Periodontite e Gravidez

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Periodontite e Gravidez
Parto pré-termo (PPT): parto que ocorre antes das 37 semanas de
gestação1.
Bebés com baixo peso à nascença (BPN): bebés cujo peso à nascença é
inferior a 2500g1.
- Os PPT com BPN representam aproximadamente 10% dos nascimentos anuais
nos países industrializados e 2/3 da mortalidade infantil2.
- 2/3 destes PPT são espontâneos, sendo que metade ocorre por ruptura
prematura das membranas materno-fetais e a outra metade por trabalho de
parto pré-termo2.
- 10 a 15% dos casos espontâneos ocorrem antes das 32 semanas de gestação
e para além do peso reduzido do bebé muitas vezes estão associados a
deficiências a longo prazo como doenças respiratórias crónicas e paralisia
cerebral2.
FACTORES DE RISCO PARA O PPT2:
1. Idade materna inferior a 18 anos
2. Mãe consumidora de álcool, tabaco ou drogas
3. Stress materno físico ou emocional
4. Herança genética
5. Baixa estatura ou peso da mãe
6. Estrato sócio-económico mais baixo
7. Malnutrição materna
8. Reduzido comprimento do cérvix
9. Infecções do trato génito-urinário
10. Primogestação
11. PPT prévios
Æ 25-50% dos casos têm uma origem desconhecida pensando-se
estar associados à presença de infecções (clínicas ou sub-clínicas)2.
Como?
Migração bacteriana ao longo das membranas materno-fetais
Libertação de factores
mediadores da inflamação
Inflamação
Silvia Costa Martins
Exposição do fetal a microrganismos
agressivos
Contracção uterina
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PPT
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Como é que a Doença Periodontal (DP) pode perturbar a gravidez?
Uma paciente com Periodontite activa tem bactérias agressivas por
baixo da gengiva. Numa paciente grávida em particular, com as
alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez, há um aumento
das quantidades de algumas bactérias específicas da DP, o que vai
acelerar ainda mais a destruição dos tecidos periodontais.
As bactérias associadas à DP estão constantemente a tentar ultrapassar
o sistema de defesa do hospedeiro, razão pela qual a gengiva nesses
locais está inflamada e
sangra, o que quer
dizer que algumas das
bactérias
invasoras
ultrapassam
as
defesas
iniciais
da
superfície da gengiva e
penetram
mais
profundamente até à
zona dos capilares que
irrigam
a
gengiva
(fig.1).
Fig.1 – Esquema representativo da invasão bacteriana a partir duma
bolsa periodontal activa
A esta invasão bacteriana da corrente sanguínea dá-se o nome de
bacterémia.
O organismo defende-se desta invasão e não permite que a ferida esteja
aberta por muito tempo, no entanto, numa paciente com Periodontite
crónica activa, pode ocorrer uma bacterémia durante situações tão
comuns como: comer, escovar os dentes, etc. Qualquer contacto com a
gengiva inflamada poderá permitir a entrada de bactérias no corpo.
Uma vez na corrente sanguínea, essas bactérias vão chegar a locais
distantes do organismo, como a barreira placentária, podendo então aí
dar origem às situações descritas previamente: a) aderem directamente
à barreira placentária e originam uma resposta inflamatória que conduz
às contracções uterinas do PPT; b) ao diminuírem as defesas locais da
mãe, por causarem uma inflamação local, penetram directamente nas
membranas materno-fetais, expondo assim o feto aos seus produtos
tóxicos, o que irá exacerbar a reacção inflamatória e conduzir às
contracções do PPT.
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Conclusões de alguns estudos nesta área:
•
•
Estudo com 124 mulheres grávidas ou pós-parto: a DP foi
considerada um factor de risco aumentando 7.9 vezes a
probabilidade de PPT com BBP, sendo que numa primogestação
esse risco seria de 7.5 vezes superior1.
Estudo com 80 mulheres das quais 17 tiveram uma primogestação
com PPT e BPN: níveis mais elevados de factores de defesa do
organismo específicos de bactérias da DP (IgG2 antiPorphiromonas gingivalis) estiveram associados a um aumento de
4.1 vezes do risco de BPN3 (NOTA: esses factores de defesa específicos
só existem em caso de agressão do organismo pelos ditos microrganismos).
•
•
Estudo com 1313 mulheres grávidas: a DP foi considerada um
factor de risco independente para o PPT, sendo que em DP
moderada o risco aumentava 2.83 vezes, e em DP severa subia
para 4.184. Neste mesmo estudo verificou-se que em pacientes
com DP severa a probabilidade PPT antes da 37ª semana era 4.45
vezes superior, antes da 35ª semana era 5.28 vezes superior e
antes da 32ª semana era 7.07 vezes superior às pacientes sem
DP4.
Estudo em que se avaliaram 200 grávidas com DP que foram
tratadas antes da 28ª semana e 200 grávidas com DP que foram
tratadas depois do parto: o risco de PPT nas grávidas tratadas
antes do parto foi significativamente inferior ao das que foram
tratadas após o parto (1.5 vs. 9.5) 5.
Bibliografia:
1.
2.
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Silvia Costa Martins
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