Produção e renda bruta de alho em cultivo solteiro e consorciado

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Produção e renda bruta de alho em cultivo solteiro e consorciado com
rúcula e chicória
Néstor Antonio Heredia Zárate1,2; Maria do Carmo Vieira1,2; João Dimas Graciano 1;
Marcelo Helmich 3; Jerusa Rech 4; Leandro Cecílio Matte4
1
Professores UFGD-DCA. Caixa Postal 533, 79804-970 Dourados-MS. 2Bolsistas de Produtividade em
Pesquisa do CNPq. E-mail:[email protected]. 3Bolsista PIBIC CNPq/FUNDECT. 2Alunos do Curso de
Agronomia da UFGD
RESUMO
Foi estudado o alho ‘Amarante’-A, como cultura solteira e os consórcios alho-rúcula-AR e
alho-chicória-AC, arranjados no delineamento experimental de blocos casualizados, com
cinco repetições. A altura das plantas de rúcula no cultivo consorciado com alho (18,91
cm) foi 1,91 cm maior que no solteiro. O maior número de plantas comerciais de chicória
foi encontrado no cultivo solteiro (111,33 mil ha-1) e a de plantas não-comerciais foi no
consorciado (44,00 mil ha-1). A massa fresca da rúcula e a altura e o diâmetro das
“cabeças” de chicória não foram influenciados significativamente pelo tipo de cultivo. A
produção total de bulbos comerciais do alho foi maior nas plantas solteiras (2,19 t ha-1) e a
menor foi no consórcio alho-rúcula (1,69 t ha-1). Apesar da maior RAE (1,45) ter sido do
consórcio alho-rúcula, as maiores rendas brutas foram obtidas no cultivo solteiro de
chicória (R$ 38.965,50) e no consórcio alho-chicória (R$32.570,00).
Palavras-chave: Allium sativum L., Eruca sativa Mill., Cichorium intybus L., associação de
culturas, produtividade, renda bruta.
ABSTRACT
Yield and gross income of garlic in monocrop system and intercropped with
roquette and chicory
'Amarante' garlic-A, 'Cultivada' roquette-R and 'Escarola lisa' chicory were studied as
monocrop cultures as well garlic/roquette and garlic/chicory intercrops in a randomized
block experimental design, with five replications. Heights of roquette plants intercropped
with garlic (18.91 cm) was 1.91 higher than in monocrop system. The highest number of
commercial plants of chicory was found in moncrop system (111.33 thousand ha-1) and of
non-commercial plants was found in intercropping (44.00 thousand ha-1). Fresh mass of
chicory and height and diameter of chicory “heads” were not influenced significantly by type
of cultivation. Total yield of commercial bulbs of garlic was higher than in monocrop plants
2
(2.19 t ha-1) and the smallest yield was in garlic/roquette intercropping (1.69 t ha-1).
Although the highest LER (1.45) have been in garlic/roquette intercropping, the highest
gross income were obtained from chicory monocrop system (R$ 38,965.50) and from
garlic/chicory intercropping (R$ 32,570.00).
Keywords: Allium sativum L., Eruca sativa Mill., Cichorium intybus L., intercrop,
productivity, gross income.
INTRODUÇÃO
A produção agrícola é o resultado da ação integrada da planta e dos estímulos do meio
ambiente, enquanto a produção consorciada é a interação entre culturas diferentes em
condições necessárias para o seu desenvolvimento. Uma das razões mais importantes
para se cultivar duas ou mais culturas juntas é o aumento da produtividade por unidade de
área e, em conseqüência, induzir o aumento da renda bruta do produtor rural. Para tanto,
devem ser considerados o arranjo espacial, densidade das plantas, data de maturação
das culturas e arquitetura da planta. Isso, visando proporcionar maximização da
cooperação e minimização da competição entre as espécies (SULLIVAN, 2003). Na
literatura consultada, não foram encontrados relatos sobre o consórcio de Allium sativum
L. (alho) com Eruca sativa Mill. (rúcula) e/ou Cichorium endivia L. (chicória).
O objetivo do trabalho foi avaliar a capacidade produtiva e a renda bruta do alho em cultivo
solteiro e consorciado com rúcula e chicória.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em área do Horto de Plantas Medicinais, da Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul, em Dourados-MS, entre abril e outubro de 2005. O solo é
do tipo Latossolo Vermelho distroférrico. Foi estudado o alho ‘Amarante’-A, como cultura
solteira e os consórcios alho-rúcula ‘Cultivada’-AR e alho-chicória ‘Escarola Lisa’,
arranjados no delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições.
As parcelas tiveram área total de 3,00 m2 (1,5 m de largura por 2,0 m de comprimento),
sendo que a largura efetiva do canteiro foi 1,00 m. No cultivo solteiro e no consórcio
utilizaram-se três fileiras de plantas de alho, com espaçamento de 33,3 cm, e quatro
fileiras de plantas de rúcula ou de chicória, com espaçamentos de 0,25 m. Os
espaçamentos entre plantas foram de 0,10 m para alho e rúcula e de 0,20 m para chicória.
A colheita da rúcula foi realizada aos 66 dias após a semeadura e a da chicória aos 135
3
dias. A colheita do alho realizou-se aos 183 dias após o plantio. O consórcio foi avaliado
utilizando a RAE = Ac.As-1 + Rc.Rs-1 (CAETANO et al., 1999). A validação do consórcio foi
realizada pela determinação da renda bruta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tipo de cultivo influenciou significativamente a altura das plantas de rúcula e os números
de cabeças comerciais e não comercias de chicória (Tabela 1). A altura das plantas de
rúcula no cultivo consorciado com alho (18,91 cm) foi 1,91 cm maior que no solteiro. O
maior número de plantas de chicória comerciais foi encontrado no cultivo solteiro (111,33
mil ha-1) superando em 23,33 mil ha-1 ao número do cultivo consorciado com alho. Já, o
maior número de plantas não-comerciais foi do cultivo consorciado (44,00 mil ha-1) que
teve 17,33 mil ha-1 a mais que a do solteiro. A massa fresca da rúcula e a altura e o
diâmetro das “cabeças” de chicória não foram influenciados significativamente pelo tipo de
cultivo (Tabela 1). No alho, a produção total de bulbos comerciais foi maior nas plantas
solteiras (2,19 t ha-1) e a menor foi no consórcio alho-rúcula (1,69 t ha-1). A maior massa
média de bulbos não comerciais foi obtida no consórcio alho-chicória (6,67 g) e a menor
no consórcio alho-rúcula (6,67 g) (Tabela 2).
A razão de área equivalente (RAE), para o consórcio de alho com rúcula foi de 1,45 e a do
consórcio de alho com chicória foi de 1,33. Apesar da RAE do consórcio alho-rúcula ter
sido maior que aa das culturas solteiras e a do consórcio alho-chicória, as maiores rendas
brutas foram obtidas com o cultivo solteiro de chicória (R$ 38.965,50). Para o produtor de
alho, a melhor renda foi obtida no consórcio alho-chicória (R$ 32.570,00) uma vez que
induziu aumento de R$ 26.934,75 em relação ao consórcio com rúcula e de R$ 29.285,00
em relação ao cultivo solteiro. Pelos resultados obtidos, concluiu-se que em Dourados-MS
o cultivo de alho pode ser viável. Considerando a RAE e a renda bruta, o consórcio alho e
chicória pode ser recomendado.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pelas bolsas concedidas e à FUNDECT-MS, pelo apoio financeiro
LITERATURA CITADA
CAETANO, L.C.S.; FERREIRA, J.M.; ARAÚJO, M. de. Produtividade da alface e cenoura
em sistema de consorciação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.17, n.2, p.143-146, 1999.
SULLIVAN, P. Intercropping principles and production practices. 2001. Disponível em
< www.attra.org/attra-pu/intercrop.html#abstratNational > Consultado em 3 de Setembro
de 2003.
4
Tabela 1. Altura e massa fresca das plantas de rúcula e altura e diâmetro da planta e
número de plantas comerciais e não comerciais de chicória, em cultivo solteiro e
consorciado. UFMS, Dourados, 2005.
Solteiro
Rúcula
Altura
Massa Fresca
(cm)
(t ha-1)
17,00 b
3,82
Altura
(cm)
9,98
Consórcio
18,91 a
3,93
10,17
33,42
88,00 b
2,18
16,04
8,18
2,16
7,48
Cultivo
C.V. (%)
Chicória
Diâmetro
“Cabeça” (mil ha-1)
(cm)
Comercial Não comercial
33,66
111,33 a
27,33 b
44,00 a
19,83
Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem, pelo teste F, a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Produções de massa fresca de folhas e de bulbos, comerciais e não comerciais,
de plantas de alho, em cultivo solteiro e consorciado com rúcula e chicória. UFMS,
Dourados, 2005.
Forma de cultivo
Bulbo comercial
Total (t ha-1) Bulbo (g)
2,19 a
16,99 a
Bulbo não comercial
Total (t ha-1)
Bulbo (g)
0,30
5,74 ab
Alho solteiro
Folhas
(t ha-1)
1,87 a
Consórcio alho-rúcula
0,93 b
1,69 b
16,87 a
0,32
5,62 b
Consórcio alho-chicória
1,18 ab
1,77 ab
16,38 a
0,39
6,67 a
C.V. (%)
19,91
14,45
3,15
18,01
8,98
Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Tabela 3.- Renda bruta do produtor considerando a produção de massa fresca do alho, o
número de maços de rúcula e o número de cabeças comerciais de chicória, em cultivo
solteiro e consorciado. UFMS, Dourados, 2005.
Cultivo
Solteiro
Espécie
Massa
(t ha-1)
Alho-A
2,19
Rúcula-R
Maços*
(mil ha-1)
16.486
Chicória-C
Consórcio
Alho
AR
Rúcula
Consórcio
Alho
AC
Chicória
“ Cabeça”
(mil ha-1)
111.330
1,00
Renda bruta
(R$ 1.000 ha-1)**
Por
Total
cultivo
3.285,00
3.285,00
1,00
4.121,50
4.121,50
1,00
38.965,50
38.965,50
RAE
0,93
1.395,00
1,45
16.961
1,18
4.240,25
5.635,25
1.770,00
88.000
1,33
30.800,00
32.570,00
* Divisão da massa obtida no trabalho pela massa do maço de rúcula = média de 231,7 gramas.
** Preço pago ao produtor de R$ 0,25 maço-1 de rúcula; R$ 0,35 a “cabeça” de rúcula e R$ 1,50 kg-1 de bulbos
comerciais de alho. Fonte: Vendedores de hortaliças no varejo, em 6-3-2006.
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