borboletas -100

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O Sr. Luiz Bittencourt (PMDB - GO) pronuncia o
seguinte
discurso:
Senhor
Presidente,
Senhoras
e
Senhores Deputados, em fevereiro deste ano, o Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima – IPCC,
vinculado à Organização Meteorológica Mundial e ao
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
divulgou novas informações sobre o aquecimento global e
as
mudanças
climáticas,
que
deixaram
o
mundo
estarrecido.
Os dados apresentados dão uma nova dimensão ao
problema, que já vem sendo discutido internacionalmente
desde o final dos anos 80 do século passado. O
aquecimento global não é um fenômeno natural, que talvez
ocorra num futuro distante e ao qual nos adaptaremos,
lentamente e sem grandes esforços. Não, o aquecimento
global já está ocorrendo e é decorrente de atividades
humanas, dizem os cientistas.
Suas conseqüências não apenas são perceptíveis
pelo
senso
comum,
como
estão
comprovadas
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cientificamente. Podemos citar, como exemplos, o fato de
os últimos anos terem sido os mais quentes já registrados,
o aumento no número de desastres naturais, de 260 em
1990 para 337 em 2003, o aumento na intensidade e na
freqüência de furacões no Atlântico Norte, maior ocorrência
de eventos climáticos extremos, como as fortes ondas de
calor alternadas por rigorosos invernos na Europa, chuvas
torrenciais em algumas regiões e secas pronunciadas em
outras, como a que atingiu a Amazônia em 2005.
Essas alterações no clima mundial são atribuídas
pelos cientistas ao aumento da temperatura da Terra,
calculado em 0,76ºC de 1850 a 2005. Ainda que o mundo
agisse rapidamente, esse aumento de temperatura e a
correspondente elevação do nível do mar continuarão
ainda por muito tempo. Na projeção mais otimista, a
temperatura no final deste século estaria 1,8°C acima da
verificada no início do século, e, na pior, o aumento seria
de 4,0°C.
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Os prejuízos econômicos das mudanças climáticas
foram estimados, por um grupo de economistas a pedido
do governo britânico, entre 5% e 20% do PIB por ano,
enquanto que os custos para reduzir as emissões de gases
de efeito estufa podem limitar-se a apenas 1% do PIB.
O total mundial de gases de efeito estufa liberados
para a atmosfera em 1994 corresponde a cerca de 27
bilhões de toneladas de gás carbônico (CO2) equivalente,
sendo os cinco maiores emissores: Estados Unidos, com
5,4 bilhões, China, com 3,6 bilhões, Rússia, com 1,9 bilhão,
Brasil, com 1,5 bilhão, e Índia, com 1,2 bilhão. Portanto,
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,
esses cinco países, somados, contribuíram com metade
das emissões de gases de efeito estufa em 1994.
A constatação mais triste, porém, é que, ao contrário
dos outros países, que têm na queima de combustíveis
fósseis sua maior fonte de gases de efeito estufa, as
emissões brasileiras provêm do desmatamento e da
queima das nossas florestas. Considerando todos os gases
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de efeito estufa, o setor de Mudança no Uso da Terra e
Florestas respondeu por 55,4% do total, porém, quando se
considera apenas o CO2, essa participação sobe para 75%.
Ou seja, estamos errando duas vezes. Errando por
sermos responsáveis por agravar o aquecimento global,
colocando-nos entre os maiores vilões do Planeta, mas,
principalmente, errando por destruir uma das maiores
riquezas da qual dispomos: o patrimônio genético e a
diversidade biológica.
Muito se fala do desmatamento da Amazônia, que
possivelmente já perdeu 20% da sua cobertura florestal
original, em decorrência do avanço da fronteira agrícola
nas últimas décadas. Nos acostumamos, também, a
lamentar a perda da Mata Atlântica, reduzida a apenas 7%
de sua área original.
No entanto, pouco se fala da destruição do Cerrado,
que caminha a passos largos, provocada por atividades
agropecuárias ou pelo aproveitamento da vegetação para
produzir carvão. E o Cerrado, além de ser o segundo maior
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bioma brasileiro em extensão, é tão importante em termos
de diversidade biológica quanto a Floresta Amazônica e a
Mata Atlântica. O Cerrado é reconhecido como a savana
mais rica do mundo, com mais de 10.000 espécies de
plantas, sendo 4.400 exclusivas dessa região, mais de 800
espécies de aves, 161 mamíferos, 150 anfíbios e 120
répteis, muitas delas também endêmicas, afora as milhares
de espécies de insetos, onde se destacam as borboletas e
abelhas.
Por todos esses motivos, Senhores Parlamentares, é
preciso evitar a destruição dos nossos biomas, não apenas
a Amazônia, mas também a Mata Atlântica e o Cerrado.
Alternativas existem, a começar da utilização das áreas
subutilizadas ou abandonadas.
Temos uma legislação ambiental das mais modernas
do mundo. É preciso fazer com que seja cumprida. É
preciso que exerçamos com mais vigor nossa função
constitucional de fiscalização das políticas públicas, antes
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que seja tarde demais!
Bittencourt.doc
2007_1453_Luiz
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