COLÉGIO O BOM PASTOR SOCIOLOGIA PROF. RAFAEL CARLOS MATERIAL COMPLEMENTAR VIOLÊNCIA O QUE É VIOLÊNCIA Para começar a tratar do tema, em vez de apresentar uma definição, vamos identificar algumas de suas características: - Ato que tem um caráter de disputa e de conflito, que envolve pessoas ou grupos com interesses divergentes. - Ato agressivo que supõe o uso de força física ou psicológica: um é o agressor e outro, a vítima. - Ato realizado contra a vontade da vítima. - Atributo do ser humano livre, e como tal, uma prática voluntária. Essas agressões visam tirara vida, a liberdade ou a propriedade, atingir a integridade do corpo ou perturbar o espírito e a dignidade das pessoas. ALGUMAS EXCEÇÕES É comum o conceito ser usado de maneira equivocada no dia a dia, por esse motivo é preciso deixar claro, também, o que NÃO é violência. Quando dizemos que “a cidade foi varrida por um tsunami violento” ou “a ação violenta do veneno impediu o atendimento médico a tempo e a pessoa morreu”, o conceito de violência é usado impropriamente. Ficamos consternados com a morte das pessoas e os efeitos de um tsunami, porém o tsunami em si não é violento, uma vez que não é intencional e não envolve disputa ou conflito. O fenômeno é natural e resulta das forças das águas do mar, devido a maremotos profundos que desencadeiam ondas gigantes. No caso do veneno, ele age no organismo vivo também segundo leis naturais: é possível prever em que medida a substancia é letal aos seres vivos, caso se estude sua composição química. Portanto só podemos dizer que o veneno é violento quanto aos danos que pode causar, mas ele não é violento em si. Nos dois casos, estamos diante de determinismos da natureza. Não podemos considerar que o tsunami e o veneno em si são bons ou maus, porque eles não podem “escolher” destruir e matar. Apenas os atos humanos são frutos de deliberação e podem ser julgados como bons ou maus: a violência é, portanto, um atributo do ser humano e como tal constitui uma prática voluntária. Porém, existem atos humanos que, embora pareçam, não podem ser considerados violentos. Isso ocorre porque nem sempre é fácil e simples identificar se determinados atos são violentos. Por exemplo, se condenamos como atos criminosos e cruéis o infaticidio e o abandono de idosos, certamente ficamos escandalizados com povos que matam bebês ao nascer ou abandonam seus pais para morrer, como ocorria em algumas tribos. Esses costumes resultam do estado de extrema pobreza e fome, e geralmente seguem imperativos religiosos que impedem a escolha individual para que assim se possa garantir a sobrevivência do grupo. Em alguns rituais de passagem de tribos indígenas, os jovens permitem incisões em seu corpo e sofrem privações intensas durante algum período. Porém, essas práticas também não podem ser julgadas como violentas, mesmo que elas sejam, sim, dolorosas, e façam parte de um ritual pelo qual os jovens devem passar para provar que podem ser admitidos no mundo dos adultos. Nas sociedades ocidentais modernas, não se avalia que o médico-cirurgião comete uma violência ao extirpar um tumor quando abre o ventre do paciente, porque sua intenção não é ferir, mas salvar. Além disso, a ação ocorre com o consentimento do doente ou dos familiares. Em contraposição, certas religiões não admitem a transfusão de sangue, e seus seguidores consideram uma violência o médico realizar o procedimento à revelia do paciente. Como se vê, discutir sobre o que é ou não é violência depende muito de tradições e imperativos religiosos. ALGUNS TIPOS DE VIOLÊNCIA Violência estrutural ou violência branca – Acredita-se que esse tipo de violência faça parte da “ordem natural” das coisas, porém geralmente é de responsabilidade da falta de estrutura que o Estado não é capaz de garantir para que o cidadão tenha o pleno gozo de seus direitos. A vítima, por vezes, não percebe que está sofrendo dela. Exemplo é a alta taxa de mortalidade infantil em locais sem condições básicas de higiene. Violência passiva ou violência por omissão – Esse tipo de violência caracteriza-se pela omissão em prestar socorro ou fazer pouco caso com o sofrimento alheio. Exemplo: A ****música –Construção – do cantor Chico Buarque (a letra da música está disponível no final deste material), onde o morto é alvo dos passantes, que sequer notam que ele era um ser humano e o veem como estorvo. Discriminação – Ao privilegiarem algumas pessoas acaba-se por inferiorizar outras, gerando o preconceito, que significa um juízo prévio. Existem várias formas de discriminação e preconceito, como: sexual, racial e de classe. O texto aborda o racismo, o patriarcalismo e o elitismo. Racismo – É um preconceito que diferencia as raças/etnias, inferiorizando algumas delas. Na história do mundo são relatadas crenças de superioridade de um povo sobre o outro, tentando justificar atitudes de discriminação e de perseguição aos “inferiores”. Exemplo: “inferioridade” dos índios, negros, judeus e outros. Patriarcalismo – É o tipo de poder masculino, branco e adulto, devido ao caráter da nossa civilização onde o centro é a figura masculina. A infantilização da mulher, enquanto gênero faz parte da construção social, que torna a naturalização de determinados conceitos. Por exemplo, tem-se a mulher como criatura frágil para justificar sua “incapacidade”. Elitismo – O elitismo privilegia apenas uma parcela abastada da população, onde estes usufruem os bens, enquanto muitos trabalham para eles. Violência extrema – Esse tipo de violência leva a guerra, massacres e genocídios. A guerra é uma forma de violência onde grupos ou países se confrontam. A guerra civil é entendida como um confronto entre segmentos em um mesmo País, enquanto a guerra é o confronto entre Nações. Nas guerras atuais utiliza-se de alta tecnologia. Fala-se de guerra justa, quando o ideal é revolucionário ou de libertação nacional e a outra, injusta, quando é imperialista. Massacre e genocídio – Na guerra, paradoxalmente, almeja-se a paz. Entretanto, no decorrer da história, presenciamos diversos massacres. Ocorrem quando são contrariadas as regras vigentes em guerra e há morte de civis e prisioneiros de guerra, de maneira cruel. Exemplo: Noite de São Bartolomeu (1572) – Paris – Onde cerca de três mil (3000) protestantes foram mortos por católicos. ****MÚSICA Construção- Chico Buarque Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado...