VALOR DA PASSAGEM DO TRANSPORTE COLETIVO Hoje, 29/06 é o dia do Telefonista e do Pescador e amanhã, domingo é o Dia de São Paulo e São Pedro, Apóstolos e Dia do Papa (Igreja Católica). Tomando carona nas recentes manifestações que tomaram o Brasil do Monte Caburaí no extremo norte do país no estado de Roraima ao Arroio Chuí no estado do Rio Grande do Sul, extremo sul do país, posso opinar com alguma propriedade sobre o assunto que deu início, mas que verdadeiramente não acabou sendo o principal tema para a reação de uma nação inteira. (“Somente para esclarecimento, o termo “do Oiapoque ao Chuí” foi devidamente corrigido pelo MEC, pois ficou comprovado cientificamente em 1998 que o Monte Caburaí em RR está localizado 84,5 km acima do rio Oiapoque”).·. Em várias colunas, dependendo do assunto, sempre citei o “maquiado” aumento do poder aquisitivo dos menos privilegiados. Numa dessas matérias citei o contrassenso do poder público em incentivar o uso do transporte coletivo e ao mesmo tempo incitar a aquisição de automóveis reduzindo taxas e facilitando o crédito. Fiz referência ao desenvolvimento das indústrias automotivas, o não desemprego e o aquecimento da economia do país em detrimento da maior procura pelos automóveis. Não foi levado em consideração a situação econômica e a situação financeira daqueles ditos menos favorecidos. Naturalmente que os menos favorecidos sejam também menos favorecidos economicamente (não tem imóveis, automóveis, sítios, fazendas etc.), mas financeiramente vivem à margem com o salário mensal contado até os centavos. Com a facilidade de crédito, viram a possibilidade de realizarem um velho sonho que seria adquirir um automóvel, seja ele usado ou zero km. Então como resolver a questão? Num desses noticiários de TV, entrevistaram uma dona de casa (dos menos favorecidos) onde ela disse que, para que conseguissem comprar um carro, reuniram todos os membros com renda e colocando no papel, foram cortando os supérfluos e adequando quanto cada um poderia contribuir para a prestação de 60 ou 80 meses, não me lembro direito, sem entrada. Chegaram a um consenso de que cada um arcaria com uma conta da residência desde que estivesse dentro dos seus ganhos. A conta do automóvel acabou ficando com ela até porque era a que tinha menos gastos fora dos seus ganhos. Isso não significa que a família teve o seu poder aquisitivo aumentado. Simplesmente, por causa da facilidade do crédito “espichado” e IPI reduzido, o valor da prestação ficou menor possibilitando uma reorganização financeira dentro de casa para, finalmente, realizar o sonho que é possuir um automóvel para o lazer. Aí vem o grande disparate com relação ao anunciado com alarde, que a classe média aumentou. Maquiado também. Antes eram consideradas de classe média as famílias com renda de até $3.500,00 reais ou mais e agora são consideradas aquelas com renda de até $1.020,00 reais ou mais. Com essa manipulação de dados, é fácil dizer que o país evoluiu e que a classe média 1/2 VALOR DA PASSAGEM DO TRANSPORTE COLETIVO aumentou. Pelo menos metade daqueles que estão nesse perfil, acabaram usando o carro para ir e vir ao trabalho além do lazer de final de semana. Consequência disso. Aumento brutal de automóveis particulares nas ruas dos grandes e médios centros, diminuição dos usuários do transporte coletivo e inadimplência aumentando a passos largos. É possível baixar a tarifa do transporte coletivo? Sim. Como já disseram os especialistas em economia, seria necessário desonerar as empresas prestadoras de serviços em alguns impostos e rever a taxação dos inúmeros impostos Federal, Estadual e Municipal. Readequar seria o termo mais exato, pois hoje o que se percebe é que existem incoerências em vários tributos que o consumidor reclama sem ser ouvido. Já existem cidades no Brasil com tarifa zero e várias cidades no exterior também zero. O poder público, os especialistas na área e não deputados e senadores, deveriam visitar esses locais e verificar como estão sendo executadas tais “mágicas” como muitos se referem quando o assunto é passagem zero. Muitas outras considerações tenho a fazer, como por exemplo, que o pronunciamento do Prefeito da cidade de São Paulo e do Governador do Estado de São Paulo, foram equivocados. Não é necessário paralisar projetos em andamento. A ex-prefeita Luiza Erundina tem programas ótimos que foram engavetadas quando saiu do poder. Ninguém se interessou talvez agora alguém se interesse e tenha o bom senso de, ao menos, estudar e adequá-lo à realidade atual. Mas que existe a possibilidade de tarifa zero, isso existe. Basta ter vontade política. www.naganuma.com.br [email protected] Twitter - @mtnaganuma 2/2