universidade federal dos vales do jequitinhonha e mucuri – ufvjm

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO
JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM
MIGUEL HENRIQUE ROSA FRANCO
FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS PELO
PICLORAM POR Brachiaria brizantha
DIAMANTINA - MG
2013
MIGUEL HENRIQUE ROSA FRANCO
FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS PELO
PICLORAM POR Brachiaria brizantha
Dissertação apresentada à Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como parte das exigências do
Programa
de
Pós-Graduação
em
Produção Vegetal, área de concentração
em Grandes Culturas, para a obtenção do
título de “Mestre”.
Orientador: Dr. André Cabral França
DIAMANTINA - MG
2013
MIGUEL HENRIQUE ROSA FRANCO
FITORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS PELO
PICLORAM POR Brachiaria brizantha
Dissertação apresentada à Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, área de concentração em Grandes
Culturas, para a obtenção do título de
“Mestre”.
APROVADA em......... de .................................. de 2013
Prof. Dr. Evander Alves Ferreira - UFVJM
Membro
Prof. Dr. Leonardo D´Antonino - UFV
Membro
Prof. Dr. André Cabral França – UFVJM
Presidente
DIAMANTINA - MG
2013
OFEREÇO
Aos meus pais, Miguel e Zelma,
as minhas irmãs, namorada,
amigos e professores que
estiveram comigo em todo esse
percurso.
DEDICO
A Deus primeiramente, e a todas as
pessoas que tornaram possível a
conclusão deste trabalho.
i
AGRADECIMENTOS
À DEUS, pelo dom da vida, pelos ensinamentos e acompanhamento diário ao decorrer
da minha jornada acadêmica.
Aos meus pais Miguel Rosa Franco e Zelma A. Silva Franco, pelo carinho, amor,
dedicação e por ser pessoas tão especiais na minha vida. Pessoas estas a qual me espelho.
A minhas irmãs Julieta S. Rosa Franco e Luana S. Rosa Franco pela força, atenção,
dedicação e amor prestados a mim por todos esses anos.
Ao professor Dr. André Cabral França, pela amizade, orientação e exemplo de
profissional.
Ao professor Dr. José Barbosa dos Santos, pela amizade, conselhos e por estar sempre
disposto a ajudar quando precisei.
A professora Dra. Marcela Carlota Nery pela orientação, confiança e companheirismo
durante todo período do mestrado e por estar sempre me incentivando a continuar nesse
caminho.
Ao professor Dr. Evander Alves Ferreira por me auxiliar e estar presente sempre que
precisei, o qual se tornou um grande amigo.
A minha namorada Júlia Neves Martins, pelo carinho atenção e companheirismo.
A todos os companheiros da Republica Nós Travamos (Mateus, Francis, Vinicius,
Breno, Fabricio, Bernardo, Breno, Christiano, Maxwel) por serem minha segunda família e
estarem sempre presentes.
Aos companheiros do grupo de estudos NECAF, NES e MASPD, pelo carinho,
cumplicidade e companheirismo.
Aos meus colegas de classe pela ajuda nas noites de estudo e companheirismo.
Aos meus amigos de Diamantina (Gabriel, Gustavo, Pedro, Nucho, Dudu, Hudson,
Gabiru, Rodrigo, Ceará, Marcinho, Lúcio, João, Samuel, Pedro, Vitor, Bruno, Jorge, Léo,
Marcos Paulo, Aline, Willian, Cebola, Faustolo, Ricardo, Flávio, Avatar, Gabriru, Valadão,
Nykolas, Juliano, Ademilson, Guto, ...) que fizeram parte de uma das etapas mais importantes
da minha vida.
ii
Aos integrantes do NECAF, os quais sempre me ajudaram e estiveram comigo em
meus experimentos.
Ao amigo Marco Túlio Gomes Albuquerque, pela disposição e ajuda em todo o meu
experimento e também companheirismo nos bons momentos proporcionados em Diamantina.
Aos professores pelos ensinamentos profissionais, intelectuais e morais.
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), pela
oportunidade de realização do curso e pela contribuição à minha formação acadêmica.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão de Bolsa de Estudo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio
financeiro na execução deste trabalho.
Aos meus amigos em geral, ao qual dedico esta conquista.
A quem torceu pela minha vitória.
Obrigado!
iii
RESUMO
FRANCO, M.H.R. Fitorremediação de solos contaminados pelo picloram por Brachiaria
brizantha. 2013. 46p. (Dissertação - Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade Federal
dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2013.
Objetivou-se com esse trabalho avaliar a fitorremediação proporcionada pelo cultivo de
Brachiaria brizantha, cv. Piatã, em solos contaminados pelo picloram, determinando a sua
influência nas características fisiológicas e vegetativas do feijoeiro, utilizada como planta
bioindicadora. Para isso, foram realizados dois experimentos, sendo o primeiro composto pela
aplicação de diferentes doses do herbicida picloram (0; 7,5; 15; 30; 60 e 120 g ha -1) onde
cultivou-se Brachiaria brizantha, cv. Piatã (espécie fitorremediadora) por um período de 150
dias. O segundo experimento constou da permanência de Brachiaria brizantha, cv. Piatã nos
solos em diferentes períodos de cultivo (150, 210, 240, 270 e 300 dias), após a aplicação da
dose de 240 g ha-1 do picloram. O delineamento experimental adotado para os dois
experimentos foi o de blocos casualizados, com cinco repetições. As avaliações foram
compostas pela verificação da altura (cm), massa da matéria seca (g) e massa da matéria verde
(g) das plantas de braquiária no ensaio 1, e da massa da matéria seca (g) das plantas de
braquiária para os respectivos períodos de cultivo propostos no ensaio 2. Para as plantas de
feijão, foram feitas a determinação aos 50 dias após a semeadura (DAS) das seguintes
variáveis: altura (cm), massa da matéria seca (g), massa da matéria verde (g), fitotoxicidade
(%) aos 25 e 50 dias, área foliar (cm2), número de folhas por planta, eficiência fotossintética
máxima (Fv/Fm) e a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR). Avaliando-se os efeitos
tanto na planta fitorremediadora, quanto na bioindicadora, pode-se concluir que a remediação
proporcionada pelo cultivo da Brachiaria brizantha, cv. Piatã foi efetiva somente quando se
aplicou doses inferiores a 60 g ha -1 no solo. Após a aplicação do picloram, o maior período
de cultivo da braquiária no solo (300 DAS) proporcionou maior potencial remediador e,
consequentemente melhoria das características fisiológicas e morfológicas da cultura do
feijão.
Palavras-Chave: auxinas, Phaseolus vulgaris, resíduos, descontaminação de solo, atividade
fisiológica.
iv
ABSTRACT
FRANCO, M.H.R. Phytoremediation of soils contaminated by picloram with Brachiaria
Brizantha. In 2013. 46p. (Thesis - Master in Plant Production) - Federal University of the
Jequitinhonha and Mucuri, Diamantina, 2013.
The objective of this study was to evaluate the phytoremediation provided by cultivating B.
brizantha cv. Piata in soils contaminated by picloram, determining its influence on
physiological and vegetative characteristics in beans, used as bioindicator. For this, two
experiments were conducted, the first consisting of the application of different doses of the
herbicide picloram ( 0 , 7.5, 15 , 30, 60 and 120 g ha - 1 ) which were cultivated Brachiaria
Brizantha cv. Piata for a period of 150 days. The second experiment consisted of permanence
B. brizantha cv. Piatã on the soil in different periods (150 , 210, 240, 270 to 300 days) after
the application of a dose of 240 g ha -1 of picloram. The experimental design for both
experiments was a randomized block with five replications. The evaluations were made by
measuring the height ( cm ) , dry matter ( g ) and mass of green matter ( g ) of Brachiaria
plants in the trial 1 , and dry matter ( g ) of Brachiaria plants for respective periods proposed
in the trial 2. For the bean plants, were made evaluations at 50 days after sowing (DAS) of the
following variables: plant height ( cm ) , dry matter ( g ) , mass of green matter ( g ) ,
phytotoxicity ( % ) to 25 and 50 days , leaf area ( cm2 ) , number of leaves per plant ,
maximum photosynthetic efficiency ( Fv / Fm ) and the relative rate of electron transport
(ETR). Evaluating the effects on plants, the phytoremediation, and the bioindicator. It can be
concluded that the remediation provided by the cultivation of B. brizantha cv. Piata was
effective only when were applied doses below 60 g ha - 1 in the soil. After the application of
picloram, the longest period on the soil with brachiaria (300 DAS) provided the greatest
potential to remediation and hence improving the physiological and morphological
characteristics of the bean.
Keywords: auxins, Phaseolus vulgaris, waste, decontamination of soil, physiological activity.
v
LISTA DE TABELAS
ARTIGO CIENTÍFICO I
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 1: Características físicas e químicas do Argissolo VermelhoAmarelo utilizado no experimento..............................................................
Tabela 2: Características físicas e químicas do Argissolo VermelhoAmarelo após fitorremediação do herbicida picloram...............................
Pág.
11
12
ARTIGO CIENTÍFICO II
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 1: Características físicas e químicas do Argissolo VermelhoAmarelo utilizado no experimento.............................................................
25
Tabela 2: Características físicas e químicas do Argissolo VermelhoAmarelo após fitorremediação do herbicida picloram..............................
26
Tabela 3: Massa da matéria seca de plantas de braquiária cultivadas em
diferentes períodos no solo contaminado com o herbicida picloram...........
27
vi
LISTA DE FIGURAS
ARTIGO CIENTÍFICO I
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Pág.
Figura 1 – Número de folhas (A), área foliar (B) e massa da matéria
verde e seca (C e D) de plantas de feijoeiro cultivadas após a
fitorremediação de solos contaminados com o herbicida picloram
(Padron®).................................................................................................... 130
0
Figura 2 – Altura das plantas (A), fitotoxicidade aos 25 e 50 dias após a
semeadura (B) de plantas de feijoeiro cultivadas após a fitorremediação
de solos contaminados com herbicida picloram (Padron®)........................ 15
Figura 3 – Taxa relativa de transporte de elétrons (A), rendimento
quântico máximo do PSII (B) de plantas de feijoeiro cultivadas após a
fitorremediação de solos contaminados com herbicida picloram
(Padron®)................................................................................................
160
0
ARTIGO CIENTÍFICO II
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 1 – Número de folhas (A); área foliar (B); massa da matéria verde
(C); massa da matéria seca (D) de plantas de feijoeiro cultivadas após
diferentes épocas de permanência da braquiária (Brachiaria brizantha, cv
Piatã) na fitorremediação em solos contaminados com herbicida picloram
(Padron®) ................................................................................................... 280
0
Figura 2 – Altura de plantas (A), fitoxicidade aos 25 e 50 DAS (B) de
plantas de feijoeiro cultivadas após diferentes épocas de permanência da
braquiária (Brachiaria brizantha, cv Piatã) na fitorremediação em solos
contaminados com herbicida picloram (Padron®) ...................................... 29
Figura 3 – Taxa relativa de transporte de elétrons (A); rendimento
quântico máximo do PSII (C) de plantas de feijoeiro cultivadas após
diferentes épocas de permanência da braquiária (Brachiaria brizantha, cv
Piatã) na fitorremediação em solos contaminados com herbicida picloram
310
(Padron®).................................................................................................
0
vii
SUMÁRIO
RESUMO.…………………………………………………………………………….
Pág.
iii
ABSTRACT….………………………………………………………………….……
iv
LISTA DE TABELAS..…………………………………………………………...….
v
LISTA DE FIGURAS..…………………………………………………………....….
vi
INTRODUÇÃO GERAL……………………………………………………….…….
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.……………………………………………….
4
ARTIGO CIENTÍFICO I. Características fisiológicas e morfológicas do feijoeiro
cultivado em solos com resíduos de picloram...........................................................
7
Resumo..........................................................................................................................
7
Abstract.........................................................................................................................
8
1 Introdução..................................................................................................................
8
2 Material e métodos.....................................................................................................
10
3 Resultados e discussão..............................................................................................
12
4 Conclusões.................................................................................................................
17
5 Referências bibliográficas.........................................................................................
ARTIGO CIENTÍFICO II. Remediação de solos contaminados pelo picloram por
Brachiaria brizantha ..........................................................................................
Resumo.........................................................................................................................
17
Abstract.........................................................................................................................
22
1 Introdução..................................................................................................................
22
2 Material e métodos.....................................................................................................
24
3 Resultados e discussão..............................................................................................
27
4 Conclusões.................................................................................................................
31
5 Referências bibliográficas.........................................................................................
32
CONCLUSÃO GERAL................................................................................................
36
ANEXOS.......................................................................................................................
37
21
21
1
1
INTRODUÇÃO GERAL
2
3
Um das principais características da pecuária brasileira é a alta disponibilidade de
4
pastagens, o que proporciona o fornecimento de carne e leite de forma competitiva em termos
5
de custo de produção e qualidade. Entretanto, estima-se que 80%, dos 50 a 60 milhões de
6
hectares de pastagens do país encontram-se em algum estádio de degradação e com alto
7
índice de infestação de plantas daninhas, sendo este, um dos maiores problemas de sistema de
8
produção de bovinos no Brasil (Santos et al., 2006). Segundo os mesmos autores, a utilização
9
de herbicidas tem contribuído de maneira significativa, tanto na preservação das pastagens,
10
quanto na substituição dessas áreas por outras formas de cultivo, como por exemplo, a
11
implantação do plantio direto de culturas anuais.
12
Silva et al. (2002) relatam que dentre os métodos de controle de plantas daninhas
13
disponíveis, o químico é o mais utilizado, e tem como objetivo provocar morte e/ou inibir o
14
desenvolvimento das daninhas. No entanto, deve-se fazer o uso deste método, associado a
15
outras técnicas de controle, sendo a de maior ênfase o controle cultural.
16
Entre os herbicidas mais utilizados nas pastagens brasileiras, destaca-se o picloram, que
17
se caracteriza por elevada persistência no solo (Dornelas de Souza et al., 2001; Berisford et
18
al., 2006; Santos et al., 2006), baixa sorção aos coloides do solo, alta solubilidade em água e
19
elevado potencial de lixiviação, podendo atingir aquíferos subterrâneos (Bovey & Richardson,
20
1991; Pang et al., 2000; Close et al., 2003).
21
O comportamento das moléculas de um herbicida no solo é dependente de três
22
processos: retenção, transformação e, ou transporte (Weber & Miller, 1989). Dentre as
23
características pertinentes ao solo, pode-se destacar o pH, a matéria orgânica, a textura e
24
mineralogia, a temperatura e a umidade (Silva et al., 2007). Devido ao grande número de
25
fatores envolvidos é difícil predizer o tempo exato para dissipação das moléculas. Os solos
26
brasileiros normalmente têm valores de pH entre 4 a 6,5 e nestas condições o herbicida
27
picloram se comporta como um ácido (pKa 2,3), sendo que a maioria de suas moléculas se
28
encontram na forma aniônica (Oliveira Jr. et al., 2001). Nesta forma as moléculas são
29
repelidas pelas cargas negativas presentes nos solos, o que faz com que este herbicida seja
30
menos sorvido (Regitano et al., 2001).
31
O picloram é utilizado na composição da maioria dos herbicidas registrados para
32
pastagens no Brasil e, aliado à baixa tecnologia de aplicação desses pesticidas, tornam esse
33
composto ambientalmente perigoso, principalmente em locais com lençol freático superficial,
34
em áreas onde o agricultor deseja implantar a integração lavoura/pecuária ou a consorciação
2
35
entre culturas e espécies forrageiras (Kichel et al., 1998). Segundo Silva et al. (2007)
36
pequenas quantidades do picloram no solo, podem causar intoxicação em espécies sensíveis,
37
como soja, feijão, algodão e outras dicotiledôneas, quando cultivadas em sequência.
38
D’Antonino et al. (2012), trabalhando com mudas de café em solos com resíduos de picloram
39
verificou redução drásticas no desenvolvimento das mesmas, podendo ter reflexos futuros na
40
produtividade do cafeeiro. Além disso, processos como ocorrência de deriva em aplicações
41
mal conduzidas com herbicidas auxínicos, podem causar sérios prejuízos ao desenvolvimento
42
de culturas dicotiledôneas (Kelley et al., 2005), como cucurbitáceas, solanáceas. D’Antonino
43
et al. (2012),
44
Desta forma, quando a utilização do picloram for realizada visando o controle de
45
plantas daninhas, pode ocorrer o impedimento do plantio de culturas sensíveis ao herbicida
46
por pelo menos três anos. Outro fator preocupante quando a aplicação do picloram se refere
47
ao fato deste xenobiótico possuir alta solubilidade em água, favorecendo sua movimentação
48
vertical no perfil do solo e podendo atingir e se distribuir em águas subterrâneas (Santos et al.,
49
2006).
50
Devido à necessidade do uso racional dos insumos agrícolas para minimizar os
51
impactos ambientais da agricultura, estudos tem sido realizados com a finalidade de se
52
verificar o comportamento de herbicidas no solo e na planta (Futch & Singh 1999; Pang et
53
al., 2000; Carrizosa et al., 2004). Porém, pouco se sabe do comportamento dessas moléculas
54
em solos tropicais e seu real efeito no meio ambiente (Inoue et al., 2002; Inoue et al., 2003).
55
Segundo Pires et al. (2001) alternativas biológicas, como a técnica da biorremediação, vem
56
sendo largamente utilizadas com objetivo de resolver este tipo de problema. Desta forma, são
57
utilizadas espécies vegetais capazes de remover e/ou degradar esses elementos no solo,
58
eliminando o risco de carryover. A seleção destas espécies remediadoras deve apresentar
59
fácil controle posterior, podendo se potencializar como adubos verdes, espécies forrageiras ou
60
plantas de cobertura (Carmo et al., 2008 a)
61
Neste contexto, trabalhos realizados em países, geralmente de clima temperado, tem
62
difundido em grande escala o uso de plantas de remediação de pesticidas (Cunningham et al.,
63
1996; Fernandez et al., 1999), tendo algumas destas demonstrado grande eficiência na
64
remediação de solos contaminados com atrazine (Perkovich et al., 1996; Arthur et al., 2000),
65
simazine (Wilson et al., 1999) e metolachlor (Anderson et al., 1995; Rice et al., 1997). No
66
Brasil, diversas pesquisas tem sido apresentadas mostrando um bom resultado no cultivo da
67
mucuna-preta e do feijão-de-porco na remediação de solos contaminados por tebuthiuron
3
68
(Pires et al., 2003) e trifloxysulfuron-sodium (Procópio et al., 2005; Santos et al., 2004),
69
sendo estes, identificados como altamente persistentes em solos agrícolas.
70
Procópio et al. (2008) trabalhando com a espécie Eleusine coracana, na densidade
71
populacional de até 172 plantas m-2 , demonstraram alta capacidade desta em remediar solos
72
contaminados com picloram, proporcionando assim redução de “carryover” do herbicida
73
sobre a cultura da soja semeada em sucessão. A possibilidade de utilização de E. coracana,
74
além do efeito remediador, da facilidade de multiplicação e do baixo custo de aquisição, é
75
interessante também pela facilidade no controle posterior das plantas dessa espécie, pois se
76
trata de uma espécie anual e com alta sensibilidade ao herbicida glyphosate, sendo, portanto,
77
baixo o risco de se tornar uma espécie daninha.
78
Em outro trabalho Procópio et al. (2009) verificaram que a espécie Panicum maximum
79
cv. Tanzânia influenciou no nível de intoxicação do herbicida picloram sobre a cultura da soja
80
semeada em sucessão, tendo capacidade de remediar solos contaminados com esse herbicida.
81
Segundo os autores, este processo foi influenciado pela densidade populacional da espécie
82
fitorremediadora P. maximum cv. Tanzânia, alcançando seu máximo com 122 plantas m-2 e
83
havendo decréscimo em maiores populações.
84
O cultivo prévio do capim-tanzânia por 60 dias, em solo classificado como Latossolo
85
Vermelho eutroférrico, pode garantir crescimento satisfatório de plantas de soja e tomate em
86
ambiente com resíduos de picloram em torno de 80 g ha -1. Porém, em maiores concentrações
87
do picloram a fitorremediação realizada pelas plantas de capim-tanzânia não proporcionou
88
bom crescimento das plantas de soja e tomate, sendo necessária continuidade no processo de
89
descontaminação (Carmo et al., 2008 b).
90
Devido a estes fatores, é de vital importância se conhecer a melhor forma de
91
recomendação e aplicação do picloram. Isso evitaria a ocorrência de problemas ambientais e
92
de intoxicação de cultivos sucessores. Em decorrência, estabelecer critérios e soluções para
93
fitorremediação biológica de solos contaminados e com problemas de cultivos devido ao uso
94
inadequado deste xenobiótico.
95
O presente trabalho teve como objetivo analisar a fitorremediação de solos
96
contaminados pelo picloram por Brachiaria brizantha, cv. Piatã, e avaliar as características
97
fisiológicas e morfológicas do feijoeiro cultivado em sucessão.
98
99
100
101
4
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
103
104
105
106
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152
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ARTIGO CIENTÍFICO I: NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DA REVISTA
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CAATINGA
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Disponível em:
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192
193
CARACTERÍSTICAS FISIOLÓGICAS E MORFOLÓGICAS DO FEIJOEIRO
194
CULTIVADO EM SOLOS COM RESÍDUOS DE PICLORAM
195
RESUMO – O objetivo deste trabalho foi avaliar as características fisiológicas e
196
morfológicas de plantas de feijão cultivadas em solos submetidos à aplicação de diferentes
197
doses do picloram após o cultivo de Brachiaria brizantha, cv. Piatã. O experimento foi
198
conduzido em casa de vegetação, utilizando-se vasos de 20 litros e solo classificado como
199
Argissolo Vermelho-Amarelo. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso,
200
sendo os tratamentos compostos pela aplicação de seis doses do picloram (0; 7,5; 15; 30; 60 e
201
120 g ha-1) e cinco repetições. Após cinco dias de aplicação do herbicida realizou-se o cultivo
202
de quatro plantas de Brachiaria brizantha, cv. Piatã por vaso, por um período de 150 dias.
203
Após, este período realizou-se o corte da braquiária, avaliando-se a altura (cm), massa da
204
matéria seca (g) e massa da matéria verde (g). No mesmo dia semeou-se o feijão, como planta
205
bioindicadora da presença do picloram nos solos, permanecendo por 50 dias nos vasos. Aos
206
50 dias após o semeio foram feitas as seguintes avaliações nas plantas de feijão: altura (cm),
207
massa da matéria seca (g), massa da matéria verde (g), fitotoxicidade (%) aos 25 e 50 dias,
208
área foliar (cm2), número de folhas por planta, eficiência fotossintética máxima (Fv/Fm) e a
209
taxa relativa de transporte de elétrons (ETR). Resíduos no solo de picloram até 60 g ha-1 são
210
fitorremediados pelo cultivo da Brachiaria brizantha. As plantas de feijão (Phaseolus
211
vulgaris) apresentaram bom potencial como indicador biológico da presença de resíduos do
212
picloram no solo. Resíduos no solo de picloram até 60 g ha-1 são fitorremediados pelo cultivo
213
da Brachiaria brizantha.
214
Palavra chave: Phaseolus vulgaris; auxinas; contaminação; remediação.
215
MORPHOLOGICAL AND PHYSIOLOGICAL CHARACTERISTICS IN BEAN
216
GROWN ON SOILS WITH PICLORAM
217
8
218
ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate the physiological and morphological
219
characteristics of bean plants grown in soils subjected to different doses of picloram after
220
culturing of B. brizantha cv. Piata. The experiment was conducted in a greenhouse, using 20
221
L pots and soil classified as Ultisol. The experimental design was a randomized blocks, with
222
treatments consisted of the application of six doses of picloram (0, 7.5, 15, 30, 60 and 120 g
223
ha-1) and five replications. After five days of herbicide application was sowed four plants of
224
B. brizantha cv. Piata per pot, and grown for a period of 150 days. After this period there was
225
the cutting of Brachiaria, evaluating the plant height (cm), dry matter (g) and mass of green
226
matter (g). On the same day was sowed the beans as bioindicator plants of the presence of
227
picloram in the soil, grown for 50 days in pots. At 50 days after sowing were done the
228
following evaluation in bean plants: height (cm), dry matter (g), mass of green matter (g),
229
phytotoxicity (%) at 25 and 50 days, leaf area ( cm2), number of leaves per plant, maximum
230
photosynthetic efficiency (Fv / Fm), and the relative rate of electron transport (ETR).
231
Picloram residues up to 60 g ha-1 in the soil are removed by the cultivation of Brachiaria
232
Brizantha. The Bean plants (Phaseolus vulgaris) showed good potential as a biological
233
indicator of the residues of picloram in the soil. Picloram residues up to 60 g ha-1 in soil are
234
removed by the cultivation of Brachiaria Brizantha.
235
Keywords: Phaseolus vulgaris; auxin, contamination, remediation
236
237
INTRODUÇÃO
238
239
Nos últimos anos o Brasil tornou-se o maior consumidor mundial de agrotóxicos, sendo
240
os herbicidas responsáveis pela maior parte, representando cerca de 45% do consumo total
241
(SINDAG, 2009).
242
Devido ao grande uso dos herbicidas, vem aumentando a preocupação com a
243
contaminação ao meio ambiente, principalmente, em se tratando de águas subterrâneas
244
(CELIS et al., 2005). Sabe-se ainda, que alguns desses herbicidas podem contaminar o solo
245
influenciando negativamente cultivos posteriores, e também atingindo os lençóis freáticos por
246
meio de lixiviação e escorrimento superficial (D’ANTONINO et al., 2009a; SANTOS et al.,
247
2010). Deste modo, pesquisas envolvendo sorção, dessorção, meia-vida e lixiviação de
248
herbicidas no solo, são essenciais pra prever eventuais prejuízos causados por esses
249
compostos ao ambiente (VAN WYK & REINHRDT, 2001).
9
250
Neste contexto, estudos em solos tropicais, observando características como pH,
251
minerais de argila 1:1, matéria orgânica e CTC total envolvendo o destino dos herbicidas no
252
ambiente, evidenciam que estes fatores podem exercer grande influência no que diz respeito
253
aos mecanismos quem controlam o destino final dos herbicidas iônicos no solo (COSTA et
254
al., 2000; ROCHA et al., 2000; ALBUQUERQUE et al., 2001).
255
Nas pastagens brasileiras o picloram é um dos principais herbicidas utilizados no
256
controle de espécies de plantas daninhas de folhas largas, apresentando seletividade,
257
principalmente as espécies da família poaceae (SANTOS et al., 2006). Particularmente, esse
258
herbicida apresenta meia-vida de 20 a 300 dias (SILVA et al., 2007), podendo em alguns
259
casos permanecer no solo por ate três anos após sua aplicação (DEUBERT & CORTE-
260
REAL., 1986).
261
Diante deste fato há necessidade de estudos focados na remoção deste herbicida,
262
criando técnicas que apresentem simplicidade de execução, efetividade e menor custo (PIRES
263
et al., 2003). Para tanto, utiliza-se a técnica de fitorremediação, que consiste em aproveitar a
264
capacidade que algumas espécies vegetais possuem de acelerar a degradação ou imobilização
265
de alguns compostos tóxicos no ambiente. Já se sabe que a associação da planta com a
266
microbiota é capaz de metabolizar a molécula tóxica, diminuindo a contaminação do solo
267
(CUNNINGAM al., 1996).
268
Entre as formas e mecanismos fisiológicos responsáveis pela remediação do solo, tem-
269
se a fitoextração (SCHOOR et al., 1995) e a fitoestimulação. Na fitoextração, o herbicida é
270
absorvido
271
fitocompartimentalizado, fitovolatilizado, fitoexsudado ou fitodegradado (SUSARLA et al.,
272
2002). Na fitoestimulação, também descrita como rizodegradação, ocorre o processo pelo
273
qual a planta remediadora libera compostos que estimulam a microbiota do solo a metabolizar
274
o contaminante (SANTOS et al., 2007a).
pelas
raízes
das
plantas
remediadoras,
podendo
ser
posteriormente
275
Concomitante a isto, a efetividade do método e o tempo gasto para a remediação estão
276
diretamente ligados a escolha da espécie correta para cada tipo de molécula tóxica e as
277
condições edafoclimáticas do local (SANTOS et al., 2007b).
278
Silva et al. (2006) comprovou que além do potencial de fitorremediação da espécie, na
279
escolha da mesma deve se observar
280
multiplicação, e não apresentar problemas para ser erradicada da área fitorremediada,
281
diminuindo os riscos da mesma não se tornar espécie daninha.
a facilidade em se obter propágulos, ser de fácil
282
Com objetivo de diminuir o risco ambiental causado pelo picloram, algumas espécies
283
vegetais vêm sendo estudadas por serem capazes de remediar seus efeitos no solo e diminuir
10
284
seu tempo de meia-vida. Estudos vêm demonstrando que diversas espécies de forrageiras,
285
como o capim-pé-de-galinha gigante (Eleusine coracana), braquiárias e Panicum maximum,
286
tem sido utilizadas em programas de fitorremediação do picloram (BELO et al., 2007a;
287
PIRES et al., 2008; SANTOS et al., 2006; BELO et al., 2007b; SANTOS et al., 2007b;
288
CARMO et al., 2008 a; CARMO et al., 2008 b).
289
Existem hoje diversas variáveis em estudos onde são realizados a aferição da
290
fluorescência da clorofila a, destacando assim a fluorescência inicial (F0), fluorescência
291
máxima (Fm), fluorescência variável (Fv), rendimento quântico máximo do PSII (Fv/Fm) e a
292
taxa relativa de transporte de elétrons (ETR).
293
O F0 representa a fluorescência com todos os centros de reação “abertos” e refere-se à
294
emissão de fluorescência pelas moléculas de clorofila a do complexo coletor de luz do PSII
295
(KRAUSE & WEIS, 1991). O Fm indica a completa redução da quinona A (QA) a partir da
296
incidência de um pulso de luz no centro de reação QA, gerando fluorescência máxima. A
297
diferença entre Fm e F0 resulta na fluorescência variável (Fv), sendo que a Fv faz referência ao
298
fluxo de elétrons do centro de reação do PSII (P680) até a plastoquinona (PQH2). Já
299
rendimento quântico máximo é calculado pela relação: Fv/Fm = (Fm-F0)/Fm.
300
Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade fitorremediadora de
301
Brachiaria brizantha, cv. Piatã, em solos contaminados pelo picloram por meio da avaliação
302
das características fisiológicas e morfológicas de plantas de feijão cultivadas em sucessão.
303
304
MATERIAL E MÉTODOS
305
306
O experimento foi realizado casa de vegetação da Universidade Federal dos Vales do
307
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), localizado no município de Diamantina, MG, (18°12'S e
308
43°34'W; 1387 m de altitude) com temperatura média anual de 18°C, índice médio
309
pluviométrico anual de 1.404,7 mm, com clima Cwb, segundo a classificação Köppen, ou
310
seja, temperado úmido com inverno seco e chuvas no verão.
311
Utilizou-se do delineamento experimental de blocos casualizados (DBC), com seis
312
tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram compostos pela aplicação de doses
313
crescentes do picloram – Padron® (0; 7,5; 15; 30; 60 e 120 g ha -1) no solo, com posterior
314
cultivo da Brachiaria brizantha, cv. Piatã, como planta fitorremediadora.
315
Como substrato para o cultivo das plantas utilizou-se de solo classificado como
316
Argissolo Vermelho-Amarelo, cujas análises física e química estão representadas na tabela 1.
11
317
As amostras do solo em estudo foram retiradas na profundidade de 0-20 cm, em área sem
318
histórico de aplicação de herbicidas, e passadas em peneira com malha de 4 mm.
319
320
321
Tabela 1. Características físicas e químicas do Argissolo Vermelho-Amarelo utilizado no
experimento.
-1
Análise granulométrica (dag kg )
Areia
38
Silte
6
Argila
56
Classe textural
Argilosa
Análise química
SB
t
T
Ca
Mg
Al+3 H + Al
-3
-3
mg dm
.............................................cmolc dm ..........................................
H2O
6,1
1,3
8
0,1
0,1
0,3
4,6
0,3
0,6
4,9
P-rem
Zn
Fe
Mn
Cu
B
MO
-1
mg L..........................................
dag kg-1
mg dm-3.........................................
7,3
0,2
30,5
0,7
0,1
0,1
1,9
pH
P
K
+2
+2
m
V
.........%.........
50
6
322
323
324
325
326
327
328
329
330
Análises realizadas no Laboratório de Análises Físicas e Químicas de Solos do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. pH água: Relação solo-água 1:2,5. P e K: Extrator
Mehlich. Ca, Mg e Al: Extrator KCl 1 mol L-1. T: Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m: Saturação de
alumínio. V: Saturação por bases. MO – Teor de matéria orgânica determinado pelo método da oxidação do
carbono por dicromato de potássio em meio ácido multiplicado por 1,724.
331
de acordo Cantarutti (1999), este foi colocado nos vasos revestidos com filme de polietileno,
332
visando evitar perda do herbicida por lixiviação. Foram utilizados 17,0 kg do substrato por
333
vaso, os quais foram irrigados ajustando-se a umidade em valor próximo a 80% da capacidade
334
de campo.
Após o preparo do solo, com respectiva calagem e adubação das plantas de braquiária
335
A semeadura da braquiária foi realizada cinco dias após a aplicação (DAA) do picloram,
336
em solo úmido, sendo que sete dias após a emergência (DAE), foi realizado desbaste,
337
deixando-se quatro plantas por vaso.
338
Após 150 dias do plantio (DAP) da braquiária aos vasos realizou-se o corte da parte
339
aérea destas plantas, avaliando-se a massa da matéria verde e massa da matéria seca (g) e
340
altura das plantas (cm). Em seguida, semeou-se o feijão nos vasos, deixando-se duas
341
plantas/vaso. Semanalmente procedeu-se a reposição de nutriente com adubo foliar Sempre
342
Verde® (15-15-20) na proporção de 5 g/L. Aos 50 dias após a semeadura (DAS) do feijão,
343
realizou-se as seguintes avaliações na planta bioindicadora: massa da matéria (g), massa da
344
matéria seca(g) e altura da parte área das plantas; intoxicação das plantas aos 25 e 50 DAS;
345
área foliar e número de folhas/planta, e estimação da fluorescência das plantas.
346
As avaliações procederam-se através da medição da parte aérea (régua graduada), onde
347
posteriormente as plantas retiradas foram pesadas em balança eletrônica com precisão de
348
0,0001 g (determinação da massa verde), e acondicionadas em sacos de papel, sendo enviadas
349
ao laboratório de propagação de plantas. No laboratório foram feitas as determinações da área
12
350
foliar através do software Determinador Digital de Áreas (DAA) (FERREIRA et al., 2008), e
351
matéria seca da parte área. Para isso, utilizou-se de estufa com circulação forçada de ar, a 65
352
ºC, até que o material atingisse peso constante.
353
As variáveis da fluorescência da clorofila a foram determinadas com o fluorímetro
354
portátil de luz modulada MINI-PAM (Walz, Germany). Foram determinadas o rendimento
355
quântico máximo do PSII (Fv/Fm) e a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR),
356
quantificados a partir das avaliações na folha mais jovem com limbo foliar totalmente
357
expandido.
358
Ao final do experimento, após a retirada das plantas dos recipientes plásticos, foram
359
coletadas amostras dos solos destes, procedendo-se em seguida a nova caracterização
360
química, a fim de comparação entre características do solo antes e depois da realização dos
361
testes (Tabela 2). As amostras do solo em estudo foram retiradas na profundidade de 0-15 cm,
362
sendo elaborada uma amostra composta representativa para todos os tratamentos.
363
364
Tabela 2. Características físicas e químicas do Argissolo Vermelho-Amarelo após
fitorremediação do herbicida picloram.
-1
Análise granulométrica (dag kg )
Areia
38
Silte
6
Argila
56
Classe textural
Argilosa
Análise química
H + Al
SB
t
T
Ca
Mg
Al+3
-3
-3
mg dm
.............................................cmolc dm ..........................................
H2O
5,8
5,64
128,16
1,3
0,6
0,08
4,2
2,23
2,31
6,43
P-rem
Zn
Fe
Mn
Cu
B
MO
-1
mg L..........................................
dag kg-1
mg dm-3.........................................
1,27
32,59
2,59
0
0,42
1,1
pH
P
K
+2
+2
m
V
.........%.........
3
35
365
366
367
368
369
370
371
372
373
Análises realizadas no Laboratório de Análises Físicas e Químicas de Solo do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. pH água: Relação solo-água 1:2,5. P e K: Extrator
Mehlich-1. Ca, Mg e Al: Extrator KCl 1 mol L-1. T: Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m: Saturação de
alumínio. V: Saturação por bases. MO – Teor de matéria orgânica determinado pelo método da oxidação do
carbono por dicromato de potássio em meio ácido multiplicado por 1,724.
374
comparadas por análise de regressão, com escolha dos modelos baseada na sua significância,
375
no fenômeno biológico e no coeficiente de determinação.
Os dados foram submetidos à análise de variância (p < 0,05), sendo as variáveis
376
377
RESULTADOS E DISCUSSÃO
378
379
Quanto a altura de planta, massa da matéria seca e massa da matéria verde da parte
380
aérea da Brachiaria brizantha, mensuradas aos 150 DAS não foi observado efeito
381
significativo da interação entre os fatores, ou seja, não houve influência da aplicação do
13
382
picloram nessas variáveis, o que confirma a seletividade dessa espécie a esse herbicida nas
383
doses aplicadas, viabilizando estudos de remediação com a mesma.
384
Observa-se na Figura 1A, que o número de folhas das plantas de feijão aos 50 DAS foi
385
reduzido de forma quadrática com aumento das doses de picloram, ocorrendo menor redução
386
até a dose de 30 g ha-1. No entanto, com o aumento das doses aplicadas, houve maior redução
387
drástica da característica estudada. Analisando-se a área foliar das plantas de feijão, semeadas
388
após o cultivo da espécie fitorremediadora (Figura 1B), pode-se verificar que aos 50 DAS
389
houve uma redução significativa desta variável à medida que se aumentou as doses de
390
picloram no solo, comparada a testemunha sem aplicação. Pode-se então, inferir que houve
391
uma tendência de relação positiva entre o número de folhas das plantas e a área foliar
392
observada, obtendo uma tendência gráfica similar para essas duas variáveis em estudo. De
393
acordo com D’Antonino et al. (2012), trabalhando com mudas de café transplantadas em
394
solos com diferentes valores de pH e contaminados com resíduos de picloram, observou-se
395
um decréscimo da área foliar a medida que se aumentou as doses do herbicida no solo.
160
140
20
120
Área foliar (cm2)
Número de folhas do feijão
24
16
12
8
100
80
60
40
4
20
0
7,5 15
30
60
120
0
7,5
Dose de picloram (g ha-1)
15
30
60
Dose de picloram (g ha-1)
A
B
120
90
24
80
22
Massa da matéria seca do feijão (g)
Massa da matéria verde do feijão (g)
14
70
60
50
40
30
20
10
15
18
16
14
12
10
8
6
4
0
0
7,5
20
30
60
120
7,5
Dose de picloram (g ha )
C
15
30
60
Dose de picloram (g ha-1)
-1
D
396
397
398
Figura 1. Número de folhas (A), área foliar (B) e massa verde (C) e matéria seca (D) de
plantas de feijão cultivadas em sucessão a Brachiaria brizantha em solos tratados com o
picloram.
399
Houve uma redução também na massa da matéria seca e verde (Figura 1 C e D), e altura
400
das plantas de feijão (Figura 2A) quando as mesmas foram submetidas a doses crescentes do
401
picloram, ocorrendo uma redução de forma exponencial nessas variáveis. Observa-se também
402
que a dose de 120 g ha-1 do picloram causou a morte das plantas bioindicadoras.
403
Carmo et al. (2008a), avaliando o período de cultivo de Panicum maximum na
404
fitorremediação de solo contaminado com picloram, observou aumento na altura das plantas
405
de soja, com 60 dias de permanência das plantas fitorremediadoras, tanto na dose de 80 como
406
na de 160 g ha-1. Procópio et al.(2008) avaliando a influência da densidade populacional de
407
capim-pé-de-galinha-gigante sob a fitorremediação de solo contaminado com picloram,
408
relatam redução significativa da matéria seca de plantas de soja, após 100 dias de
409
permanência da planta fitorremediadora, independentemente da dose e da densidade de
410
plantas de utilizadas.
411
A intoxicação das plantas de feijão, avaliada aos 25 e 50 DAS, variou de 0 a 100%.
412
Evidenciou-se que com o aumento da dose do herbicida, houve maior intoxicação nas plantas
413
de feijão cultivadas após a proposição de fitorremediação do solo contaminado pelo picloram
414
pela braquiária. Nas épocas analisadas, obteve-se notas de 100%, quando se aplicou as doses
415
de 120 g ha-1(Figura 2B). Estudos realizados por Santos et al. (2006), onde se avaliou a
416
persistência do herbicida picloram no solo no controle de algumas plantas daninhas em
120
417
pastagens utilizando plantas de pepino como planta-teste, observou-se alta intoxicação no
418
indicador biológico da presença do herbicida, quando o mesmo teve efeito residual até 180
419
DAA . No entanto, Carmo et al.(2008b), observando plantas de tomate como bioindicadoras,
420
reporta resultados satisfatórios da porcentagem de fitoxicidade dessas plantas, quando o solo
421
foi cultivado por cerca de 60 dias pelo capim-pé-de-galinha-gigante, nas doses de 80 e 160 g
422
ha-1 do picloram.
40
110
36
100
32
90
28
80
Fitoxicidade (%)
Altura de plantas de feijão (cm)
15
24
20
16
12
70
60
50
40
8
30
4
20
0
0
7,5
15
30
60
120
7,5
30
120
60
Dose de picloram (g ha )
Dose de picloram (g ha )
A
15
-1
-1
B
423
424
Figura 2. Altura (A) e intoxicação (B) de plantas de feijão aos 25 e 50 dias após a semeadura
cultivadas em sucessão a Brachiaria brizantha em solos tratados com o picloram.
425
Para a relação Fv/Fm observou-se tendência de decréscimo nos valores dessa variável,
426
no entanto, esses valores foram abaixo de 0,75 apenas nas doses de 60 e 120 g ha-1 (Figura
427
3A). Bòlhar-Nordenkampf et al. (1989) relata que o rendimento quântico máximo do PS II
428
(Fv/Fm) pode variar de 0,75 a 0,85 em plantas não submetidas a estresses. Desta forma, a
429
redução desta razão é um excelente indicador de efeito fotoinibitório quando as plantas estão
430
submetidas ao estresse químico (ARAUS et al., 1994). Pode-se dizer então, que somente as
431
plantas submetidas às doses de 30, 60 e 120 g ha-1 sofreram algum tipo de stress químico de
432
acordo com essa variável, obtendo-se ponto de máximo stress na dose de 20,90 g ha -1 do
433
herbicida.
434
Analisando a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR) pode-se avaliar também uma
435
tendência a decréscimo linear desta variável, à medida que se aumentou a dose do herbicida
436
aplicado (figura 3B).
16
437
Com o parâmetro ETR detecta-se o efeito da atuação do herbicida em níveis de
438
concentração de 0,5 micromoles dm-3, enquanto isso, na medição do parâmetro Fv/Fm
439
detectou-se apenas um nível de concentração que é 100 vezes maior (KORRES et al., 2003;
440
ABBASPOOR et al., 2006). Estudos sugerem que os herbicidas auxínicos quando aplicados
441
em plantas sensíveis, estes interferem na ação da enzima RNA-polimerase, e
442
consequentemente, na síntese de ácidos nucleicos e proteínas (THILL, 2003), afetando
443
seriamente os aspectos metabólicos da plasticidade da parece celular (SILVA et al., 2007).
444
Ainda segundo Silva et al., 2007, esses herbicidas induzem intensa proliferação celular em
445
tecidos, além de interrupção do floema, sendo que este alongamento celular parece estar
446
relacionado com a diminuição do potencial osmótico das células, provocado pelo efeito desse
447
herbicida sobre o afrouxamento das paredes celulares. Pode-se dizer então, que o aumento das
448
doses do herbicida aplicado, causou um desbalanço na atividade fotossintética das plantas de
449
feijão, afetando indiretamente o seu fotossistema, e diminuindo assim a taxa de crescimento
450
das mesmas.
451
27
0,8
24
ETR (µmols elétrons m-2 s-1)
0,9
Fv / Fm (mg L-1)
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
21
18
15
9
6
3
0,1
0
0,0
7,5
15
30
60
120
7,5
Dose de picloram (g ha-1)
A
Yˆ  23,6262  0,2518 x  0,0012 x 2 ; R 2  0,97
12
15
30
60
Dose de picloram (g ha-1)
B
452
453
454
Figura 3. Taxa relativa de transporte de elétrons (A) e rendimento quântico máximo do PSII
(B) de plantas de feijão cultivadas em sucessão a Brachiaria brizantha em solos tratados com
o picloram.
455
Ao se comparar as analises de solo antes e após o ensaios, pode-se notar a presença de
456
um pH bem acima do pKa do herbicida e uma redução considerável da matéria orgânica do
120
17
457
solo a medida que foram realizados os cultivos sucessivos das plantas fitorremediadoras e
458
biondicadoras nos mesmos, fato este que pode ter colaborado para uma maior dissociação do
459
herbicida, ficando assim o picloram menos retido aos coloides do solo e sujeito a maior
460
absorção do mesmo pelas plantas bioindicadoras.
461
Segundo Rodrigues et al. (2005) o picloram apresenta pKa igual a 2,3, sendo que quanto
462
maior for o pKa do herbicida, menor será seu caráter ácido e menor a sua capacidade de
463
encontrar-se na forma aniônica. Sendo assim, quanto mais próximo o pH do solo em relação
464
ao pKa do herbicida, maior será a chance do herbicida estar na sua forma neutra, aumentando
465
assim a sua absorção nas partículas coliodais do solo. Portanto, em solos com pH superior ao
466
valor do pKa do herbicida, ocorre uma maior dissociação e uma menor capacidade de
467
retenção do mesmo no solo, provocando assim uma maior disponibilidade do herbicida no
468
meio (SILVA et al., 2007).
469
Da mesma forma, segundo D’Antonino et al. (2009b), estudando a lixiviação do
470
picloram em três diferentes tipos de solo com diferentes valores de pH (AVA pH 5,9, LVA
471
pH 4,1 e LVA pH 4,9), constatou que o picloram apresentou alto potencial de lixiviação em
472
ambos os solos, e que o pH dos mesmos foi determinante nestas características. Entretanto,
473
analisando as características do solo, verificou-se que o índice de lixiviação e dissociação
474
foram menos influenciados pelo pH quando os níveis de matéria orgânica dos solos
475
encontravam-se mais elevados.
476
477
CONCLUSÃO
478
A fitorremediação do solo contaminado pelo picloram pela Brachiaria brizantha, cv.
479
Piatã aos 150 dias de cultivo foi efetiva, apenas nas menores doses aplicadas, com resultados
480
não satisfatórios a partir da dose de 60 g ha-1. A espécie Phaseolus vulgaris se mostrou com
481
bom potencial como indicador biológico da presença de resíduos do picloram em solos
482
tratados com esse herbicida. .
483
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575
576
REMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS POR PICLORAM POR Brachiaria
577
brizantha
578
RESUMO - Objetivou-se com esse trabalho avaliar a influência do tempo de cultivo de
579
Brachiaria brizantha, cv. Piatã sobre a fitorremediação de solo contaminado com picloram. O
580
experimento foi realizado em vasos de 20 litros com solo classificado como Argissolo
581
Vermelho-Amarelo no município de Diamantina – MG. Os tratamentos foram compostos por
582
cinco diferentes períodos de cultivo (150, 210, 240, 270 e 300 dias) da espécie vegetal
583
fitorremediadora nos vasos. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
584
casualizados, com cinco repetições. Após o tempo estabelecido para cada tratamento,
585
realizou-se o corte da braquiária avaliando-se a massa da matéria seca (g). Em seguida
586
efetuou-se a semeadura da espécie bioindicadora (Phaseolus vulgaris), realizando-se aos 50
587
dias após a semeadura da espécie bioindicadora as seguintes avaliações: fitotoxicidade (%)
588
aos 25 e 50 dias, altura (cm), massa da matéria seca (g), massa da matéria verde (g), área
589
foliar (cm2) e número de folhas por planta. Utilizando-se de um fluorômetro portátil
590
mensurou-se a fluorescência máxima (Fm), fluorescência incial (F0), eficiência fotossintética
591
máxima (Fv/Fm) e taxa relativa de transporte de elétrons (ETR). Avaliando a cultura
592
bioindicadora, pode-se afirmar que a braquiária atuou de maneira efetiva na fitorremediação
593
dos solos contaminados, sendo que quanto maior o período de cultivo desta no solo, maior foi
594
o seu potencial fitorremediador, proporcionando assim maior crescimento vegetativo das
595
plantas de feijão. Para as características referentes ao aparato fisiológico das plantas
596
bioindicadoras estudadas (Fv/Fm; ETR), observou-se recuperação no aparato fotossintético das
597
mesmas a partir de 240 dias de permanência das plantas de braquiária nos vasos.
598
Palavra chave: Herbicida, Phaseolus vulgaris, solo, auxinas.
599
PHYTOREMEDIATION OF CONTAMINATED SOIL FOR PICLORAM WITH
600
Brachiaria Brizantha
601
22
602
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the influence of Brachiaria
603
Brizantha cv. Piata on the phytoremediation of soil contaminated with picloram. The
604
experiment was conducted in 20 L pots with soil classified as Ultisol in Diamantina - MG.
605
The treatments consisted of five periods of cultivation ( 150 , 210 , 240 , 270 and 300 days )
606
of the phytoremediation species in the pots . The experimental design was randomized blocks
607
with five replications. After the time set for each treatment, the brachiaria were harvest and
608
evaluated the dry matter ( g ) . Then were sowed the bioindicator species ( Phaseolus vulgaris
609
), 50 days after sowing were evaluated the following: phytotoxicity ( % ) at 25 and 50 days,
610
plant height ( cm ) , dry matter ( g ) , mass of green matter ( g ) , leaf area ( cm2 ) and number
611
of leaves per plant . Using a portable fluorometer to measure the maximum fluorescence ( Fm
612
) , initial fluorescence ( F0 ) , maximum photosynthetic efficiency ( Fv / Fm ) and relative rate
613
of electron transport ( ETR ) . Evaluating the bioindicator plant , it can be stated that the
614
brachiaria acted effectively to phytoremediation of contaminated soils , and the longer the
615
period of cultivation of this soil , the greater the potential phytoremediation , thus providing
616
greater vegetative growth of bean plants. For the physiological characteristics on the
617
bioindicator plant studied (Fv / Fm , ETR ) , was observed recovery in the photosynthetic
618
apparatus of the plants from 240 days of brachiaria plants in pots.
619
Keyword: Herbicide, Phaseolus vulgaris, soil auxins.
620
621
INTRODUÇÃO
622
Apesar de muitas divergências sobre os efeitos do uso de agroquímicos no meio
623
ambiente e no homem, o uso destes produtos tem crescido intensamente nos últimos 50 anos.
624
(CABRAL et al., 2003). O Brasil, nos últimos anos, tornou-se o maior consumidor mundial
625
de agrotóxicos, e os herbicidas representam cerca de 45% do consumo total (SINDAG, 2009).
626
Diversas moléculas de herbicidas surgiram, com características físico-químicas que
627
propiciam funcionalidades diferenciadas e comportamentos ambientais distintos (ARMAS et
628
al.,2005), sendo as principais razões da utilização dessas moléculas o seu custo, a alta
629
seletividade desses produtos às culturas e sua eficiência no rendimento operacional
630
(PROCÓPIO et al., 2004).
631
Dentre essas moléculas, podemos destacar o picloram (ácido 4-amino 3,5,6 tricloro-2-
632
piridinacarboxílico), utilizado no controle de plantas daninhas dicotiledôneas arbustivas e
633
arbóreas
em pós-emergência em pastagens (RODRIGUES & ALMEIDA, 2011). Este
23
634
herbicida pertence ao grupo dos mimetizadores de auxinas, ou reguladores de crescimento,
635
que atuam provocando distúrbios no metabolismo dos ácidos nucléicos, aumentando assim a
636
atividade enzimática e destruição do floema, e causando alongamento celular, turgescência e
637
rompimento das células (CARMO, 2008a).
638
Entre suas características marcantes em relação aos demais herbicidas registrados no
639
Brasil, o picloram se destaca por apresentar alto período de atividade residual nos solos
640
(SANTOS et al., 2006). Característica esta responsável pelo impedimento do cultivo a curto
641
prazo de várias espécies agrícolas não seletivas ao mesmo (PROCÓPIO et al., 2008), como
642
também pelo alto risco de contaminação do lençol freático (BOVEY et al., 1991).
643
Muitas pesquisas vêm sendo realizadas nos últimos anos com maior ênfase no emprego
644
de espécies vegetais capazes de remover e/ou degradarem xenobióticos no solo (PIRES et al.,
645
2003a). Sendo assim, destaca-se a técnica da fitorremediação, empregada com a utilização de
646
plantas específicas, visando amenizar ou até mesmo despoluir locais contaminados
647
(COUTINHO et al., 2007). A utilização de algumas plantas capazes de remover poluentes
648
orgânicos e inorgânicos, retirando-os do ambiente e convertendo-os em metabólitos menos
649
tóxicos que se acumulam nos seus tecidos é um processo mais barato e menos destrutivo que
650
a remediação química ou física, embora mais demorado (KAWAHIGASHI, 2009).
651
Dentre os mecanismos fisiológicos responsáveis pela remediação do solo destaca-se a
652
fitoextração e a fitoestimulação. Na fitoextração o herbicida é absorvido pelas raízes das
653
plantas remediadoras, podendo ser fitocompartimentalizado, fitovolatilizado, fitoexudado ou
654
fitodegradado (SCHNOOR et al., 1995; SUSARLA et al., 2002). Na fitoestimulação a planta
655
remediadora libera compostos que estimulam a microbiota do solo a metabolizar o
656
contaminante (SANTOS et al., 2007a).
657
Em concordância com estes métodos, a espécie remediadora deve então apresentar
658
características necessárias para o correto funcionamento do processo, sendo a principal delas a
659
de ser tolerante a altos níveis do contaminante no ambiente a ser remediado. Essa tolerância
660
pode ser resultante de processos como a translocação diferencial de compostos orgânicos para
661
outros tecidos da planta, com subsequente volatilização, ou da degradação parcial ou
662
completa por meio da transformação em compostos menos tóxicos, combinados e/ou ligados
663
aos tecidos das plantas (ACCIOLY, 2000).
664
Diversos trabalhos vêm demonstrando que espécies como capim-pé-de-galinha-gigante
665
(Eleusine coracana), Panicum maximum, e Brachiaria sp. possuem alto potencial para
666
fitorremediação de solos contaminados pelo picloram, podendo ser introduzidas em
667
programas de descontaminação ambiental desse xenobiótico (PROCÓPIO et al., 2008; BELO
24
668
et al., 2007a; PIRES et al., 2008; BELO et al., 2007b; SANTOS et al., 2007b; CARMO et al.,
669
2008a; CARMO et al., 2008b).
670
Na avaliação do potencial fitorremediador de algumas espécies vegetais, são utilizadas
671
hoje em dia técnicas fisiológicas de aferição da fluorescência da clorofila a das plantas
672
bioindicadoras submetidas ao estresse fotossintético resultante do contato com o herbicida
673
(IRELAND et al., 1986). A ferramenta disponível para tal mensuração é o fluorômetro, capaz
674
de identificar modificações negativas no aparelho fotossintético, quando os mesmo não são
675
detectados visualmente na planta (GIROTTO et al., 2011).
676
Deste modo, existem diversas variáveis em estudos, tais como, a aferição da
677
fluorescência da clorofila a, determinada pelas seguintes variáveis: fluorescência inicial (F0),
678
fluorescência máxima (Fm), relação fluorescência variável/fluorescência máxima (Fv/Fm), taxa
679
relativa de transporte de elétrons (ETR) (KRAUSE, 1991).
680
Objetivou-se com esse trabalho avaliar a fitorremediação de solos tratados com
681
picloram com diferentes tempos de cultivo da Brachiaria brizantha, cv. Piatã , bem como
682
analisar as características fisiológicas e vegetativas de plantas de feijão, utilizadas como
683
cultura bioindicadora.
684
685
MATERIAL E MÉTODOS
686
O experimento foi realizado em vasos de 20 litros, distribuídos na casa de vegetação da
687
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), localizado no
688
município de Diamantina, MG, (18°12'S e 43°34'W; 1387 m de altitude) com temperatura
689
média anual de 18°C, índice médio pluviométrico anual de 1404,7 mm, com clima Cwb,
690
segundo a classificação Köppen, ou seja, temperado úmido, com inverno seco e chuvas no
691
verão.
692
O substrato para o cultivo das plantas foi classificado como Argissolo Vermelho-
693
Amarelo, cuja análise química está representada pela tabela 1. As amostras do solo em estudo
694
foram retiradas na profundidade de 0-20 cm, em área sem histórico de aplicação de
695
herbicidas, e passadas em peneira com malha de 4 mm.
696
Tabela 1. Características físicas e químicas do Argissolo Vermelho-Amarelo utilizado no
697
experimento.
25
-1
Análise granulométrica (dag kg )
Areia
38
Silte
6
Argila
56
pH
P
K
H2O
mg dm-3
Classe textural
Argilosa
Análise química
SB
t
T
Ca+2
Mg+2
Al+3 H + Al
.............................................cmolc dm-3..........................................
6,1
1,3
8
0,1
0,1
0,3
4,6
P-rem
Zn
Fe
Mn
Cu
B
-1
-3
mg ..........................................
L
mg dm .........................................
7,3
0,2
30,5
0,7
0,1
0,1
0,3
0,6
MO
-1
dag kg
1,9
4,9
m
V
.........%.........
50
6
698
699
700
701
702
703
Análises realizadas no Laboratório de Análises Físicas e Químicas de Solo do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. pH água: Relação solo-água 1:2,5. P e K: Extrator
Mehlich-1. Ca, Mg e Al: Extrator KCl 1 mol L-1. T: Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m: Saturação de
alumínio. V: Saturação por bases. MO – Teor de matéria orgânica determinado pelo método da oxidação do
carbono por dicromato de potássio em meio ácido multiplicado por 1,724.
704
Foram preenchidos vasos de 20 L, revestidos com filme de polietileno, visando evitar
705
perda do herbicida por lixiviação, utilizando-se 17,0 kg do substrato por recipiente, os quais
706
foram irrigados ajustando-se a umidade próxima a 80% da capacidade de campo. Em seguida
707
procedeu-se a aplicação do Picloram (Padron®) na dose de 240 g ha-1, com um pulverizador
708
de precisão pressurizado a CO2, equipado com bicos TT110.02, espaçados de 0,5 m, calibrado
709
para aplicação de 100 L ha-1 de calda.
710
Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições.
711
Os tratamentos foram compostos pelo cultivo de Brachiaria brizantha por cerca de 150, 210,
712
240, 270 e 300 DAS (dias após a semeadura) com posterior corte da mesma e plantio da
713
espécie bioindicadora (feijão, cultivar Pérola). Para efeito de comparação, foi constituído um
714
tratamento composto pelo cultivo da braquiária em solo não tratado pelo picloram.
715
A semeadura da braquiária foi realizada cinco dias após a aplicação do picloram, sendo
716
que, sete dias após a emergência, foi realizado desbaste, deixando-se quatro plantas por vaso.
717
A adubação das plantas foi realizada de acordo com Cantarutti (1999), sendo respeitado
718
o teor de nutrientes recomendado para Brachiaria brizantha. Na ocasião do plantio do feijão
719
(cultura bioindicadora), o mesmo foi adubado via solo, semanalmente, com o adubo foliar
720
Sempre Verde® (15-15-20) na proporção de 5 g/ L.
721
Após o período de cultivo da braquiária referido em cada tratamento, realizaram-se as
722
avaliações do potencial fitorremdiador proporcionado por essa planta, retirando-se assim as
723
plantas de cada vaso e coletando-se os dados de massa da matéria seca (g) para cada
724
tratamento.
725
Logo após a realização destas avaliações semeou-se em cada vaso o feijão (cultivar
726
Pérola), sendo essa planta utilizada como bioindicadora da presença de resíduos no solo
727
tratado e averiguar a possível descontaminação do mesmo. Aos 50 DAS determinou-se a
26
728
massa da matéria (g), massa da matéria seca(g), altura de planta, intoxicação aos 25 e 50
729
DAS, área foliar, número de folhas/planta e estimação da fluorescência da clorofila a das
730
plantas.
731
A altura das plantas foi medida utilizando régua graduada. Posteriormente, as plantas
732
foram colhidas, pesadas em balança eletrônica com precisão de 0,0001 g (determinação da
733
massa da matéria verde), e acondicionadas em sacos de papel, sendo conduzidas para o
734
laboratório, onde foram feitas as determinações da área foliar, através do escaneamento e
735
digitalização. A área foliar foi determinada com o software Determinador Digital de Áreas
736
(DAA) (FERREIRA et al., 2008). Em seguida, a parte aérea coletada das plantas de feijão foi
737
seca em matéria seca estufa com circulação forçada de ar, a 65 ºC, até massa constante. A
738
matéria seca acumulada foi aferida pesando-se esse material em balança eletrônica com
739
precisão de 0,0001 g.
740
As variáveis de fluorescência da clorofila a foram determinadas com fluorímetro
741
portátil de luz modulada MINI-PAM (Walz, Germany), a partir do qual foram obtidas a
742
fluorescência inicial (F0), a fluorescência máxima (Fm), a relação do PSII (Fv/Fm) e a taxa
743
relativa de transporte de elétrons (ETR), quantificados a partir das avaliações na folha mais
744
jovem com limbo foliar totalmente expandido.
745
Ao final do experimento, procedeu-se a análise química do solo (Tabela 3), a fim de se
746
verificar a influência desta no comportamento do herbicida no meio. As amostras do solo em
747
estudo foram retiradas na profundidade de 0-15 cm, sendo elaborada uma amostra composta
748
representativa para todos os tratamentos.
749
Tabela 2. Características físicas e químicas do Argissolo Vermelho-Amarelo após
750
fitorremediação do herbicida picloram.
Análise granulométrica (dag kg-1)
Areia
38
Silte
6
Argila
56
pH
P
K
H2O
751
752
753
754
755
756
mg dm
-3
Classe textural
Argilosa
Análise química
H + Al
SB
t
T
Ca+2
Mg+2
Al+3
-3
.............................................cmolc dm ..........................................
5,4
6,63
56,07
0,8
0,3
0,34
5,8
P-rem
Zn
Fe
Mn
Cu
B
mg ..........................................
L-1
mg dm-3.........................................
1,27
38,52
2,59
0
0,69
1,24
1,58
MO
dag kg-1
0,9
7,04
m
V
.........%.........
21
18
Análises realizadas no Laboratório de Análises Físicas e Químicas de Solo do Departamento de Agronomia da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. pH água: Relação solo-água 1:2,5. P e K: Extrator
Mehlich-1. Ca, Mg e Al: Extrator KCl 1 mol L-1. T: Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m: Saturação de
alumínio. V: Saturação por bases. MO – Teor de matéria orgânica determinado pelo método da oxidação do
carbono por dicromato de potássio em meio ácido multiplicado por 1,724.
27
757
Os dados observados foram submetidos a analise de variância e teste F a 5% de
758
significância. A análise dos efeitos significativos do período de cultivo da espécie
759
fitorremediadora dentro da dose testada do herbicida foi efetuada por análise de regressão,
760
sendo os coeficientes das equações testados pelo teste t a 5% de significância. A escolha dos
761
modelos foi baseada na significância, no fenômeno biológico e no coeficiente de
762
determinação dos mesmos.
763
764
RESULTADOS E DISCUSSÃO
765
Quanto a variável massa da matéria seca das plantas de Brachiaria brizantha (Tabela 2)
766
observou-se aumento da mesma à medida que ocorreu aumento do período de permanência
767
nos vasos.
768
769
Tabela 3. Massa da matéria seca de plantas de braquiária cultivadas em diferentes períodos
no solo contaminado com o herbicida picloram.
Épocas DAS)
150
210
240
270
300
MS (g)
12,52
14,22
15,62
16,54
18,82
770
771
772
773
Valores absolutos calculados para cada variável resposta e definidos pela média correspondente a cada
tratamento.
774
cultura bioindicadora, observou-se tendência de acréscimo nos valores dessas variáveis com o
775
incremento do número de dias de crescimento da braquiária nos vasos (Figura 1 A e B). O
776
ponto de mínima resposta correspondente ao período de 169 dias de cultivo da espécie
777
remediadora. Esses resultados mostram uma ótima relação entre essas duas variáveis,
778
mostrando alta sensibilidade do feijão quando na presença do picloram no solo, mesmo
779
quando o mesmo foi submetido a 300 dias de remediação pela braquiária, o que reforça o
780
cuidado com o plantio dessa leguminosa em áreas antes tratadas com esse herbicida.
Analisando-se o número de folhas e a área foliar das plantas de feijão, utilizadas como
781
Para massa da matéria verde e seca das plantas de feijão houve maior incremento
782
(Figura 1 C e D) á medida que se aumentou o período de crescimento da espécie remediadora
783
nos vasos, observando-se ponto de mínima resposta aos 181 e 67 dias, respectivamente para
784
as duas variáveis analisadas. Carmo et al. (2008a) trabalhando com diferentes épocas de
785
cultivo de Panicum maximim (cultivar Tanzânia) nas doses de 80 g ha-1 e 160 g ha-1, também
28
786
obteve resultados satisfatórios com maior acúmulo de massa da matéria seca nas plantas
787
bioindicadoras a medida que se aumentou os dias de permanência da espécie fitorremdiadora.
170
25
160
140
20
Área foliar (cm2)
Número de folhas do feijão
150
15
130
120
110
100
90
80
10
70
60
5
0
50
0
150
210
240
270
300
150
Dias após semeadura da braquiária
240
270
300
B
A
22
90
Massa da matéria seca do feijão (g)
85
Massa da matéria verde do feijão (g)
210
Dias após semeadura da braquiária
80
75
70
65
60
55
50
45
40
35
30
25
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
0
0
150
210
240
270
300
150
240
270
Dias após semeadura da braquiária
Dias após semeadura da braquiária
C
210
D
788
Figura 1. Número de folhas (A), área foliar (B), massa da matéria verde (C) e massa da
789
matéria seca (D) de plantas de feijoeiro cultivadas em solos tratados com picloram após
790
diferentes períodos de cultivo de braquiária (Brachiaria brizantha, cv Piatã).
300
29
791
Quanto à altura de plantas de feijão (Figura 2A), observou-se aumento nos valores dessa
792
variável à medida que se aumentou o período de cultivo da braquiária nos vasos, sendo que, o
793
ponto de mínima foi observado aos 185 DAS. Desta forma, quanto maior o tempo de
794
permanência da braquiária maior é potencial remediador da espécie, pois aos 300 dias após a
795
semeadura, obteve-se melhor resposta no crescimento das plantas de feijão. Este fato leva a
796
crer que ocorre maior descontaminação do solo com maior tempo de permanência da espécie
797
fitorremediadora no solo contaminado. Estes resultados corroboram os de Carmo et al.
798
(2008b). Estes autores observaram relação positiva no incremento da altura das plantas de
799
tomate (cultura bioindicadora) à medida que se aumentou o período de crescimento da
800
forrageira na área, na avaliação de períodos de cultivo do capim-pé-de-galinha-gigante
801
(Eleusine coracana) na remediação de solo contaminado com picloram.
802
A intoxicação das plantas de feijão analisada por notas visuais aos 25 e 50 DAS, variou
803
de 0 a 100% para plantas sem sintomas de intoxicação ou mortas pelo herbicida
804
respectivamente. Constatou-se que nas duas épocas de avaliação ocorreu que com o aumento
805
do período de cultivo da braquiária foi constatado menor intoxicação nas plantas de feijão. Os
806
menores índices de intoxicação das plantas de feijão foram observados com 300 dias de
807
cultivo da braquiária nos vasos (Figura 2B).
36
100
34
30
80
Fitotoxicidade (%)
Altura de plantas de feijão (cm)
90
32
28
26
24
22
20
18
70
60
50
40
16
30
14
12
0
20
0
150
210
240
270
300
150
210
240
270
Dias após semedura da braquiária
A
B
808
Figura 2. Altura de plantas (A) e intoxicação de plantas de feijão aos 25 e 50 DAS (B) de
809
plantas de feijoeiro de plantas de feijoeiro cultivadas em solos tratados com picloram após
810
diferentes períodos de cultivo de braquiária (Brachiaria brizantha, cv Piatã).
300
30
811
Quanto à fase de transporte de elétrons durante a fotossíntese nas plantas, verifica-se
812
que a luz é absorvida pelos pigmentos do complexo antena, que ao excitarem os elétrons,
813
transferem energia para os centros de reação dos fotossistemas I e II (YOUNG et al.,1996).
814
Entretanto, com excesso de energia, esta pode ser dissipada na forma de fluorescência
815
(KRAUSE et al., 1996). Nesse tipo de avaliação são utilizados fluorômetros, que podem
816
detectar as injúrias causadas ao aparelho fotossintético, mesmo quando o sintoma ainda não é
817
visível (IRELAND et al., 1986).
818
Para a relação Fv/Fm, obteve-se aumento linear na eficiência fotossintética máxima a
819
medida que se aumentou o período de cultivo da braquiária nos vasos (Figura 3B). Quando
820
uma planta está com seu aparelho fotossintético intacto, a razão Fv/Fm deve variar entre 0,75 e
821
0,85 (BOLHÀR-NORDENKAMPF et al., 1989), enquanto a queda nesta razão reflete a
822
presença de dano fotoinibitório na mesma (BJÖRLMAN et al., 1987). Desta forma, esses
823
valores só foram representativos aos 270 e 300 dias após a semeadura da cultura remediadora,
824
ou seja, somente a partir destas datas não foi constatado dano fotoinibitório nas plantas de
825
feijão.
826
Avaliando-se a taxa relativa de transporte de elétrons (ETR) verificou-se aumento nos
827
valores dessa variável à medida que se estendeu o período de cultivo da braquiária nos vasos,
828
mostrando assim menor efeito do herbicida nas plantas de feijão (Figura 3A). De acordo com
829
Mohammed et al. (1995) o valor da variável ETR aumenta de acordo com a intensidade da
830
luz, até que ocorra a saturação dos carreadores de elétrons. Desta forma, a taxa de ETR pode
831
estar relacionada com taxa fotossintética bruta (AG), apresentando o mesmo padrão da curva
832
de assimilação de CO2. Como neste estudo a curva de assimilação de CO2 não foi estimada,
833
pode-se pressupor que as curvas de ETR sugerem que as taxas fotossintéticas, juntamente
834
com o transporte de eletros das plantas de feijão aumentaram à medida que se elevou o
835
período de cultivo da braquiária nos vasos.
26
0,86
25
0,84
24
0,82
23
0,80
22
Fv/Fm (mg L-1)
ETR (µmols elétrons m-2 s-1)
31
21
20
19
0,78
0,76
0,74
0,72
18
0,70
17
0,68
16
0,66
15
0
150
210
240
270
300
0,00
150
Dias após semeadura da braquiária
A
210
240
270
300
Dias após semeadura da braquiária
B
836
Figura 3. Taxa relativa de transporte de elétrons (A) e rendimento quântico máximo do PSII (B) de plantas
837
de feijoeiro cultivadas em solos tratados com picloram após diferentes períodos de cultivo de braquiária
838
(Brachiaria brizantha, cv Piatã).
839
Ao se comparar as análises de solo realizadas antes de apos os ensaios, foi possível afirmar que o
840
cultivo sucessivo tanto da espécie remediadora, quanto da espécie bioindicadora, colaboraram para uma
841
redução expressiva na matéria orgânica do solo; Fato este, que associado à característica do picloram ser
842
um herbicida ácido (pKa < pH do solo), colaborou para maior dissociação do herbicida, e
843
consequentemente maior absorção do mesmo pelas plantas bioindicadoras cultivadas. Segundo Silva et al.
844
(2007) em solos com valores de pH superior ao valor do pKa do herbicida, ocorre uma maior liberação
845
deste a solução do solo e assim uma maior disponibilidade ao meio. D’Antonino et al. (2009) trabalhando
846
com três tipos de solo com diferentes valores de pH, contatou que o pH foi determinante para que
847
ocorresse um maior poder de dissociação e um alto potencial de lixiviação do herbicida picloram nos
848
mesmos.
849
CONCLUSÃO
850
O cultivo prévio de Brachiaria brizantha, cv. Piatã, por 300 dias, possibilitou maior
851
descontaminação do solo e consequentemente melhor desenvolvimento morfológico das
852
plantas de feijão, além de menores efeitos negativos na fisiologia desta cultura. Plantas de
32
853
feijão (Phaseolus vulgaris, cultivar Pérola) demonstraram alta sensibilidade ao residual do
854
herbicida picloram, mostrando-se viáveis como bioindicadores desse herbicida.
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951
CONCLUSÃO GERAL
952
953
A fitorremediação pela Brachiaria brizantha, cv. Piatã de solo contaminado pelo
954
picloram aos 150 dias de cultivo foi efetiva apenas nas menores doses aplicadas, com
955
resultados não satisfatórios a partir da dose de 60 g ha-1.
956
O cultivo prévio de Brachiaria brizantha, cv. Piatã, por 300 dias, possibilitou maior
957
descontaminação do solo e consequentemente melhor desenvolvimento morfológico das
958
plantas de feijão, além de menores efeitos negativos na fisiologia desta cultura.
959
960
A espécie Phaseolus vulgaris se mostrou bom potencial de resposta como indicador
biológico da presença de resíduos do picloram em solos tratados com esse herbicida.
961
Com o aumento do tempo de cultivo da espécie fitorremediadora (Brachiaria brizantha,
962
cv. Piatã) nos solos contaminados com o picloram ocorreu aumento das taxas fotossintéticas
963
do indicador biológico (Phaseolus vulgaris).
37
964
ANEXOS
965
966
967
968
969
FOTOS ARTIGO 1:
A
B
C
38
970
971
D
E
F
972
973
FIGURA 1. Sintomas de intoxicação em plantas de feijão causados por contaminação do solo
974
com diferentes doses do picloram (A - 0 g ha-1 ; B - 7,5 g ha-1; C - 15 g ha-1 ; D - 30; E – 60; F
975
-120 g ha-1) 50 dias após a aplicação.
976
39
977
978
979
FIGURA 2. Sintomas de intoxicação sequencial em plantas de feijão causados por
980
contaminação do solo por diferentes doses do picloram (0 ; 120 ; 60; 30; 15; 7,5 g ha-1) aos 50
981
dias após a aplicação.
982
983
984
985
FIGURA 3. Vista geral experimento aos 150 dias de cultivo da Brachiaria brizantha, cv.
Piatã nos vasos.
40
986
987
FIGURA 4. Brachiaria brizantha, cv. Piatã aos 150 dias de cultivo nas respectivas doses
988
aplicadas (120; 60; 30; 15; 7,5; 0 g ha-1) do picloram no solo.
989
990
FOTOS ARTIGO 2:
991
992
993
FIGURA 5. Sintomas de intoxicação sequencial em plantas de feijão causados por
994
contaminação do solo pelo
995
brizantha como espécie fitorremediadora (150, 210, 240, 270 e 300 dias) aos 50 dias após a
996
aplicação.
picloram após
diferentes épocas de cultivo de Brachiaria
41
997
A
998
B
999
C
42
1000
1001
1002
D
E
F
1003
FIGURA 6. Sintomas de intoxicação de resíduos de picloram no solo em plantas de feijão aos
1004
50 DAS, após fitorremediação com diferentes períodos de cultivo (A – 150 DAS; B - 210
1005
DAS; C - 240 DAS; D - 270 DAS; E – 300; F – Testemunha comparada) de Brachiaria
1006
brizantha, cv. Piatã.
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