Para uma tradução e análise comentada das cartas da missão jesuítica no Japão Isabela Guzman Gonçalves de Souza, Unesp Assis, Letras, [email protected] Orientador: Alessandro Jocelito Beccari Palavras Chave: Historiografia Linguística, Missão Jesuíta no Japão, Tradução. Introdução O presente trabalho concentra-se no período em que o Japão recebe as primeiras influências linguísticas dos missionários portugueses em seu território (1549, aproximadamente) sob a forma, por exemplo, de empréstimos lexicais, alterações no sistema de escrita, neologismos, gramáticas, dicionários, e outros. O encontro entre esses dois povos resultou em um processo de aculturação entre eles, diretamente e indiretamente. Objetivos Pretende-se com o estudo das cartas missionárias, encontrar conceitos, relatos e argumentos, que possam contribuam para a meta principal da pesquisa: construir uma nova interpretação desse momento histórico sob a perspectiva da Historiografia Linguística. Dessa forma, será possível ter uma compreensão sobre fatores que tenham provocado uma mudança linguística na língua japonesa. Material e Métodos O material utilizado para a pesquisa está disponível em algumas das epístolas da obra Epistolae Iapanicae, originalmente escritas em latim e impressa no ano de 1569. O trabalho adota o campo da Historiografia Linguística (Hol), que se liga a outros campos de estudos como a história, psicologia, linguística, sociologia, filosofia, entre outros que, por meio de várias disciplinas, pretende compreender, interpretar, reconstruir a visão e pensamento de uma época e explicar acontecimentos e mudanças linguísticas de um determinado povo, por um olhar metalinguístico. Inicialmente, serão utilizados para a orientação no campo da Historiografia Linguística os conceitos de Koerner (1989), Swiggers (2004), Kuhn (1962) e Auroux (1992). Resultados e Discussão A presença jesuítica trouxe grandes contribuições ao desenvolvimento linguístico e cultural japonês Para a realização das missões jesuíticas os missionários portugueses traduziram do latim para o XXVIII Congresso de Iniciação Científica japonês não apenas textos, gramáticas ou dicionários, usados para os estudos religiosos e para difundir a fé cristã (Ex.: Guia do Pecador de 1599), Eles também reescrever obras clássicas da literatura japonesa para o alfabeto romano, e também passaram da linguagem culta para a informal (Ex.: Feike Monogatari de 1592), porém, essas obras eram destinadas principalmente aos jesuítas para o aprendizado da língua japonesa. Contudo, devido à diferenças culturais, os missionários reescreveram as obras clássicas do Japão de uma forma ocidentalizada para facilitar o estudo da língua. Ou seja, isso fez com que alguns traços e partes da identidade nipônica perdessem seu sentido original. Conclusões A presente pesquisa está em desenvolvimento. Porém, já é possível afirmar que os missionários contribuíram para o desenvolvimento linguístico e cultural do povo nipônico nesse momento histórico. Embora as cartas da missão jesuítica possuam apenas um lado da história, a análise desses documentos pode contribuir para um maior entendimento sobre os mecanismos da linguagem utilizados, entre outras áreas. Ressalte-se que os jesuítas não possuíam a mesma vivência e cultura que os nipônicos; por isso, pode acontecer que as traduções contenham traços de ideias missionárias, que tentem aproximar as pessoas para a religião cristã - as traduções provavelmente terão algumas dessas “marcas” ocidentais. Por exemplo, os monges budistas chamavam o Deus dos missionários de “Daiuso” (a grande mentira), isso devido a um empréstimo lexical que os missionários fizeram utilizando um termo Budista para aproximar um conceito de “Deus”. Agradecimentos ¹SAITO, Paula. Deus ou Daiuso? A tradução nas cartas e dicionários jesuíticos do século XVI no Japão. Dissertação de Mestrado. 2015 - Universidade de São Paulo. ²YAMASHIRO, José. Japão – Passado e presente. São Paulo: IBRASA, 1986. ³.GUILLERMOU, Alain. Os jesuítas. Publicações EuropaAmérica, 1997.