Cancro do colo do útero O cancro do colo do útero ou cancro cervical é o 2º mais frequente nos países em vias de desenvolvimento e o 10º nos países desenvolvidos. Segundo a OMS i , o cancro cervical é o 4º cancro mais frequente nas mulheres portuguesas e o 2º mais frequente nas mulheres dos 15 aos 44 anos de idade. Por ano, cerca de 1000 portuguesas são diagnosticadas com cancro cervical e cerca de 350 morrem da doença. Uma infeção transmitida sexualmente pelo vírus HPV é necessária para desenvolver um cancro cervical. Esta infeção é frequente nas mulheres sexualmente ativas. No entanto a maioria desaparece sem sequelas no prazo de 2 anos. Em média, apenas cerca de 5% das infeções por HPV levarão ao desenvolvimento de lesões pré‐cancerosas (CIN 2 ou 3) no prazo de 3 anos após a infeção. Destas lesões pré‐cancerosas, 20% evoluem para cancro invasivo no prazo de 5 anos e 40% no prazo de 30 anos. Existem mais de 100 tipos de HPV, dos quais 3 – os tipos 16, 18 e 45 ‐ são responsáveis por 94% dos cancros cervicais. O risco de cancro cervical é aumentado pelo número de parceiros sexuais, início precoce das relações sexuais, défice imunitário (infeção por HIV), má nutrição, deficiências vitamínicas, tabagismo e sobretudo pela falta de acesso à citologia de Papanicolaou. A prevenção do cancro cervical é simples e consiste no despiste de lesões pré‐cancerosas através do exame de Papanicolaou, que consiste no exame ao microscópio de células obtidas por raspagem do colo do útero. Mais recentemente apareceram as vacinas contra o HPV, que foram incluídas no programa nacional de vacinação para as raparigas de 13 anos de idade. As recomendações para o rastreio de rotina pelo exame de Papanicolaou são as seguintes: • • • • • O rastreio por Papanicolaou deve ser iniciado 3 anos após o início da atividade sexual. O Papanicolaou deve ser repetido um ano após o primeiro e depois de 3 em 3 anos até aos 65 anos de idade. Não há qualquer vantagem em repetir o Papanicolaou todos os anos (como se depreende dos prazos de desenvolvimento das lesões pré‐cancerosas e cancerosas mencionado acima). Em caso de lesões de significado indeterminado (ASCUS), o Papanicolaou deve ser repetido após 6 meses e, se o resultado for o mesmo, deve ser feito um teste HPV. O rastreio por Papanicolaou continua recomendado nas mulheres vacinadas contra o HPV, já que a vacina não protege contra todos os tipos de HPV (nomeadamente o 45). As recomendações para a prevenção do cancro cervical são as seguintes: • • • • • Limitação do número de parceiros sexuais (um casal que nunca tenha tido outros parceiros não tem qualquer risco de se infetar com o vírus HPV e portanto não tem qualquer risco de cancro cervical). Uso de preservativo em caso de atividade sexual com parceiros múltiplos (pode reduzir mas não impede o contágio por HPV) Alimentação diversificada rica em frutos e legumes (antioxidantes) Não consumo de tabaco Vacinação das mulheres (e eventualmente dos homens) até aos 45 anos, sobretudo em caso de contactos sexuais com parceiros múltiplos (os homossexuais procuram frequentemente a vacina para evitar verrugas genitais e cancro anal). WHO/ICO Information Centre on HPV and Cervical Cancer (HPV Information Centre). Human Papillomavirus and i Related Cancers in Portugal. Summary Report 2010. [acedido em Agosto 2012]. Available at www.who.int/hpvcentre