a UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA MARINA PEDROSO DE OLIVEIRA Rastreamento sorológico e molecular do vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens em Goiânia-Goiás, utilizando o método respondent-driven sampling (RDS) Goiânia 2017 MARINA PEDROSO DE OLIVEIRA Rastreamento sorológico e molecular do vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens em Goiânia-Goiás, utilizando o método respondent-driven sampling (RDS) Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Doutor em Medicina Tropical e Saúde Pública. Orientadora: Profa. Dra. Regina Maria Bringel Martins Coorientadora: Profa. Dra. Márcia Alves Dias de Matos Este trabalho foi realizado com o auxílio financeiro do Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, através do Projeto de Cooperação Técnica Internacional BRAK57 entre o Governo Brasileiro e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime - UNODC. Goiânia 2017 i Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG. Oliveira, Marina Pedroso de Rastreamento sorológico e molecular do vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens em Goiânia-Goiás, utilizando o método respondent-driven sampling (RDS) [manuscrito] / Marina Pedroso de Oliveira. - 2017. xv, 118 f.: il. Orientador: Profa. Dra. Regina Maria Bringel Martins; co orientadora Dra. Márcia Alves Dias de Matos. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Programa de Pós Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública, Goiânia, 2017. Bibliografia. Anexos. Inclui siglas, abreviaturas, símbolos, gráfico, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas. 1. Hepatite B. 2. HSH. 3. epidemiologia. 4. genótipos. 5. mutações. I. Martins, Regina Maria Bringel , orient. II. Título. CDU 579 DEDICATÓRIA Aos homens que fazem sexo com homens que contribuíram para realização deste estudo e me permitiram um crescimento acadêmico e pessoal singular. iii AGRADECIMENTOS Na vida estamos em constante evolução e aprendizado. A cada etapa cumprida percebemos o quanto temos a agradecer. Assim, minha gratidão àqueles que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste sonho: Primeiramente, agradeço a Deus por tantas bênçãos concedidas, por sempre me guiar nas minhas escolhas e me dar forças para continuar e seguir em frente. Por ter colocado nessa trajetória pessoas especiais que foram essenciais para cumprir mais essa etapa. À minha orientadora, Professora Regina Maria Bringel Martins, exemplo de pesquisadora, dedicação profissional e competência, que me guiou com sabedoria nessa trajetória. Meus sinceros agradecimentos por compartilhar seus conhecimentos e pela oportunidade de realizar o mestrado e doutorado sob sua orientação. À minha coorientadora, Professora Márcia Alves Dias de Matos, por compartilhar experiências, pela cumplicidade, paciência e pelas palavras de incentivo que me deram força durante essa caminhada. À Professora Carmen Luci Rodrigues Lopes pelo carinho, cuidado e contribuição ao longo deste estudo. Obrigada por não medir esforços para nos auxiliar na implantação e execução deste trabalho, sempre tão disposta e generosa. À Professora Sheila Araújo Teles e ao Professor Marcos André Matos exemplos de dedicação a pesquisa e humanismo. Obrigada por nos auxiliar na implantação deste estudo e pelo apoio durante a realização do mesmo. A colaboração de vocês nos enriquece bastante. À Professora Megmar Aparecida dos Santos Carneiro pelos ensinamentos constantes desde a graduação, a convivência com você contribui muito para meu crescimento pessoal e profissional. Aos alunos e ex-alunos do laboratório de virologia do IPTSP-UFG que tanto contribuíram para meu crescimento acadêmico e me mostraram o quanto é enriquecedor o trabalho em equipe. Ágabo Macedo, Andreia Andrade, Edna Santana, Nara Rúbia, Nativa Helena, Lyriane Apolinário, Kamilla Nogueira, Juliana Menara, Lorena Santana, Jerusa Marrielli, Gabryella Teixeira, Brunna Rodrigues, Raphael Brandão, Matheus Aires, Mariana Oliveira, Nadia Rubia, Aline Kozlowski, Tamíris Marinho, Thais Marinho e Tassia Marinho obrigada pelo companheirismo, pelos ombros amigos, pelas palavras de incentivo e por tornarem essa trajetória mais leve. Vocês foram essenciais para que eu chegasse até aqui. Aos amigos e parceiros de projeto, Andreia Alves de Andrade, Edna Braz Rocha de Santana e Ágabo Macedo Costa e Silva, o entusiasmo, compromisso e boa vontade de vocês fez com que este trabalho fosse prazeroso de ser realizado. À equipe do laboratório de virologia molecular do IOC/FIOCRUZ, em especial Dra. Natalia Araujo, Natalia Spitz e Dra. Bárbara Lago, pela colaboração na realização dos testes moleculares e pela gentileza de terem me recebido tão bem no laboratório e compartilhado seus conhecimentos. iv Às colegas, Sueli Meira e Jildamáris Meira, pela disposição e auxílio prestado durante as coletas de dados. À Dra. Rosa Maria Salani Mota pela realização da análise estatística dos dados desta tese. Aos HSH participantes e às parcerias que estabelecemos para o desenvolvimento deste estudo, em especial à Beth Fernandes e Edson Santana, vocês foram essenciais nesse trajeto. À banca de qualificação, Profa. Sheila Araújo Teles, Profa. Marília Dalva Turchi e Prof. Marcos André Matos, pelas valiosas contribuições no aperfeiçoamento desta tese. À Universidade Federal de Goiás que permitiu meu crescimento e amadurecimento acadêmico desde a graduação até o doutorado. Tenho orgulho de ser UFG! Aos docentes e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/UFG, pelos ensinamentos e auxílio prestado ao longo desses anos. Ao CNPq pela bolsa de incentivo a pesquisa que me permitiu dedicar integralmente ao doutorado durante três anos. Ao Ministério da Saúde e Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) pelo financiamento do estudo. Aos meu pais, Antônio Luiz e Maria Tereza, que apoiaram minhas escolhas e confiaram em mim quando mais precisei. Vocês são meu porto seguro! Obrigada pelos exemplos de vida e por tantos ensinamentos, dentre eles o valor do trabalho e do estudo. Ao meu irmão, ao meu namorado, familiares e amigos, obrigada pelo carinho, paciência, incentivo, amizade e pelos bons momentos que sempre me renovaram me dando forças para continuar. v SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ viii LISTA DE QUADROS ................................................................................................ ix LISTA DE ANEXOS .................................................................................................... x SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS................................................................ xi RESUMO .................................................................................................................. xiv ABSTRACT ............................................................................................................... xv 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 1.1 Considerações iniciais.......................................................................................... 1 1.2 Classificação e características do vírus da hepatite B ........................................... 2 1.2.1 Estrutura do genoma...................................................................................... 4 1.3 Replicação do vírus da hepatite B ........................................................................ 6 1.4 Variabilidade do HBV ......................................................................................... 9 1.4.1 Subtipos sorológicos ..................................................................................... 9 1.4.2 Genótipos .................................................................................................... 10 1.4.3 Subgenótipos ............................................................................................... 12 1.4.4 Mutações no genoma ................................................................................... 13 1.5 Aspectos clínicos da hepatite B .......................................................................... 16 1.6 Patogenia da infecção pelo HBV ........................................................................ 19 1.7 Diagnóstico laboratorial da infecção pelo HBV ................................................. 20 1.8 Tratamento da hepatite B ................................................................................... 23 1.9 Epidemiologia da infecção pelo HBV ................................................................ 24 1.9.1 Transmissão ................................................................................................ 24 1.9.2 Distribuição da infecção pelo HBV ............................................................. 26 1.9.3 Distribuição dos genótipos e subgenótipos .................................................. 29 1.10 Prevenção e controle da infecção pelo HBV..................................................... 30 1.11 Hepatite B em homens que fazem sexo com homens........................................ 32 1.12 Métodos de amostragem em populações de difícil acesso ................................. 36 2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 39 3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 41 3.1 Objetivo geral .................................................................................................... 41 3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 41 4 RESULTADOS ....................................................................................................... 42 vi 4.1 Artigo 1 ............................................................................................................. 43 4.2 Artigo 2 ............................................................................................................. 70 5 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 85 6 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 91 7 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 92 ANEXOS .................................................................................................................. 117 vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação esquemática do vírus da hepatite B ........................................ 3 Figura 2 - Microscopia eletrônica do vírion e partículas subvirais do HBV .................... 3 Figura 3 - Organização genômica do HBV .................................................................... 4 Figura 4 - Ciclo replicativo do HBV.............................................................................. 8 Figura 5 - Algoritmo para determinar os subtipos do HBV a partir da estrutura primária do gene S .................................................................................................................... 10 Figura 6 - Árvore filogenética com os genótipos do HBV, incluindo os propostos I e J 12 Figura 7 - Curso típico da hepatite B aguda ................................................................. 22 Figura 8 - Curso típico da infecção crônica pelo HBV ................................................. 22 Figura 9 - Prevalência do HBsAg no mundo, 1957-2013 ............................................ 27 Figura 10 - Representação gráfica de um recrutamento por RDS ................................ 38 viii LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Mutações no genoma do HBV e suas implicações clínicas ......................... 16 Quadro 2 - Prevalência da infecção pelo HBV em diferentes grupos populacionais no estado de Goiás ........................................................................................................... 28 Quadro 3 - Estudos de prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens ............................................................................................. 35 ix LISTA DE ANEXOS Anexo 1 - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ................................................... 117 Anexo 2 - Artigo 1: Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey (artigo publicado) ................................. 118 x SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS A Alanina Aa Aminoácidos ADF Adefovir ALT Alanina Aminotransferase Anti-HBc Anticorpo Contra o Antígeno do Core do Vírus da Hepatite B Anti-HBe Anticorpo Contra o Antígeno “E” do Vírus da Hepatite B Anti-HBs Anticorpo Contra o Antígeno de Superfície do Vírus da Hepatite B BCP Promotora Basal do Core cccDNA DNA Circular Covalentemente Fechado CDC Centers for Disease Control and Prevention CHC Carcinoma Hepatocelular DNA Ácido Desoxirribonucleico DR Direct Repeats DST Doença Sexualmente Transmissível ELISA Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay / Ensaio Imunoenzimático Enh Enhancers ETV Entecavir HAV Vírus da Hepatite A HBV Vírus da Hepatite B HBcAg Antígeno do Core do Vírus da Hepatite B HBIG Imunoglobulina Humana Anti-hepatite B HBeAg Antígeno “E” do Vírus da Hepatite B HBsAg Antígeno de Superfície do Vírus da Hepatite B xi HBxAg Antígeno X do Vírus da Hepatite B HCV Vírus da Hepatite C HDV Vírus da Hepatite D HEV Vírus da Hepatite E HIV Vírus da Imunodeficiência HLA Antígeno Leucocitário Humano HSH Homens que Fazem Sexo com Homens I Isoleucina ICTV Comitê Internacional de Taxomonia do Vírus Ig Imunoglobulina INF Interferon INF-α Interferon Alfa IST Infecção Sexualmente Transmissível Kb Kilobases LAM Lamivudina LdT Telbivudina LGBT Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros M Metionina N Asparagina NK Natural Killer NTCP Sodium-taurocholate co-transporting polypeptide OMS Organização Mundial da Saúde ORF Open Reading Frame / Região aberta de leitura Pb Pares de Bases xii PCR Reação em Cadeia pela Polimerase PEG-INF-α Interferon Alfa Peguilado pgRNA RNA pré-genômico PNI Programa Nacional de Imunização R Arginina RNA Ácido Ribonucleico RNAm RNA Mensageiro RNAse H Ribonuclease H RT Transcriptase Reversa SUS Sistema Único de Saúde T Treonina TDF Tenofovir TGG Triptofano TNF Fator de Necrose Tumoral TP Proteína Terminal V Valina xiii RESUMO Homens que fazem sexo com homens (HSH) apresentam maior vulnerabilidade para infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) quando comparados à população em geral. No Brasil, o perfil epidemiológico da hepatite B em HSH ainda é pouco conhecido. Este estudo teve como objetivos estimar a prevalência da infecção pelo HBV em HSH em Goiânia-Goiás e analisar os fatores associados, realizar a caracterização molecular dos isolados virais, bem como investigar a situação vacinal contra hepatite B e fatores associados. Estudo transversal conduzido em HSH na região metropolitana de GoiâniaGO. De março a novembro de 2014, um total de 522 participantes foi recrutado utilizando o método respondent-driven sampling (RDS). Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, os HSH foram entrevistados e amostras sanguíneas coletadas. Todas as amostras foram testadas por ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção dos marcadores sorológicos da hepatite B e submetidas à extração e amplificação do HBV DNA. Os isolados do HBV foram sequenciados para determinação dos genótipos e subgenótipos do vírus por análise filogenética e para identificação de mutações no genoma viral. Os dados foram analisados utilizando os programas RDSAT e SPSS. A prevalência global da infecção pelo HBV (anti-HBc) foi de 15,4% (IC 95%: 8,7-25,8) e do HBsAg de 0,6% (IC 95%: 0,2-1,6). Idade acima de 25 anos, sexo anal receptivo, relação sexual com mulheres e história de infecções sexualmente transmissíveis (IST) foram fatores associados à infecção pelo HBV. O DNA viral foi detectado apenas nos indivíduos HBsAg positivos, não sendo observada infecção oculta na população estudada. Os isolados do HBV foram classificados como pertencentes ao genótipo A (subgenótipos A1 e A2) do HBV. Mutações nas regiões S (T131N), promotora basal do core (BCP) (A1762T/G1764A) e Pré-C/C (G1862T/G1888A e G1862T) do genoma viral foram identificadas. Cerca de 40% (IC 95%: 32,3-48,8) dos participantes tinham evidência sorológica de vacinação contra hepatite B (anti-HBs isolado), enquanto que 76,2% relataram ter recebido a vacina previamente. Além disso, 44,3% (IC 95%: 36,1-52,9) dos HSH eram suscetíveis à infecção pelo HBV. Observou-se uma maior positividade para anti-HBs isolado entre os HSH com até 25 anos de idade, seguido de seu declínio com o aumento da idade e, por outro lado, verificou-se aumento da infecção pelo HBV. A vacinação contra a hepatite B foi associada ao sexo anal desprotegido e marginalmente à história de IST. Neste estudo, notou-se, ainda, uma baixa concordância entre evidência sorológica e auto relato de vacinação (k = 0,17). Estes resultados revelam uma prevalência global elevada da infecção pelo HBV na população estudada e sua associação com comportamentos sexuais de risco e, em contraste, uma frequência baixa de vacinação contra hepatite B, evidenciando a necessidade de políticas públicas contínuas de saúde voltadas para os HSH, incluindo estratégias para aumentar a cobertura vacinal, além do monitoramento dos indivíduos portadores do HBV. Palavras-chave: Hepatite B, HSH, epidemiologia, vacinação, genótipos, mutações. xiv ABSTRACT Men who have sex with men (MSM) are more vulnerable to hepatitis B virus (HBV) infection when compared to the general population. In Brazil, the epidemiological profile of hepatitis B in MSM is still poorly understood. This study aimed to estimate the prevalence of HBV infection in MSM in Goiânia-Goiás and to analyze the associated factors, perform a molecular characterization of the viral isolates, as well as to investigate the vaccine situation against hepatitis B in this population. A cross-sectional study was conducted among MSM in the City of Goiânia, Central Brazil. From March to November 2014, a total of 522 participants were recruited using respondent-driven sampling (RDS). After signing the consent form, MSM were interviewed and a blood sample was collected. All samples were tested for HBV serological markers and HBV DNA. HBV isolates were sequenced for the determination of HBV genotypes and subgenotypes by phylogenetic analysis and for identification of mutations in viral genome. Data were analyzed using the RDSAT and SPSS programs. The overall prevalence of HBV infection (presence of anti-HBc marker) was 15.4% (95% CI: 8.7-25.8) and the rate of HBsAg carriers was 0.6% (95% CI: 0.2-1.6). Age over 25 years old, receptive anal intercourse, previous sex with women, and history of sexually transmitted infection (STI) were factors associated with HBV infection. Viral DNA was detected only in HBsAg-positive individuals, and occult HBV infection was not observed in the study population. HBV isolates were classified into genotype A (subgenotypes A1 and A2). Mutations in the S (T131N), basal core promoter (BCP) (A1762T/G1764A) and Pre-C/C (G1862T/G1888A and G1862T) regions of the HBV genome were identified. About 40% (95% CI: 32.3-48.8) of the participants had serological evidence of previous HBV vaccination (reactive for isolated anti-HBs), while 76.2% reported having previously received the vaccine. In addition, 44.3% (95% CI: 36.1-52.9) of MSM were susceptible to HBV infection. A greater frequency of positivity for anti-HBs alone was observed among MSM up to 25 years old, followed by declining vaccination with increasing age. By contrast, an increase in HBV infection with increasing age was found. HBV vaccination was associated with unprotected anal intercourse and history of STI (with a borderline p-value). In this study, we observed a poor agreement when comparing the self-reported and serologic evidence of HBV vaccination (k = 0.17). These results reveal a high overall prevalence of HBV infection in the study population associated with sexual risk behaviors, and in contrast, a low frequency of hepatitis B vaccination, evidencing a need for public health strategies to increase vaccine coverage in MSM, in addition to monitoring HBV carriers. Key words: Hepatitis B, MSM, epidemiology, vaccination, genotypes, mutations. xv 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais Hepatites virais são infecções provocadas por diferentes vírus hepatotrópicos que, embora classificados em diferentes famílias, compartilham a capacidade comum de se replicar no fígado (THOMAS; YONEDA; SCHIFF, 2015). Os principais agentes etiológicos que causam hepatites virais descritos até o momento são: vírus da hepatite A (HAV) (FEINSTONE; KAPIKIAN; PURCELI, 1973), vírus da hepatite B (HBV) (DANE; CAMERON; BRIGGS, 1970), vírus da hepatite C (HCV) (CHOO et al., 1989), vírus da hepatite delta (HDV) (RIZZETO et al., 1977) e vírus da hepatite E (HEV) (BALAYAN et al., 1983). Em relação à descoberta do HBV, vale destacar que, no ano de 1965, Blumberg e colaboradores descobriram, em uma amostra de soro de aborígine australiano, um antígeno que reagia especificamente com um anticorpo presente no soro de pacientes hemofílicos politransfundidos, denominando-o de antígeno Austrália (Au) (BLUMBERG; ALTEN; VISNICH, 1965). Posteriormente, Dane, Cameron, Briggs (1970) identificaram, por microscopia eletrônica, a partícula completa do vírus da hepatite B a partir do soro de portadores do antígeno Austrália, sendo atualmente conhecido como antígeno de superfície do HBV (HBsAg). A hepatite B representa um importante problema de saúde pública com distribuição global. Cerca de 240 milhões de pessoas no mundo são portadores crônicos do HBV, sendo que a forma crônica dessa infecção está associada a uma variedade de manifestações clínicas, que vão desde um estado de portador assintomático a complicações hepáticas graves, incluindo cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC) (WHO, 2015a). A prevalência da hepatite B no mundo é variável, sendo a África subsaariana e parte da Ásia consideradas regiões de alta endemicidade, com prevalência para o HBsAg maior ou igual a 8%. Países do leste e sul da Europa, regiões das Américas do Sul e Central, Oriente Médio e África apresentam taxas intermediárias para o HBV (27%). Já prevalências baixas, com positividade para o HBsAg menor que 2% são encontradas em parte das Américas, Europa Ocidental, Austrália e Japão (LOCARNINI et al., 2015; SCHWEITZER et al., 2015). O Brasil é considerado um país com endemicidade baixa para o HBV, segundo o estudo de prevalência de base populacional 1 realizado nas capitais brasileiras, no qual a prevalência estimada para o HBsAg foi de 0,37% na população geral (BRASIL, 2010a; PEREIRA et al., 2009). O HBV é transmitido de forma eficiente pelas vias vertical, sexual e parenteral/percutânea (HOU; LIU; GU, 2005; KWON; LEE, 2011; LOCARNINI et al., 2015). No Brasil, a transmissão do vírus ocorre pela via parenteral e, sobretudo, pela via sexual, a qual é uma das principais causas de infecção pelo vírus da hepatite B (BRASIL, 2008; PEREIRA et al., 2009). Estratégias de prevenção e controle da infecção pelo HBV incluem mudanças comportamentais sexuais e condutas que evitem a exposição ao sangue e outros fluidos corporais, diagnóstico precoce, tratamento dos portadores crônicos e a vacinação contra o HBV, a qual é a medida preventiva mais segura e eficaz (BRASIL, 2009; FRANCO et al., 2012; KWON; LEE, 2011; LOCARNINI et al., 2015; WHO, 2012; 2015a). Nota-se que alguns grupos populacionais, como os homens que fazem sexo com homens (HSH), apresentam taxas de prevalência de hepatite B superiores às encontradas na população em geral (CHOW et al., 2014; SOARES et al., 2014; TSENG et al., 2012). A maior vulnerabilidade desse grupo está relacionada especialmente à transmissão associada ao sexo anal desprotegido, múltiplos parceiros sexuais, histórico de infecção sexualmente transmissível (IST), estigma social, violência e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde (CDC, 2015a; DE VRIES, 2014; RISHER et al., 2013; SABIDÓ et al., 2015). 1.2 Classificação e características do vírus da hepatite B O vírus da hepatite B é classificado na família Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus (ICTV, 2015). A partícula completa do HBV (vírion), também denominada partícula de Dane, mede aproximadamente 42 nm de diâmetro. O vírion apresenta, externamente, um envelope lipoproteico constituído pelo HBsAg e, internamente, um nucleocapsídeo icosaédrico formado pela proteína ou antígeno do core (HBcAg), onde se encontra o material genético (DNA) associado a enzima DNA polimerase/transcriptase reversa (Figura 1) (DOO; GHANY, 2010; LIANG, 2009; SEEGER; MASON, 2015). 2 Figura 1 - Representação esquemática do vírus da hepatite B (modificada) Fonte: http://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-royalty-free-v%C3%ADrus-dahepatite-b-image22144156 Além do vírion, partículas subvirais ou incompletas são observadas, por microscopia eletrônica, no soro de pacientes infectados pelo HBV, nas formas esféricas e tubulares (Figura 2). Essas partículas não infecciosas medem cerca de 20-22 nm de diâmetro, sendo constituídas principalmente pelo HBsAg e desprovidas do genoma do vírus (DOO; GHANY, 2010; GERBER et al., 1974; GLEBE; BREMER, 2013; LIANG, 2009). Figura 2 - Microscopia eletrônica do vírion e partículas subvirais do HBV (modificada) Fonte: http://www.hepb.org/hepb/hepatitis_b_virus.htm 3 1.2.1 Estrutura do genoma O genoma do vírus da hepatite B é um dos menores dentre os vírus que infectam humanos. É formado por uma molécula de DNA circular de fita parcialmente dupla, com cerca de 3.200 pares de bases (pb). A fita maior tem polaridade negativa, sendo complementar ao RNA mensageiro (RNAm). A extremidade 5’ dessa fita está covalentemente ligada à polimerase viral. Já a fita incompleta possui polaridade positiva e comprimento variável (DOO; GHANY, 2010; NASSAL, 2015). O genoma do HBV é organizado em quatro fases abertas de leitura (Open Reading Frame - ORF) parcialmente sobrepostas, denominadas Pré-S/S, Pré-C/C, P e X (Figura 3). Para regulação da atividade gênica há dois elementos potencializadores da transcrição (enhancers) Enh I e Enh II e, próxima a extremidade de ambas as fitas, observa-se duas pequenas sequências de nucleotídeos denominadas DR1 e DR2 (Direct Repeats), importantes na iniciação da replicação do HBV (GANEM; VARMUS, 1987; LIANG, 2009; NASSAL, 2015; SEEGER; MASON, 2015). Figura 3 - Organização genômica do HBV. O esquema mostra as quatro fases de leitura aberta (ORF) do genoma: Pré-S/S, Pré-C/C, P e X. As linhas externas representam os transcritos virais, enquanto que as pontas das setas indicam os inícios de transcrição; ε simboliza o sinal de encapsidação no RNA pré-genômico (pg). A organização é compacta com sobreposição das ORFs e elementos regulatórios, em que as setas verdes indicam os promotores, Enh I e Enh II são os potencializadores de transcrição, DR1 e DR2 são repetições diretas. Fonte: Nassal (2015) 4 Fase de leitura aberta Pré-S/S A região Pré-S/S codifica as proteínas de superfície denominadas L (large), M (middle) e S (small), as quais constituem o HBsAg (SEEGER; MASON, 2015). A leitura a partir do códon de iniciação Pré-S1, seguido do Pré-S2 e S, codifica a proteína L, com 389 aminoácidos (aa). Essa proteína contém sítios de ligação do HBV aos receptores específicos nos hepatócitos, além de epítopos que induzem a produção de anticorpos neutralizantes para o vírus (CHEN et al., 2013; NEURATH et al., 1986; SEEGER; MASON, 2000). A síntese da proteína M (281 aa) é codificada a partir do códon de iniciação da região Pré-S2, seguida pela S. A referida proteína possui uma região que mimetiza a albumina sérica humana, a qual tem importância na adsorção do vírus (DASH et al., 1991; THUNG; GERBER, 1984). A proteína S (226 aa), principal componente do envelope, é sintetizada pela região S, sendo capaz de induzir a formação de anticorpos específicos com atividade neutralizante e protetora, independente do subtipo viral. Por essa razão, esse antígeno é utilizado na produção de vacinas contra a hepatite B (HOLLINGER, 2007; SEEGER; MASON, 2000, 2015). Fase de leitura aberta Pré-C/C A região Pré-C/C possui dois códons de iniciação na mesma ORF. A região C codifica o HBcAg, uma proteína com 183 aa que compõe o nucleocapsídeo viral (LIANG, 2009; NASSAL; SCHALLER, 1996; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). O HBcAg não é detectado no soro de pacientes infectados pelo HBV, uma vez que está presente nos hepatócitos do hospedeiro. Essa proteína é capaz de interagir com o genoma humano em células do fígado infectadas, podendo ligar-se a vários promotores de genes e, assim, pode ter implicações na patogenicidade da infecção pelo HBV. Por outro lado, o HBcAg induz a produção de anticorpos (anti-HBc), detectáveis no soro nas frações de imunoglobulinas (Ig) M ou IgG (KAY; ZOLIUM, 2007; MILICH; MCLACHALAM, 1986; OZKAL-BAYDIN, 2014). A transcrição iniciada na região Pré-C dá origem ao antígeno “e” do HBV (HBeAg), um peptídeo de 29 aa, solúvel, secretado pelos hepatócitos e liberado na corrente sanguínea, o qual é considerado um importante marcador de replicação viral ativa (KAY; ZOLIUM, 2007; SEEGER; MASON, 2015; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). 5 Fase de leitura aberta P A ORF P, também denominada região da polimerase, se sobrepõe às demais regiões do genoma do HBV, sendo a mais extensa delas. Essa região codifica uma proteína de 843 aminoácidos, que possui quatro domínios funcionais. O primeiro é o domínio aminoterminal, que atua como proteína terminal (TP) ou iniciador, responsável pelo início da síntese da fita de DNA de polaridade negativa. O segundo, chamado de região espaçadora, atua como uma conexão entre os domínios. O terceiro, denominado domínio da transcriptase reversa (RT), codifica a DNA-polimerase RNA-dependente. O último é o domínio carboxiterminal, o qual codifica a ribonuclease H (RNAse H), responsável por degradar o RNA pré-genômico e facilitar a replicação (CHEN et al., 2013; LIANG, 2009; SEEGER; MASON, 2015). Fase de leitura aberta X A menor região do genoma viral, ORF X, codifica HBx, uma proteína regulatória com aproximadamente 154 aa, que está presente no citoplasma e, em menor quantidade, no núcleo dos hepatócitos de pacientes infectados pelo HBV. Essa proteína possui papel crucial na infecção e replicação viral, além de ter implicação na patogênese do carcinoma hepatocelular (CROSS; WEN; RUTTER, 1993; OZKAL-BAYDIN, 2014; ZHANG; WANG; YE, 2014). Os mecanismos moleculares envolvendo HBx como mediador da hepatocarcinogênese ainda precisam ser melhor elucidados. Entretanto, quatro mecanismos têm sido descritos para explicar o potencial oncogênico dessa proteína, que incluem a transativação ou repressão de genes ligados à proliferação celular, interação com proteínas relacionadas à resposta celular para o processo oncogênico, ativação de células pelas vias de sinalização e ainda mudanças epigenéticas, tais como: metilação de DNA, modificação de histonas e expressão de micro-RNA (RAJPUT; SHUKLA; KUMAR, 2015; SHLOMAI; DE JONG; RICE, 2014; ZHANG et al., 2015; ZHU et al., 2015). 1.3 Replicação do vírus da hepatite B A Figura 4 apresenta as principais etapas do ciclo replicativo do HBV. Inicialmente, há uma interação de alta afinidade entre a região aminoterminal da proteína 6 de superfície L do vírus com o receptor NTCP (sodium-taurocholate co-transporting polypeptide), um transportador transmembrana múltiplo, predominantemente expresso nos hepatócitos. Recentemente, foi demonstrado que o NTCP é o receptor para adsorção do HBV, sendo responsável pela penetração do vírus para o interior da célula, provavelmente por endocitose (BAUMERT et al., 2014; NASSAL, 2015; NI et al., 2014; YAN et al., 2012). Após a penetração, a partícula viral sofre o desnudamento, uma série de transformações que envolvem a desmontagem da bicamada lipídica e a dissolução do nucleocapsídeo. No núcleo da célula hospedeira, o DNA viral é convertido a uma forma circular covalentemente fechada (cccDNA) por ação da DNA polimerase, sendo esse de grande importância na persistência da infecção (DOO; GHANY, 2010; LOCARNINI; ZOULIM, 2010; NASSAL, 2015; TUTTLEMAN; POURCEL; SUMMERS, 1986). O genoma do HBV possui a capacidade de integrar ao DNA celular do hospedeiro. Essa integração pode induzir vários tipos de alterações genéticas secundárias incluindo deleções, translocações e instabilidade genômica, as quais estão relacionadas ao desenvolvimento de CHC (DOO; GHANY, 2010; LOCARNINI; ZOULIM, 2010; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Pela ação da enzima celular RNA polimerase II, o cccDNA é transcrito em quatro RNAs virais de tamanhos distintos (3,5; 2,4; 2,1 e 0,7 Kb), os quais são transportados para o citoplasma. O RNA maior (3,5 Kb) é bifuncional, servindo como mensageiro para tradução das proteínas do core, “e” e da polimerase viral, bem como molde para transcrição reversa da fita negativa do DNA viral (nesse caso, denominado de RNA pré-genômico ou pgRNA). A proteína L do HBsAg é traduzida a partir do RNAm de 2,4 Kb, enquanto as proteínas M e S pelo de 2,1 Kb, e o HBxAg é resultado da tradução do RNAm de 0,7 Kb (BECK; NASSAL, 2007; GAO; DUAN; COFFIN, 2015; LIANG, 2009; LOCARNINI; ZOULIM, 2010). Após a tradução das proteínas o pgRNA é encapsidado juntamente com a polimerase viral. Esse processo é iniciado pela ligação coordenada da polimerase viral com a estrutura secundária stem-loop, chamada épsilon (ε), no pgRNA, o que desencadeia a encapsidação pela proteína do core para formar o nucleocapsídeo viral. Após essa ligação, a polimerase serve como uma proteína inicializadora para a síntese da fita negativa do DNA. Em seguida, o pgRNA é degradado pela ribonuclease viral e a fita positiva de DNA é sintetizada utilizando a fita negativa recém-sintetizada como molde. Por fim, o genoma circulariza formando um DNA circular de fita parcialmente dupla 7 dentro do nucleocapsídeo (BECK; NASSAL, 2007; GAO; DUAN; COFFIN, 2015; SEEGER; MASON, 2015). O nucleocapsídeo interage com a proteína do envelope no retículo endoplasmático para formar as partículas completas, que são liberadas para o meio extracelular. Em alternativa, as partículas de nucleocapsídeo contendo o genoma viral podem também ser recicladas para o núcleo celular, onde seus DNAs genômicos podem ser convertidos em cccDNA, mantendo um estoque intranuclear estável de moldes transcricionais na célula sem a necessidade de múltiplos ciclos de reinfecção (BECK; NASSAL, 2007; DOO; GHANY, 2010; GISH et al., 2015; SEEGER; MASON, 2015). Figura 4 - Ciclo replicativo do HBV (modificada) Fonte: Jayalakshmi, Kalyanaraman e Pitchappan (2013) 8 1.4 Variabilidade do HBV 1.4.1 Subtipos sorológicos Após a descoberta do HBV, verificou-se a heterogeneidade do HBsAg, o que permitiu classificar esse vírus em subtipos com base nos determinantes antigênicos. Existe uma região comum que consiste no domínio principal antigênico denominado determinante “a”, cujos aminoácidos estão localizados na posição 124 a 147 do genoma do HBV. Essa região é altamente conservada e representa o epítopo principal para induzir resposta imunológica protetora. O determinante “a” está localizado na região hidrofílica principal (MHR) da proteína S (aa 103 e 173) (GAO; DUAN; COFFIN, 2015; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Em relação aos demais determinantes antigênicos, Le Bouvier, em 1971, descreveu dois desses determinantes, d e y, os quais são mutualmente exclusivos (LE BOUVIER, 1971). No ano de 1972, Bancroft, Mundon e Russell (1972) identificaram dois determinantes adicionais, w e r. A partir de então, observaram que cada amostra de HBV poderia ser classificada em quatro subtipos: adw, adr, ayw ou ayr. Posteriormente, nove subtipos foram descritos por Couroucé-Pauty, Plançon e Soulier (1983), denominados adw2, adw4, ayw1, ayw2, ayw3, ayw4, adrq+, adrq- e ayr. Mais tarde, Arauz-Ruiz et al. (2002) sugeriram o décimo subtipo, adw3. Com a utilização de técnicas moleculares, tornou-se claro que os determinantes dos subtipos eram resultados de mutações na região S. Como apresentado na Figura 5, as substituições de aminoácidos na posição 122 do gene S estão associadas às variações alélicas d, quando nessa posição encontra-se uma lisina, ou y, quando o aa é uma arginina. Já as alterações lisina/arginina na posição 160 determinam as variantes w/r, respectivamente. As mutações na posição 127 estão relacionadas às subespecificidades do subdeterminante w, sendo prolina w1/w2, treonina w3 ou leucina w4. Os demais determinantes têm sido relacionados a mudanças em aminoácidos nas posições 134, 144, 145, 158, 159, 177 e 178 (KAY; ZOULIM, 2007; KIDD-LJUNGGREN; MIYAKAWA; KIDD, 2002; NORDER; COUROUCE; MAGNIUS, 1992; OKAMOTO et al., 1988; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Na literatura, foi demonstrada associação entre os subtipos sorológicos e os genótipos do HBV. Assim, a subtipagem/genotipagem dos isolados é útil para mapear a distribuição geográfica do vírus e sua disseminação em determinados grupos 9 populacionais (KRAMVIS, 2014; LOCARNINI et al., 2013; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Figura 5 - Algoritmo para determinar os subtipos do HBV a partir da estrutura primária do gene S (modificada) Fonte: Yano, Azuma e Hayashi (2015) 1.4.2 Genótipos A classificação do HBV em genótipos é baseada na divergência superior a 7,5% na sequência de nucleotídeos do genoma completo do vírus (KRAMVIS, 2014). Inicialmente, Okamoto et al. (1988) verificaram a existência de quatro grupos, denominados de A a D. Em seguida, Norder et al. (1992) descreveram outros dois genótipos (E e F), após análises comparativas da região S. Posteriormente, o genótipo G foi identificado por Stuyver et al. (2000), num estudo em doadores de sangue na França e Estados Unidos. O genótipo H foi descrito na América Central por Arauz-Ruiz et al. (2002). Dois novos genótipos foram propostos: I, identificado no Vietnã (TRAN; TRINH; ABE, 2008), e J, no Japão (TATEMATSU et al., 2009). Estudos apontam que o genótipo I é a recombinação dos genótipos A/C/G com um genótipo indeterminado, enquanto que o genótipo J é recombinante do genótipo C com um isolado de macaco gibão (KRAMVIS, 2014; LOCARNINI et al., 2013). Assim, mais estudos são necessários 10 para elucidar a classificação desses genótipos (KURBANOV; TANAKA; MIZOKAMI, 2010; POURKARIM et al., 2014). A Figura 6 apresenta a árvore filogenética incluindo os isolados I e J. A variabilidade genética do HBV pode ser responsável por diferenças na história natural da infecção, apresentando, portanto, implicações nas manifestações clínicas e na resposta à terapia antiviral (KRAMVIS, 2014; LOCARNINI et al., 2013; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Pacientes infectados com o genótipo A ou B respondem melhor ao tratamento com interferon em relação aqueles com o genótipo C ou D. Portadores dos genótipos A, B, D ou F apresentam soroconversão do HBeAg precocemente e com maior frequência quando comparados aos indivíduos com o genótipo C. Adicionalmente, o genótipo B está associado à progressão para cirrose hepática e CHC em idade precoce, podendo ainda levar à hepatite fulminante. Infecções com o genótipo C mostram maior risco de inflamação e fibrose hepática, cirrose e CHC do que às observadas com outros genótipos. O genótipo D está relacionado à doença hepática menos grave, comparativamente ao A e F. Pacientes infectados com o genótipo E têm uma maior frequência de positividade para o HBeAg e cargas virais mais elevadas em relação aos portadores do genótipo D. O genótipo F está associado ao desenvolvimento de CHC em pacientes jovens e hepatite fulminante em coinfectados com o HDV, enquanto o G parece acelerar a fibrose hepática. Quanto aos genótipos H, I e J, ainda não há relatos a respeito de suas implicações clínicas (ARAÚJO; WAIZBORT; KAY, 2011; CROAGH; DESMOND; BELL, 2015; KRAMVIS, 2014; LIN; KAO, 2011; MCMAHON, 2009; NABUCO et al., 2012; OZASA et al., 2006). 11 Figura 6 - Árvore filogenética com os genótipos do HBV, incluindo os propostos I e J (modificada) Fonte: Araújo, Waizbort e Kay (2011) 1.4.3 Subgenótipos Subgenótipos são grupos dentro do mesmo genótipo que apresentam divergências na sequência nucleotídica do genoma superior a 4% e inferior a 7,5%. Diferenças menores que 4% são chamadas de clados (KRAMVIS, 2014; POURKARIM et a., 2014). Com exceção dos genótipos E, G, H e J, os demais são subdivididos em subgenótipos: A (A1 - A7), B (B1 - B9), C (C1 - C16), D (D1 - D9), F (F1 - F4) e I (I1 I2) (HÜBSCHEN et al., 2011; HUY et al., 2006; KRAMVIS, 2014; MULYANTO et al. 2012; OZARAS et al., 2015; POURKARIM et al., 2014; THEDJA et al., 2011). 12 Alguns desses subgenótipos propostos ainda são considerados provisórios por apresentarem uma divergência nucleotídica muito pequena em relação a outros descritos. Um dos erros mais comuns na caracterização inadequada de subgenótipos é a realização da análise filogenética de uma sequência genômica parcial ao invés da análise do genoma completo. Novas investigações neste campo requerem critérios padronizados para melhor caracterização e subtipagem (KURBANOV; TANAKA; MIZOKAMI, 2010; POURKARIM et al., 2014). 1.4.4 Mutações no genoma O genoma do HBV evolui rapidamente ao longo do tempo. As elevadas taxas de replicação (1012 vírions produzidos por dia) e de erros da transcriptase reversa resultam em uma significativa variabilidade viral. A enzima RT não possui atividade de revisão para reparar nucleotídeos incorporados incorretamente, gerando, assim, uma taxa estimada de substituições de 1,4 - 3,2 x 10-5 por sítio/ano. Essa estratégia de replicação está relacionada a maioria das mutações pontuais, deleções e inserções observadas no genoma do HBV. Além disso, tais variações podem ocorrer naturalmente por pressão da resposta imune do hospedeiro, patogênese da doença hepática e uso de terapia antiviral (GAO; DUAN; COFFIN, 2015; LAZAREVIC, 2014; OKAMOTO et al., 1987; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015; WARNER; LOCARNINI, 2014). Mutações na região Pré-S/S O HBsAg é a principal proteína do envelope viral, apresentando as regiões envolvidas na ligação do vírus ao hepatócito e também os principais epítopos reconhecidos pelos anticorpos neutralizantes. Variações no determinante “a” dessa proteína podem afetar a antigenicidade do HBsAg levando ao escape vacinal e diminuição da expressão do HBsAg, o que impede a detecção desse antígeno por testes sorológicos (infecção oculta), além de afetar a resposta à terapia utilizando imunoglobulinas contra hepatite B (Quadro 1) (GAO; DUAN; COFFIN, 2015; JARAMILLO; NAVAS, 2015; LAZAREVIC, 2014; POLLICINO et al., 2014; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). A primeira mutação de escape vacinal descrita na literatura foi a troca de uma glicina (G) por arginina (R) na posição 145 (G145R) (CARMAN et al., 1990). Após essa descoberta, outras mutações vêm sendo relatadas na região Pré-S/S, como é o caso da substituição de 13 uma treonina (T) por uma asparagina (N) ou por uma isoleucina (I) no aminoácido 131 (T131N/I). Essa mutação tem sido sugerida como um polimorfismo natural dos genótipos A e G, estando associada à persistência do HBV mesmo após a perda do HBsAg e soroconversão para anti-HBs, bem como ao escape vacinal. Além disso, um N na posição 131 pode também gerar um novo sítio de glicosilação, principalmente na presença da mutação M133T/S, propiciando a secreção do vírus (DATTA et al., 2006; ITO et al., 2010; SONG et al., 2009; SVICHER et al., 2011). Ainda, deleções na região pré-S têm sido relacionadas à ocorrência de CHC (CROAGH; DESMOND; BELL, 2015; LIU et al., 2009; ZHANG; DING, 2015). Mutações na região Pré-C/C Mutações nas regiões Pré-C e promotora basal do core (BCP) estão relacionadas à diminuição da expressão do HBeAg, bem como à evolução para doença hepática grave, incluindo hepatite aguda fulminante ou CHC (Quadro 1). Ainda, alguns estudos sugerem que alterações nessas regiões podem afetar a resposta ao tratamento com interferon (CROAGH; DESMOND; BELL, 2015; GAO; DUAN; COFFIN, 2015; LAZAREVIC, 2014; YANG et al., 2013). A mutação mais frequente relatada na região Pré-C caracteriza-se pela substituição de uma guanina (G) por adenina (A) na posição 1896 (G1896A), o que resulta na conversão do códon 28 (triptofano: TGG) a outro de finalização prematuro (TAG), impedindo, assim, a tradução do precursor do HBeAg, e consequentemente esse antígeno não é expresso (HUNT et al., 2000; KAMIJO et al., 2015; LAZAREVIC, 2014; LIAO et al., 2012; ZHAND et al., 2015). Outras mutações nessa região têm sido descritas na literatura, tais como: a variação G1862T, encontrada em casos de hepatite fulminante e de forma predominante em isolados do subgenótipo A1 (CHANDRA et al., 2007; LAZAREVIC, 2014), e a substituição G1888A, que também é uma característica do subgenótipo A1, relacionada a alteração do códon de iniciação da proteína do core, diminuindo a sua tradução (KIMBI; KEW; KRAMVIS, 2012). Mutações na região BCP modulam a secreção do HBeAg, diminuindo a expressão desse marcador por mecanismos transcricionais e, em contrapartida, podem favorecer o aumento da replicação viral (HU et al., 2015; KAMIJO et al., 2015; LAZAREVIC, 2014). A dupla mutação frequentemente relatada na região BCP, A1762T e G1764A, reduz a síntese do RNAm Pré-C, resultando na diminuição da expressão do 14 HBeAg e tem sido relacionada ao desenvolvimento de CHC (GAO; DUAN; COFFIN, 2015; LAZAREVIC, 2014). Mutações na região P O domínio da transcriptase reversa, localizado na região da polimerase do HBV, representa um alvo para a terapia antiviral utilizando análogos núcleos(t)ídeos. Mutações primárias nessa região estão frequentemente relacionadas à resistência aos antivirais lamivudina (LAM), telbivudina (LdT), adefovir (ADF), entecavir (ETV) e tenofovir (TDF), enquanto que as mutações secundárias/compensatórias são responsáveis por melhorar a eficiência da replicação viral (Quadro 1) (LAZAREVIC, 2014; LOK et al., 2007; WARNER; LOCARNINI, 2014). A mutação mais comumente descrita ocorre no motivo YMDD (tirosina-metionina-aspartato-aspartato) da RT, com a substituição de um resíduo de metionina (M) por uma valina (V) ou isoleucina (I) na posição 204 (M204V/I) (LOK et al., 2007; TAN et al., 2015). Frequentemente essas alterações são selecionadas durante a terapia com LAM. No entanto, mutações de resistência aos antivirais já foram identificadas em indivíduos virgens de tratamento, o que sugere que tais alterações podem ocorrer naturalmente, ou devido a transmissão do vírus mutante a partir de um paciente tratado (DEVI; LOCARNINI, 2013; GOMES-GOUVÊA et al., 2015; MIRANDOLA et al., 2011). Mutações na região X Mutações no gene X têm sido relacionadas à hepatocarcinogênese (Quadro 1). Estudos mostram que a extremidade 3’ da proteína HBx está frequentemente suprimida em células de carcinoma hepatocelular, o que leva à deleção de 30 a 40 aminoácidos na região carboxiterminal. Essa alteração na proteína HBx pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento de CHC, pela promoção do estresse oxidativo e indução de dano do DNA mitocondrial (JUNG; KIM, 2013; LAZAREVIC, 2014; LIU et al., 2014; MA et al., 2008; OZKAL-BAYDIN, 2014; ZHANG et al., 2015). 15 Quadro 1 - Mutações no genoma do HBV e suas implicações clínicas (modificado) Região Mutação Implicação clínica T116N, P120S/E, I/T126A/N/I/S, Q129H/R, T131N/I, M133L, K141E, P142S, D144A/E, Escape vacinal G145R/A. Y100S, Q101R, P105R, T115N, T116N, G119R, P120L, R122P, T123N, C124R/Y, Pré-S/S T126I/S, P127H/L, Q129P/R, T131N/I, M133T, Y134C, S136P, C139R, T140I, Infecção oculta pelo HBV K141E, S143L, D144A, G145R/A, S167L, R169H, S174N, L175S, V177A, Q181STOP. T1753C, A1762T, G1764A, C1766T, HBeAg negativo T1768A, G1896A, G1899A. Pré-C/C C1653T, T1753C, A1762T, G1764A, CHC G1896A, G1899A. A1762T, G1764A, G1862T, G1896A. Hepatite fulminante rtL80V/I, rtI169T, rtV173L, rtL180M, rtA181T/V, rtT184S/G, rtS202I, rtM204V/I, Resistência a LAM/ LdT rtQ215S. rtA181T/V, rtI233V, rtN236T. Resistência ao ADF P rtL180M, rtT184G/S, rtS202I/G, rtM204V, Resistência ao ETV rtM250V. rtP177G, rtA194T, rtF249A. Resistência a TDF X Deleções na extremidade 3’-HBx. CHC Legenda: HBV: vírus da hepatite B; CHC: carcinoma hepatocelular; LAM: lamivudina; LdT: telbivudina; ADF: adefovir; ETV: entecavir; TDF: tenofovir. Fonte: Lazarevic (2014) 1.5 Aspectos clínicos da hepatite B O curso natural da infecção pelo vírus da hepatite B é determinado pela interação entre o vírus e a resposta imune do hospedeiro. Após a exposição ao HBV, a maioria (cerca de 95%) dos indivíduos adultos desenvolve a infecção aguda seguida pela eliminação completa do vírus e imunidade ao longo da vida. Por outro lado, em aproximadamente 5-10% dos casos, há persistência do vírus no organismo, sendo o HBsAg detectável por mais de seis meses, o que caracteriza a hepatite B crônica. Em casos raros (0,1 a 0,5%), ocorre uma resposta imune exacerbada, ocasionando hepatite fulminante (ELGOUHARI; TAMIMI; CAREY, 2008; JINDAL; KUMAR; SARIN, 2013). 16 A hepatite B aguda inclui o período de incubação, fase prodrômica, ictérica e de convalescência. O período médio de incubação do vírus é de 75 dias, podendo variar de um a seis meses. A fase prodrômica caracteriza-se por sintomas inespecíficos, tais como: mal-estar, falta de apetite, náuseas, vômitos e dores abdominais, com uma duração de um a cinco dias. Na fase ictérica, há um aumento dos níveis séricos de bilirrubina e transaminases, indicando lesão hepatocelular. Essa fase dura normalmente de duas a três semanas, sendo caracterizada pelo aparecimento de icterícia, leve hepatomegalia, colúria e hipocolia fecal. A ocorrência desses sintomas depende da idade no momento da infecção, sendo bebês e crianças em sua maioria assintomática, enquanto que cerca de 30% dos adultos apresentam icterícia. A fase final da infecção aguda é a convalescência, que está associada à eliminação do vírus, normalização dos níveis de transaminases, resolução dos sintomas e surgimento do marcador anti-HBs, o qual confere imunidade ao longo da vida (JINDAL; KUMAR; SARIN, 2013; LIANG, 2009; SHIFFMAN, 2010; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). A progressão para cronicidade está intimamente relacionada à idade do indivíduo no momento da infecção. A infecção persiste em cerca de 90% dos recémnascidos e em aproximadamente 20% das crianças infectadas entre um e cinco anos de idade. A partir de cinco anos, o risco de desenvolver infecção crônica é menor que 10% (ASPINALL et al., 2011; CROAGH; LUBEL, 2014; LIAW; CHU, 2009; LOCARNINI et al., 2015). A infecção crônica pelo HBV está associada a uma variedade de manifestações clínicas resultantes da interação entre o vírus, hepatócitos e resposta imune do hospedeiro. Sendo assim, o espectro dessa infecção pode variar desde um estado de portador assintomático a cirrose e/ou CHC (EASL, 2012; LOCARNINI et al., 2015; SHI; SHI, 2009). O curso natural da doença consiste em cinco fases distintas: imunotolerância, imunoreativa, de portador inativo, reativação e infecção oculta pelo HBV (ou HBsAg negativa). No entanto, nem todos pacientes passam por todas as fases, e a duração de cada uma pode ser variável (EASL, 2012). A fase de imunotolerância é caracterizada pela positividade ao HBeAg, alta carga viral (níveis de HBV DNA no soro geralmente superiores a 2 x 106 UI/mL) e níveis normais de alanina aminotransferase (ALT). Nessa fase a replicação viral é tolerada pelo sistema imunológico do hospedeiro, havendo discreta inflamação com baixa produção de interleucina (IL) 10, citocinas pró-inflamatórias: IL-6, IL-8 e fator de necrose tumoral (TNF) alfa. Nesse estágio, a infecciosidade é elevada, porém não há dano hepático 17 significativo. A sua duração é extremamente variável, sendo mais longa em pacientes infectados pelo HBV no período perinatal (CROAGH; LUBEL, 2014; EASL, 2012; GISH et al., 2015; LOCARNINI et al., 2015). A fase imunorreativa está associada à presença do marcador HBeAg, diminuição da carga viral, aumento nos níveis de transaminases e doença hepática ativa. Nesse período, a resposta imunológica contra o vírus pode levar à danos hepáticos, aumentando, assim, o risco de evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular (CROAGH; LUBEL, 2014; EASL, 2012; KUO; GISH, 2012; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). O estágio de portador inativo do HBV ocorre após a soroconversão do HBeAg para o anti-HBe, com níveis de HBV DNA baixos ou indetectáveis no soro e normalização nos níveis de transaminases. Com o resultado do controle imunológico da infecção, esse estado confere um prognóstico favorável a longo prazo, com um risco baixo de desenvolvimento de cirrose ou CHC. No entanto, os pacientes nessa fase devem ser seguidos com testes periódicos uma vez que pode haver reativação espontânea da hepatite B (CROAGH; LUBEL, 2014; EASL, 2012; GISH et al., 2015). A reativação ocorre em alguns pacientes infectados após a fase de portador inativo. É caracterizada pela flutuação dos níveis de HBV DNA e aminotransferases. Os pacientes são HBeAg negativos e podem estar infectados por vírus com mutações nas regiões pré-C ou BCP, as quais diminuem a expressão do antígeno “e”. Acredita-se que a soroconversão do HBeAg para anti-HBe indica diminuição da replicação do HBV e remissão da doença hepática. No entanto, a ocorrência de mutantes HBeAg negativos durante a infecção crônica pelo HBV, especialmente na presença de uma carga viral alta, está associada com exacerbação da lesão hepática e um pior prognóstico (EASL, 2012; LOCARNINI et al., 2015; PURI, 2013; SHI; SHI, 2009). A fase HBsAg negativa, conhecida como infecção oculta pelo HBV, é caracterizada pela presença do HBV DNA no fígado e/ou soro de indivíduos HBsAg negativos. Diferentes mecanismos podem ser responsáveis pela ausência do HBsAg. Dentre eles, se destacam a resposta imune do hospedeiro com a formação de imunocomplexos HBsAg e anti-HBs reduzindo a circulação do antígeno livre, a integração do genoma viral ao do hospedeiro, a coinfecção com outros agentes infecciosos, como HCV e HIV, além do consumo crônico de etanol. Quanto aos fatores virais, mutações na região Pré-S/S do genoma do HBV estão relacionadas à alteração na antigenicidade ou expressão do HBsAg (FUENTE et al., 2011; RAIMONDO et al. 2013; 18 ROMERO et al., 2011; SAMAL; KANDPAL; VIVEKANANDAN, 2012). As principais implicações clínicas da infecção oculta pelo HBV incluem a reativação da doença em pacientes imunossuprimidos, progressão para doença hepática e desenvolvimento de CHC, além do risco potencial de transmissão do HBV por transfusão sanguínea, transplante de órgãos, hemodiálise e por via vertical (FUENTE et al., 2011; HOFFMANN et al., 2014; KWAK; KIM, 2014; POLLICINTO; RAIMONDO, 2014; PONDÉ, 2015; SQUADRITO; SPINELLA; RAIMONDO, 2014). 1.6 Patogenia da infecção pelo HBV O vírus da hepatite B pode replicar dentro dos hepatócitos sem causar dano celular direto. A resposta imune do hospedeiro é responsável pelo controle da infecção viral, bem como pelos mecanismos de lesão das células hepáticas, podendo progredir para cirrose e CHC (FERRARI, 2015; GISH et al., 2015; TAN; KOH; BERTOLETTI, 2015). A eliminação do HBV envolve a participação de células das respostas imunes inata e adaptativa. A limitação da propagação inicial do vírus se dá por mecanismos não citolíticos, incluindo a produção de citocinas antivirais, tais como interferon do tipo I (IFN-α/β) e TNF, em conjunto com a ativação de células natural killers (NK), natural killers T (NKT) e dendríticas. Após o declínio da carga viral, segue uma resposta imune citolítica com apoptose dos hepatócitos e necrose, o que coincide com o aumento das transaminases no soro. A apresentação dos hepatócitos infectados é realizada via antígeno leucocitário humano classe I (HLA-I) para os linfócitos T citotóxicos CD8+. Após o reconhecimento, essas células atuam eliminando os hepatócitos infectados e iniciam uma cascata de eventos imunológicos levando a proliferação de linfócitos e a inflamação (BAUMERT; THIMME; VON WEIZSÄCKER, 2007; FERRARI, 2015; LIAW; CHU, 2009; TAN; KOH; BERTOLETTI, 2015). A recuperação total com eliminação do vírus está associada a resposta multiespecífica dos linfócitos CD4+ e CD8+. Indivíduos com infecção aguda autolimitada apresentam resposta específica mais vigorosa quando comparados aos pacientes que se tornam cronicamente infectadas. Portanto, quando a resposta imune celular é deficiente, o HBV pode replicar em níveis elevados na ausência de anormalidades citológicas ou inflamação hepática, o que sustenta a hipótese de que a lise de células do fígado ocorre, principalmente, por linfócitos CD8+, os quais são considerados os principais responsáveis pela depuração viral em virtude da sua capacidade de destruir os hepatócitos infectados 19 (GUIDOTTI; ISOGAWA; CHISARI, 2015; RAPICETTA; FERRARI; LEVRERO, 2002; SAID; ABDELWAHAB, 2015). 1.7 Diagnóstico laboratorial da infecção pelo HBV O diagnóstico laboratorial da infecção pelo HBV é realizado pela detecção de marcadores sorológicos incluindo antígenos virais (HBsAg e HBeAg) e anticorpos (antiHBs, anti-HBe e anti-HBc - fração IgM e Total), que podem ser detectados no soro por ensaios imunoenzimáticos (ELISA - Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay). Testes bioquímicos tais como: dosagem das transaminases, bilirrubina, valores de albumina e tempo de protrombina também são utilizados para avaliar o prognóstico da hepatite B, uma vez que são essenciais para medir o grau de lesão hepática e determinar a gravidade da doença (LIAW; CHU, 2009; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014; WHO, 2015a). Adicionalmente, técnicas moleculares para detecção do HBV DNA são importantes para avaliar o nível de replicação, progressão da doença, necessidade de terapia antiviral, bem como o monitoramento do tratamento. Assim, testes qualitativos e quantitativos, como a reação em cadeia pela polimerase (PCR) e a PCR em tempo real, respectivamente, têm sido cada vez mais empregados no diagnóstico da infecção pelo HBV por apresentarem alta sensibilidade e especificidade (CHEVALIEZ; PAWLOTSKY, 2009; DATTA; CHATTERJEE; VEER, 2014; DÉNY; ZOULIM, 2010; LIANG, 2009). O primeiro marcador sorológico encontrado na infecção pelo HBV é o HBsAg, indicando infecção presente. Surge no soro durante a fase de incubação, cerca de duas a seis semanas antes do início dos sintomas. Na hepatite B aguda, ele declina a níveis indetectáveis em até seis meses (Figura 7). Testes moleculares altamente sensíveis podem detectar o HBV DNA no soro cerca de 10 a 20 dias antes do aparecimento do HBsAg. O HBeAg, também presente no início da infecção, está relacionado com altos níveis de replicação do HBV e, geralmente, com a elevação das transaminases e início das manifestações clínicas. Sua positividade indica alta infecciosidade (BRASIL, 2008; LIANG, 2009; SHIFFMAN, 2010; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014; WHO, 2015a). Anticorpos contra o antígeno do core (anti-HBc) normalmente aparecem um pouco antes do início dos sintomas. Inicialmente, surgem os anticorpos da classe IgM, que permanecem detectáveis por aproximadamente seis meses após a exposição. Embora o anti-HBc IgM possa estar presente em alguns pacientes com exacerbações graves da 20 infecção crônica pelo HBV, os títulos do anticorpo nesses casos são menores do que na infecção aguda. Após o declínio do marcador anti-HBc IgM, surge o anti-HBc IgG, o qual é detectável ao longo da vida (como marcador anti-HBc total), indicando exposição ao vírus (LIANG, 2009; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). Após o declínio do HBeAg, surge o seu anticorpo correspondente (anti-HBe), o qual é um marcador sorológico de prognóstico favorável durante a hepatite B aguda, indicando início da recuperação. O marcador anti-HBs surge mais tardiamente durante a infecção, sendo detectado semanas após o desaparecimento do HBsAg. Sua presença está associada à imunidade contra o HBV. Pacientes com a resolução completa da infecção apresentam positividade para os marcadores anti-HBs e anti-HBc total. No entanto, alguns que se recuperam da hepatite B não apresentam anti-HBs detectável, pois esse marcador pode declinar a níveis indetectáveis com o passar dos anos. Por esta razão, o marcador anti-HBc total é mais confiável na avaliação da infecção prévia pelo HBV, enquanto que o anti-HBs é utilizado para avaliar a imunidade e a resposta vacinal contra hepatite B (LIANG, 2009; SHIFFMAN, 2010; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). A persistência do HBsAg por mais de seis meses indica progressão para infecção crônica. O curso típico da hepatite B crônica está demonstrado na Figura 8. Esses pacientes apresentam replicação viral persistente e os marcadores HBsAg, HBeAg e HBV DNA continuam sendo detectados no soro (muitas vezes em títulos elevados) (CROAGH; LUBEL, 2014; GISH et al., 2015; LIAW; CHU, 2009). Alguns indivíduos com infecção crônica pelo HBV podem apresentar perfil sorológico atípico, caracterizado pela persistência do HBV DNA na ausência do HBsAg. Essa forma peculiar da hepatite B crônica, denominada infecção oculta pelo HBV, pode ser caracterizada graças ao desenvolvimento de técnicas de biologia molecular altamente sensíveis, permitindo a detecção de baixos níveis de HBV DNA. Nesses pacientes, o DNA pode ser detectado na presença do anti-HBc e/ou anti-HBs, ou até mesmo na ausência de ambos marcadores sorológicos (KWAK; KIM, 2014; PONDÉ, 2015; RAIMONDO et al., 2013; ROMERO et al., 2011). Embora não faça parte da rotina de diagnóstico da hepatite B, estudos apontam a relevância da genotipagem do HBV para escolha do tratamento antiviral, uma vez que a resposta à terapia difere dentre indivíduos infectados por diferentes genótipos. Além disso, a genotipagem é importante para monitorar a progressão da doença hepática, visto que manifestações clínicas distintas foram associadas a diferentes genótipos. O sequenciamento de nucleotídeos do DNA viral é a técnica padrão-ouro para genotipagem, 21 permitindo, inclusive, a identificação de genótipos recombinantes e mutações no genoma (DATTA; CHATTERJEE; VEER, 2014; VILLAR et al., 2015; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). Figura 7 - Curso típico da hepatite B aguda (modificada) Fonte: CDC (2015b) Figura 8 - Curso típico da infecção crônica pelo HBV (modificada) Fonte: CDC (2015b) 22 1.8 Tratamento da hepatite B A terapia antiviral para a infecção crônica pelo HBV visa suprimir a replicação viral e, consequentemente, reduzir o risco de progressão para cirrose, descompensação hepática e desenvolvimento de CHC. O resultado ideal desejado após o tratamento é a negativação sustentada do HBsAg, associada a soroconversão para antiHBs, porém esse desfecho é raramente alcançado devido à persistência de cccDNA no núcleo dos hepatócitos infectados. Nessas condições, a resposta ao tratamento é avaliada de acordo com a diminuição dos níveis de HBV DNA no soro, ausência dos marcadores HBeAg (soroconversão para seu respectivo anticorpo) e HBsAg, normalização dos níveis séricos de ALT e resposta histológica com redução da atividade inflamatória hepática (GISH et al., 2015; HALEGOUA-DE MARZIO; HANN, 2014; KUO; GISH, 2012; WHO, 2015b; YOU et al., 2014) De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tratamento é recomendado para adultos, adolescentes e crianças com hepatite B crônica que apresentam evidência clínica de cirrose, independente dos níveis de alanina aminotransferase (ALT), HBeAg e HBV DNA. Também é indicado nos casos de adultos com hepatite B crônica, com idade superior a 30 anos, mesmo que sem evidência de cirrose, mas que apresentam níveis de ALT elevados e HBV DNA superior a 20.000 UI/mL, independente da positividade para o marcador HBeAg. Nos demais pacientes com infecção crônica pelo HBV, deve-se fazer o monitoramento contínuo para avaliar o estágio da doença hepática e a elegibilidade para o tratamento (WHO, 2015b). Pacientes com hepatite B aguda normalmente não necessitam de tratamento antiviral, o uso da terapia é indicado apenas nos casos da doença grave, com sinais de insuficiência hepática significativa. Para os que desenvolvem hepatite B fulminante, o uso de antiviral é recomendado para reduzir o risco de reinfecção após o transplante hepático (LIAW; CHU, 2009; RAJBHANDARI; CHUNG, 2016; TILLMANN; PATEL, 2014). As opções de agentes aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento da hepatite B crônica incluem os imunomoduladores interferon-alfa (IFN-) convencional e interferons-alfa peguilados (PEG-IFN-) 2a e 2b, os análogos nucleosídeos lamivudina, telbivudina e entecavir, além dos análogos nucleotídeos adefovir e tenofovir (FDA, 2015; WHO, 2015b). No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções, estabelece os critérios nacionais para início 23 do tratamento de portadores crônicos do HBV. Assim, a terapia é indicada para pacientes HBeAg reagentes e com nível de ALT superior a duas vezes o limite normal; adultos maiores de 30 anos HBeAg positivos; paciente HBeAg não reagentes, que apresentam HBV DNA superior a 2.000 UI/mL e nível de ALT maior que duas vezes o limite da normalidade. Além desses, outros critérios de indicação de tratamento e recomendações terapêuticas são descritos no manual, conforme cada situação clínica e laboratorial. Visando a efetividade do tratamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente os seguintes fármacos para o tratamento da infecção crônica pelo HBV: PEG-IFN- (2a e 2b), entecavir e tenofovir (BRASIL, 2016). A resposta terapêutica difere em relação aos genótipos do HBV. A resposta sustentada com soroconversão do HBeAg e normalização dos níveis de ALT, após o tratamento com IFN- ou PEG-IFN-, é consideravelmente melhor nos indivíduos infectados com os genótipos A e B quando comparados aos portadores do genótipos C e D. Em relação à terapia utilizando antivirais análogos nucleos(t)ídeos, o genótipo B está associado a uma melhor resposta ao tratamento com lamivudina do que genótipo C, e ambos apresentam um risco semelhante de desenvolvimento de resistência. Por outro lado, indivíduos infectados pelo genótipo A tendem a apresentar mutações de resistência à lamivudina mais precocemente em relação aqueles portadores do genótipo D (KRAMVIS; KEW, 2005; POURKARIM et al., 2014; SHI, 2012; RAJBHANDARI; CHUNG, 2016; YANO; AZUMA; HAYASHI, 2015). 1.9 Epidemiologia da infecção pelo HBV 1.9.1 Transmissão O HBsAg e HBV DNA podem ser detectados em diversos fluidos corporais (sangue, sêmen, secreção vaginal e menstrual, saliva, lágrima, secreção nasofaríngea, leite materno, urina e fezes), tornando-os potenciais fontes de infecção pelo HBV (BURNS; THOMPSON, 2014; ELGOUHARI; TAMIMI; CAREY, 2008; GORGOS, 2013; HOU; LIU; GU, 2005; LAVANCHY, 2004; SCOTT et al., 1980). O sangue é o veículo mais importante para a transmissão viral, seguido dos fluidos seminal, vaginal e menstrual, dentre outros. Dessa forma, as principais vias de transmissão do vírus incluem a vertical, sexual e parenteral/percutânea (GORGOS, 2013; LAVANCHY, 2004; WHO, 2015a). O risco de transmissão está diretamente relacionado ao nível do HBV DNA no 24 soro, e esse normalmente é maior em pacientes HBeAg positivos. Porém, os isolados virais que apresentam mutações que impedem a expressão do HBeAg também têm sido associados à transmissão (ALTER, 2003; SHIFFMAN, 2010; TIIT, 1997). Além disso, o HBV pode permanecer infeccioso por mais de uma semana em superfícies a temperatura ambiente (BOND et al., 1981). A transmissão vertical do HBV, da mãe infectada para o filho, pode ocorrer por via transplacentária, ou no momento do parto. Em áreas de alta endemicidade para hepatite B, a transmissão do vírus ocorre principalmente nos primeiros anos de vida, resultante da transmissão vertical, ou ainda da horizontal intrafamiliar, a qual está associada ao compartilhamento de objetos pessoais e/ou contato com lesões de pele e mucosas de familiares infectados (BURNS; THOMPSON, 2014; KWON; LEE, 2011; LI; HOU; CAO, 2015; ORDÖG et al., 2003; WHO, 2015a). A hepatite B é considerada uma infecção sexualmente transmissível. A transmissão sexual é a principal via de disseminação do HBV entre adolescentes e adultos em países de baixa e média endemicidade. Essa infecção ocorre sobretudo entre HSH e heterossexuais com múltiplos parceiros sexuais, principalmente dentre aqueles que são profissionais do sexo e seus clientes. Em geral, os principais fatores de risco associados à infecção pelo HBV incluem: múltiplos parceiros sexuais, duração (anos) de atividade sexual, sexo desprotegido e histórico de IST (ALTER et al., 1986; GORGOS, 2013; HOU; LIU; GU, 2005; LAVANCHY, 2004; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014; WHO, 2015a). Além da presença do vírus em diversos fluidos corporais, o HBsAg foi detectado na superfície das mucosas lesionadas do reto e ânus de indivíduos infectados, corroborando as práticas de sexo anal e oro-anal como potenciais fontes de transmissão do HBV (GORGOS, 2013; REINER et al., 1982; SCHREEDER et al., 1982). A transmissão parenteral ou percutânea envolve a exposição a sangue e fluidos corporais contaminados pelo HBV. Práticas e comportamentos relacionados a essa forma de transmissão incluem o uso de drogas injetáveis, acupuntura, tatuagem, compartilhamento de lâminas de barbear e outros objetos perfurocortantes, uso de materiais médico/odontológicos esterilizados inadequadamente, transfusão de sangue, diálise, transplante de órgãos e exposição ocupacional de profissionais da saúde. Embora a triagem de hemoderivados tenha reduzido a transmissão associada a transfusão sanguínea, essa forma de infecção ainda ocorre em alguns países em desenvolvimento (HOU; LIU; GU, 2005; LOCARNINI et al., 2015; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). 25 1.9.2 Distribuição da infecção pelo HBV A infecção pelo vírus da hepatite B apresenta uma ampla distribuição global. Segundo a OMS, no mundo há mais de 240 milhões de pessoas cronicamente infectadas. Além disso, estimativas sugerem que aproximadamente 780 mil pessoas morrem a cada ano por complicações relacionadas ao HBV, cerca de 650 mil devido à infecção crônica e 130 mil pela forma aguda da doença (LOZANO et al., 2012; WHO, 2015a). A distribuição da infecção pelo HBV é classificada de acordo com a prevalência para o marcador HBsAg e varia com a área geográfica, idade e o grupo populacional. Assim, regiões de endemicidade alta são aquelas em que mais de 8% da população é HBsAg positiva, com taxa elevada de infecção durante a infância e, em geral, são regiões em desenvolvimento como países da África subsaariana e parte da Ásia. Regiões com endemicidade intermediária são aquelas em que os índices de positividade para o HBsAg variam entre 2 e 7%, sendo que alguns autores ainda reclassificam essas áreas em intermediária baixa (2 a 4%) e alta (5 a 7%). Países situados no leste e sul da Europa, parte das Américas do Sul e Central, Oriente Médio e África são considerados com prevalência intermediária. Nessas regiões, os padrões de transmissão do HBV são mistos, ocorrendo na infância, adolescência e fase adulta. Áreas de endemicidade baixa são aquelas em que menos de 2% da população apresenta hepatite B crônica. Esse perfil é encontrado na Europa Ocidental, Austrália, Japão e parte das Américas, sendo que a maioria das infecções ocorre em adolescentes e adultos pelas vias sexual e parenteral (LOCARNINI et al., 2015; MACLACHLAN; COWIE, 2015; OTT et al., 2012; TRÉPO; CHAN; LOK, 2014). Schweitzer et al. (2015) publicaram uma revisão sistemática da literatura com dados sobre a prevalência da infecção crônica pelo HBV no mundo. Foram incluídos estudos que relataram o HBsAg como marcador sorológico de infecção crônica pelo HBV, excluindo os grupos de alto risco. Em nível global, estimou-se uma prevalência de 3,61% para o HBsAg, sendo que variou de 0,1%, na Noruega e Reino Unido, a maior que 20% em países como o Sudão do Sul e Kiribati. O número maior de pessoas com hepatite B crônica foi encontrado nas regiões do Pacífico Ocidental e África. Já o continente americano apresentou o menor número de indivíduos infectados. O estudo ainda sugere uma diminuição da prevalência do HBV em países do Sudeste Asiático, Pacífico Ocidental e nas regiões do Mediterrâneo Oriental entre os períodos de 1957-1989 e 19902013. Em contrapartida, foi observada uma tendência de aumento na prevalência em 26 alguns países africanos e da Europa Oriental nesses intervalos de tempo. A Figura 9 ilustra a endemicidade do HBV no mundo, de acordo com a prevalência do HBsAg. Figura 9 - Prevalência do HBsAg no mundo (modificada) Fonte: Schweitzer et al. (2015) No Brasil, segundo o inquérito de base populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C, realizado entre os anos de 2005 e 2009, nas 26 capitais e no Distrito Federal, a prevalência global para o marcador de exposição ao HBV (anti-HBc) foi de 7,4% (IC 95%: 6,8-8,0). A prevalência para o HBsAg foi de 0,37% (IC 95%: 0,25-0,50), classificando o conjunto das capitais brasileiras como de endemicidade baixa (BRASIL, 2010a; 2012). Na Região Centro-Oeste, exceto Brasília, a prevalência global encontrada para o HBV na população em geral foi de 5,3% (IC 95%: 4,6-6,1) (PEREIRA et al., 2009). No estado de Goiás, investigações realizadas em diferentes grupos populacionais (Quadro 2) estimaram taxas de prevalência global variando de 5,6% em gestantes (FERNANDES C. N. et al., 2014) a 63,4% em pacientes em diálise (BORGES et al., 1997). A prevalência para o HBsAg variou de 0% em pacientes com doenças falciformes, anestesiologistas, dentistas e portadores de diabetes mellitus tipo 2 (BASTOS, 2000; CARNEIRO; DAHER, 2003; DE PAIVA et al., 2008; MARQUES, 2015) a 14,5% em indivíduos com suspeita clínica de hepatite (SILVA et al., 2002). 27 Quadro 2 - Prevalência da infecção pelo HBV em diferentes grupos populacionais no estado de Goiás Referência Cardoso et al. (1990) Martelli et al. (1990) Rosa et al. (1992) Azevedo et al. (1994) Porto et al. (1994) Cardoso et al. (1996) Borges et al. (1997) Teles et al. (1998) Bastos (2000) Lopes et al. (2001) Silva et al. (2002) Teles et al. (2002) Carneiro e Daher (2003) Costa (2004) De Souza et al. (2004) Tavares et al. (2004) Silva et al. (2005) Ferreira et al. (2006) Oliveira et al. (2006) De Paiva et al. (2008) Matos et al. (2008) Ferreira (2008) Matos et al. (2009) Dos Anjos et al. (2011) Aires et al. (2012) Barros et al. (2013) Caetano (2014) Marinho et al. (2014) Fernandes C. N. et al. (2014) Matos (2014) Silva (2014) Brandão et al. (2015) Marques (2015) Moraes et al. (2015) Oliveira et al. (2016a) Carvalho (2016) População N Feminina de área urbana Prisioneiros; Primodoadores Pacientes com hanseníase em tratamento ambulatorial; institucionalizados Profissionais da área da saúde Meninos de/na rua Gestantes/parturientes Pacientes em diálise Pacientes em hemodiálise Pacientes com doenças falciformes Profissionais de hemodiálise Indivíduos com suspeita clínica de hepatite Pacientes em hemodiálise (1995; 1999) Anestesiologistas Idosos residentes em asilos Portadores de doença mental Hemofílicos Profissionais de laboratório Pacientes em hemodiálise Adolescentes de baixa renda Dentistas Caminhoneiros que trafegam pela BR-153 UDNI; UDI Comunidade de afrodescendentes Primodoadores de sangue Pacientes com tuberculose Reeducandas Assentados rurais Catadores de materiais recicláveis 475 201; 1033 Prevalência (%) HBsAg Global* 6,1 26,4; 12,8 83; 171 4,8; 8,8 16,9; 50,5 625 496 1459 175 282 63 152 2,3 2 0,5 13,7 12 0 0,7 23,4 13,5 7,5 63,4 56,7 12,7 24,3 1396 14,5 50,7 282; 536 90 195 433 102 648 664 680 12,0; 5,8 0 0,5 1,6 1,1 0,7 2,4 0,6 0 8,9 32,3 22,4 43,7 24,1 5,9 6,0 641 2,5 18,9 852; 150 878 984 402 148 467 431 0,2; 0,6 1,8 0,3 3,2 0,7 0,8 0,7 13,5; 20,9 35,4 6,9 25,6 18,9 10,9 12,8 Gestantes 1.303 0,6 5,6 Mulheres profissionais do sexo Usuários de crack institucionalizados Pacientes infectados pelo HIV Pacientes com diabetes mellitus tipo 2 Pacientes com doença mental institucionalizados Pacientes infectados pelo HIV, virgens de tratamento População em situação de rua abrigada 402 600 495 605 0,7 0,5 3,8 0 17,1 7,0 33,5 17,8 333 0,9 12,9 505 4,9 25,1 353 0,5 21,8 - *Presença de qualquer marcador de infecção pelo HBV. UNDI: usuários de drogas não injetáveis, UDI: usuários de drogas injetáveis, HIV: vírus da imunodeficiência humana. 28 1.9.3 Distribuição dos genótipos e subgenótipos A distribuição geográfica dos genótipos e subgenótipos do HBV é variável nas diferentes regiões do mundo. O genótipo A encontra-se amplamente distribuído, sendo que o subgenótipo A1 é frequentemente detectado na África subsaariana, Ásia e em regiões com história de comércio de escravos, como a América do Sul. O subgenótipo A2 é prevalente principalmente no norte da Europa, A3 na África central e ocidental, enquanto A4, A5, A6 e A7 circulam em outras regiões da África. Os genótipos B e C são comumente identificados na Ásia. O subgenótipo B1 é mais encontrado no Japão, B2-B5 no leste asiático, B6 em populações indígenas do Ártico e B7-B9 na Indonésia. Os subgenótipos C1-C16 apresentam maior circulação nas regiões leste e sudeste da Ásia. O genótipo D é cosmopolita, sendo dominante na região mediterrânea, norte e leste da Europa e norte da África. O subgenótipo D1 é frequente na Grécia, Turquia e norte da África, D2 no leste Europeu, D3 na Itália, Sérvia, África do Sul e Alasca e D4 na Oceania e Somália, enquanto que D5-D9 foram detectados na Índia, Indonésia, Nigéria e Tunísia. A presença do genótipo E foi evidenciada principalmente na África central e ocidental. O genótipo F, com os quatro subgenótipos (F1-F4) e diferentes clados (F1a, F1b, F2a, F2b), está distribuído predominantemente nas Américas Central e do Sul. O genótipo G circula em países da Europa e nos Estados Unidos da América. O genótipo H tem sido descrito no México, América Central, Estados Unidos e Japão. Recentemente, o genótipo I (I1-I2) foi identificado no Vietnã e Laos, e o genótipo J isolado em um único indivíduo no Japão (ALVARADO-MORA; PINHO, 2013; KRAMVIS, 2014; LIN; KAO, 2011; POURKARIM et al., 2014; SUNBUL, 2014; ZEHENDER et al., 2014). No Brasil, embora já tenha sido relatada a presença de distintos genótipos do HBV (A, B, C, D, E, F, G e H), reflexo da mistura étnica do País e constante movimentação populacional devido a globalização, os genótipos A, D e F são os mais prevalentes, havendo maior proporção do subgenótipo A1 (ARAUJO et al., 2004; ARAUJO et al., 2014; ASSIS et al., 2015; BERTOLINI et al., 2012; DIAS et al., 2012; MARINHO et al., 2014; MELLO et al., 2007; MOTTA-CASTRO et al., 2008; NABUCO et al., 2012; PEREIRA et al., 2009). 29 1.10 Prevenção e controle da infecção pelo HBV Estratégias para reduzir a propagação da infecção pelo HBV incluem a imunização dos indivíduos susceptíveis, rastreamento sorológico, tratamento dos portadores crônicos, além de mudanças comportamentais e condutas que evitem a exposição ao sangue e outros fluidos corporais, tais como: uso de preservativo durante as relações sexuais, triagem sorológica nos bancos de sangue/órgão/sêmen, rastreamento de gestantes para o HBV, não compartilhamento de agulhas e objetos pessoais perfurocortantes, inativação dos hemoderivados, política de redução de danos, práticas adequadas de biossegurança em estabelecimentos de saúde e profilaxia pós-exposição. Dentre as estratégias de prevenção contra o HBV, a vacinação é a forma mais segura, eficaz e com melhor custo-benefício (FRANCO et al., 2012; LOCARNINI et al., 2015; MEIRELES; MARINHO; VAN DAMME, 2015; WHO, 2012; 2015a). A vacina contra hepatite B foi disponibilizada comercialmente a partir do ano de 1982, sendo a primeira derivada de plasma de portadores do HBV. Posteriormente, a mesma foi substituída pela chamada vacina de segunda geração, desenvolvida pela técnica do DNA recombinante expressando o HBsAg em leveduras. Já a vacina de terceira geração, também recombinante, apresenta epítopos neutralizantes das regiões Pré-S/S do HBV. Em ensaios controlados, essa vacina tem demonstrado ser mais imunogênica quando comparada a de segunda geração, porém ainda não está amplamente distribuída (FRANCO et al., 2012; GERLICH, 2015; LOCARNINI et al., 2015; TAJIRI; SHIMIZU, 2015). Além da vacina contra hepatite B monovalente, vacinas combinadas também estão disponíveis e têm sido introduzidas no calendário de vacinação de muitos países, como a vacina combinada contra hepatites A e B, bem como a vacina pentavalente que protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo B e hepatite B (TREPÓ; CHAN; LOK, 2014). O esquema de vacinação mais utilizado é a administração de três doses (0, 1 e 6 meses) da vacina monovalente por via intramuscular, embora cronogramas acelerados e/ou com maior número de doses têm sido considerados em grupos populacionais específicos (CDC, 2015a; FRANCO et al., 2012). A vacina pode ser administrada em qualquer idade, porém recomenda-se iniciar o esquema nas primeiras 24 horas de vida, uma vez que a eficácia é maior em recém-nascidos, crianças e jovens. O esquema vacinal completo induz níveis de anticorpos protetores (título de anti-HBs ≥ 10 mUI/mL) em 30 aproximadamente 95% dos indivíduos saudáveis. Entretanto, idade avançada, obesidade, tabagismo, uso abusivo de álcool, hemodiálise, diabetes mellitus tipo 1 e imunossupressão são fatores relacionados à menor resposta ou até mesmo a não resposta à vacina contra o HBV. Embora a duração da proteção conferida pela vacina seja controversa, estudos mostram que, mesmo após os títulos de anti-HBs diminuírem a níveis indetectáveis, a proteção contra o HBV persiste devido a memória imunológica. Assim, até o momento, não é recomendado o reforço para indivíduos saudáveis que completaram o esquema (CDC, 2015a; FRANCO et al., 2012; KOMATSU, 2014; ORLANDO et al., 2015; WHO, 2015a; 2015b). Em 1992, a OMS recomendou que a vacinação contra o HBV deveria ser incluída no sistema de imunização infantil de todos os países. Essa estratégia resultou em uma diminuição considerável da infecção crônica pelo HBV e da transmissão desse vírus em várias regiões do mundo (CHANG, 2014; MEIRELES; MARINHO; VAN DAMME, 2015; ORLANDO et al., 2015; WHO, 2009; 2015b). No Brasil, a implementação da vacina contra hepatite B ocorreu gradativamente pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). A partir do ano de 1989, a vacina foi introduzida em algumas regiões devido à prevalência elevada, como na Amazônia. Posteriormente, foi estendida a grupos populacionais considerados em risco. Somente em 1998, a vacina passou a ser disponibilizada para todos os recém-nascidos até um ano de idade em todo o País. Em 2001, a vacinação foi ampliada para menores de 20 anos. No ano de 2011, contemplou-se a faixa etária de 20 a 24 anos. Em 2012, a vacina foi disponibilizada para a população até 29 anos de idade. No ano de 2013, a mesma foi recomendada para os indivíduos até 49 anos de idade (BRASIL, 2013). Por fim, o Ministério da Saúde ampliou a oferta da vacina contra a hepatite B para toda população independentemente da idade e ou condições de vulnerabilidade (BRASIL, 2015). Além disso, vale destacar a disponibilidade gratuita da vacina contra hepatite B, ao longo dos últimos anos, para grupos populacionais considerados com maior vulnerabilidade, tais como: gestantes, profissionais da saúde, bombeiros, policiais militares/civis/rodoviários, carcereiros, reclusos, caminhoneiros, coletadores de lixo, manicures, assentados, politransfundidos, doadores de sangue, vítimas de abuso sexual, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), profissionais do sexo, portadores de IST e usuários de drogas injetáveis/inaláveis (BRASIL, 2008; 2010b; 2013). A vacina contra o HBV, em sua apresentação monovalente, é disponibilizada pelo SUS para indivíduos acima de cinco anos de idade, sendo administrada no esquema 31 tradicional de três doses (0, 1 e 6 meses). Adicionalmente, a vacina monovalente é recomendada para crianças ao nascer (preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida), seguida de três doses, com intervalo de 60 dias, da vacina pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B) (BRASIL, 2012; 2015). A vacina nacional contra a hepatite B (VrHB-IB) tem sido produzida pelo Instituto Butantan, utilizando tecnologia de DNA recombinante. Essa vacina contém o HBsAg expresso pela levedura Hansenula polymorpha e, inicialmente, foi produzida com o antígeno na concentração de 20 µg/mL. Entretanto, após estudos de equivalência, verificou-se que a vacina era menos imunogênica em adultos, quando comparada à vacina de referência Engerix B, da Glaxo Smith Kline (20 µg/mL). Diante disso, a concentração do antígeno na VrHB-IB foi aumentada para 25 µg/mL para adultos. A metade dessa dose (12,5 µg/mL) é administrada em crianças e adolescentes. Assim, a vacina brasileira VrHB-IB modificada foi considerada equivalente à vacina de referência e seu uso recomendado para todas as faixas etárias (LUNA et al., 2009; MORAES; LUNA; GRIMALDI, 2010). Outra forma de prevenir a infecção pelo HBV é a imunização passiva, baseada na administração de imunoglobulina humana anti-hepatite B (HBIG), contendo um título elevado de anticorpos específicos. A HBIG é normalmente administrada junto com a vacina, sendo indicada para prevenir a transmissão vertical em neonatos e para pessoas não vacinadas após a exposição a uma situação de risco (profilaxia pós-exposição), por exemplo: vítimas de abuso sexual, comunicantes sexuais de caso agudo de hepatite B, vítimas de acidentes com material biológico HBsAg positivo, ou fortemente suspeito de infecção por HBV, e imunodeprimidos após exposição de risco. Além dessas exposições, a imunoglobulina também é utilizada em indivíduos infectados pelo HBV que tenham sido submetidos a transplante de fígado, de modo a evitar a reinfecção (ASPINALL et al., 2011; BRASIL, 2010b; ORLANDO et al., 2015). 1.11 Hepatite B em homens que fazem sexo com homens A expressão HSH (homens que fazem sexo com homens), amplamente utilizada na área de saúde pública, refere-se a homens que têm relações sexuais com outros homens, independente da motivação para a prática sexual ou identificação em alguma “comunidade” específica (BRASIL, 2004; DE VRIES, 2014; WHO, 2011). Assim sendo, o termo HSH abrange homossexuais e bissexuais do sexo masculino, bem 32 como homens que se consideram heterossexuais e fazem sexo com outros homens por diversas razões. No âmbito da epidemiologia, pessoas transgêneras (travestis e transexuais) têm sido incluídas nessa população, embora exista uma tendência para desvincular esse grupo dos HSH (WHO, 2011). Por ser uma IST, alguns grupos populacionais são considerados de maior vulnerabilidade para a infecção pelo HBV. Dentre eles, se destacam os homens que fazem sexo com homens, por apresentarem taxas de prevalência de IST superiores às encontradas na população em geral (BRASIL, 2007; CHOW et al., 2014; SOARES et al., 2014; TSENG et al., 2012; URBANUS et al., 2009). Tendo em vista os estudos conduzidos na população de HSH (Quadro 3), verifica-se que a prevalência global da infecção pelo HBV variou de 0,9% no Líbano (KASSAK et al., 2011) a 52,9% em Taiwan (em HIV soropositivos) (TSENG et al., 2012), enquanto que a do HBsAg variou de 0% na cidade de Colon no Panamá (HAKRE et al., 2014) a 16,4% em HSH infectados pelo HIV em Taiwan (TSENG et al., 2012). No Brasil, duas coortes realizadas no Rio de Janeiro, para determinar a incidência do HIV em homens homossexuais e bissexuais, mostraram uma prevalência global para o HBV de 47,9% (SUTMOLLER et al., 1997) e de 37,2% (SUTMOLLER et al., 2002) nos indivíduos inicialmente recrutados. Mais recentemente, um estudo conduzido na população de HSH em Campinas-São Paulo (SP) apresentou uma prevalência de 11,4% e 2,3% para os marcadores anti-HBc e HBsAg, respectivamente (SOARES et al., 2014). A prevalência elevada da infecção pelo HBV em conjunto com a transmissão associada ao sexo anal desprotegido, múltiplos parceiros sexuais e histórico de IST tornam os HSH propensos a se infectarem com esse vírus (DE VRIES, 2014; PANDO et al., 2006; REMIS et al., 2000; URBANUS et al., 2009). Além disso, o estigma social e a homofobia também colocam essa população em maior risco de depressão, uso de substâncias ilícitas e comportamentos sexuais de risco (DE VRIES, 2014; RISHER et al., 2013; SABIDÓ et al., 2015). Segundo dados do CDC (2013), cerca de 20% dos casos novos de infecção pelo vírus da hepatite B, em adultos, ocorrem entre gays e homens bissexuais. Ainda, van Houdt et al. (2012) verificaram que 23% dos HSH, que se infectaram na idade adulta, se tornaram portadores crônicos do HBV. Índice esse superior ao observado na população em geral (5%) (WHO, 2015a), o que pode indicar um pior prognóstico da doença em HSH. Contudo, nesse estudo, não foi possível elucidar o determinante para a cronificação da hepatite B em HSH adultos. Assim, mais estudos são necessários para confirmar esse 33 achado, bem como para avaliar os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da infecção crônica. Estudos moleculares evidenciam a circulação de isolados idênticos do genótipo A do HBV em HSH em países da Europa e Japão (FUJISAKI et al., 2011; KOIBUCHI et al., 2001; VAN HOUDT et al., 2010). Na Argentina, Trinks et al. (2008) verificaram a predominância do genótipo F em HSH. Pesquisas realizadas no Canadá e na Holanda sugerem que o genótipo G está circulando, principalmente, entre HSH (OSIOWY et al., 2008; VAN DER KUYL et al., 2013). No Brasil, foi identificado em um paciente HSH a cocirculação dos genótipos G e F, bem como a recombinação dos mesmos (ARAUJO et al., 2013). Quanto a detecção de mutações no genoma do HBV em HSH, Fujisaki et al. (2011) observaram mutações na região da polimerase do HBV (rtV173L, rtL180M, rtM204V) relacionadas à resistência a lamivudina em um caso de HSH, virgem de tratamento, no Japão. Ainda, mutação de escape vacinal (sS143L) também foi relatada em HSH na Alemanha (INGILIZ et al., 2012). Apesar da vacina contra hepatite B estar disponível desde 1982, e a Organização Mundial de Saúde recomendar que os HSH sejam incluídos nos grupos estratégicos para imunização, nota-se que a cobertura vacinal nessa população permanece abaixo do ideal em vários países (CHOI et al., 2005; CHOW et al., 2014; KASSAK et al., 2011; LINKINS et al., 2013; PITASI et al., 2014; WHO, 2011). No Brasil, apenas 29% dos HSH estudados em Campinas-SP apresentaram o marcador anti-HBs isolado, indicando vacinação prévia, e mais de 50% dos participantes foram negativos para qualquer marcador sorológico do HBV, sendo assim suscetíveis à infecção (SOARES et al., 2014). 34 Quadro 3 - Estudos de prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens Referência Bleeker et al. (1981) Local População Amsterdã, Holanda Boston, EUA Rio de Janeiro, Brasil Carachi, Paquistão HSH em sauna diurna; noturna Gays e bissexuais HSH N Prevalência (%) HBsAg Globala 134; 184 3,0; 8,7 - 508 318 - 12,9 47,9 Travestis 208 3,4 - Montreal, Canadá HSH HIV negativos 328 4,3 41,0 EUA HSH 3.432 - 11,0 Rio de Janeiro, Brasil Washington, EUA HSH 1165 4,0 37,2 HSH Travestis profissionais do sexo HSH HIV negativos 833 1,0 13,3 200 3,0 50,5 903 - 19,0 HSH 489 8,2 28,0 HSH 3.334 1,0 12,0 HSH 681 - 37,7 Pequim, China HSH (ano: 2004; 2005; 2006) 325; 427; 540 7,5; 8,0; 10,3 - Zagreb, Croácia HSH 360 0,9 9,2 Pequim, China Zanzibar, Tanzânia Paquistão Peru Líbano HSH HSH UDI; não UDI HSH HSH HSH 541 6,5 - 66; 443 - 3,8; 4,5 396 2.703 101 8,1 2,8 0,9 20,2 0,9 Porto Rico HSH 41 - 4,9 Dos Ramos Farías et al. (2011) Argentina Homens profissionais do sexo; transexuais profissionais do sexo 82; 264 1,2; 1,9 22,0; 40,2 Pando et al. (2012)b Buenos Aires, Argentina HSH 496 - 22,9 Tseng et al. (2012) Taiwan HSH HIV positivos; HIV negativos 438; 690 16,4; 6,2 52,9; 20,3 Seage et al. (1997) Sutmoller et al. (1997) Baqi et al. (1999) Remis et al. (2000) MacKellar et al. (2001) Sutmoller et al. (2002) Diamond et al. (2003) Russi et al. (2003) Jin et al. (2004) Sydney, Austrália Choi et al. (2005) McMillan (2006) Pando et al. (2006) Ma et al. (2007) Montevideo, Uruguai b, c Bozicevic et al. (2009)b, c Ruan et al. (2009) Johnston et al. (2010)b,c Khanani et al. (2010)b Lama et al. (2010) Kassak et al. (2011)b Cólon-López et al. (2011) São Francisco, EUA Edimburgo, Escócia Buenos Aires, Argentina 35 Quadro 3 (continuação) - Estudos de prevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens Referência Local Van Houdt et al. (2012) Wang et al. (2012) Linkins et al. (2013) Amsterdã, Holanda Pequim, China Bancoque, Tailândia Soares et al. (2014)b, c 1.862 12,0 44,0 HSH 1.111 6,1 26,5 HSH 1.117 9,2 39,6 - 52,4 Trípoli, Líbia China 227 35.203 2,9 8,9 - Vitória, Austrália HSH 10.031 3,7 10,6 HSH 204; 306; 93 c 2,2; 3,4; 0 10,0; 29,4; 40,6 HSH 345 1,5 19,4 143 9,8 - 558 2,3 11,4 1.843 1,7 28,8 Valadez et al. (2013)b, c Chow et al. (2014) Gamagedara et al. (2014) Prasetyo et al. (2014)b HSH 267 Hollywood, EUA Pitasi et al. (2014) N Gays e bissexuais desabrigados HSH HSH Nyamathi et al. (2013) Hakre et al. (2014)b, c Prevalência (%) HBsAg Globala População David; Cidade do Panamá; Colon, Panamá Los Angeles, EUA Surakarta, Indonésia Campinas, Brasil HSH HSH HSH HIV positivos Jansen et al. (2015) Alemanha Nielsen et al. (2015) Aarhus, Dinamarca HSH 141 1,4 7,0 Remis et al. (2016) Toronto, Canadá HSH HIV positivos; HIV negativos 294; 148 2,7; 0,7 49,4; 19,1 HSH: homens que fazem sexo com homens; EUA: Estados Unidos da América; HIV: vírus da imunodeficiência humana; UDI: usuários de drogas injetáveis. a Presença de qualquer marcador de infecção pelo HBV; b Recrutamento da população utilizando RDS; c Prevalência ponderada pelo RDSAT 1.12 Métodos de amostragem em populações de difícil acesso Um grande desafio para estudos epidemiológicos em grupos populacionais com maior vulnerabilidade para infecção pelo HIV e outras IST é a obtenção de amostras representativas. Uma vez que muitos desses grupos, como usuários de drogas, profissionais do sexo e HSH, são considerados ocultos ou de difícil acesso por estarem vinculados a comportamentos estigmatizados ou atividades ilegais (KENDALL et al., 2008; MAGNANI et al., 2005; PENROD et al., 2003). Para lidar com tal dificuldade, diferentes métodos de amostragem foram propostos para aumentar a eficiência de recrutamento desses grupos populacionais. A técnica de amostragem denominada bola de neve (snowball) foi utilizada, aumentando a 36 identificação e inclusão de participantes de populações de difícil acesso, uma vez que membros da população-alvo eram responsáveis por recrutar novos membros, formando cadeias de recrutamento (BIERNACKI; WALDORF, 1981; MAGNANI et al., 2005). A amostragem por bola de neve aumenta o acesso e a eficiência no recrutamento de populações ocultas, porém não permite uma amostragem probabilística (HECKATHORN, 2011). Assim, a partir da década de 90, outras metodologias de amostragem probabilística foram propostas para permitir uma estimativa estatística das variáveis de interesse. Nesse contexto, pode-se destacar as técnicas de amostragem tempo-local (Time-Location Sampling - TLS) (STUEVE et al., 2001) e a dirigida pelo entrevistado (Respondent-Driven Sampling - RDS) (HECKATHORN, 1997). O método TLS é baseado na ideia de que as populações de difícil acesso tendem a se reunir em locais específicos (discotecas, bares, saunas ou parques). Após mapear os locais onde a população-alvo pode ser encontrada, seleciona-se o dia, hora e local do recrutamento, havendo uma seleção sistemática dos participantes. No entanto, o TLS inclui apenas aqueles que frequentam os locais selecionados, podendo excluir uma parcela da população que frequenta ambientes diferentes (KENDALL et al., 2008; MAGNANI et al., 2005). A metodologia RDS, proposta em 1997, por Heckathorn, é uma variante da amostragem por bola de neve e, como tal, o recrutamento é feito pelos membros da população-alvo. Esses devem estar conectados por uma rede social e a indicação dos participantes ocorre pelos pares. A seleção dos participantes iniciais, também chamados “sementes”, é realizada a partir de uma pesquisa formativa que auxilia o pesquisador a decidir detalhes sobre a implementação do estudo (HECKATHORN, 1997; JOHNSTON et al., 2010; MCCREESH et al., 2013). Após participar do estudo, as sementes recebem um número definido de cupons referenciados para recrutar novos membros da populaçãoalvo (onda 1). Esses, por sua vez, também recebem cupons para recrutar novos participantes (onda 2), de forma que a cadeia de recrutamento se expande com a formação de novas ondas até atingir o tamanho da amostra desejada (Figura 10). Para garantir a participação e contínuo recrutamento, são fornecidos incentivos pela participação e por membro recrutado (JOHNSTON et al., 2016; SALGANIK; HECKATHORN, 2004; SALGANIK, 2006; WHITE et al. 2015). Adicionalmente, o método RDS permite o cálculo das probabilidades de seleção por meio de um modelo matemático que pondera a amostra para compensar possíveis vieses de recrutamento, sendo, assim, classificado entre os métodos de amostragem probabilística (HECKATHORN, 1997). Para gerar tais 37 estimativas, a análise estatística dos dados é realizada utilizando um programa computacional denominado RDSAT (RDS Analysis Tool) (VOLZ; HECKATHORN, 2008; WHITE et al., 2012). Estudos comparativos entre as metodologias de amostragem utilizadas para recrutamento de HSH destacam as vantagens da utilização do RDS. Esse é o método sugerido para vigilância do HIV em HSH, podendo ser aplicado em outras IST, devido à diversidade da amostra produzida, a sua capacidade para limitar a influência de seleção do investigador e as suas vantagens logísticas (KENDALL et al., 2008; WEI et al., 2012). Desde que foi proposto, o RDS tem sido amplamente utilizado para vigilância do HIV e outras IST em grupos populacionais de difícil acesso em todo o mundo (FORREST et al., 2016; JOHNSTON et al., 2013; LANE et al., 2011; MEDHI et al., 2012; MONTEALEGRE et al., 2013). No Brasil, essa metodologia vem sendo utilizada para recrutar mulheres profissionais do sexo (DAMACENA; SZWARCWALD; BARBOSA JÚNIOR, 2011; FERNANDES F. R. et al., 2014), usuários de drogas (GUIMARÃES et al., 2015) e homens que fazem sexo com homens (BRIGNOL et al., 2015; KERR et al., 2013; SOARES et al., 2014). Figura 10 - Representação gráfica de um recrutamento por RDS (modificada) Fonte: HHS-CDC (2008) 38 2 JUSTIFICATIVA Após quase 50 anos da descoberta do HBV e da disponibilidade da vacina por mais de 30 anos, a hepatite B continua sendo um problema de saúde pública mundial, estando ainda associada a muitos casos de cirrose, carcinoma hepatocelular e alta taxa de mortalidade (BRASIL, 2003; BURNS; THOMPSON, 2014; LOZANO et al., 2012; SHI; SHI, 2009; WHO, 2015a). Tais dados evidenciam a importância de estudos que visam investigar a infecção pelo HBV em populações específicas, podendo contribuir para elaboração de estratégias efetivas de prevenção e controle dessa infecção. A exposição ao vírus da hepatite B ocorre em número considerável de homens que fazem sexo com homens. A OMS reconhece que essa população apresenta um risco maior para IST quando comparada à população geral (WHO, 2011). Essa maior vulnerabilidade envolve o contexto de violência, tipo de prática sexual, acesso limitado aos serviços de saúde e inserção social, o que reflete na precariedade de adoção de práticas sexuais seguras, vacinação, testagem e adesão ao tratamento (BRASIL, 2007; DE VRIES, 2014; RISHER et al., 2013). Além disso, de acordo com estudo realizado por van Houdt et al. (2012), o risco aumentado para o desenvolvimento de hepatite B crônica é um fator preocupante nessa população. Diante do exposto, estudos epidemiológicos da infecção pelo HBV em HSH são importantes para auxiliar no direcionamento das políticas públicas de saúde dirigidas à essa população. Na tentativa de reduzir os casos de infecção entre homens que fazem sexo com homens, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais lançou o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DST entre Gays, HSH e Travestis (BRASIL, 2007). No entanto, as informações epidemiológicas e moleculares da infecção pelo HBV em HSH no Brasil permanecem escassas. Além disso, os poucos dados disponíveis no País se restringem à Região Sudeste e não abordam os aspectos moleculares da infecção (SOARES et al., 2014; SUTMOLLER et al., 1997; 2002). Diante disso, este é o primeiro estudo realizado na Região Centro-Oeste do Brasil, com o intuito de investigar o perfil soroepidemiológico e molecular da infecção pelo vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens em Goiânia-GO, utilizando o método RDS. Essa metodologia de recrutamento permite a obtenção de uma amostragem representativa de grupos populacionais de difícil acesso, como é o caso dos HSH. Nesta tese, foi investigada a prevalência, os fatores de risco associados à infecção e a situação vacinal contra hepatite B na população estudada, além da pesquisa de 39 infecção oculta pelo HBV e a caracterização molecular dos isolados virais. Assim, este estudo poderá subsidiar a elaboração e/ou reestruturação de estratégias específicas para diagnóstico, prevenção e controle da hepatite B em HSH, visando melhorias na qualidade de vida e de assistência a este grupo de indivíduos. 40 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Estudar o perfil soroepidemiológico e molecular da infecção pelo vírus da hepatite B em homens que fazem sexo com homens em Goiânia-Goiás. 3.2 Objetivos específicos - Estimar a prevalência dos marcadores sorológicos de exposição ao HBV (anti-HBc) e de infecção (HBsAg) nos HSH estudados; - Analisar os fatores associados à infecção pelo HBV nesta população; - Investigar a ocorrência de infecção oculta pelo vírus da hepatite B nos HSH; - Identificar os genótipos e subgenótipos do HBV circulantes; - Verificar a presença de mutações no genoma do HBV; - Comparar a presença do marcador sorológico anti-HBs com a frequência do auto relato de vacinação prévia contra a hepatite B na população estudada; - Analisar os fatores associados à imunização contra o HBV entre os HSH. 41 4 RESULTADOS Artigo 1: Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey. Autores: Marina P. Oliveira, Márcia A. D. Matos, Ágabo M. C. Silva, Carmen L. R. Lopes, Sheila A. Teles, Marcos A. Matos, Natália Spitz, Natalia M. Araujo, Rosa M. S. Mota, Ligia R. F. S. Kerr, Regina M. B. Martins. Revista: PLoS One, v. 11, n. 8, 2016. doi:10.1371/journal.pone.0160916 Artigo 2: Hepatitis B vaccination and associated factors among men who have sex with men in Brazil. Autores: Marina P. Oliveira, Ágabo M. C. Silva, Andreia A. Andrade, Edna B. R. Santana, Nara R. Freitas, Carmen L. R. Lopes, Rosa M. S. Mota, Márcia A. D. Matos, Regina M. B. Martins. Revista: Journal of Infection and Public Health (submetido) 42 4.1 Artigo 1 Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey Marina P Oliveira1, Márcia A D Matos1, Ágabo M C Silva1, Carmen L R Lopes2, Sheila A Teles2, Marcos A Matos2, Natália Spitz3, Natalia M Araujo3, Rosa M S Mota4, Ligia R F S Kerr4, Regina M B Martins1* 1 Institute of Tropical Pathology and Public Health, Federal University of Goiás, Goiânia, Goiás, Brazil 2 Faculty of Nursing, Federal University of Goiás, Goiânia, Goiás, Brazil 3 Oswaldo Cruz Institute, Oswaldo Cruz Foundation, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil 4 Department of Community Health, Federal University of Ceará, Fortaleza, Ceará, Brazil *Corresponding author E-mail: [email protected] (RMBM) Short title: HBV Infection in Brazilian MSM 43 Abstract Background: Men who have sex with men (MSM) are at increased risk of exposure to hepatitis B virus (HBV) compared with the general population. This study aims to assess the epidemiological and virological characteristics of HBV infection in a sample of MSM in Brazil, where data are scarce. Methods: A cross-sectional study was conducted among MSM in the City of Goiânia, Central Brazil, from March to November 2014, using Respondent-Driven Sampling (RDS). After signing the consent form, participants were interviewed and a blood sample collected. All samples were tested for HBV serological markers and HBV DNA. HBV nucleotide sequence analysis was also performed. Results: A total of 522 MSM were recruited in the study. The prevalence of HBV infection [current or past (presence of anti-HBc marker)] was 15.4% (95% CI: 8.7-25.8) and the rate of HBsAg carriers was 0.6% (95% CI: 0.2-1.6). About 40% (95% CI: 32.348.8) of the participants had serological evidence of previous HBV vaccination (reactive for isolated anti-HBs). In addition, 44.3% (95% CI: 36.1-52.9) were seronegative for all HBV markers. Age over 25 years old, receptive anal intercourse, previous sex with women, and history of sexually transmitted infections (STIs) were factors associated with HBV infection. HBV DNA was detected only in HBsAg-positive individuals. HBV isolates were classified into genotype A (subgenotypes A1 and A2), and some mutations were identified throughout the genome. Therefore, occult HBV infection was not observed in the study population. Conclusions: Public health strategies should be improved for the MSM population in order to prevent HBV and other STIs, as well as to provide appropriate management of patients with active infections. 44 Introduction Hepatitis B virus (HBV) infection has a wide global distribution. The World Health Organization (WHO) estimates that there are over 240 million chronically infected people worldwide. The chronic form of this infection is associated with a variety of clinical manifestations, ranging from an asymptomatic carrier state to severe liver disease, including cirrhosis and hepatocellular carcinoma (HCC) [1]. The traditional serological marker of hepatitis B is the HBV surface antigen (HBsAg), which is detectable in serum during acute and chronic infection. However, with the development of highly sensitive molecular biology techniques, HBV DNA has been detected in serum and/or liver without detectable HBsAg. This profile is called occult HBV infection (OBI) and has been associated with hepatitis B reactivation, increased severity of liver disease, and HCC development. In addition, an increased risk of HBV transmission through blood transfusion, organ transplantation, and hemodialysis due to OBI has been reported [2,3]. HBV isolates are classified into ten genotypes, designated A-J, based on sequence divergence greater than 7.5% in the complete genome. Most genotypes further segregate into subgenotypes that differ from each other by 4-7.5%. HBV genotypes/subgenotypes have different geographical distributions, and influence clinical outcomes and response to treatment [4,5]. In Brazil, genotype A is the most prevalent, followed by genotypes D and F, with a higher proportion of subgenotype A1 [6,7]. The genetic variability of HBV can lead to the occurrence of different diagnosis and clinical profiles. Mutations in the Pre-S/S gene region have been linked to low HBsAg levels and HBV vaccine/immunoglobulin escape, whereas those found in the Pre-C/C and BCP (basal core promoter) gene regions can lead to decreased hepatitis B e antigen (HBeAg) expression and to progression to severe liver disease [8,9]. 45 HBV infection occurs in a considerable number of men who have sex with men (MSM). According to the US CDC [10], about 20% of new cases of HBV infection in adults in the United States of America occur among gay and bisexual men. In addition, a high rate of chronic hepatitis B was reported in MSM [11]. Some studies have shown that MSM are at high risk of sexually transmitted infections (STIs), including hepatitis B [1218]. This greater vulnerability involves the context of violence, conditions of sexual practices such as unprotected anal intercourse and multiple sexual partners in addition to low access to health services and social integration, which can lead to unsafe sexual practices [13,17]. Worldwide, HBV infection prevalence in MSM varies according to geographical region as well as with the characteristics of the selected subgroup studied. Thus, the prevalence of this infection in MSM has ranged from 0.9% in Lebanon [19] to 44% in the Netherlands [11]. In addition, higher HBV rates have been described in specific subgroups of MSM, such as gays and bisexuals homeless young adults in USA (52.4%) [20], HIV-positive MSM in Taiwan (52.9%) [16] and male transvestite commercial sex workers in Uruguay (50.5%) [21]. In Brazil, previous [22,23] and current [15] studies concerning HBV prevalence among MSM are still rare, and no data regarding the molecular epidemiology of HBV in MSM has been published thus far. Therefore, this study was conducted in order to investigate the HBV prevalence, associated factors, occult infection rate and molecular characterization of viral isolates in MSM in Central Brazil. Material and Methods Study population and sampling method 46 A cross-sectional study among MSM was conducted in Goiânia (1,256,514 inhabitants), the capital of the State of Goiás in Central Brazil. From March to November 2014, a total of 522 MSM were recruited using Respondent-Driven Sampling (RDS), a chain-referral sampling method in which initial participants, called seeds, recruit a limited number of additional participants. These participants recruit more participants and this process goes on until the desired sample size is reached. This recruitment strategy is an efficient data collection method and it is useful to study hidden populations such as MSM [24,25]. Initially, formative research was conducted to determine study logistics and to select the seeds. Based on their extensive social network, three seeds were first selected by collaborating with governmental and non-governmental organizations supporting LGBT (Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender) individuals and during the gay pride parade. Additionally, two more seeds were included during the study to enroll additional participants. Each seed received three numbered referral coupons to invite other eligible MSM to the study (first wave). Eligibility criteria for participation were being born male sex, aged 18 years or older, leaving in the Goiânia metropolitan area, reporting have had sex with another man in the 12 months preceding the study, do not identify as transsexual, and presenting a valid recruitment coupon. Considering that MSM is a hard-to-reach population, the sample size calculation took into consideration the expected design effect of 2.0 [26]. The minimum sample size of 418 participants was calculated using an estimated prevalence for exposure to HBV of 11.4% [15], with confidence interval of 95% and a precision of 4.4%. Due to the return of some coupons previously issued, the sample size reached 522. After being informed of the objectives and methodology of the study, individuals signed the consent form and answered an interviewer-administered structured questionnaire to collect information about their personal network size, relationship with 47 the recruiter, sociodemographic characteristics and possible factors associated with HBV infection. Then, a blood sample was collected from each participant for laboratory testing. All participants received three referral coupons to recruit new MSM of their social relationships (friends and/or sexual partners), in addition to educational materials and condoms. As an incentive, each participant received four public transportation tickets and two additional transportation tickets for each participant they recruited into the study. The procedures of this study were approved by the Ethics Committee of the Federal University of Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brazil. All participants signed informed written consent. This consent form was approved by the ethics committee. Serological tests Serum samples were tested by enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for detection of HBsAg (Hepanostika HBsAg Ultra, Biomérieux, Boxtel, The Netherlands), antibodies against hepatitis B core antigen (anti-HBc) (Hepanostika anti-HBc Uni-form, Biomérieux), and antibodies against HBsAg (anti-HBs) (Bioelisa anti-HBs, Biokit, Barcelona, Spain). HBsAg reactive samples were subsequently tested for the presence of anti-HBc IgM (Bioelisa anti-HBc IgM, Biokit), HBeAg and antibodies against HBeAg (anti-HBe) (Eti-Ab/Ebk Plus, Diasorin, Italy). Molecular tests DNA was extracted from all samples using phenol-chloroform method [27]. The Pre-S/S region was amplified by semi-nested polymerase chain reaction (PCR) [28]. HBV DNA-positive samples were submitted to amplification of the complete genome [29]. When the full-length genome amplification was not successfully achieved, the S, BCP, and Pre-C/C gene regions were further amplified, as previously described [28]. 48 Nucleotide sequences of the amplified regions were determined by direct sequencing using a BigDye Terminator 3.1 cycle sequencing kit (Applied Biosystems, Foster City, CA), on an ABI 3130 automated sequencer (Applied Biosystems). Sequences were aligned and edited using SeqMan II v.5.01 (DNASTAR), Clustal W and BioEdit. HBV genotypes and subgenotypes were determined by phylogenetic analysis using MEGA program v.6.0 (Molecular Evolutionary Genetics Analysis) and published reference sequences available in GenBank database (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). To identify mutations in the HBV genome, the deduction of amino acids (aa) was performed from nucleotide sequences by using MEGA program v.6.0. The nucleotide sequences obtained in this study were deposited in GenBank under the accession numbers KU900750 to KU900754. Data analysis Prevalence and 95% confidence intervals (CI) were estimated using RDS Analysis Tool (RDSAT) v.5.6 (http://rds-analysis-tool.software.informer.com/versions/). To reduce possible biases associated with chain referral sampling, RDSAT provides weights for each participant based on his social network size and recruitment patterns [24]. Data and weights generated through RDSAT were exported to SPSS v.20 (SPSS Inc., IBM, Chicago, US) for weighted analysis of variables associated with HBV infection [current or past (defined by the presence of anti-HBc serological marker)] using Pearson’s chisquare test and Fisher’s exact test. Variables associated with this infection at p≤0.10 in the univariate analysis were included in the multivariable analysis using a logistic regression model. Finally, a p-value less than 0.05 was considered statistically significant. The design of social networks to visualize the distribution of the HBV exposure in the 49 recruitment network was performed using NetDraw software (http://www.analytictech.com/downloadnd.htm). Results Sampling Of a total of 1,227 coupons issued, 530 (43.2%) were redeemed. Among the 530 MSM who presented a valid recruitment coupon, eight were not selected (two refused to give a blood sample and six were under 18 years old). Therefore, 522 MSM were included in the analysis (5 seeds and 517 recruits). The median number of waves by seed was 9 (range 3-15), and the median number of recruits by seed was 103 (range 15-169). Characteristics of participants The sociodemographic characteristics of the study population are shown in Table 1. Participants were mostly young (≤25 years old, 60%). The majority self-identified as gay (74.9%), followed by bisexual (19.4%) and transvestite (5.7%). Skin color was assessed by self-report (59% claimed brown or mixed (pardo), 18.9% white, 16.6% black and 5.6% others). Most of MSM were single (76.9%), previously attended high school (10-12 years of study, 63.9%) and were in the lowest tier of Brazilian social class (61.3%). 50 Table 1. Sociodemographic characteristics of 522 MSM in Goiânia, Central Brazil. N Unweighted % Weighted % 95% CI ≤ 25 years 338 64.75 60.0 50.8-68.5 > 25 years 184 35.25 40.0 31.5-49.2 Gay 355 68.0 74.9 67.2-81.4 Bisexual 76 14.6 19.4 13.4-27.2 Transvestite 91 17.4 5.7 3.8-8.3 Brown (pardo) 296 56.7 59.0 50.0-67.4 White 103 19.7 18.9 13.5-25.7 Black 91 17.4 16.6 9.9-26.4 Yellow (Asian) 21 4.0 4.1 1.7-9.2 Indigenous 11 2.1 1.5 0.7-3.4 Single 420 80.5 76.9 66.9-84.5 Married/in stable relationship 94 18.0 20.1 12.9-9.9 Separated/divorced 8 1.5 3.1 0.9-9.4 ≤9 77 14.8 13.7 9.0-20.3 10 - 12 307 59.0 63.9 55.9-71.3 ≥ 13 136 26.2 22.4 17.0-28.9 A/B (≥ R$ 8,641) 7 1.4 0.4 0.1-1.7 C (R$ 2,005 - 8,640) 81 15.5 9.9 6.6-14.5 D (R$ 1,255 - 2,004) 140 26.8 28.4 20.3-38.3 E (≤ R$ 1,254) 294 56.3 61.3 52.1-69.7 Characteristics Age (median: 23.6; range: 18-62) Self-identification Skin color/race Marital status Education (years) (n=520) a Social class (Brazilian criteria)b MSM, men who have sex with men; CI, confidence interval; R$, Brazilian real. a Missing data are not shown. b Brazilian criteria classifies individuals into five economic classes [30]: “A” constitutes the highest tier of social class, while “E” the lowest one (US$ 1.00 is approximately equal to R$ 2.32). Prevalence of HBV serological markers Table 2 shows the prevalence of HBV serological markers. Among the 522 MSM studied, 77 (15.4%; 95% CI: 8.7 to 25.8) had been exposed to HBV. Of these, 5 (0.6%) were anti-HBc/HBsAg carriers, 60 (9.3%) were reactive for anti-HBc/anti-HBs and 12 (5.5%) were positive for anti-HBc only. Moreover, 206 (40.3%) were reactive for isolated 51 anti-HBs. In addition, 239 (44.3%) were seronegative for all hepatitis B serological markers. The representation of the recruitment network indicating cases of exposure to HBV is presented in Fig 1. Table 2. Prevalence of HBV serological markers among 522 MSM in Goiânia, Central Brazil. Unweighted Weighted % (95% HBV markers Total % CI) Anti-HBc/ HBsAg 5 1.0 0.6 (0.2-1.6) Anti-HBc/ anti-HBs 60 11.5 9.3 (5.9-14.5) Anti-HBc only 12 2.3 5.5 (1.2-21.8) Any exposure marker 77 14.8 15.4 (8.7-25.8) Anti-HBs (immunized) 206 39.5 40.3 (32.3-48.8) marker 239 45.8 44.3 (36.1-52.9) Absence of (susceptible) any HBV, hepatitis B virus; MSM, men who have sex with men; CI, confidence interval; HBsAg, hepatitis B surface antigen; anti-HBc, antibodies against hepatitis B core antigen; anti-HBs, antibodies against HBsAg. Fig 1. Recruitment networks of 522 men who have sex with men in Goiânia, Central Brazil. The seeds are indicated by large squares and recruits by small squares. Individuals who had been exposed to HBV are in black and others in gray. Factors associated with HBV infection Univariate analysis of demographic, behavioral characteristics, and HIV serological status among unvaccinated MSM (Table 3) revealed that age over 25 years, more than 10 sex partners in lifetime, history of drugs or alcohol use during sex, receptive anal intercourse, previous sex with women and history of STIs were statistically associated with HBV infection (p<0.05). These variables in addition to ever having received payment for sex (p=0.055) and HIV seropositivity (p=0.079) were included in a multivariate analysis using a logistic regression model. Age over 25 years old (p<0.001), 52 receptive anal intercourse (p=0.001), previous sex with women (p=0.038), and history of STIs (p=0.001) were independent factors associated with HBV infection in the study population (Table 4). 53 Table 3. Demographic, behavioral characteristics and HIV serological status associated with HBV infection among unvaccinated MSM in Goiânia, Central Brazil. Variable Age (years) ≤ 25 > 25 Self-identification Gay Bisexual Transvestite Number of sexual partners in lifetime ≤ 10 > 10 Ever used drugs or alcohol during sex No Yes Ever received payment for sex No Yes Receptive anal intercourse No Yes Condom use at anal intercourse Always Not Always Sex with women No Yes Group sex No Yes Sex against will No Yes STIs No Yes HIV status Negative Positive Ever used any illicit drug No Yes Blood transfusion lifetime No Yes HBV Pos./total Unweighted % Weighted % (95% CI) OR (95% CI) P value 22/183 55/133 12.0 41.3 5.2 (2.4-10.8) 46.3 (28.1-65.5) 1 15.73 (5.10-48.39) 49/207 17/61 11/48 23.7 27.9 22.9 28.0 (14.8-46.6) 27.7 (12.7-50.4) 16.5 (5.9-38.4) 1.96 (0.48-8.02) 1.94 (0.43-8.78) 1 16/93 61/223 17.2 27.3 11.9 (5.9-22.6) 35.1 (19.3-55.0) 1 3.99 (1.30-12.23) 0.012 20/102 57/214 19.6 26.6 13.6 (7.0-24.8) 33.4 (18.0-53.4) 1 3.19 (1.10-9.65) 0.034 45/173 32/143 26.0 22.4 17.6 (11.5-26.1) 41.5 (18.3-69.3) 1 3.32 (0.94-11.69) 0.055 11/57 66/259 19.3 25.5 7.0 (2.6-17.5) 32.3 (18.9-49.5) 1 6.35 (1.80-22.53) 0.002 30/157 47/159 19.1 29.5 22.5 (9.0-46.1) 31.3 (18.9-47.2) 1 1.57 (0.44-5.62) 0.484 32/169 45/147 18.9 30.6 15.2 (9.4-23.7) 34.3 (17.3-56.6) 1 2.91 (1.00-8.48) 0.045 28/142 49/172 19.7 28.5 26.3 (11.2-50.1) 26.5 (15.4-41.5) 1 1.01 (0.29-3.49) 0.987 57/216 19/98 26.4 19.4 24.2 (12.2-42.4) 32.1 (15.4-55.0) 1 1.48 (0.42-5.24) 0.543 44/232 33/82 18.9 40.2 12.0 (7.4-18.8) 57.7 (31.9-79.9) 1 10.02 (3.04-33.08) <0,001 54/246 23/70 21.9 32.8 20.6 (9.2-39.9) 45.2 (24.4-67.8) 1 3.17 (0.84-11.93) 0.079 35/155 42/160 22.6 26.2 23,6 (14,2-36,6) 26.5 (13.4-45.5) 1 1.17 (0.41-3.32) 0.772 70/294 6/17 23.8 35.3 25.5 (14.4-41.0) 31.3 (9.4-66.6) 1 1.33 (0.26-6.87) 0.117 0.000 0.493 HBV, hepatitis B virus; MSM, men who have sex with men; CI, confidence interval; OR, odds ratio; STIs, sexually transmitted infections; HIV, human immunodeficiency virus. 54 Table 4. Multivariate analysis of factors associated with HBV infection among MSM in Goiânia, Central Brazil. Variable Age (years) ≤ 25 > 25 Number of sexual partners in lifetime ≤ 10 > 10 Ever used drugs or alcohol during sex No Yes Ever received payment for sex No Yes Receptive anal intercourse No Yes Sex with women No Yes STIs No Yes HIV status Negative Positive Adjusted OR (95% CI)a P value 1 11.32 (4.08-31.42) <0.001 1 1.68 (0.52-5.45) 0.386 1 1.65 (0.61-4.47) 0.321 1 0.81 (0.27-2.44) 0.702 1 11.60 (2.60-51.72) 0.001 1 2.83 (1.06-7.56) 0.038 1 5.79 (2.16-15.56) 0.001 1 2.01 (0.75-5.42) 0.164 HBV, hepatitis B virus; MSM, men who have sex with men; CI, confidence interval; STIs, sexually transmitted infections; HIV, human immunodeficiency virus; aAdjusted odds ratio for the following variables: age, number of sexual partners in lifetime, use of drugs or alcohol during sex, received payment for sex, receptive anal intercourse, sex with women, STIs and HIV. Characteristics of HBV DNA positive samples Of the 522 samples, HBV DNA was detected only in the five anti-HBc/HBsAg positive ones. Thus, occult HBV infection was not observed in the study population. Relative to HBV DNA positive samples (Table 5), two and three were HBeAg and antiHBe reactive, respectively. Anti-HBc IgM marker was not detected in any of these samples. Two samples (Y431 and Y494) were successfully amplified for full-length HBV genome, one (Y513) for Pre-S/S, BCP and Pre-C/C, one (Y02) for Pre-S/S, and one (Y413) for S gene region. Sequence analysis of these samples revealed that all HBV isolates had the T131N amino acid substitution in the S gene. In addition, analysis of BCP and Pre-C/C gene regions showed the double mutation A1762T/G1764A in sample Y431, 55 G1862T/G1888A in Y494, and G1862T in Y513. No mutations were detected in X and overlapping HBV polymerase gene regions. Table 5. Hepatitis B virus biomarkers in MSM with HBV DNA positive in Goiânia, Central Brazil. Serological markers HSH Age (years) Y02 Y413 Y431 37 Y494 37 Y513 26 39 52 Mutations HBeAg Anti-HBe Genome/ regions amplified + - + Pre-S/S S T131N T131N - + Full genome T131N + - Full genome T131N - + Pre-S/S, BCP and Pre-C/C T131N S region BCP and Pre-C/C region A1762T, G1764A G1862T, G1888A Subgenotype G1862T A1 A2 A1 A2 A1 HBV, hepatitis B virus; MSM, men who have sex with men; HBeAg, hepatitis B e antigen; anti-HBe, antibodies against HBeAg; BPC, basal core promoter. Phylogenetic analysis of the S gene showed that the five isolates belonged to HBV genotype A, subgenotypes A1 (n=3) and A2 (n=2) (Fig 2). These results were further confirmed by analysis of other amplified genomic regions. Fig 2. Phylogenetic tree analysis of the S region of hepatitis B virus (HBV). The phylogenetic tree performed by using the CLUSTAL W program and analyzed by Kimura two-parameter methods. Genetic distances were calculated by the maximum composite likelihood. Phylogenetic tree was constructed by the neighbor-joining method using MEGA v.6.0 software (bootstrap resampling test with 1,000 replicates), including 5 isolates from Brazilian MSM (black square), 33 GenBank sequences of genotypes A–J (GenBank accession number, HBV genotype, and country of origin are indicated) and Wooly Monkey HBV (AF046996) was used as the out group. 56 Discussion To our knowledge, this is the first study to investigate the epidemiological and virological aspects of HBV infection in MSM in Brazil using RDS as a recruitment and data analysis method. The sociodemographic characteristics of the studied population were similar to previous reports for Brazilian MSM, such as age under 25 years old [15], self-identification as brown [31], single status [31], high school attended, and lowest tier of Brazilian social class [15,32]. Although these characteristics were similar to those reported previously, they can also be influenced by RDS. This recruitment method of participants depends on a connected social network, and like other sampling methods for hidden populations, there are tradeoffs [25,33]. The prevalence of HBV infection (15.4%; 95% CI: 8.7-25.8) estimated in this study was similar to those found in MSM in Argentina (22.9%; 95% CI: 19.9-26.9) [34], Australia (10.6%; 95% CI: 10.0-11.4) [35], and the USA (19.4%; 95% CI: 15.0-24.0) [36]. These are countries with a low endemicity for this infection, similar to that reported in Brazil [37]. This prevalence was also similar to that obtained in another recent study among MSM in Brazil (Campinas City, São Paulo State: 11.4%; 95% CI: 7.8-14.9) [15]. Nevertheless, the prevalence determined in this study was higher than that observed in the general population in Central Brazil (5.3%; 95% CI: 4.6-6.1) [38], suggesting that MSM still have a greater vulnerability to HBV acquisition. Moreover, the prevalence of anti-HBs alone showed that about 40% of the population had serological evidence of immunization against HBV. In addition, a high percentage (44.3%) of MSM was seronegative for all hepatitis B serological markers, indicating susceptibility to HBV infection. These data suggest lower vaccination coverage than desired, since the HBV vaccine is recommended and available free to all MSM in Brazil. Therefore, it is important to emphasize the need to reassess and improve 57 strategies for prevention and control of hepatitis B in this group, mainly to increase the number of MSM vaccinated against HBV. As described by other authors [14,36,39], multivariate analysis shows that age over 25 years old was independently associated with HBV infection in this study. The association between HBV infection and older age has been widely reported and it is probably due to the increased risk of exposure over time and also to the greater vaccination coverage especially among children and young people in the last decades [36,40]. Receptive anal intercourse and history of STIs were factors associated with HBV infection in this population, as well as in other MSM [14,39]. Indeed, mucosal lesions caused by anal sex have been associated with transmission of several STIs [41]. Additionally, sex with women was associated with HBV infection in this study. Although most participants have self-identified as gay, almost half (47%) reported previous sex with women. Studies indicate that men who have sex with both genders are a potential bridge for STIs between MSM and women [34]. A previous study conducted among Brazilian MSM has suggested that bisexual men who have practiced unprotected vaginal and anal sex with their female partners as well as unprotected anal intercourse with their male partners probably have an increased risk for HIV exposure and, consequently, for other STIs [23]. HBV DNA was found in all HBsAg-positive MSM, showing that they have active hepatitis B and a higher potential for HBV transmission. Additionally, this risk is directly related to the level of HBV DNA in serum, and it is usually higher in those HBeAgpositive patients [41,42]. Despite the importance of researching occult HBV infection due to the risk of progression to serious liver disease and potential transmission of HBV [2], there is only 58 one study concerning to OBI in MSM in the world, showing an OBI prevalence of 0.2% in HIV-positive individuals in Germany [41]. Reflecting this low prevalence, OBI was not observed in MSM analyzed in this study. Phylogenetic analysis showed that HBV genotype A (A1 and A2) was identified in the study population, corroborating previous studies which have indicated that this genotype is the most prevalent in Brazil [7,38]. In addition, all HBV isolates analyzed here presented the T131N substitution in the S gene. It has been suggested that this mutation is a natural polymorphism in HBV genotypes A and G, being associated with persistence of the HBV even after loss of HBsAg and anti-HBs seroconversion as well as with vaccine escape [43]. The typical double mutation in BCP (A1762T and G1764A) found in one HBeAgnegative individual (Y431) is responsible for decreased HBeAg expression and has been linked to HBV oncogenesis [9]. In this study, the Pre-C G1862T mutation was found in one HBeAg-negative (Y513) and in one HBeAg-positive (Y494) participant (along with G1888A), both belonging to subgenotype A1. As reported elsewhere [9,44], the presence of G1862T in some HBeAg-positive patients suggests that this mutation can be genotype specific, since it was predominantly found in HBV/A1 isolates. G1888A is also characteristic of subgenotype A1 [45]. These findings indicate that HBV genotypes/subgenotypes may display different clinical implications on the variability of BCP, Pre-C/C and S gene regions and may impact hepatitis B prognosis. These results must be considered in the context of the study's limitations. First, as this was a cross-sectional study, it could not establish the causality between associated factors and HBV infection; therefore a longitudinal study is needed to explore these factors among Brazilian MSM. Second, as interviews were conducted face-to-face, it is possible that behavioral responses may be sensitive for some participants resulting in 59 information biases, although interviewers were trained to minimize these biases. Third, RDS is a relatively recent method and has its own limitations regarding calculation of the sample size and appropriate tools for data analysis, as well as definition of estimators [46]. In this study, although we have considered a design effect of 2 to the sample size calculation, as often recommended in the literature [26,33], and some findings on multivariate associations were significant, CIs were wide due to the modest sample size. Lastly, the incentive reward offered by the RDS may attract more low-income MSM to participate in the study. In addition, this was also limited to MSM aged 18 years or older, potentially limiting the representativeness of the studied sample. Despite these limitations, RDS is an effective approach to access hidden populations such as MSM. Additionally, this study provided a comprehensive investigation of the epidemiological and virological characteristics of HBV in a group of MSM in Brazil. Therefore, further national study is necessary to confirm our findings. In conclusion, this study shows that the HBV prevalence among MSM was higher than that previously reported in the general population in Central Brazil, and was associated with sexual risk behaviors. The large proportion of the study population showed susceptibility to HBV infection, highlighting the need to increase HBV immunization coverage in MSM, as well as the sexual health education programs in Brazil. It is also worth mentioning the need for expert assistance and monitoring of HBV DNA-positive individuals to prevent progression to more severe diseases. Acknowledgements The authors thank all MSM that participated in this study and the collaborators of governmental and non-governmental organizations of LGBT (Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender) movement. Brian Ream provided English editing services. 60 References 1- World Health Organization (WHO). Hepatitis B. Fact sheet n°204. WHO, 2015. Available: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs204/en/. Accessed 11 Jan 2016. 2- Kwak MS, Kim YJ. Occult hepatitis B virus infection. World J Hepatol 2014;6(12): 860-869. 3- Pondé RA. Molecular mechanisms underlying HBsAg negativity in occult HBV infection. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2015;34(9): 1709-1731. 4- Kramvis A. Genotypes and genetic variability of hepatitis B virus. Intervirology. 2014;57(3-4): 141-150. 5- Pourkarim MR, Amini-Bavil-Olyaee S, Kurbanov F, Van Ranst M, Tacke F. Molecular identification of hepatitis B virus genotypes/subgenotypes: revised classification hurdles and updated resolutions. World J Gastroenterol. 2014;20(23): 7152-7168. 6- Lago BV, Mello FC, Kramvis A, Niel C, Gomes SA. Hepatitis B virus subgenotype A1: evolutionary relationships between Brazilian, African and Asian isolates. PLoS One, 2014;9(8): 1-9. 7- Mello FC, Souto FJ, Nabuco LC, Villela-Nogueira CA, Coelho HS, Franz HC et al. Hepatitis B virus genotypes circulating in Brazil: molecular characterization of genotype F isolates. BMC Microbiol. 2007;7: 103. 8- Gao S, Duan ZP, Coffin CS. Clinical relevance of hepatitis B virus variants. World J Hepatol. 2015;7(8): 1086-1096. 9- Lazarevic I. Clinical implications of hepatitis B virus mutations: recent advances. World J Gastroenterol. 2014;20(24): 7653-7664. 61 10- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Viral Hepatitis. Information for Gay and Bisexual Men. CDC, 2013. Available: www.cdc.gov/hepatitis. Accessed 11 Jan 2016. 11- van Houdt R, Bruisten SM, Speksnijder AG, Prins M. Unexpectedly high proportion of drug users and men having sex with men who develop chronic hepatitis B infection. J Hepatol. 2012;57(3): 529-533. 12- Chow EP, Tucker JD, Wong FY, Nehl EJ, Wang Y, Zhuang X, et al. Disparities and risks of sexually transmissible infections among men who have sex with men in China: a meta-analysis and data synthesis. PLoS One. 2014;9(2): 1-13. 13- de Vries HJ. Sexually transmitted infections in men who have sex with men. Clin Dermatol. 2014;32(2): 181-188. 14- Lama JR, Agurto HS, Guanira JV, Ganoza C, Casapia M, Ojeda N, et al. Hepatitis B infection and association with other sexually transmitted infections among men who have sex with men in Peru. Am J Trop Med Hyg. 2010;83(1): 194-200. 15- Soares CC, Georg I, Lampe E, Lewis L, Morgado MG, Nicol AF, et al. HIV-1, HBV, HCV, HTLV, HPV-16/18, and Treponema pallidum infections in a sample of Brazilian men who have sex with men. PLoS One. 2014;9(8):e102676. doi: 10.1371/journal.pone.0102676 16- Tseng YT, Sun HY, Chang SY, Wu CH, Liu WC, Wu PY, et al. Seroprevalence of hepatitis virus infection in men who have sex with men aged 18-40 years in Taiwan. J Formos Med Assoc. 2012;111(8): 431-438. 17- Urbanus AT, van Houdt R, van de Laar TJ, Coutinho RA. Viral hepatitis among men who have sex with men, epidemiology and public health consequences. Euro Surveill. 2009;14(47): 19421. 62 18- World Health Organization (WHO). Guidelines: Prevention and treatment of HIV and other sexually transmitted infections among men who have sex with men and transgender people. Recommendations for a public health approach. 2011. 19- Kassak K, Mahfoud Z, Kreidieh K, Shamra S, Afifi R, Ramia S. Hepatitis B virus and hepatitis C virus infections among female sex workers and men who have sex with men in Lebanon: prevalence, risk behaviour and immune status. Sex Health. 2011;8(2): 229-233. 20- Nyamathi A, Salem B, Reback CJ, Shoptaw S, Branson CM, Idemundia FE, et al. Correlates of hepatitis B virus and HIV knowledge among gay and bisexual homeless young adults in Hollywood. Am J Mens Health. 2013;7(1): 18-26. 21- Russi JC, Serra M, Viñoles J, Pérez MT, Ruchansky D, Alonso G, et al. Sexual transmission of hepatitis B virus, hepatitis C virus, and human immunodeficiency virus type 1 infections among male transvestite comercial sex workers in Montevideo, Uruguay. Am J Trop Med Hyg. 2003;68(6): 716-720. 22- Sutmoller F, de Souza CT, Monteiro JC, et al. The Rio de Janeiro HIV vaccine siteII. Recruitment strategies and socio-demographic data of a HIV negative homosexual and bisexual male cohort in Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1997;92(1): 39-46. 23- Sutmoller F, Penna TL, de Souza CT, Lambert J. Human immunodeficiency virus incidence and risk behavior in the 'Projeto Rio': results of the first 5 years of the Rio de Janeiro open cohort of homosexual and bisexual men, 1994-98. Int J Infect Dis. 2002;6(4): 259-265. 24- Heckathorn DD. Respondent-Driven Sampling: A new approach to the study of hidden populations. Social Problems. 1997;44: 174-199. 63 25- Kendall C, Kerr LR, Gondim RC, Werneck GL, Macena RH, Pontes MK, et al. An empirical comparison of respondent-driven sampling, time location sampling, and snowball sampling for behavioral surveillance in men who have sex with men, Fortaleza, Brazil. AIDS Behav. 2008;12(Suppl 4): S97-104. 26- Salganik MJ. Variance estimation, design effects, and sample size calculations for respondent-driven sampling. J Urban Health. 2006;83(Suppl 6): i98-112. 27- Niel C, Moraes MTB, Gaspar AMC, Yoshida CFT, Gomes AS. Genetic diversity of hepatites B vírus strains isolated in Rio de Janeiro, Brazil. J Med Virol. 1994;44: 180-186. 28- Motta-Castro AR, Martins RM, Araujo NM, Niel C, Facholi GB, Lago BV, et al. Molecular epidemiology of hepatits B virus in an isolated Afro-Brazilian community. Arch Virol. 2008;153: 2197-2205. 29- Günther S, Li BC, Miska S, Krüger DH, Meisel H, Will H. A novel method for efficient amplification of whole hepatitis B virus genomes permits rapid functional analysis and reveals deletion mutants in immunosuppressed patients. J Virol. 1995;69(9): 5437-5444. 30- Brasil. Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil. Assuntos estratégicos: Social e renda - A Classe Média Brasileira. Brasília, DF, 2014. 31- Sabidó M, Kerr LR, Mota RS, Benzaken AS, de A Pinho A, Guimaraes MD, et al. Sexual violence against men who have sex with men in Brazil: A Respondent-Driven Sampling Survey. AIDS Behav. 2015;19(9): 1630-1641. 32- Kerr LR, Mota RS, Kendall C, Pinho A de A, Mello MB, Guimarães MB, et al. HIV among MSM in a large middle-income country. AIDS. 2013;27(3): 427-35. 64 33- Johnston LG, Hakim AJ, Dittrich S, Burnett J, Kim E, White RG. A Systematic Review of Published Respondent-Driven Sampling Surveys Collecting Behavioral and Biologic Data. AIDS Behav. 2016; DOI: 10.1007/s10461-016-1346-5. 34- Pando MA, Balán IC, Marone R, Dolezal C, Leu CS, Squiquera L, et al. HIV and other sexually transmitted infections among men who have sex with men recruited by RDS in Buenos Aires, Argentina: high HIV and HPV infection. PLoS One. 2012;7(6): e39834. 35- Gamagedara N, Weerakoon AP, Zou H, Fehler G, Chen MY, Read TR, et al. Crosssectional study of hepatitis B immunity in MSM between 2002 and 2012. Sex Transm Infect. 2014;90(1): 41-45. 36- Pitasi MA, Bingham TA, Sey EK, Smith AJ, Teshale EH. Hepatitis B virus (HBV) infection, immunity and susceptibility among men who have sex with men (MSM), Los Angeles County, USA. AIDS Behav. 2014;18: 248-255. 37- Schweitzer A, Horn J, Mikolajczyk RT, Krause G, Ott JJ. Estimations of worldwide prevalence of chronic hepatitis B virus infection: a systematic review of data published between 1965 and 2013. Lancet, 2015;386(10003): 1546-1555. 38- Pereira LM, Martelli CM, Merchán-Hamann E, Montarroyos UR, Braga MC, de Lima ML, et al. Population-based multicentric survey of hepatitis B infection and risk factor differences among three regions in Brazil. Am J Trop Med Hyg. 2009;81(2): 240-247. 39- Linkins RW, Chonwattana W, Holtz TH, Wasinrapee P, Chaikummao S, Varangrat A, et al. Hepatitis A and hepatitis B infection prevalence and associated risk factors in men who have sex with men, Bangkok, 2006-2008. J Med Virol. 2013;85(9): 1499-505. 65 40- Souto FJ. Distribution of hepatitis B infection in Brazil: the epidemiological situation at the beginning of the 21 st century. Rev Soc Bras Med Trop. 2016;49(1): 11-23. 41- Jansen K, Thamm M, Bock CT, Scheufele R, Kücherer C, Muenstermann D, et al. High prevalence and high incidence of coinfection with hepatitis B, hepatitis C, and syphilis and low rate of effective vaccination against hepatitis B in HIV-positive men who have sex with men with known date of HIV seroconversion in Germany. PLoS One. 2015;10(11): e0142515. 42- Shiffman ML. Management of cute hepatitis B. Clin Liver Dis. 2010;4: 75-91. 43- Svicher V, Cento V, Salpini R, Mercurio F, Fraune M, Beggel B, et al. Role of hepatitis B virus genetic barrier in drug-resistance and immune-escape development. Dig Liver Dis. 2011;43(12): 975-83. 44- Chandra PK, Banerjee A, Datta S, Chakravarty R. G1862T mutation among hepatitis B virus-infected individuals: association with viral genotypes and disease outcome in Kolkata, Eastern India. Intervirology. 2007;50(3): 173-180. 45- Kimbi GC, Kew MC, Kramvis A. The effect of the G1888A mutation of subgenotype A1 of hepatitis B virus on the translation of the core protein. Virus Res. 2012;163(1): 334-340. 46- White RG, Lansky A, Goel S, Wilson D, Hladik W, Hakim A, et al. Respondent driven sampling--where we are and where should we be going? Sex Transm Infect. 2012;88(6): 397-399. 66 Fig 1. Recruitment networks of 522 men who have sex with men in Goiânia, Central Brazil. The seeds are indicated by large squares and recruits by small squares. Individuals who had been exposed to HBV are in black and others in gray. 67 KJ854695 A1 Brazil KJ854707 A1 Brazil AY344109 A1 Brazil Y 513 KJ854700 A1 Brazil A1 Y 413 KJ854694 A1 Brazil KJ854690 A1 Brazil Y 494 Y 02 Y 431 KJ854710 A2 Brazil A2 KJ854709 A2 Brazil GU563554 A2 Belgium GQ331048 A6 Belgium FJ692609 A5 Haiti AM180623 A4 Mali AB194951 A3 Cameroon FN545829 A7 Cameroon FN545840 A7 Cameroon FJ023664 I Laos FJ023660 I Laos AB064312 G United States AB056515 G United States AF282918 B China AB104712 D1 Egypt AB205126 D2 Japan AY090452 D3 Spain AB048702 D4 Australia X75664 E Africa AB091255 E Ivory Coast V00867 C Japan AB486012 J Japan AY090459 F1 Costa Rica JF815629 F2 Brazil AB036915 F3 Venezuela FJ657528 F4 Argentina AY090457 H Nicaragua AF046996 Woolly Monkey 68 Fig 2. Phylogenetic tree analysis of the S region of hepatitis B virus (HBV). The phylogenetic tree performed by using the CLUSTAL W program and analyzed by Kimura two-parameter methods. Genetic distances were calculated by the maximum composite likelihood. Phylogenetic tree was constructed by the neighbor-joining method using MEGA v.6.0 software (bootstrap resampling test with 1,000 replicates), including 5 isolates from Brazilian MSM (black square), 33 GenBank sequences of genotypes A–J (GenBank accession number, HBV genotype, and country of origin are indicated) and Wooly Monkey HBV (AF046996) was used as the out group. 69 4.2 Artigo 2 Hepatitis B vaccination and associated factors among men who have sex with men in Brazil 70 ABSTRACT Background: Despite the availability of the hepatitis B virus (HBV) vaccine for people at high-risk of infection, such as men who have sex with men (MSM), a large proportion of this population does not have evidence of protection against HBV infection. In Brazil, there is no data regarding factors associated with hepatitis B immunization among MSM. This study aims to assess the frequency of HBV vaccination and associated factors among MSM in Brazil. Methods: This is a cross-sectional study among MSM in Central Brazil. From March to November 2014, 522 MSM were recruited using respondent-driven sampling (RDS). All participants answered a questionnaire to gather sociodemographic data, behavioral characteristics, and previous HBV vaccination information. Blood samples collected were tested for HBV serological markers. Results: The prevalence of serological evidence of hepatitis B vaccination (anti-HBs alone) was 40.3%, while 76.2% self-reported receiving HBV vaccine. Nearly 15% had serological marker of current or past infection (anti-HBc) and 44.3% remained susceptible to HBV infection. A greater frequency of positivity for anti-HBs alone was observed among MSM up to 25 years old, followed by declining vaccination rate with increasing age. HBV vaccination was associated with unprotected anal intercourse (OR = 2.40) and history of sexually transmitted infection (STI) (OR = 2.14, with a borderline p-value). This study found a poor agreement (kappa = 0.17) between self-reported and serologic evidence of HBV vaccination. Conclusions: Strategies to increase HBV vaccine coverage among adults, especially the older MSM group, must be improved. In addition, the need for a booster dose of HBV vaccine should be better evaluated for people at high-risk of exposure to HBV such as MSM. 71 KEYWORDS: hepatitis B; immunity; vaccination; associated factors; MSM. 1. INTRODUCTION Hepatitis B represents a serious public health problem worldwide, and it is responsible for cirrhosis, hepatocellular carcinoma, and high mortality rate. Strategies to reduce the spread of hepatitis B virus (HBV) infection include the immunization of susceptible individuals, treatment of chronic carriers, screening for HBV of all donated blood, not sharing needles and syringes, and safer sex practices [1,2]. Vaccination against HBV is the most effective and safe strategy to prevent infection among susceptible people. The complete vaccination schedule induces levels of protective antibody (hepatitis B surface antibody, anti-HBs levels > 10 mIU/mL) in more than 95% of vaccinated individuals. The HBV vaccine has been recommended by the World Health Organization (WHO) for children, adolescents, and people in high-risk groups of infection, including men who have sex with men (MSM), people with multiple sexual partners, injection drug users, people interned in prisons, and health care workers [2,3]. In a context of violence, social stigma, unsafe sexual practices and low access to health services, MSM are considered at high-risk of sexually transmitted infections (STIs), including hepatitis B [4,5]. Many studies have shown that this population has a high prevalence of HBV infection and low immunization coverage against hepatitis B [68]. In recent years, HBV immunization rates in the group of MSM ranged from 9.2% in Thailand [6] to 45.5% in the United States [9]. The low HBV vaccination coverage in MSM has been associated with sociodemographic characteristics, behavioral factors, social-cognitive factors and health service access [8]. In Brazil, just one study conducted in the Southeast region has reported 72 a serological profile compatible with HBV vaccine response (anti-HBs alone) among MSM [10]. Moreover, no data regarding factors associated with hepatitis B immunization among Brazilian MSM have been published. Therefore, this study aims to assess the frequency of HBV vaccination and associated factors among MSM in Central Brazil. 2. MATERIAL AND METHODS This is a cross-sectional study in MSM in Goiânia (1,256,514 inhabitants), the capital city of the State of Goiás, located in Central Brazil. From March to November 2014, a total of 522 participants were recruited using respondent-driven sampling (RDS), a chain-referral sampling method useful to study hidden populations such as MSM, in which participants recruit a limited number of additional participants [11]. The recruiting methodology has been described elsewhere in further detail [12]. Individuals who agreed to participate of the study signed a consent form and answered a structured questionnaire to gather sociodemographic data, behavioral characteristics, and previous HBV vaccination information. This study was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brazil. Blood specimens (10 mL) were collected from all participants, and serum samples were tested by enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for hepatitis B core antibodies (anti-HBc) (Hepanostika anti-HBc Uni-form, BioMérieux, Marcy l’Étoile, Lyon, France) and anti-HBs (titers were measured semi-quantitatively considering as positive results levels ≥ 10 mIU/mL) (Bioelisa anti-HBs, Biokit, Barcelona, Spain). The results of HBV serological tests were interpreted according to the CDC criteria [13]: previous or ongoing HBV infection was defined by the presence of anti-HBc, immunity to hepatitis B through vaccination was defined by the sole presence of anti-HBs, and susceptibility to HBV infection was characterized as absence of any marker. 73 Data analysis was conducted using unweighted and weighted frequency distribution estimates with 95% confidence intervals (CI). The respondent-driven sampling analysis tool (RDSAT) v.5.6 was used to provide weights controlling for selective recruitment bias and social network size [11]. The program SPSS v.20 (SPSS Inc., IBM, Chicago, US) was used for analysis of variables associated with HBV vaccination, using Pearson’s chi-square test and Fisher’s exact test. P-values less than 0.05 were considered statistically significant. Additionally, sensitivity, specificity, positive predictive value (PPV), and negative predictive value (NPV) were calculated by comparing the self-reported of HBV vaccination to the results of serological tests as the “gold standard” (individuals who did not report HBV vaccination were excluded, n = 82; of these, 21 were anti-HBs positive). The agreement using the kappa (k) coefficient was calculated, and maximum value of 1.0 indicates perfect agreement. 3. RESULTS Of a total of 522 MSM, 206 (39.5%; 40.3%, 95% CI: 32.3-48.8 after weighted by RDSAT) had serological evidence of hepatitis B vaccination (anti-HBs), and 327 (62.6%; 76.2%, 95% CI: 68.1-82.8 weighted by RDSAT) self-reported receiving HBV vaccine. In addition, 77 (14.8%; 15.4%, 95% CI: 8.7-25.8 weighted by RDSAT) had a profile of previous or ongoing HBV infection. The prevalence rates of anti-HBs alone, self-reported HBV vaccination, and HBV infection marker (anti-HBc) in different age groups are shown in Figure 1. The highest prevalence for anti-HBs occurred in the age group of 21 to 25 years old. Thereafter, there was a decrease in the positivity of this marker with increasing age. Regarding self-reported HBV vaccination, there was an increase in prevalence up to 30 years old, followed by a decline in the older MSM group. By contrast, an increase of anti-HBc positivity with increasing age was observed. 74 Of 206 MSM who had serological evidence of HBV vaccination, 156 (75.7%) self-reported receiving HBV vaccine. Anti-HBs seropositivity was found among 60.6% (74/122) who reported receiving 3 or more HBV vaccine doses, 35.8% (38/106) who reported fewer than 3 doses, and 44.4% (44/99) of those who reported an unknown number of doses. Overall, of 327 participants who reported having been vaccinated in the past, 47.7% (n = 156) were anti-HBs positive (Figure 2). In addition, 13.1% (43/327) had evidence of past infection (anti-HBc positive), and 39.1% (128/327) were susceptible to HBV infection. Moreover, 239/522 (45.8%; 44.3% after weighted by RDSAT) of studied MSM were susceptible to HBV infection. Overall, the measure of self-reported hepatitis B vaccination (regardless of the number of doses) had a sensitivity of 84.3% (95% CI: 78.1-89.1) and specificity of 32.4% (95% CI: 27.3-39.1) when compared against the results of serological tests (anti-HBs). This corresponds to PPV of 47.7% (95% CI: 42.253.3), NPV of 74.34% (95% CI: 65.1-81.9), and kappa coefficient of 0.17. Analysis of sociodemographic and behavioral characteristics among nonHBV infected MSM (Table 1) showed that only the variable irregular condom use at anal intercourse has been statistically associated with HBV vaccination (OR = 2.40; 95% CI: 1.19-4.48). The other associated variable was history of STI (OR = 2.14; 95% CI: 0.865.36, with a borderline p-value). 4. DISCUSSION Despite the availability of hepatitis B vaccine since 1998 for all newborns in Brazil and the gradual expansion of vaccination availability for adolescents and adults, in addition to the recommendation of HBV vaccine for people at high-risk of infection, such as MSM [15,16], the findings of this study showed that after being weighted by RDSAT, just 40.3% of the study population had serological evidence of HBV vaccination and 75 44.3% remained susceptible to HBV infection. These results were similar to those observed in other recent studies among MSM [9,10,17], indicating that a large proportion of this population did not have evidence of protection against HBV infection. As expected, a greater frequency of anti-HBs was observed among the MSM up to 25 years old. Although this estimate cannot be statistically compared, the association between younger age and HBV vaccination was reported in other studies conducted among MSM [8,9]. The presentation of greater rate of HBV vaccination among younger groups with a subsequent decline with increasing age, accompanied by a contrast with an increase in HBV infection marker, may reflect the expansion of HBV vaccine coverage, mainly among children and adolescents, in the last decades, and a consequent decrease in infection rates in younger groups [16]. In this way, it shows that the focus should be on improving public health strategies to increase HBV vaccine coverage among adults, especially older MSM group. As reported elsewhere [8,17,18], HBV vaccination was associated with unprotected anal intercourse and history of STI (with a borderline p-value), providing evidence that MSM with high-risk behaviors are more likely to be vaccinated. Probably, they have been vaccinated against hepatitis B due having accessed health care services to diagnose and treat STI [17]. The results of this study showed poor agreement (k = 0.17) when comparing the self-reported and serologic evidence of HBV vaccination. Based on the results of serological testing, the self-report measure had moderate ability to detect true positives (sensitivity of 84.3%) and low power to detect true negatives (specificity of 32.4%). These findings suggest that evaluating vaccine status based on self-reports in the absence of serological testing could result in misclassifications. Among MSM who reported being vaccinated, only 47.7% (PPV) had serological evidence of vaccination. On the other hand, 76 among MSM who self-reported being unvaccinated, 74.3% (NPV) did not have this serological evidence. Self-reporting may have generated different forms of misclassification. First, the participant’s vaccination record was not checked to verify the administration of the number of doses of the HBV vaccine. Second, 13.1% of those who reported vaccination had evidence of past infection, which may reflect the administration of vaccine to individuals who were already infected. Third, less than 40% (122/327) of those who selfreported previous vaccination declared that they had completed the vaccination schedule with 3 doses, therefore, it is expected that a considerable part of those who were partially vaccinated have not developed an immune response. Furthermore, the hepatitis B vaccination rate may be underestimated, since anti-HBs levels decrease over time and may reach undetectable levels. In line with this, some studies conducted in immunocompetent persons who have completed their vaccination course properly have shown that the protective effects of HBV vaccination remain even as anti-HBs levels become undetectable. Therefore, there is no indication for a booster dose in immunocompetent individuals who have completed the full course of vaccination [1,3,19,20]. However, a study in Taiwan has reported chronic hepatitis B in adolescents who had received primary infant immunization, and indicates that some people who received the HBV vaccine 15 years ago or more may have low or no immunological memory against the virus, being susceptible to HBV infection [21]. Although WHO does not recommend booster vaccination in routine immunization programs against hepatitis B [2], the need for a booster dose should be better studied mainly for people in high-risk groups of exposure to HBV such as MSM. In conclusion, our data show that despite the free availability of the hepatitis B vaccine, it is noted that there was a large proportion of MSM who did not have 77 serological evidence of protection from HBV infection. Vaccination for adult MSM needs to be encouraged and new strategies should be developed to increase the immunization coverage in this population. In addition, further studies are required to elucidate the need to implement the booster dose of the HBV vaccine after anti-HBs levels become undetectable. AUTHOR CONTRIBUTIONS Design of the study: Martins RMB, Oliveira MP, Lopes CLR, Matos MAD. Acquisition of data: Martins RMB, Oliveira MP, Lopes CLR, Silva AMC, Andrade AA, Santana EBR, Freitas NR, Matos MAD. Analysis and interpretation of data: Mota RMS, Martins RMB, Oliveira MP. Drafting of manuscript: Oliveira MP, Martins RMB. All authors read and approved the final manuscript. COMPETING INTERESTS None declared. ETHICAL APPROVAL This study were approved by the Ethics Committee of the Federal University of Goiás (UFG), Goiânia, Goiás, Brazil. ACKNOWLEDGEMENTS 78 This study was supported by the Brazilian Ministry of Health/Secretariat of Health Surveillance/Department of STD, Aids and Viral Hepatitis through the Project of International Technical Cooperation BRAK57 between the Brazilian Government and the United Nations Office on Drugs and Crime-UNODC. The authors would like to thank all MSM that participated in this study and the collaborators of governmental and nongovernmental organizations of LGBT (Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender) movement. We also thank Brian Ream for English language review. 5. REFERENCES [1] Trépo C, Chan Hl, Lok A. Hepatitis B virus infection. Lancet 2014;384(9959):205363. [2] WHO (World Health Organization). Hepatitis B. Fact sheet n°204, http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs204/en/; 2015 [accessed 06.05.16]. [3] Said ZN, Abdelwahab KS. Induced immunity against hepatitis B virus. World J Hepatol 2015;7(12):1660-70. [4] Lama JR, Agurto HS, Guanira JV, Ganoza C, Casapia M, Ojeda N, et al. Hepatitis B infection and association with other sexually transmitted infections among men who have sex with men in Peru. Am J Trop Med Hyg 2010;83(1):194-200. [5] De Vries HJ. Sexually transmitted infections in men who have sex with men. Clin Dermatol 2014;32(2):181-8. [6] Linkins RW, Chonwattana W, Holtz TH, Wasinrapee P, Chaikummao S, Varangrat A, et al. Hepatitis A and hepatitis B infection prevalence and associated risk factors in men who have sex with men, Bangkok, 2006-2008. J Med Virol 2013;85(9):1499505. 79 [7] Chow EP, Tucker JD, Wong FY, Nehl EJ, Wang Y, Zhuang X, et al. Disparities and risks of sexually transmissible infections among men who have sex with men in China: a meta-analysis and data synthesis. PLoS One 2014;9(2):e89959. [8] Vet R, de Wit JB, Das E. Factors associated with hepatitis B vaccination among men who have sex with men: a systematic review of published research. Int J STD AIDS 2015;1-9. [9] Pitasi MA, Bingham TA, Sey EK, Smith AJ, Teshale EH. Hepatitis B virus (HBV) infection, immunity and susceptibility among men who have sex with men (MSM), Los Angeles County, USA. AIDS Behav 2014;18:248-55. [10] Soares CC, Georg I, Lampe E, Lewis L, Morgado MG, Nicol AF, et al. HIV-1, HBV, HCV, HTLV, HPV-16/18, and Treponema pallidum infections in a sample of Brazilian men who have sex with men. PLoS One 2014;9(8):e102676. [11] Heckathorn DD. Respondent-driven sampling: a new approach to the study of hidden populations. Social Problems 1997;44:174-99. [12] Oliveira MP, Matos MA, Silva ÁM, Lopes CL, Teles SA, Matos MA, et al. Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey. PLoS One 2016;11(8):e0160916. [13] CDC (Centers for Disease Control and Prevention). NC Hepatitis B Public Health Program Manual/Hepatitis B Serology. Interpretation of Hepatitis B Serology, http://www.cdc.gov/;2012; [accessed 07.06.16]. [14] Brasil. Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil. Assuntos estratégicos: Social e renda - A Classe Média Brasileira. Brasília, DF, 2014. [15] Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Procedimentos para Vacinação. Brasília-DF, 2001. 80 [16] Souto FJ. Distribution of hepatitis B infection in Brazil: the epidemiological situation at the beginning of the 21 st century. Rev Soc Bras Med Trop 2016;49(1):11-23. [17] Wang C, Wang Y, Huang X, Li X, Zhang T, Song M, et al. Prevalence and factors associated with hepatitis B immunization and infection among men who have sex with men in Beijing, China. PLoS One 2012;7(10):e48219. [18] Storholm ED, Fisher DG, Reynolds GL, Napper LE, Morrisse TA, Kochems LM. Hepatitis vaccination of men who have sex with men at gay pride events. Prev Sci 2010;11(2):219-27. [19] McMahon BJ, Dentinger CM, Bruden D, Zanis C, Peters H, Hurlburt D, et al. Antibody levels and protection after hepatitis B vaccine: results of a 22-year followup study and response to a booster dose. J Infect Dis 2009;200(9):1390-6. [20] Wasley A, Kruszon-Moran D, Kuhnert W, Simard EP, Finelli L, McQuillan G, et al. The prevalence of hepatitis B virus infection in the United States in the era of vaccination. J Infect Dis 2010;202(2):192-201. [21] Wu TW, Lin HH, Wang LY. Chronic hepatitis B infection in adolescents who received primary infantile vaccination. Hepatology 2013;57(1):37-45. 81 Figure 1 - Prevalence of self-reported receiving hepatitis B virus (HBV) vaccine, serological evidence of hepatitis B vaccination (anti-HBs alone), and HBV infection (anti-HBc) among men who have sex with men in Brazil according to age group. 82 Figure 2 - Venn diagram representing the intersection between the men who have sex with men with serological evidence of hepatitis B virus (HBV) vaccination and those selfreported receiving HBV vaccine. 83 Table 1 - Sociodemographic and behavioral characteristics associated with hepatitis B vaccination among non-HBV infected men who have sex with men (MSM) in Brazil (N=445) Variables Anti-HBs Pos./ non-HBV infect. Age (years) 18-20 21-25 26-30 31 Self-identification Gay Bisexual Transvestite Skin color/race Brown (pardo) White Black Yellow (Asian)/ Indigenous Marital status Single Married/in stable relationship Education (years) ≤9 10 - 12 ≥ 13 Social class (Brazilian criteria)a A/B/C (≥ R$ 2,005) D (R$ 1,255-2,004) E (≤ R$ 1,254) Number of sexual partners in lifetime ≤ 10 > 10 Ever received payment for sex No Yes Receptive anal intercourse No Yes Condom use at anal intercourse Always Not Always STIs No Yes HIV status Negative Positive Ever used any illicit drug No Yes Blood transfusion lifetime No Yes Health care access No Yes, public Yes, private Yes, public and private Unweighted % Weighted % (95% CI) OR (95% CI) p 75/167 80/149 32/74 19/55 44.9 53.7 43.2 34.5 50.3 (36.0-64.5) 53.4 (39.0-67.2) 45.7 (30.0-62.3) 31.9 (13.1-59.4) 2.15 (0.60-7.75) 2.44 (0.68-8.77) 1.79 (0.48-6.74) 1.00 0.432 148/306 28/65 30/74 48.4 43.1 40.5 49.1 (39.4-58.8) 45.3 (25.7-66.5) 36.7 (21.0-55.8) 1.66 (0.69-3.98) 1.43 (0.44-4.61) 1.00 0.664 114/256 44/86 34/75 15/28 44.5 51.2 45.3 53.6 49.5 (38.2-60.8) 46.3 (28.9-64.5) 48.5 (31.6-65.7) 28.4 ( 9.8-59.1) 2.47 (0.63-9.72) 2.17 (0.49-9.65) 2.37 (0.54-10.36) 1.00 0.662 161/369 45/80 43.6 56.2 45.8 (36.4-55.5) 57.0 (38.1-74.0) 1.00 1.57 (0.66-3.70) 0.302 17/58 126/271 62/114 29.3 46.5 54.4 25.3 (11.3-47.2) 49.8 (38.8-60.9) 51.3 (36.7-65.6) 1.00 2.94 (0.99-8.60) 3.11 (0.99-9.76) 0.116 35/67 52/116 119/262 52.2 44.8 45.4 39.8 (21.6-61.2) 46.9 (30.3-64.2) 49.0 (38.5-59.6) 1.00 1.34 (0.43-4.12) 1.46 (0.55-3.85) 0.781 63/140 142/304 45.0 46.7 43.0 (30.6-56.4) 50.8 (39.7-61.9) 1.00 1.37 (0.68-2.76) 0.379 108/236 96/207 45.8 46.4 45.1 (35.0-55.6) 50.8 (36.2-65.3) 1.00 1.26 (0.60-2.62) 0.538 31/77 174/367 40.3 47.4 39.6 (22.4-59.8) 50.4 (41.2-59.6) 1.00 1.55 (0.63-3.82) 0.335 95/222 108/220 42.8 49.1 37.7 (27.4-49.4) 59.2 (46.4-70.9) 1.00 2.40 (1.19-4.84) 0.014 156/344 46/95 45.3 48.4 42.7 (34.1-51.6) 61.5 (40.8-78.7) 1.00 2.14 (0.86-5.36) 0.099 170/362 36/83 47.0 43.4 48.6 (39.4-57.9) 41.4 (22.7-62.9) 1.34 (0.52-3.48) 1.000 0.543 120/238 86/206 50.4 41.7 47.0 (36.7-57.6) 49.4 (36.5-62.4) 1.00 1.10 (0.56-2.17) 0.784 197/421 8/19 46.8 42.1 47.7 (39.1-56.5) 49.4 (14.4-85.0) 1.00 1.07 (0.18-6.42) 0.942 23/60 79/183 52/107 52/95 38.3 43.2 48.6 54.7 47.8 (24.2-72.3) 49.0 (36.2-61.9) 42.0 (25.9-60.0) 52.0 (35.0-68.6) 1.26 (0.35-4.54) 1.33 (0.54-3.26) 1.00 1.50 (0.55-4.12) 0.885 MSM, men who have sex with men; CI, confidence interval; OR, odds ratio; STIs, sexually transmitted infections; HIV, human immunodeficiency virus; R$, Brazilian real. aBrazilian criteria to classify individuals into five economic classes [14]: “A” constitutes the highest tier of social class, while “E” the lowest one (US$ 1.00 is approximately equal to R$ 2.32). 84 5 DISCUSSÃO A presente tese representa o primeiro estudo com o intuito de investigar os aspectos epidemiológicos e virológicos da hepatite B em homens que fazem sexo com homens no Brasil, utilizando o RDS como método de recrutamento. Nesse sentido, esta foi composta por dois artigos científicos. O primeiro com foco na prevalência e fatores associados à infecção pelo HBV em HSH, e nas características genotípicas e mutações presentes nos isolados virais (OLIVEIRA et al., 2016b). Complementarmente, o segundo artigo abordou aspectos relacionados à vacinação contra hepatite B na população estudada. As características sociodemográficas da população estudada foram semelhantes às reportadas em outros estudos em HSH no Brasil. A maioria dos participantes tinha idade inferior a 25 anos, caracterizando a população como predominantemente jovem, resultado concordante aos verificados nos estudos realizados nas cidades de Campinas-SP (SOARES et al., 2014) e Campo Grande (FERNANDES et al., 2015), bem como em sete das 10 cidades incluídas no estudo multicêntrico no Brasil (KERR et al., 2013). Em relação à cor da pele, houve predominância de indivíduos pardos, assim como relatado em outras investigações brasileiras (BRIGNOL et al., 2016; GONÇALVES et al., 2016; KERR et al., 2013; SABIDÓ et al., 2015). A maior parte dos participantes se auto declarou gay e solteira, características também observadas por outros autores (SABIDÓ et al., 2015; VERAS et al., 2014; VOLK et al., 2016). Nível médio de escolaridade (10 a 12 anos de estudo) foi mais frequente entre os HSH entrevistados, dado similar ao descrito por Fernandes et al. (2015) e Brito et al. (2015). Por fim, grande parte dos participantes deste estudo pertencia ao nível mais baixo de classe social, assim como os HSH nas cidades do Rio de Janeiro, Santos e Curitiba (KERR et al., 2013). A prevalência global da infecção pelo HBV de 15,4% (IC 95%: 8,7-25,8) estimada no presente estudo foi semelhante à obtida (11,4%; IC 95%: 7,8-14,9) por Soares et al. (2014). Ainda, foi próxima às encontradas em HSH de outros países com baixa endemicidade para o HBV, como Argentina (22,9%; IC 95%: 19,9-26,9) (PANDO et al., 2012), Estados Unidos (19,4%; IC 95%: 15,0-24,0) (PITASI et al., 2014) e Austrália (10,6%; IC 95%: 10,0-11,4) (GAMAGEDARA et al., 2014). Considerando o estudo de base populacional nas capitais da Região Centro-Oeste (PEREIRA et al., 2009), a prevalência observada nesta tese foi superior à verificada (5,3%; IC 95%: 4,6-6,1) na 85 população geral da nossa região, sugerindo que os HSH apresentam maior vulnerabilidade à infecção pelo HBV. Após análise multivariada, idade acima de 25 anos foi independentemente associada à infecção pelo HBV. Esta associação tem sido amplamente relatada em HSH (LAMA et al., 2010; LINKINS et al., 2013; PITASI et al., 2014), e pode ser devido ao aumento do risco de exposição ao vírus ao longo da vida, principalmente pela via sexual (LINKINS et al., 2013; PITASI et al., 2014). Nesse contexto, sexo anal receptivo e histórico de IST foram fatores associados à hepatite B nesta população, assim como em outros HSH (GORGOS, 2013; LAMA et al., 2010; LINKINS et al., 2013). De fato, lesões na mucosa anorretal causadas pela prática do sexo anal podem propiciar a transmissão de várias IST (JANSEN et al., 2015). Adicionalmente, sexo com mulheres foi associado à infecção pelo HBV neste estudo. Pesquisas indicam que os homens que têm relações sexuais com ambos os sexos são uma potencial ponte para IST entre HSH e mulheres (JEFFRIES, 2014; PANDO et al., 2012). O marcador HBsAg foi identificado em 0,6% (IC 95%: 0,2-1,6) dos participantes. Após a realização dos testes moleculares, o HBV DNA foi detectado em todos os HSH HBsAg positivos, mostrando que esses são portadores de hepatite B ativa e apresentam um maior potencial de transmissão do vírus (JANSEN et al., 2015; SHIFFMAN, 2010). A análise filogenética revelou a presença do genótipo A (subgenótipos A1 e A2) do HBV na população estudada, o que corrobora a predominância desse genótipo no Brasil (MELLO et al., 2007; PEREIRA et al., 2009). Apesar da importância da pesquisa de infecção oculta pelo HBV devido ao risco de progressão para doença hepática grave e potencial transmissão viral (KWAK; KIM, 2014), existe apenas um estudo em HSH referente ao tema em questão. Nesse, Jansen et al. (2015) estimaram uma prevalência de 0,2% para infecção oculta pelo HBV em portadores do HIV na Alemanha. Corroborando essa baixa prevalência, tal infecção não foi observada nos HSH participantes deste estudo. Ao analisar as sequências de nucleotídeos das amostras HBV DNA positivas, notou-se que todos os isolados apresentavam a substituição de T131N no gene S. Essa mutação tem sido sugerida como um polimorfismo natural nos genótipos A e G do HBV, estando associada à persistência do HBV no organismo mesmo após negativar o HBsAg e ocorrer a soroconversão para anti-HBs, bem como ao escape vacinal. Além disso, essa substituição pode gerar um novo sítio de glicosilação propiciando a liberação do vírus, principalmente na presença da mutação M133T/S (SVICHER et al., 2011). Tendo em 86 vista a importância dessa alteração genômica, o acompanhamento clínico desses pacientes é importante pois são potenciais portadores da infecção oculta pelo HBV no futuro. A típica dupla mutação na região BCP (A1762T e G1764A), encontrada em um indivíduo HBeAg negativo, tem sido relacionada à diminuição da expressão do HBeAg e à oncogênese do HBV (LAZAREVIC, 2014). Ainda, alterações nas regiões Pré-C/C foram observadas em amostras de HSH participantes deste estudo, como as substituições G1862T e G1888A características do subgenótipo A1 (CHANDRA et al., 2007; KIMBI; KEW; KRAMVIS, 2012; LAZAREVIC, 2014). Esses achados indicam que os genótipos e subgenótipos do HBV podem ter impacto no prognóstico da hepatite B. Apesar da disponibilidade de vacina contra a hepatite B desde 1998 para todos os recém-nascidos no Brasil e da expansão gradual da cobertura vacinal para adolescentes e adultos, além da recomendação da vacina contra o HBV para pessoas com maior vulnerabilidade à infecção, como HSH (BRASIL, 2001; SOUTO, 2016), nossos achados mostraram que 40,3% da população do estudo apresentaram evidência sorológica de vacinação contra o HBV e 44,3% eram suscetíveis à infecção. Estes resultados foram semelhantes aos observados em outros estudos entre HSH (PITASI et al., 2014; SOARES et al., 2014; WANG et al., 2012), indicando que uma grande proporção dessa população não possui evidência sorológica de proteção contra a hepatite B. Como esperado, uma maior frequência de anti-HBs isolado foi verificada entre os HSH com até 25 anos de idade, seguida de seu declínio com o aumento da idade e, em contraste, observou-se aumento da taxa de infecção pelo HBV. Tais dados podem refletir a expansão da cobertura vacinal contra hepatite B, principalmente entre crianças e adolescentes nas últimas décadas, e consequente diminuição do índice de infecção no grupo mais jovem (SOUTO, 2016). Desta forma, há necessidade de aumentar a cobertura vacinal contra o HBV entre os HSH adultos, especialmente aqueles com idade superior a 25 anos. Como descrito por outros autores (STORHOLM et al., 2010; VET; DE WIT; DAS, 2015), sexo anal desprotegido foi fator associado à vacinação contra o HBV no presente estudo. Esse fato pode reafirmar a hipótese de que HSH com comportamentos de risco são mais propensos à vacinação (STORHOLM et al., 2010). Adicionalmente, neste estudo, história de IST mostrou-se marginalmente associada à imunização contra hepatite B. Essa associação foi previamente relatada (VET; DE WIT; DAS, 2015, WANG et al., 2012) e pode sugerir oportunidade de acesso à vacina contra o HBV ao buscar o serviço de saúde para diagnóstico e tratamento de outras IST (WANG et al., 2012). 87 Semelhantemente ao mostrado em outros estudos (GILBERT et al., 2010; WANG et al., 2012; YEE; RHODES, 2002), neste foi observada uma maior frequência de vacinação contra o HBV entre HSH com maior nível de escolaridade. Essa característica indica que programas de educação em saúde podem aumentar a conscientização dessa população sobre a importância da vacinação contra hepatite B, incentivando os HSH suscetíveis a receber o esquema de vacinação completo (GILBERT et al., 2010; WANG et al., 2012). Os resultados da presente investigação mostraram uma baixa concordância (kappa = 0,17) entre o auto relato (76,2%) e a evidência sorológica (40,3%) de vacinação contra hepatite B. Baseando-se na presença do marcador anti-HBs, o auto relato apresentou moderada habilidade para detectar verdadeiros positivos (sensibilidade de 84,3%) e baixa capacidade de identificar verdadeiros negativos (especificidade de 32,4%). Dentre os 327 HSH que relataram vacinação prévia, apenas 156 (47,7%) apresentaram evidência sorológica. Por outro lado, dos HSH que informaram não vacinação, 74,3% (84/113) realmente não possuíam evidencia sorológica de imunização prévia. Estes achados sugerem a possibilidade de erros na determinação do status vacinal baseada apenas no auto relato. Nesse contexto, diferentes falhas podem ter ocorrido ao considerar o auto relato de vacinação. Primeiramente, não foi checado o cartão de vacinação para verificar a veracidade da informação quanto à administração e o número de doses da vacina contra o HBV. Em segundo lugar, cerca de 13% dos que relataram vacinação tinham evidência sorológica de infecção passada pelo HBV, podendo refletir a administração da vacina após a exposição ao vírus. Em terceiro lugar, menos de 40% dos que reportaram vacinação prévia declararam ter completado o esquema vacinal com três doses. Portanto, é esperado que parte dos que foram parcialmente vacinados não tenha desenvolvido uma resposta imunológica adequada. Além disso, a taxa de vacinação contra hepatite B baseada na evidência sorológica pode ter sido subestimada, uma vez que os níveis de anti-HBs diminuem ao longo do tempo e podem atingir níveis indetectáveis. Nesse sentido, alguns estudos realizados em imunocompetentes que completaram o esquema vacinal mostraram que o efeito protetor da vacina contra o HBV permanece mesmo após a queda do marcador antiHBs a valores indetectáveis. Assim sendo, não há indicação de dose de reforço para esses indivíduos (MCMAHON et al., 2009; SAID; ABDELWAHAB, 2015; TREPO et al., 2014; WASLEY et al., 2010). No entanto, um estudo realizado em Taiwan relatou casos 88 de hepatite B crônica em adolescentes que haviam recebido o esquema vacinal na primeira infância, sugerindo que, após 15 anos ou mais da administração da vacina, algumas pessoas podem apresentar baixa ou até mesmo nenhuma memória imunológica contra o HBV, sendo suscetíveis à infecção (WU; LIN; WANG, 2013). Embora a dose de reforço da vacina contra hepatite B não seja recomendada pela OMS nos programas de imunização de rotina (WHO, 2015a), tal questão deve ser melhor estudada, principalmente, em grupos de maior vulnerabilidade para infecção pelo HBV, como os HSH. Os resultados aqui apresentados devem ser considerados no contexto das limitações do estudo. Primeiramente, por se tratar de um estudo transversal, não se pode estabelecer uma relação de causalidade entre fatores associados e a infecção pelo HBV, assim, seria necessário um estudo longitudinal para explorar esses fatores entre os HSH brasileiros. Em segundo lugar, embora os entrevistadores tenham sido treinados para minimizar vieses, como as entrevistas foram realizadas frente a frente com os participantes, é possível que perguntas relacionadas a comportamentos de risco tenham sido consideradas inconvenientes para alguns participantes, resultando em viés de informação. Terceiro, o RDS é um método relativamente recente e tem suas próprias limitações quanto ao cálculo do tamanho da amostra e ferramentas apropriadas para análise de dados (WHITE et al., 2012). Neste estudo, foi considerado um efeito de desenho de dois para o cálculo do tamanho da amostra, como recomendado na literatura (JOHNSTON et al., 2016; SALGANIK, 2006) e, após análise multivariada, algumas associações foram significativas, porém os intervalos de confiança foram amplos devido ao tamanho modesto da amostra. Por fim, o incentivo oferecido pelo recrutamento utilizando o RDS pode ter atraído mais HSH de baixa renda para participar do estudo. Além disso, a população de estudo é limitada aos HSH com idade igual ou superior a 18 anos, diminuindo, assim, a representatividade da amostra estudada. Apesar dessas limitações, o RDS é uma metodologia eficaz para recrutar populações de difícil acesso, como HSH, produzindo uma amostra diversificada (KENDALL et al., 2008; WEI et al., 2012). Por fim, considerando os resultados obtidos nesta tese, recomendamos que os portadores do HBV sejam monitorados quanto à progressão da doença, visto que nos isolados virais foram identificadas mutações que podem ter impacto no prognóstico da infecção. Do ponto de vista epidemiológico, a prevalência elevada da infecção pelo HBV nos HSH associada a comportamentos sexuais de risco e, por outro lado, uma frequência 89 baixa de vacinação contra a hepatite B, evidencia a necessidade de políticas públicas contínuas de saúde voltadas para a população-alvo, incluindo estratégias para aumentar a cobertura vacinal contra o HBV. Além disso, estudos adicionais são necessários para elucidar se há necessidade de implementar a dose reforço da vacina para grupos vulneráveis, como HSH, após os níveis de anti-HBs se tornarem indetectáveis. 90 6 CONCLUSÕES - A prevalência do marcador anti-HBc estimada nos HSH em Goiânia-Goiás foi de 15,4%, e do HBsAg foi de 0,6%; - A infecção pelo vírus da hepatite B em HSH foi associada à idade superior a 25 anos, sexo anal receptivo, ter feito sexo com mulheres e histórico de IST; - A infecção oculta pelo HBV não foi observada na população estudada; - O genótipo A e os seus subgenótipos A1 e A2 foram identificados, corroborando a circulação desses no Brasil; - Mutações no genoma do HBV nas regiões S (T131N), BCP (A1762T/G1764A) e PréC/C (G1862T/G1888A e G1862T) foram detectadas; - Verificou-se evidência sorológica de vacinação contra a hepatite B em 40,3% dos indivíduos estudados, enquanto que 76,2% relataram ter recebido previamente essa vacina; - A imunização contra o HBV entre os HSH foi associada à pratica de sexo anal desprotegido. 91 7 REFERÊNCIAS AIRES, R. S. et al. Prevalence of hepatitis B virus infection among tuberculosis patients with or without HIV in Goiânia City, Brazil. J Clin Virol, v. 54, n. 4, p. 327-331, 2012. ALTER, M. J. et al. Hepatitis B virus transmission between heterosexuals. JAMA, v. 256, n. 10, p. 1307-1310, 1986. ALTER, M. J. Epidemiology of hepatitis B in Europe and worldwide. J Hepatol, v. 39, p. S64-69, 2003. ALVARADO-MORA, M. V.; PINHO, J. R. Distribution of HBV genotypes in Latin America. Antivir Ther, v. 18, p. 459-465, 2013. ARAUJO, O. C. et al. Genetic variability of hepatitis B and C viruses in Brazilian patients with and without hepatocellular carcinoma. J Med Virol, v. 86, n. 2, p. 217-223, 2014. ARAUJO, N. M. et al. High proportion of subgroup A' (genotype A) among Brazilian isolates of hepatitis B virus. Arch Virol, v. 149, n. 7, p. 1383-1395, 2004. ARAUJO, N. M. et al. Identification of novel recombinants of hepatitis B virus genotypes F and G in human immunodeficiency virus-positive patients from Argentina and Brazil. J Gen Virol, v. 94, n. 1, p. 150-158, 2013. ARAUJO, N. M.; WAIZBORT, R.; KAY, A. Hepatitis B virus infection from an evolutionary point of view: how viral, host, and environmental factors shape genotypes and subgenotypes. Infect Genet Evol, v. 11, n. 6, p. 1199-1207, 2011. ARAUZ-RUIZ, P. et al. Genotype H: a new Amerindian genotype of hepatitis B virus revealed in Central America. J Gen Virol, v. 83, p. 2059-2073, 2002. ASPINALL, E. J. et al. Hepatitis B prevention, diagnosis, treatment and care: a review. Occup Med (Lond), v. 61, p. 531-540, 2011. ASSIS, D. R. et al. Characteristics of an outpatient chronic hepatitis B virus infection cohort. Einstein (Sao Paulo), v. 13, n. 2, p. 189-195, 2015. AZEVEDO, M. S. P. et al. Rastreamento sorológico para hepatite B em profissionais de saúde na cidade de Goiânia - Goiás. Rev Soc Bras Med Trop, v. 27, n. 3, p. 15762, 1994. BALAYAN, M. S. et al. Evidence for a virus in non-A, non-B hepatitis transmitted via fecal-oral route. Intervirol, v. 20, p. 23-31, 1983. 92 BANCROFT, W. H.; MUNDON, F. K.; RUSSELL, P. K. Detection of additional antigenic determinants of hepatitis B antigen. J Immunol, v. 109, p. 842-848, 1972. BAQI, S. et al. Seroprevalence of HIV, HBV, and syphilis and associated risk behaviours in male transvestites (Hijras) in Karachi, Pakistan. Int J STD AIDS, v. 10, n. 5, p. 300-304, 1999. BARROS, L. A. et al. Epidemiology of the viral hepatitis B and C in female prisoners of Metropolitan Regional Prison Complex in the State of Goiás, Central Brazil. Rev Soc Bras Med Trop, v. 46, n. 1, p. 24-29, 2013. BASTOS, C. C. Estudo soroepidemioilógico para o vírus da hepatite B, hepatite C e da imunodeficinêcia humana em pacientes com doenças falciformes. 2000. 79f. Dissertação (Mestrado). Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), Goiânia, Goiás, 2000. BAUMERT, T. F.; THIMME, R.; VON WEIZSÄCKER, F. Pathogenesis of hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol, v. 13, n. 1, p. 82-90, 2007. BAUMERT, T. F. et al. Entry of hepatitis B and C viruses - recent progress and future impact. Curr Opin Virol, v. 4, p. 58-65, 2014. BECK, J.; NASSAL, M. Hepatitis B virus replication. World J Gastroenterol, v. 13, n. 1, p. 48-64, 2007. BERTOLINI, D. A. et al. Hepatitis B virus genotypes from European origin explains the high endemicity found in some areas from southern Brazil. Infect Genet Evol, v. 12, n. 6, p. 1295-1304, 2012. BIERNACKI, P.; WALDORF, D. Snowball Sampling: Problems and Techniques of Chain Referral Sampling. Sociol Methods Res, v. 10, n. 2, p. 141, 1981. BLEEKER, A. et al. Prevalence of syphilis and hepatitis B among homosexual men in two saunas in Amsterdam. Br J Vener Dis, v. 57, n. 3, p. 196-199, 1981. BLUMBERG, B. S.; ALTEN, H. J.; VISNICH, S. A “new” antigen in leukemia sera. JAMA, v. 191, p. 541-546, 1965. BOND, W. W. et al. Survival of hepatitis B virus after drying and storage for 1 week. Lancet, v. 1, p. 550-551, 1981. BORGES, A. M. T. et al. Hepatite B em pacientes de centros de diálise de Goiânia – Goiás. Rev Patol Trop, v. 26, n. 1, p. 9-16, 1997. BOZICEVIC, I. et al. Prevalence of sexually transmitted infections among men who have sex with men in Zagreb, Croatia. AIDS Behav, v. 13, n. 2, p. 303-309, 2009. 93 BRANDÃO, N. A. et al. Prevalence of hepatitis B and C infection and associated factors in people living with HIV in Midwestern Brazil. Braz J Infect Dis, v. 19, n. 4, p. 426-430, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de Procedimentos para Vacinação. Brasília-DF, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações, 30 anos. Brasília, DF, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Brasil Sem Homofobia. Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual. Brasília, DF, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de enfrentamento da epidemia de Aids e das DST entre população de Gays, HSH e Travestis. Brasília, DF, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Hepatites Virais: o Brasil está atento, 3ª edição. Brasília, DF, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. A B C D E das Hepatites Virais para Agentes Comunitários de Saúde. Brasília, DF, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Estudo de prevalência de base populacional das infecções pelos vírus das hepatites a, b e c nas capitais do Brasil. Brasília, DF, 2010a. BRASIL. Ministério da Saúde. Parecer técnico nº 04/2010/CGPNI/DEVEP/SMS/MS e AIDS e HEPATITES VIRAIS/SMS/MS “Atualização da indicação da vacina hepatite B nos serviços de saúde”. 2010b. BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Hepatites Virais. Ano III, n. 1, Brasília, DF, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Nota técnica conjunta nº 02/2013/CGPNI/DEVEP e CGDHRV/DST-AIDS/SVS/MS. Ampliação da oferta da vacina hepatite B para faixa etária de 30 a 49 anos em 2013. Brasília, DF, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Nota informativa nº 149, de 2015/CGPNI/DEVIT/SVS/MS. Informa as mudanças para o calendário nacional de vacinação para o ano de 2016. Brasília, DF, 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. Brasília, DF, 2016. 94 BRIGNOL, S. et al. Vulnerability in the context of HIV and syphilis infection in a population of men who have sex with men (MSM) in Salvador, Bahia State, Brazil. Cad Saúde Pública, v. 31, n. 5, p. 1035-1048, 2015. BRITO, A. M. et al. Factors Associated with Low Levels of HIV Testing among Men Who Have Sex with Men (MSM) in Brazil. PLoS One, v. 10, n. 6, p. 1-13, 2015. BURNS, G. S.; THOMPSON, A. J. Viral hepatitis B: clinical and epidemiological characteristics. Cold Spring Harb Perspect Med, v. 4, n. 12, p. 1-14, 2014. CAETANO, K. A. A. Epidemiologia da Infecção pelo Vírus da Hepatite B em Assentados em Goiás: Subsídios para Ações de Prevenção e Controle em Populações Emergentes. 2014. 99f. Tese (Doutorado). Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, 2014. CARDOSO, D. D. P. et al. Soroprevalência para infecção pelo vírus da hepatite B pelos marcadores AgHBs e anti-HBs em população feminina de área urbana de GoiâniaGo. Rev Patol Trop, v. 19, n. 2, p. 135-141, 1990. CARDOSO, D. D. P. et al. Soroepidemiologia para o vírus da hepatite B (VHB) em gestantes/parturientes e sua transmissão para recém-nascidos em Goiânia-GO. Rev Soc Bras Med Trop, v. 29, n. 4, p. 349-53, 1996. CARMAN, W. F. et al. Vaccine-induced escape mutant of hepatitis B virus. Lancet, v. 336, p. 325-329, 1990. CARNEIRO, A. F.; DAHER, R. R. Soroprevalência do vírus e hepatite B em anestesiologistas. Rev Bras Anestesiol, v. 53, n. 5, p. 672-679, 2003. CARVALHO, P. M. R. S. Epidemiologia da hepatite B em indivíduos em situação de rua abrigados em casa de passagem de Goiânia, Goiás. 2016. Dissertação (mestrado). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, 2016. CDC (Centers for Disease Control and Prevention) 2013. Viral Hepatitis. Information for Gay and Bisexual Men. CDC. Disponível em: <www.cdc.gov/hepatitis>. Acesso em: 11 de janeiro de 2016). CDC (Centers for Disease Control and Prevention) 2015a. Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Health. Disponível em: <http://www.cdc.gov/lgbthealth/youth.htm>. Acesso em: 05 de junho de 2015. CDC (Centers for Disease Control and Prevention) 2015b. Viral Hepatitis Serology Training. Disponível em: 95 <http://www.cdc.gov/hepatitis/resources/professionals/training/serology/training .htm>. Acesso em: 31 de agosto de 2016. CHANDRA, P. K. et al. G1862T mutation among hepatitis B virus-infected individuals: association with viral genotypes and disease outcome in Kolkata, Eastern India. Intervirology, v. 50, n. 3, p. 173-180, 2007. CHANG, M. H. Prevention of hepatitis B virus infection and liver cancer. Recent Results Cancer Res, v. 193, p. 75-95, 2014. CHEN, P. et al. Computational evolutionary analysis of the overlapped surface (S) and polymerase (P) region in hepatitis B virus indicates the spacer domain in P is crucial for survival. PLoS One, v. 8, n. 4, p. 1-9, 2013. CHEVALIEZ, S.; PAWLOTSKY, J. M. Virological techniques for the diagnosis and monitoring of hepatitis B and C. Ann Hepatol, v. 8, n. 1, p. 7-12, 2009. CHOI, K. H. et al. High level of hepatitis B infection and ongoing risk among Asian/Pacific Islander men who have sex with men, San Francisco, 2000-2001. Sex Transm Dis, v. 32, n. 1, p. 44-48, 2005. CHOO, Q. L. et al. Isolation of a clone derived from a blod-borne non-A, non-B viral hepatitis genome. Science, v. 244, p. 359-362, 1989. CHOW, E. P. et al. Disparities and risks of sexually transmissible infections among men who have sex with men in China: a meta-analysis and data synthesis. PLoS One, v. 9, n. 2, 2014. COLÓN-LÓPEZ, V. et al. HIV-related risk behaviors among a sample of men who have sex with men in Puerto Rico: an overview of substance use and sexual practices. P R Health Sci J, v. 30, n. 2, p. 65-68, 2011. COSTA, E. F. A. Análise da soroprevalência para as infecções pelos vírus das hepatites B e C em idosos residentes em asilos no município de Goiânia. 2004. 106f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical- IPTSP/UFG. Goiânia, Goiás, 2004. COUROUCÉ-PAUTY, A. M.; PLANÇON, A.; SOULIER, J. P. Distribution of HBsAg subtypes in the world. Vox Sang, v. 44, n. 4, p. 197-211, 1983. CROAGH, C. M.; DESMOND, P. V.; BELL, S. J. Genotypes and viral variants in chronic hepatitis B: A review of epidemiology and clinical relevance. World J Hepatol, v. 7, n. 3, p. 289-303, 2015. 96 CROAGH, C. M.; LUBEL, J. S. Natural history of chronic hepatitis B: phases in a complex relationship. World J Gastroenterol, v. 20, n. 30, p. 10395-10404, 2014. CROSS, J. C.; WEN, P.; RUTTER, W. J. Transactivation by hepatitis B virus X protein is promiscuous and dependent on mitogen-activated cellular serine/threonine kinases. Proc Natl Acad Sci USA, v. 90, n. 17, p. 8078-8082, 1993. DAMACENA, G. N.; SZWARCWALD, C. L.; BARBOSA JÚNIOR, A. Implementation of respondent-driven sampling among female sex workers in Brazil, 2009. Cad Saude Publica, v. 27, p. S45-55, 2011. DANE, D. S.; CAMERON, C. H.; BRIGGS, M. Virus-like particles in serum of patients with Australia-antigen-associated hepatitis. Lancet, v. 1, p. 695-698, 1970. DASH, S. et al. Significance of natural polymerized albumin and its receptor on hepatitis B infection of hepatocytes. Hepatol, v. 13, p. 134-142, 1991. DATTA, S. et al. Genotype, phylogenetic analysis, and transmission pattern of occult hepatitis B virus (HBV) infection in families of asymptomatic HBsAg carriers. J Med Virol, v. 78, n. 1, p. 53-59, 2006. DATTA, S.; CHATTERJEE, S.; VEER, V. Recent advances in molecular diagnostics of hepatitis B virus. World J Gastroenterol, v. 20, n. 40, p. 14615-14625, 2014. DE PAIVA, E. M. et al. Serological markers and risk factors related to hepatitis B virus in dentists in the Central West region of Brazil. Braz J Microbiol, v. 39, n. 2, p. 251-256, 2008. DE SOUZA, M. M. et al. Soroprevalência da infecção pelo vírus da hepatite B em portadores de doença mental. Rev Bras Psiquiatr, v. 26, p. 35-38, 2004. DE VRIES, H. J. Sexually transmitted infections in men who have sex with men. Clin Dermatol, v. 32, n. 2, p. 181-188, 2014. DÉNY, P.; ZOULIM, F. Hepatitis B virus: from diagnosis to treatment. Pathol Biol (Paris), v. 58, n. 4, p. 245-253, 2010. DEVI, U.; LOCARNINI, S. Hepatitis B antivirals and resistance. Curr Opin Virol, v. 3, n. 5, p. 495-500, 2013. DIAMOND, C. et al. Viral hepatitis among young men who have sex with men: prevalence of infection, risk behaviors, and vaccination. Sex Transm Dis, v. 30, n. 5, p. 425-432, 2003. 97 DIAS, A. L. et al. Molecular characterization of the hepatitis B virus in autochthonous and endogenous populations in the Western Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop, v. 45, n. 1, p. 9-12, 2012. DOO, C. E.; GHANY, G. M. Hepatitis B virology for clinicians. Clin Liver Dis, v. 14, p. 397-408, 2010. DOS ANJOS, G. R. L. C. et al. Epidemiology of hepatitis B virus infection in first-time blood donors in the southwestern region of Goiás, central Brazil. Rev Bras Hematol Hemoter, v. 33, n. 1, p. 38-42, 2011. DOS RAMOS FARÍAS, M. S. et al. First report on sexually transmitted infections among trans (male to female transvestites, transsexuals, or transgender) and male sex workers in Argentina: high HIV, HPV, HBV, and syphilis prevalence. Int J Infect Dis, v. 15, n. 9, p. 635-640, 2011. EASL (European Association for the Study of the Liver). EASL clinical practice guidelines: Management of chronic hepatitis B virus infection. J Hepatol, v. 57, n. 1, p. 167-185, 2012. ELGOUHARI, H. M.; TAMIMI, T. I.; CAREY, W. D. Hepatitis B virus infection: Understanding its epidemiology, course, and diagnosis. Cleve Clin J Med, v. 75, n. 12, p. 881-889, 2008. FDA (Food and Drug Administration). Hepatitis B and C treatments, 2015. Disponível em: http://www.fda.gov/ForPatients/Illness/HepatitisBC/ucm408658.htm. Acesso em: 18 de dezembro de 2015. FEINSTONE, S. M.; KAPIKIAN, A. Z.; PURCELI R. H. Hepatitis A: detection by immune electron microscopy of a virus like antigen associated with acute illness. Science, v. 182, p. 1026-1028, 1973. FERNANDES, C. N. et al. Prevalence of seropositivity for hepatitis B and C in pregnant women. Rev Esc Enferm USP, v. 48, n. 1, p. 91-98, 2014. FERNANDES, F. R. et al. HIV seroprevalence and high-risk sexual behavior among female sex workers in Central Brazil. AIDS Care, v. 26, n. 9, p. 1095-1099, 2014. FERNANDES, F. R. et al. Syphilis infection, sexual practices and bisexual behaviour among men who have sex with men and transgender women: a cross-sectional study. Sex Transm Infect, v. 91, n. 2, p. 142-149, 2015. FERRARI, C. HBV and the immune response. Liver Int, v. 35, p. 121-128, 2015. 98 FERREIRA, R. C. et al. Hepatitis B virus infection profile in hemodialysis patients in Central Brazil: prevalence, risk factors, and genotypes. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 101, n. 6, p. 689-692, 2006. FERREIRA, R. C. Infecção pelo vírus da hepatite B em usuários de drogas ilícitas na região Centro-Oeste do Brasil: aspectos epidemiológicos e moleculares. 2008. 112f. Tese (Doutorado). Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), Goiânia, Goiás, 2008. FORREST, J. I. et al. Factors Associated with Productive Recruiting in a RespondentDriven Sample of Men who Have Sex with Men in Vancouver, Canada. J Urban Health, v. 93, n. 2, p. 379-387, 2016. FRANCO, E. et al. Hepatitis B: Epidemiology and prevention in developing countries. World J Hepatol, v. 4, n. 3, p. 74-80, 2012. FUENTE, R. A. et al. Pathogenesis of occult chronic hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol, v. 17, n. 12, p. 1543-1548, 2011. FUJISAKI, S. et al. Outbreak of infections by hepatitis B virus genotype A and transmission of genetic drug resistance in patients coinfected with HIV-1 in Japan. J Clin Microbiol, v. 49, n. 3, p. 1017-1024, 2011. GAMAGEDARA, N. et al. Cross-sectional study of hepatitis B immunity in MSM between 2002 and 2012. Sex Transm Infect, v. 90, n. 1, p. 41-45, 2014. GANEM, D.; VARMUS H. E. The molecular biology of the hepatitis B viruses. Annu Rev Biochem, v. 56, p. 651-693, 1987. GAO, S.; DUAN, Z. P.; COFFIN, C. S. Clinical relevance of hepatitis B virus variants. World J Hepatol, v. 7, n. 8, p.1086-1096, 2015. GERBER, M. A. et al. Electron microscopy and immunoelectronmicroscopy of cytoplasmic hepatitis B antigen in hepatocytes. Am J Pathol, v. 75, n. 3, p. 489502, 1974. GERLICH, W. H. Prophylactic vaccination against hepatitis B: achievements, challenges and perspectives. Med Microbiol Immunol, v. 204, n. 1, p. 39-55, 2015. GILBERT, L. K. et al. A comparison of hepatitis A and hepatitis B measures among vaccinated and susceptible online men who have sex with men. Int J STD AIDS, v. 21, n. 6, p. 400-405, 2010. GISH, R. G. et al. Chronic hepatitis B: Virology, natural history, current management and a glimpse at future opportunities. Antiviral Res, v. 121, p. 47-58, 2015. 99 GLEBE D.; BREMER C. M. The molecular virology of hepatitis B virus. Semin Liver Dis, v. 33, n. 2, p. 103-112, 2013. GOMES-GOUVÊA, M. S. et al. HBV carrying drug-resistance mutations in chronically infected treatment-naive patients. Antivir Ther, v. 20, n. 4, p. 387-395, 2015. GONÇALVES, V. F. et al. Incentives and barriers to HIV testing in men who have sex with men in a metropolitan area in Brazil. Cad Saude Publica, v. 32, n. 5, p. 1-10, 2016. GORGOS, L. Sexual transmission of viral hepatitis. Infect Dis Clin North Am, v. 27, n. 4, p. 811-836, 2013. GUIDOTTI, L. G.; ISOGAWA, M.; CHISARI, F. V. Host-virus interactions in hepatitis B virus infection. Curr Opin Immunol, v. 36, p. 61-66, 2015. GUIMARÃES, M. L. et al. Assessing the HIV-1 Epidemic in Brazilian Drug Users: A Molecular Epidemiology Approach. PLoS One, v. 10, n. 11, p. 1-17, 2015. HAKRE, S. et al. Prevalence of HIV, syphilis, and other sexually transmitted infections among MSM from three cities in Panama. J Urban Health, v. 91, n. 4, p. 793-808, 2014. HALEGOUA-DE MARZIO, D.; HANN, H. W. Then and now: the progress in hepatitis B treatment over the past 20 years. World J Gastroenterol, v. 20, n. 2, p. 401-413, 2014. HECKATHORN, D. D. Respondent-driven sampling: a new approach to the study of hidden populations. Social Problems, v. 44, p. 174-199, 1997. HECKATHORN, D. D. Snowball versus respondent-driven sampling. Sociol Methodol, v. 41, n. 1, p. 355-366, 2011. HHS-CDC (Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention). Introduction to Respondent Driven Sampling. Participant Manual. 2008. HOFFMANN, C. J. et al. Maternal hepatitis B and infant infection among pregnant women living with HIV in South Africa. J Int AIDS Soc, v. 17, p. 1-5, 2014. HOLLINGER, F. B. Hepatitis B virus genetic diversity and its impact on diagnostic assays. J Viral Hepat, v. 14, n. 1, p. 11-15, 2007. HOU, J.; LIU, Z.; GU, F. Epidemiology and prevention of hepatitis B virus infection. Int J Med Sci, v. 2, p. 50-57, 2005. HU, F. et al. Associations between hepatitis B virus basal core promoter/pre-core region mutations and the risk of acute-on-chronic liver failure: a meta-analysis. Virol J, v. 12, n. 87, p. 1-13, 2015. 100 HÜBSCHEN, J. M. et al. Detection of a new subgenotype of hepatitis B virus genotype A in Cameroon but not in neighbouring Nigeria. Clin Microbiol Infect, v. 17, n. 1, p. 88-94, 2011. HUNT, C. M. et al. Clinical relevance of hepatitis B viral mutations. Hepatol, v. 31, p. 1037-1044, 2000. HUY, T. T. et al. Genomic characterization of HBV genotype F in Bolivia: genotype F subgenotypes correlate with geographic distribution and T(1858) variant. Arch Virol, v. 151, n. 3, p. 589-597, 2006. ICTV (International Committee on Taxonomy of Viruses) 2015. In: Virus Taxonomy: 2014. Disponível em: < http://ictvonline.org/virustaxonomy.asp>. Acesso em: 05 de setembro de 2016. INGILIZ, P. et al. Sexually transmitted infection with an immune-escape mutant hepatitis B virus (HBV) in an HBV-vaccinated individual with acute HIV-HCV infection. J Int AIDS Soc, v. 15, n. 6, p.18432, 2012. ITO, K. et al. Impairment of hepatitis B virus virion secretion by single-amino-acid substitutions in the small envelope protein and rescue by a novel glycosylation site. J Virol, v. 84, n. 24, p. 12850-61, 2010. JANSEN, K. et al. High prevalence and high incidence of coinfection with hepatitis B, hepatitis C, and syphilis and low rate of effective vaccination against hepatitis B in HIV-positive men who have sex with men with known date of HIV seroconversion in Germany. PLoS One, v. 10, n. 11, p. 1-18, 2015. JARAMILLO, C. M.; NAVAS, M. C. Escape mutants of hepatitis B virus. Rev Chilena Infectol, v. 32, n. 2, p. 190-197, 2015. JAYALAKSHMI, M. K.; KALYANARAMAN, N.; PITCHAPPAN, R. Hepatitis B virus genetic diversity: Disease pathogenesis, viral replication (2013). Dr. German Rosas-Acosta (Ed.), ISBN: 978-953-51-1055-2, InTech, DOI: 10.5772/53818. Disponível em: <http://www.intechopen.com/books/viral-replication/hepatitis-bvirus-genetic-diversity-disease-pathogenesis>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2016. JEFFRIES, W. L. Beyond the bisexual bridge: sexual health among U.S. men who have sex with men and women. Am J Prev Med, v. 47, n. 3, p. 320-329, 2014. JIN, F. et al. Hepatitis A and B infection and vaccination in a cohort of homosexual men in Sydney. Sex Health, v. 1, n. 4, p. 227-237, 2004. 101 JINDAL, A.; KUMAR, M.; SARIN, S. K. Management of acute hepatitis B and reactivation of hepatitis B. Liver Int, v. 33, p. 164-175, 2013. JOHNSTON, L. G. et al. HIV risk and the overlap of injecting drug use and high-risk sexual behaviours among men who have sex with men in Zanzibar (Unguja), Tanzania. Int J Drug Policy, v. 21, n. 6, p. 485-492, 2010. JOHNSTON, L. G. et al. An empirical examination of respondent driven sampling design effects among HIV risk groups from studies conducted around the world. AIDS Behav, v. 17, n. 6, p. 2202-2210, 2013. JOHNSTON, L. G. et al. A Systematic Review of Published Respondent-Driven Sampling Surveys Collecting Behavioral and Biologic Data. AIDS Behav, v. 20, n. 8, p. 1754-1776, 2016. KAMIJO, N. et al. Mutations of pre-core and basal core promoter before and after hepatitis B e antigen seroconversion. World J Gastroenterol, v. 21, n. 2, p. 541548, 2015. KASSAK, K. et al. Hepatitis B virus and hepatitis C virus infections among female sex workers and men who have sex with men in Lebanon: prevalence, risk behaviour and immune status. Sex Health, v. 8, n. 2, p. 229-233, 2011. KAY, A.; ZOULIM, F. Hepatitis B virus genetic variability and evolution. Virus Res, v. 127, p. 164-176, 2007. KENDALL, C. et al. An empirical comparison of respondent-driven sampling, time location sampling, and snowball sampling for behavioral surveillance in men who have sex with men, Fortaleza, Brazil. AIDS Behav, v. 12, p. S97-104, 2008. KERR, L. R. F. S. et al. HIV among MSM in a large middle-income country. AIDS, v. 27, p. 427-435, 2013. KHANANI, M. R. et al. Prevalence of single, double, and triple infections of HIV, HCV and HBV among the MSM community in Pakistan. J Infect, v. 61, n. 6, p. 507509, 2010. KIDD-LJUNGGREN, K.; MIYAKAWA, Y.; KIDD, A. H. Genetic variability in hepatitis B viruses. J Gen Virol, v. 83, p. 1267-1280, 2002. KIMBI, G. C.; KEW, M. C.; KRAMVIS, A. The effect of the G1888A mutation of subgenotype A1 of hepatitis B virus on the translation of the core protein. Virus Res, v. 163, n. 1, p. 334-340, 2012. 102 KOIBUCHI, T. et al. Predominance of genotype A HBV in an HBV-HIV-1 dually positive population compared with an HIV-1-negative counterpart in Japan. J Med Virol, v. 64, n. 4, p. 435-440, 2001. KOMATSU, H. Hepatitis B virus: where do we stand and what is the next step for eradication? World J Gastroenterol, v. 20, n. 27, p. 8998-9016, 2014. KRAMVIS, A. Genotypes and genetic variability of hepatitis B virus. Intervirology, v. 57, n. 3-4, p. 141-150, 2014. KRAMVIS, A.; KEW, M. C. Relationship of genotypes of hepatitis B virus to mutations, disease progression and response to antiviral therapy. J Viral Hepat, v. 12, n. 5, p. 456-464, 2005. KUO, A.; GISH, R. Chronic hepatitis B infection. Clin Liver Dis, v. 16, n. 2, p. 347-369, 2012. KURBANOV, F.; TANAKA, Y.; MIZOKAMI, M. Geographical and genetic diversity of the human hepatitis B virus. Hepatol Res, v. 40, n. 1, p. 14-30, 2010. KWAK, M. S.; KIM, Y. J. Occult hepatitis B virus infection. World J Hepatol, v. 6, n. 12, p. 860-869, 2014. KWON, S. Y.; LEE, C. H. Epidemiology and prevention of hepatitis B virus infection. Korean J Hepatol, v. 17, p. 87-95, 2011. LAGO, B. V. et al. Hepatitis B virus subgenotype A1: evolutionary relationships between Brazilian, African and Asian isolates. PLoS One, v. 9, n. 8, p. 1-9, 2014. LAMA, J. R. et al. Hepatitis B infection and association with other sexually transmitted infections among men who have sex with men in Peru. Am J Trop Med Hyg, v. 83, n. 1, p. 194-200, 2010. LANE, T. et al. High HIV prevalence among men who have sex with men in Soweto, South Africa: results from the Soweto Men's Study. AIDS Behav, v. 15, n. 3, p. 626-634, 2011. LAVANCHY, D. Hepatitis B virus epidemiology, disease burden, treatment, and current and emerging prevention and control measures. J Viral Hepat, v. 11, n. 2, p. 97107, 2004. LAZAREVIC, I. Clinical implications of hepatitis B virus mutations: recent advances. World J Gastroenterol, v. 20, n. 24, p. 7653-7664, 2014. LE BOUVIER, G. L. The heterogeneity of Australia antigen. J Infect Dis, v. 123, n. 6, p. 671-675, 1971. 103 LI, Z.; HOU, X.; CAO, G. Is mother-to-infant transmission the most important factor for persistent HBV infection? Emerg Microbes Infect, v. 4, n. 5, p. 1-9, 2015. LIANG, T. J. Hepatitis B: The virus and disease. Hepatol, v. 49, p. 13-21, 2009. LIAO, Y. et al. Precore mutation of hepatitis B virus may contribute to hepatocellular carcinoma risk: evidence from an updated meta-analysis. PLoS One, v. 7, n. 6, p. 1-9, 2012. LIAW, Y. F.; CHU, C. M. Hepatitis B virus infection. Lancet, v. 373, n. 9663, p. 582592, 2009. LIN, C. L.; KAO, J. H. The clinical implications of hepatitis B virus genotype: Recent advances. J Gastroenterol Hepatol, v. 26, p. 123-130, 2011. LINKINS, R. W. et al. Hepatitis A and hepatitis B infection prevalence and associated risk factors in men who have sex with men, Bangkok, 2006-2008. J Med Virol, v. 85, n. 9, p. 1499-1505, 2013. LIU, L. P. et al. HBx mutants differentially affect the activation of hypoxia-inducible factor-1α in hepatocellular carcinoma. Br J Cancer, v. 110, n. 4, p. 1066-1073, 2014. LIU, S. et al. Associations between hepatitis B virus mutations and the risk of hepatocellular carcinoma: a meta-analysis. J Natl Cancer Inst, v. 101, n. 15, p. 1066-1082, 2009. LOCARNINI, S.; ZOULIM, F. Molecular genetics of HBV infection. Antivir Ther, v. 15, p. 3-14, 2010. LOCARNINI, S. et al. Possible origins and evolution of the hepatitis B virus (HBV). Semin Cancer Biol, v. 23, p. 561-575, 2013. LOCARNINI, S. et al. Strategies to control hepatitis B: Public policy, epidemiology, vaccine and drugs. J Hepatol, v. 62, n. 1S, p. S76-S86, 2015. LOK, A. S. et al. Antiviral drug-resistant HBV: standardization of nomenclature and assays and recommendations for management. Hepatol, v. 46, p. 254-265, 2007. LOPES, C. L. R. et al. Perfil soroepidemiológico da infecção pelo vírus da hepatite B em profissionais das unidades de hemodiálise de Goiânia-Goiás, Brasil Central. Rev Soc Bras Med Trop, v. 34, n. 6, p. 543-548, 2001. LOZANO, R. et al. Global and regional mortality from 235 causes of death for 20 age groups in 1990 and 2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010. Lancet, v. 380, n. 9859, p. 2095-2128, 2012. 104 LUNA, E. J. et al. Efficacy and safety of the Brazilian vaccine against hepatitis B in newborns. Rev Saude Publica, v. 43, n. 6, p. 1014-1020, 2009. MA, N. F. et al. COOH-terminal truncated HBV X protein plays key role in hepatocarcinogenesis. Clin Cancer Res, v. 14, n. 16, p. 5061-5068, 2008. MA, X. et al. Trends in prevalence of HIV, syphilis, hepatitis C, hepatitis B, and sexual risk behavior among men who have sex with men. Results of 3 consecutive respondent-driven sampling surveys in Beijing, 2004 through 2006. J Acquir Immune Defic Syndr, v. 45, n. 5, p. 581-587, 2007. MACKELLAR, D. A. et al. Two decades after vaccine license: hepatitis B immunization and infection among young men who have sex with men. Am J Public Health, v. 91, n. 6, p. 965-971, 2001. MACLACHLAN, J. H.; COWIE, B. C. Hepatitis B virus epidemiology. Cold Spring Harb Perspect Med, v. 5, n. 5, p. 1-12, 2015. MAGNANI, R. et al. Review of sampling hard-to-reach and hidden populations for HIV surveillance. AIDS, v. 19, p. S67-72, 2005. MARINHO, T. A. et al. Epidemiology of hepatitis B virus infection among recyclable waste collectors in central Brazil. Rev Soc Bras Med Trop, v. 47, n. 1, p. 18-23, 2014. MARQUES, J. M. S. Investigação soroepidemiológica da infecção pelo vírus da hepatite B em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em Goiânia-Goiás. 2015. 107f. Dissertação (Mestrado). Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG), Goiânia, Goiás, 2015. MARTELLI, C. M. et al. Soroprevalência e fatores de risco para a infecção pelo vírus da hepatite B pelos marcadores AgHBs e anti-HBs em prisioneiros e primodoadores de sangue. Rev Saude Publica, v. 24, p. 270-276, 1990. MATOS, M. A. et al. Epidemiology of hepatitis B virus infection in truck drivers in Brazil, South America. Sex Transm Infect v. 84, n. 5, p. 386-389, 2008. MATOS, M. A. Aspectos soroepidemiológicos e moleculares da infecção pelo vírus da hepatite B em mulheres profissionais do sexo em Goiânia-Goiás. 2014. Tese (Doutorado). Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, 2014. MATOS, M. A. D. et al. Epidemiological study of hepatitis A, B, and C in the largest Afro-Brazilian isolated community. Trans R Soc Trop Med Hyg, v. 103, p. 899905, 2009. 105 MCCREESH, N. et al. Respondent driven sampling: determinants of recruitment and a method to improve point estimation. PLoS One, v. 8, n. 10, p. 1-9, 2013. MCMAHON, B. J. The influence of hepatitis B virus genotype and subgenotype on the natural history of chronic hepatitis B. Hepatol Int, v. 3, p. 334-342, 2009. MCMAHON, B. J. et al. Antibody levels and protection after hepatitis B vaccine: results of a 22-year follow-up study and response to a booster dose. J Infect Dis, v. 200, n. 9, p. 1390-1396, 2009. MCMILLAN, A. The changing prevalence of hepatitis B virus infection among men who have sex with men who attended a sexually transmitted infections clinic in Edinburgh, Scotland between 1989 and 2003. Int J STD AIDS, v. 17, n. 8, p. 539542, 2006. MEDHI, G. K. et al. Factors associated with HIV among female sex workers in a high HIV prevalent state of India. AIDS Care, v. 24, n. 3, p. 369-376, 2012. MEIRELES, L. C.; MARINHO, R. T.; VAN DAMME, P. Three decades of hepatitis B control with vaccination. World J Hepatol, v. 7, n. 18, p. 2127-2132, 2015. MELLO, F. C. et al. Hepatitis B virus genotypes circulating in Brazil: molecular characterization of genotype F isolates. BMC Microbiol, v. 7, p. 103, 2007. MILICH, D. R.; MCLACHLAN, A. The nucleocapsid of hepatitis B virus is both a Tcellindependent and a T-cell-dependent antigen. Science, v. 234, p. 1398-1401, 1986. MIRANDOLA, S. et al. Large-scale survey of naturally occurring HBV polymerase mutations associated with anti-HBV drug resistance in untreated patients with chronic hepatitis B. J Viral Hepat, v. 18, n. 7, p. 212-216, 2011. MONTEALEGRE, J. R. et al. Respondent driven sampling for HIV biological and behavioral surveillance in Latin America and the Caribbean. AIDS Behav, v. 17, n. 7, p. 2313-2340, 2013. MORAES, J. C.; LUNA, E. J.; GRIMALDI, R. A. Immunogenicity of the Brazilian hepatitis B vaccine in adults. Rev Saude Publica, v. 44, n. 2, p. 353-359, 2010. MORAES, T. C. et al. Hepatitis B virus infection among institutionalized mentally ill patients in Brazil. Braz J Infect Dis, v. 19, n. 6, p. 643-647, 2015. MOTTA-CASTRO, A. R. et al. Molecular epidemiology of hepatits B virus in a isolated Afro-Brazilian community. Arch Virol, v. 153, p. 2197-2205, 2008. 106 MULYANTO et al. Identification of four novel subgenotypes (C13-C16) and two intergenotypic recombinants (C12/G and C13/B3) of hepatitis B virus in Papua province, Indonesia. Virus Res, v. 163, n. 1, p. 129-140, 2012. NABUCO, L. C. et al. Hepatitis B virus genotypes in Southeast Brazil and its relationship with histological features. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 107, n. 6, p. 785-789, 2012. NASSAL, M. HBV cccDNA: viral persistence reservoir and key obstacle for a cure of chronic hepatitis B. Gut, v. 64, n. 12, p. 1972-1984, 2015. NASSAL, M.; SCHALLER, H. Hepatitis B virus replication-an update. J Viral Hepat, v. 3, p. 217-226, 1996. NEURATH, A. R. et al. Identification and chemical synthesis of a host cell receptor binding site on hepatitis B virus. Cell, v. 46, n. 3, p. 429-436, 1986. NI, Y. et al. Hepatitis B and D viruses exploit sodium taurocholate co-transporting polypeptide for species-specific entry into hepatocytes. Gastroenterology, v. 146, n. 4, p. 1070-1083, 2014. NIELSEN, U. S. et al. Hepatitis B infection and vaccination coverage in men who have sex with men consulting a Danish venereal disease clinic. Infect Dis (Lond), v. 47, n. 8, p. 517-522, 2015. NORDER, H.; COUROUCE, A. M.; MAGNIUS, L. O. Molecular basis of hepatitis B virus serotype variations within the four major subtypes. J Gen Virol, v. 73, n. 12, p. 3141- 3145, 1992. NORDER, H. et al. Comparison of the amino acid sequences of nine different serotypes of hepatitis B surface antigen and genomic classification of the corresponding hepatitis B virus strains. J Gen Virol, v. 73, n. 5, p. 1201-1208, 1992. NYAMATHI, A. et al. Correlates of hepatitis B virus and HIV knowledge among gay and bisexual homeless young adults in Hollywood. Am J Mens Health, v. 7, n. 1, p. 18-26, 2013. OKAMOTO, H. et al. Genomic heterogeneity of hepatitis B virus in a 54-year-old woman who contracted the infection through materno-fetal transmission. Jpn J Exp Med, v. 57, p. 231-236, 1987. OKAMOTO, H. et al. Typing hepatitis B virus by homology in nucleotide sequence: comparison of surface antigen subtypes. J Gen Virol, v. 69, p. 2575-2583, 1988. 107 OLIVEIRA, M. D. et al. Seroepidemiology of hepatitis B virus infection and high rate of response to hepatitis B virus Butang vaccine in adolescents from low income families in Central Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 101, p. 251-256, 2006. OLIVEIRA, M. P. et al. Overt and occult hepatitis B virus infection among treatmentnaive HIV-infected patients in Brazil. J Med Virol, 2016a. OLIVEIRA, M. P. et al. Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey. PLoS One, v. 11, n. 8, p .114, 2016b. ORDÖG, K. et al. Perinatal and intrafamily transmission of hepatitis B virus in three generations of a low-prevalence population. J Med Virol, v. 70, n. 2, p. 194-204, 2003. ORLANDO, R. et al. Prevention of hepatitis B virus infection: from the past to the future. Eur J Clin Microbiol Infect Dis, v. 34, n. 6, p. 1059-1070, 2015. OSIOWY, C. et al. Hepatitis B virus genotype G epidemiology and co-infection with genotype A in Canada. J Gen Virol, v. 89, p. 3009-3015, 2008. OTT, J. J. et al. Global epidemiology of hepatitis B virus infection: new estimates of agespecific HBsAg seroprevalence and endemicity. Vaccine, v. 30, n. 12, p. 22122219, 2012. OZARAS, R. et al. Epidemiology of HBV subgenotypes D. Clin Res Hepatol Gastroenterol, v. 39, n. 1, p. 28-37, 2015. OZASA, A. et al. Influence of genotypes and precore mutations on fulminant or chronic outcome of acute hepatitis B virus infection. Hepatology, v. 44, n. 2, p. 326-334, 2006. OZKAL-BAYDIN, P. How did hepatitis B virus effect the host genome in the last decade? World J Hepatol, v. 6, n. 12, p. 851-859, 2014. PANDO, M. A. et al. Epidemiology of human immunodeficiency virus, viral hepatitis (B and C), treponema pallidum, and human T-cell lymphotropic I/II virus among men who have sex with men in Buenos Aires, Argentina. Sex Transm Dis, v. 33, n. 5, p. 307-313, 2006. PANDO, M. A. et al. HIV and other sexually transmitted infections among men who have sex with men recruited by RDS in Buenos Aires, Argentina: high HIV and HPV infection. PLoS One, v. 7, n. 6, p. 1-7, 2012. 108 PENROD, J. et al. A discussion of chain referral as a method of sampling hard-to-reach populations. J Transcult Nurs, v. 14, n. 2, p. 100-107, 2003. PEREIRA, L. M. et al. Population-based multicentric survey of hepatitis B infection and risk factor differences among three regions in Brazil. Am J Trop Med Hyg, v. 81, n. 2, p. 240-247, 2009. PITASI, M. A. et al. Hepatitis B virus (HBV) infection, immunity and susceptibility among men who have sex with men (MSM), Los Angeles County, USA. AIDS Behav, v. 18, p. 248-255, 2014. POLLICINO, T. et al. Hepatitis B virus PreS/S gene variants: pathobiology and clinical implications. J Hepatol, v. 61, n. 2, p. 408-417, 2014. POLLICINO, T.; RAIMONDO, G. Occult hepatitis B infection. J Hepatol, v. 61, n. 3, p. 688-689, 2014. PONDÉ, R. A. Molecular mechanisms underlying HBsAg negativity in occult HBV infection. Eur J Clin Microbiol Infect Dis, v. 34, n. 9, p. 1709-1731, 2015. PORTO, S. O. et al. Prevalence and risk factors for HBV infection among street youth in central Brazil. J Adolesc Health, v. 15, n. 7, p. 577-581, 1994. POURKARIM, M. R. et al. Molecular identification of hepatitis B virus genotypes/subgenotypes: revised classification hurdles and updated resolutions. World J Gastroenterol, v. 20, n. 23, p. 7152-7168, 2014. PRASETYO, A. A. et al. Men having sex with men in Surakarta, Indonesia: demographics, behavioral characteristics and prevalence of blood borne pathogens. Southeast Asian J Trop Med Public Health, v. 45, n. 5, p. 10321047, 2014. PURI, P. Acute exacerbation of chronic hepatitis B: the dilemma of differentiation from acute viral hepatitis B. J Clin Exp Hepatol, v. 3, n. 4, p. 301-312, 2013. RAIMONDO, G. et al. Occult HBV infection. Semin Immunopathol, v. 35, n. 1, p. 3952, 2013. RAJBHANDARI, R.; CHUNG, R. T. Treatment of Hepatitis B: A Concise Review. Clin Transl Gastroenterol, v. 7, n. 9, p. 1-10, 2016 RAJPUT, P.; SHUKLA, S. K.; KUMAR, V. The HBx oncoprotein of hepatitis B virus potentiates cell transformation by inducing c-Myc-dependent expression of the RNA polymerase I transcription factor UBF. Virol J, v. 12, n. 62, 2015. 109 RAPICETTA, M.; FERRARI C.; LEVRERO, M. Viral determinants and host imune responses in the pathogenesis of HBV infection. J Med Virol, v. 67, p. 454-457, 2002. REINER, N. E.et al. Asymptomatic rectal mucosal lesions and hepatitis B surface antigen at sites of sexual contact in homosexual men with persistent hepatitis B virus infection. Ann Intern Med, v. 96, n. 2, p. 170-173, 1982. REMIS, R. S. et al. Association of hepatitis B virus infection with other sexually transmitted infections in homosexual men. Omega Study Group. Am J Public Health, v. 90, n. 10, p. 1570-1574, 2000. REMIS, R. S. et al. Prevalence of Sexually Transmitted Viral and Bacterial Infections in HIV-Positive and HIV-Negative Men Who Have Sex with Men in Toronto. PLoS One, v. 11, n. 7, p. 1-16, 2016. RISHER, K. et al. Sexual stigma and discrimination as barriers to seeking appropriate healthcare among men who have sex with men in Swaziland. J Int AIDS Soc, v. 16, n. 3, 2013. RIZZETO, M. et al. Immunoflorescence detection of a new antigen/antibody system (delta/antidelta) associated with hepatitis B virus in liver and serum of HBsAg carriers. Gut, v. 18, p. 998-1003, 1977. ROMERO, M. et al. Clinical significance of occult hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol, v. 17, n. 12, p. 1549-1552, 2011. ROSA, H. et al. Associação entre hanseníase e infecção pelo vírus da hepatite B. Estudo de prevalência realizado em Goiânia, Brasil Central. Rev Inst Med trop S Paulo, v. 34, n. 5, 1992. RUAN, Y. et al. Incidence of HIV-1, syphilis, hepatitis B, and hepatitis C virus infections and predictors associated with retention in a 12-month follow-up study among men who have sex with men in Beijing, China. J Acquir Immune Defic Syndr, v. 52, n. 5, p. 604-610, 2009. RUSSI, J. C. et al. Sexual transmission of hepatitis B virus, hepatitis C virus, and human immunodeficiency virus type 1 infections among male transvestite comercial sex workers in Montevideo, Uruguay. Am J Trop Med Hyg, v. 68, n. 6, p. 716-720, 2003. SABIDÓ, M. et al. Sexual violence against men who have sex with men in Brazil: A respondent-driven sampling survey. AIDS Behav, v. 19, n. 9, p. 1630-1641. 2015. 110 SAID, Z. N.; ABDELWAHAB, K. S. Induced immunity against hepatitis B virus. World J Hepatol, v. 7, n. 12, p. 1660-1670, 2015. SALGANIK, M. J.; HECKATHORN, D. D. Sampling and Estimation in Hidden Populations Using Respondent-Driven Sampling. Sociological Methodology, v. 34, n. 1, p. 193-240, 2004. SALGANIK, M. J. Variance estimation, design effects, and sample size calculations for respondent-driven sampling. J Urban Health, v. 83, p. 98-112, 2006. SAMAL, J.; KANDPAL, M.; VIVEKANANDAN, P. Molecular mechanisms underlying occult hepatitis B virus infection. Clin Microbiol Rev, v. 25, n. 1, p. 142-163, 2012. SCHREEDER, MT. et al. Hepatitis B in homosexual men: prevalence of infection and factors related to transmission. J Infect Dis, v. 146, n. 1, p. 7-15, 1982. SCHWEITZER, A. et al. Estimations of worldwide prevalence of chronic hepatitis B virus infection: a systematic review of data published between 1965 and 2013. Lancet, v. 386, n. 10003, p. 1546-1555, 2015. SCOTT, R. M. et al. Experimental transmission of hepatitis B virus by semen and saliva. J Infect Dis, v. 142, n. 1, p. 67-71, 1980. SEAGE, G. R. et al. HIV and hepatitis B infection and risk behavior in young gay and bisexual men. Public Health Rep, v. 112, n. 2, p. 158-167, 1997. SEEGER, C.; MASON, W.S. Hepatitis B virus biology. Microbiol Mol Biol Rev, v. 64, n. 1, p. 51-68, 2000. SEEGER, C.; MASON, W.S. Molecular biology of hepatitis B virus infection. Virology, v. 479, p. 672-686, 2015. SHI, Y. H. Correlation between hepatitis B virus genotypes and clinical outcomes. Jpn J Infect Dis, v. 65, n. 6, p. 476-482, 2012. SHI, Y. H.; SHI, C. H. Molecular characteristics and stages of chronic hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol, v. 15, n. 25, p. 3099-3105, 2009. SHIFFMAN, M. L. Management of cute hepatitis B. Clin Liver Dis, v. 4, p. 75-91, 2010. SHLOMAI, A.; DE JONG, Y. P.; RICE, C. M. Virus associated malignancies: the role of viral hepatitis in hepatocellular carcinoma. Semin Cancer Biol, v. 26, p. 7888, 2014. SILVA, C. O. et al. Seroprevalence of hepatitis B virus infection in individuals with clinical evidence of hepatitis in Goiania, Goiás. Detection of viral DNA and 111 determination of subtypes. Rev Inst Med Trop Sao Paulo, v. 44, p. 331-334, 2002. SILVA, P. A. et al. Seroprevalence of hepatitis B virus infection and seroconvertion to anti-HBsAg in laboratory staff in Goiania, Goias. Rev Soc Bras Med Trop, v. 38, p. 153-156, 2005. SILVA, L. N. Prevalência da infecção pelo vírus da Hepatite B e situação vacinal em usuários de crack institucionalizados em Goiânia - Goiás. 2014. 109f. Dissertação (Mestrado). Ciências da Saúde da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, 2014. SOARES, C. C. et al. HIV-1, HBV, HCV, HTLV, HPV-16/18, and Treponema pallidum infections in a sample of Brazilian men who have sex with men. PLoS One, v. 9, n. 8, p. 1-8, 2014. SONG, E. Y. et al. Prevalence of occult hepatitis B virus infection in a general adult population in Korea. Intervirology, v. 52, n. 2, p. 57-62, 2009. SOUTO, F. J. Distribution of hepatitis B infection in Brazil: the epidemiological situation at the beginning of the 21 st century. Rev Soc Bras Med Trop, v. 49, n.1, p. 1123, 2016. SQUADRITO, G.; SPINELLA, R.; RAIMONDO, G. The clinical significance of occult HBV infection. Ann Gastroenterol, v. 27, n. 1, p. 15-19, 2014. STORHOLM, E. D. et al. Hepatitis vaccination of men who have sex with men at gay pride events. Prev Sci, v. 11, n. 2, p. 219-27, 2010. STUEVE, A. et al. Time-space sampling in minority communities: results with young Latino men who have sex with men. Am J Public Health, v. 91, n. 6, p. 922-926, 2001. STUYVER, L. et al. A new genotype of hepatitis B virus: complete genome and phylogenetic relatedness. J Gen Virol, v. 81, p. 67-74, 2000. SUNBUL, M. Hepatitis B virus genotypes: global distribution and clinical importance. World J Gastroenterol, v. 20, n. 18, p. 5427-5434, 2014. SUTMOLLER, F. et al. The Rio de Janeiro HIV vaccine site-II. Recruitment strategies and socio-demographic data of a HIV negative homosexual and bisexual male cohort in Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 92, n. 1, p. 39-46, 1997. SUTMOLLER, F. et al. Human immunodeficiency virus incidence and risk behavior in the 'Projeto Rio': results of the first 5 years of the Rio de Janeiro open cohort of 112 homosexual and bisexual men, 1994-98. Int J Infect Dis, v. 6, n. 4, p. 259-265, 2002. SVICHER, V. et al. Role of hepatitis B virus genetic barrier in drug-resistance and immune-escape development. Dig Liver Dis, v. 43, n. 12, p. 975-983, 2011. TAJIRI, K.; SHIMIZU, Y. Unsolved problems and future perspectives of hepatitis B virus vaccination. World J Gastroenterol, v. 21, n. 23, p. 7074-7083, 2015. TAN, A.; KOH, S.; BERTOLETTI, A. Immune response in hepatitis B virus infection. Cold Spring Harb Perspect Med, v. 5, n. 8, p. 1-18, 2015. TAN, Y. W. et al. Natural YMDD-motif mutants affect clinical course of lamivudine in chronic hepatitis B. World J Gastroenterol, v. 21, n. 7, p. 2089-2095, 2015. TATEMATSU, T. et al. A genetic variant of hepatitis B virus divergent from known human and ape genotypes isolated from a Japanese patient and provisionally assigned to new genotype J. J Virol, v. 22, n. 4, p. 10538-10547, 2009. TAVARES, R. S. et al. Infecção pelo vírus da hepatite B em hemofílicos em Goiás: soroprevalência, fatores de risco associados e resposta vacinal. Rev Bras Hematol Hemoter, v. 26, n. 3, p. 183-188, 2004. TELES, S. A. et al. Hepatitis B virus infection profile in Central Brazilian hemodialysis population. Rev Inst Med trop S Paulo, v. 40, n. 5, 1998. TELES, S. A. et al. Hepatitis B virus transmission in Brazilian hemodialysis units: serological and molecular follow-up. J Med Virol, v. 68, p. 41-49, 2002. THEDJA, M. D. et al. Ethnogeographical structure of hepatitis B virus genotype distribution in Indonesia and discovery of a new subgenotype, B9. Arch Virol, v. 156, n. 5, p. 855-868. 2011. THOMAS, E.; YONEDA, M.; SCHIFF, E. R. Viral hepatitis: past and future of HBV and HDV. Cold Spring Harb Perspect Med, v. 5, n. 2, p. 1-11, 2015. THUNG, S. N.; GERBER, M. A. Polyalbumin receptors: their role in the attachment of hepatitis B virus to hepatocytes. Semin Liver Dis, v. 4, p. 69-75, 1984. TIIT (The Incident Investigation Teams and Others). Transmission of hepatitis B to patients from four infected surgeons without hepatitis B e antigen. N Engl J Med, v. 336, n. 3, p. 178-184, 1997. TILLMANN, H. L.; PATEL, K. Therapy of acute and fulminant hepatitis B. Intervirology, v. 57, n. 3-4, p. 181-188, 2014. TRAN, T. T.; TRINH, T. H.; ABE, K. New complex recombinant genotype of hepatitis B virus identified in Vietnam. J Virol, v. 82, n. 11, p. 5657-5663, 2008. 113 TRÉPO, C.; CHAN, H. L.; LOK, A. Hepatitis B virus infection. Lancet, v. 384, n. 9959, p. 2053-2063, 2014. TRINKS, J. et al. Two simultaneous hepatitis B virus epidemics among injecting drug users and men who have sex with men in Buenos Aires, Argentina: characterization of the first D/A recombinant from the American continent. J Viral Hepat, v. 15, n. 11, p. 827-838, 2008. TSENG, Y. T. et al. Seroprevalence of hepatitis virus infection in men who have sex with men aged 18-40 years in Taiwan. J Formos Med Assoc, v. 111, n. 8, p. 431-438, 2012. TUTTLEMAN, J. S.; POURCEL, C.; SUMMERS, J. Formation of the pool of covalently closed circular viral DNA in hepadnavirus-infected cells. Cell, v. 47, n. 3, p. 451460, 1986. URBANUS, A. T. et al. Viral hepatitis among men who have sex with men, epidemiology and public health consequences. Euro Surveill, v. 14, n. 47, p. 19421, 2009. VALADEZ, J. J. et al. Filling the Knowledge Gap: Measuring HIV Prevalence and Risk Factors among Men Who Have Sex with Men and Female Sex Workers in Tripoli, Libya. PLoS One, v. 8, n. 6, p. 1-14, 2013. VAN DER KUYL, A. C. et al. High prevalence of hepatitis B virus dual infection with genotypes A and G in HIV-1 infected men in Amsterdam, the Netherlands, during 2000-2011. BMC Infect Dis, v. 13, n. 540, p. 1-8, 2013. VAN HOUDT, R. et al. Ongoing transmission of a single hepatitis B virus strain among men having sex with men in Amsterdam. J Viral Hepat, v. 17, n. 2, p. 108-114, 2010. VAN HOUDT, R. et al. Unexpectedly high proportion of drug users and men having sex with men who develop chronic hepatitis B infection. J Hepatol, v. 57, n. 3, p. 529-533, 2012. VERAS, M. A. S. M. et al. High HIV Prevalence among Men who have Sex with Men in a Time-Location Sampling Survey, São Paulo, Brazil. AIDS Behav, v. 19, n. 9, p. 1589-98, 2014. VET, R.; DE WIT, J. B.; DAS, E. Factors associated with hepatitis B vaccination among men who have sex with men: a systematic review of published research. Int J STD AIDS, p. 1-9, 2015. VILLAR, L. M. et al. Update on hepatitis B and C virus diagnosis. World J Virol, v. 4, n. 4, p. 323-342, 2015. 114 VOLK, J. E. et al. Acceptability and feasibility of HIV self-testing among men who have sex with men in Peru and Brazil. Int J STD AIDS, v. 27, n. 7, p. 531-6, 2016. VOLZ, E.; HECKATHORN, D. D. Probability Based Estimation Theory for Respondent Driven Sampling. Journal of Official Statistics, v. 24, n. 1, p. 79-97, 2008. WANG, C. et al. Prevalence and factors associated with hepatitis B immunization and infection among men who have sex with men in Beijing, China. PLoS One, v. 7, n. 10, p. 1-8, 2012. WARNER, N.; LOCARNINI, S. Mechanisms of hepatitis B virus resistance development. Intervirology, v. 57, n. 3-4, p. 218-224, 2014. WASLEY, A. et al. The prevalence of hepatitis B virus infection in the United States in the era of vaccination. J Infect Dis, v. 202, n. 2, p. 192-201, 2010. WEI, C. et al. Reaching black men who have sex with men: a comparison between respondent-driven sampling and time-location sampling. Sex Transm Infect, v. 88, n. 8, p. 622-626, 2012. WHITE, R. G. et al. Respondent driven sampling--where we are and where should we be going? Sex Transm Infect, v. 88, n. 6, p. 397-399, 2012. WHITE, R. G. et al. Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology for respondent-driven sampling studies: "STROBE-RDS" statement. J Clin Epidemiol, v. 68, n. 12, p. 1463-1471, 2015. WHO (World Health Organization). Hepatitis B vaccines. Wkly Epidemiol Rec, v. 84, n. 40, p. 405-19, 2009. WHO (World Health Organization). Prevention and treatment of HIV and other sexually transmitted infections among men who have sex with men and transgender people. Recommendations for a public health approach. 2011. WHO (World Health Organization). Prevention e control of viral hepatitis infection: Framework for Global Action. 2012. WHO (World Health Organization). Hepatitis B. Fact sheet n°204. Disponível em: < http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs204/en/> Acesso em: 05 de junho de 2015a. WHO (World Health Organization). Guidelines for the prevention, care and treatment of persons with chronic hepatitis B infection. 2015b. WU, T. W.; LIN, H. H.; WANG, L. Y. Chronic hepatitis B infection in adolescents who received primary infantile vaccination. Hepatology, v. 57, n. 1, p. 37-45, 2013. 115 YAN, H. et al. Sodium taurocholate cotransporting polypeptide is a functional receptor for human hepatitis B and D virus. Elife, v. 1, p. 1-28, 2012. YANG, H. C. et al. Distinct evolution and predictive value of hepatitis B virus precore and basal core promoter mutations in interferon-induced hepatitis B e antigen seroconversion. Hepatology, v. 57, n. 3, p. 934-943, 2013. YANO, Y.; AZUMA, T.; HAYASHI, Y. Variations and mutations in the hepatitis B virus genome and their associations with clinical characteristics. World J Hepatol, v. 7, n. 3, p. 583-592, 2015. YEE, L. J.; RHODES, S. D. Understanding correlates of hepatitis B virus vaccination in men who have sex with men: what have we learned? Sex Transm Infect, v. 78, n. 5, p. 374-377, 2002. YOU, C. R. et al. Update on hepatitis B virus infection. World J Gastroenterol, v. 20, n. 37, p. 13293-13305, 2014. ZEHENDER, G. et al. Enigmatic origin of hepatitis B virus: an ancient travelling companion or a recent encounter? World J Gastroenterol, v. 20, n. 24, p. 76227634, 2014. ZHAND, S. et al. Correlation between hepatitis B G1896A precore mutations and HBeAg in chronic HBV patients. Jundishapur J Microbiol, v. 8, n. 2, p. 1-4, 2015. ZHANG, X. D.; WANG, Y.; YE, L. H. Hepatitis B virus X protein accelerates the development of hepatoma. Cancer Biol Med, v. 11, n. 3, p. 182-190, 2014. ZHANG, X.; DING, H. G. Key role of hepatitis B virus mutation in chronic hepatitis B development to hepatocellular carcinoma. World J Hepatol, v. 7, n. 9, p. 12821286, 2015. ZHANG, Y. et al. Comparative study of the different activities of hepatitis B virus wholeX protein and HBx in hepatocarcinogenesis by proteomics and bioinformatics analysis. Arch Virol, v. 160, n. 7, p. 1645-1656, 2015. ZHU, M. et al. HBx induced AFP receptor expressed to activate PI3K/AKT signal to promote expression of Src in liver cells and hepatoma cells. BMC Cancer, v. 15, n. 362, p. 1-9, 2015. 116 ANEXOS Anexo 1 - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa. 117 Anexo 2 - Artigo 1: Prevalence, Risk Behaviors, and Virological Characteristics of Hepatitis B Virus Infection in a Group of Men Who Have Sex with Men in Brazil: Results from a Respondent-Driven Sampling Survey (artigo publicado). 118