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25/01/12
Perfil de quem venceu a recess o
Perfil de quem venceu a recess o
31 – 07 – 99
[ Dinamismo de regiões exemplares caracteriza-se por um grau brando de urbanização ]
[ Emprego industrial é mais significativo em localidades relativamente rurais ]
É crucial saber se as mais virtuosas combinações de eficiência com altos níveis de emprego têm algo em
comum que possa ser aconselhado como uma das boas opções internacionais de combate ao desemprego e
à pobreza , o tema do encontro que a OIT e a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da
Justiça promovem no próximo dia 11 de agosto, na Universidade de Brasília. Uma das possíveis respostas a
essa pergunta resulta de pesquisas que foram estimuladas justamente pela OIT, e que já foram mencionadas
no artigo anterior para esta coluna (17/7). Tratava-se de saber se a experiência de certos focos dinâmicos
que teimavam em não acompanhar a forte contração da economia mundial poderia servir de exemplo para
outras regiões.
Logo ficou claro que nenhum desses focos correspondia à vetusta idéia de pólo ou eixo urbanoindustrial. Ao contrário, entre as principais características das constelações econômicas localizadas que
venciam a recessão estavam seus brandos graus de urbanização. Não eram essencialmente urbanas , mas
sim relativamente rurais , as regiões exemplares da Itália (Toscana e Emilia-Romagna), da Alemanha
(Baden-Württemberg), da Inglaterra (Cambridge) e da Suécia (Smäland). A da Dinamarca - West-Jutdland
– era mesmo essencialmente rural . Uma constatação que só podia ser surpreendente para quem se
habituara a identificar a ruralidade com o setor primário da economia, um equívoco que continua muito
comum.
Ninguém ignora que a proporção das atividades primárias nas economias mais desenvolvidas caiu, neste
século, de metade para um vigésimo. Enquanto isso, as terciárias subiram de um quarto para mais de três
quintos, e as secundárias deslizaram de pouco mais a pouco menos de um terço. Só que os resultados
dessas grandes tendências foram bem heterogêneos. Entre os países do primeiro mundo, a parte dos
serviços varia de 50% a 70%, a das industriais de 40% a 25%, e a das primárias de 10% a 3% dos
ocupados. Mais heterogêneas ainda foram as repercussões espaciais dessa enorme mudança estrutural. O
fato de atividades primárias estarem forçosamente muito mais presentes nas zonas rurais não significa que os
outros dois tipos sejam necessariamente muito mais recorrentes nas zonas urbanas. O emprego industrial é
mais significativo nas regiões relativamente rurais que nas essencialmente urbanas, chegando mesmo a ser
muito mais rural que urbano em países nórdicos, como a Noruega e a Suécia. E os serviços têm quase o
mesmo peso em regiões essencialmente urbanas e relativamente rurais, sendo extraordinariamente
importantes nas regiões essencialmente rurais da Bélgica.
Além disso, estão justamente entre as menos urbanizadas as microrregiões rurais dos Estados Unidos que
hoje desfrutam das melhores perspectivas de desenvolvimento. São principalmente as do sul e do oeste que
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dispõem de clima agradável, montanhas, lagos, praias, podendo atrair muitos aposentados, turistas,
excursionistas, esportistas, etc. Além desses condados já escolhidos por migrantes de alta renda, há muitos
outros, principalmente no oeste, nos quais a forte incidência de terras federais faz com que seu futuro esteja
estreitamente vinculado à evolução das políticas governamentais relativas ao meio ambiente, ao turismo e
outros ramos recreativos. De resto, elevadas rendas per capita ocorrem nos condados rurais das Grandes
Planícies, porque ali os serviços vinculados a atividades agroindustriais engendraram baixíssimos níveis de
densidade demográfica. E há muita incerteza sobre as perspectivas socioeconômicas de condados rurais da
metade oriental do país, principalmente no sudoeste, onde os serviços se combinaram a outros tipos de
atividades industriais.
Na prática, as desigualdades internas às regiões rurais de um mesmo país podem ser muito mais significativas
que as referentes ao contraste rural/urbano. Em mais de um terço dos condados rurais dos Estados Unidos
(795/2288), pelo menos 20% da população encontrava-se abaixo do nível de pobreza em 1990; um
problema de difícil solução em 535 deles, quase todos concentrados no sudeste e no sudoeste, mas também
presentes nos Appalaches e em algumas reservas indígenas do norte e do oeste. Todavia, mais de 80% da
população rural americana reside em condados que conseguiram desenvolver sistemas produtivos cada vez
mais baseados em vários tipos de combinações de atividades terciárias com as duas outras categorias
setoriais. Para o conjunto dos espaços rurais dos Estados Unidos, as novas fontes de crescimento e emprego
estão nas atividades de serviços ligadas ao lazer, à aposentadoria e ao meio natural, mesmo que continuem
muito importantes outros tipos de serviços, como os financeiros, de seguros, imobiliários, de comércio
varejista, de restauração, de lavagem a seco, etc.
Enfim, as áreas rurais dos países avançados que permanecem subdesenvolvidas são aquelas que não
lograram explorar qualquer vocação que as conecte às dinâmicas econômicas de outros espaços - sejam eles
urbanos ou rurais e não aquelas que teriam sido incapazes ou impossibilitadas de se urbanizar. E como as
novas fontes de crescimento econômico das áreas rurais estão principalmente ligadas a peculiaridades do
patrimônios natural e cultural, intensifica-se o contraste entre campo e cidade, tema do próximo artigo.
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