Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Nove hospitais para casos de microcefalia SAÚDE Cisam, Agamenon e Imip vão atender as gestantes. Imip também vai dar assistência aos bebês junto ao Barão de Lucena e Oswaldo Cruz. Outras quatro unidades estão no interior Entre os especialistas que atuam nas áreas de pediatria, obstetrícia e medicina fetal, dificilmente há um que não conheça histórias recentes de bebês com microcefalia ou de mulheres grávidas que tenham recebido, durante um ultrassom, a informação de que o filho apresenta o tamanho da cabeça menor do que o normal para a idade gestacional. Essa percepção dos médicos é confirmada pelos números apresentados ontem pelo Ministério da Saúde. No Brasil, já são 739 recém-nascidos que apresentam suspeita da malformação (casos quintuplicaram em 15 dias), que continua a avançar em Pernambuco, onde o número de bebês com microcefalia praticamente duplicou em uma semana. Agora, com 487 casos notificados e 27 de outubro a 22 de novembro (desse total, 175 já foram confirmados), o Estado percebeu que está mais do que na hora de ampliar o atendimento aos recém-nascidos, gestantes e famílias. Agora o Hospital Barão de Lucena passa a fazer parte da rede de referência para os bebês, a fim de reforçar o trabalho que vem sendo realizado pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz e pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – este passará também a atender as gestantes com ultrassom indicativo de microcefalia. Ainda para as grávidas, será oferecido apoio no Hospital Agamenon Magalhães e no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros. “O Estado passará a fazer notificação imediata dessas grávidas e também daquelas que, independentemente de ter ultrassonografia sugestiva de microcefalia, apresentarem manchas vermelhas na pele”, diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque. Ela acrescenta que o protocolo das gestantes, a ser lançado em breve, prevê coleta de sangue dessas mulheres para diagnóstico laboratorial e ultrassom entre a 32ª e 35ª semana de gravidez. Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) indicou quatro unidades de referência no interior de Pernambuco para atendimento de grávidas e crianças com a malformação. No Agreste, o suporte fica com o Hospital Jesus Nazareno (grávidas) e o Hospital Mestre Vitalino (bebês), em Caruaru. Já no Sertão, entram como referências o Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, em Serra Talhada, e o Hospital Dom Malan, em Petrolina. Ambos receberão bebês e gestantes. “Também já estabelecemos que as grávidas com diagnóstico em ultrassom indicativo de microcefalia receberão acompanhamento psicológico pelo município”, acrescenta Luciana Albuquerque. Ainda fica uma lacuna no que diz respeito à rede de reabilitação contínua que precisa ser oferecida a esses bebês. Por enquanto, o Estado só destinou a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) para cumprir essa função. “Sabemos que será necessário um reforço, mas a AACD tem, por enquanto, conseguido fazer o atendimento”, diz Luciana. Para os médicos, não restam dúvidas de que a microcefalia é uma condição que exige um trabalho conduzido por uma série de profissionais de saúde (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, além de médicos) nos primeiros meses do bebê. “São crianças que precisam de uma estimulação precoce antes de apresentarem qualquer alteração, pois têm risco de ter problemas neurológicos ao longo do desenvolvimento”, explica a neuropediatra Vanessa Van Der Linden Mota, que tem acompanhado, desde agosto, o avanço da microcefalia no Estado. Ainda não é possível ter certeza sobre a causa da mudança no padrão de ocorrência da microcefalia, apesar de o Ministério da Saúde já ter afirmado que é altamente provável que exista a relação entre essa anomalia congênita e a zika. “Para mim, é inevitável fazer essa associação”, reforça o médico Carlos Brito, membro do Comitê Técnico do Ministério da Saúde e um dos responsáveis por comunicar o governo federal sobre o aumento de casos da malformação. Para ele, o caminho agora é trabalhar para combater o mosquito e, para isso, será preciso agir em várias frentes. “Entre elas, ampliar as estratégias de eliminação do Aedes aegypti, pois as ações existentes não têm se mostrado tão efetivas. E será preciso investir mais recursos para antecipar o desenvolvimento de vacinas para as arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos), incluindo a zika”, ressalta Carlos Brito. Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Novo alerta para o Aedes SAÚDE O Recife mais uma vez pode enfrentar tríplice epidemia de doenças transmitidas pelo mosquito: zika, dengue e chicungunha Mais uma vez o Recife recebe um chamado de alerta para encarar uma possível tríplice epidemia de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Com a introdução do zika no Brasil este ano (18 Estados já tiveram confirmação laboratorial do vírus), o Ministério da Saúde reforça a importância de se intensificar as estratégias para evitar o surto provocado pelo mosquito no País, como também as consequências que a tríade de doenças (dengue, chicungunha e zika) pode causar. Ciente da situação que toma conta da capital pernambucana, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, reuniu-se na noite de ontem, em Brasília, com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, para apresentar plano de ampliação de ações contra o mosquito. “Solicitei R$ 30 milhões para intensificar as ações dos agentes de saúde ambiental e controle de endemias nas residências, onde mais se concentram as larvas do mosquito. Dessa maneira, pretendemos chegar a 900 agentes atuando no combate ao mosquito e aumentar em 50% a capacidade de trabalho”, diz Geraldo Julio, que espera receber brevemente uma resposta do governo federal. “Estamos preocupados com a zika, que está possivelmente associada à microcefalia. É uma questão grave no Recife, que reúne 97 casos suspeitos até agora.” O encontro aconteceu logo após o Ministério da Saúde divulgar os resultados do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), instrumento que norteia os municípios em relação às atividades que devem ser desencadeadas para enfrentar o mosquito. O Recife desponta entre as capitais em alerta, ao lado de Aracaju (SE), São Luís (MA), Rio de Janeiro (RJ), Cuiabá (MT), Belém (PA) e Porto Velho (RO). Já Pernambuco registra a terceira maior incidência de dengue no País (901 casos por 100 mil habitantes), atrás apenas dos Estados de São Paulo (1.615/100 mil) e de Goiás (2.314/100 mil). Em todo o Brasil, até 14 de novembro, foi registrado 1,5 milhão de casos prováveis de dengue. O aumento é de 176%, comparado ao mesmo período de 2014, quando foram notificados 555,4 mil casos. E Pernambuco apresenta um percentual de aumento de casos três vezes maior, em comparação ao panorama nacional. No Estado, quase 120 mil pessoas já adoeceram com sintomas de dengue este ano (42.781 desses casos foram confirmados). Isso representa um aumento de 575,89% em relação ao mesmo período de 2014, quando 17.702 pessoas apresentaram sintomas de dengue (6.573 confirmados). Especialistas acreditam que cerca de 80% dessas notificações sejam, na realidade, de zika. Para deter o avanço das doenças, a nova campanha educativa do Ministério da Saúde reforça para a população que o mosquito da dengue também transmite os vírus da chicungunha e da zika. Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Pesquisador defende mais investigação A tendência de autoridades de saúde em apontar o zika vírus como responsável pelo aumento de casos de microcefalia em Pernambuco preocupa o neurogeneticista João Ricardo Mendes de Oliveira, do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O pesquisador alerta que é preciso levar outras hipóteses em conta antes de dar um veredito. O Lika está investigando casos de microcefalia detectados na Paraíba, nos quais um exame no líquido amniótico de dois bebês confirmou que houve infecção pelo vírus durante a gravidez. “O zika é conhecido desde 1952 e nunca foi relacionado à microcefalia”, ressalta João Ricardo Mendes, especialista em calcificações cerebrais, um dos parâmetros usados para identificar a anomalia. Ele argumenta que outras populações no Brasil foram expostas ao vírus, inclusive em Estados mais populosos, com um sistema de notificação melhor, e não se repetiu o que está acontecendo aqui. “É preciso fazer um raio-X epidemiológico das mães, verificando onde fizeram prénatal, quem fez a notificação da microcefalia entre outras informações.” O neurogeneticista sugere que deveriam ser examinados os lotes de suplementos vitamínicos aos quais às gestantes tiveram acesso e as vacinas que tomaram. “Também não se pode deixar de pensar na questão metodológica de definição de microcefalia e do modo como as notificações são feitas”, destaca. João Ricardo Mendes lembra que epidemias de microcefalia já aconteceram, mas associadas a surtos de rubéola ou megalovírus, em períodos anteriores às campanhas de vacinação. “Mas uma epidemia isolada, como essa que está sendo descrita aqui, é inédita.” Para o neurogeneticista, o primeiro número apresentado pelo Estado – uma média de nove registros da anomalia entre 2011 e 2014 – não devia estar correto. “A população, de quase nove milhões, é muito grande para um número de casos tão baixo”, alega, acrescentando que a literatura médica aponta que ocorrem de um a dez casos em cada 10 mil nascidos vivos. “O importante é buscar pontos em comum em cada caso comprovado e não descartar nenhuma hipótese.” Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Famílias exigem rede de assistência A explosão de casos de microcefalia em Pernambuco tem aumentado o clima de apreensão entre as famílias que tiveram crianças diagnosticadas com a anomalia. O maior medo é de que não haja uma rede de assistência de saúde capaz de atender à superdemanda que o Estado está enfrentando. “As unidades não estavam preparadas para os casos de microcefalia que já existiam. Imagina agora com esse quadro de epidemia. É assustador”, afirma a avó de uma criança portadora da má-formação. Ela pediu para não ser identificada na reportagem, mas disse que, se for necessário, vai procurar outras famílias que estão passando pelo mesmo problema para que os parentes entrem com uma ação judicial contra o Estado, caso o atendimento às crianças não seja garantido. “Esse é o nosso receio. Os casos estão se multiplicando e não há uma estrutura sendo montada para dar conta dessa nova realidade”, critica a avó da criança. Sua neta tem 45 dias de nascida e já está sendo acompanhada por fonoaudióloga, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. “Por enquanto, o plano de saúde está cobrindo, mas nosso objetivo é que a criança seja acompanhada pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), que é uma referência nesse tipo de serviço. A questão é: eles vão ter capacidade para atender, só até agora, quase 500 crianças?”, questiona. Para Silvana Nascimento, avó de um garoto também diagnosticado com microcefalia, a expectativa é preocupante. É uma quantidade muito grande. E não para de aparecer mais crianças. Eles não vão conseguir atender tanta gente”, avalia. Com 16 dias de nascido, seu neto ainda aguarda a consulta com o neurologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, que concentra o maior número de atendimentos de pacientes com microcefalia. A criança já fez alguns exames obrigatórios, como a coleta de sangue e do líquido amniótico. “Disseram para a gente ir para casa e aguardar a consulta com o neuro. Só depois é que vão informar o que será feito em relação ao tratamento”, contou. O problema é a espera. “Confio muito em Deus, mas meu medo é não saber como essas crianças vão ficar daqui por diante.” Folha de Pernambuco - PE 25/11/2015 - 07:32 Microcefalia: duplicam as notificações em PE ELIMINAÇÃO de focos do Aedes aegypti - transmissor da dengue, zika e chikungunya - se tornou o objetivo principal Mais de 204 milhões de brasileiros contra o mosquito. A guerra contra o Aedes aegypti foi declarada ontem pelo Governo Federal diante dos novos números da microcefalia no País. Já são 739 casos suspeitos e malformação congênita distribuídos em 160 cidades de nove estados. Há uma semana eram 399 casos, em sete estados. Pernambuco lidera o ranking numa escalada alarmante. Agora, são 487 suspeitas da anomalia em bebês, número ue praticamente duplicou em sete dias, quando somava 268 crianças doentes. O objetivo do front é a eliminação de focos o Aedes, vetor que está disseminando o zika no País. Para isso, a palavra-chave é a colaboração popular. O vírus foi apontado pelo Ministério da Saúde (MS) como fator provável pelo do de microcefalia. O microrganismo já teve circulação confirmada em 18 estados. “Não venceremos a batalha se a sociedade não se mobilizar junto com os agentes públicos e outros setores”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Castro. O gestor da pasta destacou mais uma vez que o momento é delicado para a gestação. “É preciso redobrar os cuidados, mas a decisão de engravidar é das mulheres”, disse Castro, indicando ainda a recomendação de que as gestantes façam todas as consultas e exames do pré-natal, além de tomar todas as vacinas e se proteger dos mosquitos. O ministro enfatizou que usará todas as armas disponíveis para vencer o Aedes e, inclusive, um grupo de cientistas está trabalhando em novas tecnologias para o combate como o uso de mosquitos transgênicos que podem ser imunes ao zika, quebrando a cadeia de contaminação do inseto e também a infecção do Aedes com uma bactéria que também quebra essa cadeia. Outro trabalho importante é na formulação urgente de uma vacina. Como as três opções devem demorar a sair dos laboratórios, é no campo, com a participação dos cidadãos, que o governo espera contornar a epidemia. Ontem, em Brasília, foi divulgado o cenário nacional da proliferação do mosquito. De 1.792 cidades que participaram do Levantamento de Índice Rápido de Aedes Aegypti (LIRAa), 199 estão em risco de surto. Em Pernambuco, são 53 nessa situação. Os piores índices no Estado são em João Alfredo, que tem 18 casas com criadouro de mosquito para cada 100 imóveis, seguido por Glória do Goitá (13 casas por 100), Santa Cruz do Capibaribe, Terezinha e Surubim (com média de 12 imóveis). O Recife figura como cidade com situação de alerta junto com Aracaju, São Luís, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belém e Porto Velho. Nesse quadro, o número de pessoas notificadas com dengue/zika em Pernambuco chega perto de 120 mil. No Brasil, são 1,5 milhão de notificações até 16 de novembro, o que representa um aumento de 176% em relação a 2014. Também houve recorde de mortes por ocasião da dengue. Neste ano, foram 811 óbitos contra 453 em 2014, valor 79% maior. Em Pernambuco, foram 21 mortes confirmadas até agora contra 45 no ano passado. Folha de Pernambuco - PE 25/11/2015 - 07:32 PCR pede apoio de R$ 30 milhões O prefeito do Recife Geraldo Julio e o secretário municipal de Saúde, Jailson Correia, estiveram pleiteando, ontem, uma verba extraordinária e emergencial de R$ 30 milhões junto ao Ministério a Saúde. “Esse dinheiro precisa começar a chegar este ano ainda. É urgente. Recife é a cidade que tem mais casos de microcefalia. A situação é grave. Estamos em situação de prioridade”, afirmou Geraldo. A capital acumula 97 casos de bebês que nasceram com a malformação congênita. Volume considerável quando se observa que são 238 casos em toda a Região Metropolitana e parte da Zona da Mata. O prefeito informou que a gestão fez a estimativa de verba priorizando o aumento de agentes de endemias, a compra de insumos como larvicida, aquisição de equipamentos de proteção individual para os agentes e aumento de carros. “Temos 600 agentes e queremos aumentar para 900. Mas, para isso, precisamos de recursos não para a contratação e para a aquisição de materiais”, exemplificou. Apesar do pedido, o Governo Federal não informou se irá dispor o montante, nem quando dará essa resposta. Também está em estudo forma de captação desse dinheiro em Brasília. Apesar de o discurso ser o da cooperação, há outros pedidos semelhantes de cidades atingidas pelo surto. Folha de Pernambuco - PE 25/11/2015 - 07:32 Estratégias para atender os bebês A Secretaria Estadual de Saúde (SES) lançou ontem estratégias descentralizadas de atenção aos bebês com microcefalia e as mães diagnosticadas com fetos malformados. A secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque, disse que fluxos específicos foram criados em unidades de referência. “Haverá a notificação imediata das gestantes que tenham o ultrassom indicativo de bebê com microcefalia ou grávidas com manchas vermelhas na pele”, explicou. Naquelas grávidas com o exantema (manchas) será coletado sangue para exames sorológicos e será realizado ultrassom entre a 32ª e 35ª semanas de gestação. Para aquelas que já foram diagnosticadas, haverá acompanhamento psicológico na rede municipal. Poderá haver um reforço na contratação de serviços de ultrassom. Já os hospitais sentinelas para os casos na 1ª macrorregional de saúde (Recife) serão Imip, Hospital Agamenon Magalhães e Cisam para as gestantes, e Imip, Huoc e Barão de Lucena para os bebês. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Microcefalia continua avançando Em uma semana, número de notificações quase dobrou e dois estados entraram no mapa da doença, segundo o Ministério da Saúde Em uma semana, o número total de casos notificados de microcefalia passou de 399 para 739. Dois estados que antes não faziam parte do mapa da doença - uma malformação congênita que compromete o desenvolvimento neurológico, psicológico e motor da criança - entraram na lista. Alagoas tem 10 notificações e Goiás, primeira unidade fora do Nordeste a registrar a enfermidade, tem uma. No Brasil, 160 municípios de nove estados já foram afetados. Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde representam um agravamento da situação mostrada em 17 de novembro. Em Pernambuco, seis em cada 10 municípios têm registros. O número de notificações passou de 268 para 487, das quais 175 estão confirmadas. Enquanto o país busca explicação para a incidência, o estado reforçará as ações no combate ao Aedes aegypti, vetor do zika vírus, principal suspeito de causar da epidemia. Pernambuco segue com o maior índice por ter largado na frente nas notificações, segundo o Ministério da Saúde. Metade dos casos está na primeira Gerência de Saúde, que compreende 20 municípios, incluindo a Região Metropolitana. Recife lidera com 97 notificações. O único óbito suspeito é investigado no Rio Grande do Norte. Autoridades de saúde acreditam que o volume de casos de microcefalia pode crescer, já que o zika circula em 18 estados. “É um problema de dimensões grandes para a gente enfrentar”, disse o ministro Marcelo Castro. O ministro ressaltou que a principal preocupação, neste momento, é informar a população sobre como prevenir novos casos. “Precisamos de uma ação conjunta do governo federal, estadual e municipal, além de especialistas. A sociedade também deve estar envolvida para combater o Aedes, que passa a ser uma ameaça ainda maior”, acrescentou Castro. Além da microcefalia, o zika pode ser a causa de doenças neurológicas em adultos. Uma delas é a síndrome de Guillain-Barré, que em Pernambuco teve alta de 500% no número de casos neste ano, em comparação a 2014. O estado tem 127 registros. Na Bahia, são 115. Grupo especial Uma das estratégias contra o avanço da microcefalia é a formação de um grupo interministerial com 19 órgãos e entidades. O Ministério da Saúde acompanha ainda novas iniciativas de combate ao Aedes desenvolvidas no país. Como exemplo, Castro citou o uso de mosquito transgênico, que é infectado com bactéria, além das vacinas contra a dengue. “São iniciativas novas que devem ser estudadas antes de ser disponibilizadas. No momento, devemos atacar, de maneira efetiva, o mosquito. Não podemos perder o foco”, reforçou. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Estado traça perfil de gestantes Um estudo preliminar foi realizado em Pernambuco para tentar traçar um perfil das notificações no estado e apontar hipóteses sobre suas causas. A pesquisa organizada pelo Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EpiSUS) investigou 47 mães e bebês nascidos entre agosto e outubro deste ano, dos quais 85% tiveram microcefalia. Entre as crianças diagnosticadas com a anomalia, dois dados preliminares apontam uma explicação sugestiva. Vinte e sete mães, ou seja, 68% do total, relataram ter tido exantemas (manchas vermelhas), uma das características do zika. Sete em cada 10 sintomatizaram no primeiro trimestres da gravidez. Outras 12 (30%) usaram medicamentos contínuos na gestação. “Não temos como chegar a nenhuma conclusão neste momento. A maioria dos casos é de etiologia desconhecida, mas foi identificada a presença de sífilis, citomegalovírus e herpes vírus em alguns. Estamos no caminho certo ao investigar todas as possibilidades”, disse a secretária-executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Luciana Albuquerque. A pesquisa também mostrou que 15% das mães relataram doenças pré-existentes. A maioria dos bebês (60%), é menina e 86% nasceram no tempo previsto. Os hospitais que mais notificaram casos foram o Barão de Lucena, Agamenon Magalhães e Imip. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Plano de emergência de R$ 30 mi Prefeito do Recife solicitou a verba ao Ministério da Saúde para contratação de 300 agentes e realização de campanha educativa O Recife está em situação de alerta de surto de dengue, chikungunya e zika. Significa que de 1% a 3,9% das casas da cidade têm focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças. Os dados foram divulgados, ontem, pelo Ministério da Saúde. Os pratinhos que apoiam vasos de flores ainda são os grandes vilões, junto com as plantas aquáticas, por acumularem água parada, apontou o ministro Marcelo Castro. Diante do quadro, o prefeito Geraldo Julio apresentou, também ontem, plano emergencial de combate ao mosquito e solicitou R$ 30 milhões ao ministério. O plano estadual de combate ao vetor será divulgado na próxima semana. Geraldo Julio quer aumentar de 600 para 900 o número de agentes. Além disso, pretende adquirir insumos, equipamentos de proteção individual e fazer uma campanha publicitária. “O combate ao mosquito tem que ser porta a porta. Para isso, precisamos de mais agentes. E a educação neste momento é fundamental. Nós conseguimos sair da epidemia de dengue em junho, mas neste momento estamos enfrentando uma situação grave com a transmissão da dengue, chikungunya e zika, que a gente não conhece na história recente. Pedi essa audiência de urgência com o ministro para apresentarmos o programa”, afirmou Geraldo Julio. O prefeito volta para o Recife hoje, mas o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, permanece em Brasília tratando do assunto. O estado negocia para lançar mão, novamente, do apoio das forças armadas no combate. Neste ano, foram destinados cerca de R$ 5 milhões em verba para esse trabalho, valor que deve crescer para 2016, com o acréscimo das atividades direcionadas ao zika. A capital pernambucana está entre as 1.792 cidades do Brasil participantes do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado em outubro e novembro deste ano. A pesquisa é o instrumento de controle do mosquito, porque é com base nas informações coletadas que os gestores identificam os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do Aedes e o tipo de depósito onde as larvas foram encontradas. Dezoito capitais enviaram informações para o ministério. Apenas Rio Branco, no Acre, está em situação de risco, com 4% das casas visitadas com larvas do mosquito. Além do Recife, outras seis capitais também estão em alerta, Aracaju, São Luís, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belém e Porto Velho. O Ministério da Saúde classifica em três tipos o perigo de surto de dengue, chikungunya e zika nas cidades. Está em situação de risco o município com 4% das casas com larvas do Aedes. Já a situação de alerta é considerada a intermediária, com registro de larvas verificado em 1% e 3,9% das residências. A situação satisfatória é quando menos de 1% das casas têm larvas do Aedes. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Protocolo clínico para grávidas Pernambuco começará a notificar também as gestantes. Anunciado para a última sextafeira, o protocolo clínico e epidemiológico para grávidas do estado só será finalizado depois de reunião que acontece hoje, em Brasília, com representantes do Ministério da Saúde. Apesar disso, em coletiva realizada ontem, a Secretaria Estadual de Saúde adiantou os principais pontos do documento. Como anunciado pelo Diario, o estado irá distribuir o atendimento às mães e bebês em unidades de referências em três cidades do interior, além do Recife. Só serão notificadas as grávidas que apresentarem indicativo de microcefalia após ultrassonografia ou exantema durante a gestação. Para as que tiverem as manchas, serão coletadas amostras de sangue dessas pacientes para diagnóstico laboratorial e a realização de um ultrassom entre a 32ª e 35ª semana de gestação. Para aquelas que tiverem indicativo de microcefalia, também será feito o exame de sangue e será dado acompanhamento psicológico na unidade macroregional de referência. O acompanhamento do pré-natal permanece acontecendo na rede municipal, exceto em casos de risco na gestação (não necessariamente ligados à microcefalia). No Recife, as gestantes deverão procurar o Imip, o Agamenon Magalhães e o Cisam. Já os bebês devem ser levados ao Imip, Huoc e o Barão, além da AACD para reabilitação. Em Caruaru, as grávidas serão encaminhadas ao Hospital Jesus Nazareno e e as crianças ao Mestre Vitalino. “Estamos organizando a rede estadual e os municípios para dar conta do protocolo”. disse a secretária-executiva estadual de Vigilância da Saúde, Luciana Albuquerque. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Entrevista >> Vicente Vaz Se confirmada a relação entre o zika vírus e a microcefalia, qual é a dimensão do problema? O que está acontecendo é inédito. Está atraindo a atenção de especialistas de todo o mundo. Se confirmada a relação, um problema grande estará instalado. Vai ser preciso um mutirão no sentido de controle do mosquito vetor. Até que se descubra uma vacina, não há outra alternativa. Quais as maiores dificuldades enfrentadas no controle do mosquito vetor da dengue, chikungunya e zika? Vi, pessoalmente, o primeiro caso de dengue em 1987, em um surto que estava ocorrendo em Maceió, Alagoas. São quase 30 anos de dificuldades de controle do vetor. O clima dificulta, a questão do abastecimento de água, a rede de esgoto, são muitas variáveis. A curto prazo, a medida talvez mais eficaz é o controle do mosquito vetor, com a implementação de uma força-tarefa. Já se sabe como fazer isso, temos estrutura, treinamento, mas é preciso levar mais a sério, transformar em política de estado em todos os níveis. Não adianta combater o vetor na minha casa e na do vizinho ter focos. A população agora vai estar mais mobilizada do que nunca, muito pelo medo. Era a hora do governo, enquanto autoridade, aproveitar a sensibilização. Por que ao longo de todos esses anos temos tido tanta dificuldade em controlar o vetor dessas doenças? Falta continuidade nas ações para controlar o vetor e simultaneidade. É preciso que as ações sejam coordenadas, com esforço de cada prefeito, governador, da federação e, inclusive, do continente. O vírus 4 da dengue, por exemplo, entrou pela Venezuela nos países vizinhos. É possível contrair zika mais de uma vez? Conhecemos até agora apenas um sorotipo de zika, então a princípio só se pode adoecer uma vez. As epidemias, em geral, têm um pico. Talvez ele já tenha sido atingido a população suscetível. Microcefalia é um "verdadeiro surto" Ministro Marcelo Castro diz que há preocupação de que a doença se alastre pelo país e até pelo mundo. Quantidade de casos notificados em 2015 já é cinco vezes maior do que em todo o ano passado. No DF, autoridades alertam para o risco do vírus zika O Ministério da Saúde recebeu notificações de 739 casos de microcefalia, distribuídos em 160 cidades de nove estados: além do Nordeste, onde o aumento está concentrado, uma ocorrência em Goiás está sendo investigada. Em todo o país, durante 2014, foram identificados 147 casos. Somente em Pernambuco, já são 487 em 2015 - quando a pasta decretou a situação de emergência em saúde pública, em 11 de novembro, eram 141. No Rio Grande do Norte, onde há 47 notificações, existe também uma morte suspeita. A correlação entre a microcefalia e o vírus zika ainda não foi confirmada, mas o ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que alguns pesquisadores têm "99,5% de certeza" da ligação entre as doenças. O ministro classificou como um "verdadeiro surto" o crescimento dos casos de microcefalia no Nordeste, e informou que existe a preocupação de que se alastrem em outros locais do país e até do mundo - organismos internacionais de saúde já estão sendo informados sobre a situação. "O momento que estamos vivendo é muito grave, porque o mosquito não só está transmitindo a dengue, está transmitindo também os vírus da chikungunya e da zika. E, além de provocar transtornos neurológicos e acometer as articulações, os cientistas estão prestes a dizer de forma peremptória e definitiva que o número de casos de microcefalia é causado pelo zika. Então, nós temos um problema de dimensões muito grandes", disse Castro. Diagnóstico A microcefalia, condição congênita em que o bebê tem as dimensões da cabeça menores do que o normal, pode ser percebida ainda durante a gestação: ela é identificada por meio da medição do perímetro cefálico da criança, que geralmente é maior que 33cm. "A microcefalia é uma doença bem conhecida, e a origem não está só em infecções virais, como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Há também causas externas: alcoolismo, uso de drogas como crack, heroína, cocaína e também alterações genéticas", lembrou Mauro Takao, neurocirurgião do Hospital Santa Luzia. Não há um tratamento para a microcefalia, apenas para os possíveis reflexos, como problemas no desenvolvimento mental e motor de gravidade variável. Já a doença causada pelo vírus zika é classificada como uma dengue mais branda, apesar de transmitida pelo mesmo mosquito, Aedes aegypti. O zika começou a ser identificado no país no início deste ano - antes, só era encontrado em algumas zonas do continente africano e na Polinésia Francesa (Ásia). Entre os sintomas mais comuns, são citados febre baixa, dores e manchas avermelhadas pelo corpo, que passam em alguns dias. Segundo o Ministério da Saúde, 18 estados registraram casos de zika, a maioria no Norte e no Nordeste, além de Mato Grosso, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Paraná. Não há, de acordo com os especialistas da pasta, literatura científica que relacione o zika à microcefalia, o que dificulta a investigação. "Ao longo dos últimos meses, tivemos três novos vírus identificados no Brasil: Febre do Nilo Ocidental, chikungunya e zika. Todos eles trazendo novos desafios, especialmente pela dimensão da população brasileira e pela heterogeneidade do nosso território. O que nós tínhamos anteriormente era circulação em países cuja população é inferior à da maior parte dos estados brasileiros, então, situações que não foram identificadas lá, podem ser aqui", explicou Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde. "O momento que estamos vivendo é muito grave, porque o mosquito não só está transmitindo a dengue, está transmitindo também o vírus da chikungunya e da zika" Marcelo Castro, ministro da Saúde "A microcefalia é uma doença bem conhecida, e a origem não está só em infecções virais, como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Há também causas externas" Mauro Takao, neurocirurgião Problema em dobro Número de casos salta para 739 no país. Médicos de PE observam segunda anomalia O Brasil já contabiliza 739 casos de microcefália em 160 cidades, espalhados por nove estados. Os dados, divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, mostram um aumento vertiginoso em relação à quantidade de casos notificados até terça-feira da semana passada, quando as ocorrências totalizavam 399. E uma nova observação vem assustando os médicos especialmente em Pernambuco - estado que lidera em número de registros da anomalia, com 487 casos: a maioria dos bebês que estão nascendo com a microcefalia apresentam também outra malformação cerebral, chamada de ventriculomegalia. Enquanto a primeira diminui o tamanho do crânio como um todo, a segunda aumenta a espessura dos ventrículos. Isso faz com que haja ainda menos espaço para o cérebro, o que compromete mais o desenvolvimento da criança. - A associação entre essas duas malfonnações não é comum. Ainda não temos uma hipótese do porquê isso está acontecendo - afirma Alex Sandro Rolland de Souza, obstetra especialista em Medicina Fetal do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira Professor Fernando Figueira (Imip), um dos hospitais de referência para tratamento de microcefalia no Recife. O neuropediatra Luiz Celso Vilanova, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que as duas malformações costumam vir juntas, principalmente em casos de infecção por vírus. Segundo ele, é provável que essas crianças precisem de tratamentos mais complexos. - Quando o feto desenvolve ventriculomegalia, a quantidade de tecido nervoso no cérebro dele passa a ser menor, porque os ventrículos tomam mais espaço do que o necessário. Se ele já tem um cérebro reduzido por conta da micro-cefalia, os problemas neurológicos e motores que ele poderá desenvolver depois de nascer tendem a ser piores - afirma Vilanova. RELAÇÃO DA DOENÇA COM O ZIKA É INÉDITA A suspeita de que o vírus zika, transmitido pelo Aedes aegypti, seja o causador dessa epidemia que assola o Nordeste desde agosto ganhou força com as últimas investigações. Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, essa probabilidade é superior a 90%. - O que os cientistas estão dizendo é que podemos afirmar, com segurança, que há mais de 90% de chances de ser o zika o causador desse súbito aumento de microcefalias. Há pesquisadores que chegam a dizer que as chances são de 99,5%. Se tivéssemos LITERATURA científica internacional que nos respaldasse, poderíamos trabalhar com essa correlação de forma concreta. O problema é que é o que está acontecendo hoje no Brasil é inédito, então precisamos ser cautelosos - avaliou Castro, durante a coletiva. Até agora, foi confirmado que o zika circula em 18 estados, entre eles Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Espírito Santo. De acordo com o ministro, caso o vírus seja o responsável pela epidemia, como apontam as investigações, ela deve chegar aos demais estados. No entanto, ele não estimou em quanto tempo acredita que as ocorrências possam aumentar nessas outras regiões do país. GOIÁS é o primeiro estado fora da Região Nordeste a ter um registro de suspeita de microcefa-lia. O caso ocorreu na cidade de Rio Verde, mas ainda não se observa um aumento em relação ao número do ano passado, quando o estado teve três recémnascidos com a anomalia congênita. SECRETARIA ELABORA NOVO PROTOCOLO Em Pernambuco, a Secretaria estadual de Saúde está elaborando um protocolo que, entre outros aspectos, deve facilitar o acesso a exames de soro-logia, que detectam infeções. Atualmente, a prioridade para fazer esse exame é das gestantes que já tenham fetos diagnosticados com microcefalia. Mas a ideia é que todas as grávidas que apresentem sintomas de zika, como manchas vermelhas e dores nas articulações, consigam fazer esse teste rapidamente. Para ter resultado válido, é preciso realizá-lo até uma semana depois do início dos sintomas. Segundo a secretária executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque, novas unidades de referência no estado também estão sendo preparadas. - Até hoje, tínhamos como referência o Imip e o HOSPITAL Oswaldo Cruz, além da AACD. Mas, com o aumento de casos, vimos necessidade de aumentar as unidades da rede estadual e de criar algumas da rede municipal paia tratar essas crianças. Unidades de referência nas cidades de Petrolina, Serra Talhada e Caruaru estão sendo montadas conta. Além de Pernambuco, que teve sua quantidade de notificações da anomalia quase dobrada em uma semana - de 268 para 487 -, os estados investigados são Paraíba (96 casos), Sergipe (54), Rio Grande do Norte (47), Piauí (27), Alagoas (10), Ceará (9), Bahia (8) e GOIÁS (1). O diretor do Departamento de Vigilância Kpidemio-lógica do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, explicou que esses números se referem apenas a recém-nascidos, náo incluindo fetos ainda na barriga da mâe. A única morte suspeita de ter relação com microcefalia, segundo o Ministério da Saúde, ocorreu no Rio Grande do Norte. Ao todo, em 2014, o país inteiro registrou apenas 147 casos. O ministério também divulgou ontem o resultado do Levantamento Rápido de índice Aedes aegypti (LIRAa), feito em 1.792 cidades. Segundo o documento, 199 municípios estão em situação de risco de surto para as três doenças causadas pelo Aedes: dengue, chicungunha e zika. Isso porque mais de 4% das casas visitadas nesses locais continham larvas do mosquito. Outros 665 municípios estão em alerta, porque tiveram entre 1% e 3,9% dos imóveis com focos do Aedes. E outras 928 cidades estão em situação satisfatória. - Estamos agora com o problema potencializado. Além da dengue, que mata, e além da chicungunha, que aleija pelo menos temporariamente, o zika pode, acreditam os cientistas, causar microcefalia. Então estamos com um problema de dimensões muito grandes para a gente enfrentar - disse o ministro Marcelo Castro. - (Esse problema) Não será resolvido pelo governo federal, nem só pelos governos estaduais, nem só pelos governos municipais. Terá que ser uma ação conjunta de todos e principalmente da sociedade. O lixo é o principal criadouro do mosquito no Norte e no Sul. No Nordeste, são recipientes para armazenar água, enquanto no Sudeste são depósitos como vasos e garrafas. Lá no Centro-Oeste, não há predominância clara de um tipo de criadouro. Ministro diz que País está "diante de problema de grandes proporções" Brasil contabiliza 1,5 milhão de casos de dengue e 811 mortes neste ano, que já é o pior da história O ministro da Saúde, Marcelo Castro, admitiu que o País está diante de um problema de saúde pública de grandes dimensões. O verão que se aproxima será o primeiro em que três doenças - dengue, chikungunya e zika - estarão presentes. Para o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rivaldo Cunha, o Brasil enfrenta uma "tríplice epidemia". "Estamos com um problemão para resolver. Ele terá de ser resolvido por todos juntos: população, governos estaduais, municipais e o governo federal", disse o ministro. Neste ano, a dengue bateu todos os recordes. Até a semana 45, foram contabilizados 1.534.932 casos da infecção, 7% a mais do que em 2013, ano que até então registrara a maior marca histórica. Neste ano, a doença provocou 811 mortes, 25% a mais do que em 2013. O número de casos graves também subiuno período, com 1.488 pacientes. Ao contrário do que ocorreu em outros anos, a doença não deu trégua nos meses mais frios. Para se ter uma ideia, há cinco semanas, o número de casos era de 1.485.397. Neste curto espaço de tempo também se elevou o total de casos graves. O fenômeno se repete com a chikungunya, doença também transmitida pelo Aedes aegypti, com sintomas semelhantes ao da dengue. Embora o risco de mortes e já menor, ela pode atingir as articulações, tornar-se crônica e deixar o paciente por meses impossibilitado de executar tarefas simples, como vestir-se ou se alimentar. Foram confirmados 6.724 casos, com outros 8.926 em investigação. Há quatro semanas, haviam sido confirmados 5.034 casos. O avanço atípico preocupa autoridades sanitárias e é considerado como prenúncio de que, no verão, essas infecções podem aumentar. Guillain-Barré. Como não há kits de diagnóstico, o governo não dispõe de números exatos sobre a zika. A doença, que quando chegou aoPaísera considerada uma versão amena da dengue, hoje mostra o contrário. Além da microcefalia, há a suspeita de que ela provoque uma doença autoimune, que leva à paralisia, a Guillain-Barré. Há registros de casos no Brasil, tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Os pacientes desenvolvem o problema semanas depois da fase aguda da infecção por zika. O tratamento exige internação e demanda um longo período até a completa reabilitação. "Estamos diante do desconhecido", disse o secretário de Vigilância em Saúde, Antonio Carlos Nardi. /L.F. Presença de "Aedes" deixa 8 capitais em risco para dengue O Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa) mostra que oito capitais estão em situação de alerta ou de risco para dengue. A situação, em tese, é melhor do que a de 2014, quando 19 capitais estavam nessa classificação. Mas nove capitais ainda não mandaram informações: Macapá, Manaus, Maceió, Natal, Salvador, Vitória, Goiânia, Florianópolis e Porto Alegre. O estudo mostra que Regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul registraram aumento dos cria-douros de Aedes em depósitos para armazenamento de água. O problema que está ligado ao abastecimento e de solução mais difícil do que, por exemplo, a limpeza doméstica de vasos. Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 SUS bancará cirurgia de pernambucano ESTADOS UNIDOS Weverton Fagner, de 18 anos e morador de Vitória de Santo Antão, Zona Mata, conseguiu na Justiça que governo custeasse o transplante de intestino A Justiça Federal de Pernambuco determinou que o Sistema Único de Saúde (SUS) pague os custos da viagem e tratamento do jovem pernambucano Weverton Fagner, de 18 anos, aos Estados Unidos para realizar um transplante de intestino. O adolescente de Vitória de Santo Antão sofre com uma doença rara, a síndrome do intestino curto e está internado no Hospital Otávio de Freitas (HOF), Zona Oeste do Recife, há quatro meses. Para realizar o sonho da cura, o jovem precisa ir para o Jackson Memorial Hospital, em Miami, único centro hospitalar com resultados positivos na cirurgia, que custa cerca de R$ 3,5 milhões. A data da viagem, porém, não foi confirmada, pois o visto ainda não saiu. Hoje o jovem sobrevive com ajuda de medicamentos e uma alimentação especial, utilizando 10% da capacidade do órgão. Em setembro deste ano, a família do jovem começou uma campanha nas redes sociais para angariar fundos. A campanha foi nomeada “Força, Weverton” e conta com cerca de mais de 22 mil curtidas no Facebook. Na época, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, esteve no Hospital Otávio de Freitas para visitar o jovem e impulsionar a campanha pedindo a olidariedade e compaixão dos fiéis e da população para arrecadação do dinheiro. “Precisamos que todos deem as mãos para ajudar a conseguir o maior valor possível e convencer o governo a completar, pois a quantia é muito alta”, disse. O primo do adolescente, Nadjânio Duarte, contou à Rádio Jornal que a família está animada com a decisão judicial.“Weverton está estável. Sem alterações de taxas, queda de pressão e febre. Meu primo precisa estar 100% para receber o transplante e, agora, ele está apto para o procedimento”. Nadjânio Duarte falou sobre a felicidade de receber a notícia da viagem. “Com muita fé, oração e luta, a gente conseguiu atingir o alvo. Em parte, nós estamos felizes. Mas só estaremos felizes por completo quando ele voltar dos Estados Unidos após a cirurgia bem-sucedida”. Folha de Pernambuco - PE 25/11/2015 - 07:32 Hemocentro facilita acesso para doadores ENQUANTO projeto de descentralização não sai, Hemope coloca estacionamento à disposição Doar sangue é um processo rápido, não dói nem afeta a saúde e faz uma grande diferença aos pacientes que necessitam de transfusão. Mesmo assim, menos de 2%da população figura entre o grupo disposto a salvar vidas neste segmento. O Dia Nacional do Doador de Sangue, celebrado hoje, reacende o interesse em mudar esta realidade, estimulando a conscientização. Operando com um estoque 30% abaixo da capacidade, o Hemope segue à espera de melhorias. O projeto para descentralização da coleta, anunciado ainda em2011, não conseguiu sair do papel. Orçado em cerca de R$ 10 milhões, a medida pretendia encurtar as distâncias, levando o serviço para outros pontos do Estado. Enquanto a medida não chega, parcerias em medidas de mobilidade tentam amenizar as carências existentes. “Entendemos as dificuldades das pessoas para chegar até nós e reforçamos o acordo com empresas e instituições. Semanalmente pegamos a estrada e, junto com a equipe de profissionais, montamos toda a nossa estrutura em pontos móveis”, explicou a diretora de hemoterapia, Ana Fausta. Segundo ela, as cerca de 40 vagas disponíveis no estacionamento da entidade, localizado no bairro das Graças, no Recife, passaram a ser de uso exclusivo dos doadores. “O número não é o suficiente, mas serve para aliviar as reclamações recebidas pela dificuldade no acesso. O grande número de linhas de ônibus a circular pelo entorno também está a nosso favor”, acrescentou. A proposta de expansão, ainda sem avanços, almeja a criação de postos em Paulista e Jaboatão dos Guararapes, além da instalação de unidades em seis hospitais de grande porte na RMR. Atualmente, sete postos regionais operam no Agreste e Sertão. Conforme a gestão, a expectativa é de um crescimento de 15%nos níveis de sangue até o fim deste ano. O quadro deficitário torna-se ainda mais acentuado com a chegada das festas de fim de ano, havendo uma diminuição no fluxo de cerca de 300 visitantes. Comeste cenário, amplia-se a necessidade para a chegada de sangue de todos os tipos, sendo uma única bolsa capaz de suprir a carência de quatro vidas. O mecânico Neemias Silva, de 30 anos, veio de Camaragibe para contribuir com o movimento. Ele conta que a missão faz parte da sua rotina há oito anos, sendo compartilhado entre os demais membros da família. “Um ato tão simples pode transformar completamente a realidade de quem mais precisa. Se estivesse mais perto seria ainda melhor”, opinou. O sentimento é compartilhado pelo atendente José Faustine, 24, “Procuro sempre estimular os amigos a me acompanharem na doação. É um ato de amor”, disse. A recepcionista Amanda Campos, 22, também conseguiu um espaço nas atividades do dia-a-dia para contribuir. “As campanhas de incentivo deveriam seguir por todo o ano”, afirmou. CELEBRAÇÃO Quem se dirigir ao hemocentro será recebido em clima de festa. A programação trará palestras de orientação, entrega de brindes e várias apresentações musicais. O evento também fará uma homenagem aos doadores com maior histórico de visitas, registrando entre 25 e 100 doações. Um corte de bolo também assinala as comemorações pelos 38 anos de funcionamento. As atividades especiais também ocorrem no Ihene, na Boa Vista, e, ainda, no Hemato, na Ilha do Leite ambos na área central. Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Voz do Leitor Caos na saúde pública Muito lúcido, corajoso e oportuno o artigo do médico Sergio Gondim, recentemente, neste JC, sobre a situação da saúde pública em Pernambuco, especialmente sobre a situação do Imip, referência, com louvor, não só em nosso Estado. Pacientes vêm de diversos estados em busca de atendimento de qualidade para curar seus males. O governador pode começar a preparar a sua “Lista de Schindler” ao contrário, relacionando não quem salvou, mas quem não conseguiu salvar, por falta de remédios, exames, cirurgias, vagas nas UTIs, etc. Governador, não deixe o Imip se acabar. Cuide melhor da saúde de seu povo. Luciano Gondim Torres - [email protected] Jornal do Commercio - PE 25/11/2015 - 08:17 Portal vai revelar dados dos planos de saúde CONSUMIDOR ANS vai lançar novo canal em que diversas informações até então restritas à agência serão expostas aos usuários, como valores dos procedimentos A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançará, no dia 2 de dezembro, um portal que reunirá uma série de informações até então fechadas. Será um passo importante no processo de empoderamento do consumidor de planos de saúde no Brasil. O chamado d-tiss sistematizará dados como frequência e valor de procedimentos e comparações de como eles são executados aqui e em outras partes do mundo. O portal, na verdade, abrirá ao cidadão informações que já são repassadas pelas empresas à ANS através da Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS), estabelecida como um padrão obrigatório para as trocas eletrônicas de dados da saúde suplementar. O objetivo do TISS é padronizar as ações administrativas, subsidiar as ações de avaliação e acompanhamento econômico, financeiro e assistencial das operadoras e compor o Registro Eletrônico de Saúde. A informação foi antecipada pela diretora da ANS, Martha Regina de Oliveira, durante o 1º Fórum de Saúde Suplementar, que realizado ontem e hoje, em São Paulo. O encontro é promovido pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) para discutir o tema Sobrevivência do Setor de Saúde Suplementar – Propostas, Metas e Responsabilidades. “É a primeira vez que vamos soltar essas informações”, diz Martha. Od-tiss, explica a diretora, é inspirado na plataforma online norteamericana guroo (www.guroo.com), criada pelo órgão independente Health Care Cost Institute (HCCI) – Instituto de Custos do Cuidado com a Saúde, numa tradução livre –, que reúne informações fornecidas de maneira voluntária pelas empresas. O guroo, diferentemente do d-tiss, traz valores máximos, mínimo e médio dos principais procedimentos médicos nos EUA, em níveis nacional, estadual e local. Foi criado com o objetivo de dar publicidade a informações sobre os custos e a qualidade dos cuidados de saúde para que os consumidores possam fazer escolhas e saber como gastam o que investem em assistência privada. Martha também antecipou que há outro projeto em andamento, para dar mais transparência com foco nos beneficiários dentro do portal das operadoras. A ideia é que, dentro de um ano e meio, seja criado um portal que unifique todas essas informações das empresas. A diretora não deu mais informações sobre esse projeto. Folha de Pernambuco - PE 25/11/2015 - 07:32 HOMENAGEM - O hospital Jayme da Fonte foi homenageado ontem, em sessão solene na Alepe. O requerimento que deu origem à homenagem, por conta dos 60 anos da instituição, foi feito pelo deputado estadual Aluisio Lessa (PSB). A sessão foi presidida pela deputada estadual Simone Santana (PSB) e contou com a presença do diretor do hospital, o médico Antônio Jayme da Fonte, filho do fundador, também médico, Jayme Wanderley da Fonte. Na ocasião, Simone Santana traçou o histórico do hospital e falou das dificuldades enfrentadas pelo seu idealizador. “Ao planejar abrir um hospital, Jayme da Fonte realizou várias viagens aos Estados Unidos e Europa . Atualmente, o Jayme da Fonte é referência nacional em Urologia, aparelho digestivo e transplante de fígado”, afirmou. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Saúde ainda mais cara Os desajustes econômicos têm impactado fortemente a vida dos brasileiros por meio de combinações perversas entre alta do custo de vida, retração do setor produtivo, desemprego, queda nos investimentos públicos e privados. Nenhum segmento escapa aos reflexos do desequilíbrio financeiro das contas públicas. Antes de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) projetar que a taxa de inflação fechará 2015 em dois dígitos, pesquisa internacional da Mercer Marsh Benefícios antecipou que o índice médico terá alta de 17% no Brasil — acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e da expansão da massa salarial. No universo de 29 países, será um dos mais elevados, considerando a média mundial de 10,5%. Ficará atrás da Argentina (29%), do Vietnan (23,4%) e da Tailândia (17,9%). A inflação médica está associada à alta dos custos de novos tratamentos e tecnologias. No país, com baixa produção tecnológica na área, as empresas prestadoras de serviços têm os preços afetados pela oscilação do câmbio. Os valores são repassados aos estabelecimentos hospitalares, que transferem para os planos de saúde a elevação dos gastos operacionais. No fim dessa cadeia, está o trabalhador, seja em atividade, seja aposentado, que vem se debatendo diante da deterioração do poder de compra em decorrência da crise financeira. Para preservar o acesso aos planos de saúde, o consumidor terá que fazer mais cortes no orçamento doméstico. No caso de não haver como reduzir as despesas, restará suspender o contrato e buscar atendimento na rede pública. Trata-se de opção extremamente difícil, sobretudo para quem tem idade avançada. As primeiras desistências ocorreram em setembro último. Levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou que o número de beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares perdeu 164,4 mil clientes — recuo de 0,3% — em relação a agosto. No acumulado do terceiro trimestre de 2015, a perda foi de 236,2 mil beneficiários, resultado 0,5% pior que o do mesmo período de 2014. Com o agravamento das dificuldades, resta ao brasileiro buscar atendimento médico na rede pública. O Estado não conseguiu dar ao Sistema Único de Saúde nível de qualidade e de eficiência capazes de suprir as demandas da sociedade. Não faltam recursos. O Ministério da Saúde conta com a maior fatia do Orçamento da União. Para 2015, foram R$ 109,2 bilhões. Mas ainda assim os recursos são insuficientes e a gestão menos ainda. Ademais, os estados e municípios estão sendo crescentemente forçados a aumentar proporcionalmente o financiamento dos serviços de saúde com recursos próprios, diante da diminuição relativa dos repasses federais. Mais: o modelo revela-se arcaico, quando comparado ao de países com igual ou superior nível de desenvolvimento. Não expande as unidades de atendimento básico e direciona os pacientes para as unidades hospitalares, que deveriam ser a última instância para o atendimento de casos de média e alta complexidade. Se o preço dos serviços privados de saúde, ofertados pelos planos, fica proibitivo ao orçamento do brasileiro, e setor público se mostra incapaz de acolher a todos, corremos o risco de adoecer na indigência. Diario de Pernambuco - PE 25/10/2015 - 08:05 Palestra sobre câncer O Imip promove hoje, quando se comemora o Dia Nacional da Luta Contra o Câncer, o I Encontro Ampliado da Oncologia Adulto. A atividade é voltada para pacientes, familiares e cuidadores. O evento visa democratizar informações sobre os direitos sociais das pessoas em tratamento oncológico ou cuidados paliativos, para viabilizar o acesso e o exercício desses direitos.