A cognição O que são os processos cognitivos? Sensação e perceção Mente e cognição A mente humana é um sistema integrador de processos que são fundamentais para a interação com o mundo e para a nossa capacidade adaptativa. Estes processos são de natureza cognitiva (conhecer), emocional (sentir) e motivacional (agir) e associam-se, respetivamente, às questões «o quê?», «como?» e «porquê?». Mente e cognição No caso específico dos processos cognitivos falamos de aspetos relacionados com a criação, transformação e utilização de informação, que ligam os meios interno e externo. Mente e cognição Cognição – do latim cognoscere, conhecer. Ato ou processo de conhecer. O que significa conhecer? O “conhecimento” designa o processo que coloca o sujeito em interação com o mundo e o produto desse processo Mente e cognição Mente e cognição A cognição é o conjunto de mecanismos através dos quais cada um de nós adquire, trata, conserva e explora informação produzindo conhecimento. A cognição diz respeito a importantes funções que asseguram ao organismo os ganhos de informação necessários às suas trocas ativas com o meio, incluindo: Sensação e perceção. Memória e atenção. Aprendizagem. inteligência. As sensações Os nossos sentidos (visão, audição, tacto, olfato, paladar, dor e movimento) são importantes janelas de comunicação com o mundo. Como funcionam? Como se geram as sensações? As sensações Os recetores sensoriais localizados nos órgãos dos sentidos (por exemplo, na retina, no canal auditivo, na pele, no nariz…) recebem a energia do estímulo (luminoso, mecânico ou químico). Depois transformam essa energia num impulso elétrico que segue pelos neurónios até ao cérebro. LIMIAR ABSOLUTO • Corresponde à quantidade mínima de energia necessária para que um estímulo seja identificado pelo observador pelo menos 50 % das vezes em que é gerado. LIMIAR DIFERENCIAL • Diz respeito à diferença mínima necessária entre dois estímulos para que o observador os reconheça como distintos um do outro. ADAPTAÇÃO SENSORIAL • Relativa à tendência para o declínio da nossa capacidade de resposta a estímulos imutáveis, constantes ou repetitivos, para que consigamos concentrar a nossa atenção na informação útil do meio. A perceção O que acontece à informação sensorial quando chega ao cérebro permite-nos distinguir sensação de perceção. Sensação e perceção são o princípio e o fim de um processo relativamente contínuo. Designam formas diferentes de funcionamento do cérebro. A diferença corresponde à diferença entre matérias – primas e produto final. A perceção A sensação diz respeito ao modo como os órgãos sensoriais captam os estímulos e aos mecanismos que permitem que essas informações sejam transmitidas ao cérebro. A perceção refere-se ao processamento posterior da informação sensorial, cujo resultado são as representações ou construções mentais dos estímulos. Sensação e perceção A sensação é a reação de um órgão sensorial ao meio. A partir do momento em que dizemos o que sentimos e identificamos o objeto ou pessoa, entramos no plano da interpretação, logo, da perceção. Sensação e perceção A sensação é a receção de informações sensoriais. A perceção é a interpretação, organização e descodificação dos dados sensíveis. A sensação é recetiva. A perceção é um processo mental ativo, embora dependa da sensação. A perceção é sempre uma apreensão subjetiva do mundo envolvente. Perceção Importância para o comportamento O comportamento das pessoas é baseado naquilo que elas percebem como real, e não na realidade objetiva Realidade objetiva Realidade percebida (PERCEÇÃO) Sensação e perceção ligam, assim, o mundo físico e o universo psicológico. A perceção A organização percetual, isto é, a forma como percebemos e organizamos a realidade envolve um conjunto de aspetos importantes, incluindo: a distinção entre figura e fundo. os princípios de agrupamento das unidades percetivas. a perceção de profundidade. a constância percetiva A perceção Distinção entre figura e fundo Por exemplo, as letras (figura) do papel branco onde estão impressas (fundo). Figuras-fundo reversíveis permitem compreender como um mesmo estímulo pode gerar várias perceções. Percecionamos mais facilmente as figuras bem definidas e salientes que se inscrevem em fundos indefinidos e mal contornados (por exemplo, um cálice branco pintado num fundo preto) Distinção entre figura e fundo A perceção Princípios de agrupamento das unidades percetivas Proximidade, semelhança, continuidade e fechamento são princípios que nos mostram como organizamos a informação. A perceção Perceção de profundidade Os indicadores binoculares e os indicadores monoculares. Indicadores binoculares – indicadores de profundidade que dependem do funcionamento simultâneo dos dois olhos. A perceção da profundidade é a capacidade de ver tridimensionalmente , avaliando a distância dos objetos. Indicadores monoculares – indicadores de profundidade que se baseiam no funcionamento independente de cada olho. Como percecionamos? A teoria da Gestalt (forma, padrão, configuração) Princípio fundamental: o todo não é igual à simples soma das partes. Quando percecionamos algo fazemo-lo na sua globalidade e não por partes. Quando escutamos uma melodia ouvimo-la na sua globalidade e não como um somatório de notas individuais que a compõem. A perceção Constância percetiva Permite garantir imutabilidade ao mundo que nos rodeia em termos de tamanho, forma, localização, brilho e cor. Constância quanto à dimensão / tamanho – um objeto continua a ser o mesmo, ou a ter a mesma dimensão independentemente de a sua imagem na retina mudar. Conforme os objetos se movem no espaço e se afastam ou aproximam, nós ajustamos em conformidade relativa as nossas perceções quanto à sua dimensão. A perceção Os vários indicadores que utilizamos para organizar o mundo que nos rodeia deixam espaço para automatismos falíveis e, por vezes, o nosso cérebro interpreta incorretamente a informação percetiva. Existem inúmeras ilusões, isto é, perceções distorcidas de uma situação, produzidas por fatores físicos ou psicológicos, que o comprovam. As ilusões, independentemente da modalidade sensorial em que ocorrem, resultam da deficiente captação e interpretação dos estímulos. A perceção Influenciados por mecanismos fisiológicos, mas também por necessidades, crenças, emoções, expectativas, etc., os nossos processos percetivos encontram-se simultaneamente dependentes de fatores inatos e aprendidos. Fatores inatos As experiências com o precipício visual, de Eleanor Gibson e Richard Walk, apontam para a importância da dimensão inata da perceção, mostrando como a perceção de profundidade nos bebés se reflete na relutância em se aproximarem de áreas percebidas como profundas. A perceção Fatores aprendidos Várias são as experiências com ilusões que alertam para o papel do meio e da cultura na forma como percebemos o mundo. Por exemplo, a ilusão de Ponzo mostra-nos como o facto de estarmos habituados a recorrer a determinados indicadores de profundidade nos leva a interpretar incorretamente a informação. Concluindo… A perceção constitui uma função imprescindível à cognição. Sem ela, memória, aprendizagem, pensamento e inteligência não passariam de conceitos inúteis. O exemplo mais concreto prende-se com o caso de pacientes que padecem de agnosias.