Representações Sociais sobre os Alimentos Transgênicos na Cidade de Amambai-MS Social Representations about GM Food in the City of Amambai - MS 1 SOUZA, Suzy Mary Lima de; MAIA, Sebastião Gabriel Chaves2. 1 Faculdades Magsul, Ponta Porã, MS, [email protected]; Faculdades Magsul, Ponta Porã, MS, [email protected]; 2 Resumo: A produção biotecnológica vem se desenvolvendo desde que o homem tirou as mãos do chão e descobriu o fogo. E a Biotecnologia passou a manusear, modificar e produzir OGM em larga escala. Objetivou-se conhecer as representações de três municípios (Coronel Sapucaia, Amambai e Ponta Porã), de pequeno, médio e grande porte da região Sul-fronteira de Mato Grosso do Sul, cuja importância é o cultivo de soja e milho, em quase 100%, transgênicos. Perceber o conhecimento da população a respeito dos produtos consumidos e seu nível de informações a respeito de seus alimentos consumidos foi o principal objetivo desta pesquisa, ao qual se apresenta os resultados da cidade de Amambai - MS. De acordo com os resultados obtidos é possível afirmar que esta população está bem mais consciente dos alimentos consumidos, uma vez que a renda familiar e a escolaridade possuem altos índices, o que facilita a obtenção de informação e interesse no assunto. Palavras-chave: Alimentos transgênicos; População de Amambai; Representação social. Abstract: The biotechnological production has developing man took his hands off the floor and discovered fire. And biotechnology has to handle, modify and produce GMOs on a large scale. The objective was to know the representations of three municipalities (Coronel Sapucaia, Amambai and Ponta Pora), small, medium and large size of the South border of Mato Grosso do Sul, whose importance is the cultivation of soybeans and corn in almost 100 % GM. Toperceive people's knowledge about the products consumed and their level of information about their food consumed was the main objective of this research, which presents the results of the city of Amambai - MS. According to the results we can say that this population is much more aware of the food consumed, since the family income and education have higher rates, which facilitates obtaining information and interest in the subject. Keywords: GM foods; Population of Amambai; Social representations. Introdução A produção biotecnológica vem se desenvolvendo desde que o homem tirou as mãos do chão e descobriu o fogo (ARANTES, 2012), tal questão remonta desde a origem do ser humano, com sua produção de alimentos através da seleção de sementes para a agricultura, há dez mil anos atrás, no final do período neolítico, provavelmente começou antes, com o manejo das florestas e outros tipos de vegetação e a domesticação de animais (COUTINHO, 1999), após com o desenvolvimento do pastoreio e domesticação dos animais, até a produção de pão, bebidas alcoólicas e cozimento dos alimentos (SOUZA, 2013). A Biotecnologia definida como a prática da ciência e tecnologia na vida: [...] envolvendo o desenvolvimento de técnicas, produtos ou processos utilizando organismos vivos ou partes destes. É uma área multidisciplinar que se desenvolve englobando diversas áreas do conhecimento como a Genética, Bioquímica, Agronomia, Microbiologia, Farmacologia, Química, Imunologia, entre outras (TAKAHASHI et al., 2008, p. 3). É dividida em Clássica e Moderna, pois, a partir da descoberta da Tecnologia do DNA Recombinante, em 1970 (ARANTES, 2012), passou-se a manusear, modificar e produzir OGM em larga escala. A sociedade está dependente destes alimentos, uma vez que, a mulher trabalha tanto ou mais que os homens, sendo que em séculos anteriores, os homens trabalhavam, e as mulheres ficavam em casa. Hoje, muitas vezes acontece o contrário, faltando tempo para cozinhar seu próprio alimento, quem possui poder aquisitivo e uma estabilidade maior, contrata uma empregada doméstica para realizar as atividades e cozinhar, mas aqueles que não disponibilizam de tal benefício, o que corresponde à maioria da população brasileira, compram comida pronta de rápido preparo – fast food. O que prejudica tanto saúde da população como agrava o aparecimento de doenças cada vez mais comuns como, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, colesterol, câncer, osteoporose (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006; WHO, 2003 apud BARROS, 2008) dentre outras que estão relacionadas especificamente a má alimentação e consumo de fast foods. No Brasil, quem regulamenta a produção de alimentos transgênicos e sua distribuição é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com a Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005 (BRASIL, 2005) ou lei da Biossegurança, que aborda: [...] o compatível desenvolvimento socioeconômicos com a preservação e a restauração do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, o desenvolvimento de pesquisas voltadas para o uso racional dos recursos ambientais, a conscientização pública acerca da necessidade de preservação e a imposição de sanções ao poluidor e ao predador, inclusive e com fins econômicos (GIEHL, 2007). Toda essa legislação subsidia a produção, comercialização e divulgação dos produtos OGMs, uma questão necessária para a manutenção e crescimento dos mesmos. Na sociedade atual todos os dias surgem novos alimentos que oferecem vantagens sobre seu enriquecimento em fonte de vitaminas, sais minerais ou que não contenham gorduras Trans, ou 0% de sal, enfim, alimentos que visam não só agradar o cliente, mas também, romper a concorrência, oferecendo alimentos de “qualidade”. Mas, os que poucas pessoas se preocupam são como esses alimentos foram produzidos, e muito menos, como estes alimentos podem afetar a saúde da população, e ainda mais, como esses alimentos podem afetar o meio ambiente. Embora, ainda se busque novas alternativas para as monoculturas transgênicas, sendo uma delas, e mais incentivadas atualmente, as agroflorestais, a população urbana aumenta mais do que a população rural (ARANTES, 2012) permitindo a diminuição da Agricultura orgânica e facilitando a implementação de Agriculturas industrializadas (FONSECA, 2009). Assim mesmo, cabe destacar, que falta muito para conseguir mecanismos de grande produtividade e lucro, mas, viáveis a saúde humana, uma vez, que a população terrestre atingiu um total de 7 bilhões de habitantes, podendo chegar, em 2050, a cerca de dez bilhões de pessoas, na qual, a maior preocupação é alimentar todas as pessoas, sendo que, em 2010-12, são cerca de 850 milhões de pessoas desnutridas, 98% delas nos países não desenvolvidos (ARANTES, 2012). Segundo esta mesma autora as “[...] pessoas que sofrem com a fome e pobreza ainda são 1 bilhão” (p. 15), vivendo sem condições alimentares adequadas, sem acesso adequado a saúde e educação. Em linhas gerais, cabe um questionamento: Mas, até que ponto as pessoas conhecem os benefícios e malefícios de tais alimentos? Em que ponto, se justifica o seu consumo? E as pessoas, será que realmente sabem o que estão consumindo? Será que os alimentos OGMs são base para a alimentação mundial? Tais questionamentos, não são críticas, mas são reflexões a serem feitas pela sociedade. Além disso, as mudanças climáticas que alteram o período de chuvas e a distribuição de pragas e doenças na agricultura, exigem adaptação de plantas para a produção de alimentos, influenciando e justificando a alteração dos vegetais para os organismos transgênicos amplamente distribuídos (ARANTES, 2012). Entretanto, o desperdício de alimentos que ocorre em toda a cadeia de distribuição e consumo, em todos os países, afeta a produção e distribuição dos alimentos de forma igual, influenciando no custo e consumo de tais produtos necessários a todos os seres humanos. Por se tratar de uma pesquisa elaborada para o Trabalho de Conclusão de Curso, objetivouse conhecer as representações de três municípios (Coronel Sapucaia, Amambai e Ponta Porã), de pequeno, médio e grande porte da região Sul-fronteira de Mato Grosso do Sul, cuja importância é o cultivo de soja e milho, em quase 100%, transgênicos. Perceber o conhecimento da população a respeito dos produtos consumidos e seu nível de informações a respeito de seus alimentos consumidos foi o principal objetivo desta pesquisa, ao qual se apresenta os resultados da cidade de Amambai - MS. Metodologia Esta pesquisa compõe um total de 55 entrevistados, ao qual foram obtidos aritmeticamente em relação ao número total de 34.730 habitantes (IBGE, 2012), abordados em ruas e praças públicas próximas no centro da cidade, indiscriminadamente e questionados, além de questões sobre gênero, escolaridade, renda familiar, profissão e faixa etária: Questão 01: Quais alimentos industrializados você mais consome? (Marca/Produto) Questão 02: Desses produtos, quais você sabe/imagina que sejam transgênicos? Questão 03: Você sabe diferenciar um alimento orgânico e um alimento transgênicos? ( ) Sim; Como?____ ( ) Não; ( ) Não sabe/Não opinou. Questão 04: Sobre o alimento transgênico, acredita que trazem riscos a saúde? ( ) Concorda totalmente; ( ) Concorda parcialmente; ( ) Não concorda; ( ) Não sabe/não opinou. Questão 05: Como você escolhe seus produtos alimentícios? ( ) Somente pelo custo; ( ) Somente pela qualidade; ( ) Somente pela marca do produto; ( ) Pelo custo, pela qualidade e pela marca; ( ) Não sabe ou não opinou; ( ) Outro: ___. Questão 06: Costuma verificar os rótulos dos alimentos para verificar se são transgênicos? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Não sabe/Não opinou; ( ) Outro___. Questão 07: O que é alimento transgênico? Questão 08: Onde você leu, ouviu ou conheceu algo sobre os transgênicos? ( ) nos jornais; ( ) na televisão; ( ) na internet; ( ) por outras pessoas e rodas de conversas; ( ) nunca leu ou ouviu nada a respeito; ( ) não sabe/não opinou. Esta pesquisa é de cunho quali-quantitativa, por envolver resultados descritivos e numéricos e gráficos, cuja entrevista semiestruturada permitiu aos transeuntes, liberdade em suas respostas bem como a possibilidade de recusar a participação. O questionário aplicado baseado em pesquisa de Souza (2013) teve o intuito de obter uma maior abordagem das respostas a fim de possibilitar a análise de conteúdo de Bardin (1979) e o método Survey (FREITAS et al., 2000; SOUZA, 2013). Para demonstração dos resultados, utilizarem-se métodos estatísticos com base em cálculos de média e percentual, e se necessário programas de cálculos estatísticos para demonstrar resultados em tabelas, além disso, a ferramenta Microsoft Office Excel 2007 para elaboração dos gráficos. Resultados e discussões Na cidade de Amambai - MS forma entrevistados 55 transeuntes no centro da cidade, dentre os quais 56,36% são do gênero masculino e 43,64% do gênero masculino (Figura 1). Figura 1. Números de participantes por gênero. A renda distribuída entre os participantes é apontada na figura 2, e percebe-se uma renda maior em relação a Coronel Sapucaia, pois esta é uma população economicamente ativa obtém até 2 salários mínimos mensais. Figura 2. Organização da Renda Familiar. Em relação à faixa etária dos entrevistados, apontam-se a maioria dos entrevistados possui entre 46 e 65, seguido por transeuntes de 26 a 35 anos, uma população em idade mais avançada que em Coronel Sapucaia. Já escolaridade dos participantes, cuja maioria possui escolaridade mais elevada em comparação a Coronel Sapucaia, uma vez que Ensino Médio Completo e Ensino Fundamental Incompleto possuem empate, mas por consequência, temos 16,36% dos entrevistados portadores de graduação, ou seja, caracteriza uma população mais instruída. Figura 3. Nível de escolaridade¹. ¹EFI (Ensino Fundamental Incompleto), EFC (Ensino Fundamental Completo), EMI (Ensino Médio Completo), EMC (Ensino Médio Completo), ESI (Ensino Superior Incompleto) e ESC (Ensino Superior Completo). Em relação à opinião pública, sobre conhecimento entre alimentos transgênicos e orgânicos, obtivemos a porcentagem de 56,36% não saberem diferenciá-los enquanto que 41,82% afirmaram saber diferenciar os alimentos orgânicos pela qualidade, sabor e custos destes produtos. Apenas 1,82% dos entrevistados não opinaram sobre o assunto. Obteve-se, de acordo com as respostas, 34,55% concordam totalmente que os alimentos transgênicos podem trazer riscos à saúde, 29,09% concordam parcialmente, 21,82% não concordam e apenas 14,54% não souberam ou não opinaram. Tabela 1. Opinião dos entrevistados sobre o que são transgênicos. Categoria Alimento Modificado ou Modificado Geneticamente Industrializado Alimentos com produtos químicos (conservantes e agrotóxicos) Livre de agrotóxicos, parboilizado Alimentos que não fazem bem a saúde Não souberam/opinaram Nº entrevistado Porcentagem (%) 12 21,82 03 5,45 12 21,82 03 5,45 01 1,81 24 43,65 Sobre a questão de onde leram, ouviram ou conheceram algo sobre transgênicos, apontamos, embora devido ao índice de escolaridade maior, as instituições de ensino foram apontadas pelos participantes bem como o jornal e a televisão, como principais influencias sobre seus conhecimentos a respeito do assunto totalizando aproximadamente 80% dos entrevistados, sendo possível afirmar que esta população está bem mais consciente dos alimentos consumidos, uma vez que a renda familiar e a escolaridade possuem altos índices, o que facilita a obtenção de informação e interesse no assunto, além de maior investimento na qualidade do seu alimento. Conclusões O presente trabalho permitiu avaliar o conhecimento dos consumidores a respeito dos transgênicos, bem como determinar seu uso nas mesas dos brasileiros nesta cidade. Estes resultados demonstram a preocupação da população com a qualidade de seus alimentos bem como sua necessidade de informação a respeito dos mesmos. Com esta pesquisa é possível iniciar muitas outras discussões e pesquisas a respeito do conhecimento da população sobre os alimentos transgênicos e seu consumo. Referências bibliográficas ARANTES, O. M. N. A Bioética e a Segurança Alimentar: alimentos geneticamente modificados. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Jaguariuna, v. 14, n. 3, 14-20 p., 2012. Disponível em: <http://periodicos.ufes.br/RBPS/article/viewFile/4598/3567>. Acesso em: 30.Mar.2015; BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979, 229 p.; COUTINHO, M. M. Da Agricultura Neolítica à Segunda Revolução Verde: a história e o contexto da criação de organismos transgênicos. 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