ATENDIMENTO PSICOLÓGICO NO TRABALHO DE PARTO: QUANDO NASCE UMA FAMÍLIA ATENDIMENTO PSICOLÓGICO NO TRABALHO DE PARTO Ana Paula dos Santos, UFSM, Brasil¹, Fernanda Real Dotto, UNIFRA, Brasil² Camile Haslinger, UNIFRA, Brasil³, Ligia Rivas, UNIFRA, Brasil4 ¹ Acadêmica do Curso de Psicologia Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil Rua da Constituição, n. 621, 5A, CEP 4200-200 Freguesia de Santo Ildefonso, Porto - Portugal. Telefone: +351939256733 ² Supervisora do Estágio Específico I do curso de Psicologia – UNIFRA, Santa Maria, RS, Brasil ³ ³ Acadêmica do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 4 Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. CRP 07/21.799 E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Número total de palavras do artigo: 3.347 palavras. ATENDIMENTO PSICOLÓGICO NO TRABALHO DE PARTO: QUANDO NASCE UMA FAMÍLIA PSYCHOLOGICAL CARE: WHEN A FAMILY IS BORN RESUMO Este trabalho objetiva apresentar o relato de experiência de um estágio curricular do Curso de Psicologia do Centro Universitário Franciscano/UNIFRA. O estágio, com ênfase em maternidade, foi realizado em um hospital municipal da rede Sistema Único de Saúde (SUS – sistema público de saúde brasileiro), localizado na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. O trabalho consistiu em práticas psicológicas, com o objetivo de fornecer atendimento psicológico a pais e seus bebês em situação pré e pós-parto. Os atendimentos começaram na internação, durante o trabalho de parto e alta da paciente. Foram atendidas 93 gestantes entre 14 e 45 anos de idade, de Santa Maria e região.Os atendimentos foram realizados junto aos leitos, na sala de televisão, no berçário, banheiros, e nos corredores. Houve contato permanente com a equipe hospitalar e estagiários de fisioterapia e enfermagem viabilizando assim, um trabalho multidisciplinar. Proporcionar uma escuta, incentivar a formação de vínculo entre a díade mãe/ bebê, como um espaço de escuta, de acolhimento, de compreensão das emoções decorrentes deste período transitório, foram às propostas. Percebeu-se a importância da psicologia no âmbito hospitalar tanto para a comunidade atendida como para a equipe multidisciplinar envolvida. Ressalta-se então a inserção da psicologia no ambiente hospitalar, especificamente na maternidade, sendo de fundamental relevância um espaço acolhedor, através de intervenções que visem à autonomia, melhor vinculação entre mãe/bebê, proporcionando também uma melhor comunicação entre equipe e pacientes. Palavras-chave: atendimento psicológico; acolhimento; maternidade; trabalho de parto. ABSTRACT This work aims to show a reporting experience of a internship made in Psychology Course on Centro Universitário Franciscano/UNIFRA. The internship, with emphasis on motherhood, was held in a municipal hospital of Sistema Único de Saúde (SUS – Brazilian public health system), located in Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. The work consisted of psychological practices, with the goal of providing psychological support to parents and their babies in pre and postpartum. The sessions started on admission, during labor and at hospital discharge. Were treated 93 pregnant women between 14 and 45 years old, from Santa Maria and surroundings. The sessions were conducted along the beds, in the TV room, nursery, bathrooms and hallways. There was constant contact with the hospital staff and trainees of physical therapy and nursing thus enabling a multidisciplinary work. To provide a listen, encourage the formation of a bond between mother and baby, as a space for listening, acceptance, understanding of emotions arising from this transitional period, were the proposals. We realized the importance of psychology in hospital settings for both the community served and to the multidisciplinary team involved. It is noteworthy then the insertion of psychology in the hospital environment, specifically in maternity, being of fundamental importance a cozy space through interventions that aimed at autonomy and better bonding between mother and baby. Also, the presence of a psychological provided a better communication between staff and patients. Key-words: psychological care; care; maternity; labor. No período gestacional a mulher passa por diferentes mudanças, que interferem em seu mundo intrapsíquico e relacional, mudanças estas que afetam também seu companheiro e seu meio social. Essas modificações são fundamentais na constituição do espaço psíquico do bebê (PICININI, LOPES, GOMES E DENARDI, 2008). A gestação é marcada pela ambivalência dos futuros pais, que se sentem vigorosos, mas também angustiados pelas profundas alterações em suas vidas, pois a gravidez é o início de uma nova fase. É de fundamental importância que a equipe de saúde possa fazer com que os pais percebam que esta ambivalência é natural (EIZIRIK, KAPCZINSKI, BASSOLS, 2001). Assim, torna-se de grande importância a Psicologia no período que envolve o nascimento do bebê, ao ponto que vão se configurando novos papéis na família, permeado por emoções distintas, desde sentimentos, fantasias e ansiedades decorrentes deste período de transição. Portanto, a intervenção psicológica na maternidade tem como enfoque amenizar as variáveis que podem ocorrer devido às profundas mudanças intra e interpessoais desencadeadas pelo parto, bem como a prevenção e promoção na qualidade da relação mãe/bebê promovendo também um espaço de escuta para estes pais, que diante de uma sociedade romantizada em relação ao parto e nascimento de uma criança, permitam-se expressar suas emoções neste momento de labilidade. Deste modo, o presente trabalho objetivo apresentar um relato de experiência de uma das atividades desenvolvidas no estágio curricular na maternidade de um hospital municipal, sendo priorizado o atendimento durante o trabalho de parto. Sendo assim, será apresentado um referencial teórico utilizado durante o percurso relacionado à maternidade e o período de trabalho de parto, e modificações na subjetividade e vida dos pais com a constituição de uma família; seguindo serão apresentadas reflexões advindas do campo de estágio. Tornar-se pai ou mãe é um dos acontecimentos mais marcantes na vida de um sujeito, que acarreta em profundas mudanças em sua personalidade e vida. A parentalidade então de motivações humanas de ordens biológicas instintivas e evolutivas, sofrendo também influências de ordem social e cultural. Com o nascimento do primeiro filho é que se inicia a família e que é pré-condicionada pelo desenvolvimento psicológico dos pais e pela qualidade de sua união. Assim, dá-se inicio a um novo campo psicológico exercendo influências um sobre o outro, abrindo espaço para um novo ser (EIZIRIK, KAPCZINSKI, BASSOLS, 2001). Com a descoberta da gravidez, o status e a identidade da mulher mudam bruscamente, tendo início uma reavaliação na organização e nas prioridades nas suas representações de self. Enquanto a mulher está comportamentalmente organizando o mundo do bebê, o mesmo estará ajudando-a na organização do próprio mundo representacional. Há uma reelaboração no self da mãe como mulher, mãe, esposa, profissional, amiga, filha, neta, seu papel na sociedade e seu lugar na família de origem (STERN, 1997). A gestação é marcada pela ambivalência dos futuros pais, que se sentem vigorosos, mas também angustiados pelas profundas alterações em suas vidas, pois a gravidez é o início de uma nova fase. É de fundamental importância que a equipe de saúde possa fazer com que os pais percebam que esta ambivalência é natural (EIZIRIK, KAPCZINSKI, BASSOLS, 2001). As últimas semanas de gestação podem ser vivenciadas com fases de estresse que antecede o trabalho de parto. Em meio à incerteza surgem, crises de ansiedade e reaparece o temor à morte, à dor, ao parto traumático, ao filho disforme a morte dele. Ao internar no hospital, o parto torna-se irreversível, onde as situações de estresse se exacerbam, como o toque vaginal, as contrações. A futura mãe necessita de apoio e tranquilização desde a preparação para o parto e durante este, bem como da equipe, sendo fundamental que a mãe confie na equipe que irá atendê-la (EIZIRIK, KAPCZINSKI, BASSOLS, 2001). Para Winnicott (2001), é indispensável o contato entre equipe e mãe, podendo dar-se ao longo da gestação, mas não sendo possível, é necessário que haja ao menos um contato bastante definido entre a mãe e a pessoa que a atenderá durante o parto, favorecendo assim todo o processo do parto, pois mãe e equipe estarão mais tranquilas para o nascimento do bebê, contribuindo para dissipar as preocupações advindas de informações incorretas. A mulher mesmo sendo emocionalmente madura, durante o processo do parto estará afetada por tantos controles que desejará todo cuidado, consideração, incentivo e familiaridade da pessoa que a assiste. Talvez esta mãe esteja fisicamente exausta e incontinente, dependendo da atenção do médico, enfermeira e psicóloga que a assiste (WINNICOTT, 2001). Segundo Eizirik, Kapczinski e Bassols (2001), problemas psicológicos são comuns nessa fase, sendo vista como uma crise, pois além das expectativas em relação à produção de leite, à saúde e ao temperamento e à sua capacidade de cuidá-la, existem outros fatores que aumentam o estresse. Para algumas mulheres a cesariana é vista como uma derrota para a autoestima, como se houvessem falhado em seu dever de mulher. O início do trabalho de parto se constitui em um momento crítico por vários motivos, é sentido como uma situação de um estado a outro, onde sua principal característica é a irreversibilidade, o aumento da ansiedade ao se aproximar o momento do nascimento e a insegurança referente à incapacidade de controlar o desenrolar do trabalho de parto (MALDONADO, 2002). Precedendo o parto, a parturiente vivencia a aproximação da dor, cuja sensibilidade à dor é variável conforme os indivíduos, estando ligada a emoção. Além disso, pessoas mais sensíveis, de temperamento mais emotivo, estariam mais expostas à dor do que outras, segundo Szejer e Stewart (1997); outro fator que possui grande influência é como a gestante foi preparada para lidar com a dor, apresentando maior ou menor capacidade de controle quando ela se aproxima, ou seja, possui uma ligação direta com a história de cada indivíduo. Para Szejer e Stewart (1997), a dor é por excelência a prova que simboliza o parto, onde ser capaz de suportá-la é quase sinônimo de dar da luz. Porém, a dor visível, expressa por gritos, por exemplo, não é bem aceita nas instituições, como se a mulher contemporânea fosse colocada na obrigação de dominar a dor. O modo como a mulher suporta a dor, aceita ou não sofrer, sempre tem um sentido, sejam por questões culturais ou relativas à relação com ela e sua mãe, nunca é desprovida de sentido. Assim, todas suas atitudes estão ligadas á história do casal e a relação da mulher com o pessoal médico que a assiste. A duração sendo longa, a mulher pode se encontrar sem forças e incapaz de controlar sua dor, no fim do percurso, onde algumas mesmo que preparadas, sentem-se derrotadas pelos eventos assomados pela dor. A maneira em que o parto e o bebê são simbolizados também influencia na evolução do trabalho de parto. Há a necessidade de considerar o contexto sociocultural, que influencia na forma como a parturiente sente e interpreta as diferentes sensações físicas do trabalho de parto. É importante não negligenciar a repercussão do contexto assistencial sobre a vivência do parto, pois muitas vezes, o descontrole, o pânico e alterações de contratilidade uterina decorrem de uma assistência precária, que não protege, não acolhe e até negligencia e maltrata a gestante. Para Maldonado (2002, p.71), “O parto, por conseguinte, pode ser considerado como um verdadeiro processo psicossomático, cujas características são multideterminadas por inúmeras facetas do contexto sociocultural, da individualidade físico-psicológica da parturiente e do contexto assistencial. E, assim como as características das pessoas refletem na conduta durante o parto, os diversos tipos de parto exercem diferentes impactos e são vivenciados e integrados as várias maneiras”. Durante o trabalho, um pessoal relativamente numeroso está presente, técnicas de enfermagem, enfermeira-chefe, médico pediatra, médico obstetra e algumas vezes o pai. Imersos a estes profissionais, o pudor se desloca, e tanto homem quanto mulher podem sentir a perda da posse desse momento tão íntimo. No período expulsivo, o médico controla o períneo, atentando aos sinais de ruptura, onde frequentemente, a fim de evita-las, faz-se uso da episiotomia. Para algumas mulheres, a episiotomia, às vezes é indolor, já para outras muito dolorosa. É possível que isto esteja relacionado ao fato de haver um corte intolerável, numa região tão carregada de simbolismo ou pode ser pelo ferimento em si (SZEJER &STEWART, 1997). Ao contrário da gravidez, cuja evolução é lenta, ocorrendo diversas mudanças aos poucos, o parto é um processo abrupto que rapidamente introduz mudanças intensas, onde há uma nova transformação no esquema corporal, a vinda do bebê trazendo alterações profundas no ritmo e rotina familiar; e com o parto, dá-se o decisivo passo em direção à simbiose-separação, pois dois seres, antes unidos, separam-se e uma das tarefas psicológicas mais importantes da gestante é sentir, desde a gestação, o filho como um indivíduo singular, diferenciado dela, de forma que, no momento do parto a separação física e emocional se integrem (MALDONADO, 2002). Em função desta fragilidade psíquica que a mulher vive, rico em emoções diversas mais ou menos agradáveis, a menos palavra, gesto ou dificuldade toma grandes proporções. Cada instituição hospitalar possui suas regras, dependendo em parte, dos médicos que as dirigem e cada mulher espera do pessoal do hospital uma atitude que nem sempre é necessariamente a que vai encontrar. Neste contexto de grande complexidade, muitas palavras são pronunciadas, que vão deixar marcas na vida desta família. As palavras do pessoal médico vêm ao encontro do desejo inconsciente da mãe, no que concerne ao bebê, e estas palavras muito contam, havendo o risco de virem a fixar-se de outro modo, impregnado na criança (SZEJER &STEWART, 1997). METODOLOGIA Este trabalho trata-se de um relato de experiência a partir de Estágio Curricular do Curso de Psicologia/UNIFRA tendo, como carga horária total, 170 horas. O Estágio foi realizado em uma Maternidade de um hospital público da cidade de Santa Maria/RS, no período de agosto a dezembro de 2011. O hospital atende pessoas da cidade de Santa Maria e região. As atividades desenvolvidas eram atendimentos e acolhimentos às gestantes e puérperas hospitalizadas e seus familiares. Os atendimentos foram realizados junto aos leitos, na sala de televisão, no berçário, banheiros, durante o acompanhamento do banho do recém-nascido e nos corredores. Ainda, houve o contato permanente com a equipe de enfermagem, estagiários de fisioterapia, estagiários de enfermagem e demais equipe hospitalar. Os atendimentos variam de acordo com a necessidade de cada paciente variando quinze minutos a duas horas, no caso de pré, durante e pós-parto. RESULTADOS Os atendimentos foram iniciados em diferentes momentos, de acordo com o momento em que a gestante e familiar internavam assim como a disponibilidade e necessidade de intervenção. Em geral, as gestantes eram acompanhadas por um familiar, já outras optaram por passar por este momento sozinhas, ou seja, sem um familiar auxiliando-as. Notou-se que as gestantes acompanhadas por familiar, na maioria das vezes seu companheiro, mostravam-se mais calmas diante da dor e da angústia pela espera de uma completa dilatação, onde puderam dividir a dor e o sofrimento a cada contração assim como a expectativa e alegria pela chegada de um filho. Durante o trabalho de parto, conforme a dor se intensificava, eram feitas caminhadas pelo corredor da maternidade, algumas vezes com atendimento em conjunto com estagiários da fisioterapia, auxiliando nos exercícios de respiração, agachamento e massagem. Neste período muitas gestantes faziam uso de ocitocina, a fim de acelerar o processo de contração e dilatação, seguindo no aumento da dor. Este momento na maior parte dos atendimentos foi fundamental para estabelecer vínculo com a paciente, proporcionando um holding, sendo possível sustentar sua fragilidade de variadas formas, como inúmeras caminhadas em silêncio entre pausas de intensa dor, dando suporte para a parturiente e familiar, que muitas vezes sentiam- se impotentes diante da evolução do processo de trabalho de parto, a dor. A equipe de enfermagem demostrava comportamentos diversos frente à manifestação da dor da gestante. Parturientes mais sensíveis à dor, dependendo da escala em plantão, recebia uma maior atenção, assim como variando os profissionais, eram tidas como “escandalosas”. Outro fator de grande instabilidade na atenção à gestante se dava em relação à troca de plantões, onde uma equipe direcionava o atendimento de uma forma ao ponto que trocando de profissionais era modificados os procedimentos; a psicologia, entre muitos dos afazeres neste ambiente, fazia por mediar a relação paciente/equipe. Houve situações de extrema divergência de informações e procedimentos, o que acarretava em aumentar o sofrimento e ao contrário aliviá-la do mesmo. Assim percebia-se a necessidade de um trabalho junto à equipe em favor de uma humanização no nascimento e manejo com as pacientes. A maior parte dos atendimentos foi durante o trabalho de parto, onde foi construído a cada dia, uma relação entre equipe e psicologia e também equipe e paciente. Percebeu-se a modificação no tratamento à paciente durante o parto, onde no princípio do estágio, informações eram negligenciadas à paciente, e no decorrer do trabalho se pode intermediar estas informações. Através da troca das informações sobre a parturiente, sendo continente à dor da gestante, acolhendo-a em sua dor e fragilidade, foi possível proporcionar aos demais profissionais uma nova maneira no atendimento. Pode-se intermediar esta relação através da valorização e respeito pelo trabalho da equipe junto à gestante e bebê, o que favorecia o decorrer do trabalho o mais natural sem possíveis intercorrências. Desconstruir a visão romantizada acerca da maternidade e do parto cedeu espaço para que a gestante e familiares pudessem expor seus sentimentos, angústias e ansiedades. Frequentemente, a fototerapia foi utilizada no tratamento da icterícia, fator estressor e angustiante para a maioria das mães, que se programaram para após o nascimento do bebê retornar ao lar e à família. Proporcionar uma escuta, incentivar a formação de vínculo entre a díade mãe/bebê diante da separação pelo tratamento e permitir que estas mães pudessem sim sofrer e se haver com o bebê real ao qual foi gerado, foram tarefas desenvolvidas ao longo do semestre. Comumente, internavam gestantes que passaram a maior parte da gestação sem acompanhamento médico ou sem fazer pré-natal. Gestantes adolescentes também eram frequentes; havendo em algumas vezes rejeição e falta de simbolização da criança, que não sendo desejada, acabavam passando por um trabalho de parto dificultoso, exigindo maior emprenho da equipe assim como da psicologia, seja em dar espaço e permitir esta parturiente exponha seu sofrimento bem como permitir que esta gestante olhe para seu filho, proporcionando um handling pela manipulação, cuidado, amamentação e contato com seu bebê. DISCUSSÃO A partir das intensas modificações decorrentes do nascimento de um filho, tanto mulher quanto homem adentrará uma nova identidade, com novos papéis, com profundas mudanças inter e intrapessoais, e estes nem sempre estão preparados para essa nova jornada. Os novos pais, de maneira mais ou menos intensa submergirão em uma fragilidade psíquica, sendo normal neste período vir à tona conflitos entre o casal, aumento da sensibilidade, sentindo-se ansiosos. Com um atendimento diferenciado das demais áreas da saúde, a psicologia buscou proporcionar as mães e familiares um espaço de escuta, de acolhimento, de compreensão dos sentimentos, das fantasias e temores, decorrentes deste período transitório. Em conjunto com a equipe médica e demais estagiários foi possível um trabalho multidisciplinar estimulando uma ligação mais saudável entre mão/bebê/pai. Ressalta-se especificamente na maternidade, sendo de fundamental relevância um espaço acolhedor, através de intervenções que visem à autonomia, melhor vinculação entre mãe/bebê, proporcionando também uma melhor comunicação entre equipe e pacientes. REFERÊNCIAS EIZIRIK, Cláudio Laks; KAPCZINSKI, Flávio; BASSOLS, Ana Margareth Siqueira (2001). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica (pp29-30). In: ZIMMERMANN, Aida; ZIMMERMANN, Heloísa; TATSCH, Fernando; SANTOS, Cristina. Gestação, parto e puerpério. Porto Alegre: Artes Médicas. EIZIRIK, Cláudio Laks; KAPCZINSKI, Flávio; BASSOLS, Ana Margareth Siqueira (2001). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica (pp 40-57). In: ZIMMERMANN, Aida; ZIMMERMANN, Heloísa; TATSCH, Fernando; SANTOS, Cristina. O bebê e os pais Porto Alegre: Artes Médicas. MALDONADO, Maria Tereza (2002) Psicologia da gravidez: parto e puerpério. 16 ed. São Paulo: Saraiva. PICCININI,Cesar Augusto; LOPES, Rita Sobreira; GOMES, Aline Grill; DENARDI, Tatiana (. 2008). Gestação e constituição da maternidade. Psicol. estud. vol.13 no.1 Maringá Jan./Mar. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 73722008000100008&lang=pt STERN, Daniel, ( 1997). A constelação da maternidade: O panorama da psicoterapia pais/bebê . Porto Alegre: Artes Médicas. SZEJER, Myriam; STEWART, Richard. (1997 ). Nove meses na ida de uma mulher: uma aproximação psicanalítica da gravidez e do nascimento. São Paulo: Casa do Psicólogo. WINNICOTT, D. W. (2001 ). A contribuição da psicanálise à obstetrícia. IN: A família e o desenvolvimento individual. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes. TRUCHARTE, Fernanda Alves Rodrigues (2002). Psicologia Hospitalar: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thimson Learning.