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ENGENHARIA I PA L AVR A DO PRE SIDENTE
Construindo o
centenário
osso primeiro mandato, entre abril de 2009 e março de 2011,
foi marcado pelo dístico “Rumo ao Centenário”. Para nós estava clara a necessidade de repensarmos a engenharia em
confronto com os novos tempos da chamada globalização.
Nessa ocasião, percebia-se que a crise longa e profunda que a economia brasileira sofreu desde meados da década de 1980 estava no
fim. A engenharia estava novamente sendo chamada para retomar os
grandes empreendimentos.
Porém, essa retomada do progresso, conquanto auspiciosa, também
prenunciava muitos problemas. A crise foi perversa. De um lado, em sua
maior parte, os engenheiros, de então, perderam os empregos e foram
obrigados a mudar de atividade. De outro lado, a procura pelas escolas de
engenharia declinou sensivelmente e, nesse período, formaram-se pouquíssimos profissionais. Como atender à nova demanda que se iniciava?
Nos dias de hoje, os quadros funcionais das empresas de engenharia trabalham sobrecarregados. Alguns antigos engenheiros estão retornando à prática da profissão. As escolas de engenharia voltaram a
ser procuradas. Engenheiros estrangeiros estão buscando novamente o
promissor mercado de trabalho brasileiro. Penso que o setor econômico
é ágil, e tenho certeza que esse problema será superado. Mas a solução
não é instantânea. Teremos cinco anos pela frente para as escolas retomarem à plena formação de novos engenheiros e outros cinco para que
eles se tornem experientes. Pena que seja assim, pois é fator de inibição
ao potencial de progresso que se nos apresenta nesta oportunidade.
Inevitavelmente, o Instituto de Engenharia acompanhou a crise.
Seu quadro social permaneceu estagnado. As reservas financeiras da
Casa foram consumidas para manter aberta a instituição. O corpo de
funcionários foi reduzido ao mínimo indispensável. Os grandes eventos,
que tradicionalmente levavam a público a voz da engenharia, acabaram
por ser constrangidos, não só pela inoportunidade, mas também pelas
deficiências financeiras do próprio setor.
Apenas seis associações de engenheiros em todo o país existem desde antes da constituição do Sistema Confea/Crea’s, operando continuadamente. O Clube de Engenharia, do Rio de Janeiro, é a mais antiga,
tendo sido criada por decreto imperial. Em seguida aparece o nosso
Instituto de Engenharia, fundado em 1916, por livre deliberação de
engenheiros paulistas. As demais foram constituídas a partir do final
da década de 1920. Nessas associações eram discutidos os problemas
técnicos e negociais da profissão e delas surgiram as entidades oficiais
regulamentadoras do exercício da engenharia, os sindicatos patronais e
dos empregados e as associações especializadas do setor.
Não fosse a tradição consolidada, a abnegação de extraordinários
colegas dispostos a oferecer seu livre trabalho à Casa e a correta decisão
de empresários em colaborar financeiramente com a sua operação, o
Instituto de Engenharia, baluarte da honrada profissão, teria sucumbido em decorrência da crise. A classe dos engenheiros e a sociedade em
geral muito devem a essas pessoas.
A proximidade do centenário do Instituto foi emblemática para colocarmos nossos esforços a serviço dos nobilíssimos propósitos estatutários. O mundo global aí está com suas vertiginosas inovações científicas e tecnológicas. A economia não tem mais fronteiras. A sociedade
empresarial suplantou o poder do estado. Vivemos um mundo totalmente novo. Como já dissemos anteriormente, em face da retomada das
atividades econômicas do país, temos que fazer tudo de novo e há tudo
novo por fazer.
No “rumo ao centenário”, os dois anos de nosso primeiro mandato
foram dedicados à busca do equacionamento da situação patrimonial
do Instituto. Em 1982, o edifício do Palácio Mauá, do qual o IE possuía
metade, em condomínio com o Ciesp, foi desapropriado pelo governo
do Estado. A proverbial morosidade das ações judiciais brasileiras nos
impede até hoje de dispormos do precatório. Com tenacidade conseWWW.BRASILENGENHARIA.COM.BR
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ALUIZIO DE BARROS FAGUNDES
guimos convergir para um valor adequado da indenização, esperando
Presidente do Instituto de Engenharia
neste ano chegarmos àquele título
[email protected]
de crédito. Também está em fase final o estudo de viabilidade para alienação do Acampamento do Instituto de Engenharia (AIE), de modo a
estancar uma despesa significativa que beneficia apenas um pequeno
grupo de associados que frequentam a sede de campo.
Outra propositura daquela campanha foi a reformulação das relações públicas do IE. Organizamos um novo site, que hoje ocupa o
quinto lugar na frequência de consultas do verbete “engenharia” no
portal Google. Obtivemos uma cadeira no Colégio de Entidades do Confea, mediante a fundação da Conepe, de âmbito federal. Temos liderado grandes discussões temáticas por meio de reuniões com entidades
coirmãs, particularmente os sindicatos patronais e de profissionais.
Temos buscado, com sucesso, uma boa aproximação com os governos, deles obtendo informações sobre seus planos e realizações, assim
como podendo oferecer análises e opiniões. Também o IE tem abrigado
discussões sobre o ensino superior de engenharia, liderando importante
trabalho de revisão dos títulos de engenharia registrados no MEC, com
a proposta de redução de 258 para 53 títulos. Essa aproximação com as
principais escolas de engenharia de nosso estado possibilitou o acesso
aos estudantes de engenharia. Cerca de 1 200 sócios universitários ingressaram no IE durante nossa primeira gestão.
Agora, neste segundo mandato que nos foi confiado por 79% dos
eleitores do Instituto, a vigorar entre abril de 2011 e março de 2013, pretendemos concluir e aprimorar as tarefas antes iniciadas, consoante o plano de nossa campanha que foi denominado “Construindo o Centenário”.
Dentro de cinco anos, o Instituto de Engenharia completará 100
anos. Com o mesmo entusiasmo e dedicação que pautaram nossa primeira gestão, poderemos completar nosso plano estratégico em busca
da recuperação operacional e da preservação do prestígio que tanto
nos orgulha. O plano estratégico, idealizado no primeiro mandato, está
maduro e nos permitiu implantar uma nova estrutura organizacional da
Casa, mais moderna e coadunada com os tempos atuais. São dois pilares
a serem erigidos.
O primeiro consistirá na construção do edifício-sede projetado, sob
concurso, pelo escritório do arquiteto Rino Levi na década de 1980. O
projeto executivo completo foi por nós recuperado e atualizado e será
apresentado a grandes empresários da engenharia, dispostos a patrocinar sua execução. Uma vez concluída sua obra, o IE terá condições de
alugar mais de 7 000 metros quadrados, gerando renda suficiente para
sustentar suas operações básicas. Será uma grande vitória de todos nós,
inaugurarmos essas instalações nas vésperas do nosso centenário.
O segundo pilar da reformulação de nossas atividades consistirá
em três grandes programas de influência do Instituto de Engenharia.
Promoveremos a criação de um núcleo de inteligência da engenharia,
destinado à retomada do status de setor econômico dessa atividade,
em lugar da mera commodity a que se reduziu nos últimos 25 anos.
A base de apoio desse núcleo de pensamento e doutrina será uma
escola livre de gestão de negócios de engenharia, coadunada com a
globalização que domina a economia mundial. Outro programa será a
consolidação de um centro de convergência do ensino de engenharia,
em que as faculdades poderão discutir seus currículos em confronto
com as atuais necessidades do mercado da engenharia. E, finalmente,
buscaremos reformular o modo de atuação das Divisões Técnicas,
buscando parcerias efetivas com as associações especializadas em vez
de disputar seus sócios. Esperamos, com isso, reavivar as atividades
técnicas, pois a metodologia tradicional de agrupamento, reuniões e
montagem de trabalhos tem se mostrado ineficiente e desprovida de
atrativos aos associados.
ENGENHARIA 604 / 2011
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25/05/11 17:03
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