EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 1/14 ANEXO I Relatório Descritivo PROCESSO DE OBTENÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE FOSFATO DE CÉRIO E FORMULAÇÕES CONTENDO O MESMO 5 Campo da Invenção A presente invenção se refere ao processo de obtenção de partículas de fosfato de cério e formulações cosmeticamente aceitáveis contendo as mesmas. Especificamente, a presente invenção se refere à formulações para 10 proteção solar e radiação UV contendo nanopartículas de fosfato de cério. Antecedentes da Invenção A radiação solar chega a Terra em todos os comprimentos de onda ou freqüências, mas principalmente entre 200 – 3000 nm. A luz do Sol possui 15 radiação ultravioleta (UV) que pode ser dividida em luz UV-A, com comprimentos de onda na região de 320 – 400 nm, luz UV-B na região de 290 320 nm e luz UV-C com comprimentos de onda menores do que 290 nm. A radiação ultravioleta do Sol é apenas 5% do total da radiação eletromagnética que alcança a superfície da Terra. Quando a pele é exposta à 20 luz solar ocorre uma série de mudanças biológicas e fisiológicas. Dentre os efeitos danosos da longa exposição da pele à radiação UV podemos citar o envelhecimento prematuro da pele, perda de elasticidade, imperfeições na pigmentação, melanoma e câncer de pele. Historicamente, os protetores solares surgiram na época da Segunda 25 Guerra Mundial, quando os soldados norte-americanos necessitavam de proteção de queimaduras provocadas pelo Sol. As formulações continham ésteres do ácido p-aminobenzóico (PABA) e ácido p-dimetilamonibenzóico. Anos mais tarde, também foi introduzido o oxibenzona (benzofena-3). Os protetores solares físicos foram os primeiros tipos a serem utilizados, mas 30 continham algumas restrições como a opacidade e aparência cosmeticamente inaceitável. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 2/14 ANEXO I O nível de proteção solar pode ser alterado pela variação no tipo e nível de protetor solar. A eficiência da proteção contra a radiação UV pode ser medida por seus fatores de proteção solar (FPS) que indica quantas vezes o tempo de exposição ao sol, sem o risco de eritema, pode ser aumentado com o 5 uso de protetor. Quanto maior o FPS, maior será o tempo que a pessoa ficará protegida frente à radiação UVB, radiação causadora do eritema. Os materiais inorgânicos podem ser incorporados aos protetores solares, ficando suspensos, o que pode modificar tanto a eficácia do produto final, quanto à aparência cosmética do mesmo. As partículas micrométricas 10 incorporadas nos protetores minimizam sua interação com a luz visível, fazendo com que a formulação tenha uma alta eficácia na atenuação das radiações UV-A e UV – B e aprimorando sua aparência. Protetores solares inorgânicos não são materiais que apenas refletem e espalham a luz. Eles também absorvem a radiação UV, devido às transições 15 entre níveis de energia localizados nos átomos ou, devido à transição entre bandas de valência e de condução (semicondutores). Nos anos 90, micropartículas (transparentes no visível) de óxido de zinco (ZnO) e dióxido de titânio (TiO2) tornaram-se acessíveis, ganhando larga aceitação como filtros inorgânicos, pois apresentam baixa irritação sendo, 20 inclusive, recomendados no preparo de fotoprotetores para o uso infantil e pessoas com pele sensível. No entanto, os dois óxidos apresentam ação fotocatalítica que é indesejável nas formulações (R.Li, S.Yin,S. Yabe, M. Iamashita, S. Momose, S. Yoshida, and T. Sato; British Ceramic Transactions 2002 Vol. 101 No. 1 p 9-13) 25 O cério é um metal cinza brilhante e maleável, sendo o mais abundante entre as terras raras, sendo encontrado em vários minérios principalmente nos minerais monazita e bastnasita. Os compostos de cério são usados como componentes na fabricação de equipamentos de projeção e iluminação para a indústria cinematográfica, aplicações nucleares e metalúrgicas, catalisadores, 30 fabricação de vidro, entre outros. Os fosfatos de cério são de grande interesse devido a seu alto ponto de fusão, baixa solubilidade e alta estabilidade química. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 3/14 ANEXO I O íon tripolifosfato é utilizado como agente complexante e como precursor do íon fosfato. A ação complexante do íon tripolifosfato favorece a manutenção do íon metálico em solução (impedimento da precipitação), ou seja, contendo ação sequestrante. Recentemente, partículas ultrafinas de tamanho nanométrico têm 5 atraído bastante atenção devido às propriedades químicas, físicas e morfológicas. No âmbito patentário, diversos documentos descrevem o uso de partículas de cério em diversos produtos de proteção solar e/ou radiação UV. O documento US 4, 293,732 descreve células solares contendo uma 10 camada de absorção de energia solar na faixa do UV (350 nm ou menos), na qual o material de absorção da radiação é selecionado do grupo de dióxido de titânio, sulfato de zinco ou óxido de cério. Outro produto de proteção solar contendo partículas de cério está descrito no documento US 5,264,400, um produto a ser disposto no vidro de 15 veículos motorizados compreendendo óxidos de sílico, alumínio, magnésio, cálcio, sódio, potássio, cério, ferro, cobalto, níquel e érbio em proporções determinadas para cada composto. O cério na forma de óxidos (CeO2 ou Ce2O3) é adicionado à composição de vidros (0,1-1%). Também 20 foram encontrados alguns documentos descrevendo formulações de proteção solar contendo partículas de cério. Dentre esses documentos, podemos destacar o documento US 5,607,664, em que são descritas composições fotoprotetoras e cosméticas contendo protetores UV-A e UV-B e outros polímeros. Nesse documento, o produto deverá conter uma quantidade efetiva fotoprotetora de pelo menos um protetor de radiação UV, 25 sendo que esse protetor deverá ser um bloqueador orgânico que absorva UV ou pelo menos um nanopigmento inorgânico baseado nos óxidos de titânio, zinco ou cério, entre outros. O documento US 5,205,837 descreve um produto em pó contendo partículas com estrutura lamelar, de tamanho menor que 50 µm e contendo 30 pelo menos um pigmento melanótico sintético formado por oxidação in situ e de um composto indol. As composições desse documento podem conter, além das 4/14 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I partículas lamelares contendo pigmentos melanóticos, outros nanopigmentos (< 100 nm) a fim de aumentar a proteção contra a radiação solar, como pigmentos de óxidos de metais, especialmente óxido de titânio, óxido de zinco, óxido de cério e óxido de zircônio. 5 O documento US 5,670,139 descreve uma emulsão óleo-água que compreende uma quantidade fotoprotetora de partículas homogeneamente dispersas de pelo menos um nanopigmento inorgânico que compreende um óxido de metal, como óxido de titânio, zinco, zircônio e cério. Entretanto, nenhum dos documentos acima se sobrepõe à presente 10 invenção por tratarem de produtos que utilizam óxido de cério, não citando o uso do fosfato de cério como nanopartícula de proteção à radiação solar/UV. A presente invenção descreve o processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, sem ação fotocatalítica, a ser aplicado em formulações cosmeticamente aceitáveis de proteção solar e/ou radiação UV. 15 Objeto da Invenção É um objeto da presente invenção o processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério compreendendo as etapas de: a) obter uma solução aquosa contendo pelo menos um fosfato e pelo 20 menos um sal de cério; b) aquecer a solução obtida em a) de 85-160 ºC durante 2-5 horas; É um objeto adicional da presente invenção o processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério compreendendo também as etapas de: c) misturar a solução obtida em b) com um ácido α-hidrocarboxílico e um 25 poli-hidroxi álcool; d) aquecer a solução obtida em c) à 90ºC até obter uma resina polimérica de coloração marrom; e e) calcinar a resina obtida em d) à 700ºC – 1000ºC de 3-5 horas; É um objeto adicional da presente invenção uma composição 30 compreendendo: a) nanopartículas de fosfato de cério; e EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 5/14 ANEXO I b) um veículo cosmeticamente aceitável, onde a referida composição é livre de ação fotocatalítica. Em especial, tal formulação é adicionada a uma formulação cosmeticamente aceitável para proteção solar e/ou radiação UV. 5 Descrição das Figuras A Figura 1 mostra o esquema do procedimento experimental utilizado para obtenção do fosfato de cério. A Figura 2 mostra três espectros de infravermelho: a) Hidrotermal 10 (1500C), b) Hidrotermal (900C) e c) Pechini. A Figura 3 mostra o difratograma de Raios-X das amostras obtidas por: a) Hidrotermal (1500C), b) Hidrotermal (900C) e c) Pechini, onde as setas apontam os picos relacionados ao CeO2 e todos os outros picos estão relacionados a CePO4. 15 A Figura 4 mostra a Análise Termogravimétrica de uma amostra preparada pelo método hidrotermal, sendo (1) dTA, (2) TGA CePO4 (ppt 1:1 com ác. TPP). A Figura 5 mostra as fotomicrografias de MEV das amostras: a) Pechini, b) Hidrotermal (900C) e c) Hidrotermal (1500C). 20 A Figura 6 mostra o espectro eletrônico de reflectância difusa: (a) espectro comparativo das amostras UV ao vis, (b) UV-B, (c) UV-A, (d) Visível, onde 1) CePO4/Pechini 900ºC e 2) CePO4 Hidrotermal. A Figura 7 mostra a atividade catalítica (decomposição do óleo de rícino/ Rancimat) em função do tempo dos compostos obtidos por Pechini e 25 Hidrotermal. 40 mg de composto para 3,0 mL de óleo, onde 1) Pechini, 2) Hidrotermal e 3) Óleo de Rícinio. A Figura 8 mostra a atividade fotocatalítica (decomposição do óleo de rícino/ Rancimat) em função do tempo dos compostos obtidos por Pechini e Hidrotermal. 40 mg de composto para 3,0 mL de óleo, onde 1) Pechini, 2) 30 Hidrotermal e 3) Óleo de Rícinio. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 6/14 ANEXO I Descrição Detalhada da Invenção Os exemplos aqui mostrados tem o intuito somente de exemplificar, contudo sem limitar, o escopo da invenção. A expressão “cosmeticamente aceitável” é empregada aqui para se 5 referir a compostos, materiais, composições, e/ou forma de dosagem que são, dentro do âmbito da medicina, apropriados para uso em contato com os tecidos de humanos e animais sem toxicidade excessiva, irritação, resposta alérgica, ou outro problema ou complicação, proporcional com uma relação razoável de benefício/risco. 10 Processo de Obtenção O processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério compreende as etapas de a) obter uma solução aquosa contendo pelo menos um fosfato e pelo menos um sal de cério; 15 b) aquecer a solução obtida em a) de 85-160 ºC durante 2-5 horas; A expressão “pelo menos um fosfato” compreende qualquer composto escolhido do grupo que compreende ácidos fosfórico, tripolifosfórico, difosfórico, pirofosfórico, metafosfórico, polifosfóricos, bem como os respectivos sais de metais alcalinos e alcalino terrosos, e de amônio, semelhantes e/ou a 20 mistura dos mesmos. Sais de cério úteis na presente invenção incluem, mas não se limitam a nitrato de cério, cloreto de cério ou outros sais solúveis de cério nos estados de oxidação +3 ou +4. A concentração total de fosfatos está compreendida na faixa que vai de 25 aproximadamente 0,2 mol/L a aproximadamente 1,2 mol/L. A concentração de sais de cério está compreendida na faixa que vai de aproximadamente 0,05 mol/L a aproximadamente 0,3 mol/L. A razão fosfato:cério está compreendida na faixa que vai de aproximadamente 3:1 a aproximadamente 1:3. 30 Preferencialmente, o aquecimento (item b) é feito sob agitação. Quando a temperatura é menor ou igual a 90 ºC o aquecimento é feito diretamente na EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 7/14 ANEXO I solução. Para aquecimentos em temperaturas acima de 90°C, recomenda-se utilizar um tubo hermeticamente fechado contendo a solução de fosfato e cério imerso em um líquido capaz de suportar tais temperaturas, como por exemplo óleo de silicone. Caso deseje-se aumentar a pureza do fosfato de cério produzido, o 5 processo compreende adicionalmente as etapas de: c) misturar a solução obtida em b) com uma solução compreendendo pelo menos um ácido α-hidrocarboxílico e pelo menos um polihidroxi álcool; d) aquecer a solução obtida em c) à 90ºC até obter uma resina 10 polimérica de coloração marrom; e) calcinar a resina obtida em d) à 700ºC – 1000ºC durante 3-5 horas; Esse método foi idealizado por Pechini (M. Pechini – US Patent 3 330 697 – 1967) baseia-se na formação de um polímero no qual estão 15 incorporados os cátions metálicos distribuídos homogeneamente na cadeia polimérica. O objetivo deste método é a formação de materiais dielétricos altamente puros, de composição precisamente controlada e na forma de filmes finos. O método consiste numa reação de esterificação entre ácidos α- 20 hidroxicarboxílicos, que pode formar quelatos com metais e um poli-hidroxi álcool, e polimerização a temperaturas mais elevadas formando um resina intermediária. O ácido α-hidrocarboxílico é escolhido do grupo que compreende, sem contudo limitar, ácido glicólico, ácido lático, ácido hidroxibutírico, ácido 25 mandélico, ácido glicérico, ácido málico, ácido tartárico, ácido cítrico e/ou mistura dos mesmos. O polihidroxi-álcool é escolhido do grupo que compreende, sem contudo limitar, glicerol, etilenoglicol, propileno glicol, 1,2-butanediol, 2-3 butanediol, 1,3-propano-diol e/ou mistura dos mesmos. 30 A concentração do ácido α-hidrocarboxílico está compreendida na faixa que vai de aproximadamente 1 mol/L a aproximadamente 6 mol/L. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 8/14 ANEXO I A concentração de polihidroxi-álcool está compreendida na faixa que vai de aproximadamente 4 mol/L a aproximadamente 20 mol/L . A razão ácido α-hidrocarboxílico: polihidroxi-álcool está compreendida na faixa que vai de aproximadamente 1:2 a aproximadamente 1:8 5 A calcinação da resina polimérica a temperaturas a partir de 600°C, remove o material orgânico e leva à formação de fosfatos (podendo conter óxidos), finamente divididos. O fosfato de cério obtido pelos métodos acima apresenta um tamanho de partícula que está compreendido numa faixa que vai de aproximadamente 10 30 nm a aproximadamente 150 nm. Formulações Cosméticas O fosfato de cério da presente invenção pode ainda ser incorporado a composições cosméticas compreendendo: 15 a) nanopartículas de fosfato de cério; e b) um veículo cosmeticamente aceitável, onde a referida composição é livre de ação fotocatalítica. A expressão “veículo cosmeticamente aceitável” compreende uma 20 composição de uso tópico que permita a distribuição uniforme das partículas de fosfato de cério em cabelos, pele e/ou unhas. A presente invenção possibilita o uso de formulações como loções, sprays, pomadas, géis, emulsões, pós a serem utilizados em produtos para cuidado dos cabelos como xampus, condicionadores, relaxadores, clareadores, desembaraçadores, gel modelador, 25 gel fixador, espumas na forma de spray, cremes modeladores, musses, preparações para tingimento dos cabelos, temporárias ou permanentes; produtos para cuidados da pele como cremes de barbear, loções pós-barba, cremes, sabonetes líquidos, sabonetes em barra, e produtos para cuidados com as unhas, como esmaltes. 30 O veículo para composições farmacêuticas compreende agentes surfactantes, espessantes, humectantes e adjuvantes. Agentes surfactantes EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 9/14 ANEXO I úteis na presente invenção incluem, mas não se limitam à surfactantes aniônicos, não-iônicos, catiônicos e anfotéricos/zwitteriônicos e/ou mistura dos mesmos. Agentes espessantes úteis na presente invenção incluem, mas não se limitam à ácidos carboxílicos/copolímeros carboxilados, polímeros de vinila 5 e/ou mistura dos mesmos. Humectantes úteis na presente invenção incluem, mas não se limitam a polióis líquidos solúveis em água, polietilenoglicóis, uréia e/ou mistura dos mesmos. Adjuvantes úteis na presente invenção incluem, mas não se limitam a agentes flavorizantes, enzimas fragrâncias, perfumes, pigmentos, 10 corantes, preservativos, reguladores de pH, propelentes, antioxidantes (BHT, BHA), quelantes (EDTA, EGTA, etc), bactericidas, fungicidas, antivirais, agentes opacificantes, polímeros condicionantes, silicones e/ou mistura dos mesmos Exemplo 1. Preparação do Tripolifosfato de Sódio (TPP) 15 O tripolifosfato de sódio foi preparado através da reação em estado sólido entre hidrogenofosfato de sódio e dihidrogenofosfato de sódio a aproximadamente 600ºC, como representada a seguir: 2Na2HPO4(s) + NaH2PO4.2H2O(s) Na5P3O10(s) + 4H2O(g) 20 Em um almofariz foram triturados 39,75 g de Na2HPO4 e 21,84 g de NaH2PO4.2H2O, sendo a seguir submetidos ao aquecimento à 600ºC por 2 horas, obtendo-se a massa final de 50,84 g. Para se eliminar a presença de outros polifosfatos (pirofosfatos e metafosfatos), o sólido sofreu um processo 25 de purificação, para a obtenção do sal hidratado com 99,5% de pureza. O sal obtido após a reação a 600 ºC foi dissolvido em aproximadamente 200 mL de água destilada sob baixo aquecimento e precipitado com 50 mL de metanol ou etanol. O sólido foi filtrado e o processo de dissolução e precipitação foi repetido por mais quatro vezes sendo a massa final de 48,12 g. 30 Através do espectro de infravermelho (Figura 1), confirma-se que a amostra obtida é um tripolifosfato. A Tabela 1 apresenta os números de onda EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 10/14 ANEXO I das principais bandas do espectro de infravermelho do tripolifosfato de sódio. Na tabela observa-se que as bandas referentes ao grupo O–H confirmam a presença de águas de hidratação e mostram bandas importantes abaixo de 1300 cm-1 que são comuns a polifosfatos lineares. 5 Tabela 1: Principais bandas do tripolifosfato de sódio. Bandas, número de onda (cm-1) 3630 cm-1, 3384 cm-1 e 3278 cm-1 1686 cm-1 1212 cm-1 e 1158 cm-1 1130 cm-1 e 1102 cm-1 962 cm-1 e 886 cm-1 772 cm-1 e 716 cm-1 Observação Estiramento O–H Movimentos torcionais O–H Estiramento P=O Estiramento P–O Estiramento P–O–P Harmônicos de movimentos torcionais P–O–P Exemplo 2. Preparação do ácido tripolifosfórico A solução aquosa de ácido tripolifosfórico foi preparada passando-se 10 uma solução do tripolifosfato através de uma coluna contendo resina de troca iônica na forma de H+. Exemplo 3. Solução de nitrato de Cério a partir de CeO2 O óxido de cério (Aldrich, 99,999%) foi dissolvido com ácido nítrico 64%, 15 sob aquecimento. A solução foi levada até quase secura e então, adicionou-se água e evaporou-se novamente até quase secura por mais 5 vezes a fim de eliminar o excesso de ácido. A solução foi colocada em um balão volumétrico de 100,0 mL e completou-se o volume com água destilada. 20 Exemplo 4. Padronização da solução de nitrato de Cério A padronização do nitrato de Ce3+ foi realizada pelo método de titulação complexométrica com EDTA. Pipetou-se três alíquotas de 10 µL da solução de Ce(NO3)3 preparada e adicionou-se num erlenmeyer juntamente com 15,0 mL de água destilada. Ajustou-se o pH em 5,8 utilizando-se soluções de NH4OH e 25 HNO3 0,1 mol/L. Adicionou-se 3,0 mL de tampão acetato/ácido acético EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 11/14 ANEXO I (pH=5,8) e indicador xilenol orange e titulou-se com EDTA 0,0127 mol/L. A concentração de Ce3+ foi de 0,0916 mol/ L. Exemplo 5. Obtenção do fosfato de Cério pelo método de 5 precipitação hidrotérmica Este método consiste na síntese de fosfato de lantanídeo (LnPO4. xH2O) nanocristalino, essa síntese consiste na formação de um sistema coloidal aquoso. O método é baseado no uso do sal de lantanídeo e do polifosfato de sódio como precursores em H2O. O princípio desta síntese consiste no uso de 10 polifosfato como uma fonte de ortofosfato (PO43-) e como um agente estabilizante. Aquecendo-se o complexo aquoso lantanídeo-polifosfato a 90 °C formase um sistema coloidal de nanopartículas de LnPO4. xH2O, o qual exibe uma estrutura do tipo Rabdophane com partículas de ~ 10 nm. 15 Exemplo 5.1 Obtenção do fosfato de Cério pelo método de precipitação hidrotérmica com ácido tripolifosfórico À solução de Ce(NO3)3 (0,0916 mol/L) foi acrescentado o H5P3O10. As proporções TPP:Ce3+ foram 1:1 e 2:1, obtendo assim duas amostras. A síntese foi toda realizada em água permanecendo sob agitação e 20 aquecimento (90°C) durante 3h, obtendo por fim um precipitado amarelo claro. Exemplo 5.2 Obtenção do fosfato de Cério pelo método de precipitação hidrotérmica com tripolifosfato de sódio À solução de Ce(NO3)3 (0,0916 mol/L) foi acrescentado o tripolifosfato de sódio. A proporção TPP: Ce3+ foi de 1:1. A síntese foi da mesma maneira 25 que a anterior. Exemplo 6. Obtenção do fosfato de Cério pelo método de precipitação hidrotérmica em alta temperatura A síntese do fosfato de cério pelo método da precipitação hidrotermal a 30 alta temperatura depende do Ce(NO3)3 e do ácido tripolifosfórico, a preparação desses precursores foi relatada nos exemplos 2 e 3. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 12/14 À solução de Ce(NO3)3 (0,1 mol/L) foi acrescentado ANEXO I o ácido tripolifosfórico (H5P3O10), o qual foi obtido passando-se uma solução do tripolifosfato de sódio através de uma coluna contendo resina de troca-iônica na forma H+. A proporção TPP: Ce3+ foi de 1:1 e 2:1, obtendo-se assim duas 5 amostras. A síntese foi realizada em um recipiente hermeticamente fechado ( vidro ou teflon) a alta temperatura durante quatro horas. A temperatura do óleo de silicone manteve-se constante em aproximadamente 150°C. Obteve-se um precipitado branco, o qual foi lavado adequadamente com água por várias 10 vezes e em seguida centrifugado. Retirou-se a água contida no material sob pressão reduzida em um evaporador rotativo. Após essa etapa o material, pó branco e fino foi seco e mantido em dessecador. 15 Exemplo 7. Obtenção do Fosfato de Cério pelo método de Pechini adaptado Na obtenção do fosfato de cério a diferentes temperaturas, adicionou-se à cápsula de porcelana, sob aquecimento e agitação, as soluções de nitrato de Ce3+ (10 mL) e ácido tripolifosfórico (5 mL) conforme exemplos acima. 20 Adicionou-se ainda etilenoglicol (0,080 mols) e ácido cítrico ( 0,020 mols). Aqueceu-se a mistura à 90º C para a obtenção da resina polimérica. Em seguida, a resina polimérica, de coloração marrom escura foi calcinada à temperaturas de 700 – 900ºC, durante 4 horas, resultando em um pó fino. Na Figura 2 é apresentado o esquema do procedimento experimental 25 para a preparação dos fosfatos de cério a diferentes temperaturas. Exemplo 8. Caracterização dos Fosfatos de Cério Exemplo 8.1 Espectroscopia de Infravermelho A determinação dos grupos funcionais das amostras foi realizada 30 através da espectroscopia de infravermelho no espectrofotômetro PerkimElmer 502. Fig. 2 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 13/14 ANEXO I Exemplo 8.2 Difratometria de Raios X A caracterização estrutural dos compostos sintetizados foi feita através da difratometria de raios X, com as amostras na forma de pó em suporte de vidro, a temperatura ambiente, no difratômetro de raios X SIEMENS D5000 no 5 Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Fig. 3 Exemplo 8.3 Análise Termogravimétrica (TGA) Para obtenção das curvas de TGA das amostras preparadas pelo 10 método da precipitação foi empregado um equipamento SDT 2960 da TA Instruments, em atmosfera ambiente. Fig. 4 Exemplo 8.4 Microscopia Eletrônica de Varredura Através da microscopia eletrônica de varredura efetuou-se as análises 15 de forma e tamanho médio das partículas. As amostras foram dispersas em isopropanol e suspensas com o auxílio de ultra-som. Uma gota da solução foi colocada sobre o suporte apropriado para análise. Após secarem, as amostras foram metalizadas com uma fina camada de ouro. Fig. 5 20 Exemplo 8.5 Espectroscopia Eletrônica de Reflectância Difusa Os espectros de reflectância difusa das matrizes sólidas foram registrados em um Espectrofluorímetro SPEX – FLUOROLOG 3. Para realizar a reflectância as amostras foram bem compactadas no porta amostra como o 25 da Figura 5. A luz deve incidir completamente a amostra para evitar que ocorra difração da mesma. Fig. 6 Exemplo 8.6 Atividade Catalítica A atividade catalítica das amostras foi medida pelo método da 30 determinação condutométrica. Para realizar a medida, utilizou-se um condutivímetro C708 ANALION e célula C801/01. Fig.7 14/14 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I Exemplo 8.7 Atividade Fotocatalítica A atividade fotocatalítica das amostras foi medida pelo método da determinação condutométrica com irradiação de luz utilizando-se lâmpada de 5 xenônio (Xenarc D – H4R – 35 W), condutivímetro C708 ANALION e célula C801/01. A condutância foi monitorada por 8 horas. Fig.8 1/5 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I Reivindicações PROCESSO DE OBTENÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE FOSFATO DE CÉRIO E FORMULAÇÕES CONTENDO O MESMO 1. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério caracterizado por compreender as etapas de: a) obter uma solução aquosa contendo pelo menos um fosfato e pelo menos um sal de cério; b) aquecer a solução obtida em a) de 85-160 ºC; 2. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo fosfato do item a) ser preferencialmente escolhido do grupo que compreende ácido fosfórico, ácido tripolifosfórico, ácido difosfórico, ácido pirofosfórico, ácido metafosfórico, ácido polifosfórico, fosfato de sódio, fosfato de cálcio e/ou a mistura dos mesmos. 3. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 2, caracterizado pelo fosfato ser ácido fosfórico e/ou ácido tripolifosfórico. 4. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pela concentração do ácido fosfórico estar compreendido na faixa de aproximadamente 0,2 mol.L-1 à aproximadamente 1,2 mol.L-1. 5. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 3, caracterizado pela concentração do tripolifosfórico estar compreendido na faixa de aproximadamente 0,1 mol.L-1 à aproximadamente 0,5 mol.L-1. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 2/5 ANEXO I 6. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo sal de cério do item a) ser preferencialmente escolhido do grupo que compreende nitrato de cério, cloreto de cério e mistura dos mesmos. 7. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 6, caracterizado pelo sal de cério ser nitrato de cério. 8. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 7, caracterizado pela concentração do nitrato de cério estar compreendido na faixa de aproximadamente 0,05 mol.L-1 à aproximadamente 0,5 mol.L-1. 9. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo aquecimento do item b) ser preferencialmente feito sob agitação em um período de 2 a 5 horas. 10. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo aquecimento do item b) ser realizado diretamente na solução quando a temperatura for ≤90ºC. 11. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado pelo aquecimento do item b) ser realizado em um tubo hermeticamente fechado, quando a temperatura for >90ºC, sendo que a solução do item a) ficará imersa em óleo de silicone. 12. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 1, caracterizado por adicionalmente compreender as etapas de: EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 3/5 ANEXO I c) misturar a solução obtida em b) com um ácido α-hidrocarboxílico e um poli-hidroxi álcool; d) aquecer a solução obtida em c) à aproximadamente 90ºC até obter uma resina polimérica de coloração marrom; e e) calcinar a resina obtida em d) à 700ºC – 1000ºC; 13. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 12, caracterizado pelo ácido α-hidrocarboxílico do item c) ser escolhido do grupo que compreende ácido glicólico, ácido lático, ácido hidroxibutírico, ácido mandélico, ácido glicérico, ácido málico, ácido tartárico, ácido cítrico e/ou mistura dos mesmos. 14. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 13, caracterizado pelo ácido α-hidrocarboxílico ser ácido cítrico. 15. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 14, caracterizado pela concentração do ácido cítrico estar compreendido na faixa de aproximadamente 1,0 mol.L-1 à aproximadamente 6 mol.L-1. 16. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 12, caracterizado pelo polihidroxi-álcool do item c) ser escolhido do grupo que compreende glicerol, etilenoglicol, propileno glicol, 1,2-butanediol, 2-3 butanediol, 1,3-propano-diol e/ou mistura dos mesmos. 17. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 16, caracterizado pelo polihidroxi-álcool ser etilenoglicol. 4/5 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I 18. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 17, caracterizado pela concentração do etilenoglicol estar compreendido na faixa de aproximadamente 4 mol.L-1 à aproximadamente 20 mol.L-1. 18. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 12, caracterizado pela razão ácido α- hidrocarboxílico:polihidroxi-álcool estar compreendida na faixa que vai de aproximadamente 1:2 a aproximadamente 1:8. 19. Processo de obtenção de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 12, caracterizado pela etapa de calcinação durar de 3 a 5 horas. 20. Composição de nanopartículas de fosfato de cério caracterizada por compreender: a) nanopartículas de fosfato de cério; e b) um veículo cosmeticamente aceitável. 21. Composição de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 20, caracterizada pela referida composição ser livre de ação fotocatalítica. 22. Composição de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 20, caracterizada por compreender uma formulação cosmeticamente aceitável para proteção solar e/ou radiação UV. 23. Composição de nanopartículas de fosfato de cério, de acordo com a reivindicação 20, caracterizada por ser uma composição na forma de loções, sprays, pomadas, géis, emulsões, xampus, condicionadores, relaxadores, clareadores, desembaraçadores, gel modelador, gel fixador, spray, cremes EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 5/5 ANEXO I modeladores, musses, preparações para tingimento dos cabelos, temporárias ou permanentes; cremes de barbear, loções pós-barba, cremes, sabonetes líquidos, sabonetes em barra e/ou esmaltes. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 1/1 ANEXO I Resumo PROCESSO DE OBTENÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE FOSFATO DE CÉRIO E FORMULAÇÕES CONTENDO O MESMO A presente invenção se refere ao processo de obtenção de nanopartículas de fosfato/óxido de cério e formulações cosmeticamente aceitáveis contendo as mesmas. Especificamente, a presente invenção se refere à formulações para proteção solar e radiação UV contendo fosfatos de cério. EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 1/7 ANEXO I FIGURA 1 Ce(NO3)3 Ácido cítrico + Etilenoglicol H5P3O10 Eliminação de água Resina Polimérica Decomposição da resina polimérica a ~ 500oC Calcinação a (700oC/800oC/900oC) durante 4 horas Pó fino CePO4 2/7 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I FIGURA 2 A) Transmitância (%) a) Hidrotermal alta temperatura B) b) Hidrotermal baixa temperatura c) Pechini C) 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 Número de onda (cm ) FIGURA 3 0 Hidrotermal (150 C) Intensidade 0 Hidrotermal (90 C) 0 Pechini (900 C) CeO2 CePO4 10 20 30 40 50 60 70 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 3/7 ANEXO I FIGURA 4 100 TGA CePO4 (ppt 1:1 com ác. TPP) dTA Massa (%) 98 96 94 1 92 2 90 200 400 600 o Temperatura ( C) 800 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN 4/7 ANEXO I FIGURA 5 A) B) C) 5/7 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I FIGURA 6 1,2 2 Reflectância Difusa (u.a.) 1,0 1 0,8 0,6 0 CePO4/Pechini_900 C CePO4 hidrotermal 0,4 0,2 0,0 300 400 500 600 700 Comprimento de Onda (nm) A) 1,2 Reflectância Difusa (u.a.) 1,0 0,8 0,6 0 CePO4/Pechini_900 C CePO4 hidrotermal 0,4 1 2 0,2 0,0 280 B) 290 300 310 Comprimento de Onda (nm) 320 6/7 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I 1,2 0 Reflectância Difusa (u.a.) 1,0 CePO4/Pechini_900 C CePO4 hidrotermal 0,8 1 2 0,6 0,4 0,2 0,0 320 330 340 350 360 370 380 390 400 Comprimento de Onda (nm) C) 1,2 2 Reflectância Difusa (u.a.) 1,0 1 0,8 0,6 0 CePO4/Pechini_900 C CePO4 hidrotermal 0,4 0,2 0,0 400 500 600 Comprimento de Onda (nm) D) 700 7/7 EDITAL N. º 05/2010 – AUSPIN ANEXO I FIGURA 7 60 Pechini Hidrotermal Óleo de Rícino Condutividade (µS/cm) 50 40 2 1 30 3 20 10 0 0 2 4 6 8 Tempo (h) FIGURA 8 40 Pechini Hidrotermal Óleo de Rícino Condutividade (µS/cm) 35 3 30 2 25 1 20 0 2 4 Tempo (h) 6 8