CRESCIMENTO DE BRAQUIÁRIA EM COMPETIÇÃO COM MILHO E SOJA EM DIFERENTES VOLUMES DE SOLO Mirielle Oliveira Almeida 1, Daniel Valadão Silva2, Evander Alves Ferreira3, Christiano da Conceição de Matos2, José Barbosa dos Santos5 1.Pós-Graduanda em Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras 2.Pós-Graduando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa ([email protected]) 3.Pós-Doutorando em Produção Vegetal pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri 4.Pós-Doutorando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa 5.Professor, Doutor, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri Recebido em: 30/09/2013 – Aprovado em: 08/11/2013 – Publicado em: 01/12/2013 RESUMO Estudos de competição entre diferentes espécies são efetuados através de ensaios em ambientes protegidos com a utilização de recipientes (vasos) onde se testam os efeitos desejados. No entanto, a capacidade (tamanho) dos vasos pode afetar o desenvolvimento das plantas sendo que essa limitação está diretamente relacionada às espécies em desenvolvimento. Neste sentido, objetivou-se determinar a capacidade dos vasos adequada para ensaios da Urochloa brizantha em competição com milho e soja. O experimento foi realizado em casa de vegetação, em delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. Adotou-se esquema fatorial 5 x 3 sendo o nível A a capacidade volumétrica dos vasos (2, 4, 7, 10 e 16 dm3) e o fator B os arranjos de competição (braquiária isolada, braquiária + milho e braquiária + soja). O crescimento das plantas de braquiária foi afetado tanto pela capacidade dos vasos quanto pela competição com as culturas soja e milho, sendo que o milho foi mais competitivo com a braquiária nestas condições. Vasos com maiores capacidades volumétricas aumentam os efeitos da competição sobre o crescimento da braquiaria. PALAVRAS-CHAVE: Urochloa crescimento. brizantha, capacidade de vasos, análise de UROCHLOA GROWTH IN COMPETITION WITH CORN AND SOYBEAN IN DIFFERENT VOLUMES OF SOIL ABSTRACT Competition studies between species are made by testing in protected using containers (vessels) where the desired test. However, the capacity (size) of the vessels can affect plant development and that this limitation is directly related to the species development. In this sense, the objective was to determine the ability of vessels suitable for testing the Urochloa Brizantha in competition with corn and ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 857 2013 soybeans. The experiment was conducted in a greenhouse in a randomized block design with four replications. We adopted a 5 x 3 factorial with level A to volumetric capacity of vessels (2, 4, 7, 10 and 16 dm3) and factor B arrangements competition (Brachiaria isolated brachiaria + corn + soybean and pasture). Plant growth brachiaria was affected by both the capacity of the vessels as by competition with crops soybean and corn, and the corn was more competitive with Brachiaria these conditions. Vessels with higher volumetric capacities increase the effects of competition on growth of Urochloa. KEYWORDS: Urochloa brizantha, capacity vessels, analysis of growth INTRODUÇÃO Os ensaios para avaliação da capacidade competitiva entre plantas daninhas e culturas são comuns e necessários ao melhor entendimento da disputa entre as espécies vegetais pelos recursos limitantes do meio (água, luz, nutriente). Os trabalhos de campo são mais representativos, contudo, em se tratando do isolamento de fatores, a condução de avaliações em ambiente protegido tem sido mais recomendada em função do controle local. A intensidade da interferência normalmente é avaliada por meio do decréscimo na produção e, ou pela redução no crescimento da planta cultivada, decorrentes da competição pelos fatores de crescimento disponíveis no ambiente como CO2, água, luz e nutrientes (AGOSTINETTO et al., 2008; FIALHO et al., 2012; Cury et al., 2013). Sobrepondo-se a estes fatores têm-se também os efeitos causados pela liberação de substâncias alelopáticas e, de forma indireta, pelo fato de as plantas daninhas serem hospedeiras intermediárias de pragas, doenças e nematóides, além de dificultarem a realização de tratos culturais e da colheita (AGOSTINETTO et al., 2009; DUARTE et al., 2002). O consorcio entre culturas, como milho e soja, com espécies do gênero braquiária tem sido as mais adotadas no sistema de integração agricultura-pecuária, pois propicia duas atividades de importância econômica (produção de grãos e a pecuária) proporcionando ganhos mútuos ao produtor (SALTON et al., 2001). Todavia, quando manejado de forma incorreta as culturas podem suprimir o crescimento da forrageira inviabilizando a formação do pasto após a colheita de grãos. A avaliação dos efeitos da competição das plantas daninhas sobre o crescimento das culturas ou vice versa é efetuada através de ensaios em ambientes protegidos para maior precisão experimental. Esses ensaios geralmente são feitos em recipientes (vasos) onde se testam os efeitos desejados. Segundo BELTRÃO et al. (2002) o tamanho (capacidade) dos vasos a ser escolhido depende do tipo de estudo, da espécie-teste e das variáveis que serão estudadas. O tamanho do vaso quando pequeno pode limitar o desenvolvimento da planta pelo volume de substrato nele contido. No entanto, essa limitação está diretamente relacionada às espécies em desenvolvimento e ao tempo de avaliação. Considerando a importância destes aspectos, objetivou-se determinar a capacidade dos vasos adequada para ensaios da Urochloa brizantha em competição com milho e soja. MATERIAL E METODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Agronomia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina-MG (18º15’ S; 43º36’ O e 1.400m de altitude). O solo ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 858 2013 utilizado apresentou as seguintes características físicas e químicas: pH (água) = 5,0; teor de matéria orgânica = 4,7 daq kg-1; P, K e Ca = 1,3 mg dm-3, 47 mg dm-3, e 2,4 cmol dm-3, respectivamente; Mg, Al, H+Al e CTCefetiva = 1,2; 0,1; 7,1 e 3,8 cmolcdm-3, respectivamente. Para a adequação do substrato quanto à nutrição, foram aplicados 3,0 g dm-3 de calcário dolomítico e 3,0 g dm-3 da formulação 4-14-8 (N-P-K). As irrigações foram realizadas sempre que necessário. A adubação de cobertura foi feita com 300 gramas de cloreto de potássio e 25 gramas de sulfato de amônio, diluídos em 11 litros de água e aplicadas em cada vaso segundo o seu volume: 20 ml para os vasos de 2 litros; 44,7 ml para de 4 litros; 80 ml para de 7 litros; 115 ml para de 10 litros e 193 ml para de 16 litros. Semearam-se em cada vaso três sementes de milho, cultivar SHS 3031 e três sementes de soja cultivar M-SOY 8000 RR, bem como, 10 sementes de Urochloa brizantha cv. Marandu. Após o desbaste, realizado aos cinco dias após emergência, cada vaso ficou com uma planta de cada espécie. O experimento foi montado no delineamento de blocos ao acaso em sistema de fatorial com dois níveis: 5 capacidades de vasos ( 2, 4, 7, 10 e 16 dm3) x 3 arranjos de competição (braquiária isolada, braquiária + milho e braquiária + soja), com quatro repetições. Aos 60 dias após emergência (DAE) efetuou-se a colheita das plantas de braquiária que foram separadas em folhas, raízes e caule, sendo acondicionadas em sacos de papel e levadas ao laboratório onde foram secas em estufa de circulação forçada de ar a 60oC, até atingirem massa constante, sendo posteriormente pesadas onde obteve-se a matéria seca das folhas (MSF - g), caule (MSC - g) e raízes (MSR - g). Também foram obtidas a altura de plantas (ALT) e área foliar (AF – cm2) das plantas de braquiária. As demais variáveis foram calculadas com base nas anteriores. A massa da matéria seca total (MST – g) é a soma da MSF, MSC e MSR e a taxa de crescimento da cultura (TCC – g dia-1) foi calculada dividindo-se a MST/número de dias de desenvolvimento das plantas. Os dados foram submetidos ao teste de homocedasticidade e, em seguida, à análise de variância. Posteriormente, análises de regressões não lineares foram realizadas para avaliar os efeitos do milho e da soja sobre as características morfológicas da Urochloa brizantha, utilizando-se as médias de cada tratamento. O modelo utilizado para descrever o efeito da capacidade de vaso no crescimento das plantas de braquiária cultivadas isoladas ou em competição foi o sigmoidal com três parâmetros. O coeficiente “a” é o valor máximo atingido pela variável e “b” a inclinação da curva, assim quanto menor o valor deste coeficiente maior a tendência da curva se estabilizar na fase final devido à alta inclinação proporcionada por este coeficiente, elevados valores de “b” correspondem a curvas menos inclinadas e pontos de valores máximos (“a”) da variável em estudo mais afastados, neste trabalho, esta ligado a maiores volumes de vasos ou maior tempo para as plantas de braquiária atingir os valores máximos das variáveis avaliadas. Equação: Onde ŷ é a variável a ser avaliada. Onde a é assíntona correspondente ao valor máximo da variável em questão. Onde b é a inclinação da reposta da variável. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 859 2013 RESULTADOS E DISCUSSÃO A braquiária cultivada isoladamente apresentou matéria seca (MSF) superior aos tratamentos onde essa espécie competia com o milho e com a soja para todas as capacidades de vasos avaliadas (Figura 1 A). Em competição com milho, a braquiária apresentou tendência de menor acúmulo de MSF com o incremento do volume dos recipientes (Figura 1 A) e maior tendência de estabilização da curva evidenciado pelo valor do coeficiente de inclinação “b” da equação de regressão inferior aos demais (Tabela 1). 25 A Massa da m atéria seca do caule (M SC - g) M a ss a d a m a té ria se c a d a s fo lh a s (M S F - g) 30 25 20 15 10 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Soja 5 0 B 20 15 10 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Soja 5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 2 4 3 8 10 12 14 16 18 Tamanho de vasos (dm ) 30 80 C Massa da matéria seca total (MST - g) Massa da matéria seca das raízes (MSR - g) 6 3 Tamanho de vasos (dm ) 25 20 15 10 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Feijão 5 0 0 2 4 6 8 10 12 3 Tamanho de vasos (dm ) 14 16 18 D 70 60 50 40 30 20 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Feijão 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Tamanho de vasos (dm3) Figura 1. Matéria seca de folhas (MSF - A), de caule (MSC - B), de raízes (MSR - C) e total (MST - D) de plantas de braquiaria cultivadas isoladamente ou em competição com milho ou soja em função do volume dos vasos aos 60 dias após a emergência das espécies A braquiária cultivada isoladamente apresentou maior valor máximo de MSC, coeficiente “a” e maior incremento de MSC com o aumento do volume dos vasos comparado aos demais tratamentos (Tabela 1), no entanto, o incremento da MSC com o aumento do volume de vasos foi menor quando esta competia com plantas de milho (Figura 1 B). CARVALHO et al. (2011) trabalhando com vasos de 5 dm3 observaram que como estratégia para tolerar a competição com a braquiária, as plantas de milho alocaram mais assimilados para o caule, como forma de aumentarem seu tamanho para competirem melhor pelo recurso da luz. Assim como ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 860 2013 Jakelaitis et al. (2006) verificaram que quando a emergência de U. brizantha ocorre após o estabelecimento do milho há supressão do desenvolvimento da forrageira independentemente da sua densidade, devido ao sombreamento da cultura sobre a braquiária. No mesmo contexto, SILVA et al. (2009) constataram que a soja prejudicou o desenvolvimento da U. brizantha quando a essa emergiu após a cultura. Tabela 1. Coeficientes do modelo de regressão ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]} para as variáveis: massa da matéria seca das folhas (MSF), massa da matéria seca do caule (MSC), massa da matéria seca das raízes (MSR) e massa da matéria seca total (MST) em função do incremento do volume de vasos. Varáveis avaliadas Tratamentos X0 a* b* R2 Braquiária 5,41 27,41 3,18 0,98 MSF Braquiária + Soja 18,80 18,80 3,39 0,99 Braquiária + Milho 5,95 11,05 2,12 0,99 Braquiária 5,85 23,82 4,20 0,94 MSC Braquiária + Soja 6,37 13,67 2,40 0,99 Braquiária + Milho 7,59 11,43 2,82 0,99 Braquiária 9,77 35,95 5,52 0,98 MSR Braquiária + Soja 6,94 18,37 4,23 0,98 Braquiária + Milho 6,96 10,84 3,25 0,98 Braquiária 6,49 83,00 4,15 0,98 MST Braquiária + Soja 3,27 50,12 3,27 0,99 Braquiária + Milho 6,74 32,85 2,61 0,99 *Teste F, P<0,05. A MSC da braquiária cultivada em competição com o milho apresentou maior tendência de estabilização (menores valores de “b”) em relação aos demais tratamentos (Figura 1B e Tabela 1). No entanto, o volume de 16 dm3 foi insuficiente para o máximo acúmulo de MSC, ou seja, para isto seriam necessários vasos maiores. Constatou-se maior incremento da MSR para todos os volumes de vaso estudados quando a braquiária foi cultivada isoladamente, bem como, menor tendência de estabilização (maior valor do coeficiente “b”) da curva de MSR com o aumento do tamanho dos recipientes (Tabela 1). A braquiária apresentou menor acúmulo de MSR quando competia com o milho apresentando menor incremento com o aumento do tamanho de vasos sendo que a MSR da braquiária competindo com milho apresentou maior tendência de estabilização com o incremento do volume dos vasos (Figura 1C). Dessa forma, maiores volumes de vasos podem favorecer o maior crescimento e desenvolvimento da braquiaria, pois na medida em que se aumentou o volume dos recipientes às plantas de braquiária responderam com maior produção de raízes e devido elevados valores do coeficiente “b” (curvas menos inclinadas) pode-se afirmar que se os volumes dos vasos continuassem a serem incrementados poderia haver maior produção de raízes em todos os tratamentos. Ainda avaliando o coeficiente “b” pode-se inferir que para o crescimento de raízes o tratamento braquiária + milho necessitariam vasos menores que os demais tratamentos (braquiária sem competição e braquiária + soja). Em experimentos desse tipo a capacidade do recipiente afeta o desenvolvimento da planta como ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 861 2013 um todo, sendo o sistema radicular diretamente relacionado a este fator, volumes pequenos gera uma grande disputa por espaço e recursos como água e nutrientes principalmente, assim procurou-se nesse trabalho encontrar o volume de vaso no qual este efeito seja o menor possível. As raízes podem captar os recursos disponíveis no solo por meio de três processos: interceptação, fluxo de massa e difusão de água e nutrientes. No caso da água, existem alguns fatores que governam sua disponibilidade para o crescimento da planta: o suprimento, a morfologia, o desenvolvimento da raiz e a fisiologia associada à eficiência de uso da água da planta (RADOSEVICH et al., 1997). As raízes de plantas vizinhas diminuem a absorção de nutrientes quando as zonas de depleção se justapõem. Ao reduzir o tamanho dos vasos e consequentemente a quantidade de substrato ocorre um acirramento na competição principalmente por espaço o que leva ao aumento no consumo de água e nutrientes, neste estado onde a capacidade dos vasos foi menor, observou-se menor acúmulo de MSR, sendo que este acúmulo aumenta com o incremento do volume dos vasos. Verificou-se para todos os tratamentos avaliados incremento da massa da matéria seca total (MST) com o aumento do volume dos vasos, sendo que, para a braquiária cultivada isoladamente observou-se maior valor máximo de MST (“a”) e no caso da braquiária + milho constatou-se o menor “a” sendo que este tratamento foi o que mais afetou negativamente o incremento da MST desta espécie. A competição de plantas é maior entre espécies de morfologia e desenvolvimento semelhantes, se comparadas com aquelas que apresentam desenvolvimento diferente (SILVA et al., 2007), isso pode explicar o fato de plantas de milho terem afetado negativamente mais o crescimento da braquiária em relação as plantas de soja. A MST da braquiária competindo com plantas de soja e milho apresentou maior tendência de estabilização (menor valor do coeficiente “b”) com o incremento do tamanho dos recipientes (Figura 1 D e Tabela 1). Considerando que quanto menor o valor de “b” maior a inclinação da curva e consequentemente maior a tendência de estabilização da mesma, assim é interessante salientar que plantas de braquiária em competição com soja ou milho necessitam menores volumes de vasos para um bom desenvolvimento, isso provavelmente se deve ao fato da competição reduzir o crescimento tanto da braquiária quanto da cultura. Nesta situação pode-se afirmar que o milho mostrou maior potencial competitivo comparado à soja, influenciando o acúmulo de massa da matéria seca das folhas, caule, raízes e total de plantas de braquiária com o aumento do tamanho dos recipientes (Figura 1 A, B, C e D). Para todas as variáveis citadas acima foi constatado que os valores máximos (coeficiente “a”) observados para a braquiária cultivada isoladamente foram maiores em relação aos demais tratamentos, sendo que, quando a braquiária competia com o milho os valores de “a” foram menores para todas as variáveis citadas acima (Tabela 1). Observou-se incremento dos valores de área foliar (AF) com o aumento da capacidade dos vasos para todos os tratamentos avaliados, no entanto, a braquiária cultivada isoladamente mostrou maior potencial de acréscimo na AF quando comparada aos demais tratamentos (Figura 2 A), porém apresentou também maior tendência de estabilização da curva o que pode ser constatado pelo baixo valor de “b”que nessa situação é inferior ao observado para os demais tratamentos (Tabela 2). A braquiária competindo com a soja e milho mostrou incremento da AF com o aumento do volume dos vasos, no entanto, estes acréscimos foram inferiores aos observados para a braquiária cultivada isoladamente (Figura 2A). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 862 2013 3500 120 110 Altura de plantas (ALT - cm) 2 Área foliar (AF - cm ) 3000 2500 2000 1500 1000 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Soja 500 90 80 70 60 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Soja 40 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Tamanho de vasos (dm3) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Tamanho de vasos (dm3) C -1 Taxa de crescimento da cultura (TCC - g.dia ) 100 50 0 1,8 A B A 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 Braquiária Braquiária + Milho Braquiária + Soja 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 3 Tamanho de vasos (dm ) Figura 2. Área foliar (AF - A), altura de plantas (ALT - B) e taxa de crescimento da cultura (TCC- C) de plantas de picão-preto cultivadas isoladamente ou em competição com milho ou soja em função do volume dos vasos aos 60 dias após a emergência das espécies. A braquiária cultivada na ausência de competição mostrou maior incremento da estatura de plantas (ALT) com o aumento do volume dos vasos comparado aos demais tratamentos (Figura 2B). Para o tratamento braquiária + milho foi observada maior tendência de estabilização no incremento da ALT, apresentando baixos valores do coeficiente de inclinação da curva (“b”) (Tabela 2). Segundo DUARTE et al. (2002) a altura da planta é uma característica importante e pode ser influenciada pela competição, dependendo do período de crescimento da planta daninha e da cultura. Os portes da cultura, juntamente com a AF, podem reduzir a penetração da luz influenciando na habilidade competitiva das plantas daninhas, refletindo em menores perdas na produção. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 863 2013 Tabela 2. Coeficientes do modelo de regressão ŷ = a/{1 + e-[(X-X0)/b]} para as variáveis: área foliar (AF), altura de plantas (ALT) e taxa de crescimento da cultura (TCC) em função do incremento do volume de vasos. Varáveis avaliadas Tratamentos X0 a* b* R2 Braquiária 4,63 2898,93 2,22 0,99 AF Braquiária + Soja 7,77 2974,86 2,98 0,97 Braquiária + Milho 6,69 1778,59 2,75 0,99 Braquiária 0,52 113,95 2,27 0,98 ALT Braquiária + Soja 2,12 110,54 2,54 0,98 Braquiária + Milho 1,31 107,64 1,82 0,99 Braquiária 6,74 1,70 4,21 0,98 TCC Braquiária + Soja 6,29 0,97 3,02 0,99 Braquiária + Milho 6,74 0,67 2,55 0,99 *Teste F, P<0,05. A braquiária apresentou maior taxa de crescimento (TCC) quando foi cultivada isolada nos vasos em comparação aos demais tratamentos. O incremento da TCC da braquiária foi menor quando esta competia com o milho (Figura 2C). Ao avaliar a TCC máxima (“a”) observou-se que a braquiária solteira apresentou maior valor de “a”, seguido dos tratamentos onde a braquiária foi cultivada com soja e com milho. Assim a taxa de crescimento da braquiária foi afetada pela competição com a soja e com o milho. Os valores de “b” para a braquiária competindo com a soja e o milho foram inferiores ao observado para a braquiária cultivada isoladamente. Em uma avaliação conjunta dos resultados pode-se afirmar que o volume máximo de vaso testado (16 dm3) foi insuficiente para o bom crescimento das plantas de braquiária, sendo necessários recipientes de maior volume. Interessante ressaltar que ao avaliar os coeficientes “a” e “b” de todas as variáveis constatou-se que plantas de braquiária crescendo isoladamente tenderam necessitar de vasos maiores para desenvolverem adequadamente (maior valor de “b”) e quando estas plantas se encontram em competição o volume de vaso ideal de acordo com o modelo proposto foi menor, isto é, esses tratamentos apresentaram maior tendência de estabilização da curva paramaior parte das variáveis propostas (menores valores de “b”). Apesar de os volumes de vasos estudados serem considerados inadequados para o desenvolvimento da braquiária cultivada isoladamente ou em competição com milho e soja, observa-se que para a maioria das variáveis analisadas, o efeito da competição entre a braquiária e as culturas, independente da capacidade do vaso, foi o mesmo, ou seja, o milho apresentou maior potencial competitivo, reduzindo de forma mais efetiva o crescimento da braquiária, no entanto, o aumento da capacidade dos vasos proporcionou, de maneira geral, um aumento na intensidade de competição entre as culturas e a forrageira. CONCLUSÕES Vasos com maiores capacidades volumétricas aumentam os efeitos da competição sobre o crescimento da braquiaria. O milho afeta mais o crescimento da braquiaria quando comparada a soja. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 864 2013 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento e suporte para a execução do trabalho. REFERÊNCIAS AGOSTINETTO, D.; RIGOLI, R.P.; SCHAEDLER, C. E.; TIRONI, S.P.; SANTOS, L.S. Período crítico de competição de plantas daninhas com a cultura do trigo. Planta Daninha, v. 26, n. 2, p. 271-278, 2008. AGOSTINETTO, D.; RIGOLI, R. P.; GALON, L.; MORAES, P. V. D.; FONTANA, L. C. Competitividade relativa da soja em convivência com papuã (Brachiaria plantaginea). Scientia Agraria, v.10, n.3, p.185-190,2009. BELTRAO, N. E. M.; FIDELES FILHO, J.; FIGUEIREDO, I. C. M. Uso adequado de casa-de-vegetação e de telados na experimentação agrícola. Rev. Bras. Eng. Agríc. ambient., v. 6, n. 3, p.547-552, 2002. CARVALHO, F. P.; SANTOS, J. B.; CURY, J. P.; VALADÃO SILVA, D.; BRAGA, R. R.; BYRRO, E. C. M. Alocação de matéria seca e capacidade competitiva de cultivares de milho com plantas daninhas. Planta Daninha, v.29, n. 2, p.373-382, 2011. CURY, J. P.; SANTOS, J. B.; SILVAS, E. B.; BRAGA, R. R.; CARVALHO, F. P.; VALADÃO SILVA, D.; BYRRO, E. C. M. Eficiência nutricional de cultivares de feijão em competição com plantas daninhas. Planta Daninha, v. 31, n. 1, p. 79-88, 2013 DUARTE, N. F.; SILVA, J. B.; SOUZA, I. F. Competição de plantas daninhas com a cultura do milho no município de Ijaci, MG. Ciênc. agrotec., Lavras. v. 26, n.5, p.983-992, 2002. FIALHO, C. M. T.; SILVA, A.A.; FARIA, A.T.; TORRES, L.G.; ROCHA, P.R.R.; SANTOS, J.B. Teor foliar de nutrientes em plantas daninhas e de café cultivadas em competição. Planta Daninha, v. 30, n. 1, p. 65-73, 2012. JAKELAITIS, A.; SILVA, A. F.; PEREIRA, J. L.; SILVA, A. A.; FERREIRA, L. R.; VIVIAN, R. Efeitos de densidade e época de emergência de Brachiaria brizantha em competição com plantas de milho. Acta Sci. Agron., v. 28, n. 3, p. 373-378, 2006. RADOSEVICH, S. R..; HOLT, J.; GHERSA, C. Weed ecology: implications for management. 2.ed. New York: JhonWiley& Sons, 1997. 589 p. SALTON, J. C., FABRÍCIO, A. C., HERNANI, L. C. Rotação lavoura pecuária no Sistema Plantio Direto. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, MG: ,v.22, n.208, p.92 - 99, 2001. SILVA, A.A.; FERREIRA, F.A.; FERREIRA, L.R.; SANTOS, J.B.Biologia de plantas daninhas. In: SILVA, A. A. e SILVA, J. F. Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa: UFV, 2007. p. 17-62. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 865 2013 SILVA, A. C.; FREITAS, R. S.; FERREIRA, L.R.; FONTES, P. C. R. Acúmulo de macro e micronutrientes por soja e Brachiaria brizantha emergida em diferentes épocas. Planta Daninha, v. 27, n. 1, p. 49-56, 2009 VOGT, K. A.; VOGT, D. J.; ASBJORNSEN, H.; DAHLGREN, R.A A.Roots, nutrients and their relationship to spatial patterns. Plant Soil, v. 168, n. 1, p. 113-123, 1995. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 866 2013