Economia Aplicada (FGV)

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Ubiratan Iorio
apresenta
E C N MIA AP L IC ADA
ÍNDICE
I.
Crescimento Sustentado vs. Flutuações Cíclicas
II.
Fundamentos Macroeconômicos
III.
Fundamentos Microeconômicos
IV.
Macroeconomia (Conceitos Básicos)
V.
Macroeconomia Aplicada
VI
A Crise Mundial e as Perspectivas da Ec. Bras.
VII. Fontes para estudo, leituras e e-mail
VIII. Exercícios
I. C RE S C IME NTO VS . F LUTUAÇ ÕE S C ÍC LIC AS
PIB
produto
potencial
(longo prazo)
produto
efetivo
(curto prazo)
tempo
CRESCIMENTO VS. FLUTUAÇÕES CÍCLICAS
CRESCIMENTO VS. FLUTUAÇÕES CÍCLICAS
PIB Nominal
Ano
20
08
f
20
06
20
04
20
02
20
00
19
98
19
96
19
94
19
92
19
90
2000
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
CRESCIMENTO VS. FLUTUAÇÕES CÍCLICAS
PIB real (crescimento) Vs. PIB Potencial
8,00%
6,00%
4,00%
PIB real
(crescimento)
0,00%
PIB Potencial
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
f
2,00%
-2,00%
-4,00%
-6,00%
Ano
O PIB Potencial foi calculado a partir da média aritmética móvel
(janela de 4 anos).
PIB Efetivo e PIB Potencial
 PIB potencial : o que poderia ser produzido se não
houvesse capacidade ociosa de equipamentos e de
pessoas (desemprego).
 PIB potencial: Capacidade de produção normal da
economia.
PIB e Riqueza de um País
 Riqueza material de um país: seu estoque de recursos
produtivos (inclusive conhecimento), determinante de sua
capacidade de produção, e do qual pode sair um fluxo de
produção, o PIB potencial.
 Aumento da riqueza: aumento do estoque de recursos
produtivos e/ou da produtividade = aumento da capacidade
de produção = crescimento da economia.
Recessão e Superaquecimento
(Estabilização, expansão e contração da economia)
•
Economia em recessão → produção abaixo do seu PIB potencial;
há capacidade ociosa.
•
Economia superaquecida → produção acima de seu PIB potencial;
há super uso dos fatores de produção.
•
Economia Estabilizada → produção=PIB potencial
•
Expansão = aumento do uso da capacidade de produção.
•
Contração = redução do uso da capacidade de produção.
FLUXOS (DE INVESTIMENTOS)
ESTOQUE (DE CAPITAL)
ITC
Quadro comparativo
crescimento
flutuações
oferta
demanda
longo prazo
curto prazo
acumulação de capital
PM, PF, PC, PS, PR
O
crescimento é um processo de acumulação
generalizada de capital, que se traduz em uma
ampliação contínua na capacidade de gerar oferta por
parte do sistema produtivo.
Capital: qualquer ativo que possui a capacidade de gerar
um fluxo de rendimentos ao longo do tempo (Irving
Fischer).
FORMAS DE CAPITAL:
físico
humano
tecnológico
FONTES DO CRESCIMENTO:
trabalho (quant., qual., aloc.)
capital (quant., qual., aloc.)
instituições ! ! !
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
• Os ciclos de negócios (ciclos econômicos) são o nome
dado à evolução das flutuações econômicas ao longo do
tempo.
• São compostos de uma seqüência de expansões e
contrações da produção (PIB).
• Uma expansão econômica acentuada pode levar a
economia a ter um PIB superior ao PIB potencial,
caracterizando uma situação de superaquecimento
(≡PIB efetivo acima do PIB potencial).
Produção
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
PIB efetivo
PIB potencial
Entre t1 e t2 ⇒ Expansão
≡ Aumento do uso da
capacidade de produção
t1
t2
Tempo
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
• Um período de contração (≡redução do uso da
capacidade de produção) pode levar à recessão da
economia, o PIB efetivo abaixo do PIB potencial
• Períodos de contração são às vezes também chamados
de recessão.
• Para evitar confusão terminológica, a recessão será
considerada como uma situação de PIB efetivo abaixo
do potencial.
• Quando for acima, a situação será considerada de
superaquecimento.
Produção
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
PIB efetivo
PIB potencial
Entre t1 e t2 ⇒ Contração
≡ Redução do uso da
capacidade de produção
t1
t2
Tempo
Produção
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
+ + +
+ +
+ + o de + to +
giã+ ci+men + +
+ + Re+
+ +
+ aque
+
+
+ per + +
+
su +
+
+
+
+
de
o
ã
i
Regcessão
re
PIB efetivo
PIB potencial
Tempo
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
• As flutuações do PIB efetivo em relação ao PIB potencial
são irregulares e imprevisíveis , mas tendem a obedecer
ao chamado Princípio da Demanda Efetiva, qual seja, a
demanda global ou agregada pelos bens e serviços como
um todo determina a produção (PIB efetivo).
Produção
A Natureza das Flutuações
Econômicas de Curto Prazo
e to
d
s
õe imen
ç
a
u
Sitraquec
e
sup
PIB efetivo
PIB potencial
de
s
e
õ ão
ç
a
u
Sitrecess
Tempo
A IMPORTÂNCIA DO CAPITAL HUMANO
s a lá rio
cus tos indiretos
benefícios
QUALIF IC ADO
NÃO QUALIF IC ADO
0
t0
t1
tempo
cus tos diretos
CAPITAL HUMANO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
s alário
Sq
S’q
S’nq
Snq
0
Sq
Q
Q’
S ’q
S’nq
Dq
N’
Snq
N
Dnq
L q L’
q
L’ nq
L nq
L
Mais impostos = Menos progresso!!!
A Curva de Laffer
a rreca da çã o (a)
a*
R
s o n e g aç ão
0
t*
1 00 %
ca rg a tributá ria (t)
Questões para reflexão
Nossa carga tributária como proporção do PIB está em algo em torno de
40 % (!!!)
isto quer dizer que trabalhamos 156 dias de graça para o governo, ou seja,
os brasileiros, em média, só começam a ganhar dinheiro para eles próprios
no dia 6 de junho de cada ano !!!
Se somarmos à carga tributária os autoserviços (gastos com saúde,
educação, previdência privada, etc.), a relação sobe algo entre 10 % e 15% do
PIB e, se adicionarmos a “carga legal” (a que decorre da lei mas não é
recolhida por fatores como inadimplência, sonegação e corrupção), chega-se
a um acréscimo de cerca de 15%, no mínimo, à carga real.
Logo, a carga legal aprovada pelo Legislativo está em torno de 65% a 70%
do PIB !!!
Questões para reflexão
O Nº DE IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES EXISTENTES NO BRASIL
É DE 112 !!!
TRABALHAMOS, EM MÉDIA, 156 DIAS POR ANO, PARA SUSTENTAR O
ESTADO, QUE POUCO NOS DÁ EM TROCA !!!
SE SOMARMOS O QUE PAGAMOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA, SAÙDE
PRIVADA E ESCOLAS PRIVADAS, SÓ COMEÇAMOS A PODER USUFRUIR
DO FRUTO DOS NOSSOS ESFORÇOS A PARTIR DE 30 DE SETEMBRO DE
CADA ANO!
(estes dados são do IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário)
Questões para reflexão
A carga tributária é de 20% do PIB na Argentina; de 16% no Peru; de 18%
no México; de 18% no Paraguai e a média da América Latina é de 20%.
Nenhum país emergente possui a carga brasileira !
Nos Estados Unidos, é de 29%; no Japão, de 28%; na Suíça, de 33%; na
Austrália, de 31% e na Alemanha de 37%. Só que os governos desses
últimos países servem aos cidadãos, enquanto aqui o governo serve-se
dos cidadãos…
Questões para reflexão
Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)
Questões para reflexão
O “Impostômetro”
http://www.impostometro.com.br/
Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT)
INSTITUIÇÕES E CRESCIMENTO ECONÔMICO
S E - s is te m a e c o n ô m ic o
S P - s is te m a p o lític o
S M - s is te m a m o ral/é tic o /c ultural
Segundo Paul Johnson, o que caracterizou o século XX
foi: (a) o relativismo moral e (b) a crença - que Hayek
chamou de “ pretensão fatal” - de que as soluções
do sistema
político
para
os problemas sociais
seriam
pretensamente
superiores
às
soluções
econômicas e morais, o que se revelou um terrível
engano.
rela tivis mo moral
politizaçã o
SE
SP
SM
Tradição (judaico-cristã)
Certo (bem)
Errado (mal)
temperança
gula
generosidade
avareza
caridade
inveja
mansidão
ira
humildade
soberba
castidade
luxúria
diligência
preguiça
Relativismo Moral
Certo (bem)
Errado (mal)
temperança
gula
generosidade
avareza
caridade
inveja
mansidão
ira
humildade
soberba
castidade
luxúria
diligência
preguiça
Não existe mais “pecado”...
Não existe mais “pecado”,
pois...
tudo passa a ser “relativo”...
(inclusive os conceitos de virtude e vício)
rela tivis mo moral
( a pretens a “morte de Deus ” decretada por Nietzs che)
o “certo” e o “errado” pas s am a s er relativos
culto ao poder
fidelidade?
“vontade de poder”
honra?
des moralização dos valores
morais bá s icos
droga s
corrupção
res peito?
ética?
criminalidade
fé?
família?
banalização do s exo
amor ao próximo?
a culpa é da “s ociedade”...
politiza çã o (crença em “s oluções política s ”)
es tatização
ineficiência
aumento da carg a tributária
inflação
corrupção
empobrecimento g eral
flutuações cíclicas
des empreg o
endividamento interno
burocra tizaçã o
endividamento externo
A contribuição de Hayek
•Lei x Legis lação
•C as os polares de organização s ocial
(a) s ociedades de homens livres : NOMOS -C OS MOS
(b) s ociedades totalitárias :
• “ tertium non datur’’
THE S IS -TAXIS
•o crescimento econômico é uma questão de esforço, de
criatividade, de busca pessoal, de hábitos de
poupança, de trabalho duro.
•neste sentido, o melhor que o Estado pode fazer é não
obstruir o esforço, a criatividade, a liberdade de escolha e
o trabalho dos cidadãos.
•Olhar para a importantíssima questão do
crescimento/desenvolvimento econômico apenas pela
ótica técnica/quantitativa é relegar a um plano secundário
aquilo que não pode e nem deve ser relegado, que é a
própria dimensão humana que rege todas as atividades
econômicas.
C E RTIF IQUE -S E DE QUE E NTE NDE U B E M:
•crescimento como fenômeno de oferta
•flutuações como fenômenos de demanda
•papel do capital humano
•fontes do crescimento
•importância das instituições
•a colocação de Hayek
II. FUNDAMENTOS MACROECONÔMICOS
OS FUNDAMENTOS
MACROECONÔMICOS
(REGIMES MONETÁRIO, FISCAL E CAMBIAL)
BASE TEÓRICA:
A ECONOMIA COMO UM JOGO DINÂMICO E PARTICIPATIVO
Thomas J. Sargent
Robert E. Lucas, Jr.
Autoridades Fiscais
Autoridades Monetárias
“Público”
ITC
superávit
primário
serviço da
dív. interna
serviço da
dív. externa
Autoridades Fiscais
- receitas - gastos
- juros s/ a dív.
interna
- juros s/a dív.
externa
-
variação na dív.
interna
- variação na dív. externa
NFSP
Autoridades Monetárias
crédito
doméstico
reservas
- moeda
internacionais
- títulos públicos
na
carteira do
Bacen
NFSP = Necessidades de financiamento do setor público (déficit nominal)
Reescrevendo:
(1) NFSP
= superávit primário + juros internos + juros externos
(2) Moeda emitida
=
Reservas Internacs.
+
títs. no Bacen
Agora, quanto às formas de financiamento:
(3) NFSP
de moeda
= var. na dív. int. + var. na dív. ext. + emissão
Ou, colocando apenas os gastos (correntes e com juros) no lado esquerdo:
(3a) Gastos = var. na dív. int. + var. na dív. ext. + emissão de moeda +
var. na arrecadação
Em bom Português...
+ impostos
+ emissão de moeda
G astos totais do E stado
(inclusive juros)
+ dívida interna
+ dívida externa
Não existem mágicas em Economia...
•A economia pode ser vista, sob uma perspectiva
derivada da Teoria dos Jogos, como um jogo cooperativo
e dinâmico, do qual participam 3 jogadores: AF, AM e o
público.
Há três tipos de relações entre AF e AM:
(1º caso): política monetária apertada agora pode significar
inflação no futuro (AF “domina” AM e não existe expectativa
de hiperinflação)
se NFSP = ∆B:
NFSP
r
∏
no futuro
M
( 2º caso): política monetária apertada agora pode significar
inflação agora (AF “ domina” AM e existe expectativa de
hiperinflação)
se NFSP = ∆B:
∏
agora
*
∏
AM “domina” AF (Banco Central autônomo)
r
(3º caso):
Se NFSP = ∆B e ∆M = 0:
não haverá inflação e o regime fiscal deverá,
mais cedo ou mais tarde, passar de deficitário a
superavitário.
Regime e política (monetária, fiscal, cambial, etc) são
coisas diferentes: regimes referem-se ao longo prazo
(estrutura) e políticas ao curto prazo (conjuntura).
+
tempo
-
^
M
t0
tempo
REGIMES CAMBIAIS
1. câmbio flutuante
1.a . flutuação “ pura”
E
S0
E1
E0
E2
S1
D1
D0
X0
X1
X2
US $
1. b . flutuação suja ( “ dirty floating” )
2. câmbio fixo
2a. fixo propriamente dito (“ currency board” )
E
S0
E1
E
E2
D0
S1
D1
S2
D2
US $
2b. “ crawling peg” ( ∆ E/E = ∆¶/¶ )
E
2.c . fixo por “ bandas cambiais”
L’ S
LS
L’ I
LI
US $
“ BANDAS CAMBIAIS”
V S.
“ INFLATION TARGETING”
- Bandas cambiais :
[EI , ES ]
- var iável ins tr um ental: taxa de juros (para atrair divisas e sustentar a
taxa de câmbio e, assim, controlar a inflação).
Equivale a se tentar frear um carro segurando-o pela antena... (política
monetária para sustentar o câmbio e política cambial para segurar a
inflação)
- “ Inflation targeting” (metas de inflação):
[ ¶ i, ¶ s ]
- var iável ins tr um ental: taxa de juros (para contro lar a demanda
agregada e atingir a meta de inflação)
Equivale a frear o carro pisando no freio (política monetária para
segurar a inflação e taxa de câmbio flutuando para efeitos de
equilibrar o balanço de pagamentos).
A conclusão a que se chega é que deve existir uma perfeita
coordenação entre os regimes de política econômica.
Outro ponto importante é que o governo deve usar cada regime
para atingir aquele objetivo no qual ele se mostra superior aos
demais. Por exemplo, o regime monetário - e não o cambial - é
que deve ser usado para o objetivo da estabilidade de preços , o
regime cambial para o equilíbrio externo da economia e o regime
fiscal para dar sustentação aos demais.
A Aritmética Simples do Déficit Público
política monetária de hoje (A)
inflação hoje (X)
expectativas quanto à política
monetária futura (B)
expectativas quanto à
política monetária futura
Logo,
estado atual contas das
públicas (C )
expectativas quanto ao estado futuro
das contas públicas (D)
X = f (A, B , C , D)
Questões para reflexão
Questões para reflexão
A título de exemplo, isto significa que um carro adquirido em janeiro de 1986 por,
digamos, Cr$ 25.000.000,00, estaria valendo hoje (abstraindo-nos da depreciação):
=
=
=
=
=
Cr$
Cz$
NCz$
Cr$
CR$
R$
25.000.000,00 (jan. de 1986)
25.000,00 (fev. de 1986)
25,00 (jan. de 1989)
25,00 (mar. de 1990)
0,025 (ago. de 1993)
0,025 : 2750 = 0,000009 (jul. de 1994)
ou seja, o carro desapareceu…
Questões para reflexão
Suponha, agora, que você, depois desta aula, pegue um taxi a pague uma corrida de
R$ 10,00. Voltando no tempo:
=
=
=
=
=
R$
CR$
Cr$
NCz$
Cz$
Cr$
10,00
27.500,00
27.500.000,00
27.500.000.000,00
27.500.000.000.000,00
27.500.000.000.000.000,00
Quem imaginaria, no início de 1986, um mês antes do Plano Cruzado, que uma
corrida de taxi custaria, na década seguinte, 27,5 quintilhões de cruzeiros da época?
C E RTIF IQUE -S E DE QUE E NTE NDE U B E M:
• a economia como um jogo dinâmico
• as diferenças entre regimes e políticas
• a importância das expectativas
• como os déficits são financiados
• a aritmética do déficit
• as ligações entre os três regimes
O MERCADO COMO UM PROCESSO
O PROBLEMA ECONÔMICO FUNDAMENTAL: ESCASSEZ
recursos escassos ver s us fins ilimitados
escolhas
critérios de escolhas: (a) econômicos; (b) políticos (“ sociais” )
custos das escolhas:
- diretos
- indiretos (ou custos “ de oportunidade” )
FORMAÇÃO DE PREÇOS E PROCESSO DE
MERCADO
V alor e formação de preços
• S. Tomás de Aquino (séc. XII): utilitas, raritas
• Adam Smith (1776): doutrina do valor-trabalho
•W. S. Jevons, L. Walras e Carl Menger (1870): doutrina da
utilidade marginal
Custos determinam preços ou preços determinam custos?
•Consideremos uma economia simples, com 3 estágios de
produção: a fazenda que produz o trigo, o moinho que proces- sa a
farinha e a padaria que fabrica o pão e o vende ao consumidor.
Podemos aproximar o desenho acima por um triângulo, em que
começamos a nos mover da esquerda para a direita e de baixo para
cima (sentido da produção) ou da direita para a esquerda e de cima
para baixo (senti -do do consumo). À medida que caminhamos da
esquerda para a direita, as alturas dos retângulos aumentam porque
vai sendo adicionado valor à produção. Por isso, o bem de 1ª ordem
(pão) é mais caro do que o de 2ª ordem (farinha),
o qual, por sua vez, deve ser mais caro do que o trigo (bem de 3ª
ordem).
Entretanto, se não houvesse consumidores dispostos a comprar pão,
os preços da farinha e do trigo seriam nulos (supondo que tanto um
como o outro só pudessem ser utilizados para fabricar pão). O valor
é gerado pela utilidade marginal e, portanto, são os preços que
determinam os custos. Estes últimos, na verdade, também são
preços.
valor
vetor de demanda
vetor de oferta
tempo
Formas de mercado
.
concorrência perfeita
.
oligopólio
.
competição monopolística
.
monopólio
•A teoria econômica costuma estudar esses mercados sob uma
perspectiva de equilíbrio, mas, na realidade, de acordo com a boa
tradição dos economistas da Escola Austríaca,
devemos
considerar o equilíbrio apenas como uma
“ construção
imaginária” de cunho teórico. Na realidade, os mercados devem ser
vistos como processos dinâmicos, que tendem para o equilíbrio,
sem, contudo, atingi-lo.
C urvas de demanda
A curva de demanda representa o lugar geométrico dos
preços máximos que o consumidor dispõe-se a pagar por cada
quantidade.
p
D
q
C urvas de oferta
A curva de oferta representa o lugar geométrico dos preços
mínimos que o vendedor dispõe-se a cobrar por cada
quantidade.
p
S
q
O “equilíbrio” de mercado
p
S
pe
E
D
qe
q
E feitos dos controles de (quaisquer ) preços
p
Á
g
i
o
S’
S
p atual
A
pe
pf
D’
D
S2
S1
qe
D1
D2
q
O MERCADO
MERCADO COMO
COMO UM
UM PROCESSO
PROCESSO
O
• conhecimento (limitado e disperso)
•incerteza genuína (não probabilística)
•ação humana
•tempo real (não newtoniano)
•erros e tentativas
•oportunidades
•rejeição ao equilíbrio como possibilidade efetiva
O conjunto dessas características da ação humana fazem
com que os mercados sejam melhor estudados como
processos que tendem ao equilíbrio.
tempo
p
tu
p
D
S
q
S
S
p
D
ts
q
S
D
p
tm
D
tj
q
q
Nota: credito a idéia deste gráfico ao
economista Reszo Divenyi, ex-aluno da
FCE/UERJ.
“Falhas” de Mercado vs. Falhas de Governo
mercado
liberais
instituições
intervencionistas
• bens públicos, monopólios naturais, externalidades
• o mercado funciona sempre (Israel Kirzner)
• “provisões” vs. “ prerrogativas” (Ralf Dahrendorf)
C E RTIF IQUE -S E DE QUE E NTE NDE U B E M:
• os conceitos de ação, incerteza e tempo real
• o processo de mercado
CONCEITOS BÁSICOS
1
O “FLUXO CIRCULAR
RIQUEZA”
DA
EMPRESAS
FATORES DE
PRODUÇÃO
O FLUXO CIRCULAR
DA RIQUEZA
TRABALHADORES
PROPRIETÁRIOS
DOS FATORES
CONSUMIDORES
RENDA
EMPRESAS
GASTOS
FATORES DE
PRODUÇÃO
A velocidade de rotação indica a
força (rapidez) ou fraqueza
(lentidão) da economia.
BENS E
SERVIÇOS
(PRODUTO)
TRABALHADORES
PROPRIETÁRIOS
DOS FATORES
CONSUMIDORES
RENDA
RENDA (Y)
FATORES DE PRODUÇÃO
TRABALHADORES
PROPRIETÁRIOS
DOS FATORES
EMPRESAS
CONSUMIDORES
BENS E SERVIÇOS
(PRODUTO = Y)
POUPANÇA (S)
Ótica da renda:
Y = C + S + T + IM
Ótica dos gastos:
Y=C+I+G+X
Condição de equilíbrio:
S + T + IM = I + G + X
GASTOS PRIVADOS (C)
MERCADOS
FINANCEIROS
ou:
EXPORTAÇÕES (X)
(IM – X) = (I + G) – (T + S)
GASTOS DO GOVERNO (G)
O déficit em conta corrente nada mais é do que o excesso
dos investimentos totais (públicos e privados) sobre as
Ótica
da renda: totais.
Y=C+S+T
poupanças
IMPORTAÇÕES (IM)
Ótica da renda: Y = C + I +YG= C + S
Ótica dos gastos:
RESTO DO
ou, ainda: (X – IM) = (STRIBUTOS
+ T) – ( I +(T)G)
MUNDO
INVESTIMENTO (I)
Ótica
dos gastos:C + S + T =YC=+CI++IG,
Condição
de
equilíbrio:
ou
+ T =oI + G
Ótica
da conta
renda:corrente nada mais
Y =éC
O superávit
em
doSque
Condição
de
equilíbrio:
S=I
Ótica
gastos:
Y
=C
excesso
das dos
poupanças
totais (pública
e privada)
sobre os
investimentos totais. ou: (S – I) = (G – T)
SETOR
PÚBLICO
2
A ESTRUTURA DO BALANÇO
DE PAGAMENTOS
O BP é o registro sistemático das transações realizadas entre residentes e não
residentes de um país durante um período de tempo
Princípio de partidas dobradas;
Dois grupos de contas:
Contas operacionais: correspondem ao fato gerador do recebimento ou
transferência de recursos para o exterior;
Contas de caixa: registram o movimento dos meios de pagamento
internacionais à disposição do país
I. CONTA CORRENTE
1. Balanço comercial : exportação (FOB), importação (FOB)
2. Balanço de serviços; viagens internacionais, royalties, assistência técnica,
transportes, seguros, juros (serviço da dívida)
3. Transferências unilaterais (donativos)
II. BALANÇO DE CAPITAIS
4. Movimento de capitais autônomos
Investimentos diretos, reinvestimentos (contrapartida de lucros reinvestidos),
empréstimos e financiamentos, amortizações, capitais a curto prazo, outros
capitais
III. ERROS E OMISSÕES
IV. SALDO DO B. P. (I+II+III)
V. MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS (Demonstrativo de
Resultados) = - IV
a) Contas de Caixa (reservas), haveres a curto prazo no exterior, ouro monetário,
direitos especiais de saque, posição de reserva no fundo
b) Empréstimos de Regularização
c) Atrasados
3
ORIGENS, EVOLUÇÃO, CONCEITO E
FUNÇÕES DA MOEDA
E
NOÇÕES DE POLÍTICA MONETÁRIA
(traduzido e adaptado de um powerpoint do
Prof. Roger Garrison, da Auburn University)
P or que o sistema
bancário funciona como
uma lente de aumento?
O sistema bancário é um
multiplicador de moeda.
Ele amplia, ou multiplica, o
volume de reservas
bancárias existentes,
criando um volume maior
de depósitos.
C = papel-moeda em poder do público
O sistema bancário é um
multiplicador de moeda.
Ele amplia, ou multiplica, o
volume de reservas bancárias
existentes, criando um
volume maior de depósitos.
C = papel-moeda em poder do público
R = reservas bancárias totais
O sistema bancário é um
multiplicador de moeda.
Ele amplia, ou multiplica, o
volume de reservas bancárias
existentes, criando um
volume maior de depósitos.
C = papel-moeda em poder do público
R = reservas bancárias totais
D = total dos depósitos nos bancos
C = papel moeda em poder do público
R = reservas bancárias totais
D = total dos depósitos nos bancos
r = R/D = taxa de recolhimento
compulsório
M = oferta de moeda
M=C+D
D = R/r
M = C + R/r
O Banco Central controla a oferta de
moeda usando três instrumentos de
política monetária:
1. Recolhimento compulsório (fixando r)
2. operações de redesconto
(fixando id, afeta r)
3. operações de mercado aberto
(alvo: ibásica ; afeta R)
A Casa da Moeda imprime
dinheiro e o distribui ao Banco
Central, que o distribui aos
bancos comerciais, com base em
suas (dos depositantes)
demandas por moeda manual
(cédulas e moedas metálicas)
relativamente à sua demanda por
cheques.
Suponha que:
C = 100
R = 100
r = 0.2
M = C + R/r
M = 100 + 100/0.2
M = 100 + 500 = 600
Algumas vezes as
pessoas depositam uma
parcela maior de seu
dinheiro nos bancos.
O que acontece com
a oferta de moeda
quando aumentam
os depósitos
bancários?
O
que acontece
com a oferta de
moeda quando se
deposita dinheiro
nos bancos?
E laCaumenta!
M=
+ R/r
50 150
M = 100 + 100/0.2
50 750 800
M = 100 + 500 = 600
Outras vezes, as
pessoas sacam seu
dinheiro dos bancos…
O que acontece
com a oferta de
moeda quando se
saca dinheiro dos
bancos?
O que acontece
com a oferta de
moeda quando se
saca dinheiro dos
bancos?
Ela encolhe!
M = C + R/r
150
50
M = 100 + 100/0.2
150 250 400
M = 100 + 500 = 600
Em outras ocasiões
O Bacen diminui a taxa
de recolhimento
compulsório…
O que acontece com
a oferta de moeda
quando o Bacen
diminui a taxa de
recolhimento
cosmpulsório?
O que acontece com
a oferta de moeda
quando o Bacen
diminui a taxa de
recolhimento
cosmpulsório?
Ela cresce!
M = C + R/r
0.1333
M = 100 + 100/0.2
750 850
M = 100 + 500 = 600
E se o Bacen diminuir a
taxa de redesconto?
O que acontece com a
oferta de moeda
quando o Bacen
diminui a taxa de
redesconto?
O que acontece com
a oferta de moeda
quando o Bacen
diminui a taxa de
redesconto?
Ela aumenta!
M = C + R/r
150
M = 100 + 100/0.2
750 850
M = 100 + 500 = 600
Algumas vezes o Bacen
decide comprar mais títulos
públicos….
O que acontece com a
oferta de moeda quando
o Bacen compra mais
títulos públicos?
O que acontece com a
oferta de moeda quando o
Bacen compra mais títulos
públicos?
Ela aumenta!
M = C + R/r
150
M = 100 + 100/0.2
750 850
M = 100 + 500 = 600
Em crises sérias,
pode haver corridas
aos bancos…
O que acontece com a
oferta de moeda
quando há corridas aos
bancos?
O que acontece com a
oferta de moeda quando
há corridas aos bancos?
V. FUNDAMENTOS DA ANÁLISE
DE CURTO PRAZO
E
O
R
C
(MA
A
A
I
M
CONO
)
A
D
A
PLIC
“SHOPPING”
(DEMANDA AGREGADA)
DESPESA
RENDA
PRODUTO
(PIB)
“FÁBRICA”
(OFERTA AGREGADA)
INFLUÊNCIAS SOBRE A DEMANDA AGREGADA:
- política monetária (oferta de moeda, juros, crédito)
- política fiscal (gastos do governo, impostos)
- política cambial (taxa de câmbio)
- políticas salariais
- políticas de rendas
CU
RT
O
- políticas de comércio exterior
- expectativas
- outras
ESTES FATORES ATUAM SOBRE O “SHOPPING”
PR
AZ
O
INFLUÊNCIAS SOBRE A OFERTA AGREGADA:
- ambiente institucional
- tecnologia
- poupança (interna e externa)
- oportunidades de investimentos
- custos dos fatores de produção
- lucratividade esperada
O
G
N
O
L
- atividade empresarial
- expectativas
-
outras
ESTES FATORES ATUAM SOBRE A “FÁBRICA”
Z
A
PR
O
EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIOS MACROECONÔMICOS
1. DA = OA (EQUILÍBRIO)
2. O GOVERNO EXPANDE A DEMANDA AGREGADA
ACIMA DA CAPACIDADE NORMAL DE PRODUÇÃO
RESULTADO: INFLAÇÃO
3. O GOVERNO CONTRAI A DEMANDA AGREGADA
ABAIXO DA CAPACIDADE NORMAL DE PRODUÇÃO
RESULTADO: DEFLAÇÃO
O GOVERNO DEVE “CALIBRAR” A DEMANDA?
-SIM,
para os economistas intervencionistas
(keynesianos, pós-keynesianos, neokeynesianos e
novos keynesianos)
-NÃO, para os economistas liberais (monetaristas,
novos clássicos, neoaustríacos e partidários da
“public choice”)
O EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO
O equilíbrio de curto prazo se dá sempre que ocorre uma interseção entre uma
curva de oferta agregada de curto prazo com uma curva de demanda agregada e o
equilíbrio de longo prazo sempre que tal interseção se der sobre a curva de oferta
agregada de longo prazo.
DA = f (PM, PF, PC, PS, PR)
OA = g (capital, trabalho, instituições, expectativas)
DA = OA - equilíbrio macroeconômico
Caso as expectativas sejam adaptativas, apenas transitoriamente é possível manter
a economia funcionando acima de seu nível de produto normal (yn) , mediante
políticas keynesianas de “ sintonia fina’’ do lado da demanda. A insistência do
governo em fazê-lo apenas fará com que a inflação se acelere. Caso as
expectativas sejam racionais, nem transitoriamente.
EQUILÍBRIO COM EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS
P
P1
P’
P0
OALP
OA’ (P* = P1)
OA (P* = P0)
C
B
A
yn y ’
DA’
DA
y
EQUILÍBRIO COM EXPECTATIVAS RACIONAIS
P
OA (P=P*)
OA ’
OA
P1
B
P0
A
DA ’
DA
yn
y
INFLAÇÃO E CURVA DE PHILLIPS:
um dilema?
Inflação
“estrupício”
“baranga”
O
Desemprego
“mala”
“mocréia”
INFLAÇÃO E CURVA DE PHILLIPS
(o curto prazo e o longo prazo)
Π
Π=Π*
Π0
A
Π1
No Brasil pós-Real a trajetória da
seta está em marrom
B
Π*=Π0
Π*= Π1
C
un
u’
u
INFLAÇÃO
•conceito
•principais equívocos conceituais
•causa
•efeitos
•programas de estabilização e âncoras
•o papel das expectativas
•cura da inflação e efeitos colaterais
PERSPECTIVAS DA ECONOMIA BRASILEIRA
•O DILEMA DO “MEL” E DO “VINAGRE”
•ESTABILIDADE MONETÁRIA, UM PRÉ-REQUISITO
-REFORMAS, OUTRO PRÉ-REQUISITO
-CRESCIMENTO OU RECUPERAÇÂO?
-“DESENVOLVIMENTISTAS” E “CONSERVADORES”
-CONDICIONANTES POLÍTICOS E INSTITUCIONAIS
-CENÁRIOS
Sumário
1. Introdução
2. Causas e cronologia da crise
3. Medidas
4. Consequências
5. Reflexos no Brasil
6. Conclusões
1. Introdução
- “falhas de mercado” ou falhas de governo?
(processo de mercado vis-a-vis processo político)
- o conceito de ação humana e o mercado como um processo
de erros e tentativas
- a necessidade de regulamentação de ambos os processos: o
papel da Lei e da regulamentação
2. Causas
- Taxas de juros artificialmente baixas praticadas pelo Fed
- Enorme déficit orçamentário do governo americano
- Falhas de regulamentação (elevaram risco e alavancagem)
- Tratamentos desiguais para casos semelhantes (AIG, L Bro.)
- Manipulação da taxa de juros pelos EUA e da taxa de câmbio
pela China
- A “Dama de Espadas”
"Não existe escolha entre inflação
e desemprego, pela mesma razão que
não se pode escolher entre comer demais
e ter indigestão"
(F.A. Hayek)
- A solidez da Teoria Austríaca dos ciclos Econômicos
- O desemprego de hoje foi provocado pelas políticas
inflacionárias de ontem. E que inflacionar ainda mais hoje, ao
invés de combater o desemprego, só vai provocar mais
desemprego no futuro, ou uma combinação entre mais
desemprego e mais inflação.
- E a Grande Depressão dos anos 30 não foi causada por
“deficiências dos mercados”, mas por políticas fiscais e
monetárias artificialmente expansionistas levadas a cabo nos
anos 20, assim como a crise atual foi plantada por políticas
equivocadas praticadas nos anos 90!
A cronologia da crise
- anos 90: EUA adotaram políticas fiscal e monetária excessivamente frouxas (que
chegaram ao ponto de manter por mais de um ano a taxa de juros nominal em 1%, o
que, descontada a inflação, significou a imposição, por parte do próprio Estado, de uma
taxa de juros negativa); o governo americano criou duas empresas semi-públicas, a
Fannie Mae e a Freddie Mac, para bancar a farra, especialmente no mercado de
construção de imóveis e sua contrapartida financeira, o de hipotecas. Todos os
americanos que desejassem uma casa própria teriam empréstimos fartos a juros
praticamente nulos e, ainda por cima, em caso de problemas, sabiam que o governo
garantiria os empréstimos com aquelas duas empresas, que foram finalmente
estatizadas em setembro de 2008, logo após a quebra da Lehman Brothers.
- em maio/junho de 2006, houve um impacto setorial da alta de juros sobre as empresas
de construção residencial
- em janeiro/fevereiro de 2007, sobre as empresas de financiamento imobiliário
(inadimplência das hipotecas)
- em julho/agosto de 2007, a crise se transmitiu aos títulos lastreados nesses
empréstimos
A cronologia da crise
- E, a partir de setembro de 2008, todos sabem a história: colapso da Lehman Brothers,
estatização das duas empresas (Fannie Mae e Freddie Mac), intervenção em uma das
maiores seguradoras privadas (AIG); as intervenções do Fed já não são suficientes e o
governo recorre aos contribuintes; o Tesouro anuncia um plano de US$ 700 bilhões
para comprar ativos podres, mantendo a taxa de juros abaixo da inflação corrente (!), a
União Européia decide comprar ações de bancos privados; o governo americano decide
fazer o mesmo; pânico nas bolsas de valores em todo o mundo e alastramento da crise
financeira para o mundo.
- Neste primeiro quadrimestre de 2009, a crise financeira amainou, mas a crise
econômica está se agravando e espalha-se pela economia global.
Os gráficos seguintes ilustram alguns desses pontos:
Os desvios em relação à “Regra de Taylor”
A regra recomenda que quanto maiores forem:
- a inflação,
- a taxa de juros real de equilíbrio
- os desvios para mais da inflação observada em
relação à meta de inflação e
- os desvios do PIB corrente em relação à sua
tendência histórica,
maior deve ser a taxa de juros fixada pelo Fed.
Desvios em relação à Regra de Taylor observados na
Europa
Percentuais
indicado
observado
Preços dos imóveis, inadimplência e arrestos - EUA
Preços dos
imóveis
Inadimplência
perda dos imóveis
(arresto)
O 7“risco de contraparte” explica muitas coisas...
“black swan”
%
medida de risco
(libor – OIS)
12 set 2008
9 ago 2007
Evolução da prime rate
- A crise tem suscitado diversas interpretações por parte de muitos analistas. A
maioria dessas análises, infelizmente, padece de equívocos, sendo que o mais
comum é o que atribui os problemas a uma pretensa “falha dos mercados”,
principalmente os financeiros, que são vistos como puros “cassinos”. Se o
diagnóstico é este, nada mais natural que o remédio recomendado seja aumentar o
grau de intervencionismo dos governos nas economias. Parece que a velha tese
de que “os mercados não funcionam” e que, portanto, o Estado precisa substituílos vem ganhando força, como que ressuscitando as ideias intervencionistas que
dominaram o mundo desde a crise de 1929 até o final dos anos 70.
-Diagnósticos errados levam, certamente, a terapias incorretas! O problema não
está – contrariamente ao que muitos analistas sugerem – na “ausência” dos
governos; está nos seus erros, omissões e excessos! É como disse o expresidente Ronald Reagan: “o governo não é a solução; ele é o problema”...
- Isto não quer dizer, obviamente, que os mercados não precisam ser
regulamentados. Pelo contrário, se a regulamentação nos EUA fosse eficiente, os
graus de risco e de “alavancagem” das instituições financeiras não teriam chegado
aos níveis de 30 a 40 vezes (o do Bearn Sterns chegou a ser de 50 vezes),
enquanto no Brasil situava-se entre 3 e 4 vezes.
3. Medidas
- A tendência mundial tem sido a de aumentar substancialmente o crédito e o
socorro.
- Isto só funcionará se a confiança for restabelecida.
- Na verdade, a crise só terminará quando os maus investimentos
(malinvestments) do passado, impulsionados por “poupança forçada”, ou seja,
pela generosidade monetária dos bancos centrais, forem todos
desmascarados. Crises dessa natureza, por mais que os governos adotem
medidas de estímulos à liquidez, só terminam quando os efeitos dessas más
alocações de recursos são eliminados, o que sempre é doloroso.
- Ou seja, será preciso que as “Damas de Espadas” escondidas nos balanços
das instituições financeiras sejam reveladas e naturalmente eliminadas, o que,
evidentemente, exigirá tempo.
- A administração anterior dos EUA cometeu um erro de diagnóstico, quando
considerou o problema como uma crise dos créditos “sub-prime”, quando era
de solvência, proveniente de classes múltiplas de ativos problemáticos.
- Alicerces do G-20 para um novo sistema financeiro mundial.
Vejamos a inacreditável injeção de moeda e crédito que os EUA vêm
promovendo para “enfrentar” a crise:
Reservas livres dos bancos comerciais - EUA
Crescimento percentual das reservas livres dos bancos comerciais - EUA
60 quintilhões por cento!!!
A desvalorização artificial do Yuan frente ao dólar contribuiu para agravar a crise:
Taxa de câmbio Yuan/Dólar versus taxa de juros tida como alvo pelo Fed
Enquanto os EUA manipulavam os juros, a China fazia o mesmo com o câmbio...
A deterioração do Balanço de Pagamentos em conta corrente dos EUA
Balanço comercial - EUA
4. Consequências
- multipolaridade na economia mundial
- um novo marco regulatório, buscando acordos, com regras mínimas de
consenso global, com ênfase em:
1. abrangência (inclusão, por exemplo, de hedge funds)
2. prudência (graus de risco e alavancagem conservadores)
3. transparência (maior informação e fim dos paraísos fiscais)
- necessidade de maior preocupação com as contas públicas, com o
estabelecimento das taxas de juros e com o realismo cambial
-compromisso maior com o livre comércio
- perda de cerca de US$ 414 bilhões em PIB de oito países emergentes, incluindo
o BRIC (US$ 82,7-2008 e US$ 330,8-2009)
5. Reflexos no Brasil
- o governo subestimou os efeitos da crise sobre a nossa economia: não se
tratava de uma simples “marola”...
- exacerbação do “cabo-de-guerra” dentro do governo (Fazenda x Bacen)
- problemas prováveis em nossas contas externas
- as eleições de 2010 já prejudicam as defesas contra a crise
- os gastos de custeio não param de aumentar em termos reais
- a qualidade de nossos “ajustes fiscais” tem sido muito baixa
Taxas de crescimento do PIB em 2009 e 2010 (previsões do FMI)
10
5
0
-5
-10
Mund Dese
Japã Cana emer BRAS Rússi
EUA Euro
Índia China
o
nvolv
o
dá
gs
IL
a
2009
-1,3
-3,8
-2,8
-4,2
-6,2
-2,5
1,6
-1,3
-6
4,5
4,5
2010
1,9
0
0
-0,4
0,5
1,2
4
2,2
0,5
5,6
7,5
Quedas acumuladas na produção industrial no Brasil – Fev 2009
(em comparação com outros períodos de recessão interna)
Duração (em meses)
2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0%
-2 %
- 4%
-6 %
Out 97
-8 %
Out 02
-10 %
-12 %
-14 %
Ago 91
-16 %
-18 %
Set 08
-20 %
Fonte: FIBGE
Dez 94
Dez 00
Taxa de desemprego no Brasil – Abril 2009
(variações percentuais em relação ao mesmo mês do ano anterior)
(Abril de 2009)
taxa de desemprego (abril - 2002/2009)
15
10
5
0
2002
2003
2004
2005
2006
2007
taxa de desemprego
2008
2009
taxa de desemprego mensal (abril 2002 a abril 2009)
ab
r/ 0
2
ou
t /0
2
ab
r/ 0
3
ou
t /0
3
ab
r/ 0
4
ou
t /0
4
ab
r/ 0
5
ou
t /0
5
ab
r/ 0
6
ou
t /0
6
ab
r/ 0
7
ou
t /0
7
ab
r/ 0
8
ou
t /0
8
ab
r/ 0
9
14
12
10
8
6
4
2
0
taxa de desemprego mensal (abril 2002 a abril 2009)
A reação modesta da economia brasileira
6. Conclusões
As medidas corretas a serem adotadas por nosso governo seriam, resumindo;
- corte profundo em despesas de custeio
- mais investimentos públicos (especialmente em infraestrutura)
- reformas no Estado (tributária, fiscal, trabalhista, previdenciária e outras)
- isto permitiria que a relação dívida interna/PIB caísse fortemente, que a
política monetária fosse menos apertada, que o Banco Central promovesse
forte redução no recolhimento compulsório e que a taxa de juros caísse
rapidamente e de forma natural.
Tendo em vista que tais medidas dificilmente virão a ser adotadas, podemos admitir os
seguintes cenários para a economia mundial e a brasileira:
CENÁRIOS
O primeiro cenário é em forma de V, em que, após atingir o fundo do poço, a
economia americana, puxando as demais a reboque, iniciaria imediatamente uma
recuperação;
O segundo é um U, desenhado por um período de recessão seguido de
recuperação sustentada;
O terceiro é um L, ou seja, após atingir o seu nível mais baixo, a atividade
econômica nele permaneceria por um tempo bastante longo (a exemplo de toda a
década de 30 nos Estados Unidos e da década de 90 no Japão);
E o quarto é um W, revelando uma alternância de aquecimentos com
desaquecimentos, na tradição dos ciclos econômicos.
PIB
PIB
PIB
PIB
tempo
tempo
tempo
tempo
CENÁRIOS
Em nível mundial, o cenário mais provável é um U com a curva de baixo
alongada.
E, no que se refere à economia brasileira, ficamos com o W, porque, primeiro,
os efeitos da crise sobre as economias emergentes serão menos fortes do que
sobre as desenvolvidas; segundo, porque nossas autoridades, vendo que o
PIB de 2009 crescerá abaixo do que desejam (com vistas às eleições de 2010),
serão tentadas – especialmente a Fazenda e o IPEA – a “estimular” a
economia, o que fará o W surgir; e terceiro, porque nossas características
institucionais e a velha prática de nossos governos de atuarem como meros
apagadores de incêndios, sem atacarem as causas estruturais, estão mais
fortes do que nunca no governo atual.
Gastos Correntes Com Pessoal da União – Fonte MF
Base: Até Maio de 2009
(em R$ milhões)
Itens
Executivo
Judiciário
Legislativo
Total
Diárias
185.2
18.7
1.9
205.8
Passagens
171.2
6.9
29.6
207.7
Alimentação
520,2
264.4
79.4
864.0
Total
876.6
290.0
110.9
1277.5
1º
2º
3º
Apêndice gráfico
A REGRA DE TAYLOR
é a taxa de juros nominal de curto prazo, considerada como alvo pelo Fed;
é a taxa de inflação medida pelo deflator implícito do PIB;
é a taxa real de juros considerada como “de equilíbrio”;
é a meta de inflação;
é o PIB real observado e
é o PIB potencial ou tendência).
A equação apenas nos diz que o Fed deve levar em conta, ao estabelecer a taxa
nominal de juros de curto prazo básica: (1) a inflação corrente, (2) a taxa de juros real
que equilibraria a demanda e a oferta de fundos e (3) os desvios da inflação
observada em relação à inflação desejada e do PIB observado em relação à tendência
de longo prazo do PIB. Quanto maiores forem a inflação, a taxa de juros real de
equilíbrio e os desvios para mais da inflação observada em relação à meta de inflação
e do PIB corrente em relação à sua tendência, maior deve ser a taxa de juros a ser
fixada pelo Fed.
Taxas libor e Fed (1985/2009) Dezembro-12 meses
15
10
5
0
1980
-5
1985
1990
1995
Libor
2000
Fed
2005
2010
2015
Poupança bruta do governo - EUA
Poupança privada versus investimento privado - EUA
Consumo privado - EUA
Crédito bancário nos EUA
Estoque de moeda nos EUA – M1
Quatro entrevistas na Globonews sobre a crise:
1
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM915987-7823- ECONOMISTA+F
BARACK+OBAMA,00.html
2 http://www.youtube.com/watch?v=FQLkWXujydM
3
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM891397-7823-PROFESSOR+DA
html
4
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM894152-7823-ECONOMISTA+A
html
VII. EXERCÍCIOS
1º Conjunto
(Crescimento vs. Flutuações)
1.1 Conceitue crescimento econômico auto-sustentado e flutuações cíclicas e
discuta as principais diferenças entre os dois conceitos.
1.2 Discorra sobre as fontes do crescimento econômico e ressalte a importância
desempenhada pelas instituições nesse processo, tecendo comentários sobre as
instituições brasileiras.
2º Conjunto
(Fundamentos Macroeconômicos)
2.1 Descreva brevemente os regimes fiscal, monetário e cambial desde
a implantação do Real e argumente em favor da existência de coordenação
entre os três. O que vem ocorrendo no Brasil em relação a essa
coordenação? O que o governo do PT vem fazendo nesse sentido?
2.2 Conceitue déficit nominal do setor público e discorra sobre suas formas
de financiamento, mostrando os efeitos de curto e de longo prazo de cada uma
delas.
2.3 O que vêm a ser “bandas cambiais” e “inflation targeting”?
esses sistemas foram usados no Brasil para controlar a inflação?
Como
3º Conjunto
(Fundamentos Microeconômicos)
3.1 Explique pormenorizadamente a seguinte definição: “A economia (do mundo
real) é o conjunto das ações humanas ao longo do tempo praticadas sob
ambiente de incerteza genuína”.
4º Conjunto
(Conceitos Básicos de Macroeconomia)
4.1. Explique, como se fosse falar para um público leigo, a mecânica do balanço
de pagamentos.
4.2.Conceitue moeda como uma “ordem espontânea”. Cubos de gelo seriam
uma boa alternativa para serem usados como moeda? E tijolos de boa
qualidade? Por que é importante que o Banco Central controle as taxas de
crescimento da oferta de moeda?
4.3 Explique os três instrumentos básicos da política monetária.
5 º Conjunto
(Fundamentos da Análise de Curto Prazo - Macroeconomia Aplicada)
6.1 Suponha um certo país em que a economia cresça a uma taxa inferior à taxa de
crescimento da dívida interna e em que o Banco Central financie o déficit fiscal
apenas via endividamento interno, isto é, sem emitir moeda. Suponha, ainda, que o
Banco Central desse país hipotético não seja independente. Nestas condições,
explique porque esse tipo de atuação do Banco Central não é sustentável.
6.2 Que fatores podem limitar atualmente uma queda mais acentuada na taxa de
juros no Brasil?
6.3 Explique: “Com expectativas racionais, os governos não conseguem aumentar o
produto acima de seu nível normal nem no curto prazo. Com expectativas
adaptativas, apenas no curto prazo”.
6 º Conjunto
(A Crise, Cenários e Tendências)
7.1 A seu ver, que fatores determinaram a atual crise econômica que vem afetando
o mundo?
7.2 Por que a crise mundial está afetando a economia brasileira?
7.3 Comente: “Os Estados Unidos gostam de manipular a taxa de juros; os chineses
gostam de manipular a taxa de câmbio”.
VIII. FONTES PARA ESTUDO
LEITURAS
E-MAIL
Todo o material está disponível em
www.ubirataniorio.org
- Livro: Iorio, U. J., “Economia e Liberdade”, Forense Univ., 1997, 2ª ed.
- Powerpoints: em “Material Didático e Acadêmico”, arquivo “ECONOMIA APLICADA”
- Artigos acadêmicos : na mesma página (todos)
- Artigos no Jornal do Brasil e “Artigos do Mês”
E-mail:
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