Como manejar parreirais com queima total dos brotos no vinhedo?

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Recomendações técnicas para o manejo de vinhedos
danificados pela Geada
Relatos de técnicos de várias regiões vitivinícolas de Santa Catarina
confirmam prejuízos nos vinhedos causados pela geada ocorrida entre os
dias 26 e 27 de Setembro. Os prejuízos, dependendo da localização dos
vinhedos (exposição sul e áreas de baixadas), foram muito grandes, já que
houve queima de toda da vegetação e, consequentemente, perda de
formação de frutos. Em outras situações (áreas mais protegidas da ação
dos ventos, etc) tiveram, perdas parciais com queima de brotações mais
novas, mas que, no entanto já irão refletir em pernas consideráveis aos
produtores.
Para melhor entender a videira, por ocasião da poda de inverno, são
mantidas nas plantas as gemas basilares, também conhecidas como
gemas casqueiras. Além destas gemas, podem ser mantidas as gemas
principais formadas nas axilas das folhas nos bacelos. A permanência das
gemas axilares forma as estruturas conhecidas como esporões ou varas.
Assim, dependendo da fertilidade das gemas de cada cultivar, sistema de
condução e da renovação dos cordões produtivos da videira se opta por
deixar ou não nas plantas as gemas axilares. Por exemplo, na cultivar
Isabel conduzida em sistema latada, realiza-se uma poda curta utilizando
as gemas basilares. Isto ocorre também para as cultivares Bordô, Concord,
Bailey e outras variedades de uvas comuns e híbridas. Para a cultivar
Niagara, independente do sistema de condução, utiliza-se também as
gemas axilares que desenvolvem cachos de maior tamanho, característica
esta, muito importante para uvas destinadas para o consumo in natura.
No caso das cultivares viníferas obrigatoriamente se mantém estruturas
de esporões e varas nas plantas para se obter produções. Observação
importante neste caso é que não ocorre brotação das gemas basilares nos
esporões e nas varas.
Como manejar parreirais com queima total dos brotos no vinhedo?
Para vinhedos onde houve perdas superiores a 70% da vegetação,
independente da cultivar danificada pela ação do frio, recomenda-se a
poda de todos os brotos queimados. Esta retirada deve ser feita com
tesoura, realizando corte rente a madeira velha dos cordões de produção.
No caso específico de vinhedos conduzidos em sistema latada (uvas
comuns) não se recomenda aplicação de qualquer tipo de produto de
quebra de dormência, pois poderá queimar restos dos brotos ainda sadios
na planta. Em vinhedos conduzidos em sistema espaldeira (uvas viníferas),
os quais normalmente utilizam esporões e varas como estruturas de
produção, estas deverão ser eliminadas para induzir a brotação das gemas
basilares. Para isso, podem ser usados produtos de quebra de dormência
aplicados de forma dirigida nas gemas dormentes. Nestes vinhedos com a
retirada de toda a vegetação das plantas, recomenda-se aplicar adubos
nitrogenados no solo para favorecer o crescimento dos novos brotos e a
manutenção dos tratamentos fitossanitários para a formação normal de
estruturas que garantirão a produção na próxima safra.
Como manejar parreirais com queima parcial dos brotos nos vinhedos?
Para os demais vinhedos com perda inferior a 70% da vegetação,
deve-se retirar os brotos danificados pelo vento e os totalmente
queimados pela geada. Os brotos parcialmente queimados devem ser
podados a partir da região danificada. Isso deve ser feito a fim de manter,
na planta, parte da vegetação sadia, proporcionando assim a manutenção
de um número mínimo de inflorescência que permita alguma produção na
safra. Também é recomendada a aplicação de adubos nitrogenados no
solo e a manutenção dos tratamentos fitossanitários. A aplicação de
aminoácidos e cálcio juntamente com açúcares ou melaço na dosagem de
3% logo após a poda do material danificado ajuda a planta reduzindo os
efeitos negativos causados pela perda da vegetação.
Independente da situação encontrada em cada vinhedo, sempre
deverão ser em considerados os prejuízos causados pela perda de
vegetação. No estágio de desenvolvimento em que as plantas foram
atingidas pela geada (plena brotação), boa parte da reserva já foi utilizada
para o crescimento dos brotos e do sistema radicular. Assim, a
manutenção de folhas sadias nas plantas até o mês de maio do próximo
ano (até a senescência das folhas) é de fundamental importância para a
garantia das futuras produções. Por isso, mesmo que a planta afetada pela
geada não esteja produzindo, os tratamentos fitossanitários não devem
ser abandonados. Se isso vir a ocorrer, as plantas perderão as folhas muito
precocemente e em consequência disso, não terão condições para uma
boa recuperarão, ficando debilitadas e sujeitas à perda de produções
futuras.
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