gestantes
acompanhadas no pré-natal de alto risco.
O resultado desta pesquisa é importante por possibilitar melhorias no
processo de formação dos futuros enfermeiros (as) além de possibilitar uma
assistência de enfermagem com qualidade efetiva às gestantes de alto risco.
Sua participação será por meio da concessão de entrevista, de forma
estruturada com questionário direcionado às gestantes e mais análise documental,
onde
serão
investigados
os
seguintes dados
a
respeito
das
gestantes:
características demográficas, idade, estado civil, vida reprodutiva (total de gravidez,
nº de filhos vivos e mortos), imunização, exames, nível socioeconômico (renda
familiar), escolaridade, condições de habitação, peso, estatura e questões sobre o
conhecimento do pré-natal.
Esta pesquisa será aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FEPECS e
lhe garantimos os direitos abaixo relacionados:
Solicitar, a qualquer momento, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa,
através do telefone: Fernanda Monteiro: 9963 7721;
Segredo absoluto sobre nomes, local de trabalho, residência e quaisquer
outras informações que possam levar à identificação pessoal e da instituição a qual
pertence;
Ampla possibilidade de negar-se a responder a quaisquer questões ou a
fornecer informações que julgar prejudicial à sua integridade profissional, física,
moral e social;
Solicitar que parte das falas e/ou declarações não seja incluída em
documento oficial, o que será prontamente atendido;
Desistir, a qualquer tempo, de participar da pesquisa.
Os resultados da pesquisa serão tornados públicos pelos seguintes meios:
Artigo científico apresentado em Congressos e Seminários e publicados em
revistas;
Cópia do relatório final da pesquisa será encaminhada ao CEP-FEPECS.
Este termo, em duas vias, é para certificar que,
concorda em participar voluntariamente da pesquisa mencionada.
Local:
Data: ____/____/ 2010.
Assinatura do (a) participante:
___________________________
Isaurina Carvalho dos Santos
_________________________
MauraLúcia D’Assunção dos Santos
____________________________
Assinatura das Pesquisadoras:
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