TRAUMATISMO GENITAL

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
“TRAUMATISMO
GENITAL”
Discentes:
Adriane de Nazaré Ferreira Jastes
Danilo David Santos Silva
Juliana de Sá Pinheiro
Larissa Luz do Nascimento
Lisio Eduardo Capela Hermes
Belém – Pará
2009
TRAUMATISMO GENITAL
CONCEITO
O trauma genito-urinário é a lesão adquirida no aparelho urinário de ambos os sexos, ou
nos órgãos genitais masculinos e femininos, que pode ser causado por agentes penetrantes,
perfurantes, trauma fechado, trauma cirúrgico, radiação e o trauma mecânico, muito freqüente
na área genital.
Aproximadamente 10% de todas as lesões observadas na sala de emergência envolvem
de alguma forma o sistema genitourinário, várias delas são sutis e de difícil definição,
exigindo grande experiência no diagnóstico e este, quando feito precocemente é essencial para
evitar complicações graves.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A abordagem do traumatismo genital depende de inúmeros fatores, como natureza,
extensão da lesão tecidual, o tipo e a velocidade do agente agressor (instrumentos perfurantes,
projéteis de arma de fogo com diferentes velocidades e acidentes automobilísticos, dentre
outros) e o grau de contaminação.
A avaliação inicial deve incluir controle de hemorragia e choque juntamente com a
ressuscitação de acordo coma necessidade.
O abdome e a genitália devem ser examinados para pesquisar evidências de contusões
ou hematomas subcutâneos, que poderiam indicar lesões mais profundas do retroperitônio e
estruturas pélvicas.
A história deverá incluir uma descrição detalhada do acidente, em casos que envolvem
feridas por projéteis de armas de fogo, deve ser determinado o tipo e o calibre da arma, para
se ter idéia da extensão da lesão.
A maioria (80%) dos traumas genitais são contusos. Em pacientes com traumatismo
genital, sempre deve ser considerada a possibilidade de lesões associadas, incluindo bexiga,
reto, uretra e cordão espermático.
A preservação da função genital (ereção e/ou procriação) deve compor o objetivo
primordial do atendimento médico.
CLASSIFICAÇÃO
Do ponto de vista de conduta e tratamento, as vítimas de traumatismo genitourinário
podem ser classificadas em dois grupos, segundo o tipo de lesão: com traumatismo fechado e
com ferimento penetrante, que, em geral, respectivamente, não necessitam ou necessitam de
intervenção cirúrgica imediata.
QUADRO CLÍNICO
Trauma de genitália externa é tipicamente identificado ao exame físico e pode se
apresentar com equimose, ferimentos penetrantes e dor na área afetada.
DIAGNÓSTICO
É estabelecido principalmente por anamnese e exame físico, auxiliado pelos exames
complementares. Estes serão solicitados de acordo com a avaliação inicial do traumatismo e
podem incluir ultra-sonografia, uretrocistografia, cavernossografia, arteriografia, ressonância
magnética, tomografia computadorizada e estudos de medicina nuclear, dentre outros.
PÊNIS
A lesão traumática do pênis pode ocorrer devido a mordida de animais, ferimentos por
armas de fogo ou brancas, acidentes com máquinas e relação sexual. Envolve desde lesão
simples da pele até situações mais graves como amputações ou estrangulamento do pênis.
Para efeito de tratamento (conduta) podemos classificar em quatro situações:
1. Ferimento simples da pele ou ruptura do corpo cavernoso;
2. Avulsão da pele do pênis;
3. Estrangulamento do pênis;
4. Amputação do pênis

FERIMENTO SIMPLES DA PELE OU RUPTURA DO CORPO CAVERNOSO
A causa mais comum de traumatismo fechado peniano é o intercurso sexual,
determinando a ruptura da túnica albugínea (fratura do pênis). Tal tipo de lesão ocorre
principalmente durante a ereção, pois com o enchimento dos corpos cavernosos, a espessura
da túnica albugínea diminui de 2 mm pra 0,25 mm, predispondo á rupturas quando forças
significativas são aplicadas ao pênis. É importante na história esclarecer a posição que se
desenrolou ao ato sexual, lembrando que a posição mais freqüente que determina este tipo de
lesão é a mulher “a cavaleiro”, provocando encurvamento abrupto do pênis.

AVULSÃO DA PELE DO PÊNIS
A avulsão total da pele do pênis ocorre em acidentes com máquinas. As avulsões de
pele ou lacerações podem ser submetidas à desbridamentos, circuncisão, quando necessário
ou fechamento primário do defeito.

ESTRANGULAMENTO DO PÊNIS
Objetos diversos (anéis metálicos ou plásticos, arruelas porcas, cadeados, aparelhos de
vácuo) poder ser colocados no pênis na tentativa de manter ereção por tempo prolongado com
propósito de masturbação ou relação sexual anômala. Quando não se consegue removê-los o
pênis edemacia e fica estrangulado. A gangrena e a lesão uretral podem ser causadas por anéis
obstrutivos localizados ao redor da base do pênis.

A AMPUTAÇÃO DO PÊNIS
A amputação parcial ou total do pênis pode ocorrer como conseqüência de acidentes
agressões por terceiros ou mesmo autoagressões (pacientes psiquiátricos). No pronto
atendimento, deve-se manter o seguimento peniano amputado em solução gelada de Ringer
Lactato, antibiótico e heparina, considerando-se que o tecido peniano torna-se inviável após 2
horas de isquemia quente. A conduta inicial é a reconstrução peniana.
TESTÍCULOS
Traumatismos fechados do escroto podem produzir ruptura do testítulo por meio de
lesões esportivas, agressões ou acidentes motociclísticos.
As rupturas testiculares não são muito comuns, o que se deve, em parte, à sua
mobilidade e à resistência da túnica albugínea. Alguns autores acreditam que o mecanismo de
ruptura relaciona-se com a compressão do testículo contra o púbis.
O quadro clínico é de dor e equimose na pele escrotal, o que gera confusão com
hematocele, mas pode também se apresentar com queixas gastrointestinais, como náuseas,
vômitos e dor abdominal baixa. Também deve ser diferenciado de torção testicular e
epididimite/orquite.
O diagnóstico é estabelecido principalmente por história e exame físico e
posteriormente auxiliado pela US. A rotura pode ser identificada como interrupção da túnica
albugínea e pode ser diferenciada de orquite e epididimite pela ausência de hiperemia. Alguns
autores sugerem a realização prévia de cintilografia com tecnécio.
ESCROTO
Esta área é muito susceptível a lesões. Havendo lesão somente da bolsa escrotal,
considera-se uma lesão superficial e de fácil tratamento. No entanto pode ocorrer lesão
importante e associada à lesão de testículos e pênis. O trauma dessa região é comum em
motociclistas, e operadores de máquinas industriais.
Podem ocorrer contusão, lacerações ou avulsão parcial ou total da pele do escroto.
O traumatismo contuso pode causar hematoma local e equimose, mas tais lesões
desaparecem sem dificuldades. Em lacerações, é importante o desbridamento da parte afetada
com remoção de corpos estranhos e tecidos necróticos, para que possíveis infecções sejam
evitadas. Em seguida, realiza-se a sutura, e por tratar-se de um tecido bastante elástico, é
possível realizá-la com tensão, a qual progressivamente cede até que se obtenha um resultado
estético satisfatório.
Em indivíduos jovens, preferencialmente, quando há perda da parede do escroto
(avulsão total), o testículo deve ser posicionado superficialmente no tecido subcutâneo da
coxa ou virilha, sendo que a primeira localização parece favorecer a espermatogênese. Diante
de perdas parciais, a mobilização da pele do períneo pode permitir o fechamento adequado do
defeito, pode-se optar ainda pela aplicação de enxertos de pele nos casos de ferimentos
relativamente limpos, após cuidadosa seleção.
PRÓSTATA
A próstata não é dos órgãos genitais o mais traumatizado e nem está entre os que mais
sofrem agressões, sendo mais freqüente nesse órgão exclusivamente masculino doenças como
a hiperplasia prostática benigna, as prostatites e o adenocarcinoma.
Dentre as principais causas de trauma a este órgão estão o trauma de uretra posterior,
haja vista que a primeira porção da uretra atravessa esse órgão em sua região central,
favorecendo desta maneira que os traumatismos uretrais se estendam a esse órgão. Outra
causa é a manipulação cirúrgica de órgãos adjacentes ou da própria próstata, o que pode levar
a lesão em seu parênquima glandular.
A fratura de ossos da bacia, como o púbis, causadas por acidentes automobilísticos ou
quedas, por exemplo, geralmente libera espículas ósseas que acabam por perfurar alguns
órgãos genitais, dentre eles esta a próstata. Os ferimentos por arma branca ou arma de fogo
são outras causas, menos freqüentes, que podem traumatizar esse órgão, existem casos
descritos de projéteis de arma de fogo alojados na próstata ou mesmo de objetos perfuro
cortantes que se alojaram nela, seja acidentalmente ou por agressão física.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARATA, H. S.; CARVALHAL, G. F. Urologia: princípios e prática. ARTMED, Porto
Alegre, 1999. p.439
VAN DER HORST, C. et al. Penile fractures: controversy over surgical or conservative
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