nordeste goiano, distorções no desenvolvimento

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NORDESTE GOIANO, DISTORÇÕES NO DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO ESTADUAL.
1,3
Carolina Bittencourt , Guillermo Hel Azanky
2,3
, César Augustos L.L Freitas4,3
1
. Voluntária Iniciação Científica PVIC/UEG
. Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG
3
. Curso de Ciências Econômicas, Unidade Universitária de Ciências Sociais e Humanas, UEG
4 .
Pesquisador-Orientador
2
RESUMO
Na década de 1980, em Goiás, intensificou-se o processo de expansão do sistema
capitalista, no contexto espacial do Centro-Oeste, região que integrou-se, na condição de
“fronteira do capital” ao espaço hegemônico do capitalismo nacional sendo São Paulo o pólo
dinâmico, o que propiciou o surgimento de uma economia complementar em Goiás.
Levando, assim, a uma concentração da renda em âmbito nacional e também local, realçando
ainda mais as desigualdades regionais e trazendo uma série de mudanças nas estruturas da
Economia Regional. Tal expansão capitalista não se deu de forma uniforme nas varias regiões
do estado. Assim sendo, o desenvolvimento observado nas últimas décadas não atingiu todas
as regiões, dessa forma, Goiás apresenta uma forte concentração de renda, sendo um dos
maiores entraves para o desenvolvimento regional a estrutura fundiária altamente concentrada
em algumas regiões. É necessário, dessa forma, criar mecanismos que corrijam as distorções
no desenvolvimento goiano, adotando políticas econômicas de âmbito federal e estadual para
melhorar as condições de vida da população e de distribuição de renda do estado, justapostas
às exigências de um mercado globalizado e as necessidades e potencialidades específicas de
cada região.
Palavras-chave: desenvolvimento, expansão capitalista e distribuição da renda.
Introdução
A região Nordeste encontra-se marginalizada no processo de desenvolvimento do
Estado de Goiás, sendo a região com piores condições de habitação, saúde e educação, de
acordo com os dados divulgados em 2003 pela Secretaria de Planejamento e
Desenvolvimento de Goiás (SEPLAN).
A SEPLAN estabeleceu como região nordeste os municíp ios de Alvorada do Norte,
Alto Paraíso de Goiás, Buritinópolis, Campos Belos, Cavalcante, Colinas do Sul,
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Damianópolis, Divinópolis de Goiás, Flores de Goiás, Guarani de Goiás, Iaciara, Mambaí,
Monte Alegre, Nova Roma, Posse, São Domingos, São João D`Aliança, Simolândia, Sítio
D´Abadia e Teresina de Goiás.
Em Goiás, segundo dados da SEPLAN, apenas cinco cidades concentram 44% do PIB
Estadual, o que confirma o alto grau de concentração da renda, o que demonstra a formação
de uma realidade dual, em que o Nordeste Goiano constitui o “atraso”, responsável por 1,38%
do PIB, em contraste com outras regiões, como a Metropolitana que concentra cerca de 40%
do PIB,
A inserção do Nordeste Goiano na divisão regional do trabalho não é significativa no
processo de produção de riquezas no Estado (FREITAS, 2004), o que a torna a região com
piores condições de vida da população. Quais mecanismos podem corrigir as distorções
impostas pelo processo de expansão capitalista? A atuação estatal de forma ativa e
articuladora, com a criação de políticas para distribuição da renda e de desenvolvimento
regional, pode amenizar as desigualdades e contribuir para uma homogeneização das
estruturas produtivas no Estado?
As desigualdades sociais no Estado de Goiás podem ser corrigidas desde que sejam
criadas condições para a distribuição eqüitativa da renda, alterando a estrutura produtiva, de
forma a amenizar a concentração fundiária e estimulado o desenvolvimento sustentado
baseado em aspectos ambientais e culturais, tornando as regiões mais homogêneas no
processo produtivo.
Entender como se dá a articulação da região com o restante do Estado e do país,
moldada pela expansão capitalista, além de acentuar os aspectos dinâmicos internos da região
e pontuar políticas publicas que diminuam as desigualdades regionais compõe os objetivos
desse trabalho.
Material e Métodos
O trabalho será orientado por dados estatísticos divulgados pela SEPLAN e pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio de uma pesquisa documental
e bibliográfica, fazendo uma leitura dialética, expondo como o processo de desenvolvimento
histórico levou a região nordeste ao atual nível de pobreza e quase nenhuma infra-estrutura
voltada para a “vocação” turística do local.
Resultados e Discussão
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O Brasil mostra-se como um país repleto de contradições, é um exemplo de potência
emergente de âmbito regional, sendo que suas várias regiões tiveram contatos diferenciados
com a economia- mundo e por isso apresentam um desenvolvimento heterogêneo; enquanto
em algumas regiões há uma frenética dinâmica capitalista, em outras se vive num ritmo
determinado pela natureza em extensas regiões (Becker e Egler, 1998).
Desde a colonização até o século XX, o Brasil constitui-se como um país rural,
escravocrata e primário-exportador, com a base econômica montada ao longo do litoral e
dispersa em várias regiões sem conexão entre si. É a partir de 1930, que o Estado começa a
planejar um desenvolvimento industrial, estipulando políticas trabalhistas de caráter
capitalista dando novas feições à economia brasileira.
Contudo, essa base industrial foi concentrada apenas na região sudeste do país, e
somente nos anos 70 é que o movimento de desconcentração espacial da produção nacional
atingiu a indústria. Percebe-se assim, a dinamização de diversos focos em diferentes
subespaços das macro-regiões, contrabalançando a tendência à concentração do dinamismo
industrial (ARAUJO, 1999; FREITAS, 2005).
Nesse contexto, o estado de Goiás, ao inserir-se na economia nacional, sofre um
rearranjo interno que também é marcado por desigualdades regionais, sendo a região nordeste
a mais prejudicada no processo de acumulação do capital e concentração da renda na
expansão capitalista dada principalmente a partir da década de 1980, quando houve mudanças
estruturais na Economia Regional (FREITAS, 2004). A Região Nordeste tornou-se uma
região “atrasada”, contrastando com outras regiões do Estado.
Entretanto, são desenvolvidas apenas tímidas políticas no que se refere aos indicadores
sociais da região, como saúde pública, educação, habitação e saneamento, mesmo tratando-se
da região mais pobre do estado. As políticas adotadas na região estão voltadas para o turismo
e lazer, visando o “potencial” turístico que constitui “uma promessa de médio prazo” da
região (ESTEVAM, 2004), foram implantados, em todos os municípios da região o Banco do
Povo e difundidos programas de proteção social. Para corrigir distorções e desconcentrar o
capital fundiário foi desenvolvido o programa Nordeste Novo que tem como meta o aumento
da produção agrícola e o desenvolvimento agroindustrial e turístico.
Apesar disso, o que pode ser observado é que os estímulos à produção não impediu o
gradativo aumento da produção de soja, cultura tipicamente latifundiária e a diminuição da
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produção de culturas de minifúndio como o arroz, a laranja e a manga, podendo concluir que
a concentração de riqueza perdura com o aval das políticas públicas.
É necessário uma inserção mais dinâmica dos sub-espaços de forma a promover uma
maior integração regional, propiciando um avanço nos indicadores sociais e na geração de
riqueza sem com isso degradar a reserva nacional, assim, a região nordeste deixaria a
condição de marginalizada, para integrar o desenvolvimento econômico estadual.
Conclusão
As políticas públicas de desenvolvimento regional não demonstram a preocupação de
amenizar as desigualdades regionais. Isso não significa que seja necessário implantar grandes
indústrias, mas requer a criação de infra-estrutura para que a população residente tenha
melhores condições de vida e que com isso possa estimular o desenvolvimento do setor de
serviços, gerando riqueza e distribuição de renda.
Com uma política de urbanização e de desenvolvimento sustentado para a região, os
indicadores sociais terão uma melhora gradativa, na medida em que a região for inserida no
processo de desenvolvimento econômico, criando condições para a homogeneização
produtiva no Estado.
É necessário conter o avanço dos grandes latifúndios, desconcentrando a produção e
gerando emprego e renda para toda a população, políticas que já existem mas que ainda
precisam ser aperfeiçoadas com o intuito de envolver a população local para que as medidas
tornem-se efetivas e permanentes.
Referências Bibliográficas
FREITAS, César Augustos L.L. de. Inserção e Perspectivas do Nordeste Goiano na
Divisão Regional do Trabalho em Goiás. Goiânia: Conjuntura Econômica Goiana. N. 02.
Novembro de 2004.
FREITAS,
César
Augustos
L.L.
de.
Goiás:
quais
os
caminhos
para
o
desenvolvimento? Goiânia: Conjuntura Econômica Goiana. N 04. Maio de 2005.
ARAÚJO, Tânia Bacelar de. Por uma política nacional de desenvolvimento regional,
Fortaleza: revista Econômica do Nordeste. Vol. 30, n2, abr - jun de 1999.
ESTEVAM, Luís. O tempo da transformação “estrutura e dinâmica da formação
econômica de Goiás”, Goiânia, Goiás 2 ª edição ,2004 editora UCG.
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BECKER, Bertha K e EGLER, Cláudio A. G.. Brasil “Uma nova potência regional na
economia- mundo” 3 ª edição Rio de janeiro 1998 Editora Bertrand Brasil.
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