UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ECOMARKETING: VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EMPRESAS AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS. Por: Brena Lago Santos Orientador Prof. Sérgio Magjerowicz Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ECOMARKETING: VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EMPRESAS AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS. Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial obtenção do grau de especialista em Marketing. Por: . Brena Lago Santos para 3 AGRADECIMENTOS ...a todas as pessoas que aos poucos têm me apoiado a realização deste trabalho... viabilizar a 4 DEDICATÓRIA ...dedico ao meu pai, às minhas irmãs, as minhas amigas e ao meu companheiro que sempre me incentivam na busca de novas conquistas... 5 RESUMO A elaboração desta monografia partiu da análise da atual situação ambiental do planeta. Os problemas ambientais globais (efeito estufa, aquecimento global, mudança climática, etc.) estão em evidência, pois seus sinais são cada vez mais perceptíveis a todos. Este trabalho monográfico tem como objetivo apresentar uma solução viável para contornar a crise ecológica na qual estamos inseridos. O marketing ambiental vem como uma ferramenta de gestão das empresas que querem se tornar ambientalmente sustentáveis, como já acontece na prática com a empresa Petrobrás. 6 METODOLOGIA O trabalho desenvolvido foi realizado mediante a pesquisa bibliográfica em livros de marketing, gestão e meio ambiente, prévia leitura de diversas reportagens em revistas especializadas, pesquisa em sites da internet, assim como visitas à empresa Petrobrás e utilização de materiais por eles fornecidos (panfletos, folders, cadernos publicitários, etc.). Serão abordados os conceitos de marketing, marketing ambiental e gestão do marketing ambiental para as empresas; exemplificando com o caso da empresa Petrobrás. O presente trabalho visa buscar soluções para as empresas sobre os atuais problemas ambientais. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Do Marketing Tradicional 10 ao Marketing Ambiental CAPÍTULO II - Gestão Ambiental para as Empresas 19 CAPÍTULO III - O Exemplo da Petrobrás 29 CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 46 ANEXO 50 ÍNDICE 52 FOLHA DE AVALIAÇÃO 54 8 INTRODUÇÃO Os problemas ambientais que afetam o planeta estão cada vez mais presentes nos meios de comunicação, invadindo os lares de milhões de pessoas e criando expectativas sociais que apontam para a necessidade de superação urgente dessa crise ecológica. O cidadão, de forma direta ou indireta, é chamado a participar, pois os agentes ambientalmente ativos (ONGs, órgãos do governo, especialistas, etc.) compreendem que são necessárias várias mudanças para que se reverta a situação. No entanto, fundamentais são as modificações que devem ocorrer no ser humano, com este adotando uma nova ética de respeito ao meio ambiente natural. Essa difusão da questão ambiental, realizada, principalmente, pela freqüente exposição na mídia de problemas ecológicos (como poluição, acidentes ambientais, extinção de espécies, entre outros), contribui para o afloramento de um contingente de empresas que pautam suas condutas pelo respeito à natureza. Entre os comportamentos assumidos por esses, cada vez mais numerosos, grupos e organizações ambientalmente conscientes, estão a produção e o consumo ecologicamente sustentáveis. Produzir e consumir respeitando o meio ambiente é uma tendência irreversível e que crescerá de forma significativa nos próximos anos, pois têm uma relação direta com os problemas ecológicos que se avolumam. O marketing nesse contexto, principalmente durante a segunda metade do século XX, foi visto como vilão, pois seu aspecto mais visível era a indução ao maior consumo possível de mercadorias, prestando desse modo um precioso serviço às empresas, mas que, no entanto, desconsiderava os efeitos 9 na sociedade como um todo. O fato é que o crescimento do consumo, sem responsabilidade ambiental, intensificou a exploração predatória dos recursos naturais e gerou resíduos poluentes de todo tipo, que foram produzidos tanto no processo produtivo, como pelo descarte do produto e suas embalagens. Com a retomada e o aprofundamento do debate em torno da dimensão social do marketing no final do século XX, aflora a discussão de um novo e importante papel para essa disciplina, o de induzir a geração de produtos ecologicamente corretos e promover novos hábitos e tendências de consumo sustentáveis. É nesse contexto e perspectiva que se desenvolve o marketing ambiental, que tem como objetivo atender às necessidades dos consumidores atuais e futuros, respeitando o meio ambiente, e, para tanto, deve promover idéias, comportamentos e produtos considerados ecologicamente sustentáveis. CAPÍTULO I 10 DO MARKETING TRADICIONAL AO MARKETING AMBIENTAL O marketing clássico tem conceitos diversificados. Um deles, de Philip Kotler (1984), é o seguinte: “O marketing é um processo social pelo qual os indivíduos e as organizações obtêm o que desejam e necessitam, mediante a criação e a troca de produtos e serviços com outros”. A American Marketing Association (1985) oferece outro, incorporando as principais definições já existentes, onde diz: “Marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, fixação de preço, comunicação e distribuição de idéias, produtos e serviços, para criar intercâmbios que satisfaçam aos objetivos dos indivíduos e das orgaizações.” (AMA, 1985). De maneira mais simples, o marketing supre as necessidades humanas e sociais através da troca de produtos e/ou serviços, fazendo a identificação da motivação e satisfação dos desejos dos consumidores, visando à lucratividade desse processo. O marketing tradicional não responde mais às exigências da relação mutuamente satisfatória de consumidor e empresa, relação esta que pode não ser também satisfatória para o meio ambiente. O marketing ambiental procura encaminhar essa dinâmica, buscando conciliar a função lucrativa da empresa com parâmetros de responsabilidade social. 1.1 - A especificidade do marketing ambiental 11 O conceito tradicional de marketing tem como princípio básico a satisfação das necessidades do consumidor, na concepção atual, voltada para o meio ambiente, considera-se não somente o indivíduo, mas a sociedade como um todo. O marketing deve atender às necessidades dos consumidores e principalmente da sociedade em geral, tanto no presente como no futuro. As sociedades estão cada vez mais conscientes e preocupadas com as questões ambientais e sentem a necessidade de assumir novos comportamentos em relação à temática verde. Nesse contexto é que surge um novo conceito de marketing, o marketing ambiental, que tem como preocupação fundamental às implicações mercadológicas dos produtos que atendam às especificações da legislação ambiental e que contemplam as expectativas de uma boa parcela dos consumidores, no que diz respeito aos produtos e a seus processos não serem agressivos ao meio ambiente. O marketing ambiental é representado pelos esforços das organizações em satisfazer às expectativas dos consumidores por produtos que determinem menores impactos ambientais ao longo de seu ciclo de vida (produção, consumo, descarte), e a divulgação desses esforços de modo a gerar maior consumo desses produtos e maiores lucros para as empresas. De acordo com Calomarde (2000, p.22), é um modo de conceber e executar a relação de troca, com a finalidade de que seja satisfatória para as partes que nela intervêm, a sociedade e o entorno natural, mediante o desenvolvimento, avaliação, distribuição e promoção por uma das partes dos bens, serviços ou idéias que a outra parte necessita, de forma que, ajudando a conservação e melhora do meio ambiente, contribuam ao desenvolvimento sustentável da economia e da sociedade. Para Coddington (1993), o marketing ecológico abrange as atividades de marketing que assumem a gestão ambiental como o desenvolvimento da responsabilidade da empresa e uma oportunidade de crescimento para ela. 12 Considera que o marketing ambiental é uma mudança de perspectiva na forma de fazer negócios, pois exige responsabilidade e compromisso ambiental global da empresa. Por isso, antes de lançar-se em um programa de marketing ambiental, a empresa deverá ter começado o processo de incorporar as considerações ambientais nas suas operações de gestão, adquirindo um compromisso de gestão da qualidade total. Desta maneira é necessário sempre ter em conta que o marketing ecológico não se reduz unicamente à promoção do produto, pois existe a necessidade de mudança qualitativa da organização na abordagem da questão ambiental. Como afirmado por Ottman (1994): “...não é suficiente falar a linguagem verde; as companhias devem ser verdes. Longe da questão de apenas fazer publicidade que muitos comerciantes perceberam originalmente, a abordagem satisfatória de preocupação ambiental requer um esverdeamento completo que vai fundo na cultura corporativa. Somente por intermédios da criação e implementação de políticas ambientais fortes e profundamente valorizadas é que a maioria dos produtos e serviços saudáveis podem ser desenvolvidos. É por meio da criação de uma ética ambiental que abranja toda a empresa que estratégias de marketing podem ser executadas”. Dessas definições se depreende que o marketing ambiental baseia-se num processo de gestão integral; é responsável pela identificação, antecipação e satisfação das demandas dos clientes; e é responsável perante a sociedade garantindo que o processo produtivo seja rentável e sustentável. Dessa forma, a orientação ambiental do marketing é necessária não só para satisfazer às necessidades dos consumidores de produtos ambientalmente positivos, mas também para compatibilizar os objetivos empresariais com a ética e a responsabilidades social, visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida a longo prazo da sociedade de um modo geral. 13 1.1. 1 – Desenvolvimento Sustentável Cabe ressaltar o conceito de desenvolvimento sustentável, já citado acima, para compreender a importância do marketing ecológico no contexto atual. Identifica-se como concepção básica de desenvolvimento sustentável que ele deve atender às necessidades das gerações atuais, sem comprometer a atendimento das necessidades das gerações futuras. Embora haja várias interpretações possíveis para esse conceito, ele é importante porque incorpora em definitivo as limitações impostas pela natureza ao desenvolvimento econômico, buscando-se em todas as suas vertentes a preservação dos recursos atuais para o usufruto também das gerações futuras. O quantidade desenvolvimento e para ser sustentável alcançado sugere depende qualidade de em planejamento vez de e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos; e que por isso, não se pode esgotá-los, visando o futuro de todos. 1.2 - Contexto histórico do marketing ambiental Na história recente do marketing, pode-se estimar que uma primeira onda mundial dominou os anos 70, em que as empresas de ponta utilizavam as mais modernas técnicas mercadológicas para realizar lucro pela intensidade de vendas; nesse contexto, em que a empresa lançava mão de qualquer estratégia para atingir suas metas de vendas, perdiam o consumidor e todos os setores que não compartilhassem dessa busca, inclusive o meio ambiente. Uma segunda onda poderia ser identificada nos anos 80: o marketing das empresas detectou que a aliança com o consumidor era essencial para criar preferência junto a um mercado altamente concorrido; essa política, aliada a pressões institucionais, pode ser reconhecida como pertencente a um 14 período de mútua satisfação entre empresa e consumidor, dominando o mercado atual nos grandes centros urbanos. Uma terceira onda estaria ligada aos valores humanitários e sociais, caso das questões trabalhistas, éticas, urbanas e ambientalistas, em que mesmo uma relação mutuamente satisfatória entre empresa e consumidor pode não prosseguir se não atender a requisitos de uma qualidade de vida satisfatória. Nesse caso, tanto o lucro como o consumo foram redimensionados, tendo em vista as conseqüências ambientais. A preocupação com questões ambientais no final do século XX estendeu-se para todos os âmbitos da sociedade: econômico, político, social, científico, tecnológico, etc., de tal modo que se tornou indiscutível a existência de uma crise ecológica caracterizada, principalmente, pelos problemas globais que se agravam como a redução da camada de ozônio, o aquecimento global, as mudanças climáticas, a diminuição da biodiversidade, a poluição e contaminação da água, dos solos e do ar. As causas destes problemas ambientais devem-se ao aumento da população do planeta, ao consumo individual abusivo de parcelas significativas da população e a continuação da utilização de processos e tecnologias de produção incompatíveis com a preservação dos recursos naturais. Essa situação não será resolvida a curto ou a médio prazo e a modificação nos processos e nas tecnologias de produção por si só não resolverá o problema, embora contribua significativamente para sua diminuição. O grande fator que deve ser enfrentado e que pode ser a solução para o problema é a modificação de comportamentos, atitudes e estilos de vida, que poderá se refletir num consumo sustentável, e que implicará numa nova ética em relação à natureza. 15 O processo de industrialização percorrido pelas nações ao longo dos últimos séculos trouxe de um lado, diversos benefícios econômicos e, de outro, sérias conseqüências ambientais. Nos últimos anos, os governos de diversos países em parceria com a iniciativa privada, têm se mobilizado em busca de soluções para o conflito desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Para alcançar o desenvolvimento sustentável é preciso repensar a atividade produtiva e mercadológica, a fim de que se possam encontrar soluções viáveis para o conflito capital e natureza e também conciliar os interesses de governos, empresas e sociedade neste processo. E um dos recursos mercadológicos que, a princípio, permite que as organizações sejam lucrativas e ao mesmo tempo ambientalmente responsáveis é a implantação do marketing ecológico. 1.3 - Características do marketing ambiental Do ponto de vista mais geral, há uma idéia equivocada de que o marketing verde está relacionado somente com a promoção ou o anúncio de produtos com características positivas em relação com o meio ambiente. O conceito de marketing ambiental é muito mais amplo, incorpora muitas atividades e inclui modificações nos produtos e processos, podendo ser aplicado a um grande conjunto de bens e serviços. Do ponto de vista do marketing ambiental o cliente não é o único público-alvo a ser atingido por estratégias de marketing. Outros públicos que direta ou indiretamente se relacionam com a empresa devem merecer atenção, como os grupos ambientalistas, os fornecedores, distribuidores, o governo, entre outros; pois podem se constituir em obstáculos ao desenvolvimento organizacional e impedir sua permanência no mercado, cada vez mais competitivo. 16 O conceito de marketing está diretamente relacionado com a premissa de que qualquer empresa que desempenhe uma atividade na sociedade é responsável diante dela pelos produtos ou serviços que presta. Neste sentido, deve-se ter sempre um equilíbrio entre as necessidades de seus clientes e aquelas da sociedade em geral, que nem sempre são as mesmas, tanto no presente como no futuro. Como colocado por Marin Sánchez (2005), numa perspectiva mais ampla, o marketing ecológico busca a conscientização e aceitação das idéias ou causas ecológicas, provocando mudanças de quatro tipos basicamente: cognitivas, de valores, de comportamento e de ações. Para Peattie e Charter (2005, p. 526), o marketing verde requer a reavaliação de algumas premissas e conceitos fundamentais do marketing como: o papel do marketing, os consumidores, a satisfação do cliente, o conceito de produto e a responsabilidade do produtor. 1.4 - Funções do marketing ambiental O marketing ambiental se insere no contexto do desenvolvimento sustentável, na medida em que suas práticas objetivam satisfazer às necessidades atuais dos consumidores sem comprometer a capacidade de satisfazer às necessidades das futuras gerações. Nesse sentido, entre suas principais funções, cabem ao marketing ecológico ações de caráter geral e específico. 1.4.1 - Funções Gerais l Informativa: fornecer informações ao consumidor sobre temas ambientais e os processos ecológicos envolvidos nos processos produtivos; 17 l Educativa: através do processo informativo, as pessoas adquirem maior conhecimento dos processos ecológicos que poderão utilizar no seu cotidiano e posicionar-se melhor como cidadão envolvido na proteção ambiental; l Estímulo a ações benéficas para o meio ambiente; l Modificar comportamentos prejudiciais ao meio ambiente; l Modificar os valores da sociedade para aqueles que contemplem maior respeito ao meio ambiente natural. 1.4.2 - Funções Específicas Dizem respeito àquelas adotadas pelas organizações que utilizam as técnicas de marketing para comercializar produtos ecológicos. l Redirecionar a escolha dos consumidores: transformar a forma de consumo para que o façam orientando-se no processo de compra com base em novos valores, em que se destaca o respeito ao meio ambiente. l Reorientar o marketing-mix da organização: com a incorporação de objetivos ecológicos em cada uma das políticas de marketing. l Difundir o componente ecológico em todos os processos e ações da organização. • Incorporar objetivos mais gerais de respeito ao meio ambiente aos objetivos mais específicos responsabilidade social. da empresa, numa perspectiva de 18 CAPÍTULO II GESTÃO AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS ... Quando uma empresa torna-se uma ecoempresa, ela vende mais do que produtos e serviços de qualidade, vende uma nova alternativa. Numa sociedade de mercado, onde há de algum modo uma liberdade de escolha, é aceitável considerar que as pessoas e organizações têm o direito 19 de terem suas necessidades e desejos satisfeitos. Ocorre que a espécie humana tem limitados recursos na Terra para atender aos ilimitados desejos e necessidades mundiais. Como as empresas têm limitados recursos naturais para serem utilizados, elas têm que encontrar novas alternativas para satisfazer a esses desejos ilimitados. O marketing ecológico busca formas de atender aos ilimitados desejos e necessidades dos consumidores, sem prejudicar o meio ambiente natural, e ao mesmo tempo realizando os objetivos de comercialização das organizações. “Criar estratégias de marketing mais sustentáveis, continuará sendo uma batalha morro acima enquanto a maioria dos consumidores continuar ignorando do que se trata a sustentabilidade e permanecer em dúvida quanto à habilidade das empresas de contribuir para ela. Vencer essa batalha será um desafio importante para os profissionais de marketing do novo milênio e o resultado terá um impacto significativo sobre a qualidade de vida de consumidores e cidadãos durante as gerações vindouras”. (PEATTIE E CHARTER, 2005, p. 536) O marketing ambiental pode se assimilado pelas empresas como uma ferramenta estratégica. Para viabilizar este objetivo é necessário desenvolver uma cultura de comunicação capaz de integrar conteúdos de vários departamentos técnicos ligados ao meio ambiente e qualidade de vida. Trata-se de uma ferramenta capaz de projetar e sustentar a imagem da empresa, difundindo-a com uma nova visão de mercado, destacando sua diferenciação ecologicamente correta junto à sociedade, fornecedores, funcionários e ao mercado. Extrapola a mera publicidade ou divulgação dos produtos ou serviços oferecidos por empresas que querem veicular na mídia e no meio profissional ou para o consumidor a aplicação de métodos 20 ambientalmente corretos aplicados ao seu gerenciamento interno ou na produção ou prestação de serviços. Assim, o marketing ecologicamente correto é uma verdadeira e ampla adoção de políticas ambientais que vão do início, desde a coleta da matériaprima até sua disposição; é a compreensão gerencial ampla, dotada de métodos abrangentes e envolventes. É uma necessidade empresarial, englobando todas as áreas da empresa envolvidas com a produção ou prestação de serviços. Adotar um programa de marketing ambiental não é tão simples como parece. O marketing verde deve ser encarado com seriedade e não como uma simples declaração de “amor à natureza”. A adoção de um programa destes pode representar uma melhor posição competitiva para as empresas. O marketing verde veio representar uma reação das empresas mais socialmente responsáveis às expectativas da sociedade, por produtos e serviços que determinam menores impactos ambientais. Essas expectativas foram criadas por um longo processo em que a preocupação com o meio ambiente veio adquirindo maior importância. O marketing ambiental não se limita à promoção de produtos que tenham alguns atributos verdes. Isso porque, para posicionar-se como ambientalmente responsável, a empresa deve, antes de tudo, organizar-se para ser uma empresa ambientalmente responsável em todas as suas atividades. Para isso, todos os funcionários devem estar conscientes de que a empresa não pode ter nenhuma falha em seu comportamento ambiental, pois é muito difícil e demorado o processo de reconstrução da imagem de uma empresa previamente retratada na mídia como ambientalmente irresponsável. Além disso, a empresa deve adotar um comportamento pró-ativo, ou seja, deve estar sempre aperfeiçoando seu comportamento ambiental, pois as expectativas da população quanto ao verde está em constante mudança e os objetivos que as empresas devem buscar atingir serão sempre ideais. 21 Cabe ressaltar novamente a necessidade de criação da cultura ambiental em toda a empresa. Como já citado, o marketing ecológico não deve se limitar à política de comunicação da organização; deve estar impregnado em toda ela. Há necessidade de que todo o pessoal envolvido nas atividades da organização incorpore o fator ambiental no cotidiano, mudando atitudes e comportamentos incompatíveis com a filosofia adotada pela empresa. 2.1 - Utilização do marketing ambiental pelas empresas Há várias razões possíveis para que as empresas adotem o marketing ecológico. Empresas que não responderem às questões ambientais com produtos ou serviços mais seguros e ambientalmente corretos estão se arriscando a perder a sintonia com o consumidor. Ao empregar estratégias de marketing ambiental, a entidade pode aumentar sua credibilidade e legitimidade, definir sua personalidade, área de atuação e imagem, além de agregar valor à marca junto aos diversos compradores. Dentre as razões para a utilização do ecomarketing pelas empresas estão: l Oportunidades: As organizações devem perceber que o marketing ambiental pode ser uma oportunidade de alcançar seus objetivos. Os consumidores estão se tornando cada vez mais conscientes sobre questões ambientais, o que faz com que muitas empresas enxerguem uma oportunidade de melhorar sua vantagem competitiva sobre outras empresas que não adotam a alternativa de marketing verde. 22 l Responsabilidade Social: A pressão da opinião pública sobre as empresas, nos últimos anos, motivada pelo volume de acidentes ambientais graves que tem pautado a mídia, tem levado a que muitas organizações se sintam com a obrigação moral de serem mais ambientalmente responsáveis, buscando evitar a todo custo contribuir para a construção de uma imagem negativa do segmento empresarial. l Pressão Governamental: O poder público tem exercido forte pressão através de legislações cada vez mais rigorosas e outras formas de controle (multas, proibições e estímulos a produtos ecologicamente corretos), para as empresas serem mais responsáveis do ponto de vista ambiental. l Pressões das ONGs: As diversas ONGs pressionam empresas através de campanhas veiculadas na imprensa e lobby junto a legisladores. Empresa sob a mira de uma das principais ONGs será “bombardeada” na imprensa e provavelmente passará a ser percebida pela população como ambientalmente irresponsável, o que representa forte publicidade negativa. l Pressão Competitiva: A atividade ambiental dos competidores pressiona as empresas a incorporarem o marketing verde no seu planejamento estratégico. As empresas pioneiras do marketing ambiental terão vantagens competitivas em um futuro próximo, em relação às outras. l Relação Custo-benefício: A redução de custo ocorre na medida em que a poluição representa materiais mal aproveitados devolvidos ao meio ambiente, ou seja, a maior parte da poluição resulta de processos ineficientes, que não aproveitam completamente os materiais utilizados. Além disso, a simples auditoria ambiental, pode identificar custos desnecessários que a empresa pode eliminar. 23 l Equipe: Funcionários e acionistas sentem-se melhor por estarem associados a uma empresa ambientalmente responsável, e essa satisfação pode até mesmo resultar em aumento da produtividade da empresa. l Facilidades na Obtenção de Recursos: Bancos e, principalmente, organizações de desenvolvimento oferecem linhas de crédito específicas para projetos ligados ao meio ambiente com melhores condições. Como pode ser visto, apesar do custo e esforço despendidos para alcançar esses objetivos, as empresas e organizações adquirem enormes vantagens ao adotar políticas ambientalmente corretas; fazendo valer cada “movimento” em prol disso. 2.2 - Objetivos e fundamentos da gestão ambiental A gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para as organizações e pode ser definida como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente através da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades. O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização. 24 A busca permanente da qualidade ambiental é, portanto um processo de aprimoramento constante do sistema de gestão ambiental global de acordo com a política ambiental estabelecida pela organização. Os fundamentos, ou seja, a base de razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão ambiental são vários, como já citado acima. Podem perpassar desde procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem a conscientização de todo o pessoal da organização. 2.3 - A responsabilidade da gestão ambiental para a empresa Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida do produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente, inclusive a saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias-primas, da transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição e comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final dos bens. Deve-se salientar que a empresa é a única responsável pela adoção e implantação de uma política ambiental. Só após sua adoção, o cumprimento e conformidade devem ser seguidos integralmente. Portanto, nenhuma organização é obrigada a adotar uma política ambiental, mas depois de adotados, se torna obrigatório assumir o estabelecido, sob pena da empresa cair num descrédito no que se refere às questões ambientais. 2.4 - Políticas do marketing ambiental As questões relacionadas com o meio ambiente natural devem ser consideradas atualmente como estratégias para as empresas, devido ao seu 25 impacto na sociedade de um modo geral e no seu entorno em particular, o que pode afetar seus negócios a curto, médio ou longo prazo. Neste contexto, e sob a ótica de marketing ecológico, o desenvolvimento de políticas voltadas para a proteção do meio ambiente pode gerar vantagens competitivas para as organizações, desde que elas atuem de forma coordenada e todos os membros da organização tenham assumido os valores ambientais que apresenta publicamente. A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação para as organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente. A política ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada em todas as áreas administrativas e operativas e também deve estar incorporada em todas as hierarquias existentes. Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher as áreas mais óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação e das normas ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e riscos ambientais potenciais da empresa. O compromisso com o cumprimento e a conformidades é de vital importância para a organização, pois em termos de gestão ambiental é voluntária; portanto nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentos ambientais espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidos por lei. Em resumo, o crescimento da importância do marketing ambiental está diretamente relacionado com o aumento dos problemas ambientais do planeta, de modo geral, e no conseqüente aumento da consciência ecológica dos 26 consumidores. As organizações públicas, privadas e do terceiro setor devem cada vez mais utilizar o marketing ambiental na perspectiva de uma maior inserção do mercado e como instrumento de mudança comportamental, o que no seu conjunto significa um incremento de uma nova ética em relação ao meio ambiente natural. A prática do marketing ambiental envolve uma postura empresarial coerente com valores e ética social. Portanto, sua prática requer atitudes veiculadas aos interesses sociais mais amplos (não apenas de lucro imediato). Busca integrar seus projetos a práticas comerciais éticas e ambientalistas, aos produtos e serviços de qualidade, à capacitação e incentivo aos funcionários, ou seja, requer uma empresa que preze a relação entre as pessoas e a natureza de modo a voltar-se para o seu papel social. Essa estratégia é uma possibilidade real de dispor, para o consumo, um produto saudável, seguro e que preserve o meio ambiente, fato esse que se estende ao próprio empreendedor e aos muitos consumidores que lhe conferem o lucro. 2.5 - Como uma empresa pode ser considerada “verde” “...o respeito pela natureza começa pela fábrica, passa pelos escritórios e vai além dos limites externos da empresa” (Roberto Conti – 2000). Para uma empresa ou organização ser considerada ambientalmente correta precisa administrar uma cadeia de fatos que envolvem várias etapas, desde a fabricação, relação com os fornecedores, clientes, empregados, mídia e comunidade. Implantar sistemas de gerenciamento ambiental e investir em projetos ambientais fazem parte e são a base inicial do desenvolvimento e implantação 27 de uma completa estratégia de marketing ambiental, que tem início na definição da política de gestão e culmina com a divulgação para o mercado de uma empresa verde. Portanto, é preciso criar uma nova cultura empresarial. O grande desafio é conjugar melhoria contínua da qualidade ambiental das instituições com melhores resultados econômicos, em termos de eficiência produtiva. Alguns aspectos importantes devem ser considerados como: economia de recursos naturais e energéticos, reaproveitamento de resíduos e reciclagem, comercialização de resíduos ou seu tratamento antes do lançamento na natureza, conquista de novos mercados, melhoria da comunicação com as comunidades e instâncias governamentais, inclusive com a redução de custos decorrentes de multas e indenizações. Internamente, é preciso desenvolver em todos os níveis de funcionários, campanhas de conscientização de que o descuido com os problemas ambientais podem comprometer o conceito da empresa; de que os recursos naturais são patrimônio da comunidade e que a responsabilidades em preservar o meio ambiente é de todos aqueles que trabalham na empresa. As empresas verdes além de aumentar a produtividade com a adoção de valores ambientais, têm à sua frente inúmeras oportunidades de investir em inovação, desenvolvendo produtos com alto valor ambiental agregado para segmentos e nichos maduros e lucrativos – isso impacta positivamente a imagem corporativa e ajuda a construir uma reputação desejável e invejável. 28 CAPÍTULO III O EXEMPLO DA PETROBRÁS “É possível respeitar o meio ambiente e ser lucrativo, crescer e ser ambiental e socialmente responsável”. (Fábio Colletti Barbosa – presidente da Febreban – 2007) O marketing verde é hoje uma realidade e, como já citado, pode ajudar as empresas em vários aspectos; até mesmo quando procuram conquistar novos mercados. Cuidar bem do meio ambiente ou pelo menos cultivar uma boa imagem verde é especialmente importante para as empresas brasileiras com ambições não só locais como globais. O Brasil precisa romper com a idéia de que o desenvolvimento é incompatível com respeito ao meio ambiente. Atualmente o planeta passa por conseqüências ambientais decorrentes do uso indiscriminado de seus recursos naturais. Para lidar com o problema, será preciso investir em novas fontes de energia e tecnologia. 29 Criando-se assim, oportunidades de negócios para as empresas que investirem em opções mais limpas. O desafio de mudar as estratégias empresariais oferecerá vantagens competitivas para quem se arriscar. Assim, como já visto, investir em cuidados ambientais não é apenas uma questão de imagem. Há evidências de que isso faz bem para toda a organização e principalmente para a sociedade. A empresa que não pensar nisso agora, provavelmente vai se lamentar no futuro. Como exemplo podemos citar o caso da empresa Petrobrás, que acordou para esse fato há sete anos, quando um vazamento em um terminal marítimo encheu de óleo a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Poucos acreditaram que a empresa superaria a imagem de vilã da natureza. Ao contrário disso, ela deu uma grande virada e conseguiu se superar investindo para isso R$ 12 bilhões em segurança ambiental. A organização passou a se preocupar com o uso de recursos naturais, investiu em programas sociais para as comunidades e virou exemplo de exploração sem devastação. O resultado foi melhor do que o esperado, além de recuperar sua imagem, a Petrobrás passou a lucrar mais. 3.1 - Petrobrás – mudança de atitude A Petrobrás passou por muitas mudanças importantes e decisivas nos últimos anos. Esse ciclo começou em meados dos anos 90, com o fim do monopólio do petróleo. O cenário de mercado aberto e competitivo trouxe novos desafios e perspectivas para a companhia. A Petrobrás posicionou-se, então, como uma empresa de energia profundamente comprometida com o Brasil e com o abastecimento interno, mas também como companhia de atuação mundial, com ações cotadas em bolsas globais e planos de expansão internacional. 30 Há apenas quatros, porém, a imagem da empresa ainda se ressentia dos efeitos negativos de uma série de graves acidentes e de uma tentativa de mudança do nome e da marca Petrobrás, o que gerou repercussões na autoestima da força de trabalho e na percepção de investidores e consumidores. Era necessária uma grande virada, assim em 2003 teve início uma mudança estratégica, fruto de um novo entendimento sobre a importância da imagem e do papel da comunicação nos negócios da empresa. No ano seguinte, coerente com as necessidades impostas por seu novo cenário de atuação, a Petrobrás aprovou um plano estratégico que estabeleceu três grandes fatores de desenvolvimento corporativo: crescimento, rentabilidade e responsabilidade social e ambiental. Foi uma transformação enorme, operada em poucos anos; de empresa estatal monopolista para empresa de classe internacional em busca de mercados competitivos e exigentes. A partir desses movimentos de reposicionamento, a Petrobrás viu-se também diante do desafio de “comunicar” todas essas mudanças. Isso implica necessariamente em dar maior visibilidade e transparência às ações da companhia, tendo em vista todos os grupos e segmentos sociais que, de uma forma ou de outra, estão envolvidos ou são afetados pelos negócios e atividades da empresa. Desse modo consolidou-se a idéia de que a imagem da Petrobrás é um “ativo estratégico”, e como tal deve ser gerido e preservado, não apenas em relação à opinião pública, mas também junto à força de trabalho, investidores e comunidades. Os resultados podem ser auferidos no crescente reconhecimento nacional e internacional que a companhia vem obtendo nos últimos anos, através da contínua valorização da marca Petrobrás e dos inúmeros prêmios conferidos à empresa por transparência, ética, governança corporativa e 31 responsabilidade social e ambiental. Tudo isso aliado a crescente lucratividade e resultados econômico-financeiros exponenciais. A construção de uma imagem sólida e confiável multiplica o valor da Petrobrás e ajuda a empresa a conquistar resultados cada vez mais positivos. Por fim, a conclusão é uma só: a responsabilidade social e ambiental, assim como a transparência da companhia em comunicar suas ações e estratégias, conferem cada vez mais valor à marca Petrobrás. 3.2 - Uma empresa sustentável A organização Petrobrás entende que em um cenário cada vez mais competitivo, a imagem das empresas está relacionada à conscientização de seus empregados de que o aprimoramento da qualidade, a minimização de impactos ao meio ambiente e a segurança do homem e do patrimônio são fatores decisivos para o aumento da produtividade. Por isso, a companhia dedica igual atenção ao seu desenvolvimento tecnológico e aos aspectos de proteção ao meio ambiente. 3.2.1 - Cuidados e Responsabilidades l Exploração: A exploração é o ponto de partida da indústria do petróleo. Seu trabalho de campo – representado basicamente por levantamentos sismográficos – quase não interfere nas condições naturais. As equipes exploratórias passam vários dias em alto-mar, nos sertões ou mesmo nas florestas, expostas a ambientes hostis em regiões de difícil acesso, procurando fazer com que sua atividade seja imperceptível à vida selvagem. 32 A presença da Petrobrás na prospecção de petróleo nas bacias sedimentares brasileiras é monitorada através de convênios com instituições científicas que garantem a execução de projetos ambientais, permitindo convivência harmônica com a natureza. l Perfuração: Os trabalhos exploratórios indicam as áreas mais favoráveis à ocorrência de petróleo e gás natural, em terra e mar. Com o mesmo cuidado preventivo das equipes exploratórias, chega a hora da perfuração dos poços, uma atividade que deve interferir o mínimo possível no ambiente natural e nas comunidades vizinhas. Os trabalhos de perfuração limitam-se à indispensável abertura da mata. Após a retirada dos equipamentos, tem-se o cuidado de deixar o local em condições de ser recuperado pela vegetação nativa ou por reflorestamento. l Produção: Na fase de produção, o acompanhamento perdura enquanto durar a produção do campo. Quando a perfuração identifica um poço, são instalados os equipamentos de produção, que compreendem válvulas de controle, linhas de superfície e estações coletoras, entre outros. Para os poços comercialmente produtores no mar são instaladas plataformas fixas ou flutuantes e sobre elas são montadas as facilidades de produção. Nos poços submarinos, as válvulas de controle da produção são instaladas no próprio leito submarino. Nos equipamentos de fundo dos poços são instaladas válvulas de bloqueio, que evitam a produção descontrolada ou a erupção do poço. Em 33 situações de emergências equipes treinadas estão em alerta permanente para evitar ou reduzir impactos sobre o meio ambiente. l Refino: Em suas onze refinarias, a Petrobrás tem desenvolvido sistemas de tratamento para todos os efluentes. Chaminés, filtros e outros dispositivos evitam a emissão de gases, vapores e poeiras para a atmosfera; unidades de recuperação retiram o enxofre dos gases, cuja queima produziria dióxido de enxofre, um dos principais poluentes dos centros urbanos. Os despejos líquidos são tratados por meio de processos físico-químicos e biológicos. Além de minimizar a geração de resíduos sólidos, as refinarias realizam coleta seletiva, que permite a reciclagem para utilização própria ou a venda a terceiros. O resíduo não-reciclado é tratado em unidades de recuperação de óleo e de biodegradação natural, onde microorganismos do solo degradam enclausurados os em resíduos aterros oleosos. industriais Outros resíduos constantemente sólidos controlados são e monitorados. Estas e outras várias iniciativas da Petrobrás para que a qualidade dos produtos melhore a qualidade de vida, ao lado do avanço na produção e comercialização de gás natural combustível (não-poluente), são fatores importantes no processo de melhoria da qualidade do ar que respiramos nas grandes cidades. l Transporte: Para que o petróleo chegue às refinarias e os derivados ao consumidor, a Petrobrás opera uma extensa rede dutoviária e a maior frota de petroleiros do Hemisfério Sul. 34 São utilizados navios petroleiros, vagões, caminhões-tanque e uma extensa rede de dutos, que transportam os produtos até os pontos de armazenamento ou de abastecimento, e um conjunto de terminais marítimos. A movimentação de combustíveis através destes meios exige rigorosas medidas de prevenção, que começam nos projetos dos novos empreendimentos e se estendem às operações. Os terminais marítimos estão dotados de equipamentos especiais (barreiras de contenção, barcos recolhedores de óleo, coletores de óleo, etc.). Durante as operações de carregamento e descarregamento dos navios, realizadas por pessoal especializado e em constante treinamento, são adotadas severas medidas de prevenção e controle. Equipes de emergência estão sempre prontas para qualquer eventualidade. Centros de combate à poluição por óleo foram instalados nos principais terminais marítimos, aumentando a segurança em caso de emergências. Os dutos, além de passarem por inspeções freqüentes, são dotados de dispositivos de segurança, como válvulas de bloqueio, que impedem a passagem de produtos em caso de anormalidade. Para maior garantia das comunidades, os dutos que ultrapassam áreas urbanas recebem, em seu projeto e construção, tratamento redobrado de prevenção, superando as próprias normas que regulam este tipo de empreendimento. l Distribuição: A distribuição, realizada através de bases em vários pontos do país, depósitos em aeroportos, navios, caminhões e vagões-tanque e numerosa rede de postos revendedores, fecha o ciclo "do poço ao posto". 35 A Petrobrás Distribuidora S.A. (BR), subsidiária que desempenha esta atividade, oferece ao mercado cerca de 350 itens, onde predominam combustíveis e lubrificantes que chegam a todas as regiões do Brasil. Com a responsabilidade de operar uma fábrica de lubrificantes e distribuir produtos para 6.500 postos e 7.000 clientes industriais, a BR emprega tecnologia avançada e rígidos critérios de qualidade, garantindo que o ciclo do petróleo se complete também com segurança e respeito ao meio ambiente. Esta garantia é assegurada por produtos de qualidade e pela valorização profissional de seus empregados, que, em programas integrados de treinamento, recebem a formação necessária para tratar com a mesma ênfase a produção, a qualidade, a segurança e o meio ambiente. 3.3 - Política de segurança, meio ambiente e saúde A Petrobrás é uma companhia integrada de energia, com atuação no Brasil e no exterior. Suas operações abrangem a exploração e a produção de óleo e gás natural, refino, processamento de gás, distribuição de derivados, comercialização e transporte por dutos até a produção de produtos petroquímicos e a geração, distribuição e transmissão de energia elétrica. A companhia busca fornecer produtos e serviços que atendam às demandas de seus clientes, além de promover o desenvolvimento do Brasil e dos demais países onde atua. Como uma empresa ambientalmente sustentável, a Petrobrás sustenta diretrizes de segurança, meio ambiente e saúde; visando sempre manter a estabilidade do desenvolvimento e crescimento aliado à preservação dos recursos naturais aos quais utiliza e das comunidades que os cercam. 36 3.3.1 - SMS – Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde l Educar, capacitar e comprometer os trabalhadores com as questões de SMS, envolvendo fornecedores, comunidades, órgãos competentes, entidades representativas dos trabalhadores e demais partes interessadas; l Estimular o registro e tratamento das questões de SMS e considerar, nos sistemas de conseqüência e reconhecimento, o desempenho em SMS; l Atuar na promoção da saúde, na proteção do ser humano e do meio ambiente mediante identificação, controle e monitoramento de riscos, adequando a segurança de processos às melhores práticas mundiais e mantendo-se preparada para emergências; l Assegurar a sustentabilidade de projetos, empreendimentos e produtos ao longo do seu ciclo de vida, considerando os impactos e benefícios nas dimensões econômica, ambiental e social; • Considerar a ecoeficiência das operações e produtos, minimizando os impactos adversos inerentes às atividades da indústria. 3.3.2 – Diretrizes l Liderança e Responsabilidade: a Petrobrás, ao integrar segurança, meio ambiente e saúde à sua estratégia empresarial, reafirma o compromisso de todos seus empregados e contratados com a busca de excelência nessas áreas. 37 l Conformidade Legal: as atividades da empresa devem estar em conformidade com a legislação vigente nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde. l Avaliação e Gestão de Riscos: riscos inerentes às atividades da empresa devem ser identificados, avaliados e gerenciados de modo a evitar a ocorrência de acidentes e/ou assegurar a minimização de seus efeitos. l Novos Empreendimentos: os novos empreendimentos devem estar em conformidade com a legislação e incorporar, em todo o seu ciclo de vida, as melhores práticas de segurança, meio ambiente e saúde. l Operação e Manutenção: as operações da empresa devem ser executadas de acordo com procedimentos estabelecidos e utilizando instalações e equipamentos adequados, inspecionados e em condições de assegurar o atendimento às exigências de segurança, meio ambiente e saúde. l Gestão de Mudanças: mudanças, temporárias ou permanentes, devem ser avaliadas visando a eliminação e/ou minimização de riscos decorrentes de sua implantação. l Aquisição de Bens e Serviços: o desempenho em segurança, meio ambiente e saúde de contratados, fornecedores e parceiros deve ser compatível com o do sistema petrobras. l Capacitação, Educação e Conscientização: capacitação, educação e conscientização devem ser continuamente promovidas de modo a reforçar o comprometimento da força de trabalho com o desempenho em Segurança, meio ambiente e saúde. 38 l Gestão de Informações: informações e conhecimentos relacionados a segurança, meio ambiente e saúde devem ser precisos, atualizados e documentados, de modo a facilitar sua consulta e utilização. l Comunicação: as informações relativas a segurança, meio ambiente e saúde devem ser comunicadas com clareza, objetividade e rapidez, de modo a produzir os efeitos desejados. l Contingência: as situações de emergência devem estar previstas e ser enfrentadas com rapidez e eficácia visando a máxima redução de seus efeitos. l Relacionamento com a Comunidade: a empresa deve zelar pela segurança das comunidades onde atua, bem como mantê-las informada sobre impactos e/ou riscos eventualmente decorrentes de suas atividades. l Análise de Acidentes e Incidentes: os acidentes e incidentes, decorrentes das atividades da empresa devem ser analisados, investigados e documentados de modo a evitar sua repetição e/ou assegurar a minimização de seus efeitos. l Gestão de Produtos: a empresa deve zelar pelos aspectos de segurança, meio ambiente e saúde de seus produtos desde sua origem até a destinação final, bem como se empenhar na constante redução dos impactos que eventualmente possam causar. • Processo de Melhoria Contínua: a melhoria contínua do desempenho em segurança, meio ambiente e saúde deve ser promovida em todos os níveis da empresa, de modo a assegurar seu avanço nessas áreas. 39 3.4 – Ecoeficiência O compromisso da Petrobrás com o meio ambiente vai além de produzir, refinar e distribuir petróleo dentro dos mais rigorosos padrões de segurança. Como definido em seu Plano Estratégico, a empresa quer também a excelência e a liderança na área ambiental, o que a tem levado a considerar cada vez mais, em suas operações, a ecoeficiência. Ecoeficiência significa produzir mais com o menor impacto possível no meio ambiente. Na Petrobrás isso se traduz num esforço continuado para compatibilizar o aumento da produção com a utilização cada vez mais racional de insumos naturais, como água e energia, e a menor geração possível de efluentes, resíduos e emissões em todas as suas unidades. Também são requisitos da ecoeficiência: desenvolver e disseminar o uso de energias renováveis — como a eólica, a solar e a de biomassa — e criar instrumentos de proteção à biodiversidade. Ambos vêm merecendo atenção crescente da Petrobrás, em consonância com seu compromisso estratégico com a responsabilidade ambiental. l Emissões: Em atitude pioneira, a Petrobrás implantou um sistema informatizado para monitorar todas as emissões atmosféricas produzidas em suas instalações, no Brasil e nos demais países da América do Sul onde atua. O sistema permite o acompanhamento — inclusive pela sociedade — de mais de 20 mil diferentes fontes emissoras, orientando também as ações da empresa para contribuir com a redução do aquecimento global (efeito estufa). l Resíduos: 40 Resíduos representam desperdício de recursos naturais, perdas econômicas e poluição ambiental. Por isso a Petrobrás está empenhada em reduzir ao máximo a sua geração e priorizar os processos que levam ao reuso e à reciclagem, dentro das melhores práticas de gestão. Com esse objetivo, a Petrobrás está implantando um sistema informatizado que reúne todos os dados sobre os resíduos resultantes de suas atividades. O sistema classifica os materiais de acordo com o grau de periculosidade, registrando as quantidades produzidas, tratadas, recicladas, reutilizadas ou estocadas. Todas as unidades da Companhia também estão adotando Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), além de já praticarem coleta seletiva do lixo não industrial para reciclagem. l Efluentes: A Petrobrás reconhece a importância da água e investe todos os recursos necessários para preservar e promover o uso desse bem de forma racional e sustentável em suas operações. Além disso, está empenhada em contribuir para a preservação desse precioso patrimônio para seu fim mais nobre, que é o suprimento humano. Exemplo dessa preocupação foi à destinação de cerca de R$ 90 milhões a mais de 60 projetos voltados para a conservação e melhoria da qualidade de nossos recursos hídricos, incluindo reflorestamento em áreas de reserva e matas ciliares, proteção de nascentes e conscientização e capacitação das comunidades envolvidas. l Biodiversidade: 41 A proteção da biodiversidade é considerada elemento-chave no planejamento e na implantação dos empreendimentos e operações da Petrobrás. Por isso, além de buscar o menor impacto ambiental de suas atividades, a Companhia desenvolve e patrocina projetos (como por exemplo: projeto Tamar, Peixe-boi e Baleia Jubarte) que visam à preservação da biodiversidade nos locais onde atua. 3.5 - Compromisso com o meio ambiente O planejamento estratégico da Petrobrás reforça o compromisso da companhia de atuar com responsabilidade social e ambiental de forma totalmente integrada aos negócios, tanto no Brasil como nos outros países onde está presente. O crescimento, a rentabilidade e responsabilidade social e ambiental são fatores de desempenho na busca da excelência operacional, da gestão e do domínio tecnológico. Nos últimos dois anos, foram investidos, apenas em meio ambiente, mais de R$ 2,8 bilhões. Entre as atividades desenvolvidas pela Petrobrás na área ambiental, estão a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que permitam a preservação dos recursos naturais e contribuição para a construção de uma nova consciência coletiva voltada à preservação. Em sua história, a companhia tem se destacado pelo desenvolvimento e apoio a projetos de patrocínio ambiental. A empresa investiu em diversas iniciativas, entre elas as de preservação de espécies ameaçadas da biodiversidade. Outros projetos são voltados à educação ambiental, ao apoio a unidades de conservação e à inserção das comunidades nesses projetos. 3.5.1 - Excelência em Gestão Ambiental 42 Comprometida com a integração dos princípios da responsabilidade social e ambiental aos processos de planejamento e gestão de sues negócios, a Petrobrás implementa um projeto de excelência de segurança, meio ambiente e saúde. Como já citado anteriormente, o projeto desdobra-se em diversos componentes como a maximização da ecoeficiência de operações e produtos, a prevenção de acidentes e a prontidão para situações de emergência. A Petrobrás estabelece diretrizes, ações, procedimentos e projetos para otimizar a gestão ambiental e minimizar os impactos potenciais na biodiversidade das áreas de influência de suas atividades. A conscientização cada vez maior da sociedade quanto à importância da preservação ou aproveitamento sustentável dos recursos naturais fará com que apenas empresas capazes de atuar com responsabilidade obtenham as licenças de operação. Nesse contexto, a Petrobrás tem a convicção de que, para operar em áreas sensíveis, há necessidade de tecnologias limpas e sustentáveis, com impactos mínimos. 43 CONCLUSÃO O marketing ambiental é uma ferramenta viável e muito útil para as empresas e organizações e trás também, conseqüentemente, benefícios para toda sociedade. Apresenta inúmeras vantagens, mas sua aplicação exige um esforço coletivo para superar diversas dificuldades, que com o resultado obtido certamente compensa enfrentá-las. Dentre as dificuldades, que não chegam a ser desvantagens, estão: • Alto custo – a aplicação do marketing ambiental nas empresas requer uma transformação em todas as áreas que ela engloba, tanto interna quanto externamente, precisando para isso enorme investimento. É necessário antes de tudo criar uma consciência ecológica em todos os funcionários e também na comunidade que os cerca, através de, por exemplo, eventos educativos, palestras, etc. Depois, partir para a prática, modificando a infra-estrutura e todo processo de produção da empresa, tornando cada detalhe ecologicamente correto. Além disso, as empresas têm que produzir sustentavelmente, preservando o meio ambiente e cultivando sempre a melhoria dele. • Longo prazo – os resultados do marketing ambiental só são perceptíveis de fato a médio e longo prazo, pois é necessária a combinação de todas as variáveis que ele implica para torná-lo concreto e rentável. • Esforços – como já citado, é necessário o esforço coletivo para a aplicação do marketing ambiental. Comunidade, empresários e funcionários têm que dar o melhor de si para conquistar os tão desejados resultados positivos. 44 • Propaganda – para o marketing ambiental não basta fazer propaganda ecologicamente correta. Apenas anunciar que a empresa preserva, tem projetos ambientais e é sustentável não é o suficiente para satisfazer as necessidades do consumidor e do meio ambiente. Portanto é preciso cumprir de fato as políticas e responsabilidades pela empresa assumidas. Superadas as dificuldades, abre-se um leque de oportunidades e vantagens para as empresa que utilizam o marketing verde. É compensador satisfazer empresa, sociedade e natureza, todos saem de maneiras diferentes ganhando. De forma resumida: a empresa aumenta seus lucros e fica com a imagem positiva, a sociedade consome produtos e serviços de alta qualidade e ecologicamente corretos, e a natureza se mantém preservada. Aproveitando o conceito de desenvolvimento sustentável, o ecomarketing visa transformar e utilizar os produtos e serviços já existentes, sem prejudicar o consumo das gerações futuras. Analisando mais amplamente, sem prejudicar o futuro do planeta. Como exemplificado pela empresa Petrobrás, esse conceito não é uma utopia, pode se tornar sim uma realidade. Prejudicial é esperar que os problemas se tornem tão graves para começar a agir. Foi preciso um acidente ambiental para a Petrobrás despertar e investir no marketing ambiental. Analisando globalmente, percebe-se que a poluição, o superaquecimento, as enchentes, enfim, as catástrofes são “necessárias” para gerar um princípio de preocupação com o futuro do planeta. Se, empresas de pequeno, médio e grande porte tiverem uma parcela de visão que a empresa Petrobrás tem, aliado aos governos, ONGs e consumidores verdes, não será preciso enfrentar tantas dificuldades para se alcançar bens ecologicamente corretos e sustentáveis. 45 BIBLIOGRAFIA A Petrobrás e o Mundo da Energia. Distribuição. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Energias Renováveis. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Exploração. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Gás Natural. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Gestão da Qualidade. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Produção. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Refino. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Petrobrás, s/d. A Petrobrás e o Mundo da Energia. Tecnologia. Petrobrás, s/d. Bacia de Campos: perguntas & respostas. Petrobrás, 2007. BACKER, Paul de. Gestão Ambiental: a administração verde. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1995. Biodiesel: o combustível do futuro. Rio de Janeiro: Petrobrás, s/d. Cadernos Petrobrás. Comunicação Institucional: a construção de uma marca de valor. Ministério de Minas e Energia. Rio de Janeiro: Petrobrás, 2006. Código de Ética – do Sistema Petrobrás. Petrobrás, s/d. 46 Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. COMPERJ. Petrobrás. Curso do Botinho. Ano 5, Rio de Janeiro: Petrobrás, 2007. DIAS, Reinaldo. Marketing Ambiental: ética, responsabilidade social e competitividade nos negócios. 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Brena Lago Santos Niterói, 28 de Julho de 2007 Avaliado por: Conceito: