AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MÉRTOLA Ano Letivo 2012-2013 Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial 11º ano – Turma B Disciplina: Psicopatologia Geral Módulo 5 – Semiologia Psíquica A PERCEPÇÃO O que é a percepção? Qual a diferença entre percepção e sensação? Como vemos ou percepcionamos as coisas? Que factores influenciam a nossa percepção? Como se constrói o modo como nos vemos a nós e aos outros? O que são os distúrbios perceptivos? Sensação O processo através do qual aprendemos e conhecemos envolve dois momentos distintos: 1) SENSAÇÃO: Resulta do primeiro contacto com a realidade, é a captação pura e simples de um objecto sensorial. É um estado bruto e imediato, cujo papel principal é proporcionar à percepção os dados de que necessita. Realiza-se através dos sentidos. Sensação Quantos são os nossos sentidos? Cinco, certo? Na verdade, não. São onze: visão, audição, paladar, olfacto, sentido vestibular (do equilíbrio), sentido cinestésico (do movimento). E mais cinco que antigamente se agrupavam dentro da designação de tacto: contacto físico, pressão profunda, calor, frio e dor. Através dos sentidos, o nosso corpo pode perceber muitas coisas que nos rodeiam, contribuindo para a nossa sobrevivência e integração com o ambiente em que vivemos. Sensação e Percepção Qual a função dos nossos sentidos? Os nossos sentidos detectam estímulos, transformam-nos em impulsos electroquímicos e transmitem informações sensoriais ao sistema nervoso central. Os nossos sentidos são limitados. Não podemos, por exemplo, captar os infravermelhos ou certos sons. Sensação e Percepção PERCEPÇÃO: Em psicologia, a percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de um conjunto de fatores relacionados com o sujeito e com o objeto percepcionado. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações obtidas pelos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar a interpretação dos dados percebidos. Percepção A percepção não é uma simples cópia da realidade, mas sim uma interpretação pessoal do mundo, que depende de factores de significação. Estes fazem com que a percepção, fenómeno de captação do mundo, se transforme noutro fenómeno em que o mundo é parcialmente criado pelo sujeito que percepciona. A idade da pessoa, o sexo, a cultura, as motivações, a profissão, a experiência anterior, as expectativas e o estatuto social são factores que se projectam nas situações, fazendo com que elas deixem de ser situações em si, objectivas, independentes do sujeito, para passarem a ser situações para um sujeito, particularmente vividas, transfiguradas pela interioridade desse sujeito. Percepção Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade, e não na realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria. Pode parecer surpreendente, mas diante de uma mesma realidade, dois indivíduos podem ter percepções diferentes, e até mesmo, opostas. Percepção Os factores internos que mais influenciam a atenção são a motivação (prestamos muito mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que não nos interessam); a experiência anterior ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que prestemos mais atenção ao que já conhecemos e entendemos; e o fenómeno social que explica que a nossa natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes não prestem igual atenção aos mesmos objectos (por exemplo, os livros e os filmes a que se dá mais importância em Portugal não despertam a mesma atenção no Japão). Percepção – processo bipolar: depende das caraterísticas do sujeito que percepciona e das caraterísticas do objeto percepcionado. Intensidade Dimensões Cor Frequência, Frequência,Frequência, Frequência Forma Mobilidade Quanto às caraterísticas do objeto, podemos referir as seguintes: intensidade: a nossa atenção é particularmente despertada por estímulos que se apresentam com grande intensidade (sirenes); contraste: a atenção será muito mais despertada quanto maior o contraste entre os estímulos (sinais de trânsito); movimento: constitui um elemento principal no despertar da atenção. Por exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedos que se movem do que estando parados; incongruência: prestamos mais atenção às coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal. Por exemplo, na praia num dia verão prestamos mais atenção a uma pessoa que apanhe sol usando um cachecol do que a uma pessoa usando um traje de banho normal. Fatores de Situação Fatores de Quem Percebe: Tempo Atitudes / Motivações Local de Trabalho Interesses / Experiências Situação Social Expectativas Fatores ligados ao objeto Novidade/ Movimento Som/ Tamanho/ Fundo Proximidade/ Intensidade Percepção Como é que o nosso cérebro organiza as percepções? PERCEPÇÃO VISUAL Quando vemos os três pontos e o triângulo acima, tendemos a organizar tal percepção numa boa-forma, vendo-a completa, com um sentido, em forma de triângulo. PERCEPÇÃO VISUAL PERCEPÇÃO VISUAL SIMILARIDADE ou SEMELHANÇA: Objetos similares em forma ou tamanho ou cor são mais facilmente interpretados como um grupo. Distúrbios de Percepção: ilusões perceptivas. Vejamos alguns exemplos de ilusões perceptivas: ILUSÕES PERCEPTIVAS A “ilusão de Zollner” dificulta a percepção de que as linhas de fundo são paralelas. ILUSÕES PERCEPTIVAS A “ilusão de Ebbinghaus” gera a percepção de que o segundo círculo é maior, quando na verdade são de tamanho igual. ILUSÕES PERCEPTIVAS A linha horizontal inferior parece maior que a superior. Esta é a “ilusão de Muller-Lyer”. As duas linhas têm o mesmo tamanho. Imagem ambígua. O animal da figura pode ser um coelho ou um pato. Um exemplo de "percepção mutável" Conheces bem as cores e não és daltónico?! Então olha bem para a imagem seguinte... As cores dos quadrados “A” e “B” são iguais!? Não são?!!?!! Olha mais uma vez...... Convencido?! Repete se quiseres... E não... Ninguém alterou as cores dos quadrados enquanto eles eram isolados... apenas acabas de testemunhar um facto importantíssimo do funcionamento do teu cérebro.... Ele esforça-se ao máximo para que vejas aqueles quadrados como eles deveriam ser... Um preto e outro branco... Não importa se são ou não da mesma cor... Os quadrados adjacentes dizem que eles têm que ter cores diferentes... E o teu cérebro faz com que vejas assim....diferente.... Não te zangues.. Isto é importantíssimo... isto dá-nos maior precisão visual....é assim que conseguimos perceber mais detalhes em todas as paisagens que nos rodeiam no dia-a-dia...mais contraste entre as cores.... É tão só uma prova de que não importa o que está no mundo ou à sua volta... Mas sim como tu percebes esse mundo!! ...Conflito no Cérebro.... • Olhe fixamente nos 4 pontinhos pretos (centrais) do desenho e conte até 10 olhando para os pontinhos; • Olhe para uma parede e pisque varias vezes; • Observe a imagem que aparece na parede. Quando mais você piscar, melhor fica será a visualização. Se você conseguir ler as primeiras palavras o cérebro decifrará automaticamente as outras... 3M UM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414, 0853RV4ND0 DU45 CR14NC45 8R1NC4ND0 N4 4R314. 3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0 UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35, P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45. QU4ND0 3575V4M QU453 4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4.. 4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RC0 3 CU1D4D0, 45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0, C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4. R1R4M D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M 4 C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0. C0MPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1C40; G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4 C0N57RU1ND0 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R. M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R!! S0 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0. 0 R3570 3 F3170 D3 4R314. As coisas que o nosso cérebro faz...!!!! Se os seus olhos seguirem o movimento do ponto rotativo cor de rosa, só verá uma cor: rosa. Se o seu olhar se detiver na cruz negra do centro, o ponto rotativo muda para verde. Agora, concentre-se na cruz do centro. Depois de um breve período de tempo, todos os pontos cor de rosa desaparecerão e só verá um único ponto verde girando. É impressionante como o nosso cérebro trabalha. Na realidade não há nenhum ponto verde, e os pontos cor de rosa não desaparecem. Isto deveria ser prova suficiente de que nem sempre vemos o que acreditamos ver... As colunas são cilíndricas ou prismáticas? A escada foi colocada na parte interna ou externa do prédio? O que é que vês nesta foto? Golfinhos? Aceita: não viste golfinho nenhum!!! Para descobrir mais… http://buratto.org/otica/Indice.htm Alguns tópicos de apoio às questões da FICHA DE TRABALHO: 1. Por processo cognitivo entende-se uma atividade mental que gera conhecimento e capacidade de compreensão, de si próprio e do mundo envolvente. 2. Nos processos cognitivos destacam-se como mais importantes a perceção, a aprendizagem e a memória, além da linguagem, da inteligência e da imaginação. 3. A perceção é um processo psicológico cognitivo que envolve a interpretação significativa das informações sensoriais. 4. A bipolaridade da percepção refere-se à relação cognitiva que existe entre um sujeito e um objecto – não há perceção sem objeto percebido, e este último é composto por estímulos sensoriais provenientes dos receptores sensíveis. Uma perceção sem objeto é uma alucinação. 5. A atenção é um mecanismo seletivo que serve o objectivo central de autodefesa do cérebro face ao fluxo incessante de informação – é um filtro dos estímulos sensoriais. 6. Os fatores da atenção são subjetivos e objetivos. Explicá-los por meio de alguns exemplos. 7. A tendência para a estruturação é uma capacidade «a priori» do sujeito percetivo que organiza os estímulos sensoriais – é uma procura da pregnância ou «boa forma» e podemos verificar a sua ação concreta em leis como as do fechamento, continuidade, semelhança e proximidade. Pesquisar informação sobre estas leis em dicionários e outros manuais de psicologia. 8. A segregação figura-fundo é a condição sem a qual não poderia existir pregnância. Sem esta propriedade, a percepção da realidade seria impossível, seria algo semelhante a um quadro abstrato como os de Jackson Polock. As ilusões da perceção mostram bem como a nossa perceção da realidade fica afetada a partir do momento em que o mecanismo da segregação figura-fundo deixa de funcionar. Referir algumas dessas situações. 9. A tendência para mantermos uma constância percetiva é o que garante uma certa estabilidade, ou regularidade, no modo como percebemos o mundo envolvente e nós próprios. A constância da cor, da grandeza, da forma, do brilho, assegura-nos uma visão coerente e ordenada do mundo. Exemplificar três tipos de constância percetiva. 10. A perceção não existe como um processo desligado da individualidade de cada sujeito psicológico. Pelo contrário, todos os conteúdos percetivos são conteúdos cujo significado é construído e atribuído por um sujeito. Existem diversos fatores subjetivos que condicionam, moldam, e influenciam o modo como percebemos o mundo circundante. Por exemplo, em função da ação desses fatores, ligados ao fenómeno da atenção, o rio Guadiana será percebido de um modo diferente para um biólogo, um pescador, ou para um artista.