I-187 - OTIMIZAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA E DISTRIBUÍDA PARA CONSUMO HUMANO – IMPLEMENTANDO A PORTARIA 1469/2000 Rafael K.X. Bastos (1) Engenheiro Civil (UFJF), Especialização em Engenharia de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ), PhD em Engenharia Sanitária (University of Leeds, UK), Professor Adjunto - Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Chefe da Divisão de Água e Esgotos da UFV. Luis E. Nascimento Bacharel em Química (UFV), Chefe do Serviço de Tratamento de Água (UFV) Gustavo C. Betônico Graduando em Engenharia Civil (UFV), Bolsista de Iniciação Científica (CNPq) Endereço(1): Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil,Viçosa – MG. CEP: 36571-000 Tel: (31) 3899-2356 - e-mail: [email protected] RESUMO A partir de um estudo de caso (o controle da qualidade da água no sistema de abastecimento da Universidade Federal de Viçosa – UFV), apresentam-se ferramentas de gerenciamento de dados, com vistas a facilitar a interpretação dos resultados e a verificação do pleno atendimento de ditames da Portaria 1469. Incluem-se dados de monitoramento da qualidade da água tratada e distribuída por um período de doze meses, com destaque para turbidez da água filtrada, cloro residual livre na saída de tanque de contato, turbidez, cor, ferro e cloro residual no sistema de distribuição. Apresentam-se exemplos de sistematização de dados de controle de qualidade da água tratada, com vistas à avaliação do desempenho da filtração e controle do processo de desinfecção. Incluem-se exemplos de aplicação de metodologia de avaliação de remoção de protozoários e vírus com base nos parâmetros de controle dos processos de tratamento. De forma análoga, dados de monitoramento da água distribuída são sistematizados de forma a permitir um melhor gerenciamento do sistema de distribuição. A modelagem da dinâmica do cloro permitiu identificar trechos críticos na rede de distribuição. PALAVRAS-CHAVE: qualidade da água , tratamento, padrão de potabilidade. INTRODUÇÃO Na recente atualização do padrão de potabilidade da água (Ministério da Saúde, 2000) foram introduzidas importantes inovações, tais como: o monitoramento sistemático da qualidade da água filtrada, metas de turbidez da água filtrada e o controle do processo de desinfecção. As exigências e recomendações de controle rigoroso da filtração e desinfecção, vêm no sentido de se incorporar, na rotina do controle de qualidade da água, indicadores de remoção de organismos patogênicos (vírus e protozoários), avaliação esta não contemplada pelo emprego dos indicadores clássicos - os coliformes. Bactérias do grupo coliforme não são indicadores adequados da eficiência do tratamento em termos de remoção de vírus e protozoários. Em linhas gerais, bactérias e vírus são inativados pelo processo de desinfecção, enquanto os protozoários, preponderantemente, são removidos por filtração. Quanto à resistência aos agentes desinfetantes, também em linhas gerais, por ordem crescente apresentam-se as bactérias, os vírus, os cistos de Giardia e os oocistos de Cryptosporidium (SOBSEY,1989, USEPA,1998a,b,1999,2001). Portanto, na avaliação da qualidade parasitológica e virológica da água tratada, torna-se necessário o recurso a indicadores não-biológicos complementares, a exemplo do cloro residual e da turbidez.(BASTOS et al, 2000a, 2001). Os critérios reconhecidos internacionalmente como indicadores da remoção e, ou, inativação de vírus e protozoários incluem (USEPA,1991,1998b, OPAS, 1999): Remoção/inativação conjunta, por meio da filtração-desinfecção, de 99,9% (3 logs) de cistos de Giardia: turbidez da água filtrada inferior a 0,5 UT (2,5 logs de remoção), complementada por desinfecção adequada para inativação equivalente a 0,5 logs, controlada pelo tempo de contato, residual de cloro livre e temperatura. Inativação de 99,99% (4 logs) de vírus: por desinfecção adequada, controlada pelo tempo de contato, residual de cloro livre e temperatura; a turbidez da água pré-desinfecção deve ser inferior a 0,5 UT. Remoção de 99% ( 2 logs) de oocistos de Cryptosporidium: turbidez da água filtrada inferior a 0,3 UNT Tais recomendações procuram garantir um efluente com qualidade (6,9 x 10-6 cistos de Giardia/L e 3,27 x 10-5 oocistos de Cryptosporidium/L) à qual corresponderia um risco de infecção anual de 10-4 ().Entretanto, o monitoramento de densidades tão reduzidas na água tratada é praticamente impossível. Como alternativa, sugere-se o monitoramento na água bruta e a estimativa de remoção (em unidades logarítmicas), necessária para a garantia da qualidade desejável da água tratada (Bastos et al, 2001). Reconhecendo as crescentes preocupações com a transmissão de vírus e protozoários via sistemas de abastecimento de água tratada (USEPA, 1998b, 1999) e, por outro lado, as dificuldades analítico - laboratoriais na detecção destes organismos de forma rotineira (ALLEN et al, 2000), optou-se, na Portaria 1469, por indicar sua ausência como meta de potabilidade. Neste mesmo sentido, foram introduzidos critérios explícitos de avaliação da qualidade da água pós-filtração, pré-desinfecção, pós-desinfecção e a obrigatoriedade de filtração de toda água para consumo humano proveniente de manancial superficial. Por razões de ordem prático-econômica, acabou-se por manter o padrão de turbidez para a filtração rápida em 1,0 UT, acompanhado, entretanto, de uma recomendação enfática de se buscar 0,5 UT como meta: Art. 12 § 2º - Com vistas a assegurar a adequada eficiência de remoção de enterovírus, cistos de Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp., recomenda-se, enfaticamente, que, para a filtração rápida, se estabeleça como meta a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez inferiores a 0,5 UT em 95% dos dados mensais e nunca superiores a 5,0 UT. Para a avaliação da qualidade da água pós-desinfecção, estabeleceu-se o seguinte critério: Art. 13 - Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição, recomendando-se que a cloração seja realizada em pH inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30 minutos. Parágrafo único. Admite-se a utilização de outro agente desinfetante ou outra condição de operação do processo de desinfecção, desde que fique demonstrado pelo responsável pelo sistema de tratamento uma eficiência de inativação microbiológica equivalente à obtida com a condição definida neste artigo. Induz-se , portanto, que na medida do possível, os prestadores de serviço procurem capacitar-se para a pesquisa de patogênicos. Do ponto de vista prático, os prestadores de serviço têm sobre si responsabilidades adicionais em seus programas de monitoramento da qualidade da água, devendo incluir o controle rotineiro do processo de desinfecção (controle de pH, temperatura, cloro residual, tempo de contato) e análises rotineiras da turbidez da água filtrada, como a seguir: Art. 12 § 3º - o atendimento ao percentual de aceitação do limite de turbidez, (...) deve ser verificado, mensalmente, com base em amostras no mínimo diárias para desinfecção ou filtração lenta e a cada quatro horas para filtração rápida, preferivelmente, em qualquer caso, no efluente individual de cada unidade de filtração. Em relação à qualidade da água distribuída, além do cumprimento dos planos de amostragem mínimos, a Portaria 1469, a amostragem deve obedecer aos seguinte requisitos (Art. 18. § 1º): I. distribuição uniforme das coletas ao longo do período; II. representatividade dos pontos de coleta no sistema de distribuição (reservatórios e rede), combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos, entendidos como aqueles próximos a grande circulação de pessoas (terminais rodoviários, terminais ferroviários, etc.) ou edifícios que alberguem grupos populacionais de risco (hospitais, creches, asilos, etc.), aqueles localizados em trechos vulneráveis do sistema de distribuição (pontas de rede, pontos de queda de pressão, locais afetados por manobras, sujeitos à intermitência de abastecimento, reservatórios, etc.) e locais com sistemáticas notificações de agravos à saúde tendo como possíveis causas agentes de veiculação hídrica. Em termos de responsabilidades de comunicação ao público consumidor, cabe aos responsáveis pela operação de sistema de abastecimento de água (Art. 9º): III. manter avaliação sistemática do sistema de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde, com base na ocupação da bacia contribuinte ao manancial, no histórico das características de suas águas, nas características físicas do sistema, nas práticas operacionais e na qualidade da água distribuída; IV. encaminhar à autoridade de saúde pública, para fins de comprovação do atendimento a esta Norma, relatórios mensais com informações sobre o controle da qualidade da água, segundo modelo estabelecido pela referida autoridade; VI. fornecer a todos os consumidores, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, informações sobre a qualidade da água distribuída, mediante envio de relatório, dentre outros mecanismos, com periodicidade mínima anual e contendo, pelo menos as seguintes informações: estatística descritiva dos valores de parâmetros de qualidade detectados na água, seu significado, origem e efeitos sobre a saúde; e ocorrência de não conformidades com o padrão de potabilidade e as medidas corretivas providenciadas. VII. manter registros atualizados sobre as características da água distribuída, sistematizados de forma compreensível aos consumidores e disponibilizados para pronto acesso e consulta pública; Impõe-se , portanto, a necessidade de organização e gerenciamento de banco de dados sobre o controle da qualidade da água, não só para o atendimento às obrigações de comunicação ao público e prestação de informações ao setor saúde, como também para a adequada "avaliação sistemática do sistema de abastecimento de água, sob a perspectiva dos riscos à saúde". MATERIAIS E MÉTODOS Descrição da ETA e do sistema de distribuição A Universidade Federal de Viçosa (UFV) conta com um sistema próprio de abastecimento de água. O sistema é abastecido por manancial superficial de reduzida vazão (@ 100 L/s e @ 200 L/s em épocas de estiagem e chuvas), com dois represamentos consecutivos (reservatórios de acumulação) à montante do ponto de captação; a bacia de captação é desprotegida, com ocupação urbana crescente e atividades agropecuárias relativamente intensas. A ETA trata cerca de 50 l/s com períodos de operação médios diários de oito horas, sendo empregado o tratamento completo: mistura rápida hidráulica em calha Parshall, floculação hidráulica com seis câmaras e orifícios retangulares de passagem dispostos, alternadamente, nos bordos inferiores esquerdo e superiores direto, decantador circular com alimentação central e fluxo radial; dois filtros rápidos, desinfecção com clorogás . Apesar da ETA/ UFV ser operada com o maior rigor possível, registram-se algumas deficiências que podem comprometer o esforço cotidiano. Por exemplo, as bombas dosadoras de sulfato de alumínio encontram-se em estado precário de conservação, dificultando o controle preciso da coagulação; os filtros tem seus leitos de areia já em estado avançado de deterioração, limitando a eficiência da filtração; o dosador de cloro-gás já se encontra próximo ao limite de sua vida útil e apresenta capacidade inferior à necessária; (BASTOS et al., 2000b). A rede de distribuição do campus universitário, com aproximadamente 8km, também se encontra em estado precário de conservação. Alguns trechos, muito antigos e executados em ferro fundido, apresentam sinais de incrustações e de redução da seção útil; vazamentos são uma constante na operação da rede. No presente trabalho incluem-se dados de monitoramento da qualidade da água tratada e distribuída, longo de doze meses - de abril de 2002 a março de 2003. Monitoramento e avaliação da qualidade da água tratada Todas as análises descritas a seguir foram realizadas de acordo com o preconizado no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998). A turbidez foi medida na saída dos filtros, em freqüência horária e a cada duas horas. O pH e a temperatura foram medidos no tanque de contato, diariamente; o cloro residual, com freqüência horária, na saída do tanque de contato e no reservatório de distribuição (entrada do sistema de distribuição). Em freqüência semanal, foram realizadas as análises bacteriológicas (colimetria e contagem de bactérias heterotróficas), na saída do tanque de contato e de ferro e alumínio, na saída do tratamento. Com vistas à avaliação estimativa de remoção de Giardia e vírus, a determinação do tempo de contato real do cloro foi realizada para duas vazões de funcionamento da ETA (58L/s e 36L/s) de acordo a seguinte metodologia: de início o aparelho dosador de cloro era "zerado" e a seguir eram realizadas medidas qualitativas da concentração de cloro (avaliação visual da cor do recipiente com amostra) na saída do tanque de contato até que se obtivesse zero de cloro (amostra transparente); na seqüência, o aparelho de cloro era calibrado no máximo durante cinco minutos, sendo zerado novamente ao fim desse tempo; a partir daí, eram coletadas amostras de 30 em 30 segundos e realizadas determinações da concentração de cloro logo após cada coleta. Os ensaios foram realizados em duplicata para cada vazão. O tempo de detenção hidráulica real do tanque de contato foi determinados de acordo com a metodologia descrita em CEPIS (1993). Os parâmetros de controle da filtração e da desinfecção foram sistematizados e avaliados como indicadores da remoção de vírus e cistos de Giardia e oocistos, de acordo com a metodologia descrita a seguir (USEPA, 1991, 1998b): Cistos de Giardia com base no residual de cloro livre (C) e na determinação do tempo de detenção hidráulica real (T), calcular CT. (mg.min/L) Com base na medida de pH e temperatura no tanque de contato, determinar CT 99,9 (CT para 3 log de remoção) – valores tabelados (USEPA, 1991) Estimar a remoção de cistos de Giardia: Log-remoção (Giardia) = CTcalc / CT 99,9 equação (1) Alternativamente utilizar a equação de origem: Log-remoção (Giardia) = CT / [0.2828 x (pH) 2.69 (C.) 0.15 . 0.933 (Temp. - 5) ]equação (2) Se houver mais de uma unidade de contato, por exemplo reservatórios de distribuição na saída da ETA, computar cumulativamente os logs de remoção. Computar a remoção na filtração: turbidez £ 0,5 UNT = 2,5 logs Computar cumulativamente a remoção na filtração e desinfecção. A metodologia deve ser aplicada aos dados de monitoramento diário, com base em que podem ser estimadas médias mensais. Vírus Log-remoção (vírus) = {[CT .e (0.071 x Temp.) ] - 0.42} / 2.94equação (3) Monitoramento e avaliação da qualidade da água distribuída Semanalmente foram coletadas amostras de quatro pontos extremos da rede de distribuição e analisadas para os seguintes parâmetros: colimetria, turbidez, cor, cloro residual, ferro, contagem de bactérias heterotróficas. Com vistas a modelagem da dinâmica do cloro residual na rede de distribuição, foram selecionadas cinco ramificações e, ao longo destas, vários pontos de coleta de amostras, analisadas para cloro residual, turbidez e cor. resultados e discussão Determinação do tempo de detenção real no tanque de contato de cloro: Os ensaios hidrodinâmicos indicaram um bom desempenho hidráulico do tanque de contato. Para a vazão de 58L/s o tempo de detenção real obtido foi de 11min, enquanto o teórico foi estimado em 10min30s. Para vazões mais reduzidas (36L/s) o tanque de contato apresenta um desempenho um pouco inferior: o tempo de detenção real médio foi determinado em 13min30s, sendo o teórico da ordem de 16min55s; portanto, são mais sentidos os efeitos de curto-circuito, ainda que moderadamente. Na Figura 1 ilustra-se os ensaios realizados, com o resultado obtido para a vazão de 36 L/s. De toda maneira o tempo de contato não atenderia a recomendação genérica da Portaria 1469 de que a cloração seja realizada em pH inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30 minutos. Cabe observar que tal recomendação, com base na metodologia acima descrita, corresponderia a cerca de 0,5 logs de remoção de cistos de Giardia, exatamente o esperado, em se garantindo 2,5 logs de remoção na filtração. Figura 1: Determinação do TDH real no tanque de contato Análise da água tratada: Os teores de ferro oscilaram entre não detectáveis e um máximo de 0,28 mg/L (média de 0,16 mg/L), permanecendo, portanto, sistematicamente abaixo do limite aceitável para consumo humano: 0,3 mg/L (Ministério da Saúde, 2001). O teores de alumínio permaneceram em níveis não-detectáveis durante todo o período de monitoramento, bem como a pesquisa de coliformes totais pela técnica de presença/ausência (P/A). Nas figuras e tabelas a seguir, ilustra-se a sistematização dos dados de turbidez da água filtrada, em termos de distribuição de freqüência e percentual de atendimento ao padrão e metas de turbidez. Percebe-se que o padrão de potabilidade exigido no Brasil (£ 1,0 UNT).é quase sistematicamente atendido. Entretanto, o recomendado para a remoção de 2,5 logs de cistos de Giardia (£ 0,5 UNT).e 2,0 logs de oocistos de Cryptosporidium (£ 0,3 UNT), não, destacadamente o segundo. Em tese, dependendo da ocorrência de organismos na água bruta, estar-se-ia, potencialmente, face a riscos de ocorrência também na água filtrada. A sistematização dos resultados permite ainda identificar um pior desempenho em épocas de chuvas. Figura 1. Distribuição de freqüência anual da turbidez da água filtrada, filtro 1, abr 2002 mar 2003 Figura 2. Distribuição de freqüência anual da turbidez da água filtrada, filtro 2, abr 2002 mar 2003 Tabela 1: Distribuição de freqüência da turbidez da água filtrada, abr. 2002 – mar 2003. TURBIDEZ(UNT) Água Filtrada 1 Água Filtrada 2 Abr2002/Mar2003 Número de Ocorrências % Acumulado (%) Número de Ocorrências % Acumulado (%) 0,00 - 0,09 64 2.8 2.8 64 2.8 2.8 0,10 - 0,19 164 7.2 10.1 139 6.1 8.9 0,20 - 0,29 598 26.4 36.4 545 24.0 32.9 0,30 - 0,49 748 33.0 69.4 767 33.8 66.7 0,50 - 0,74 406 17.9 87.3 410 18.0 84.7 0,75 - 0,99 159 7.0 94.3 191 8.4 93.1 1,00 - 1,24 63 2.8 97.1 87 3.8 97.0 1,25 - 1,49 31 1.4 98.5 33 1.5 98.4 1,50 - 1,74 11 0.5 98.9 14 0.6 99.0 >=1,75 24 1.1 100.0 22 1.0 100.0 TOTAL 2268 100.0 100.0 2272 100.0 100.0 Tabela 2: Percentual de atendimento ao padrão e metas de turbidez de água filtrada . Mês Filtro 1 (%) Filtro 2 (%) £ 0,3UNT £ 0,5UNT £ 1,0UNT £ 0,3UNT £ 0,5UNT £ 1,0UNT Abr 2002 60.0 97.8 99.5 50.0 95.1 99.5 Mai 2002 85.8 97.6 100.0 82.8 99.4 100.0 Jun 2002 82.3 97.2 99.1 80.0 96.7 99.5 Jul 2002 63.6 93.9 99.6 58.3 96.1 99.1 Ago 2002 33.3 79.1 100.0 23.6 78.2 97.3 Set 2002 8.6 36.0 78.5 4.3 25.8 72.0 Out 2002 21.0 69.0 96.7 15.8 66.2 95.9 Nov 2002 4.0 29.9 83.1 2.0 15.5 82.5 Dez 2002 0.0 21.1 82.9 0.0 18.9 76.9 Jan 2002 43.3 72.5 93.3 47.2 69.1 96.1 Fev 2002 70.5 91.1 100.0 67.1 92.5 98.6 Mar 2002 5.3 50.7 98.7 4.7 54.0 98.7 Anual 36.4 69.4 94.3 32.9 66.7 93.1 A remoção de cistos de Giardia é melhor estimada mediante a avaliação conjunta do desempenho da filtração e desinfecção, com base na turbidez da água filtrada e dos parâmetros de controle da desinfecção: pH, temperatura da água, cloro residual livre na saída do tanque de contato e tempo de detenção hidráulica real. A seguir apresenta-se a estimativa de remoção de cistos de Giardia e vírus, aplicando a metodologia preconizada em USEPA (1991,1998). Os parâmetros de controle foram computados como médias diárias, a partir dos quais foram calculadas as remoções diárias de vírus e Giardia e, então, as respectivas médias mensais. Dado o volume de informações, nas Tabelas 3 e 4 apenas ilustra-se a metodologia empregada, com exemplos de uns poucos dias dos meses de abril e maio de 2003. Os exemplos a seguir foram selecionados para ilustrar uma limitação da metodologia empregada: o ponto de corte assumido para a estimativa de remoção cistos de Giardia por meio da filtração (0,5 UNT) não admite valores intermediários, ou seja, para qualquer valor inferior o igual a 0,5 UNT a remoção de cistos de Giardia é assumida como 2,5 logs; para qualquer valor superior a 0,5 UNT a remoção é assumida como nula. Na metodologia utilizada como referência, sugere-se que valores intermediários de remoção de cistos de Giardia podem ser estimados por meio da avaliação de remoção de partículas, o que por limitações de ordem financeira não foi implementado. Em resumo, os valores mais baixos de média de remoção de cistos de Giardia poderiam estar subestimados. De toda maneira , observa-se uma performance de remoção de cistos de remoção de cistos de Giardia, a qual poderia ser considerada boa (Tabela 5). A remoção de vírus é significativa. Tabela 3: Estimativa de remoção de cistos de Giardia e vírus, abril 2002 . Parâmetro de controle / log remoção Abril 2002 Média 01/04/02 02/04/02 03/04/02 04/04/02 05/04/02 Vazão (L/s) 52 52 52 51.88 52 Tempo de contato (min) 11 11 11 11 11 Temperatura (ºC) 23.93 24.3 24.43 24.5 24.68 pH 6.82 6.73 6.96 6.71 7.27 Turbidez média (UNT) 0.33 0.22 0.29 0.37 0.46 Remoção Giardia Logs de remoção - Filtração 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 Cloro Residual Livre (mg/L) 1.14 0.98 0.98 1.12 0.87 CT (calc.) 12.54 10.78 10.78 12.32 9.57 11.1403 CT (99,9) 38 31 37 32 37 Logs de remoção - TC 0.9237 0.8637 0.7962 0.9889 0.6512 0.8178 Total logs de remoção Giardia 3.4237 3.3637 3.2962 3.4889 3.1512 3.3178 logs de remoção vírus 23.1826 20.4426 20.6334 23.7198 18.6317 20.4778 Tabela 4: Estimativa de remoção de cistos de Giardia e vírus, maio 2002 . Parâmetro de controle / log remoção Maio 2002 Média 01/05/02 02/05/02 03/04/02 04/04/02 05/04/02 Vazão (L/s) 52 52 52 51.88 52 Tempo de contato (min) 11 11 11 11 11 Temperatura (ºC) 22.6 23.38 25.55 24.5 6.97 pH 6.88 6.71 6.96 6.71 6,97 Turbidez média (UNT) 0.40 0.57 0.48 0.37 0.42 Remoção Giardia Logs de remoção - Filtração 2.5 0 2.5 2.5 2.5 Cloro Residual Livre (mg/L) 0,78 1,17 1.27 1.12 0.98 CT (calc.) 8,58 12,87 13,97 12.32 10.78 9.3500 CT (99,9) 37 32 38 32 56 Logs de remoção - TC 0.5959 0.9496 1.0727 0.9889 0.6938 0.6436 Total logs de remoção Giardia 3.0959 0.9496 0.8191 3.5727 3.1938 2.6436 logs de remoção vírus 14.3786 22.8796 19.0630 29.0100 17.9729 14.9566 Tabela 5: Estimativa de remoção de cistos de Giardia e vírus, média mensal, abr 2002 – mar 2003 . logs de remoção Mês Abr 02 Mai 02 Jun 02 Jul 02 Ago 02 Set 02 Out 02 Nov 02 Dez 02 Jan 03 Fev 03 Mar 03 Giardia 3.32 2.64 3.01 3.07 2.60 1.32 2.40 1.03 1.17 2.75 2.69 2.11 Vírus 20.48 15,00 13.55 14.37 16.57 17.99 25.46 23.46 23.64 23.57 25.28 25.36 Na realidade, a suficiência dos 3 logs de remoção de cistos de Giardia deve ser analisada, na medida do possível, a partir do conhecimento da densidade de cistos na água bruta e na estimativa da remoção requerida. Dados obtidos sobre a ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium na água bruta, da ordem de 102-103 (oo)cistos/100L (Bastos et al, 2002), sugerem a necessidade de remoção de (oo)cistos da ordem de 4-5 logs (Bastos et al, 2001), o que indicaria a necessidade de 2-3 logs adicionais de remoção. Entretanto, no caso em questão, a água tratada passa por dois reservatórios de distribuição, operados em série ou em paralelo, com cerca de 700 m3 cada. Considerando, a vazão da ETA e o volume dos reservatórios, o tempo de contato extra (com residuais médios de cloro livre médios na saída dos reservatórios de 0,6 mg/L), seria mais que suficiente para o atendimento da remoção requerida. De fato, dados recentes de monitoramento da água tratada (não incluídos neste trabalho) confirmam esta estimativa. Análise da água distribuída: Apresenta-se a seguir a estatística descritiva dos dados de monitoramento da água distribuída no período em questão. Na última linha de cada tabela, insere-se o índice de atendimento ao padrão de potabilidade, calculado como a razão entre o número de amostras dentro do padrão e o total de amostras analisadas. Tabela 6: Estatística descritiva dos dados de cloro residual livre nas pontas de rede Parâmetro PA 1 PA 2 PA 3 PA 4 Mínimo 0,000 0,000 0,000 0,000 Máximo 0,780 1,100 1,400 1,210 Mediana 0,020 0,015 0,270 0.470 10 quartil 0,005 0,000 0,210 0.190 30 quartil 0,035 0,105 0,465 0.550 Média 0,115 0,117 0,350 0.418 CV 189,48% 196,84% 80,87% 65.30% ICR (%) 17,14 17,65 74,29 71,43 PAi: ponto de amostragem (ponta de rede) Observa-se que nas pontas de rede, no PA1 e no PA2, a manutenção do teor de cloro residual mínimo (0,2 mg/L) é problemática; no PA3 e PA4 a situação é mais estável, embora, no período analisado não se tenha alcançado 100 % de atendimento. Tabela 7: Estatística descritiva dos dados de turbidez nas pontas de rede Parâmetro PA 1 PA 2 PA 3 PA 4 Mínimo 0,39 0,42 0,24 0,33 Máximo 20,10 7,89 4,30 4,95 Mediana 1,75 1,43 0,81 0,75 10 quartil 1,00 1,08 0.4900 0,45 30 quartil 3,12 1,98 1,47 1,12 Média 2,61 2,163 1,18 0,67 CV 128,60% 90,06% 82,62% 91,55% IT (%) 94,29 96,97 100,00 100,00 O padrão de aceitação para consumo de turbidez (5UNT), a exceção de dois eventos, no PA1 e PA2, a água é sistematicamente atendido. A análise da estatística descritiva dos dados de turbidez confirmam a estabilidade do sistema no atendimento ao padrão. Tabela 8: Estatística descritiva dos dados de cor nas pontas de rede Parâmetro PA 1 PA 2 PA 3 PA 4 Mínimo 3,30 0,00 0,00 0,00 Máximo 120,00 36,00 21,00 14,30 Mediana 10,85 12,90 5,00 5,00 10 quartil 5,6 8,68 4,88 2,33 30 quartil 25,00 20,00 8,80 6,93 Média 17,74 15,00 6,64 5,19 CV 118,24% 60,51 % 71,32% 78,86% IC (%) 67,00 56,25 97,00 100,00 Observam-se dificuldades de atendimento ao padrão de aceitação para consumo de cor (15 uC), novamente nas pontas de rede PA1 e PA2, verificadas tanto pelo índice de atendimento, quanto pela estatística descritiva dos dados. As dificuldades são bem superiores às relativas à turbidez, muito embora a cor não seja um parâmetro que guarde interesse sanitário. Tabela 9: Estatística descritiva dos dados de ferro nas pontas de rede Parâmetro PA 1 PA 2 PA 3 PA 4 Mínimo 0,07 0,02 0,00 0,00 Máximo 3,02 3,42 0,74 0,66 Mediana 0,54 0,31 0,08 0,03 10 quartil 0,34 0,25 0,03 0,00 30 quartil 0,81 0,47 0,14 0,07 Média 0,68 0,59 1.1856 0,07 CV 91,30% 133,35% 144,12% 194,32% IFe (%) 24,00 50,00 92,00 96,00 Em relação ao ferro, o padrão de concentração para consumo humano é de 0,30 mg/L. Nos pontos PA1 e PA2, respectivamente, 76% e 50% das amostras analisadas apresentaram teores de ferro acima do padrão. Em contrapartida, nos pontos PA3 e PA4, as amostras revelaram teores sistematicamente reduzidos e quase todas dentro do padrão. Os elevados teores de ferro nos pontos citados, muito provavelmente, devem-se a problemas na rede de distribuição, a qual, sabidamente, possui trechos muito antigos em ferro fundido. Os reduzidos teores de ferro na saída da ETA reforçam esta hipótese .A presença de ferro na água não guarda interesse sanitário, mas estético; além disso, teores elevados podem contribuir para a elevação da turbidez, cor e o consumo do cloro residual. Tabela 10: Estatística descritiva da contagem de bactérias heterotróficas nas pontas de rede Parâmetro PA 1 PA 2 PA 3 PA 4 Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 Máximo 65,00 127,00 52,00 30,00 Mediana 2,00 2,00 0,00 0,00 10 quartil 1,00 0,00 0,00 0,00 30 quartil 14,00 17,50 2,00 3,00 Média 13,76 15,06 4,65 2,65 CV 169,01% 184,63% 268,55% 216,29% ICBH (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 A água distribuída atende, de forma sistemática e consistente o padrão bacteriológico de potabilidade (presença de coliformes totais em no máximo 5% das amostras e contagem total heterotrófica £ 500UFC/mL) Entretanto é de, mais uma vez, observar que, nos pontos PA1 e PA2, a freqüência de ocorrência e densidades médias de bactérias heterotróficas são superiores aos outros dois pontos. Poder-se-ia estar perante um problema de formação de biofilmes na rede de distribuição nos ramos em questão e não exatamente um problema de contaminação, o que vê-se reforçado pela relativamente elevada ocorrência de resultados presuntivos positivos para coliformes totais no PA2 (muito provavelmente bactérias formadoras de esporos) e pelos próprios dados de turbidez, cor e ferro. A fim de aprofundar a discussão destes resultados foram efetuadas análises de correlação entre alguns parâmetros nas pontas de rede (Tabela 11). Tabela 11: Coeficiente de correlação entre parâmetros de qualidade da água distribuída. Parâmetro PA1 PA2 PA3 PA4 r p r p r p r p Turbidez x ferro 0,8645 0,0000* 0,7677 0,0000* 0,1374 0,5421 - 0,2363 0,3965 Cor x ferro 0,8508 0,0000* 0,6211 0,0020* 0,0715 0,7712 - 0,1463 0,6334 Turbidez x CRL - 0,1161 0,5198 - 0,1884 0.3017 - 0,3096 0,1607 - 0,1414 0,4325 Ferro x CRL - 0,0425 0,8511 - 0,2005 0,3475 - 0,0634 0,7794 - 0,1371 0,4590 Cor x CRL - 0,1009 0,5893 - 0,1525 0,4211 - 0,2332 0,2067 - 0,0988 0,5970 * correlação significativa: p<0.05 Nas pontas de rede onde os teores de ferro, turbidez e cor foram mais elevados (PA1 e PA2), estes parâmetros mostraram-se significativamente correlacionados, indicando, muito provavelmente, a influência, por exemplo, do ferro nos teores de cor e turbidez. Inversamente, em PA3 e PA4, não se observou qualquer associação entre ao teores de ferro, turbidez e cor. Nota-se ainda que os teores de ferro, turbidez e cor revelaram associação negativa com o cloro residual livre, sugerindo algum consumo de cloro na rede, muito embora as associações sejam fracas e não-significativas. Dinâmica do cloro na rede de distribuição: Na figura e tabela a seguir apresenta-se uma síntese dados do acompanhamento da dinâmica do cloro ao longo de cinco ramificações da rede. As informações foram tratadas com base nos dados médios, separados em blocos de acordo com o teores de cloro residual na saída da ETA. Analisando as diversas equações ajustadas às curvas de decaimento de cloro livre, pode-se admitir que uma equação linear bem represente a dinâmica do cloro nas várias ramificações (Tabela 12). O cloro permanece mais estável nas linhas ETA-PR3, ETA-PR4 e ETA-PR5: a água atinge os pontos extremos (1.000 a 1.800 m), com teores de cloro residual de acordo com as exigências (³ 0,2 mg/L). Nas linhas ETA-PR1 e PR2, o decaimento do cloro é mais rápido e acentuado, sendo que, percorridos cerca de 1.000 –1.300 m. já se atinge o limite mínimo de 0,2 mg/L e nas pontas de rede, cerca de 1.800m da ETA, os residuais são praticamente nulos. Difícil e improvável seria explicar o observado com base em apenas uma variável. Indiscutivelmente um fator decisivo no decaimento do cloro é o comprimento de rede. Os trechos até as pontas de rede PR3 e PR5 são dos menos extensos, mas o percurso até PR4 não é menos longo que os trechos até o PR1 e PR2, sendo que nos três primeiros o cloro mantém-se razoavelmente estável. Por sua vez, a boa qualidade da água decerto contribui para a garantia dos residuais de cloro nos pontos mais distantes das linhas PR3 e PR4 e vice-versa, no caso das linhas PR1 e PR2. Cabe observar que a localização dos pontos críticos (em termos de elevação de cor e turbidez – dados não incluídos) nestas duas linhas guarda certa correspondência com a exaustão dos residuais de cloro. Com base nas informações disponíveis, o mais razoável seria considerar um somatório de efeitos entre distância e qualidade da água, além de outros fatores não analisados, tais como vazões e pressões na rede. De toda maneira, torna-se nítida a necessidade de ajustes na dosagem de cloro na ETA de foram a se garantir o residual mínimo nos pontos críticos e a modelagem realizada fornece o subsídio para tal. Figura 3 - Decaimento do cloro livre ao longo na rede de distribuição Tabela 12: Equações das curvas de decaimento do cloro, ramificação ETA-PR1 (CR0 » 0,5 mg/L) Ramificação Equação R2 ETA – PR1 y = -0,0006x + 0,8513 0,9474 ETA - PR2 y = -0,0003x + 0,5326 0,9722 ETA – PR3 y = -0,0003x + 0,5333 0,9855 ETA – PR4 y = -0,0001x + 0,3592 0,7536 ETA – PR5 y = -0,0003x + 0,594 0,8193 CONCLUSÕES A pesquisa rotineira de patogênicos ainda é uma realidade distante de ser implementada no controle de rotina da qualidade da água para consumo humano, mas de outro lado, a limitação dos coliformes como indicadores plenos da potabilidade da água é fato reconhecido. A Portaria 1469 incorpora esta compreensão ao conferir à turbidez um caráter de indicador microbiológico da qualidade da água filtrada, ao estabelecer metas mais rigorosas para a turbidez da água filtrada, ao estabelecer parâmetros de controle da desinfecção e ao indicar metas de ausência de patogênicos na água tratada, mais especificamente protozoários e vírus. Implicitamente, os parâmetros de controle da filtração e desinfecção (cloração) visam alcançar 2,5 logs e 0,5 logs de remoção/desinfecção de cistos de Giardia (99,9% ao todo) e 4 logs de remoção de vírus (99,99%). Admite-se outras combinações que as recomendadas para a desinfecção (TDH min = 30 min e cloro residual ³ 0,5 mg/L), desde que "fique demonstrada uma eficiência de inativação microbiológica equivalente". Torna-se, portanto, necessário que se divulguem ferramentas para tanto, para o que contribui este trabalho. A partir de dados de controle dos processos unitários de tratamento (filtração e desinfecção) de qualidade da água tratada, ilustra-se o desafio da recapacitação dos responsáveis pela operação dos serviços, no sentido de se incorporar novos paradigmas de controle, a exemplo de: distribuição de freqüência dos valores de turbidez do efluente de cada filtro individualmente e o percentual de atendimento aos indicadores sugeridos internacionalmente (£ 1,0 UT, £ 0,5UT, £ 0,3 UT); controle rigoroso do processo de desinfecção, por meio do controle do pH, temperatura, residual de desinfetante e tempo de contato, acompanhado da interpretação conjunta destes parâmetros como indicadores da remoção de patogênicos. No estudo de caso apresentado, a desinfecção é realizada com tempo de contato bem inferior ao mínimo estabelecido na Portaria, porém, a devida apropriação dos parâmetros de controle permitem demonstrar a "eficiência de inativação microbiológica equivalente". O monitoramento da qualidade da água distribuída e a sistematização das informações revelam a importância da avaliação setorial do sistema de distribuição, sob perspectiva da "representatividade, combinando critérios de abrangência espacial e pontos estratégicos" e da "avaliação sistemática dos riscos à saúde". Os resultados mostraram dificuldades de manutenção dos residuais mínimos de cloro em alguns setores e pontos da rede de distribuição, indicando a necessidade de correção nas dosagens na ETA. O acompanhamento da dinâmica do cloro na rede forneceu indicações importantes e de pronta aplicação para tal. O programa de monitoramento implementado permitiu também a identificação de trechos críticos da rede, nos quais, muito provavelmente, por problemas de obsolescência de infraestrutura, a qualidade da água tratada vê-se comprometida, com destaque para os elevados teores de ferro e de cor. Apesar disso, a água distribuída atende sistematicamente ao padrão bacteriológico de potabilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, M.J., CLANCY, J.L., RICE, E.W. The plain, hard truth about pathogen monitoring. Journal of the American Water Works Association, v.92, n.9, p.64-76, 2000 APHA, AWWA, WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20.ed. Washington, DC: APHA, 1998. BASTOS, R.K.X; Bevilacqua, P. D.; Nascimento, L.E. ; Carvalho, G.R.M.; Silva, C.V. Coliformes como indicadores da qualidade da água. Alcance e limitações. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE INGIENERIA SANITARIA Y AMBIENTAL, XXVII, Porto Alegre. Trabajos Tecnicos ... Rio de Janeiro: ABES, 2000 (Anais eletrônicos). BASTOS, R.K.X, VARGAS, L.C., MOISÉS, S.S. et al. Avaliação do desempenho de estações de tratamento de água: desvendando o real. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE INGIENERIA SANITARIA Y AMBIENTAL, XXVII, Porto Alegre. Trabajos Tecnicos ... Rio de Janeiro: ABES, 2000 (Anais eletrônicos). BASTOS, R.K.X; Bevilacqua, P. D.; Heller, L.; Vieira, M.B.C.M.; Brito, L.A. Abordagem sanitário-epidemiológica do tratamento e da qualidade parasitológica da água. Entre o desejável e o possível. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITARIA E AMBIENTAL, 21, João Pessoa . Anais ... Rio de Janeiro: ABES, 2001 (Anais eletrônicos). Bastos, R.K.X.. Heller L., Vieira M. B. M., Brito L. A., Bevilacqua P. D., Nascimento L.E. Giardia sp. cysts and Cryptosporidium spp. oocysts dynamics in Southeast Brazil: occurrence in surface water and removal in water treatment processes. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON WATERBORNE PATHOGENS, Lisbon. Proceedings... Denver, Co: AWWA, 2002 CENTRO PANAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y CIENCIAS DEL AMBIENTE – CEPIS. Plantas de Tecnologia Apropriada. Paises en desarollo. Evaluacion. Programa Regional HPE/OPS/CEPIS de Mejoramiento de la Calidad del Agua para Consumo Humano (Tomo 1, Manual 4). CEPIS, Lima, Peru, 1993, 120p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n.1469 de 29 de dezembro de 2000 Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. A desinfecção da água. Brasília-DF: OPAS, 1999. 20p. (OPAS/HEP/99/38) SOBSEY, M.D. Inactivation of health related microorganisms in water by disinfection processes. Water Science and Technology, v.21, n.3, p.179-195, 1989. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Guidance manual for compliance with the filtration and disinfection requirements for public systems using surface water sources. Science and Technology Branch. Criteria and Standards Division. Office of Drinking Water. Washington-DC: EPA, 1991. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Giardia human health criteria document. Washington-DC: EPA, 1998a (EPA-823-R-099-002). US ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. National primary drinking water regulations: interim enhanced surface water treatment ; final rule. Part V (40 CFR, Parts 9, 141, 142). Federal Register, vol. 613n. 94241, Wednesday, December 16, 1998, Rules and regulations. Washington, DC: EPA, 1998. p. 69479-69521, 1998b UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Drinking water criteria for viruses: an addendum. Final draft. Washington-DC: EPA, 1999 (EPA/822/R/98/042). UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Cryptosporidium human health criteria document. Washington-DC: EPA, 2001 (EPA-822-K-094-001).