UMA OUTRA VISÃO DA AIDS A Aids é conhecida hoje como a doença do século que atemoriza a hu­ manidade pelos aspectos da morte ine­ vitável e cura inexistente. Acredita o psi­ quiatra Wilson Roberto Gonzaga da Costa, diretor do Instituto de Psiquiatria Comunitária (IPC), que não deve ser vista somente por este lado. Ele analisa que existem fatores positivos, porque, com o surgimento da Aids, permitiu-se que as pessoas questionassem o seu comportamento sexual. A Aids levou também a repensar a morte, que passa a ser muito mais presente no relaciona­ mento humano e chamoua atenção das autoridades a respeito das drogas. A transmissão do vírus da Aids se dá através do sangue, esperma e se­ creção vaginal. Fazendo uma breve retrospectiva, Wilson Costa lembra que a difusão da Aids parecia redu­ zida a grupos específicos como ho­ mossexuais e os hemofílicos. E as JUNHO 1989 pessoas se sentiam seguras, se não fossem enquadradas nestes grupos. Hoje, um novo grupo surgiu, os con­ sumidores de drogas injetáveis que representam 23%, 1.165 casos regis­ trados, segundo a Secretaria da Saúde. Para Wilson Costa esta situação é delicada, principalmente para as pes­ soas que usam drogas, porque, com o tempo, sua análise crítica é alterada e não se importam em adotar a filosofia fatalista, sem se preocupar com o fato de que podem contagiar outras pes­ soas. Mesmo assim tem que existir um trabalho com esse grupo de risco, fa­ zendo com que ele se conscientize de que a morte é uma transição e deve procurar pensar em melhorar a sua pró­ pria qualidade de vida, salientou Wilson Costa. 35 Reportagem Judiciária em Revista BIBLIOGRAFIA BÁSICA SOBRE DROGAS CHARBONNEU, P.E. DROGAS, PREVENÇÃO, ESCOLA, SÃO PAULO, PAULINAS, 1988. KALINA, E. DROGADIÇÃO II. RIO DE JANEIRO, FRANCISCO ALVES, 1988. KALINA, E. E GRYNBERG, H. AOS PAIS DE ADOLESCENTES. RIO DE JANEIRO, FRANCISCO ALVES, 1988. SANCHES, A.M.T. E OUTROS. DROGAS E DROGADOS: O INDIVÍDUO, A FAMÍLIA, A SOCIEDADE. SÄO PAULO, EPU, 1982. VIZZOLTO, S.M. DROGA, A ESCOLA E A PREVENÇÃO. PETRÓPOLIS, VOZES, 1987. WEIL, A. DROGAS E ESTADOS SUPERIORES DA CONS­ CIÊNCIA. SÄO PAULO, GROUND, 1986. ARAUJO, V.A. DE PARA COMPREENDER O ALCOOLISMO: TEORIA E PRÁTICA. SÃO PAULO, EDICON, 1985. CHARBONNEAU, P. ET AL PAIS, FILHOS E TÓXICOS. SÄO PAULO, ALMED, 1983 HENMAN, A. E PESSOA JR., O DIAMBA SAROBAMBA. SÄO PAULO, GROUND, 1986. KALINA, E. VIVER SEM DROGA. RIO DE JANEIRO. FRAN­ CISCO ALVES, 1986. MACHADO, S.B. TOXICOMANIA. RIO DE JANEIRO, BORSOI, 1971. MARIA SABINA (ORG.). MACONHA EM DEBATE. 2a EDIÇÃO. SÃO PAULO, BRASILIENSE, 1986. MASUR, J. O QUE É TOXICOMANIA. SÃO PAULO, BRASI­ LIENSE, 1985 (COLEÇÃO PRIMEIROS PASSOS N? 149) OLIEVENSTEIN, C. DESTINO DO TOXICÔMANO. SÃO PAULO. ALMED, 1985. OLIEVENSTEIN, C. A VIDA DO TOXICÔMANO. RIO DE JA­ NEIRO, ZAHAR, 1983. OLIEVENSTEIN, C. NAO HA DROGADOS FELiZES. LISBOA, MORAES, 1977. SANCHES, A.M. ET ALII. DROGAS E DROGADOS: O INDIVÍ­ DUO, A FAMÍLIA E SOCIEDADE. SÃO PAULO, EPU, 1982. UM DECÁLOGO QUE LEVA OS ADOLESCENTES ÀS DROGAS 01 — Não escutar o adolescente por­ que ele ou ela não sabe nada. 02 — Não conversar aberta e franca­ mente com eles. 03 — Pensar que em princípio todos são rebeldes sem causa e contestadores sem motivos. 04 — Negar toda a possibilidade de falar ou ,discutir temas sexuais, por considerá-los sujos. 05 — Pensar que quando se queixam, mentem ou querem nos irritar. 06 — Proibir-lhes sair com seus ami­ gos de forma arbitrária e fixando ho­ rários como,para crianças. 07 — Castigá-los severamente, física e moralmente, humilhando-os, repri­ mindo-os. 08 — Menosprezar suas idéias por­ que são subversivas ou estúpidas. 09 — Negar-lhes seu lugar na escola e/ou na família, com seu direito a opinar. 10 — Beber, fumar, tomar medica­ mentos para dormir, não obedecer às leis, subornar e contar com orgulho como se pode "tirar'proveito" do outro, dizendo que isso se pode fazer quando já se é adulto, mas que é muito feio para um jovem fazê-lo. Prof. Dr. M A U R ÍC IO KNOBEL META SOCIAL