UFU - Junho/2011 Brasil: migrações nas décadas de 1970 e 1980. Adaptado de: Santos, R. B. Migrações no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994. Observe o mapa acima e explique para fluxos identificados como I e II. A) Explique para cada uma das áreas de origem, uma das principais causas para a saída das pessoas. B) Explique, para cada uma das áreas de recepção populacional, uma das principais consequências da chegada destes contingentes migratórios. Resolução: A) Para a ÁREA I podemos apontar a saturação das áreas urbanas para o sudeste e a concentração fundiária para a região sul. No sudeste, a histórica concentração industrial nas principais capitais, que remontam aos primeiros impulsos de industrialização do Brasil no início do século passado, provocou uma grande concentração populacional no entorno de tais centros urbanos. Isso promoveu a especulação imobiliária, a marginalização espacial com a ampliação de formas de habitação em condições precárias, como favelas e cortiços, o aumento da marginalidade e da falta de empregos, em especial a partir do final da década de 1980. Assim, a busca por melhores condições de vida levou a saída de migrantes dessa região do país para as regiões centro-oeste e norte. No sul a histórica colonização baseada em propriedades familiares de pequeno e médio porte, associada a uma concentração fundiária ocasionada pela modernização agrícola ocorrida especialmente a partir dos anos de 1970 ocasionou a saída de pessoas para o centro oeste e norte em busca de terras mais baratas. É relevante ainda para tais fluxos migratórios em direção ao centro-oeste e norte os incentivos oferecidos pelo Estado brasileiro através de programas de colonização e expansão da fronteira agrícola, como PRODECER (Programa de Desenvolvimento do Cerrado). Tais ações do governo buscavam incentivar a formação de complexos agroindustriais (CAIs)para o crescimento da produção agropecuária brasileira, além da histórica preocupação com a ocupação do território nacional. Para a ÁREA II podemos destacar a concentração fundiária, a estagnação econômica. A concentração fundiária baseada no coronelismo levou a uma marginalização do pequeno e médio proprietário, que somado as dificuldades de produção com técnicas rudimentares em regiões de clima semiárido a partir do crescimento da população local, se vê impossibilitado de continuar sobrevivendo na região em questão. A partir do século XVIII com a decadência econômica do ciclo açucareiro e o consequente te deslocamento do eixo econômico para o SE as oportunidades de ganho de renda e sobrevivência também se mostraram mais restritas, impulsionando assim intensos fluxos migratórios para o pujante setor secundário da economia no entorno das grandes capitais do SE, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. B) Para a ÁREA I podemos apontar a ampliação da fronteira agropecuária nacional e com ela a degradação dos ecossistemas do Cerrado e das bordas leste e sul da Amazônia, ocasionando grande perda de sociobiodiversidade, a concentração fundiária ocasionada pela grilagem de terras e com isso os conflitos entre posseiros, grileiros, indígenas, garimpeiros, madeireiros e outros grupos em função dessa mesma concentração fundiária. Para a ÁREA II, podemos ressaltar a saturação das áreas urbanas das grandes capitais,a ampliação do exército de reserva, a marginalização socioespacial com a formação de cortiços, favelas e a ocupação de outros interstícios urbanos, a ampliação da marginalidade, a maior demanda por serviços públicos (saúde, educação, segurança e saneamento básico) e a saturação do setor terciário (hipertrofia do terciário) em função da menor absorção pelo setor formal da economia, já que a industrialização tardia também se apresentou poupadora de mão de obra. G E O G R A F I A