CRDA – CENTRO DE REFÊRENCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM MAGDA OLIVEIRA DE ARRUDA SILVA A DISLEXIA: UM TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM SÃO PAULO 2010 CRDA – CENTRO DE REFÊRENCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM 10 MAGDA OLIVEIRA DE ARRUDA SILVA A DISLEXIA: UM TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM Monografia apresentada como parte dos requisitos para a provação no Curso de Especialização Lato Sensu em Distúrbios de Aprendizagem e submetida ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação da Profª MS. Lucilla da Silveira Leite Pimentel. 11 Dedicatória Dedico este trabalho aos meus filhos que me apoiaram com carinho e paciência nesses anos de estudos. Em especial a Natália que muito contribuiu na realização desse trabalho. 12 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus filhos e companheiro pelo apoio. Aos meus professores pelo empenho ao longo do curso por terem possibilitado aprendizagens importantes e que ora devolvo como resultado esse trabalho. Agradecimento especial a Deus por ter me concedido sabedoria e perseverança para conseguir concluir o curso, a todos aqueles que mesmo indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho e em especial a quem tanto me incentivou e acreditou em mim. 13 ESTUDO ERRADO – GABRIEL PENSADOR Eu tô aqui pra quê? Será que é pra aprender? Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer? Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever A professora já ta de marcação porque sempre me pega Disfarçando espiando colando toda prova dos colegas E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo (...) sei que o estudo é uma coisa boa O problema é que sem motivação a gente enjoa O sistema bota um monte de abobrinha no programa Mas pra aprender a ser um ignorante. Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama (Ah, deixa eu dormir) Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste - O que é corrupção? Pra que serve um deputado? Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso! Ou que a minhoca é hermafrodita Ou sobre a tênia solitária. Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...) Encarem as crianças com mais seriedade Pois na escola é onde formamos nossa personalidade Vocês tratam a educação como um negócio Onde a ganância, a exploração e a indiferença são sócios Quem devia lucrar só é prejudicado Assim cês vão criar uma geração de revoltados Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio Agora me dá minha bola e dexa eu ir embora pro recreio... 14 "Sem a curiosidade que se move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino". Paulo Freire 15 RESUMO Este trabalho é um estudo sobre a dislexia, sua causa, sintoma, efeitos e sentimentos na vida das pessoas que apresentam este distúrbio, a fim de esclarecer pais, educadores e as instituições escolares. Por meio de visões de diferentes pesquisadores, pretende-se não só discutir o conceito do termo dislexia, mas também apresentar um retrospecto sobre os estudos direcionados a esse distúrbio de aprendizagem. Atualmente, poucos são os casos diagnosticados por falta de informações dos profissionais que atuam com essas crianças. As dificuldades apresentadas por elas podem ter origem no analisador visual ou auditivo central, acarretando dificuldades nas funções provenientes destas áreas. As consequências aparecerão no decorrer das atividades realizadas em seu dia-a-dia, tanto no campo cognitivo quanto emocional. Possuir um transtorno na aprendizagem como a dislexia não deve ser visto como uma doença, mas sim como uma dificuldade na leitura e escrita. A intenção aqui é a de sensibilizar educadores e todos os envolvidos na aprendizagem escolar das crianças, para que não discriminem e rotulem o que deve ser estudado e analisado antes de ser diagnosticado. PALAVRAS-CHAVE: dislexia – aprendizagem - crianças – educadores –transtorno. 16 ABSTRACT This job is a study about dyslexia, causes, symptoms, effects and feelings in the life of people who have this disturb, clarifying to parents, educators and school institution. By citing different researchers, this work intends not only to discuss the concept of dyslexia, but also to present a retrospect of dyslexia studies. Nowadays, we have few diagnosed cases due to the professional that work with these children have fewer information about it. The difficulties presented by them may be from visual or phonological origin bringing some difficulties to the function originated from this area. The consequence will appear during the activities done day by day as much cognitive as emotional area. Posses a learning disruption likes dyslexia not have been seen how a disease, but so how a difficult in the reading and writing the intention here is to influence the educators and everybody who is involved in the school learning of child, to don´t discriminate and label what have to be studied and analyzed before been diagnostic. KEY-WORDS: dyslexia – learning – childrens – educators - disruption 17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................ 10 Objetivo Geral............................................................................... 11 Objetivos Específicos................................................................... 11 11 Metodologia.................................................................................. OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E A DISLEXIA........................................................................................................ 12 1 Aprendizagem......................................................................... 12 2 Transtornos de aprendizagem................................................ 14 3 Dislexia................................................................................... 17 4 Baixa auto-estima.................................................................. 22 5 Em sala de aula...................................................................... 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 27 18 INTRODUÇÃO A proposta em torno do tema “dislexia” tem como base sanar nossas próprias dificuldades em detectar e desenvolver um projeto pedagógico adequado a este distúrbio de linguagem, podendo também servir como subsídio de informação para outros profissionais afins. Atualmente sabemos que crianças, aparentemente normais, podem apresentar transtornos de aprendizagem, o que diminui ou traz conseqüências para o desenvolvimento de sua auto-estima. A dislexia não é resultado de uma má-alfabetização, desmotivação, baixa inteligência ou baixa condição sócio-econômica. É uma condição hereditária com alterações genéticas e neurológicas. O professor que está no dia-a-dia com as crianças, apresentando conteúdos de forma criativa e variada, proporcionará a aquisição da informação de forma adequada e estimulará intelectualmente a criança afim de desenvolver sua criatividade que, quando aguçada trará uma sensação de satisfação, diminuindo a frustração e aumentando a auto-estima. Ao educador cabe detectar as dificuldades na aprendizagem que aparecem na sala de aula, principalmente nas escolas mais carentes, e investigar as causas de forma ampla, que abranja os aspectos orgânicos, neurológicos, mentais e psicológicos adicionados à problemática ambiental em que a criança vive. O conhecimento adquirido é a base sobre a qual constrói a compreensão. Isto significa que a competência verbal (fala, leitura e a escrita, em termos de facilidade e compreensão) não é objetivo final para o processo educativo, mas sim o desenvolvimento do pensamento, por meio do qual podem originar-se o compreender e o ser verbalmente competente. Dentre os distúrbios de aprendizagem, a dislexia pode ser vista como severa variação de talentos, cujas desvantagens são determinadas puramente por circunstâncias sociais (GESCHWIND, 2000). 19 OBJETIVO GERAL Apresentar os transtornos de aprendizagem do aluno colocando em destaque a abordagem da dislexia e técnicas que auxiliem o aluno a obter sucesso em sua vida escolar e pessoal. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Aprimorar os conhecimentos em relação à aprendizagem para compreender as dificuldades dos alunos; • Apresentar a dislexia de forma a entende-la melhor e intervir no aprendizado; • Propor a inclusão do disléxico na sala de aula, a fim de desenvolver atividades diferenciadas em cada componente disciplinar, para estimular o desenvolvimento cognitivo e social; • Despertar nos professores maior interesse pela criança disléxica para desenvolver sua auto-estima. METODOLOGIA Para a realização deste estudo foi feita uma pesquisa bibliográfica, que, para Oliveira (1997), significa analisar materiais teóricos já produzidos, com o intuito de responder algumas questões e ou problemas e depois reescrever a teoria. Esta monografia apresenta-se dividida em cinco aspectos, sendo: aprendizagem, transtornos de aprendizagem, dislexia, baixa na auto-estima e as dificuldades na sala de aula, para se considerar definições e concepções dos temas citados conforme autores e obras consultadas. O estudo bibliográfico para este trabalho foi realizado através de livros específicos, artigos, apostilas, para que assim fosse possível coletar o tema estudado e apresentar uma análise interpretativa a respeito. 20 OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM, E A DISLEXIA 1. Aprendizagem Segundo JOSÉ e COELHO (1999), aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo que se expressa diante de uma situação-problema sob a forma de uma mudança de comportamento em função de experiência. A aprendizagem é um fator que ocorre diariamente na vida de milhares de pessoas, em ação dos diversos fatores que nos leva a apresentar um comportamento anteriormente não apresentado. É comum as pessoas restringirem o conceito de aprendizagem somente aos fenômenos que ocorrem na escola, como resultado do ensino. Entretanto, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores culturais. Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais e resulta de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida (JOSÉ e COELHO, 1999). A aprendizagem implica em modificações no sistema nervoso. Não pode ser separado da memória e chega a ser essencial, já que uma nova aquisição (um novo estímulo) requer a possibilidade de comparação com o que já é conhecido. Com isso vê-se a importância de pré-requisitos na aprendizagem, nos quais são utilizadas as funções perceptivas e motoras da criança nas experiências e que permitem formar estruturas mentais indispensáveis. A aprendizagem envolve alguns conceitos básicos, como: sujeito, desenvolvimento e conhecimento. Deve-se considerar o meio em que ocorre tal processo, as condições necessárias para a aprendizagem, bem como a interação dinâmica desses elementos com a estrutura cognitiva do sujeito. MUTSCHELE (1992) classifica a aprendizagem como um processo em que o comportamento é modificado através de experiências. Referindo essa experiência como sendo a aquisição de uma nova resposta ou uma mudança na freqüência de uma nova conduta, algo já realizado pela criança. Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida (JOSÉ e COELHO, 1999). 21 A aprendizagem se realiza de várias maneiras e processos. Segundo PILETTI (1993), esses processos dependem de três elementos principais: • a situação estimuladora: a soma dos fatores que vão estimular os órgãos dos sentidos do indivíduo que aprende. Assim, se houver só um fator, ele é considerado estímulo; • a pessoa que aprende: o indivíduo que é atingido pela situação estimuladora; • a resposta: é a ação que resulta da estimulação e da atividade nervosa. Ainda para esse autor, todos nós indivíduos sempre estamos aprendendo coisas novas, porém essas novas ações e acontecimentos sempre são diferentes dos outros. Sendo assim, esses diferentes tipos de aprendizagem exigem condições variadas para ocorrer. O aluno precisa ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo conhecimento ou habilidade. Tanto quanto possível, aquilo que é aprendido precisa ser significativo para ele (JOSÉ e COELHO, 1999). Uma aprendizagem mecânica, que não vai além da simples retenção, não tem significado para o aluno. Para ser significativa, é necessário que a aprendizagem envolva raciocínio, análise, imaginação e o relacionamento entre idéias, coisas e acontecimentos (Ibidem). Aprendizagem, apesar de ser universal e ocorrer durante toda a vida, não é tão simples quanto possa parecer à primeira vista. Os psicólogos ainda não chegaram a um acordo sobre os aspectos considerados mais importantes no processo da aprendizagem. Os autores acima citados alegam que o que é ensinado e aprendido inconscientemente tem mais probabilidade de permanecer. Um estudante pode esquecer muitas das noções que aprendeu com alguns professores, mas lembram o tipo de pessoas que eram e as atitudes que tinham em relação a ele. A cognição também é um fator fundamental para o processo de aprendizagem, como afirma SCHEUER (1994) ao abordar algumas correntes que tratam do desenvolvimento cognitivo, as quais discutem a cognição como um arsenal de habilidade, “que determina a possibilidade de aprender ou não, podendo 22 ser um sério obstáculo ou, em outro pólo, um facilitador para a concretização destes processos” como diz NICKERSON (1987 apud WAJNSZTEJN, 1999, p.121). Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo (...). A leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquele (FREIRE apud JOSÉ e COELHO, 1999, p.75). 2. Transtornos de aprendizagem O processo de aprendizagem sofre interferência de vários fatores – intelectual, psicomotor, físico, social, mas é do fator emocional que depende grande parte da educação infantil (JOSÉ e COELHO, 1999). Os transtornos de aprendizagem sempre existirão e isto é “maravilhoso”! Porque por trás do erro de um aluno, está a oportunidade de descobrir como ele organiza o seu pensamento. O erro proporciona vida dentro de uma sala de aula, pois alguns alunos, aqueles que erram, pensam diferente dos demais, e isto, pode não parecer, mas é ótimo, pois proporciona uma riqueza cognitiva à disposição do educador. Aquele aluno que decora, não aprende com o real significado, mas aquele que erra nos mostra que esta pensando, elaborando o seu conhecimento, constituindo o seu saber. É a família quem primeiro proporciona experiências educacionais à criança, no sentido de orientá-la e dirigi-la. Tais experiências resumem-se num treino que, algumas vezes, é realizado no nível consciente, mas que, na maior parte das vezes, acontece sem que os pais tenham consciência de que estão tentando influir sobre o comportamento dos filhos (Ibidem). A aprendizagem depende basicamente da motivação. Muitas vezes o que se chama de transtorno de aprendizagem é basicamente uma dificuldade de ensino. Portanto, cada indivíduo aprende de uma forma diferente, conforme consegue aprender. E quando o que lhe é ensinado não o motiva suficientemente, a compreensão ou o aprendizado não se completa. A massificação do ensino tem contribuído muito ao aparecimento e aumento dos “transtornos de aprendizagem”. É de suma importância, portanto, que o professor conheça o processo da aprendizagem e esteja interessado nas crianças como seres humanos em 23 desenvolvimento. Ele precisa saber o que seus alunos são fora da escola e como são suas famílias (JOSÉ e COELHO, 1999). Os chamados transtornos de aprendizagem são um assunto vivenciado diariamente por educadores em sala de aula; fazem parte de um tema que desperta a atenção para existência de crianças que freqüentam a escola e apresentam problemas de aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm sido ignoradas, mal diagnosticadas e mal tratadas. Os transtornos de aprendizagem vêm frustrando a maior parte dos educadores, pois na maioria das vezes não encontram soluções para tais problemas. O educador precisa ao se defrontar com os erros de seus alunos questionarem o porquê daquela resposta, e assim, começará a entender como eles pensam. É assim que educadores têm a oportunidade de aprender. Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve na criança a capacidade de procurar dentro de si mesma as respostas para os seus problemas, tornando-a responsável e, conseqüentemente, agente do seu próprio processo de aprendizagem (Ibidem). Quando uma pessoa tem dificuldades para ler ou para escrever, apesar de ter recebido educação apropriada, suas oportunidades de sucesso na escola e na vida são diminuídas. Frequentemente associamos essas dificuldades com uma menor capacidade intelectual, mas o problema real pode ser um distúrbio de aprendizado. “O termo distúrbio, significa perturbação ou alteração no comportamento habitual de uma pessoa, e vem sendo usado na literatura especializada em várias acepções” (DROUET, 2001, p.91). Podemos constatar que as crianças com transtornos de aprendizagem constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação. No entanto, não é difícil encontrar educadores que consideram alguns alunos “preguiçosos e desatentos”. Essa atitude não só rotula o aluno, como também esconde a prática docente do professor, que atribui alguns adjetivos ao aluno por falta de conhecimento sobre o assunto em questão. Muitos desses professores desconhecem por completo que essas crianças podem estar apresentando alguns transtornos de aprendizagem, de ordem psicológica, neurológica, social ou outras. É 24 imprescindível ao professor, antes de rotular o seu aluno, conhecer tais transtornos que interferem no processo ensino aprendizagem. Conforme DROUET (2001), os transtornos de aprendizagem são problemas, dificuldades ou distúrbios no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, esses transtornos têm sua origem em causas diversas, vemos que todos eles se constituem em obstáculos à aprendizagem, prejudicando ou mesmo a impedindo. MOOJEN (1999) afirma que, ao lado do pequeno grupo de crianças que apresenta transtornos de aprendizagem decorrentes de imaturidade do desenvolvimento ou uma disfunção psiconeurológica, existem grupos muito maiores de crianças que apresentam baixo rendimento escolar em decorrência de fatores isolados ou em interações. As alterações apresentadas por esse contingente maior de alunos poderiam ser designadas como “dificuldades de aprendizagem”. Pois alunos que participariam dessa conceituação são os que possuem atraso no desempenho escolar por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica ou mudança no padrão da escola, ou seja, essas alterações evolutivas normais que foram consideradas no passado como alterações patológicas. Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para a criança, para os pais e para a escola ocorre a “dificuldade de aprendizagem”. E antes que a “bola de neve” se desenvolva é necessário a identificação do problema, esforços, compreensão, colaboração e flexibilização de todas as partes envolvidas no processo. O que se vê normalmente é a criança desestimulada, achando-se “burra”, sofrendo. As dificuldades em aprender são consideradas como sintomas, assim como os problemas de aprendizagem podem ocorrer seguidos não só de fatores neurológicos da criança, as dificuldades e os problemas de aprendizagem podem ocorrer também devido a problemas emocionais e familiares. Entretanto, sabemos que, educadores são pesquisadores em essência, e por isso se aprofundam e vivenciam de fato a prática pedagógica. Precisam entender a responsabilidade frente aos alunos, lembrando que os alunos serão o que esperamos deles. Segundo PAIN (1985), a hipótese fundamental para avaliar o sintoma é entendê-lo como um estado particular de um sistema que, para equilibrar-se, precisa 25 adotar esse tipo de comportamento que poderia merecer um nome positivo, mas que caracterizamos como não aprender. O fato de que o aluno não mostrou nenhum sinal de progresso ontem ou hoje é absolutamente compatível com um possível progresso na semana ou no bimestre seguinte. As sementes, de fato, germinam lentamente. Os músculos demoram a enrijecer. Você conseguiu nadar logo em sua primeira aula de natação? Caso você não o tenha conseguido, isso significa que você nada aprendeu nessa aula? (RYLE apud CARVALHO, 1996, p.1). 3. Dislexia Dislexia é um tipo de distúrbio de leitura que provoca uma dificuldade específica na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência normal, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequados. É uma dificuldade que faz vítimas em todas as camadas da sociedade e em todos os países do mundo numa proporção que varia de 6% a 15% da população, apesar de ser raramente identificada e levando seus portadores quase sempre ao fracasso escolar (ABD, 2000). Segundo Nunes et alii (1997), quando a criança ingressa na escola, sua primeira tarefa é aprender a ler e escrever. A alfabetização é o centro das expectativas de pais e professores. O termo dislexia, de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (2000), significa: DISLEXIA = dis – distúrbio; lexia - leitura = escrita; linguagem = grega. Quando o processo de aprendizagem da criança está comprometido desde os primeiros anos de vida, considera-se que os problemas de linguagem interferem diretamente nesse processo, dificultando a escolarização como um todo, o que freqüentemente acarreta prejuízos no aprendizado da leitura e escrita, neste caso estamos diante dos distúrbios de aprendizagem. Ninguém é disléxico porque quer. MARTINS (2001) afirma que toda criança e/ou adulto gostaria de ler bem. Ser um bom ou mau leitor é algo que está humanamente acima da habilidade e da vontade. Mas sendo uma condição humana, 26 pode ser superada quando diagnosticada corretamente e se for tratada com paciência e força de vontade. Muitas vezes encontramos atitudes antipedagógicas por parte de professores e educadores, devido a um total desconhecimento sobre o que é a dislexia e quais atitudes mais corretas a serem tomadas com relação a essas crianças. Aprender a ler é uma tarefa complexa e difícil para todas as crianças, e não apenas para aquelas que são disléxicas. Uma criança sadia ao ingressar na escola já sabe falar, compreende explicações, reconhece objetos, portanto não há razão para que ela não aprenda também a ler. No entanto, o que muitas vezes pais e professores não consideram é que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção, por isso, toda criança encontra algumas dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. A leitura e a escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida diária até aquele momento. No entanto, NUNES et al (1997) afirma que algumas crianças têm mais dificuldades do que as outras. Até certo ponto, essas diferenças entre as crianças são absolutamente esperadas, pois há uma relação clara entre o sucesso da criança na aprendizagem da leitura e suas habilidades intelectuais. Por ser uma dificuldade neurológica, a dislexia é considerada por estudiosos como uma patologia. Os médicos a definem como “cegueira cerebral”, os professores de leitura simplificam para impedimento de leitura: cada um na sua terminologia e maneira particular de definir esse distúrbio de aprendizagem. Para simplificar, a dislexia não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Caracteriza-se por dificuldades na leitura (ortografia e semântica), matemática (geometria e cálculo), atraso na aquisição da linguagem, compromete também a discriminação auditiva e memória seqüencial, e uma das suas principais causas (não se pode afirmar com absoluta certeza) pode ser uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade de organizar grafemas, ou seja, as unidades sonoras que distinguem uma palavra da outra. Segundo MORAIS (1986), todas as crianças têm dificuldades na aprendizagem da leitura, que é uma atividade complexa, como já foi mencionado 27 anteriormente, mas algumas crianças vencem estas dificuldades mais rapidamente e outras mais lentamente do que esperaríamos com base no seu nível de inteligência. O mesmo autor (ob. cit.), afirma que a criança disléxica apresenta uma discrepância acentuada na direção desfavorável, ou seja, sua aprendizagem de leitura e escrita é muito mais lenta do que seria esperado a partir do seu nível intelectual. As diferenças entre as crianças disléxicas e as demais crianças podem ser qualitativas e não quantitativas. É possível, ressalta MORAIS (ob. cit.), que as crianças disléxicas encontrem dificuldades diferentes na aprendizagem da leitura e da escrita e que elas tenham de lidar com obstáculos que, normalmente, não afetam as outras crianças na alfabetização. As crianças disléxicas precisam de mais horas de ensino e métodos de ensino diferentes das outras crianças. A constatação de que a criança é portadora de uma dificuldade de aprendizagem, num grau leve ou severo, provoca ansiedade tanto na família quanto na escola e nos profissionais de reeducação, pois sabem que essa limitação acarretará problemas de ajustamento social já que vivemos em uma sociedade letrada e a base de aprendizagem, conseqüentemente da convivência e da vivencia, se dá por meio da leitura e da escrita. Ainda MORAIS (ob. cit.): pais e professores podem suspeitar da dislexia quando uma criança, ativa e inteligente tiver dificuldade em ler, escrever e soletrar, podendo ela ser boa aluna em outras atividades. Segundo IANHEZ e NICO (2002, p.29), a dislexia é diagnosticada dos seguintes modos: • Por exclusão; • Indiretamente, à base de elementos neurológicos; • Diretamente, à base de freqüência e persistência de certos erros na escrita e na leitura. Os sintomas, de acordo com os autores, variam de criança para criança, mas os primeiros indícios podem ser: • Demora em aprender a falar; • Em fazer laço nos sapatos; • Em reconhecer as horas; 28 • Em pegar e chutar a bola; • Em pular corda; • Dificuldade em escrever números e letras corretamente; • Ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras compridas; • Distinguir entre esquerda e direita; • Desatento; • Organizar símbolos em seqüência; • Aprender seqüências diárias; • Coordenação motora fina: disgrafia – desenhos – pintura; • Coordenação motora grossa: desengonçado – ginástica; • Memorizar mensagens e anotações; • Organização geral – trabalho escolar e tempo; • Na linguagem e fala; vocabulário pobre com sentenças curtas e imaturas, estrutura de linguagem simples, sentenças longas e vagas, pobre vocabulário expressivo; • Instruções, dígitos, tabuadas e fonemas; • Copiar de livro ou lousa; • Matemática (discalculia); desenho geométrico. Embora mais criativos e inteligentes que muitas pessoas normais, muitos disléxicos desconhecem possuir o distúrbio e tornam-se reféns da falta de informação. É interessante assinalar que, pesquisas internacionais comprovaram que 10% da população mundial têm dislexia, mas devido à falta de informação os disléxicos, sendo pessoas capazes e inteligentes, em razão do distúrbio estão impedidas de alcançar seus verdadeiros potenciais se não tiverem suas dificuldades de aprendizagem identificadas e tratadas de forma adequada (PAIN, 1985). Para DROUET (2001), o distúrbio independe de causas intelectuais, emocionais e culturais, não tem cura, mas pode ser amenizado por meio de tratamento terapêutico, e tem incidência maior em meninos (3/1) do que em meninas. Para detectá-la, faz-se necessária uma avaliação multidisciplinar, que envolve diversos profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e professores. 29 Ao professor caberá estudar e muito. Fazer cursos, ler mais e conhecer, aplicar técnicas especiais de leitura, para que os disléxicos possam desfrutar de uma leitura compreensiva. É verdade que os disléxicos vão cometer sempre erros ao escrever, mas podem ler normalmente e inclusive acima do esperado. Os computadores e a Internet são de grande valia no tratamento dos disléxicos. São ferramentas de aprendizagem especialmente úteis para as crianças que tem dislexia, já que permite o desenvolvimento de habilidades para escrever (e até para ler) que outras maneiras não se podiam lograr. Os pais, normalmente por estarem mais próximos de seus filhos, deveriam ser os primeiros a perceberem se a criança tem algum problema. Contudo, muitos deles não reconhecem as dificuldades de seus filhos por falta de informação. Para uma caracterização geral, diz-se que o momento na qual a dislexia se torna mais evidente é no período de 6 a 7 anos. O disléxico é desorganizado, porém deve ser treinado a trabalhar de maneira ordenada e construtiva. Isto envolve um grande número de repetições das várias tarefas. É freqüentemente necessário conceder mais tempo para realização destas tarefas. Lembrar e manter uma seqüência de instruções, freqüentemente, é um grande desafio. Os principais objetivos da ABD (2000) são de esclarecer e orientar a sociedade como um todo e ajudar o disléxico, sua família e os profissionais que trabalham com ele, para uma atitude de prevenção e de adequado acompanhamento após o diagnóstico. Para isso, promovem estudos, pesquisas e eventos. Das escolas que procuram a ABD, 87% são particulares e 13% são públicas. As séries que as crianças freqüentam são a maioria da 3ª série, depois da 5ª série, da 2ª série, da 4ª série, ensino médio, universidade, sem escolaridade (abandono) e crianças de pré-escola – o principal objetivo da ABD é detectar a criança de risco – (ABD, 2000). A população chega até a ABD através de 44% pelos pais (que recebem informações pela mídia), 28% de escolas e 28% de profissionais que já conhecem a ABD. Expresso aqui meu descontentamento pela falta de compreensão e apatia ao lidar com minha dislexia: à Escola Pública, suas diretorias, administradores, conselheiros e professores; às Escolas paroquiais e às 30 Organizações Estaduais e Nacionais que lidam com distúrbios de aprendizagem cuja primeira prioridade é manter seu status. Universidades, colégios é escolas técnicas que se recusam a reconhecer o distúrbio de aprendizagem e a dislexia (BAUER, 1997, p.9). 4. Baixa Auto – estima Intimamente ligada à ansiedade está a questão da auto-estima (ou seja, a consideração que se tem por si mesmo). Uma série de estudos demonstrou que crianças que possuem uma auto-estima elevada apresentam, de forma inconsciente, um desempenho melhor do que crianças de habilidades semelhantes mas com uma auto-estima inferior (FONTANA, 1991). Auto - estima é uma palavra muito preocupante para as pessoas que convivem com a criança disléxica, uma vez que ela sempre acabou se enfrentando com situações de amparo com colegas ou irmãos e primos. As conseqüências observadas são facilmente detectadas na idade pré-escolar quando a criança apresenta dificuldades na memorização do alfabeto e raciocínio lento em algumas atividades. Estas dificuldades desenvolverão na criança um sentimento de incapacidade de diferença muito forte, que acaba comprometendo sua auto-estima. Para amenizar esta situação, é necessário trabalhar e desenvolver atividades que estimulem suas capacidades, fortalecendo o desenvolvimento geral da criança. A auto-estima refere-se ao valor que se atribui a si próprio e, de todas as áreas dos autoconceitos, é a mais importante. Às vezes, diz-se que um dos principais fatores no desenvolvimento de doenças psicológicas é a incapacidade de alguns indivíduos para atribuírem a si mesmos seu real valor (ibidem). Todas as pessoas envolvidas com a criança disléxica devem ser orientadas sobre este fato, uma vez que suas atitudes a ajudarão a desenvolver a auto-estima, o que facilitará o seu desenvolvimento em qualquer segmento da vida. A auto-estima é um sentimento a ser desenvolvido internamente, por isso exige a presença de pessoas efetivamente envolvidas com essas crianças e que as estimulem. Encontramos evidências de uma auto-estima mais baixa em meninas, por exemplo, no fato de que, quando participam junto com os meninos da tarefa de resolver problemas, elas, às vezes, diminuem artificialmente seus níveis de 31 desempenho para não suplantar seus parceiros (um fenômeno que não se inverte) (Ibidem). A família poderá ajudar a manter a auto-estima da criança a partir do momento em que a dislexia for diagnosticada e seja traçado um plano de ação que a auxilie a ultrapassar as barreiras do preconceito que poderão ocorrer para a inserção da criança na sociedade e com tranqüilidade. Algumas pessoas com auto-estima baixa são cheias de desculpas porque não podem suportar o pensamento de que uma ou outra coisa foram culpa sua e que, portanto, são uma prova de sua inadequação. Muitas delas desculpam facilmente os outros, mas nunca a si mesmas. Tais pessoas (e isso é mais fácil na infância do que na vida adulta) precisam ser ajudadas a atingir a auto-aceitação e a realizar uma avaliação realista de si mesmas. Paciência é uma palavra/ação que deverá ser prioritária em todos, uma vez que a criança disléxica levará maior tempo para realizar algumas tarefas e poderá apresentar outras dificuldades. É primordial também que se desenvolva a autoconfiança, o encorajamento e a responsabilidade, para manter sua auto-estima em nível adequado. Aumentando a autoconfiança e mantendo a auto-estima do disléxico, o aprendizado ficará mais nítido e efetivo. A importância do professor no acompanhamento do quadro evolutivo do disléxico é essencial, uma vez que ele não pode ser superestimado nem subestimado nas suas habilidades para não comprometer a sua auto-estima. Por isso, faz-se necessário uma observação e avaliação constantes do professor, uma vez que estes alunos podem apresentar uma inconstância no seu trabalho. Não se está sugerindo, com isso, que os professores devem gastar todo o seu tempo no papel de conselheiros ou conversar, continuamente, em particular com cada criança sobre si mesma, mas, meramente, que eles devem, sempre, estar alertas às oportunidades de averiguar como as próprias crianças percebem seus próprios sucessos e falhas (FONTANA, 1991). Para manter integralmente a auto-estima da criança a afetividade, no meio em que ela está inserida, deve ser muito honesta, pois essas crianças são extremamente sensíveis. Com uma auto-estima baixa também pode ocorrer um comportamento delinqüente e anti-social, assim, é também necessário observar as crianças que 32 demonstram uma auto-afirmação exagerada para com as outras ou que se tornam um estorvo (Ibidem). Para que esse ambiente seja mantido no decorrer do seu dia, a integração família-escola deve ser muito forte, para facilitar o aprendizado e o desenvolvimento do disléxico. 5. Em sala de aula Toda e qualquer dificuldade escolar tem uma causa e uma solução. Ninguém nasce com dificuldades escolares, elas aparecem ao longo do caminho e precisam ser observadas, respeitadas e solucionadas. Segundo MARTINS (2001), a estimativa é a de que, no Brasil, pelo menos, 15 milhões de crianças e jovens sofreram com transtornos de aprendizagem. Para esse autor, a dislexia é a maior causa do baixo rendimento escolar, pois a linguagem é fundamental para o sucesso escolar. Ela está presente em todas as disciplinas e todos os professores são potencialmente professores de linguagem, porque utilizam a língua materna como instrumento de transmissão de informações. Muitas vezes uma dificuldade de enunciar determinado conteúdo leva a não compreensão do mesmo, dificultando o processo operatório da solução do que está sendo apresentado. Portanto, o papel do professor é muito importante para a vida de qualquer criança, principalmente no inicio da vida escolar; é ele quem conduz ao ler e escrever, sendo um vínculo para a compreensão do que está sendo aprendido pelo aluno. O método de ensinar de cada professor, suas atitudes, o jeito de se relacionar com os alunos, e até mesmo a freqüência com que fala com cada um, o interesse e o carinho que demonstra, estarão influenciando todo o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças com transtornos de aprendizagem. Em consequência, o professor estará influindo sobre a formação do autoconceito, sobre a motivação e a capacidade de aprendizagem. Aos olhos do aluno, o professor é muito importante. Suas atitudes vão ajudá-los a construir imagens positivas de si 33 mesmo, aumentando suas chances de desenvolver uma aprendizagem significativa, trabalhando suas dificuldades e melhorando suas habilidades. A relação ideal do professor com a criança deve ser a mais próxima e afetiva possível, proporcionando um ambiente acolhedor na classe. Assim, a criança adquire confiança, o que possibilita motivação maior para o aprendizado. Os professores devem utilizar-se dos mais variados recursos para que os alunos, não só os disléxicos, mas aqueles que apresentem qualquer outro distúrbio de aprendizagem, possam usufruir das informações. Estas podem ser transmitidas através dos recursos visuais, auditivo e/ou táteis. Os recursos geralmente utilizados e conhecidos são os projetores de slides, multimídia, retroprojetores, aulas práticas, músicas, filmes, etc. Para o desenvolvimento de atividades em sala de aula, os trabalhos em grupo ajudam o disléxico, tanto na questão do tempo quanto na organização. Nestes casos é aconselhável que as instruções sejam por escrito, e depois explicadas oralmente. Aumentar o tempo de realização e incentivar a participação do disléxico durante o desenvolvimento do trabalho pelo professor ajuda a elevar a auto-estima, assim como a desenvolver outras habilidades no disléxico. A escola é o local onde a criança fica grande parte de seu dia, e consequentemente é o local de maior impacto das suas dificuldades. Portanto, é nela também que devem ser trabalhadas as suas diferenças individuais. A motivação que o professor oferece ao aluno é de extrema importância para o disléxico. Reforçando o sucesso no aprendizado, valorizando cada produção, estar-se-á enriquecendo seu repertório de idéias e abrindo novos horizontes para que ele possa expressar o seu aprendizado da melhor forma possível. CONSIDERAÇÕES FINAIS No processo de aprendizagem com crianças que apresentam a dislexia como distúrbio é primordial o conhecimento por todos os envolvidos, para que assim possa promover à criança a ajuda necessária para seu desenvolvimento cognitivo e social. O trabalho com o disléxico precisa caracterizar-se como um verdadeiro encontro, no qual pais, professores, escola e outros profissionais assumam decisões mútuas, de compreensão e auxílio para que o disléxico se torne um leitor hábil e se integre ao meio social. 34 A maior desvantagem trazida pela dificuldade de aprendizagem depende muito do que a sociedade exige, pois vivemos onde há grande intolerância em relação ao domínio da leitura e escrita. Rotular uma criança com dificuldade de aprendizagem como desleixada e fracassada é um hábito que deveria ser banido da relação de conceitos existentes na mentalidade humana, sobretudo quando se desconhece o motivo dessas dificuldades. O fato, é que deve existir uma fase de preparação, conscientização e até de amor contínuo em relação a este tipo de educando. Não se pode negar que os transtornos de aprendizagem é uma questão real e frente a eles surgem novos desafios, novos compromissos, enfim, faz-se necessário uma visão ampliada das concepções sociais e ideológicas que os envolvem. Todo trabalho realizado dentro de uma metodologia multisensorial, sensitiva e afetiva beneficiará o disléxico, desenvolvendo sua capacidade de realização e elevando sua auto-estima, para que a evolução do seu aprendizado seja facilitada. O disléxico é um ser pensante, atuante e muito criativo. Bastam-lhe asas e um horizonte. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. 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