UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica ✬ PROJETO DE GRADUAÇÃO II Título do Projeto: ✩ MODELAGEM E SIMULAÇÃO DA REMOÇÃO DE CO2 DO AR UTILIZANDO RODAS DESSECANTES ✫ ✪ ✬ ✩ Autor(es): CAMILA LIBÓRIO DE ANDRADE SOPHIE MATELLI KOLK ✫ ✪ ✬ ✩ Orientador(es): LEANDRO ALCOFORADO SPHAIER, Ph.D. ✫ ✪ Data: 6 de maio de 2016 CAMILA LIBÓRIO DE ANDRADE SOPHIE MATELLI KOLK MODELAGEM E SIMULAÇÃO DA REMOÇÃO DE CO2 DO AR UTILIZANDO RODAS DESSECANTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientador(es): LEANDRO ALCOFORADO SPHAIER, Ph.D. Niterói 6 de maio de 2016 A553 Andrade, Camila Libório de Modelagem e simulação da remoção de CO2 do ar utilizando rodas dessecantes / Camila Libório de Andrade, Sophie Matelli Kolk. – Niterói, RJ : [s.n.], 2016. 80 f. Trabalho (Conclusão de Curso) – Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal Fluminense, 2016. Orientador: Leandro Alcoforado Sphaier. 1. Adsorção. 2. Rotor. 3. Modelo numérico. 4. Aquecimento global. 5. Gás carbônico. I. Kolk, Sophie Matelli. II.Título. CDD 530.417 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO Título do Trabalho: MODELAGEM E SIMULAÇÃO DA REMOÇÃO DE CO2 DO AR UTILIZANDO RODAS DESSECANTES Parecer do Professor Orientador da Disciplina: − Grau Final recebido pelos Relatórios de Acompanhamento: − Grau atribuído ao grupo nos Seminários de Progresso: Parecer do Professor(es) Orientador(es): Nome e Assinatura do Professor(es) Orientador(es): Prof.: Leandro Alcoforado Sphaier. Assinatura: Parecer Conclusivo da Banca Examinadora do Trabalho: Projeto Aprovado Sem Restrições Projeto Aprovado Com Restrições Prazo concedido para cumprimento das exigências: Discriminação das exigências e/ou observações adicionais: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE TCE - Escola de Engenharia TEM - Departamento de Engenharia Mecânica PROJETO DE GRADUAÇÃO II AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO (continuação) Aluno: Camila Libório de Andrade. Grau: Aluno: Sophie Matelli Kolk. Grau: Composição da Banca Examinadora: Prof.: Leandro Alcoforado Sphaier, Ph.D. Assinatura: Eng.: Samuel Moreira Duarte Santos, M.Sc. Assinatura: Eng.: Isabela Florindo Pinheiro, M.Sc. Assinatura: Eng.: Nelson Rodrigues Braga Junior, M.Sc. Assinatura: Local e Data de Defesa do Trabalho: Departamento de Engenharia Mecânica, 06/05/2016 DEDICATÓRIA Aos amigos Rafaela e Diego que passaram efemeramente por nossas vidas mas deixaram muitas lembranças boas. vi AGRADECIMENTOS Aos nossos pais que sempre nos deram suporte para chegar até aqui. Aos nossos companheiros de vida que sempre nos apoiaram nas horas de sofrimento. Aos nossos amigos que estiveram conosco ao longo desta caminhada formando laços que durarão pelo resto de nossas vidas. Ao nosso professor, Leandro Alcoforado Sphaier, que foi compreensivo conosco e nos deu os ensinamentos necessários. vii RESUMO No presente trabalho, será apresentada uma proposta de captura do gás carbônico para contribuir com a redução do efeito estufa e consequente diminuição do aquecimento global. O método utilizado será feito por adsorção física do CO2 em um rotor com mini-canais de sílica gel, com posterior armazenamento do CO2 para que ele não seja novamente liberado para a atmosfera. Para que o gás possa ser armazenado, é feita a dessorção do material adsorvente por meio de aquecimento. O adsorvente ideal deve ser seletivo para o CO2 e ter boa capacidade adsortiva, para que assim possa ser utilizado em larga escala e aplicado em diversos lugares, como aparelhos de ar condicionado, por exemplo. O rotor apresentado é constituído de um material adsorvente e poroso que possui mini-canais por onde passam correntes de ar e na passagem dessas correntes ocorre a adsorção do CO2 às paredes do adsorvente. Neste contexto, uma comparação foi estabelecida entre as isotermas da literatura e gráficos de dados experimentais para que se pudesse concluir qual isoterma mais se adequava aos dados. Com isso, a isoterma de Sips foi selecionada por ter sido a que melhor coincidiu com os parâmetros da adsorção em questão e será mostrado como tal isoterma foi escolhida para este trabalho. A análise dos efeitos do rotor em relação à qualidade do ar e à redução da carga carbônica será feita com auxílio de um modelo numérico obtido pelo Método dos Volumes Finitos (MVF) e elaborado no software Wolfram Mathematica com uso da ferramenta NDSolve. Além disso, também serão discutidas as vantagens e desvantagens desse tipo de aplicação. Palavras-Chave: adsorvente, ambiente fechado, carga carbônica, modelo numérico viii ABSTRACT This work presents a model to capture the carbon dioxide to contribute to the reduction of the greenhouse effect and, thereafter, the reduction of the global warming. Physical adsorption in silica gel will be the used as a method with subsequent storage of CO2 , so it is not released into the atmosphere. The storage of the gas is feasible by the desorption of the the silica achieved by heating. The ideal adsorvent must have a good capacity of adsorption and must be selective for the CO2 , so that it can be applied in diverse places, like air conditioners for instance. The Rotary exchanger is composed of adsorbent and porous material with several mini-channels through which different streams flow. The adsorption occurs in stream passage through these channels. Some isotherms found in literature were analysed in order to evaluate which of them have a better agreement with the experimental data and the Sips isotherm were selected. It will be shown how Sips isotherm were chosen. The analysis of the effects of this exchanger in the air quality is done by a numerical model developed in the Wolfram Mathematica Software and the pros and cons of the use of rotary exchanger are discussed. Key-Words: adsorbent, closed place, carbonic charge, numerical model ix SUMÁRIO NOMENCLATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2. Revisão de Literatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2.1 Alternativas para redução do Dióxido de Carbono . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2.2 Métodos Computacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 3. Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 3.1 Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 3.2 Caracterização dos Sólidos Porosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.3 Tamanho dos poros e sua distribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.4 Porosidade e Volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.5 Densidades e Concentrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 3.6 Isoterma de Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 3.7 Calor Isotérico de Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.8 Entalpia e Calor de Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 4. Formulação Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.1 Descrição do Problema e Modelo Físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 4.1.1 4.2 23 Hipóteses Simplificadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Equações Governantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4.2.1 Balanço de Massa para a Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 x xi 4.2.2 Balanço de Energia para a Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.2.3 Balanço de Massa para o Adsorvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4.2.4 Balanço de Energia para o Adsorvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4.3 Quantidade de CO 2 removido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.4 Adimensionalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5. Solução Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5.1 Discretização das Equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5.2 Equações para a Corrente de Processo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 5.3 5.2.1 Balanço de Massa para a Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 5.2.2 Balanço de Energia para a Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 5.2.3 Balanço de Massa para Adsorvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 5.2.4 Balanço de Energia para Adsorvente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Sistema Explícito para Resolução no Mathematica . . . . . . . . . . . . . . . . 45 6. Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 6.1 Determinação da Isoterma Usada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 6.2 Análise da Quantidade de CO 2 removido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 6.3 Dados usados nas simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 6.4 Casos Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 6.5 Análise de Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 6.6 6.5.1 Solução - Processo com Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 6.5.2 Solução - Regeneração Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 6.5.3 Solução - Processo com Matriz Quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 6.5.4 Análise dos resultados de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Análise paramétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 6.6.1 Processo Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 6.6.2 Processo Matriz Quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 6.6.3 Regeneração Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 7. Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 xii REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 LISTA DE FIGURAS 1.1 Crescimento da Concentração de gás Carbônico . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2.1 Célula fotoelétrica para conversão de gás carbônico em metanol . . . . . . . . 5 2.2 Fonte: (BARTON et al., 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.3 Bloco de concreto gerado com gás carbônico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 3.1 Processo de Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 3.2 Tamanho dos poros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.3 Tipos de Poros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4.1 Minicanal de Processo de Adsorção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4.2 Rotor Dessecante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 5.1 Malha de Discretização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 5.2 Esquema Upwind . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 6.1 Isotermas de Adsorção de CO 2 para TRI-PE-MCM-41 a 0.05 bar . . . . . . . 47 6.2 Isotermas de Langmuir, Sips e gráficos gerados com dados experimentais . . 48 6.3 Isotermas geradas vs. isotermas de Sips em preto . . . . . . . . . . . . . . . . 49 6.4 Quantidade de CO 2 Adsorvido vs. Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 6.5 Processo Matriz Fria com t variando em segundos . . . . . . . . . . . . . . . . 56 6.6 Processo Matriz Quente com t variando em segundos . . . . . . . . . . . . . . 57 6.7 Regeneração Matriz Fria com t variando em segundos . . . . . . . . . . . . . . 59 xiii LISTA DE TABELAS 3.1 Resumo das propriedades do meio poroso, considerando que os vazios estão preenchidos com um fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 6.1 Dados numéricos usados na Resolução Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . 51 6.2 Valores adimensionais usados na Resolução Numérica . . . . . . . . . . . . . 52 6.3 Comparação entre condições de contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 6.4 Solução - Processo com Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 6.5 Solução - Regeneração Matriz Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 6.6 Solução - Processo com Matriz Quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 xiv NOMENCLATURA Af área do material adsorvente Ap área de difusão de massa b constante de energia de adsorção c, c p calor específico fs fração mássica de material adsorvente na matriz G energia livre de Gibbs ��� ġ sor fluxo volumétrico de adsorção h coeficiente de transferência convectiva de calor entre a matriz e a corrente hm coeficiente de transferência convectiva de massa entre matriz e corrente i entalpia i sor calor de adsorção i v ap calor latente de vaporização i wet calor diferencial de molhabilidade ∆i wet calor integral de molhabilidade j �� componente de fluxo de massa KF constante de capacidade de adsorção KS constante de equilíbrio de Sips p pressão P quantidade adsorvida no equilíbrio Ps perímetro molhado Pw perímetro de contato na interface entre a matriz e a parede q quantidade adsorvida xv xvi q̇ �� componente de fluxo de calor q̇ i�� fluxo de calor na interface entre a matriz e a corrente q máx máxima capaciade de sorção RL parâmetro de equilíbrio (adimensional) S entropia ��� ṡ sor taxa de aquecimento por adsorção t tempo T temperatura V volume total Vu volume vazio útil Vs volume sólido Vm volume morto W concentração na fase adsorvida W0 concentração inicial de adsorvato We concentração de adsorvato no equilíbrio Y concentração em fases gasosas Símbolos Gregos � porosidade ρ Densidade ou Concentração Subscritos 0 inicial a ar seco f matriz porosa i na interface entre matriz e corrente ou relacionado a ela in entrando no volume de controle l fase adsorvida xvii m massa máx máximo s fase sólida da matriz porosa (incluindo poros fechados) v fase de dióxido de carbono v, f espaços vazios dentro do material poroso wet molhado 1 INTRODUÇÃO 1.1 MOTIVAÇÃO Atualmente, há um grande apelo pela redução da emissão de gás carbônico na atmosfera pois tal gás contribui para intensificar o efeito estufa. O excesso de dióxido de carbono presente na atmosfera é resultado direto da queima de combustíveis fósseis, especialmente pelo o setor industrial e de transporte. O solo e os oceanos possuem gigantescas reservas de CO2 muito superiores à da atmosfera e mínimas alterações nesses sistemas podem representar importantes fontes de transferência do gás para a atmosfera. O gás carbônico é um dos gases do efeito estufa e os mesmos são essenciais para a manutenção da vida na Terra visto que sem eles a temperatura terrestre seria cerca de 33 graus Celsius menor do que a atual. Apesar de sua grande importância, muito tem se comentado sobre o aumento da concentração de CO2 no mundo, e caso não sejam tomadas medidas para sua contenção, em 2090, os níveis do mesmo poderão ser insustentáveis para a manutenção da vida no planeta como pode ser visto na figura 1.1 abaixo (www.apolo11.com). Fig. 1.1: Crescimento da Concentração de gás Carbônico Fonte: (www.apolo11.com) De acordo com o quarto Relatório Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, houve 1 2 um aumento considerável nas concentrações dos gases do efeito estufa desde 1750 (Revolução Industrial) e tal aumento é atribuído, em grande parte, ao uso dos combustíveis fósseis. Se o consumo global de combustíveis fósseis continuar com a taxa de crescimento atual, a quantidade de gás carbônico na atmosfera aumentará consideravelmente nos próximos anos, o que contribuirá para intensificar o aquecimento global. Além disso, o aumento da temperatura terrestre poderá acarretar no rápido degelo de calotas polares, levando a um aumento no nível do mar. Neste contexto, vale enfatizar que uma das vantagens do processo de adsorção abordado é que o gás carbônico que foi adsorvido, se devidamente armazenado após a regeneração do adsorvente, pode ser reaproveitado em processos industriais para produzir uréia, uretatos, lactonas, ácido fórmico, dimetilcarbamato e outros produtos, o que torna a presente abordagem viável por ser benéfica para os humanos e para o meio ambiente pois o CO2 captado pelo material adsorvente não seria eliminado na atmosfera. 1.2 OBJETIVOS O presente trabalho consiste em um estudo cujo objetivo é investigar se o uso de um rotor adsorvente em conjunto com os aparelhos de ar condicionado pode amenizar os problemas citados anteriormente. Isso porque o uso do rotor permite a captação de gás carbônico produzido pelos seres humanos e presente na atmosfera. A relevância do rotor de sílica na redução da carga carbônica de um ambiente é investigada, além de sua influência no aumento da eficiência de aparelhos de ar condicionado e, consequentemente, na economia que pode ser fornecida ao consumidor. Pretende-se simular e analisar a aplicação de um material adsorvente dentro de um ciclo de refrigeração para que sejam avaliadas as vantagens e desvantagens de sua aplicação em termos econômicos e ambientais. Isso é feito por meio de uma análise de isotermas de adsorção através do software Wolfram Mathematica. Assim, pode-se conhecer métodos alternativos para a purificação de gases, já que a emissão de gás carbônico vem crescendo ao longo dos últimos anos. Este projeto de pesquisa delimitou-se a colher informações sobre como o uso de um 3 material adsorvente pode ser empregado para captação de CO2 do ambiente em que ele é aplicado, tendo como vantagens a redução da carga carbônica do mesmo e com isso trazer benefícios para o meio ambiente. Por fim, será mostrado se esse tipo de rotor poderá ser um dos aliados tecnológicos que contribuirá para amenizar o crescimento desenfreado da concentração de gás carbônico no mundo. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ALTERNATIVAS PARA REDUÇÃO DO DIÓXIDO DE CARBONO O dióxido de carbono é um dos compostos químicos gasosos que pode intensificar o efeito estufa, todavia, tal gás é essencial para a manutenção da vida na Terra pois na sua ausência não ocorre fotossíntese. Vários organismos liberam CO2 para a atmosfera por meio de respiração. Porém, a alta concentração desse gás tem preocupado pesquisadores de várias linhas científicas pelo fato de ele contribuir para intensificar o aquecimento global. Sendo assim, é preciso que ações sejam realizadas para que haja redução do gás carbônico na atmosfera, entre elas: a redução do consumo de combustíveis fósseis, migração para o uso de combustíveis alternativos menos ricos em carbono, aumento no uso de fontes de energia renováveis e separação com posterior captura do CO2 . A redução no consumo de combustíveis fósseis pode ser executada a partir de uma conversão de energia mais eficiente. Porém, a probabilidade de esse tipo de ganho de energia ser suficiente para que haja redução considerável na emissão de CO2 na atmosfera, nos próximos anos, é mínima. Por outro lado, a redução na demanda de energia é impraticável visto que plantas industriais são altamente dependentes de energia oriunda de combustíveis fósseis e seria economicamente inviável trocar seus sistemas de abastecimento de energia. Segundo o Intergorvenmental Panel on Climate Change (IPCC, 2001), os combustíveis fósseis são responsáveis por 86% do suprimento que atende a demanda energética mundial. Além disso, a troca de combustíveis com muito carbono por combustíveis com menos carbono ou por fontes de energia renovável seria uma opção viável. De acordo com IPCC (1996), a troca de carvão por gás natural, por exemplo, reduziria as emissões de CO2 consideravelmente. Uma alternativa interessante para reduzir o gás carbônico da atmosfera é a de BARTON et al. (2008), cuja proposta é usar CO2 previa4 5 mente aprisionado para em seguida realizar uma fotoconversão, ou seja, usar radiação solar e água e, com isso gerar um produto de valor agregado. O processo é realizado em uma célula fotoeletroquímica especial, conforme a figura 2.1. Essa alternativa é referida como "mitigação químico-carbônica"e o produto gerado é o metanol. Faz-se a redução aquosa do gás carbônico para metanol em um semicondutor movido a radiação encontrada no espectro solar. Fig. 2.1: Célula fotoelétrica para conversão de gás carbônico em metanol Fig. 2.2: Fonte: (BARTON et al., 2008) Atualmente, existe uma grande variedade de fontes renováveis de energia, tais como: eólica, solar e das marés, que poderiam contribuir significativamente na redução das emissões de gás carbônico. Contudo, os custos e os problemas com um fornecimento que não é perene são empecilhos na utilização em larga escala dessas fontes de energia (IPCC, 2001). Um exemplo disso é a energia das marés, cuja dificuldade é manter um fornecimento regular de energia devido às variações climáticas e o ciclo das marés. O estudo de RIAHI et al. (2004) uniu fatores econômicos, demográficos, energéticos e políticas alternativas para análise de um modelo de captura e sequestro de dióxido de carbono (CCS, do inglês Carbon Dioxide Capture Systems) . Concluiu-se que a captura e o sequestro de dióxido de carbono é uma alternativa óbvia a ser adotada por políticas tecnológicas para 6 proteger o ser humano dos riscos associados aos elevados impactos ambientais ocasionados pela mudança climática, mesmo que o sistema CSS demore para se difundir. Existem alguns trabalhos para fixação de carbono em seres vivos como, por exemplo, fixação de CO2 em microalgas chorella (LINARES et al., 2014). Outra forma de fixação natural é pela alteração das condições químicas sofridas por rochas ricas em silicatos que podem se tornar carbonatos pela reação com CO2 segundo o mecanismo descrito por MAROTOVALER et al. (2005). A destilação a baixa temperatura, ou separação criogênica, é um processo comercial comumente utilizado para liquefazer e purificar CO2 de fontes de alta pureza (maior que 90%). A vantagem desse processo é a produção de CO2 pronto para o transporte em tubulações. No entanto, como o processo envolve o resfriamento dos gases para uma temperatura muito baixa (cerca de −185ºC), a energia requerida é muito elevada. Isso torna a separação criogênica um processo economicamente inviável (WONG e BIOLETTI, 2002). A utilização de processos com membrana também é considerada como método alternativo para a separação de CO2 . Esse método consiste em barreiras finas que permitem a permeabilidade seletiva de certos gases e é um método que está predominantemente baseado em materiais poliméricos. Processos de separação com membranas são usados comercialmente para remoção de CO2 de gás natural a altas pressões e altas concentrações de dióxido de carbono. Em gases de exaustão, a baixa pressão parcial de CO2 leva a baixa força motriz para separação do gás; como resultado, muita energia é requerida. Portanto, a porcentagem máxima de CO2 removido é mais baixa se comparado com um processo de absorção química padrão (IPCC, 2001). O uso de CO2 em união com a amônia é corriqueiro na produção de ureia. Industrialmente, a ureia se encontra na produção de armamentos, na produção de fertilizantes, em que praticamente toda a ureia produzida industrialmente é utilizada e na indústria têxtil para fabricação de resinas plásticas. Ela também é usada para a fabricação de melamina, resinas sintéticas, plásticos diversos e impermeabilizantes, além de ser muito utilizada na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética, como elucida JOSÉ et al. (2013). Uma outra aplicação do CO2 é fazer parte da fabricação de um tipo de concreto. A 7 empresa Calera (www.calera.com), nos Estados Unidos, desenvolveu uma tecnologia que sequestra o carbono da atmosfera e o transforma em um material semelhante ao concreto. Após a etapa da Mineralização via Precipitação Aquosa, uma mistura de reações químicas induzidas, que mineraliza substâncias como cálcio, carbonato de magnésio e bicarbonatos minerais, o material sólido resultante pode ser de grande valor na construção civil, como mostra a figura 2.3. No entanto, ainda não há possibilidades de se construir um prédio com o tipo de concreto sustentável, pois a tecnologia ainda não se desenvolveu suficientemente. Fig. 2.3: Bloco de concreto gerado com gás carbônico Fonte: (www.calera.com) Por fim, o sequestro de dióxido de carbono, que envolve a captura do CO2 gerado por queima de combustíveis fósseis ou liberado por processos industriais, com posterior armazenamento do gás longe da atmosfera por determinado período, parece ser uma alternativa viável e bastante promissora. Tal alternativa é uma opção interessante até que as tecnologias de fontes renováveis e/ou limpas de energia estejam melhor elaboradas e mais eficientes. Além disso, a seleção e captura de CO2 não precisa ter seu produto final armazenado e enterrado no fundo do oceano. Pode-se reutilizar o CO2 previamente armazenado em outros processos de diversas áreas, gerando produtos de maior valor agregado, como alguns dos exemplos citados acima. 8 Dentro deste escopo, o trabalho de BELMABKHOUT et al. (2009) trata da remoção de concentrações de CO2 relativamente pequenas de várias misturas com o propósito de purificar essas misturas. A seguir, há uma lista de exemplos em que a remoção de gás carbônico para purificação de gases é de relevante importância: • Como a principal corrente alimentadora para a separação criogênica do nitrogênio e do oxigênio, o ar tem que estar livre de dióxido de carbono para evitar qualquer possível bloqueio do equipamento de troca de calor devido ao CO2 congelado durante o processo de liquefação. O CO2 também pode envenenar o catalisador utilizado em instalações de produção de amônia e deve ser removido do hidrogênio. Ele também pode contaminar adsorventes (por exemplo, zeólitas) para a produção de oxigênio por adsorção com oscilação de pressão (PSA). Assim, em todos esses casos, os traços de CO2 precisam ser removidos. • Oxigênio e hidrogênio usados como matéria-prima para as células de combustível tam- bém precisam estar livres de CO2 . Traços de CO2 em oxigênio degradam os eletrólitos, em particular para as células de combustível alcalinas (AFC), enquanto que hidrogênio de elevada pureza é necessário para as células de combustível alcalinas. • A remoção eficiente de CO2 em baixa concentração também é fundamental para o bom funcionamento de sistemas de circuitos fechados de respiração. Tais sistemas são utilizados em espaços confinados, como submarinos e naves aeroespaciais, em mineração, bem como em missões de resgate, mergulho e também em aplicações médicas. • Para ser transportado em gasodutos, o gás natural deve atender às especificações estri- tas em relação ao teor de dióxido de carbono e o deve ficar abaixo de 2% Segundo eles, a adsorção é considerada um método competitivo para a remoção de CO2 , em comparação com outras tecnologias, desde que adsorventes altamente seletivos para adsorção de CO2 estejam disponíveis. A sílica TRI-PE- MCM-41 exibiu elevada capacidade de adsorção em baixa concentração de CO2 (<5%) em comparação com os adsorventes mais comuns de CO2 e uma afinidade muito baixa para as outras espécies. Além disso, é um material completamente regenerável à temperatura de até 150 graus Celsius. Também foi 9 mostrado que a sílica TRI-PE- MCM-41 exibe elevada seletividade para CO2 na presença de N2 , O2 , CH4 , e H2 a baixa pressão parcial de CO2 , o que torna a aplicação da TRI-PEMCM-41 abrangente. Além disso, foi mostrado que o vapor de água melhora a capacidade de adsorção de CO2 na TRI-PE-MCM-41, sem efeito adverso em sua seletividade de adsorção. 2.2 MÉTODOS COMPUTACIONAIS A Mecânica de Fluidos Computacional (Computational Fluid Dynamics– CFD) consiste na análise de sistemas envolvendo escoamento, transferências de calor e fenômenos associados a reações químicas através de modelação numérica, ou seja, recorrendo a meios computacionais. As técnicas existentes são muito poderosas e abrangem uma vasta gama de aplicações, tais como: aerodinâmica, hidrodinâmica, combustão, processos químicos, engenharia biomédica, entre outras. O uso de técnicas numéricas para a resolução de problemas complexos de engenharia e de física, é hoje, uma realidade, graças ao desenvolvimento de computadores de alto desempenho e de grande capacidade de armazenamento. Atualmente, o engenheiro ou projetista incumbido de resolver um determinado problema tem à sua disposição, fundamentalmente, três elementos de análise: • métodos analíticos; • métodos numéricos (experimentação numérica) e • experimentação em laboratório. Os métodos analíticos apresentam muitas limitações, pois só podem ser aplicados em problemas cujas hipóteses simplificativas os desviam demasiadamente do fenômeno físico real e em geometrias simples. Porém, desempenham papel importante no que diz respeito à validação dos métodos numéricos. A experimentação em laboratório recorre à configuração real de problemas mas pode se tornar muito dispendiosa, perigosa ou até impossível de implementar, como é o caso das questões relacionadas com transferências de calor no núcleo de reatores nucleares. Já a utilização de métodos numéricos apresenta menos restrições, podendo resolver problemas complicados, com contornos definidos em geometrias arbitrárias e apresentando resultados de uma maneira rápida e econômica comparada com outros 10 métodos. A tarefa de um método numérico é resolver uma ou mais equações diferenciais, aproximando as derivadas existentes na equação por expressões algébricas que envolvem a função incógnita. Um método analítico que pudesse resolver tais equações permitiria obter a solução de forma fechada e calcular os valores das variáveis dependentes num nível infinitesimal, isto é, para um número infinito de pontos. Por outro lado, quando se decide fazer uma aproximação numérica da equação diferencial, aceita-se ter a solução num número discreto de pontos (vértices da malha), esperando que, quanto maior for este número de pontos, mais próxima da solução exata será a solução aproximada (ou numérica). Para geometrias complexas, como é o caso de uma geometria cilíndrica, as malhas estruturadas são difíceis, ou até impossíveis, de construir. Esta restrição motivou o estudo e posterior utilização de malhas não estruturadas, que permitem grande flexibilidade na adaptação da malha ao domínio em estudo. Por outro lado, os volumes de controle têm varias formas possíveis assim como número de vizinhos variável, o que leva a uma maior complexidade no modo como os dados são organizados. Um método numérico pode ser dividido nas etapas a seguir (GONÇALVES, 2007) : 1. Métodos de Discretização: O ponto de partida de qualquer método numérico é o modelo matemático, por exemplo, um conjunto de equações diferenciais parciais e condições de fronteira que regem o processo. A escolha de um modelo apropriado para a aplicação alvo pode conter simplificações das regras de conservação exatas. Contudo, a seleção das simplificações a efetuar e das restrições a serem seguidas, requer um conhecimento aprofundado do problema em causa, de forma a evitar cometer erros graves. Um método numérico normalmente é desenvolvido para encontrar uma solução aproximada de um conjunto particular de equações, uma vez que é impraticável criar um método de resolução que seja aplicável em todas as situações. Depois de selecionado o modelo matemático, tem de se escolher um método de discretização apropriado, isto é, um método de aproximar as equações diferenciais por um sistema de equações algébricas para as variáveis do problema que serão obtidas em localizações discretas no espaço e no tempo. Existem vários métodos sendo os mais conhecidos: Método das Diferenças Finitas (MDF), Método dos Volumes Finitos 11 (MVF) e Método dos Elementos Finitos (MEF). Todos os tipos de métodos produzem o mesmo resultado se a malha utilizada for suficientemente boa, contudo, alguns métodos são mais apropriados para determinadas classes de problemas do que outros. 2. Método dos Volumes Finitos: O MVF utiliza como ponto de partida a forma integral da equação da conservação. O domínio de solução é dividido num número finito de volumes de controle (VC) contíguos, e a equação da conservação é aplicada a cada VC. No centróide de cada VC, localiza-se um nó computacional, no qual são calculados os valores das variáveis, sendo os valores das variáveis nas superfícies dos VC obtidos por interpolação em função dos valores nodais. As integrais de volume e de superfície são aproximadas usando fórmulas de quadratura apropriadas. Como resultado, obtémse uma equação algébrica para cada VC, na qual aparecem os valores das variáveis no nó em questão e nos nós vizinhos. O MVF pode ser aplicado a qualquer tipo de malha, por isso adapta-se a geometrias complexas. A malha define apenas as fronteiras do volume de controle e não necessita estar relacionada com um sistema de coordenadas. O método é inerentemente conservativo, contanto que as integrais de superfície (que representam fluxos convectivos e difusivos) sejam as mesmas que as nas faces partilhadas pelo VC. A aproximação com o MVF é talvez a de compreensão mais simples, pois todos os termos que precisam de ser aproximados têm significado físico, e foi o método empregado neste trabalho (GONÇALVES, 2007). 3 CONCEITOS PRELIMINARES 3.1 ADSORÇÃO Segundo BRUNAUER (1945), a adsorção ocorre quando um fluido (gás) entra em con- tato com um sólido poroso de maneira que as moléculas do gás fiquem aderidas à parede do sólido. A adsorção é diferente da absorção pois nesta as moléculas do gás se incorporam ao material podendo se dissolver nele ou formar uma solução com ele, enquanto naquela as moléculas aderem à parede do material poroso. O material poroso que caracteriza a fase sólida do processo é chamado de adsorvente enquanto as moléculas que aderem a parede caracterizam o adsorvato, conforme a figura 3.1. Fig. 3.1: Processo de Adsorção Fonte: (DÍAZ, 2012) O fenômeno contrário à adsorção é chamado de dessorção. Este se caracteriza pela retirada das moléculas que previamente foram adsorvidas pelo material adsorvente. Tal processo 12 13 pode ocorrer por meio de aquecimento do material adsorvente (BRUNAUER, 1945). Dois tipos de interação podem ocorrer quando as moléculas aderem à parede do sólido. O primeiro é uma ligação fraca entre as moléculas e o gás, regida pelas forças de Van der Waals, chamada de adsorção física, em que as moléculas podem ser facilmente liberadas da superfície como ocorre na dessorção. O outro é uma ligação mais forte que a anterior, que necessita da mesma energia de ativação que reações químicas, chamada de adsorção química ou quimissorção, que é irreversível e possui uma monocamada de moléculas de adsorvato. De acordo com GREGG e SING (1967), em 1777, Fontana notou que o carvão calcinado absorvia gases em quantidades equivalentes a várias vezes o seu volume. No mesmo ano, Scheele relatou que o que foi expelido pelo carvão com o seu aquecimento é reabsorvido no resfriamento. Em 1843, Mitscherlich destacou a importância dos poros e seus tamanhos no desempenho dos materiais adsorventes. Já em 1881, Kayser introduziu o termo adsorção para descrever o fenômeno de condensação de gases em superfícies livres. E em 1909, McBain introduziu o termo sorção que engloba adsorção e absorção (GREGG e SING, 1967). 3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS SÓLIDOS POROSOS Designam-se materiais porosos aqueles em que a parte sólida que os constitui corres- ponde a apenas uma parte do seu volume total, sendo que o restante são vazios, denominados poros, que podem, ou não, comunicar-se entre si. A porção esquelética do material é denominada matriz ou estrutura. Três parâmetros caracterizam o material poroso : tamanho dos poros e sua distribuição, porosidade e área superficial específica (SILVA, 2014). 3.3 TAMANHO DOS POROS E SUA DISTRIBUIÇÃO A estrutura porosa se assemelha a uma rede de túneis de diversos diâmetros interconec- tados que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente, atingindo diâmetros internos cada vez menores. A seção transversal dos poros varia desde seções aproximadamente circulares até outras que possuem forma de fenda entre placas paralelas. Os termos diâmetro, largura ou tamanho de poro são frequentemente utilizados e podem ser compreendidos como a menor dimensão do poro, ou seja, aquela que atua como limite para a penetração do ad- 14 sorvato, determinando a acessibilidade das moléculas. A porosidade de um adsorvente é um dos aspectos mais importantes para a avaliação de seu desempenho. As diferenças nas características de adsorção estão relacionadas com a estrutura dos poros do material. A IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry) (IUPAC et al., 1994) estabeleceu uma classificação que divide os poros em três grupos em função do tamanho, conforme abaixo: Microporo: poro, cujo tamanho é inferior a 2 nm, que contribui majoritariamente para a área superficial e proporciona alta capacidade de adsorção para moléculas de dimensões pequenas, tais como gases. Mesoporo: poro, cujo tamanho se situa entre 2 a 50 nm, que desempenha importante papel na adsorção de moléculas grandes. Macroporo: poro, cujo tamanho é superior a 50 nm. Embora apresente menor contribuição para o processo de adsorção, é responsável pelo transporte das moléculas para os poros menores. A figura 3.2 exemplifica as definições anteriores. Fig. 3.2: Tamanho dos poros 3.4 POROSIDADE E VOLUME Para a análise de materiais porosos, é necessária a compreensão de como os poros podem estar distribuídos dentro do material, impactando em sua eficiência no processo de adsorção. 15 Esse tipo de material pode apresentar poros abertos ou poros fechados, enquanto o volume vazio pode ser subdividido em volume vazio útil e volume morto. O volume vazio útil, chamado de Vu , é constituído pela parcela do volume total que pode ser ocupado pela fase gasosa. Já o volume morto ou não utilizável, denominado Vm , é representado pelos poros inacessíveis sendo composto por poros fechados e poros sem saída, onde não há fluxo de gás. A figura 3.3 mostra esses tipos de poros. Fig. 3.3: Tipos de Poros Fonte: (SILVA, 2014) Os poros conectados entre si e com a superfície externa são denominados poros abertos enquanto os poros não-interconectados são denominados poros fechados. Existem ainda os poros sem saída, que são interconectados apenas por um lado, conforme figura 3.3. Para efeito da adsorção interessam apenas os poros abertos sendo V , o volume total e Vs , o volume sólido. Então, o volume total V pode ser definido como: V = V s + Vm + Vu (3.1) A porosidade, que representa a fração de espaços vazios, é definida por � e determinada 16 pela razão entre a soma dos volumes dos poros e o volume total da amostra. �= Volume dos Poros Volume Total (3.2) Para efeito de propagação de fluidos em meios porosos, consideram-se apenas os poros interconectados, ou seja, volume vazio útil Vu . Portanto, a definição de porosidade passa a ser então: �= 3.5 Volume Útil Volume Total (3.3) DENSIDADES E CONCENTRAÇÕES Uma vez que é prática comum assumir uma densidade invariável de ar seco (no sentido de ar livre de gás carbônico, ou ar puro), torna-se útil empregar concentrações em base seca. Esta subseção apresenta as variáveis de concentração utilizadas para descrever a concentração de dióxido de carbono CO2 em fases gasosa e adsorvida, tanto em base volumétrica (kg /m 3 ), quanto em base seca (kg CO2 /kg de ar seco). A concentração de dióxido de carbono CO2 na fase gasosa, ρ v , está relacionada com a corrente de processo. Já ρ v, f está relacionada com a concentração presente nos espaços vazios dentro do material adsorvente. Essas propriedades podem ser relacionadas com concentrações em base seca Y e Y f : ρv = ρa Y e ρ v, f = ρ a Y f (3.4) Em que ρ a é a densidade do ar seco, que é assumida constante. Sabe-se que ρ v, f é definido em função do volume útil (poros vivos) e esta concentração é gerada por meio de difusão de massa do canal de processo para o interior da matriz porosa. Sendo assim, conforme ocorre a difusão, tem-se o preenchimento dos poros e inicia-se o processo de adsorção na superfície de contato com sólido poroso. A concentração da fase adsorvida, ρ l , é dada em termos do volume estrutural real do adsorvente sólido (incluindo 17 poros mortos), e pode ser definida como: (3.5) ρl = ρ s f s W Onde W é a concentração da fase adsorvida em base seca, ρ s é a concentração da fase sólida e f s é definido como a fração mássica de material adsorvente no material poroso. A concentração em base seca W é um parâmetro importante no processo de adsorção e a mesma é uma função da temperatura e concentração do gás dentro da matriz porosa. Como descrito abaixo: W = W (Y f , T f ) (3.6) A concentração pode ser traduzida também através da pressão parcial do gás no canal poroso. Posteriormente, para solucionar o balanço de massa e energia será feito o uso da isoterma de adsorção como forma de equação constitutiva para o parâmetro W . Define-se f como a massa específica do material que ocupa o volume útil e s como massa específica do volume sólido somado aos poros fechados, ou seja, considerando como vazio apenas os poros interconectados (poros abertos). Abaixo, para melhor compreensão dos dados, a tabela 3.1 descreve como as grandezas se relacionam com sólido e os espaços vazios dentro da matriz porosa Tab. 3.1: Resumo das propriedades do meio poroso, considerando que os vazios estão preenchidos com um fluido Grandeza Fração Volume 3.6 Vazios Sólido � �V 1−� (1 − �)V ISOTERMA DE ADSORÇÃO Quando um sólido altamente disperso é exposto a um gás em um espaço fechado e a uma pressão definida, o mesmo começa a adsorver o gás. Isso ocorre com uma redução gradual 18 na pressão do gás, que causa um aumento no peso do sólido. Depois de um tempo, a pressão fica constante e o peso do sólido também para de aumentar. A quantidade de gás adsorvido, então, pode ser calculada a partir da queda da pressão pela aplicação das leis dos gases, caso sejam conhecidos os volumes do vaso e do sólido. A adsorção é uma consequência da força de campo na superfície do sólido (adsorvente), que atrai as moléculas do gás (adsorvato). A quantidade adsorvida por grama de sólido depende da pressão de equilíbrio p , da temperatura T , e também da natureza do gás e do sólido e é representada por qe : q e = q e (p, T, gás, sólido) (3.7) Para um dado gás adsorvido sobre um dado sólido, mantido a uma temperatura fixa, a equação anterior é simplificada para: q e = q e (p) (3.8) As equações anteriores são expressões da isoterma de adsorção, i.e, da relação entre a quantidade adsorvida e a pressão, para um dado gás adsorvido por um dado material a uma temperatura fixa. Na literatura, são encontradas inúmeras isotermas de adsorção medidas numa ampla variedade de sólidos. No entanto, a maioria pode ser agrupada em cinco classes que compõem os cinco tipos de classificação propostos, originalmente, por Brunaurer, Emmett e Teller formando a classificação BET. (GREGG e SING, 1967) Com a finalidade de se determinar os parâmetros associados à adsorção de gás carbônico aos materiais estudados, os dados experimentais foram avaliados por meio de isotermas como a de Sips (modelo com três parâmetros), que representa a combinação das isotermas de Langmuir e de Freundlich (modelos com dois parâmetros). Uma das características da isoterma de Langmuir é presumir a formação de uma monocamada e assumir uma aproximação da quantidade limite de adsorção. Ela é representada 19 pela equação (3.9), conforme abaixo: qe = q m b We 1 + b We (3.9) onde qe é a quantidade adsorvida por grama de adsorvente (mg/g), We corresponde à concentração do adsorvato no equilíbrio (mg/l), qm é a constante de capacidade máxima de adsorção (mg/g) e, b corresponde à constante de energia de adsorção (l/mg), ou seja, à afinidade entre o adsorvente e o adsorvato. Para verificar se a adsorção é ou não, favorável na isoterma de Langmuir, determina-se o parâmetro de equilíbrio R L (constante adimensional), conforme a Equação (3.10). Se o valor de R L ficar entre 0 e 1, a adsorção é favorável. RL = 1 (1 + b W0 ) (3.10) Na equação 3.10, W0 corresponde à concentração inicial mais alta do adsorvato (mg/l) e b, à constante de Langmuir. A isoterma de Freundlich, por sua vez, assume a existência de uma estrutura em multicamadas e prevê uma distribuição exponencial de vários sítios de adsorção com energias diferentes e é representada pela Equação (3.11): q e = K F We 1/n (3.11) onde K F corresponde à constante de capacidade de adsorção (mg/g) e n à constante de intensidade de adsorção (considerada favorável na faixa entre 2 e 10). Os valores dos parâmetros de adsorção de Langmuir (qm e b ) e de Freundlich (K F e n ) podem ser determinados a partir do cálculo dos coeficientes linear e angular das respectivas equações das retas. A isoterma de Sips é representada pela Equação (3.12): qe = q máx (K s We )n 1 + (K s We )n (3.12) onde qe e We têm os mesmos significados que nas isotermas anteriores, qmax corres- 20 ponde à máxima capacidade de sorção (mg/g); K S é a constante de equilíbrio de Sips (l/mg) e n representa o grau de heterogeneidade do sistema, podendo variar de 0 a 1. Se n = 1 significa que o sistema é homogêneo, igualando-se ao modelo de Langmuir e, se n < 1 representa aumento da heterogeneidade. Os três parâmetros (qmax , K s , n) dessa equação são determinados a partir da análise de regressão não-linear. 3.7 CALOR ISOTÉRICO DE ADSORÇÃO O calor isostérico de adsorção é a razão entre a variação da entalpia no adsorvato e a va- riação da quantidade (de gás) adsorvida. Uma molécula livre possui movimentos de rotação, translação e vibração, porém, quando adsorvida, o movimento de translação fica limitado pois a mesma pode apenas mover-se sobre o sólido. A molécula perde, também, a liberdade de rotação, diminuindo assim o grau de desorganização (do meio), ou seja, reduzindo a entropia (S < 0). Para um processo ser espontâneo, a diferença entre a energia livre de Gibbs do estado final e do estado inicial deve ser negativa (G < 0) e é definida seguinte forma: (3.13) ∆G = ∆H − T ∆S Para que a inequação acima seja verdadeira, é necessário que a variação da entalpia seja negativa, consequentemente, a adsorção é um processo exotérmico. A energia liberada é parcialmente absorvida pelo sólido adsorvente e parcialmente dissipada para o circundante. A porção de calor absorvida pelo sólido aumenta a temperatura da matriz adsorvente e diminui a cinética de adsorção. 3.8 ENTALPIA E CALOR DE ADSORÇÃO Assumindo a hipótese de gás ideal, as entalpias das fases gasosas dependem apenas da temperatura. Logo, as entalpias de ar seco e gás podem ser escritas como: i a = i a (T ); i a, f = i a, f (T f ); i v = i v (T ); i v, f = i v, f (T f ) (3.14) 21 O subscrito f se refere às propriedades no interior da matriz porosa (difusão de massa para o adsorvente), enquanto que a sua ausência faz referência a condições no fluxo de processo. As entalpias de líquido saturado e da matriz sólida porosa também dependem apenas da temperatura, e são dadas por: i l s = i l s (T f ); i s = i s (T f ) (3.15) Para essas propriedades não é necessário fazer uso do subscrito f , uma vez que as mesmas só ocorrem dentro da matriz porosa. A entalpia associada à fase adsorvida é semelhante à de uma fase líquida, no entanto, a atração de superfície adicional associada ao fenômeno de adsorção física implica em valores de entalpia que são geralmente menores do que a do líquido saturado à mesma temperatura. Essa entalpia é definida como: i l = i l (T f , W ) = i l s (T f ) + i wet (T f , W ) (3.16) Onde i wet é o calor diferencial necessário para aderência superficial do adsorvato ao adsorvente, que é, geralmente, um valor negativo e satisfaz a condição i l � i l s . As relações acima também refletem o fato de que i wet , e, consequentemente, i l dependem da evolução do processo de adsorção na matriz porosa. O i wet terá, geralmente, uma magnitude maior para valores menores de W , devido às forças de adsorção mais fortes associadas às primeiras camadas de superfície de adsorvato sobre o adsorvente. O calor diferencial de molhabilidade, i wet , também ocorre de forma integral. O calor integral de molhabilidade é definido como: ∆i wet = ∆i wet (T f ,W ) = �W 0 i wet (T f , W � ) dW � (3.17) O calor de molhabilidade é definido como uma função da temperatura na matriz porosa e por W, relacionado à concentração de gás carbônico adsorvido em base seca durante o processo. Uma vez que a quantidade i wet diminui com o aumento de W , não é possível assumir essa propriedade como uma constante. Com base na definição de i wet , um calor 22 diferencial médio de molhabilidade é também definido: ı̄ wet (T f , W ) = ∆i wet (T f , W ) W 1 = W �W 0 i wet (T f , W � ) dW � (3.18) De tal modo que o calor integrante de molhabilidade para um dado teor adsorvido W , pode ser simplesmente obtido multiplicado pela quantidade ı̄ wet . O calor de vaporização é definido como a diferença entre as entalpias de vapor saturado e líquido saturado: i v ap = i v ap (T f ) = i v, f (T f ) − i l s (T f ) (3.19) Em que i v, f é igual a entalpia do vapor saturado devido à suposição de gás ideal. Semelhantemente à definição do calor de vaporização, o calor diferencial de adsorção é definido como a diferença entre a entalpia do vapor saturado e a da fase adsorvida: i sor = i sor (T f , W ) = i v, f (T f ) − i l (T f , W ) (3.20) Enfatizando-se a dependência da i sor sobre o conteúdo adsorvido. Também é útil saber que a diferença entre o calor de adsorção e o calor de vaporização conduz ao calor de molhabilidade: i wet = i v ap − i sor (3.21) O que implica em i sor ser maior que i v ap , uma vez que i wet < 0. Como já feito de modo similar para o calor de molhabilidade, uma entalpia específica média para fase adsorvida também é definida como: ı̄ l = ı̄ l s + ı̄ wet (3.22) De tal modo que a entalpia por massa de adsorvente seco de água adsorvida pode ser simplesmente escrita como Wı̄ l 4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA Neste capítulo, as formulações para a modelagem do problema para redução da carga carbônica utilizando adsorventes sólidos são apresentadas. 4.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA E MODELO FÍSICO A redução da carga carbônica do ambiente através de adsorção física envolve a transfe- rência de calor e massa dentro de uma matriz, composta por canais adjacentes preenchidos com um adsorvente poroso. O material adsorvente poroso é modelado como uma forma homogênea composta por uma parte sólida e poros, na qual tanto o gás quanto as fases adsorvidas podem coexistir. A fim de facilitar a análise, a figura 4.1 faz ilustração do modelo que será seguido. Começando com a porção sólida do material adsorvente, o subscrito s se refere a quantidades na fase sólida. Por outro lado, dentro dos poros, o subscrito f é empregado para a fase gasosa. Por fim, o índice l é empregado para a fase adsorvida. No entanto, uma vez que a adsorção ocorre na superfície da fase sólida, o índice s é também empregado para descrever quantidades relacionadas com a fase adsorvida. Na corrente de processo, uma única fase está presente, e por uma questão de simplicidade, nenhum subscrito é empregado para essa fase. O canal em análise pode ser aproximado para um minicanal, conforme exibido na figura 4.1. Dentro do presente estudo, o ar contaminado com dióxido de carbono é representado pelo escoamento na corrente de processo. Durante esse processo, devido à interface do processo com o meio poroso, tem-se a difusão de CO2 do processo para o meio poroso. Isso ocorre devido às diferenças de concentração e consequentemente, pressão parcial do processo para o meio poroso. Dentro da matriz porosa há o início do processo de adsorção, que é caracterizado pela aderência de dióxido de carbono à superfície de contato do material 23 24 adsorvente. A adsorção de gás carbônico irá prosseguir até a saturação do material adsorvente (i.e. igualdade de concentração de dióxido de carbono entre a corrente de processo e matriz porosa). Para dar continuidade ao processo de adsorção será necessário realizar a dessorção do material, ou seja, recuperar a matriz porosa saturada por meio de aquecimento e desprendimento das moléculas de gás aderidas à mesma com posterior encaminhamento do CO2 para algum recipiente que o armazene para não ser liberado na atmosfera. Esse processo é exemplificado na figura 4.2. Fig. 4.1: Minicanal de Processo de Adsorção Fig. 4.2: Rotor Dessecante 25 4.1.1 Hipóteses Simplificadoras Para a resolução do problema apresentado, anteriormente ao seu desenvolvimento, são explicitadas algumas considerações utilizadas no trabalho, tais como: 1. Pequenas concentrações de gás carbônico; 2. Variações na concentração não afetam as velocidades; 3. Escoamento unidirecional; 4. A difusão de calor e massa nas partículas é rápida, levando a uma resistência à transferência de calor e massa desprezível; 5. Calores específicos constantes; 6. Efeitos de radiação são desprezíveis devido às pequenas diferenças relativas de temperaturas; 7. Não há reação química ou geração de energia; 8. Poros podem ser modelados como cilíndricos e a porosidade é homogênea; 9. Meio isotrópico; 10. As propriedades de entrada do fluido são constantes, assim como a vazão; 11. Adsorção reversível; 12. Mistura de gases ideais; 13. Não há mudança de fase, além daquela resultante da adsorção; 14. Não há perdas de calor para o ambiente; 26 4.2 EQUAÇÕES GOVERNANTES 4.2.1 Balanço de Massa para a Corrente A equação de transporte de massa é modelada a partir da derivada material de concentração considerando que a variação desta propriedade é decorrente da difusão de massa para matriz porosa. Sendo assim, pode-se representar esse modelo a partir da equação (4.1): Ap � � ∂ρ v ∂ρ v +u = P s j i�� ∂t ∂x (4.1) na qual P s é o perímetro da área em que se situa na interface entre matriz porosa e corrente, A p é a área em que ocorre a difusão de massa e j i�� é o fluxo de transporte de massa na interface. Naturalmente, a convenção adotada para j i�� é positiva quando o gás carbônico é transferido do adsorvente para a corrente do processo. A partir da concentração de base-seca, a equação (4.1) é simplificada para: ρa � ∂Y ∂Y +u ∂t ∂x � = P s �� j Ap i (4.2) Considerando que o fluxo de massa convectivo da matriz porosa para a corrente do processo é escrito em termos de diferença de concentrações, de maneira semelhante à Lei de Resfriamento de Newton, a equação é representada por: j i�� = h m ρ a (Y f − Y ) (4.3) Aplicando a equação (4.3) na equação (4.2), obtém-se: ∂Y ∂Y Ps +u = h m (Y f − Y ) ∂t ∂x Ap (4.4) A equação (4.4) representa a formulação final do balanço de conservação de massa para corrente de processo. 27 4.2.2 Balanço de Energia para a Corrente A equação abaixo representa o balanço de conservação de energia para corrente de processo. Para tal, utiliza-se a primeira Lei da Termodinâmica e considera-se que não existe a presença de trabalho externo sobre o processo: Ap ∂ ∂ (ρ a i a + ρ v i v ) = − (A p u (ρ a i a + ρ v i v )) + P s q i�� + P s j i�� (i v,i − i v ) ∂t ∂x (4.5) É importante que seja feita a interpretação física dos termos de troca de calor da equação (4.8). Essa formulação matemática simplificada considera que o material altera seu estado de energia interna através do fluxo de calor que atravessa a interface da matriz porosa com o processo (uma vez que ocorre um processo exotérmico) e esse termo é descrito por qi�� . Já o termo j i�� faz referência a entradas e saídas de massa do processo para a matriz porosa e deve ser descrito em função da entalpia, pois é necessário considerar o trabalho de fluxo realizado para atravessar a interface do volume de controle analisado. No entanto, sabe-se que o valor de i v,i não está claramente definido mas, fisicamente, deve estar entre os valores da entalpia do gás na corrente de processo i v e a entalpia do gás na matriz porosa i v, f . Considera-se que o calor específico pode ser descrito como: ρ c p = ρ a c p,a + ρ v c p,v = ρ a (c p,a + c p,v Y ) (4.6) i = cp T (4.7) Sendo que: Assim, aplicando a equação (4.6) na equação (4.5), tem-se: ρ cp � � ∂T ∂T P s �� P s �� +u = q̇ + j (i v,i − i v ) ∂t ∂x Ap i Ap i (4.8) A fim de facilitar o entendimento da equação (4.8), o parâmetro ϕ é introduzido, conforme a equação (4.9). Tal parâmetro determina qual meio é diretamente afetado pelo termo 28 do calor sensível. Se Φ = 1 o calor sensível é totalmente entregue ao ar de processo. Por outro lado, se Φ = 0 ele é totalmente entregue ao meio adsorvente. Valores intermediários indicam que uma maior quantidade de calor sensível está sendo entregue ao ar de processo quanto mais próximo de 1 ele for e vice e versa. i v,i = i v + ϕ (i v, f − i v ) (4.9) Onde, i v, f − i v pode ser escrita em termos de diferença de temperatura: i v, f − i v = c p,v (T f − T ) (4.10) Para descrição da fluxo de calor na superfície, considera-se a Lei de Resfriamento de Newton: q i�� = h (T f − T ) (4.11) Onde h é o coeficiente de calor de transferência de massa convectivo e T f é a temperatura na interface entre a matriz porosa e a corrente do processo. Aplicando as equações (4.3), (4.9), (4.10) e (4.11) na equação (4.8) e considerando que o fluxo de massa convectivo pode ser descrito pela equação (4.3), tem-se: � � ∂T ∂T Ps Ps cp ρ +u =h (T f − T ) + h m ρ a ϕ c p,v (Y f − Y )(T f − T ) ∂t ∂x Ap Ap 4.2.3 (4.12) Balanço de Massa para o Adsorvente Para desenvolvimento do balanço de conservação de massa para o adsorvente é necessário entender a massa total de dióxido de carbono na matriz porosa e expressar como a mesma pode variar em função do tempo. Sabe-se que a concentração de CO2 na matriz porosa, ρ v, f , é definida por unidade de volume de poros (excluindo poros mortos). Já a concentração de CO2 adsorvido, ρ l , é dada em termos de volume estrutural real do adsorvente sólido (incluindo poros mortos). Como resul- 29 tado, a massa total de dióxido de carbono contido no material adsorvente pode ser calculada como: � vf � ρ v, f + (1 − �)ρ l dv (4.13) Onde v f corresponde ao volume de poros na matriz porosa e � a porosidade do material adsorvente. Analogamente ao realizado no balanço de conservação de massa para o processo, a derivada material de concentração deve ser igual aos fluxos de massa que atravessam a interface. Logo, a equação pode ser modelada como: � � ∂ρ v, f ∂ρ l Af ε + (1 − ε) = −P s j i�� ∂t ∂t (4.14) na qual A f é a área do material adsorvente perpendicular à direção do fluxo. Usando concentrações de base-seca, a equação (4.14) pode ser reescrita como: ε ρa ∂Y f ∂t + (1 − ε) ρ s f s ∂W P s �� =− j ∂t Af i (4.15) Baseando-se nas equações precedentes, o fluxo volumétrico de adsorção, para o balanço unidimensional é definido como: ��� ġ sor = (1 − ε) ∂ρ l ∂W = (1 − ε) ρ s f s ∂t ∂t (4.16) representando a taxa real de CO2 adsorvido, que contribui com o aumento de CO2 adsorvido e diminuição da quantidade de CO2 adsorvido por meio de difusão. Enquanto algumas investigações consideram a difusão de massa através da camada adsorvente, uma simplificação comum é considerar que a difusão de massa na direção axial é pequena se comparada com a transferência de massa no fluxo de ar. De modo que a equação 30 (4.15) pode ser simplificada e escrita como: ε ρa ∂Y f ∂t + (1 − ε) ρ s f s ∂W P s �� = j ∂t Af i (4.17) Como dito anteriormente, aplicando a equação (4.3) do fluxo de massa convectivo, na equação (4.17), chega-se a: ε ρa ∂Y f ∂t + (1 − ε) ρ s f s ∂W Ps = h m ρ a (Y f − Y ) ∂t Af (4.18) Assim, é possível reescrever a equação (4.15) conforme a equação (4.18). 4.2.4 Balanço de Energia para o Adsorvente Desde de que a hipótese de pequenas variações de pressão seja assumida, a equação de transporte de energia pode ser escrita em termos do balanço de entalpia. A equação (4.19) representa o modelo utilizado: � � �� �ρ l ∂ � Af ε (ρ a i a + ρ v, f i v, f ) + (1 − ε) ρ s i s + i l dρ l = ∂t 0 ∂q̇ ��f ,x = −A f − P s q̇ i�� − P s j i�� i v,i ∂x (4.19) que, sendo escrita em termos de concentração de base-seca, é representada por: � � �� �W ∂q̇ ��f ,x ∂ � Af ε ρ a (i a + Y f i v, f ) + (1 − ε) ρ s i s + i l dW = − Af − P s q̇ i�� − P s j i�� i v,i ∂t ∂x 0 (4.20) A entalpia integral do CO2 adsorvido precisa ser utilizada devido à dependência da entalpia da fase adsorvida, i l , com a concentração adsorvida que ocorre graças à natureza do calor de molhabilidade. Deve-se notar que a transfêrencia de energia associada à difusão na fase adsorvida é escrita em termos da entalpia média, ı̄ . Assim, a entalpia da quantidade difundida é o valor médio de todas as camadas adsorvidas, o que implica em assumir que a difusão é igualmente 31 distribuída ao longo de todas as camadas adsorvidas. De fato, o valor ”exato” da entalpia específica do CO2 difundido e adsorvido envolveria a integral de diferentes graus de difusão associados a diferentes camadas adsorvidas. Por outro lado, usar i l em vez de ı¯l implica em assumir que a quantidade de gás carbônico difundido, independentemente da quantidade, terá o valor de entalpia da última camada adsorvida. Embora ı¯l seja adotado como a entalpia da camada difundida, pode-se modificar a formulação dada se uma aproximação melhor ou se a entalpia do CO2 adsorvido estiverem disponíveis. O rearranjo da equação (4.20), feitas as devidas simplificações, leva a: ρf cf ∂T f ∂t =− P s �� P s �� ��� q̇ − j (i v,i − i v, f ) + ṡ sor Af i Af i (4.21) ��� onde ṡ sor é a taxa de aquecimento por adsorção que, para o balanço unidimensional, é definido como: ��� ṡ sor = (1 − ε) ρ s f s ∂W (i v, f − i l ) ∂t (4.22) e a capacidade térmica volumétrica da matriz porosa inclui contribuições do ar nos poros do sólido adsorvente e do gás carbônico adsorvido: ρ f c f = ε ρ a (c ρ,a + c ρ,v Y f ) + (1 − ε) ρ s (c s + f s W c l ) (4.23) Na qual o calor específico da fase adsorvida pode ser definido por: ∂ W cl = �� W 0 il dW ∂T f � W ou � ∂ı̄ l cl = ∂T f � , (4.24) W onde o subscrito W indica diferenciação mantendo W constante. A equação (4.23) mostra que o termo de armazenamento de energia na equação (4.21) representa a energia armazenada nas três fases presentes em um ponto do material adsorvente. Observando-se o lado esquerdo da equação (4.21), pode-se constatar que, além do termo de energia armazenada, há outros termos advectivos de energia armazenada devidos ao movimento do gás carbônico 32 no gás e nas fases adsorvidas. Como essas taxas de transferência de massa são devidas à difusão, esses termos podem ser negligenciados e por isso removidos da equação de transporte. Por fim, com a introdução do calor de adsorção da equação (3.20), tem-se: ρf cf ∂T f ∂t =− P s �� P s �� ��� q̇ − j (i v,i − i v, f ) + ṡ sor Af i Af i (4.25) Introduzindo a definição de calor de adsorção (3.20) na equação (4.23) obtém-se: ��� ṡ sor = (1 − ε) ρ s f s ∂W i sor ∂t (4.26) O termo "calor de adsorção"também pode ser escrito em termos do grau de adsorção: ��� ��� ṡ sor = ġ sor i sor (4.27) no qual o último termo representa a contribuição adicional advinda da difusão nas camadas adsorvidas. Um exemplo de manifestação desse termo é a situação em que não ocorre adsorção, porém, devido à diferença de concentração na superfície, há movimentação na fase adsorvida e isso resulta na redistribuição do adsorvato em diferentes camadas adsorvidas. A diferença de entalpia associada a diferentes camadas produzirá um efeito de aquecimento ou resfriamento, que é representado pelo último termo da equação (4.27) e se não há difusão ��� superficial, ṡ sor é dado por: ��� ��� ṡ sor = ġ sor i sor = (1 − ε) ρ s f s ∂W i sor ∂t (4.28) Finalmente, a partir do momento em que três variáveis dependentes aparecem no balanço de massa, passa a ser necessária um terceira equação. Essa equação é a isoterma de adsorção, ou regulação de equilíbrio, como é geralmente definida segundo a equação (3.6), assim como W é calculado diretamente das propriedades (T f e Y f ) da fase gasosa nos espaços vazios da 33 matriz adsorvente. ρf cf ∂T f ∂t =− Ps Ps ��� h(T f − T ) − h m ρ a (1 − ϕ) c p,v (Y f − Y )(T f − T ) + ṡ sor Af Af ��� ��� ṡ sor = ġ sor i sor = (1 − ε)ρ s f s ∂W i sor ∂t (4.29) (4.30) Então: ρf cf ∂T f ∂t =− Ps Ps h(T f − T ) − h m ρ a (1 − ϕ) c p,v (Y f − Y )(T f − T )+ Af Af + (1 − ε) ρ s f s 4.3 ∂W i sor ∂t (4.31) QUANTIDADE DE CO 2 REMOVIDO A quantidade de CO2 removido é quantificada por meio de um parâmetro adimensional definido pela equação (4.32) a seguir: η= mCO 2 removida mCO 2 máxima no asdorvente , (4.32) representando a quantidade removida da corrente de ar em relação ao máximo que o material pode armazenar. A massa de CO2 adsorvida pode ser descrita conforme a equação (4.33): mCO 2 = �τ 0 (Yi n − Yout )m˙a dt (4.33) Sendo a vazão em massa de ar seco descrita como: m˙a = ρ a u A p (4.34) 34 Também é possível relacionar a máxima vazão em massa de dióxido de carbono como: ṁCO 2 máxima = Wmáx ρ s (1 − �) L A f (4.35) Logo, a equação (4.32) se transforma na equação (4.36), conforme abaixo: η= Ymáx ρ a u A p τ Wmáx ρ s (1 − ε) L A f �τ 0 ∗ (Yi∗n − Yout ) m˙a dt ∗ (4.36) Para fins de simplificação analisa-se apenas o termo (4.37), a seguir: Ymáx ρ a u A p τ (4.37) Wmáx ρ s (1 − ε) L A f Que pode ser reescrito como a equação (4.38), abaixo: Ymáx ρ a A p 1 (4.38) Wmáx ρ s (1 − ε)A f τd w Assim, multiplicando e dividindo a equação (4.38) por A f τ L , obtém-se a equação (4.39), conforme abaixo: Ymáx ρ a A f L, ε Ap L 1 Wmáx ρ (1 − ε) A f L ε A f L τd w (4.39) Finalmente, pode-se reescrever a efetividade de adsorção de gás carbônico conforme a equação (4.40), mostrada abaixo: V∗ η= Ω τd w 4.4 �τ 0 ∗ (Yi∗n − Yout ) dt ∗ (4.40) ADIMENSIONALIZAÇÃO Nesta seção será feita a adimensionalização das equações de governo de massa e energia para o processo e para a matriz adsorvente. Posteriormente, será feita a análise dos parâmetros encontrados e qual o significado físico dentro do fenômeno estudado. Deve-se enfatizar que este trabalho só analisa um "sopro único", portanto, torna-se desnecessário considerar a 35 inversão de sinais nas equações. Considerando a seguintes quantidades adimensionais: Y∗ = Y Ymax , W∗ = x∗ = W , Wmax x , L t∗ = T∗ = T − Tmin ∆T t , τ (4.41) (4.42) Segundo os termos descritos acima, é possível escrever a equação (4.4), para o balanço de conservação de massa para a corrente como: ∗ Ymáx ∂Y ∗ ∂Y ∗ P s h m L ∗ ∗ L + Y = Ymáx (Y f∗ − Y ∗ ) máx u τ ∂t ∗ ∂x ∗ Ap u τd w ∂Y ∗ ∂Y ∗ + = Nm (Y f∗ − Y ∗ ) ∂t ∗ ∂x ∗ (4.43) (4.44) Sendo o parâmetro τd w , descrito pela equação (4.45), definido como o tempo de residência adimensional, que caracteriza o tempo necessário para que uma partícula atravesse o canal. Lembrando que τ representa o período de rotação da roda dessecante. τd w = L uτ (4.45) O parâmetro do número de unidade de transferência de massa, Nm que é análogo o número de transferência de calor (NUT), pode ser descrito abaixo: Nm = P s hm L Ap u (4.46) Para o balanço de conservação de energia para corrente, descrito pela equação (4.12), 36 escreve-se: cp ρ ρa cp � � L ∂T ∗ ∂T ∗ h Ps L + ∗ = (T ∗ − T ∗ )+ ∗ u τ ∂t ∂x ρa cp Ap u f h m P s L Ymax c p,v ∗ ϕ (Y f − Y ∗ )(T f∗ − T ∗ ) (4.47) Ap u c p,a � � ∂T ∗ ∂T ∗ χ τd w + = Nh (T f∗ − T ∗ ) + Nm ϕ c v∗ (Y f∗ − Y ∗ ) (T f∗ − T ∗ ) ∂t ∗ ∂x ∗ (4.48) Onde o parâmetro χ, descrito pela equação (4.49), é uma variável adimensional de ordem 1, que leva em consideração a variação da capacidade térmica do fluido ao longo do processo. Lembrando que ρ e c p são definidos em relação a mistura de gases. Sendo assim, ocorre a variação dessas propriedades ao longo do processo devido à adsorção. χ= ρ cp ρ a c p,a , (4.49) Já o número de unidades de transferência de calor, Nh , é um parâmetro descrito pela equação (4.50), a seguir: Nh = L Ps h ρ a c p,a u A p (4.50) O parâmetro c v∗ representa a razão de capacidade térmica de gás carbônico em relação ao ar puro, conforme a equação (4.51). Espera-se que o valor encontrado seja pequeno, uma vez que Ymáx considera a máxima concentração de gás carbônico na corrente e este valor é pequeno. c v∗ = ρ a Ymax c p,v ρ a c p,a (4.51) Para o balanço de conservação de massa para o adsorvente, descrito pela equação (4.18), 37 escreve-se: ∗ Ymáx ∂Y f Wmáx ∂W ∗ Ps � ρa + (1 − �) ρ f =− h m ρ a Ymáx (Y f∗ − Y ∗ ) s s ∗ ∗ τ ∂t τ ∂t Ap ∂Y f∗ ∂t ∗ + (1 − �) ρ s f s Wmax A f L ∂W ∗ A p L u τ P s hm L ∗ , =− (Y f − Y ∗ ) ∗ ρ a Ymax � A f L ∂t � Af L L Ap u ∂Y f∗ ∂t ∗ ∂W ∗ V∗ +Ω =− Nm (Y f∗ − Y ∗ ) ∗ ∂t τd w (4.52) (4.53) (4.54) Onde o parâmetro V∗ representa uma razão de volumes, considerando o volume livre para escoamento em relação ao volume de poros livres e é descrito por: V∗ = Ap L � Af L (4.55) O parâmetro Ω, descrito pela equação (4.56), representa uma razão entre a máxima quantidade em massa de gás carbônico que o material consegue adsorver pela máxima quantidade em massa de gás carbônico presente dentro da matriz porosa. Em geral, espera-se que este valor deste parâmetro seja maior que 1000, pois o valor de Ymáx é pequeno. Ω= (1 − �) ρ s f s Wmax A f L ρ a Ymax � A f L (4.56) Para o balanço de conservação de energia para o adsorvente, descrito pela equação (4.31), escreve-se: χf ∂T f∗ ∂t ∗ =− ∗ Nh V∗ Nm V∗ (1 − ϕ) c v∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∂W (T − T ) − (Y − Y )(T − T ) + i sor f τd w c s∗ f τd w c s∗ f ∂t ∗ (4.57) Onde o parâmetro c s∗ , descrito pela equação (4.58), representa uma razão de capacidade térmica do material adsorvente (sílica gel) e o ar puro dentro da matriz porosa, conforme a 38 seguir: c s∗ = ρ s (1 − �) c s � ρ a c p,a (4.58) ∗ O parâmetro i sor é o calor de adsorção adimensional, caracterizado pela máxima ener- gia que o material pode liberar no caso do adsorvente estar totalmente seco e adsorvendo a quantidade máxima de gás carbônico, pelo calor sensível associado à variação de temperatura característica (temperatura de entrada e temperatura de dessorção) do problema. Tal parâmetro é representado pela equação (4.59). ∗ i sor = i sor f s Wmax c s ∆T (4.59) Por último, o parâmetro χ f é uma variável adimensional, que leva em consideração a razão da variação da capacidade térmica da matriz porosa contendo gás carbônico em seus poros livres pela capacidade térmica da matriz sólida e sem a presença do gás, como mostra a equação (4.60). χf = ρf cf ρ s (1 − �) c s (4.60) 5 SOLUÇÃO NUMÉRICA Este capítulo tem por objetivo aplicar o Método de Volumes Finitos (MVF) aos balanços de conservação de massa e energia para corrente e para a matriz adsorvente, cuja derivada espacial será discretizada. A partir dessa etapa, faz-se o uso da rotina NDSolve do software Wolfram Mathematica para resolvê-las. 5.1 DISCRETIZAÇÃO DAS EQUAÇÕES Aqui será apresentada a discretização das funções em um domínio unidimensional atra- vés da construção de uma malha igualmente espaçada, com "i " nós. Para cada nó da malha existirá uma equação discretizada dos modelos matemáticos apresentados anteriormente. A malha é construída de maneira tal que se utilizam três segmentos diferentes: o central P e as fronteiras leste e oeste (E e W respectivamente), conforme ilustrado na figura 5.1. Fig. 5.1: Malha de Discretização A partir da figura 5.1, é possível formular uma função f, cujas integrais são dadas por: �x ∗ e ∗ xw ∗ f dx = ( f )p (x e∗ − x w ) �x ∗ e ∗ xw ∂f = ( f )e − ( f )w ∂x 39 (5.1) (5.2) 40 tal que: ∆x ∗ = (x)e − (x)w = (x)E − (x)P = (x)P − (x)W (5.3) ∗ onde x e∗ e x w representam as posições e e w . Para a região central, através de regras de interpolação, obtém-se: ( f )w = ( f )W + ( f )P 2 (5.4) ( f )e = ( f )E + ( f )P 2 (5.5) ( f )e − ( f ) w = ( f )E − ( f )W 2 (5.6) A partir das definições anteriores, pode-se realizar a integração das equações definidas pelo balanço de conservação de massa e energia para corrente e adsorvente. 5.2 EQUAÇÕES PARA A CORRENTE DE PROCESSO 5.2.1 Balanço de Massa para a Corrente Fazendo a discretização para o balanço de conservação de massa para a corrente, equação (4.44), tem-se: �xi +1/2 � x i −1/2 τd w dYi∗ dt ∗ τd w � �xi +1/2 ∂Y ∗ ∂Y ∗ ∗ + dx = Nm (Y f∗ − Y ∗ ) dx ∂t ∗ ∂x ∗ x i −1/2 ∆x ∗ + (Y f∗ )i +1/2 − (Y ∗ )i −1/2 = Nm [(Y f∗ )i − (Y ∗ )i ]∆x ∗ (5.7) (5.8) 41 Então: τd w dYi∗ dt ∗ + [(Y f∗ )i +1/2 − (Y ∗ )i −1/2 ] ∆x ∗ = Nm [(Y f∗ )i − (Y ∗ )i ] (5.9) Sendo, 1< i ≤ i máx . Considerando que o escoamento ocorre da esquerda para a direita faz-se a consideração USD (“upwind difference approximation”). “Upwind” é uma escolha clássica para equações de transporte que pode ser vista, de um ponto de vista mecânico, como a escolha da “informação prévia” em relação à borda σ comum entre dois volumes de controle, conforme ilustrado na figura 5.2. Fig. 5.2: Esquema Upwind Tal consideração ilustra que os termos à esquerda são mais dominantes, logo: Yi∗+1/2 ≈ Yi∗ Yi∗−1/2 ≈ Yi∗−1 (5.10) = Nm [(Y f∗ )i − (Y ∗ )i ] (5.11) e Sendo assim: τd w dYi∗ dt ∗ + [Yi∗ − Yi∗−1 ] ∆x ∗ Mas, para i = 1 tem-se Y0 , que não está definido. Então: ∗ Y1/2 = Y0∗ + Y1∗ 2 (5.12) 42 Logo, para i = 1, tem-se: τd w dY1∗ dt ∗ + ∗ [Y1∗ − Y1/2 ] ∆x ∗ /2 = Nm [(Y f∗ )1 − Y1∗ ] (5.13) Que pode ser reescrita como: τd w d(Y ∗ )1 (Y ∗ )1 − (Y ∗ )i n + = Nm [(Y f∗ )1 − (Y ∗ )1 ] dt ∗ ∆x ∗ /2 (5.14) Onde o subscrito i n se refere à condição de entrada do escoamento no canal. 5.2.2 Balanço de Energia para a Corrente Fazendo a discretização para o balanço de conservação de energia, equação (4.48), temse: � �xi +1/2 � �xi +1/2 ∂T ∗ ∂T ∗ ∗ χ τd w + dx = Nh (T f∗ − T ∗ ) dx ∗ + ∂t ∗ ∂x ∗ x i −1/2 x i −1/2 �xi +1/2 + Nm ϕ c v∗ (Y f∗ − Y ∗ )(T f∗ − T ∗ )dx ∗ (5.15) x i −1/2 χ τd w dT ∗ ∗ ∆x + [Ti∗+1/2 − Ti∗−1/2 ] = Nh [(T f∗ )i − (T ∗ )i ]∆x ∗ + dt ∗ + Nm ϕ c v∗ [(Y f∗ )i − (Y ∗ )i ][(T f∗ )i − (T ∗ )i ]∆x ∗ (5.16) Sendo, 1 < i ≤ i máx . Aqui, o escoamento também ocorre da esquerda para a direita e faz-se a mesma consideração USD que foi explicada anteriormente, logo: (T ∗ )i +1/2 ≈ Ti∗ e (T ∗ )i −1/2 ≈ Ti∗−1 (5.17) 43 Sendo assim: χ τd w d(T ∗ )i (T ∗ )i − (T ∗ )i −1 + = Nh [(T f∗ )i − (T ∗ )i ] + dt ∗ ∆x ∗ + Nm ϕ c v∗ [(Y f∗ )i − (Y ∗ )i ][(T f∗ )i − (T ∗ )i ] (5.18) Da mesma forma descrita no Balanço de Massa, Y0 não é um parâmetro definido, então: ∗ T1/2 = T0∗ + T1∗ (5.19) 2 Logo, para i = 1, tem-se: χ τd w d(T ∗ )1 (T ∗ )1 − (T ∗ )i n + = Nh [(T f∗ )1 − (T ∗ )1 ] + ∗ ∗ dt ∆x /2 + Nm ϕ c v∗ [(Y f∗ )1 − (Y ∗ )1 ][(T f∗ )1 − (T ∗ )1 ] (5.20) 5.2.3 Balanço de Massa para Adsorvente Fazendo a discretização para o balanço de conservação de massa para o adsorvente, temse: W ∗ = W ∗ (Y f∗ , T f∗ ) ∗ (5.21) ∗ ∂W ∗ ∂W ∗ ∂Y f ∂W ∗ ∂T f = + ∂t ∗ ∂Y f∗ ∂t ∗ ∂T f∗ ∂t ∗ ∂Y f∗ ∂t ∗ ∗ ∗ ∂W ∗ ∂Y f ∂W ∗ ∂T f +Ω + ∂Y f∗ ∂t ∗ ∂T f∗ ∂t ∗ ∂Y f∗ ∂t ∗ � � � =− V∗ Nm (Y f∗ − Y ∗ ) τd w � ∗ ∂W ∗ ∂W ∗ ∂T f V∗ 1+Ω + Ω = − Nm (Y f∗ − Y ∗ ) ∂Y f∗ ∂T f∗ ∂t ∗ τd w (5.22) (5.23) (5.24) 44 Fazendo: γ1 = 1 + Ω �xi +1/2 x i −1/2 γ1 ∂Y f∗ ∂t ∗ (γ1 )i ∗ dx + γ2 d(Y f∗ )i dt ∗ ∂W ∗ ∂Y f∗ ∂T f∗ ∂t ∗ e ∗ dx = − + (γ2 )i d(T f∗ )i dt ∗ γ2 = Ω �x1 +1/2 x i −1/2 =− ∂W ∗ ∂T f∗ V∗ Nm (Y f∗ − Y ∗ )dx ∗ τd w V∗ Nm [(Y f∗ )i − (Y )i ] τd w (5.25) (5.26) (5.27) onde, 1 ≤ i ≤ i máx . Assim, γ1 = γ1 (T f∗ , Y f∗ ) 5.2.4 γ2 = γ2 (T f∗ , Y f∗ ) e (5.28) Balanço de Energia para Adsorvente Fazendo a discretização para o balanço de conservação de energia para o adsorvente, tem-se: χf ∂T f∗ ∂t ∗ ∂T f∗ ∂t ∗ � =− Nh V∗ Nm V∗ (1 − ϕ) c v∗ ∗ ∗ ∗ (T − T ) − (Y − Y ∗ ) (T f∗ − T ∗ ) + τd w c s∗ f τd w c s∗ f � � ∗ ∂Y ∗ ∗ ∂T ∗ ∂W ∂W f f ∗ + i sor + (5.29) ∂Y f∗ ∂t ∗ ∂T f∗ ∂t ∗ ∗ χ f − i sor � ∗ ∂Y ∗ ∂W ∗ Nh V∗ f ∗ ∂W ∗ ∗ − i = − sor ∗ ∗ ∗ (T f − T )+ ∗ ∂T f ∂Y f ∂t τd w c s − Nm V∗ (1 − ϕ) c v∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ (Y f − Y ) (T f − T ) (5.30) τd w cs 45 Onde: ∂W ∗ ∂Y f∗ ∗ γ3 = −i sor e ∗ γ4 = χ f − i sor ∂W ∗ ∂T f∗ (5.31) Então: � �i +1/2 � ∂Y ∗ �i +1/2 ∂T f∗ Nh V∗ f ∗ ∗ ∗ γ3 ∗ + γ4 ∗ dx = − ∗ (T f − T )+ ∂t ∂t i −1/2 i −1/2 τd w c s − (γ3 )i 5.3 d(Y f∗ )i dt ∗ + (γ4 )i d(T f∗ )i dt ∗ =− Nm V∗ (1 − ϕ) c v∗ ∗ (Y − Y ∗ ) (T f∗ − T ∗ ) dx ∗ (5.32) τd w c s∗ f Nh V∗ ((T f∗ )i − (T ∗ )i )+ τd w c s∗ Nm V∗ (1 − ϕ) c v∗ ∗ ∗ ∗ ∗ − ∗ ((Y f )i − (Y )i )((T f )i − (T )i ) (5.33) τd w cs SISTEMA EXPLÍCITO PARA RESOLUÇÃO NO MATHEMATICA Para usar as equações deste trabalho no Wolfram Mathematica foram feitas as seguintes alterações: Chama-se o lado direito das equações (5.27) e (5.33) de FM e FE, respectivamente, e os mesmos são definidos em função de Y , Y f , T e T f . A partir disso, chega-se a um sistema de equações conforme a seguir: (γ1 )i (γ3 )i d(Y f∗ )i + (γ2 )i dt ∗ d(Y f∗ )i dt ∗ + (γ4 )i d(T f∗ )i dt ∗ d(T f∗ )i dt ∗ =FM (5.34) = FE (5.35) Resolvendo o sistema de equações com as equações (5.34) e (5.35), obtêm-se as equações (5.37) e (5.36), abaixo, que são usadas e implementadas no Mathematica. d(T f∗ )i dt ∗ = F M γ3 − F E γ1 γ2 γ3 − γ4 γ1 (5.36) 46 d(Y f∗ )i dt ∗ = F E γ2 − F M γ4 γ2 γ3 − γ4 γ1 (5.37) A partir das equações (5.36) e (5.37) e de outras equações que são funções dos valores apresentados na tabela 6.1 e na tabela 6.2, foi possível gerar equações que são resolvidas com o auxílio da ferramenta NDsolve. Portanto, a solução numérica pôde ser encontrada com a utilização do NDsolve. 6 RESULTADOS Neste capítulo são apresentados os resultados das simulações numéricas para o comportamento das propriedades do canal e no adsorvente, nos períodos de regeneração e adsorção com matriz fria e quente. Dentro desse contexto, também é feita análise de convergência e de efetividade de remoção de CO2 com variação de parâmetros de simulação. 6.1 DETERMINAÇÃO DA ISOTERMA USADA Para definir a isoterma usada neste trabalho foram realizados as seguintes etapas: • Foram selecionados gráficos de isotermas, conforme a figura 6.1, cujos dados foram obtidos experimentalmente durante a purificação do ar com remoção de gás carbônico do mesmo. Os dados foram obtidos do artigo (BELMABKHOUT et al., 2009). Fig. 6.1: Isotermas de Adsorção de CO 2 para TRI-PE-MCM-41 a 0.05 bar (BELMABKHOUT et al., 2009) 47 48 • A partir desses gráficos foram geradas tabelas de dados com o auxílio do software Plot Digitizer visto que as tabelas com os dados originais não se encontravam no artigo mencionado. • A partir das tabelas de dados obtidas com o Plot Digitizer foi possível exportar os dados para o software Wolfram Mathematica e assim gerar gráficos para fazer comparações com gráficos de isotermas conhecidas geradas a partir de fórmulas da literatura. • Foram geradas isotermas de Langmuir, de Toth, entre outras cujas equações são encon- tradas na literatura. Na figura 6.2, há um exemplo do que foi realizado no Mathematica com as isotermas de Langmuir e de Sips e com o gráfico gerado a partir de dados experimentais (em vermelho). Neste exemplo, é possível notar que a isoterma de Langmuir não coincide com o gráfico de dados experimentais enquanto que a isoterma de Sips, sim. Fig. 6.2: Isotermas de Langmuir, Sips e gráficos gerados com dados experimentais • Na figura 6.3, é possível notar a coincidência entre os gráficos obtidos dos resultados experimentais (em cores e a diferentes temperaturas) e os da isoterma de Sips (em preto e a diferentes temperaturas). 49 Fig. 6.3: Isotermas geradas vs. isotermas de Sips em preto • Sendo assim, a isoterma de Sips foi adotada neste trabalho por ser a que melhor coici- diu com os gráficos de dados experimentais. 6.2 ANÁLISE DA QUANTIDADE DE CO 2 REMOVIDO A partir da definição do adimensional η, em função dos grupos adimensionais já descritos anteriormente, percebe-se que a mesma só varia com o período de rotação da roda dessecante. Essas manipulações matemáticas possibilitam escrever o novo parâmetro em função de formulações adimensionais que foram descritas nos capítulos anteriores. Sabe-se que Ω∗ , V∗ e τd w não são variáveis e dependem unicamente de propriedades fixas do processo, fazendo que, após a integração, o valor de η só varie com o período de rotação da roda dessecante. A figura 6.4 abaixo demonstra como a η varia com este parâmetro. 50 Fig. 6.4: Quantidade de CO 2 Adsorvido vs. Tempo Com esse gráfico, conclui-se que com o aumento do período de rotação, tem-se uma maior eficiência no processo. Sendo válido salientar que este gráfico apresenta dois regimes. O regime inicial, com alto nível de inclinação, representa a fase em que o material está adsorvendo o gás. Já o segundo regime, que apresenta uma fase mais constante, representa a fase em que o material está entrando em saturação e, consequentemente, o regime permanente é atingido. 6.3 DADOS USADOS NAS SIMULAÇÕES A tabela 6.1 e a tabela 6.2 abaixo, mostram um resumo dos dados usados para a realização da simulação no Software Wolfram Mathematica. Todos os resultados apresentados neste trabalho tiveram como base estes valores. 6.4 CASOS TESTE Para compilação dos resultados, foram considerados três casos testes. São eles: Processo matriz fria, Processo Matriz quente e Regeneração Matriz Fria. Abaixo, segue um breve resumo dos mesmos: • Processo Matriz Fria - Neste caso, o ar de processo é insuflado dentro do canal com ele- vado teor de gás carbônico e com temperatura ambiente. Já para a matriz, considera-se 51 Tab. 6.1: Dados numéricos usados na Resolução Numérica Propriedade Símbolo Temperatura Máxima (K) Tmáx Temperatura Mínima (K) Tmín Massa Específica do Ar kg /m 3 ρa 3 Massa Específica do Adsorvente kg/m ρs Calor Específico do Gás Carbônico (J/kg·K) c p,v Calor Específico do Ar (J/kg·K) c p,a Calor Específico do Adsorvente (J/kg·K) cs Calor Específico da Fase Adsorvida (J/kg·K) cl Comprimento do canal (m) L Velocidade do escoamento (m/s) u Calor de Adsorção do Gás Carbônico i sor Perímetro molhado (m) Ps 2 Área da matriz adsorvente (m ) Af Coeficiente de transferência de calor (W/m 2 .K) h 2 Área de difusão de massa (m ) Ap Massa Molecular do Gás Carbônico (kg/mol) mCO 2 Calor de Adsorção (J/kg) i sor Período de Rotação do Rotor (s) τ Fonte: (SPHAIER, 2005) Valor 365 305 1.1614 800 844 1007 920 1688 0.4 3 2009.9 9.854 x 10−3 (0.2 x 10−3 )P s 30.25 4 x 10−6 44 x 10−3 2090.9 x 103 60 que a mesma também se encontra a temperatura ambiente e sua superfície se encontra livre para adsorção. • Processo Matriz Quente - Diante deste caso, assim como no processo anterior, o ar de processo é insuflado dentro do canal com elevado teor de gás carbônico e com temperatura ambiente. Já para a matriz, considera-se que a mesma se encontra com a temperatura máxima admitida (aproximadamente 365 K) e sua superfície se encontra livre para adsorção. • Regeneração Matriz Fria - Aqui, após ocorrer a saturação do material adsorvente, espera-se que a matriz reduza sua temperatura até alcançar a temperatura ambiente. Já para o ar de processo, o mesmo deve ser insuflado com a máxima temperatura admitida. Esta restrição é feita para tornar possível a regeneração do material e dessorção do adsorvente. 52 Tab. 6.2: Valores adimensionais usados na Resolução Numérica Propriedade Símbolo Valor Porosidade ε 0.4 Fração mássica fs 0.5 Concentração de Gás Carbônico Máxima Ymáx 0.05 Máxima Concentração de Gás Carbônico no Adsorvente Wmáx 0.529 ∗ Concentração Adimensional de Entrada Yi n 1 Temperatura Adimensional de Entrada Ti∗n 0 Número de Volumes Discretizados (Divisões da malha) i máx 10 Tempo de Residência Adimensional τd w 0.002 Razão de massas Ω 10939.5 Número de unidade de transferência de calor Nh 8.496 ∗ Razão de Capacidade Térmica cs 943.969 ∗ Razão de Volumes V 5.073 ∗ Calor de Adsorção Adimensional i sor 20.052 Número de Reynolds Re p 0.311 Número de Lewis Le p 1.245 Número de Sherwood Sh p 5.009 Número de unidade de transferência de massa Nm 19.099 Fonte: (SPHAIER, 2005) Logo, para esses casos, pode-se fazer os seguintes comparativos entre as condições de contorno adotadas: Tab. 6.3: Comparação entre condições de contorno Processo Matriz Fria Processo Matriz Quente Regeneração Matriz Fria 6.5 Yi∗n 1 1 1 Ti∗n 0 0 1 Y∗ Y f∗ 10−4 10−4 10−4 10−4 1 1 T∗ 0 1 0 T f∗ 0 1 0 ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA Com a finalidade de verificar a solução numérica, os primeiros resultados são dedicados a uma análise de convergência numérica da solução. Diferentes casos são simulados para verificar a evolução do erro relativo estimado com o aumento do número de divisões na malha. 53 Para cálculo do erro relativo, deve-se ressaltar que o mesmo é o erro absoluto dividido pelo valor mais atualizado, expresso em porcentagem. A equação (6.1) abaixo ilustra como este erro pode ser calculado: ER = 6.5.1 |x x+1 − x k | 100 x x+1 (6.1) Solução - Processo com Matriz Fria Como pode ser visto na tabela 6.4, o erro estimado para os valores da concentração são consideravelmente menores do que o erro para temperatura. Isso implica em uma malha refinada para obtenção de simulações com margem de erro aceitáveis para os valores de temperatura. Tab. 6.4: Solução - Processo com Matriz Fria valores calculados i máx 5 10 20 40 80 160 6.5.2 ∗ Yout 0.964579 0.965337 0.966057 0.966545 0.966831 0.966986 ∗ Tout 0.146759 0.140333 0.135296 0.132128 0.130339 0.129395 Y¯f 0.984182 0.985214 0.986021 0.986521 0.986799 0.986946 T¯f 0.0696652 0.0644835 0.0608198 0.0586271 0.0574229 0.0567908 erro relativo estimado ∗ Yout 0.08% 0.07% 0.05% 0.03% 0.02% — ∗ Tout 4.58% 3.72% 2.40% 1.37% 0.73% — Y¯f 0.10% 0.08% 0.05% 0.03% 0.01% — T¯f 8.04% 6.02% 3.74% 2.10% 1.11% — Solução - Regeneração Matriz Fria Como pode ser visto na tabela 6.5, este é o processo que possui um menor erro relativo propagado nos parâmetros calculados, tanto para concentração quanto para temperatura. Sendo válido ressaltar que este é o processo com menor tempo de processamento e também o único que possui resultados com erros menores que 1%, havendo melhor acurácia nos resultados. 54 Tab. 6.5: Solução - Regeneração Matriz Fria valores calculados i máx 5 10 20 40 80 160 6.5.3 ∗ Yout 1.00108 1.00074 1.00054 1.00044 1.00039 1.00037 ∗ Tout 0.933008 0.951659 0.963344 0.969580 0.972738 0.974318 Y¯f 1.00029 1.00017 1.00012 1.00009 1.00008 1.00007 T¯f 0.977262 0.985491 0.989665 0.991642 0.992583 0.993038 erro relativo estimado ∗ Yout ∗ Tout 0.03% 0.02% 0.01% 0.00% 0.00% — 1.96% 1.21% 0.64% 0.32% 0.16% — Y¯f 6.72% 0.00% 0.00% 0.00% 0.00% — T¯f 0.84% 0.42% 0.20% 0.09% 0.05% — Solução - Processo com Matriz Quente Como pode ser visto na tabela 6.6, o processo com matriz quente e fria tem resultados similares para os valores de concentração. No entanto, é possível perceber que os valores médios para temperatura de saída são um pouco maiores. Isso ocorre pois o processo possui temperaturas mais elevadas devido ao aquecimento inicial da matriz. Como pode ser evidenciado, neste processo é encontrado o maior erro relativo, que supera os valores para matriz fria. Tab. 6.6: Solução - Processo com Matriz Quente valores calculados i máx 5 10 20 40 80 160 6.5.4 ∗ Yout 0.961772 0.962651 0.963477 0.964028 0.964346 0.964516 ∗ Tout 0.163855 0.155649 0.149387 0.145538 0.143401 0.142274 Y¯f 0.982853 0.983999 0.984894 0.985443 0.985746 0.985905 T¯f 0.0773455 0.0711581 0.0668692 0.0643440 0.0629740 0.0622604 erro relativo estimado ∗ Yout 0.09% 0.09% 0.06% 0.03% 0.02% — ∗ Tout 5.27% 4.19% 2.64% 1.49% 0.79% — Y¯f 0.12% 0.09% 0.06% 0.03% 0.02% — T¯f 8.70% 6.41% 3.92% 2.18% 1.15% — Análise dos resultados de convergência Analisando os resultados de convergência apresentados, pode-se concluir que para manter um erro abaixo de 2% no processo, deve-se trabalhar com malhas acima de 80 pontos. É usual trabalhar com essa margem de erro para evitar perturbações visuais nos gráficos, o que pode gerar dificuldades na interpretação dos resultados. Por outro lado, o refino da malha 55 implica em um maior tempo de simulação e alta capacidade de processamento. 6.6 ANÁLISE PARAMÉTRICA 6.6.1 Processo Matriz Fria Para a realização da simulação para o Processo com Matriz Fria, as condições de processo consideradas são Yi∗n = 1 e Ti∗n = 0, já as condições iniciais são Y = Y f = 10−4 e T = T f = 0. A figura 6.5 mostra que, inicialmente, há uma maior concentração de CO2 no canal do que no processo (Y > Y f ), resultando em uma difusão de CO2 para dentro dentro da matriz porosa, o que impacta no crescimento de Y f com o tempo. Esse crescimento ocorre até que o material adsorvente atinja saturação e consequentemente, as curvas para Y e Y f se igualem. Neste momento, com a igualdade de pressões parciais de CO2 no canal e matriz porosa, a difusão para de ocorrer e o regime permanente é atingido; Devido ao fato de o processo ocorrer enquanto a matriz está fria, há um aumento de T f , responsável pela temperatura dentro da matriz porosa. Isso ocorre devido ao processo ser exotérmico, o que, como dito anteriormente, resulta na redução de entropia acoplada à Lei de Gibbs para processos espontâneos. O aumento de T f implica em transferência de calor para o canal, que consequentemente faz com que a curva T cresça concomitantemente com Tf ; Analisando o parâmetro W há, inicialmente, um decréscimo do mesmo. Isso ocorre pois o processo se inicia com a matriz fria e ao longo do tempo ocorre o aquecimento da mesma, que faz com que haja uma regeneração do material e o mesmo volta a ficar como era no início do processo. Esse fenômeno também implica, pontualmente, em Y f > Y . Posteriormente, o processo é estabilizado e W começa seu crescimento com o tempo, até que o valor de W fique constante, caracterizando o momento em que o valor Wmáx é atingido e o material fica saturado. 6.6.2 Processo Matriz Quente Para a realização desta simulação para o Processo com Matriz Quente, as condições de processo consideradas são Yi∗n = 1 e Ti∗n = 0, já as condições iniciais são Y = Y f = 10−4 e 56 ! ! ! !"!!# ! ! ! !"!# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! !! !"# ! ! !"$ '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! !! !"# ! ! !"$ '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# ! ! !"% ! ! '"! !! ! !"& ! '"! !! ! !! ! ! '"! !"$ !"% ! ! ! ! ! !"# !"# !"& ! ! ! !"#$ '"! !"# ! ! ! ! ! !"# !"% !"& ! '"! !! ! !"# ! !"$ ! !"% ! !"& ! '"! !! ! Fig. 6.5: Processo Matriz Fria com t variando em segundos T = T f = 1. Na figura 6.6, observa-se, similarmente ao que ocorre com a matriz fria, o canal, inicialmente, com uma alta concentração de CO2 (Y > Y f ), que gera difusão de CO2 para dentro dentro da matriz porosa. Novamente, a curva de Y f cresce continuamente até que a mesma alcance o equilíbro no regime permanente, caracterizado pela igualdade da pressão parcial do gás no canal e na matriz e saturação da sílica gel. A matriz, inicialmente, está mais quente que o canal, implicando em T f > T . Devido 57 ! ! ! !"!!# ! ! ! !"!# '"# '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! ! ! !"# ! ! !"$ !"% ! ! ! ! ! !"# !"& ! '"! !! ! ! ! ! !"#$ '"# '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! ! ! !"# ! ! !"$ ! ! ! ! ! !"# '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# ! !"$ ! !"% ! !"& ! '"! !! ! !! ! ! '"# !"# !"% !"& ! '"! !! ! !"# ! !"$ ! !"% ! !"& ! '"! !! ! Fig. 6.6: Processo Matriz Quente com t variando em segundos ao processo de adsorção, tem-se energia gerada dentro da matriz porosa, o que implica em um pico em T f e aumento do fluxo de calor para o canal, devido ao maior gradiente de temperatura. Com o avanço do tempo, é possível que a transferência de calor da matriz para o canal resfrie a matriz, deixando-a em uma temperatura menor que no início do processo. O processo se estabiliza com a curva decaindo devido ao parâmetro de adimensionalização utilizado para temperatura, que possui um alto valor de denominador. 58 Diferentemente do que ocorre com a matriz fria, a curva de W não decai inicialmente. Isso se explica pois o processo se inicia com a matriz quente, isto faz com que não ocorra o fenômeno de regeneração momentâneo no início do processo. Devido a isso, também não se observa neste gráfico um ponto em que Y f > Y . Finalmente, há um crescimento de W de maneira contínua com o avanço do tempo, até que ocorra a saturação do material ao atingir o regime permanente. 6.6.3 Regeneração Matriz Fria Para a realização desta simulação para a Regeneração com Matriz Fria, as condições de processo consideradas são Yi∗n = 1 e Ti∗n = 1, já as condições iniciais são Y = Y f = 1 e T = T f = 0. Por fim, a figura 6.7 mostra que devido ao processo de regeneração, há o aquecimento da matriz que está inicalmente fria e o adsorvente está saturado. Com esse aquecimento, tem-se que Y f > Y devido ao processo de dessorção. Consequentemente, o aumento da pressão parcial de CO2 em relação ao canal irá resultar da difusão de CO2 para o canal, o que implica no crescimento da curva Y . Esse crescimento ocorre até que o material adsorvente esteja completamente regenerado; Devido ao processo ocorrer com a matriz fria e temperatura de entrada no canal máxima, tem-se que T > T f , o que gera um fluxo de calor para o interior da matriz porosa. Essa transferência de calor resulta no crescimento de T f e possibilita e regeneração do material. O processo ocorre até que todo material esteja em Tmáx , neste momento as curvas T e T f se igualam, atinge-se o equilíbrio térmico e o material está novamente apto a adsorver CO2 . Analisando o parâmetro W , tem-se, inicialmente, W = Wmáx . Isso ocorre pois o material se encontra saturado. Com o aquecimento da matriz porosa, ocorre o desprendimento das camadas de CO2 da superfície da sílica gel. Com isso, a curva de W decai com o avanço do tempo e se estabiliza em um ponto de mínimo, fazendo com que o material esteja pronto para iniciar o processo de adsorção novamente. 59 ! ! ! !"!!# ! ! ! !"!# '"# '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! ! ! !"# ! ! !"$ '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# ! !"$ !"% ! ! !"& ! '"! !! !"# ! ! !"$ '"# '"! '"! !"& !"& !"% !"% !"$ !"$ !"# !"# ! ! !"% ! ! '"! !! ! !"& ! '"! !! ! !! ! ! '"# !"$ !"% ! ! ! ! ! !"# !"# !"& ! ! ! !"#$ '"# !"# ! ! ! ! ! !"# !"% !"& ! '"! !! ! !"# ! !"$ ! !"% ! Fig. 6.7: Regeneração Matriz Fria com t variando em segundos !"& ! '"! !! ! 7 CONCLUSÕES O presente estudo possibilita uma melhor compreensão de como a concentração de gás carbônico varia ao longo do tempo quando ele está sendo adsorvido em um sólido poroso. Os gráficos apresentam uma validação do que foi proposto ao longo do estudo e mostram que a aplicação do método apresentado é viável como um dos métodos para redução de gás carbônico da atmosfera. Existem estudos sobre adsorção de gás carbônico em outros países e isso reafirma o propósito deste trabalho. Além disso, no Brasil, os estudos na área de adsorção de gás carbônico por meio de adsorventes são bastante escassos e é interessante incentivá-los no país devido ao fato de ser uma área promissora já que o efeito estufa está em foco no mundo. Foi apresentado um modelo matemático para troca de calor entre a corrente de ar que passa por canais porosos de um material adsorvente e em seguida foram feitas adimensionalizações para a simplificação da equações estudadas. Posteriormente, foi feita uma simulação no Software Wolfram Mathematica para desenvolver a solução numérica. A solução numérica implementada no Wolfram Mathematica possibilitou analisar e entender o comportamento físico do processo de adsorção para o gás carbônico nas rodas dessecantes. Dentro desse contexto, dedicou-se parte deste estudo para descobrir qual isoterma de adsorção melhor se aplicaria ao processo. Dentro de resultados, foi feita análise de convergência que explicitou a magnitude do erro apresentado pelos dados gerados. Também foi analisada qual a melhor malha para se trabalhar para garantir um erro estimado aceitável. Além disso, foi possível quantificar a quantidade de CO2 removido e analisar como este parâmetro depende das propriedades do processo. Por fim, foi feita a análise paramétrica da temperatura, concentração de gás carbônico e concentração de gás adsorvido com o tempo. Os gráficos resultantes da simulação foram 60 61 estimados para três casos testes, que foram: Processo com matriz fria, processo com matriz quente e regeneração com matriz fria. A evolução temporal das propriedades foi fundamental para compreensão do processo unidimensional transiente. Os resultados gerados reafirmam a viabilidade da remoção de gás carbônico através da adsorção física. Após a obtenção dos resultados para o modelo unidimensional transiente, sugere-se os seguintes estudos para trabalhos posteriores: • Considerar o efeito difusivo dos gases dentro da matriz porosa; • Ampliar o modelo para bidimensional; • Verificar meios de aproveitamento do gás carbônico aprisionado na matriz porosa e posteriormente armazenado para que este possa ser transformado em outros produtos, como uréia, conforme descrito na revisão bibliográfica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTON, Emily E; RAMPULLA, David M; BOCARSLY, Andrew B. Selective solardriven reduction of co2 to methanol using a catalyzed p-gap based photoelectrochemical cell. , Journal of the American Chemical Society, 2008. BELMABKHOUT, Youssef; SERNA-GUERRERO, Rodrigo; ABDELHAMID, Sayari. Adsorption of co2-containing gas mixtures over amine-bearing pore-expanded mcm-41 silica: application for gas purification. , Industrial Engineering Chemistry Research, 2009. BRUNAUER, Stephen. The Adsorption of Gases and Vapor. 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