Agradecimentos A realização desta dissertação marca mais uma etapa em minha vida, sendo assim, há pessoas que contribuı́ram de forma peculiar para a concretização deste trabalho, entre as quais gostaria de prestar meus sinceros agradecimentos. Gostaria de agradecer preliminarmente a Deus; pelo dom da vida, pelo sustento, inspiração e conhecimento; por até aqui estar ao meu lado em todos os momentos me capacitando e fortalecendo. A minha esposa Rayanne Miranda Rodrigues por todo carinho, companheirismo e amor desprendidos durante este perı́odo de estudos e ausências. Aos meus pais Daniel Orlando Rodrigues, Marli Assunção Rodrigues e irmão Fernando Rodrigues Assunção, pelas orações, noites de sono perdidas, e, apoio incondicional. Ao meu Co-Orientador Dr. Porfirio Cabaleiro Cortizo exı́mio educador e mestre, a meu Orientador Dr. Marcos Antônio Severo. A vocês, minhas reais manifestações de respeito e gratidão. Um misto de austeridade e competência, disciplina e inteligência; Obrigado. Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica, pela oportunidade de realização deste trabalho e disponibilização dos recursos necessários. A APERAM pela oportunidade de tempo concedida para dedicação desta dissertação, aos meus colegas da Aperam e em especial gostaria de agradecer ao Gláucio Barros Barcelos por todo apoio prestado na realização deste texto e apresentação. Agradeço à Fapemig o aporte financeiro ao projeto de pesquisa. Finalizando, agradeço a todos que de modo direto e indireto contribuı́ram, de alguma forma, para a conclusão desta etapa, sendo comigo vitoriosos em mais uma fase de minha vida, com profundo reconhecimento e gratidão; Muito Obrigado! “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” (Eclesiastes 3:1) Resumo Este trabalho apresenta o estudo e avaliação experimental do controle e da topologia de um conversor c.c.-c.c. boost entrelaçado, operando em regime de condução contı́nua – CCM. Esta topologia por sua vez vem apresentando diversas aplicações e funcionalidades na busca atual pelo uso das energias renováveis. A mitigação dos efeitos de sombreamento nos painéis fotovoltaicos, o uso em veı́culos hı́bridos como conversor multi-fase de interligação de múltiplas fontes, como célula de combustı́vel e Energy Storage System – ESS são algumas das aplicações mais estudadas. A modelagem do conversor é desenvolvida utilizando um modelo de circuito de pequenos sinais em média linear para operação em CCM, as funções de transferência em malha aberta da corrente do indutor em relação à tensão de entrada e a razão ciclica são apresentadas e permitem a correta modelagem para o controle pulse width modulation - PWM. Destaca-se o uso de duas malhas internas de controle de corrente com deslocamento de fase entre os sinais de gate drive de 180o e uma malha externa para controle da tensão. O uso desta topologia, com bobinas entrelaçadas no conversor elevador de tensão boost atribui vantagens significativas ao sistema, entre elas: a redução do dimensionamento dos elementos passivos utilizados, um menor ı́ndice de interferência EMI e a maior confiabilidade do circuito. Os resultados de simulações e experimentais utilizando o software SIMULINK Matlab e o Kit Texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo DSP TMS28035 comprovam o potencial da estrutura estudada. Palavras-chave: Boost entrelaçado; Modelagem de pequenos sinais; pulse width modulation - PWM. Abstract This project presents the experimental study and evaluation of the control and the topology of a CC-CC interwoven boost converter, operating in a continuous conduction mode CCM. This topology has been presenting diverse applications and functions in the search for renewable powersources, which is taking place nowadays.The mitigation of the effects of shading in the photovoltaic panels, its use in hibryd vehicles as a multi-channel current converter for linking multiple power sources, as fuel cells and Energy Storage System - ESS are some of the of the most studied applications.The design of the converter is developed using a model of a circuit using small signals in a linear average for the CCM operation. The transfer functions in open loop of the inducer in relation to the feeding tension and duty cycle are presented, and allow the correct design for the pulse width modulation control - PWM.The use of two internal loops of current control with phase shift between the gate drive signals of 180 degrees and an extermal loop for tension control is highlighted.The use of this topology, with interwoven coils in the boost tension elevator converter provides major advantages to the system, for instance: the reduction of the passive element positioning utilized in the work, a lower EMI interference rate and the increased effectiveness of the circuit.The results of the simulations and experiments using SIMULINK Matlab software and the Texas Kit HV SOLAR Digital Controlled DSP TMS28035 C2000 Picollo Texas software prove the potential of this structure. Keywords: Interwoven boost; small signal design; pulse width modulation - PWM. Sumário Lista de Figuras iii Lista de Tabelas vii Lista de Abreviaturas e Sı́mbolos viii 1 Introdução 1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Objetivos Especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Conversor Estático Boost 2.1 Revisão Conversor Boost c.c.-c.c. . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Topologia do conversor boost entrelaçado . . . . . . . . . . . . . 2.2.1 Limites para tempo de condução das chaves . . . . . . . 2.2.2 Estratégia de Controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Descrição do sistema no espaço de estados . . . . . . . . . . . . 2.4 Análise no espaço de estados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 Modelo de variáveis de estado médio . . . . . . . . . . . . . . . 2.6 Introdução as pequenas perturbações . . . . . . . . . . . . . . . 2.7 Função Transferencia tensão de saı́da pela corrente no indutor . 2.8 Seleção dos componentes passivos para o estágio de potência . . 2.9 Projeto de controladores pelo método de resposta em frequência 2.10 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 2 2 . . . . . . . . . . . . 4 4 7 10 11 12 14 15 16 19 21 23 27 3 Simulações e Resultados 3.1 Simulação do conversor boost entrelaçado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Degrau positivo aplicado a referência de corrente . . . . . . . . . . . . . . . 28 28 32 i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 . . . . . . . . . 34 35 39 42 44 47 50 52 53 . . . . 54 54 60 62 65 5 Considerações Finais 5.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 66 67 Referências Bibliográficas 68 Anexo A.1 A.2 A.3 A.4 70 71 72 72 73 3.9 Degrau negativo aplicado a referência de corrente . . . . . . . . . . . . . Degrau positivo de referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Degrau negativo aplicado a referência de tensão . . . . . . . . . . . . . . Degrau negativo de carga resistiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Degrau positivo de carga resistiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Efeito das variações paramétricas dos indutores . . . . . . . . . . . . . . 3.8.1 Primeira solução: malhas de controle da corrente em cada indutor 3.8.2 Segunda solução: acoplamento dos indutores . . . . . . . . . . . . Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Resultados Experimentais 4.1 Implementação digital do controlador 4.2 Implementação controlador digital . . 4.3 Formas de onda coletadas . . . . . . 4.4 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A Manipulação de matrizes no espaço de estados Modelo de variáveis de estado médio . . . . . . . . . . . Modelo grandes sinais em regime permanente . . . . . . Modelo pequenos sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Função de transferência de pequenos sinais . . . . . . . . ii . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Lista de Figuras 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 2.11 2.12 2.13 Topologia de um conversor boost . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Forma de onda da corrente iL para o regime de condução: (a) Regime de condução crı́tica.(b) Regime de condução descontı́nua. (c) Regime de condução contı́nua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Interligação de ”n”células na topologia de entrelaçamento . . . . . . . . . Topologia conversor boost entrelaçado de duas células . . . . . . . . . . . . Representação das correntes iL1 , iL2 e corrente total iLtotal , sinal PWM e as correntes em S1 e d1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Corrente nos indutores para diferentes valores de duty cycle (a) Considerando duty cycle de 0,45. (b) Considerando duty cycle de 0,50. (c) Considerando duty cycle de 0,55. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Topologia das malhas de controle, interna atuando no controle das correntes nos indutores e externa para regulação da tensão de saı́da. . . . . . . . . . Circuito equivalente para conversor boost c.c.-c.c. no MCC. (a) Circuito equivalente para chave fechada. (b) Circuito equivalente para chave aberta. Forma de onda da corrente no indutor para conversor boost . . . . . . . . . Forma de onda da tensão de saı́da para o conversor boost . . . . . . . . . Diagrama de Bode de Gild (função de transferência de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador) . . . . . . . . . . Diagrama de Bode de G (função de transferência de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador), GcG(função de transferência de malha aberta compensada) . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama de Bode de G (função de transferencia de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iii 5 6 8 9 9 10 11 12 22 23 24 25 26 2.14 Diagrama de Bode de G (função de transferencia de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador), GcG(função de transferencia de malha aberta compensada) . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 3.13 3.14 3.15 3.16 3.17 3.18 Layout do conversor boost entrelaçado simulado no ambiente SIMULINK . Esquemático da simulação das malhas de controle no Simulink. . . . . . . . Sinal do PWM, triangulares defasadas de 180 ◦ . . . . . . . . . . . . . . . . Corrente total ILt , corrente nos indutores IL1 , IL2 e o ripple na tensão de saı́da Vb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tensão de saı́da Vb e detalhe do ripple de tensão no barramento c.c. . . . Correntes nos indutores IL1 , IL2 , ILtotal e os sinais PWM respectivos, durante a variação da referência de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Simulação da resposta da malha de corrente frente a variação no sinal de referência Iref de 3, 2A para 5, 2A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Demonstra a técnica ”leading triangle”, ou seja, a corrente é amostrada na metade do perı́odo de chave fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Demosntra as correntes nas bobinas IL1 , IL2 , o entrelaçamento ILtotal e os sinais PWM respectivos, durante a variação da referência de corrente aos 15ms. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sinais amostrados de corrente para o controlar Ci(s) ?? Corrente ILmed e referência Iref , saı́da do controlador (duty cycle). (b) Ampliação do instante de variação da referência de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tensão de saı́da Vb e as correntes nos indutores IL1 , IL2 e o entrelaçamento ILt após um degrau de 15% na referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . Comportamento das correntes nas bobinas IL1 ,IL2 e o entrelaçamento ILt para o instante de variação na referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . Sinais Vref , Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de variação da referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sinais de entrada do controlador de corrente iref, imed e saı́da Reg.PI para o instante de varição da referência de tensão T1=15ms. . . . . . . . . . . Sinal PWM para o instante de variação da referência de tensão. . . . . . . Tensão de saı́da e corrente nos indutores IL1 ,IL2 e ILtotal . . . . . . . . . . Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de variação da tensão de referência. . . . . . . . . . . . . . . . . Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, Imed e saı́da Reg.PI. . . iv 27 29 29 30 31 31 32 33 34 35 35 36 36 37 38 38 39 40 41 3.19 Sinal PWM para as chaves, variação do duty cicle para o instante de variação da referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.20 Gráfico da tensão de saı́da Vb e das correntes nos indutores IL1 , IL2 e corrente total ILt para o instante de variação da corrente de carga. . . . . . . . . . . 3.21 Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de entrada de carga T1=15ms. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.22 Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, Imed e saı́da Reg.PI para o instante de entrada de carga T1=15ms. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.23 Gráfico da tensão de saı́da Vout e das correntes nos indutores IL1 , IL2 e da corrente total ILt para o instante de variação da corrente de carga. . . . . 3.24 Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de saı́da de carga T1=15ms. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.25 Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, medição da corrente Imed e saı́da Reg.PI para o instante de redução de carga T1=15ms. . . . . . . . 3.26 Ripple de tensão e corrente de saı́da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.27 Corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada para diferentes indutores L1 e L2 3.28 Detalhe da corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada . . . . . . . . . . . . 3.29 Detalhe da corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada . . . . . . . . . . . . 3.30 Detalhe da corrente nos indutores L1, L2 e na entrada para indutores diferentes 3.31 Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores L1 e L2 iguais. . 3.32 Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores L1 e L2 diferentes. 3.33 Acoplamento entre os indutores do conversor boost entrelaçado. . . . . . . 3.34 Detalhe da corrente nos indutores L1 e L2 acoplados iguais. . . . . . . . . . 3.35 Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores acoplados. . . . 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 Kit Texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo (a) Foto real da placa e (b) Diagrama blocos do funcionamento. . . . . . . . . . . . . . . . Blocos de programação para biblioteca Dplib . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama esquemático de uma entrada ADC . . . . . . . . . . . . . . . . Circuito de entrada para ADC no DSP TMS28035 . . . . . . . . . . . . . . Estratégia de controle e medição das entradas ADC para implementação de um conversor boost entrelaçado utilizando TMS28035. . . . . . . . . . . . Circuito de condicionamento de sinal para as entradas ADC do Kit Texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo (a) Divisor de tensão e (b) Shunt de medição de corrente total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v 41 42 43 44 45 45 46 47 48 49 49 50 51 51 52 52 53 55 55 56 57 58 60 4.7 4.8 4.9 4.10 Diagrama de blocos representativo do controlar digital . . . . . . . . . . . Degrau gerado na referência de tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Degrau na malha de tensão, escala de 50V/div; . . . . . . . . . . . . . . . Defasamento entre os sinais do PWM1 e PWM2 gerados pela saı́da do DSP TMS28035 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.11 Ripple de tensão no barramento de saı́da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.12 Sequência de disparo para chave Q1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.13 Corrente IL1 e IL2 nas bobinas do conversor . . . . . . . . . . . . . . . . . A.1 Circuito equivalente para conversor Boost CC-CC no MCC. (a)Chave fechada - subintervalo D1Ts .(b)Chave aberta - subintervalo D2Ts . . . . . . . vi 61 62 63 63 64 64 65 70 Lista de Tabelas 2.1 Parâmetros do estágio de potência do conversor boost entrelaçado. . . . . . 22 3.1 Parâmetros do estágio de potência do conversor entrelaçado, retirados do Kit Texas HV Solar Digital Controlled C2000. . . . . . . . . . . . . . . . . 29 vii Lista de Abreviaturas e Sı́mbolos Abreviaturas ADC Analogue Digital Converter BC Conversor Boost Convencional CCM Modo de Condução Contı́nua. CCS Code Composer Studio CMPx Compare Module Registers ’x’ CPM Current Programmed Mode DCM Modo de Condução Descontı́nua. DPWM Digital Pulse Width Modulation DSP Digital Signal Process EMI Eletromagnetic Interference. ePWM Enhanced Pulse Width Modulation ESS Energy Storage System. FC Frequência de corte GPIO General Purpose Input Output. IBC Conversor Boost Inteleaved (entrelaçado) ISR Interrupt Response System MIBC Conversor Boost Interleaved (entrelaçado) com multiplas chaves em paralelo. viii MPPT Maximum Power Point Tracking PIE Peripheral Interrupt Expansion PWM Pulse Width Modulation S/H Sample/Hold TBCNT Time Base Counter TCR Timer Control Registers TZ Trip Zone ix Capı́tulo 1 Introdução A maioria das fontes de energia renováveis, tais como células de combustı́vel e células fotovoltaicas têm recebido uma grande atenção em todo o mundo nos campos de pesquisa, pois o desenvolvimento de tecnologias para o aproveitamento destas fontes representa uma ação estratégica para reduzir o consumo de combustı́veis fósseis (NEWLIN et al., 2013).. Neste contexto a eletrônica de potência com o estudo e aprimoramento dos conversores desempenha um papel fundamental, isto é, existe hoje um renovado foco na interface conversor de eletrônica de potência para as fontes de energia de corrente contı́nua. Estas fontes de alimentação possuem baixa tensão de saı́da e requerem conexão em série para reforço de tensão. Além disso, conversores c.c. - c.c. de reforço são geralmente usados para aumentar a tensão a nı́veis adequados de trabalho. Várias topologias de conversores c.c.-c.c. são citadas na literatura, entre elas o boost, buck, buck-boost, serie ressonante, ponte completa, o push-pull, no entanto, elas não são as mais indicadas, conforme (NEWLIN et al., 2013), por atribuı́rem ondulação (ripple) de corrente na saı́da das fontes. De fato a ondulação (ripple) e o conteúdo harmônico da corrente é um fenômeno que influencia na vida útil das células de combustı́vel, bem como o tempo de vida das baterias em sistemas Energy Storage System ESS(HEGAZY et al., 2012). Outro aspecto importante no projeto de um conversor c.c.-c.c. é a seleção do indutor e do capacitor de saı́da. A grande preocupação é o tamanho, custo e peso, principalmente em projetos de maior potência, o que faz a demanda por inovações tecnológicas nesta área ser crescente, fabricantes estão continuamente projetando dispositivos capazes de processar energia de forma mais eficiente permitindo os produtos serem cada dia mais compactos e versáteis. 1 Em resposta a todos esses requisitos necessários para o adequado atendimento e suprimento do setor de energias renováveis, os conversores ”boost”entrelaçado – IBC (Interleaved boost Converter) tem sido estudados nos últimos anos, ele atribui um potêncial de melhoria ao desempenho de conversão de energia em termos de eficiencia, menor tamanho dos componentes passivos, menor emissão eletromagnética conduzida, menor ondulação (”ripple”) de corrente na entrada, ı́ndice de perdas das etapas de filtragem reduzido, perdas de comutação significativamente diminuı́da, melhor reposta aos transientes e maior confiabilidade ao sistema. Portanto, o estudo e entendimento desta topologia são apresentados neste trabalho. 1.1 Objetivos O objetivo desta dissertação é o estudo, desenvolvimento, simulação e a implementação utilizando o DSP Texas TMS28035 de um conversor c.c.-c.c. ”boost”entrelaçado. 1.2 Objetivos Especı́ficos Para se alcançar o objetivo principal deste trabalho os seguintes objetivos secundários também devem ser considerados: • Estudo do conversor cc-cc boost; boost entrelaçado. • Estudo da topologia de entrelaçamento dos indutores de entrada nos conversores boost c.c.-c.c. • Propor uma estrutura de controle de forma a garantir menor ondulação (ripple) na corrente de entrada do conversor. • Validar o projeto de controle do conversor boost entrelaçado com resultados de simulação e com resultados experimentais. 1.3 Estrutura da Dissertação Nesta seção é apresentada a estrutura do trabalho com uma breve descrição de cada um dos capı́tulos. Esta dissertação foi dividida em 5 capı́tulos distribuı́dos da seguinte forma: 2 Capı́tulo 1 - Introdução: Apresenta os objetivos, a motivação e justificativa para o desenvolvimento deste trabalho, bem como a pesquisa realizada em diversas fontes da literatura relacionada ao tema da dissertação para identificar e adquirir embasamento para o desenvolvimento no projeto. Capı́tulo 2 - Conversor Estático Boost: Apresenta uma descrição resumida do conversor boost convencional e seu regime de condução, a modelagem no espaço de estados é apresentada seguindo o modelo de pequenos sinais e a linearização para um ponto de operação. Finalmente a função de transferência para os modelos de interesse idl e vilb são demonstrados, juntamente com o projeto de seus respectivos controladores. Capı́tulo 3 - Simulações e Resultados: Apresenta as simulações computacionais juntamente com os resultados obtidos no programa Simulink Matlab para implementação do conversor boost entrelaçado operando em regime de condução contı́nua. A estratégia de controle bem como a resposta da sintonia e projeto dos controladores são testados através da análise dos resultados das malhas de controle. Capı́tulo 4 - Resultados Experimentais: Apresenta a implementação do converosor boost entrelaçado proposto neste trabalho e os resultados experimentais realizados no Kit texas HV SOLAR Digital Controller C2000 DSP TMS28035. Capı́tulo 5 - Considerações Finais: Apresenta as conclusões obtidas no desenvolvimento do trabalho e também sugestões de trabalhos futuros. 3 Capı́tulo 2 Conversor Estático Boost Este capı́tulo apresenta uma sucinta revisão do conversor boost operando em modo de condução contı́nua. A Seção 2.1 demonstra sua topologia, equações e caracterı́sticas. A Seção 2.2 descreve a estratégia de entrelaçamento dos indutores no ramo de entrada e suas vantagens para topologia do conversor boost. Nas seções 2.3 a 2.7 é realizada a descrição detalhada do modelamento pelo espaço de estados, introdução as pequenas perturbações, além das funções de transferência de interesse do sistema. A seção 2.8 identifica as equações para obtenção dos valores dos componentes passivos do circuito estudado. Com base nestes valores aplicados à função de transferência encontrada, é realizado o projeto dos controladores para malha interna e externa e apresentados na seção 2.9. 2.1 Revisão Conversor Boost c.c.-c.c. A topologia clássica do circuito para o conversor boost c.c.-c.c. é apresentada na Figura 2.1, neste conversor a tensão de saı́da é sempre maior ou igual à tensão de entrada, por isso também recebe o nome de step up ou elevador de tensão, sendo representado pela Equação (2.3). Sua entrada possui caracterı́sticas de fonte de corrente devido à presença do indutor em série com a fonte de tensão, e a saı́da do circuito atribui caracterı́sticas de fonte de tensão graças ao capacitor conectado ao barramento de saı́da. A Equação (2.4) descreve a relação entre os valores médios da corrente no indutor IL e da corrente de saı́da Ib , (RASHID et al., 1988). Conforme ilustra a Figura 2.2(a), Figura 2.2(b) e Figura 2.2(c) pela análise da corrente iL existem três modos possı́veis de operação: regime de condução contı́nua, 4 Figura 2.1: Topologia de um conversor boost crı́tica e descontı́nua. A condução crı́tica encontra-se no limiar entre o regime de condução contı́nua e descontı́nua, ela ocorre quando a corrente no indutor chega à zero exatamente no instante em que o transistor entra em condução. Assumindo então que o conversor esteja, em um primeiro momento, no regime de condução crı́tica e logo após a potência de carga decresça, mantendo-se constante Vb e D, atinge-se então, com a consequente diminuição da corrente iL , o regime de condução descontı́nua, que é caracterizado pelo fato de que tanto o transistor quanto o diodo estão bloqueados no tempo ∆t2 Ts . É muito importante em um projeto, como descrito por (CREWS, May 2013), conhecer as vantagens e desvantagens de cada modo de condução. O modo de condução contı́nua apresenta problemas inerentes de estabilidade causados pela presença do zero no semiplano da direita, entretando, no modo de condução descontı́nua a incidência de picos de corrente e o esforço (stress) submetido às chaves e diodos são maiores, e como consequência ocorre o aumento dos efeitos de EMI/RFI e as perdas ri2 . Este trabalho delimita-se ao estudo do conversor em regime de condução contı́nua MCC, neste modo a corrente no indutor flui continuamente sendo sempre iL (t) > 0, portanto, em regime permanente a integral no tempo da tensão no indutor L será 0, conforme é apresentado pela Equação (2.1) e Equação (2.2). Z Ts vL (t)dt = Vp DTs + (Vp − Vb ) D0 Ts (2.1) 0 Vp ton + (Vp − Vb ) tof f = 0 Como mostrado na Figura 2.2(c), Ts = Ton + Tof f 5 (2.2) vL vL iL Vp iL Vp t t (Vp-Vb) ton (Vp-vb) ton toff ∆1ts ts ∆2ts ts (a) (b) vL Vp t (Vp-Vb) iL t ton toff ts (c) Figura 2.2: Forma de onda da corrente iL para o regime de condução: (a) Regime de condução crı́tica.(b) Regime de condução descontı́nua. (c) Regime de condução contı́nua. Vb Ts 1 = = Vp Tof f 1−D (2.3) Desconsiderando as perdas no circuito, a potência de entrada é igual a potência 6 de saı́da Pp = Pb , portanto, a identificação da relação entre a corrente de entrada e saı́da torna-se clara, conforme Equação (2.4). Vp Ip = Vb Ib Ib = (1 − D) Ip 2.2 (2.4) Topologia do conversor boost entrelaçado O conversor boost classico c.c.-c.c. apresenta uma topologia simples e de fácil construção sendo amplamente estudado pela literatura, no entanto, seu desempenho dinâmico é pobre, devido ao efeito do zero no semi-plano direito. Além disso, analisando a Equação (2.3) este conversor requer um grande capacitor de filtro de saı́da para manter uma baixa ondulação na tensão Vb em razões cı́clicas mais elevadas, bem como, para correntes de carga mais elevadas, não sendo indicados para aplicações com alta densidade de potência(HEGAZY et al., 2012), (NEWLIN et al., 2013). A topologia para o conversor boost entrelaçado é apresentada pela Figura 2.4. O modo de operação e funcionamento é semelhante ao modelo do conversor boost clássico demonstrado na Seção 2.1. Para aplicações em alta potência a interligação de conversores em paralelo é recomendada (HEGAZY et al., 2012), trazendo ainda mais benefı́cios a operação desses conversores no modo entrelaçado. O entrelaçamento das células (transistores e diodos) requer que as mesmas estejam operando na mesma frequência de chaveamento, mas com uma fase deslocada em radianos, ou seja, um deslocamento de fase entre os gate drives de relação a outra de 2π n Ts , sendo T s o perı́odo de comutação e “n” o número de células em paralelo (CHUNLIU n et al., 2009), conforme ilustra a Figura 2.3. A operação intercalada de ”n” células produz um aumento ”n” vezes a frequência do ripple da corrente de entrada Ip , e uma redução na magnitude de pico no ripple de corrente por um fator de ”n”(PERREAULT; KASSAKIAN, 1997), a Figura 2.5 ilustra o entrelaçamento entre as correntes dos indutores. Em resumo este processo contribui significativamente com o aumento da frequencia e diminuição da amplitude da ondulação (ripple) na corrente de entrada e tensão 7 Vcontrol Icontrol Célula 1 Vp Célula 2 Load .. . Célula n Figura 2.3: Interligação de ”n”células na topologia de entrelaçamento de saı́da. O que implica na necessidade de um capacitor de saı́da menor (tamanho, custo, peso), redução dos filtros, cancelamento de harmônicos entre as células e baixo EMI interferência eletromagnética. A divisão da corrente de entrada promove a diminuição (tamanho, custo, peso) dos indutores utilizados, menores perdas ri2 , redução do efeito do zero no semiplano direito (KOLLURI; NARASAMMA, 2013), menor stress para as chaves e maior eficiencia na conversão de energia. Este trabalho propõe o uso de duas células entrelaçadas o que estabelece um deslocamento de 180 ◦ entre os comandos dos gates de disparo das chaves, como pode ser visto na Figura 2.5. Também é apresentado que a frequência da corrente total iLt é duas vezes a frequência encontrada na corrente dos enrolamentos das bobinas iL1 e iL2 , consequentemente, como iLt = iL1 + iL2 , ocorre a redução do ripple. Para este conversor boost entrelaçado proposto são utilizados dois indutores, diodos e chaves semicondutoras identicas, assim ambos os canais de potência dividem a corrente e possuem um comportamento igual. O controle é feito pelo modo de corrente média (ACC- Average current - mode) e são controlados usando uma malha interna de corrente e uma malha externa de tensão do barramento de saı́da. 8 Figura 2.4: Topologia conversor boost entrelaçado de duas células iLt iL2 iL1 s1 ON s2 OFF ON OFF is 1 is1 id1 id1 Figura 2.5: Representação das correntes iL1 , iL2 e corrente total iLtotal , sinal PWM e as correntes em S1 e d1 . 9 2.2.1 Limites para tempo de condução das chaves O limite para o perı́odo de chaveamento segue o número de células (transistores e diodo) a ser utilizado, portanto, o perı́odo máximo é Tns , sendo T s o perı́odo de comutação e n o número de células em paralelo. A corrente de entrada é a soma das duas correntes nos indutores, IL1 e IL2 . O efeito do deslocamento de fase nas correntes dos indutores provoca a anulação mutua e a redução do ripple na corrente de entrada. O melhor instante de cancelamento ocorre para razão cı́clica igual a 50%, ou seja, quando o ciclo de trabalho se aproxima de 0,50, a soma das duas correntes de diodo se aproxima a c.c. Neste ponto, o capacitor de saı́da tem que filtrar apenas a ondulação da corrente no indutor. Para os instantes onde ocorre a sobreposição dos comandos de gate para as chaves, isto é, considerando o uso de duas células (como neste trabalho) para duty cycle superior a 0, 5 ocorre o trabalho em paralelo das chaves, a Figura 2.6 mostra a caracterı́stica do ripple de corrente considerando a variação do duty cycle. (a) (b) (c) Figura 2.6: Corrente nos indutores para diferentes valores de duty cycle (a) Considerando duty cycle de 0,45. (b) Considerando duty cycle de 0,50. (c) Considerando duty cycle de 0,55. 10 2.2.2 Estratégia de Controle. O controle pelo modo de tensão possui largura de banda reduzida e apresenta problemas de instabilidade, conforme apresenta (POMILIO, 1995) a função de transferência da tensão Gv é de fase não mı́nima (possui um zero a direita do semiplano), logo apenas o aumento da margem de fase e de ganho pode não ser suficiente para garantir a estabilidade do sistema. Entre os métodos mais usuais e o mais indicado para esta aplicação esta o Current Programmed Mode-CPM, onde um laço de controle interno de corrente é proposto para simplificar o projeto do laço externo, de tensão, atribuindo uma dinâmica simples e robusta. A Figura 2.7 demonstra este diagrama de controle. A malha de controle de tensão de saı́da é a mais externa e o controlador Gv(s) é o responsável por garantir a dinâmica da tensão de saı́da e o erro nulo. A saı́da deste controlador fornece a corrente de referência da malha mais interna que controla a corrente no indutor. O erro nulo e a dinamica desta malha são controlados pelo controlador Gi(s). Os controladores Gv(s) e Gi(s) possuem limites de forma a garantir que: A saı́da de Gi(s) nunca fique superior ou inferior aos valores máximos e mı́nimos de portdora do modulador por largura de pulso (PWM) e que a saı́da de Gv(s) nunca fique menor que zero (não existe corrente negativa no indutor) e maior que a máxima corrente admitida na entrada do conversor. Vref + - Vb ILref Gv(s) + Gi(s) PWM d Gil il Gvb vb - IL Figura 2.7: Topologia das malhas de controle, interna atuando no controle das correntes nos indutores e externa para regulação da tensão de saı́da. O método CPM também pode ser caracterizado pela forma e instante em que se compara a corrente no indutor com a corrente de referência, conforme indica (BRAGA, 2008), isto é, a comparação da corrente iL pode ser feita no instante de pico, no vale ou no valor médio. Dentre os três tipos citados o método de CPM média é o mais indicado, conforme (PERREAULT; KASSAKIAN, 1997; BRAGA, 2008), por ter maior imunidade a ruı́do, operar com freqüência constante e não precisar da rampa de compensação. O 11 controle CPM controla a corrente média no indutor iL em regime permanente, simplificando o projeto do laço externo de tensão. 2.3 Descrição do sistema no espaço de estados Considerando o conversor em regime de condução contı́nua e a variável para ação de controle no transistor seja a modulação por largura de pulso PWM. Identificase que para cada intervalo de chaveamento existem dois estados associados ao conversor. Cada estado correspondente ao circuito elétrico equivalente, apresentados na Figura 2.8 e a posteriore descrito por equações de estado. (a) (b) Figura 2.8: Circuito equivalente para conversor boost c.c.-c.c. no MCC. (a) Circuito equivalente para chave fechada. (b) Circuito equivalente para chave aberta. Para o instante de chave fechada 00 A100 , Figura 2.8(a), aplicando a lei de Kirchoff das tensões para malha 1, obtém-se a Equação (2.5) Vp − vL = 0 (2.5) Sabe-se que: vL = L di dt Substituindo a Equação(2.6) na Equação(2.5) e isolando o termo a Equação (2.7) diL Vp = dt L (2.6) di , dt encontra-se (2.7) Aplicando a lei de Kichorff das correntes no nó A obtem-se a Equação(2.8) 12 ic + vb =0 R (2.8) Sabe-se que: ic = C dvb dt (2.9) Substituindo a Equação(2.9) na Equação(2.8) e isolando o termo a Equação(2.10) dv , dt encontra-se dvb vb =− dt (RC) (2.10) Reorganizando na forma matricial " diL dt dvb dt # " = 0 0 1 0 − (RC) #" iL vb # " + 1 L 0 # h Vp i (2.11) Considerando agora o instante de chave aberta “A0”, Equação(2.8(b)), aplicando a lei de Kirchoff das tensões para malha 1, obtém-se a Equação(2.12) Vp − vL − vb = 0 Substituindo a Equação(2.6) na Equação(2.12) e isolando o termo se a Equação(2.13). Vp − vb di = dt L (2.12) dv dt encontra- (2.13) Aplicando a lei de Kichorff das correntes no nó A obtem-se a Equação(2.14) ic + vb = iL R 13 (2.14) Substituindo a Equação(2.9) na Equação(2.14) e isolando o termo se a Equação(2.15) dvb iL vp = − dt C RC dv dt encontra- (2.15) Rearranjando na forma matricial " 2.4 diL dt dvb dt # " = − L1 1 − RC 0 1 C #" iL vb # " + 1 L # h 0 Vp i (2.16) Análise no espaço de estados Um sistema complexo pode ter várias entradas e várias saı́das, e estas podem estar interrelacionadas de uma maneira complexa. Para analisar tal sistema, é essencial reduzir a complexidade nas expressões matemáticas, bem como recorrer a computadores para realizar os cálculos complexos daı́ inerentes. A abordagem de espaço de Estados para análise de sistemas é mais adequada sob este ponto de vista. ”Um sistema dinâmico pode ser descrito por equações diferenciais ordinárias em que o tempo é a variável independente. Usando-se notação matricial, uma equação diferencial de ordem 00 n00 pode ser representada por uma equação matricial diferencial de primeira ordem. Se 00 n00 elementos do vector são um conjunto de variáveis de estado, então a equação matricial diferencial é chamada equação de estado” (OGATA, 2003). Uma representação geral das equações de estado de entrada e de saı́da é demonstrada pela Equação(2.17) e Equação(2.18), na forma de uma representação canônica matricial para o sistema linear invariante no tempo. dx(t) = Ax(t) + Bu(t) dt (2.17) y(t) = Cx(t) + Du(t) (2.18) " x(t) = x1 (t) x2 (t) # " dx(t) dt 14 = dx1(t) dt dx2(t) dt # u(t) - variáveis de entrada. x(t) - variáveis de estado. y(t) - variáveis de saı́da (variáveis a serem medidas e controladas). A, B, C, D - matrizes de constante de proporcionalidade. Portanto as matrizes seguem a forma geral no espaço de estados, como apresentado na Equação(2.19) e Equação(2.20). 2.5 ẋ = A1 x + B1 u 0 ≤ t < d1 Ts (2.19) ẋ = A0 x + B0 u d1 Ts ≤ t < Ts (2.20) Modelo de variáveis de estado médio Considerando um ciclo de chaveamento obtém-se a descrição média do circuito,conforme (JÚNIOR, 2011), representado por < Ẋ > na Matriz 2.23. Nesta equação são definidas A0 e B0 como matrizes para o modo de chave aberta, A1 e B1 como as matrizes para o modo de chave fechada, ”d” é a razão cı́clica do circuito, sendo ponderado o intervalo de tempo em condução e em corte do semicondutor. < ẋ >= (A0 + d(A1 − A0 )) < x > + (B0 + d (B1 − B0 )) < u > (2.21) Dessa forma: (" < ẋ >= 0 0 d0 0 − RC # " + 0 d C − Ld d − RC #) (" <x>+ Então: 15 d0 L 0 # " + d L 0 #) <u> (2.22) " d dt 2.6 iL vb # " = 0 d0 C 0 − dL 1 − RC #" iL vb # " + 1 L 0 # h Vp i (2.23) Introdução as pequenas perturbações Para se obter um modelo linear que seja de fácil análise, usualmente constroise um modelo de pequenos sinais linearizado sobre um ponto quiescente de operação, sendo desprezadas as harmônicas de modulação e frequências de excitação (ERICKSON; MAKSIMOVIC, 2001). O modelo de pequenos sinais é obtido das matrizes 2.11 e 2.16, as variáveis de estado, de entrada e saı́da são decompostas em um valor c.c. de regime permanente somada as pequenas perturbações c.a., representadas por letras minúsculas grafadas como ˆ x̂, û , conforme descrito na Equação(2.24), e denotam a variação entorno do ponto de d, operação(ERICKSON; MAKSIMOVIC, 2001). d = D + dˆ < x >= X + x̂ < u >= U + û (2.24) Dessa forma, encontra-se a Equação(2.26). h i ˆ < Ẋ >= A0 + D (A1 − A0 ) + d (A1 − A0 ) h i B0 + D (B1 − B0 ) + dˆ(B1 − B0 ) h i A0 + D (A1 − A0 ) + dˆ(A1 − A0 ) h i ˆ B0 + D (B1 − B0 ) + d (B1 − B0 ) 16 X+ U+ x̂ + û + (2.25) dx̂ ˆ = (AX + BU ) + Ax̂(t) + B û(t) + {(A1 − A0 ) X + (B1 − B0 ) U }d(t) | {z } {z } | dt |{z} 1a Ordem (2.26) 1a ordemtermosc.a. termosc.c. ˆ + (B1 − B0 )û(t)d(t) ˆ (A1 − A0 )x̂(t)d(t) {z } | 2a Ordem Devem ser feitas algumas considerações minação dos termos não lineares de segunda ordem turbações são pequenas. Outro fator admissı́vel é ˙ pois X é constante. termo < Ẋ > se reduz a x̂, < ẋ >= plausı́veis, a primeira delas é a eliˆ dû), ˆ tendo em vista que as per(dx̂, demonstrado pela Equação(2.27), o d(X + x̂) d(X) d(x̂) d(< x >) = = + = x̂˙ dt dt dt dt (2.27) Para o modelo médio do conversor em equilı́brio também se deve considerar que AX + BU = 0 (termo c.c.), pois as frequências naturais do conversor e das constantes de tempo das suas variáveis de entrada serem bem menores do que a frequência de chaveamento. Onde: A = [A0 + D(A1 − A0 )] B = [B0 + D(B1 − B0 )] [(A1 − A0 )X + (B1 − B0 )U ] = M . a equação se reduz: x̂˙ = Ax̂ + B û + M dˆ x̂˙ = Ax̂ + h B M 17 i " û dˆ (2.28) # (2.29) Fazendo a transformada de laplace sx̂(s) = Ax̂(s) + Bt ût (s) → x̂(s) = (sI − A)−1 Bt ût (s) (2.30) Após manipulações matriciais, apresentadas no anexo, podemos concluir que a corrente é função direta de dois parâmetros independentes entre si: Vˆp que representa as variações ocorridas na tensão de entrada do conversor e dˆ são as variações do ciclo de trabalho. ˆ + Gvp vp(s) îL (s) = Gid d(s) ˆ (2.31) Onde: Gid = î(s) | ˆ Vˆp =0 d(s) (2.32) Gvp = î(s) |ˆ v̂p (s) d=0 (2.33) Sendo Gid a função de transferência da corrente no indutor em relação a razão cı́clica, sua representação para o conversor boost segue como na Equação (2.34). 2 Vp s + RC h Gid = s + L(1 − D) s2 + RC (1−D)2 LC i (2.34) A função de transferência Gid para o conversor boost entrelaçado é similar a apresentada na Equação(2.34), considera-se que para o estágio de potência deste conversor são utilizados componentes idênticos, conforme (KOLLURI; NARASAMMA, 2013), o uso de indutores iguais produz a divisão de corrente e o mesmo comportamento entre os canais, portanto, podemos calcular Gid, Equação (2.37), através da Equação (2.36). 18 ˆ (s) + iL2 ˆ (s) iL1 iˆL (s) = ; ˆ ˆ d(s) d(s) = dˆ = dˆ1 = dˆ2 ˆ (s) iL2 ˆ (s) iL1 + dˆ1 (s) dˆ2 (s) (2.35) (2.36) Vp 2 s + Lx ˆ RC iLx (s) ( 2 ) = 2 s ˆ 2 dx (s) s + RC + (1−D) Lx C (2.37) 2 2.7 Função Transferencia tensão de saı́da pela corrente no indutor O objetivo desta seção é apresentar a função de transferência da tensão de saı́da em relação a corrente iL (s), sendo iL = iL1 (s) + iL2 (s). São utilizados os mesmos conceitos já apresentados referente a representação no espaço de estados e a modelagem de pequenos sinais. Considerando a forma geral da representação no espaço de estados para as entradas Equação(2.38) e saı́das Equação(2.39). [vˆc ] = A [vc ] + B [iL ] (2.38) [vb ] = K [vc ] + Z [u] (2.39) Considerando um ciclo de chaveamento obtém-se a descrição média para o circuito, isto é, A0 , B0 são as matrizes para entrada encontradas no modo do circuito com a chave SW 1 aberta, e A1, B1, são as matrizes para chave fechada, a Figura 2.8 identifica os circuitos para os dois momentos. A = A1 D + A0 (1 − D) B = B1 D + B0 (1 − D) 19 As matrizes para saı́da K0 e Z0 encontradas no modo do circuito com a chave SW 1 aberta. Para o modo de chave fechada tem-se K1 e Z1. K = K1 (D) + K0 (1 − D) Z = Z1 (D) + Z0 (1 − D) Analisando o circuito equivalente para o instante de chave fechada, apresentado pela Figura 2.8(a) encontra-se a Equação (2.40) e Equação (2.41) como representação da tensão vc ˆ e vb. v˙c = − vb = vc (R + rc )C R vb R + rc (2.40) (2.41) Analisando o circuito equivalente para o instante de chave aberta, apresentado pela Figura 2.8(b) encontra-se a Equação (2.42) e Equação (2.43) como representação da tensão vc ˆ e vb. vˆc = − vb = R vb + iL (R + rc )C (R + rc )C rc Rrc vb + iL R + rc R + rc (2.42) (2.43) As matrizes, considerando o tempo de chave fechada e chave aberta para entrada e saı́da, são descritas da Equação (2.44) à Equação (??). A1 = K1 = −1 [D] C(R + rc ) R [D] R + rc 20 B1 = [0][D] Z1 = [0] [D] (2.44) (2.45) A2 = K2 = −1 [(D0 )] (R + rc )C rc [(D0 )] R + rc R B2 = [(D0 )] (R + rc )C Rrc Z2 = [(D0 ) R + rc (2.46) (2.47) Aplicando a transformada de laplace, conforme Equação (2.48) vˆb (s) = {K(sI − A)−1 B + Z)}û(s) (2.48) Sendo: A = −1 C(R + rc ) (2.49) B = R (R + rc )C (2.50) K = RD + rc (1 − D) R + rc (2.51) Z = Rrc D R + rc (2.52) A função de transferência encontrada pode ser representada como na Equação (2.53). GV b (s) = 2.8 R(1 − D) RCs + 1 (2.53) Seleção dos componentes passivos para o estágio de potência Os principais parâmetros para o projeto do conversor boost entrelaçado estão demonstradas na Tabela 2.1. É fundamental no estágio de potência do conversor boost entrelaçado , conforme 21 Tabela 2.1: Parâmetros do estágio de potência do conversor boost entrelaçado. Parâmetros do Conversor boost Entrelaçado Vp Vb Pot fs 100V 160V 320W 100kHz (CREWS, May 2013), que sejam utilizados indutores e diodos idênticos em ambos os braços do conversor. Uma vez que a potência de saı́da é canalizada através de dois circuitos de alimentação, um bom ponto de partida é a concepção de componentes de caminho de energia usando a metade da potência de saı́da. Considerando o uso de componentes idênticos, como descrito acima, no primeiro subintervalo a inclinação da rampa de corrente segue Equação(2.54). Figura 2.9: Forma de onda da corrente no indutor para conversor boost diL (t) vL (t) Vp = = dt L L (2.54) O valor da indutância a ser utilizada no circuito, Equação(2.55), é estabelecido com base no nı́vel de ondulação (ripple) aceitável para a corrente de entrada, como ponto de partida assume-se uma ondulação (ripple) de corrente por fase no indutor como sendo uma porcentagem da corrente média no indutor. Segundo (CREWS, May 2013) um bom valor inicial seria, ∆IL ∼ 20% por fase. L= Vp DTs 2∆iL (2.55) Para o cálculo do capacitor desenvolve-se o mesmo princı́pio relacionando-se agora com a ondulação (ripple) de tensão no barramento de saı́da do circuito. No primeiro 22 Figura 2.10: Forma de onda da tensão de saı́da para o conversor boost subintervalo a tensão no capacitor é descrita como na Equação(2.56). dvc (t) ic (t) Vb = =− dt C RC (2.56) O requisito de projeto para a ondulação (ripple) de tensão no barramento de saı́da delimita a capacitância a ser utilizada, conforme Equação (2.57). C= 2.9 Vb DTs 2R∆v (2.57) Projeto de controladores pelo método de resposta em frequência Os métodos de resposta em frequência foram desenvolvidos entre as décadas de 1930 e 1940 e ainda são, segundo (OGATA, 2003), fundamentais na teoria de controle clássico e indispensáveis para o controle robusto. Sabe-se que a resposta de um sistema linear com coeficientes constantes a um sinal de entrada senoidal é um sinal de saı́da senoidal de mesma frequência, mas de magnitude e fase diferentes. Portanto, este método consiste em investigar a resposta em regime permanente para uma entrada senoidal de frequência variável. Dentre as vantagens da aplicação do método neste trabalho esta a representação gráfica simplificada, que propicia uma percepção global importante para análise do projeto, fornecendo o controle da banda passante e de algumas medidas da resposta do sistema a ruı́dos e perturbações indesejáveis. No entanto, não existe um elo direto entre frequência 23 e o domı́nio do tempo, ou seja, as correlações são indiretas entre resposta em frequência e resposta transitória (DORF; BISHOP, 2001). O diagrama de Bode da função de transferência IL /d, conforme Equação (??), retirada da matriz que caracteriza o conversor boost entrelaçado é mostrado na Figura 2.11. Figura 2.11: Diagrama de Bode de Gild (função de transferência de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador) Analisando o diagrama de bode mostrado na Figura 2.11, identifica-se que o sistema possui uma margem de fase mı́nima (90 ◦ ) satisfatória e um ganho em baixas frequências de aproximadamente 23db. O controlador deve então contribuir restringindo a banda de passagem, tendo em vista que a frequência de comutação do circuito é 100KHz e a frequência do controlador de corrente e amostragem é 50KHz. Portanto, deseja-se uma frequência de corte de aproximadamente 5KHz, utilizando um compensador PI. A escolha do controlador PI se deve a implementação realizada pela texas no Kit HV Solar Digital Controlled C2000, a biblioteca Dplib utiliza esta estrutura para o controle do conversor boost entrelaçado, ou seja, pela análise do controlador percebe-se 24 Figura 2.12: Diagrama de Bode de G (função de transferência de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador), GcG(função de transferência de malha aberta compensada) que a parcela derivativa não possui influência significativa para o resultado. A nova frequência de corte escolhida para o controlador de corrente é de 5KHz.Adotase essa frequência de corte, aproximadamente uma década abaixo da menor frequência (50KHz) para a malha de controle, evitando assim o efeito do chaveamento dos transitórios e não linearidades indesejadas. Com base nos critérios de resposta em frequência o projeto de um controlador tem o objetivo de melhorar a resposta dinâmica do sistema e atender as especificações de desempenho. Para malha mais externa de regulação da tensão de saı́da (opera 25kHz) foi desenvolvido um controlador com a frequência de corte próxima aos 150Hz, este compensador contribui com o aumento do ganho em baixas frequências. A estrutura dos compensadores são apresentadas na Equação (2.58) e Equação (2.59). 25 (s + 900) s (2.58) (s + 837.5) s (2.59) Gi = 0.0305 Gv = 0.4 Figura 2.13: Diagrama de Bode de G (função de transferencia de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado). 26 Figura 2.14: Diagrama de Bode de G (função de transferencia de malha aberta com ganho ajustado, mas não compensado),Gc (compensador), GcG(função de transferencia de malha aberta compensada) 2.10 Considerações Finais Este capı́tulo apresentou, uma suscinta revisão do conversor boost convencional e entrelaçado, foram desenvolvidas as equações básicas que descrevem o funcionamento do circuito e o comportamento da corrente IL frente aos três modos de condução descontı́nuo, crı́tico e contı́nuo. Optou-se pelo modo de condução contı́nua por atribuir vantagens significativas em aplicações com maior densidade de potência. A simplificação do modelo matemático para o conversor boost entrelaçado é aparente através da representação geral das equações de estado (entrada e saı́da), desenvolvida na forma matricial canônica. O modelo de pequenos sinais operando sobre um ponto quiescente também permite através de manipulações matemáticas se obter a função de transferência objetivada idL e vilb . Com base na função de transferência levantada para cada sistema a análise da resposta em frequência dos circuitos permite o projeto dos controladores para malha interna e externa, garantindo a melhoria na resposta dinâmica do conversor boost entrelaçado. 27 Capı́tulo 3 Simulações e Resultados Neste capı́tulo serão apresentados os resultados de simulação do conversor c.c.c.c. boost entrelaçado implementado no ambiente de simulação SIMULINK Matlab com o uso da biblioteca SimPowerSystems. As caracterı́sticas tı́picas do conversor boost entrelaçado são apresentadas na Seção 3.1 através de figuras e formas de onda coletadas. A Seção 3.2 até Seção 3.7 avaliam a resposta dinâmica das malhas de controle frente a variações positivas e negativas da referência de corrente, referência de tensão e variações na corrente de carga. A Seção 3.8 apresenta o comportamento do entrelaçamento nas correntes dos indutores considerando uma desigualdade entre os indutores. 3.1 Simulação do conversor boost entrelaçado Os resultados de simulação do conversor c.c.-c.c. boost entrelaçado em regime de condução contı́nua são apresentados nesta seção. A Tabela 3.1 apresenta os parâmetros utilizados para o estágio de potência, estes parâmetros seguem os valores utilizados pela Texas no Kit HV SOLAR Digital Controlled C2000 com o objetivo de comparar os resultados alcançados. O ambiente de simulação SIMULINK Matlab com o uso da biblioteca SimPowerSystems agrega recursos gráficos que facilitam a análise e estudo de sistemas de potência, além de permitir a análise das respostas dinâmicas, antecipando possı́veis dificuldades ou problemas que poderiam trazer danos a implementação experimental. A topologia do conversor boost entrelaçado simulado juntamente com os circuitos de controle e medição são apresentados pela Figura 3.1 e Figura 3.2. A Figura 3.3 demonstra a geração dos sinais PWM. Eles são obtidos através 28 Tabela 3.1: Parâmetros do estágio de potência do conversor entrelaçado, retirados do Kit Texas HV Solar Digital Controlled C2000. Parâmetros Vp Vb P L C R fs Valor 100 160 320 160 300 80 100 Unidade V V W µH µF Ω kHz Figura 3.1: Layout do conversor boost entrelaçado simulado no ambiente SIMULINK da comparação entre o sinal modulante ’*ref’ e os sinais de onda triangular, deslocados de 2π radianos, conforme apresenta (PERREAULT; KASSAKIAN, 1997). Portanto, o enn trelaçamento de duas células requer que as mesmas estejam operando na mesma frequência de chaveamento, mas com uma fase deslocada em relação a outra de 180 ◦ , equivalente a Ts = 5µs conforme a geração dos sinais apresentada na Figura 3.3. n Como descrito anteriormente a principal vantagem desta topologia é que a operação intercalada de ”n”células produz um aumento ”n”vezes na freqüência de ondulação da corrente total de entrada e da tensão de saı́da, além de uma redução na magnitude da ondulação de pico por um fator de ”n”, ou seja, atribue-se baixa amplitude e alta Figura 3.2: Esquemático da simulação das malhas de controle no Simulink. 29 frequência de ripple na forma de onda da corrente de entrada. Este processo é visto através da Figura 3.4, nela estão apresentados: o sinal da tensão de saı́da vb, os sinais de comando P W M para cada chave e as correntes nos indutores IL1 , IL2 , que somadas produzem o resultado esperado da corrente resultante de entrada total ILtotal com ripple de corrente reduzido e com uma freqrência equivalente a duas vezes a frequência de chaveamento dos transistores. Com auxı́lio da Tabela 3.1 comprova-se os valores plotados na Figura 3.4, além disso, permite o cálculo da corrente média de saı́da e entrada e em cada um dos indutores, como mostrado na Equação(3.1), Equação(3.2) e Equação(3.3). Figura 3.3: Sinal do PWM, triangulares defasadas de 180 ◦ . Ib = Pb = 2A Vb Ip = ILtotal = (3.1) Ib = 3, 2A 1−D Il1 = 1, 6A e Il2 = 1, 6A (3.2) (3.3) O ripple de corrente nos indutores é 2,62A e se apresenta na corrente total de entrada como 1, 31A, já a frequência do ripple nos indutores é de 100kHz, enquanto que na corrente total de entrada é o dobro, conforme Figura 3.4. O ripple de tensão do barramento de saı́da apresenta um componente de alta frequência, isto é, igual ao dobro da frequência de chaveamento, reduzindo assim o filtro 30 Figura 3.4: Corrente total ILt , corrente nos indutores IL1 , IL2 e o ripple na tensão de saı́da Vb . de saı́da, conforme mostra Figura 3.5. Figura 3.5: Tensão de saı́da Vb e detalhe do ripple de tensão no barramento c.c. O controle do conversor boost entrelaçado, proposto neste trabalho, tem como finalidade garantir que a tensão de saı́da vb seja constante e atinja o valor de referência desejado, mesmo que ocorram variações da corrente de carga e/ou da tensão de alimentação de entrada. A Seção 3.2 até a Seção 3.7 avaliam o desempenho dos controladores das malhas de corrente e de tensão frente a variações positiva e negativa da referência de corrente, variações positiva e negativa da referência de tensão. Também é estudado o comportamento do conversor com relação às variações positiva e negativa da corrente de carga. 31 3.2 Degrau positivo aplicado a referência de corrente Esta etapa da simulação tem o objetivo de testar a resposta dinâmica da malha de corrente, portanto, a malha de tensão é desligada no circuito. A estabilidade e velocidade do controlador de corrente é fundamental para a regulação de corrente, tendo em vista que sua saı́da determina diretamente os tempos de chave aberta e chave fechada, ou seja, a razão cı́clica. A Figura 3.6 evidencia o entrelaçamento entre os indutores e a corrente IL1 e IL2 , além de mostrar a dinâmica de resposta do controlador de corrente (variação do duty cycle) com a alteração do tempo de chave fechada no circuito PWM garantindo a regulação da corrente ILtotal de entrada. Figura 3.6: Correntes nos indutores IL1 , IL2 , ILtotal e os sinais PWM respectivos, durante a variação da referência de corrente. O sinal ILtotal é amostrado e apresentado na Figura 3.7 sendo ele ILmed , a resposta do controlador é rápida para o instante de aplicação do degrau de 3,2A para 5,2A. A inexistência de um controle da tensão no barramento c.c. produz a subida do duty cycle até o carregamento completo do capacitor. A corrente ILt possui o dobro da frequência das correntes nas bobinas, no entanto, sua amostragem é realizada a f s = 50kHz. Isto ressalta a importância da amostragem sı́ncrona na reconstrução da corrente média IL , conforme ilustra a Figura 3.8. Este conversor trabalha com o controle da corrente média ILt , portanto, o sinal de corrente deve ser coletado na metade da subida da corrente no indutor, isto é realizado 32 Figura 3.7: Simulação da resposta da malha de corrente frente a variação no sinal de referência Iref de 3, 2A para 5, 2A. amostrando o sinal sempre na passagem da triangular pelo zero (vale), o que corresponde a metade do perı́odo de PWM1 ligado, conforme indica a Figura 3.8. Este processo é denominado de amostragem sı́ncrona e é muito utilizado em aplicações como conversores estáticos. 33 Figura 3.8: Demonstra a técnica ”leading triangle”, ou seja, a corrente é amostrada na metade do perı́odo de chave fechada. 3.3 Degrau negativo aplicado a referência de corrente A aplicação de um degrau negativo à referência de corrente também é feita com objetivo de testar a resposta do controlador ao degrau, sem a influência da malha de tensão, que nesta simulação é desconectada. A Figura 3.10(a) mostra o sinal amostrado de Imed para o instante de mudança da referência de corrente, variando de 5, 2A para 3, 2A. A Figura 3.9 destaca este mesmo momento para as corrente Il1 e IL2 nos indutores de entrada. Pode ser visto que o controlador de corrente atua de forma rápida sem apresentar sobressinal significativo com a aplicação do degrau, a corrente média ILtotal segue então a referência e os limites de saı́da são garantidos. Pela análise da Figura 3.10(b) percebe-se um pequeno atraso entre o sinal de referência e a corrente medida, este atraso está ligado ao instante de amostragem do sinal de corrente, conforme mostra a Figura 3.10(b) 34 Figura 3.9: Demosntra as correntes nas bobinas IL1 , IL2 , o entrelaçamento ILtotal e os sinais PWM respectivos, durante a variação da referência de corrente aos 15ms. (a) (b) Figura 3.10: Sinais amostrados de corrente para o controlar Ci(s) ?? Corrente ILmed e referência Iref , saı́da do controlador (duty cycle). (b) Ampliação do instante de variação da referência de corrente. 3.4 Degrau positivo de referência de tensão. A simulação do degrau positivo na referência de tensão para malha externa, considera o conversor em estado estacionário, sendo Vb regulado em 160V na saı́da, operando em regime de condução contı́nua. A Figura 3.11 apresenta o instante em que o circuito é energizado, uma tensão de 140V é précarregada no capacitor considerando T 0 = 0, após atingido regime estacionário a referência de tensão no instante T 1 = 15ms recebe um degrau de 15% da tensão nominal. A resposta da malha de corrente é rápida e pode ser vista pela Figura 3.12. A Figura 3.12 mostra o comportamento das correntes entrelaçadas nas bobinas Il1 e IL2 no instante de variação da referência de carga, a Figura 3.15 também mostra para 35 Figura 3.11: Tensão de saı́da Vb e as correntes nos indutores IL1 , IL2 e o entrelaçamento ILt após um degrau de 15% na referência de tensão. Figura 3.12: Comportamento das correntes nas bobinas IL1 ,IL2 e o entrelaçamento ILt para o instante de variação na referência de tensão. este mesmo instante a variação do duty cycle e os sinais triangulares defasadas de 180 ◦ . A Figura 3.13 apresenta a resposta do controlador de tensão Gv(s) a variação da referência de tensão. É importante ressaltar que a saı́da deste controlador gera o sinal de referência para o controlador de corrente, portanto, o limite máximo de corrente admitido (8,08A) para corrente de entrada é garantido pela saturação do controlador Gv(s). A malha de tensão é também responsável por garantir a dinâmica da tensão de saı́da e o erro nulo, o que foi alcançado com a presença de um baixo sobressinal 4, 5V e um tempo de acomodação de aproximadamente 9ms. Do mesmo modo o controlador de corrente Gi(s) garante que sua saı́da não será superior ou inferior aos valores máximos e mı́nimos da portdora do modulador por largura 36 de pulso (PWM) e contribui para o erro nulo, como é apresentado pela Figura 3.14. Figura 3.13: Sinais Vref , Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de variação da referência de tensão. A corrente de entrada é a soma das duas correntes nos indutores, IL1 e IL2 , Figura 3.12, o efeito do deslocamento de fase nas correntes dos indutores provoca a anulação mutua e a redução do ripple na corrente de entrada. Portanto, o melhor instante de cancelamento ocorre para razão cı́clica igual a 50% onde a soma das duas correntes de diodo se aproxima a c.c. Considerando os instantes de variação do duty cycle apresentados pela Figura 3.15 pode-se comprovar pela Figura 3.12 o baixo ripple apresentado na corrente ILtotal na resposta ao degrau. 37 Figura 3.14: Sinais de entrada do controlador de corrente iref, imed e saı́da Reg.PI para o instante de varição da referência de tensão T1=15ms. Figura 3.15: Sinal PWM para o instante de variação da referência de tensão. 38 3.5 Degrau negativo aplicado a referência de tensão A simulação do degrau negativo na referência de tensão, considera o conversor em estado estacionário, sendo Vb regulado em 160V na saı́da, operando em regime de condução contı́nua. A Figura 3.16 apresenta o instante em que o circuito é energizado, uma tensão de 140V é précarregada no capacitor considerando T 0 = 0, após atingido regime estacionário a referência de tensão no instante T 1 = 15ms recebe um degrau negativo de 15%. Figura 3.16: Tensão de saı́da e corrente nos indutores IL1 ,IL2 e ILtotal A simulação do conversor boost entrelaçado para este trabalho leva em consideração o circuito utilizado pelo Kit texas HV SOLAR digital Controlled C2000. Neste kit a saı́da do conversor boost entrelaçado alimenta um conversor isolado half bridge ressonante LLC. Portanto, o barramento c.c. de saı́da do conversor boost entrelaçado foi montado com um banco de capacitores de valor elevado. A presença deste capacitor no barramento de saı́da determina a dinâmica do circuito no que se refere ao tempo de carga e descarga do capacitor. A Figura 3.17 mostra a resposta do controlador de tensão durante a alteração da referência de tensão, uma constante de tempo RC alta deixa a resposta do sistema lenta. No entanto, o controlador Gv(s) manteve o limite inferior (não existe corrente negativa na bobina para boost)e superior na geração do sinal de referência para o controlador de corrente, conforme mostra Figura 3.17. A Figura 3.18 mostra a resposta do controlador de corrente, durante o perı́odo 39 de aplicação do degrau negativo, a referência vinda do controlador de tensão Gv se torna zero, e o controlador de corrente diminui o perı́odo de chave fechada, conforme Figura 3.19, transferindo menos energia do indutor para o capacitor e carga. Figura 3.17: Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de variação da tensão de referência. 40 Figura 3.18: Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, Imed e saı́da Reg.PI. Figura 3.19: Sinal PWM para as chaves, variação do duty cicle para o instante de variação da referência de tensão. 41 3.6 Degrau negativo de carga resistiva O objetivo primordial deste conversor é regular a tensão de saı́da no valor desejado de 160V independente de influências externas que poderão ocorrer tais como variações de carga e variações da tensão de alimentação. Esta perturbação levará o controlador a um novo ponto de operação estabelecendo assim a regulação da tensão de saı́da. A Figura 3.20 apresenta a variação na tensão de saı́da para uma variação negativa de carga no instante T1(15ms). Este degrau de carga é calculado levando em consideração a manutenção do conversor em regime de condução contı́nua, para isso a corrente média no indutor e na saı́da são identificados, conforme Equação(3.4) e Equação(3.5). Estas equações demonstram que para um dado valor de duty cycle D se obtém o valor mı́nimo para operação em regime de condução contı́nua da corrente média na saı́da e na entrada, o gráfico considerando todos os valores de duty cycle é apresentado por (MOHAN; UNDELAND, 2007). Portanto, o valor utilizado neste trabalho não excede a Rcrit , sendo Rstep = 96Ω representando 20% da carga nominal. Figura 3.20: Gráfico da tensão de saı́da Vb e das correntes nos indutores IL1 , IL2 e corrente total ILt para o instante de variação da corrente de carga. 42 ILB = Ts Vb D(1 − D) 2L (3.4) IbB = Ts Vb D(1 − D)2 2L (3.5) Rcrit = Vb = 102.4Ω 2IbB (3.6) A Figura 3.21 mostra a ação e resposta do controlador na malha de tensão indicando a variação de tensão do barramento de saı́da frente à redução da corrente no instante de 15ms. É interessante observar que a saı́da do controlador de tensão é a referência de corrente para o circuito e segue os valores pré calculados. O sobressinal máximo observado é de 0, 75V olts em relação a referência, com tempo de acomodação de aproximadamente 9ms. Figura 3.21: Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de entrada de carga T1=15ms. A Figura 3.22 mostra o comportamento da malha de corrente, pode-se observar que a corrente no indutor segue a referência e o controlador não apresenta sinais de saturação. A saı́da do regulador de corrente é a razão cı́clica ou duty cycle que varia em função do controle da corrente média. 43 Figura 3.22: Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, Imed e saı́da Reg.PI para o instante de entrada de carga T1=15ms. 3.7 Degrau positivo de carga resistiva A simulação foi relizada considerando o conversor em regime permanente, sendo Vb regulado em 160V na saı́da, operando em regime de condução contı́nua, as correntes nos indutores correspondem a 1, 6A e a corrente de saı́da a 3, 2A. A partir do instante T 1 = 15ms provoca-se através do arranjo em Dj1 e Rload , Figura 3.1, o aumento da corrente de carga do circuito, através da alteração do valor do resistor de 80Ω para 64Ω, seguindo o mesmo nı́vel de variação calculado na Seção 3.6. A Figura 3.23 apresenta o instante onde ocorre a variação de tensão no barramento de saı́da em função do aumento da corrente de carga, o valor máximo de queda percebido é de 0, 79V e um tempo de acomodação de aproximadamente 8ms, este aumento da corrente de carga, provoca uma alteração no valor da corrente total dos indutores para 4A, sendo 2A por célula e 2, 5A de corrente de saı́da. A forma de onda das correntes entrelaçadas durante o perı́odo de variação da carga e regulação do sistema também é apresentada pela Figura 3.23. A Figura 3.24 apresenta o sinal amostrado de tensão Vb utilizado pelo controlador de tensão, a saı́da do controlador de tensão é o sinal de referência de corrente para malha de corrente, o controle observado neste instante apresenta uma regulação suave sem saltos, oscilações bruscas ou saturação do controlador, a referência de corrente para os indutores passa de 3,2A para 4,03A atingindo o regime permanente em aproximadamente 44 Figura 3.23: Gráfico da tensão de saı́da Vout e das correntes nos indutores IL1 , IL2 e da corrente total ILt para o instante de variação da corrente de carga. Figura 3.24: Sinais de entrada do controlador de tensão Vref, Vmed e saı́da Reg.PI para o instante de saı́da de carga T1=15ms. 8ms. A saı́da de Gv também garante os limites máximos de corrente, para que não se supere o limite de corrente na entrada do conversor, além disso, mantém sempre positiva a corrente de referência em sua saı́da, tendo em vista que não existe corrente negativa no indutor. 45 A dinâmica do controlador Gi(s) é apresentada na Figura 3.25, este controlador busca o erro nulo entre os sinais de ILref (corrente de referência) e Itmed (corrente total medida), ele atua diretamente na razão cı́clica (duty cycle) e como apresentado, também garante, que os valores de saı́da não são superiores aos limites máximos e mı́nimos da portadora do modulador por largura de pulso PWM. Figura 3.25: Sinais de entrada do controlador de corrente Iref, medição da corrente Imed e saı́da Reg.PI para o instante de redução de carga T1=15ms. A Figura 3.26 mostra a resposta do controle de tensão no barramento de saı́da frente a variação da corrente de carga aos 15ms e 30ms respectivamente. O comportamento da corrente nos indutores IL1 e IL2 e a corrente total entrelaçada também é apresentada. 46 Figura 3.26: Ripple de tensão e corrente de saı́da. 3.8 Efeito das variações paramétricas dos indutores A repartição das correntes nos indutores do conversor boost entrelaçado é dependente da igualdade dos valores dos indutores do conversor. Uma dispersão grande no valor dos indutores provoca uma repartição desigual da corrente nos indutores podendo levar um deles à saturação. O comportamento do conversor boost entrelaçado foi simulado, considerando uma variação nos valores dos indutores de ±10%. O valor dos indutores L1 e L2 , conforme a Figura 3.27 são 165uH e 135uH respectivamente e a Figura 3.27 mostra os resultados das correntes nos dois indutores e na corrente total de entrada. Nesta simulação foi considerado um resistor de carga de 80Ω e a aplicação de um degrau na referência de tensão de 135V para 175V . Como pode ser vista na Figura 3.27, as correntes nos indutores L1 e L2 não se repartem igualmente, principalmente no transitório de variação da referência da tensão. A Figura 3.28 mostra um detalhe da repartição da corrente logo após a aplicação do degrau da referência de tensão. Como pode ser visto a corrente nos indutores se distribuem desigualmente. A corrente média é menor no indutor de maior valor, neste caso no indutor L1 . A Figura 3.29 também mostra um detalhe da corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada onde podemos notar que além da desigualdade das correntes médias nos indutores, podemos observar também que a ondulação da corrente em cada indutor é diferente. 47 Figura 3.27: Corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada para diferentes indutores L1 e L2 Existem duas soluções para melhorar a repartição da corrente nos indutores do conversor boost entrelaçado. A primeira solução consiste em acrescentar uma malha de controle da corrente para cada indutor e a segunda solução é o acoplamento dos dois indutores em um mesmo núcleo magnético. A desvantagem da primeira solução é o custo adicional de dois sensores de corrente e a maior complexidade no projeto dos controladores das malhas de corrente. A segunda solução tem a vantagem de não necessitar de nenhum componente adicional, reduzindo assim o custo, mas o projeto do indutor é mais complexo envolvendo a utilização de ferramentas computacionais de elementos finitos. As seguintes seções apresentam os resultados de simulação para o caso apresentado de desigualdade dos indutores de entrada do conversor boost entrelaçado. 48 Figura 3.28: Detalhe da corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada Figura 3.29: Detalhe da corrente nos indutores L1 , L2 e na entrada 49 3.8.1 Primeira solução: malhas de controle da corrente em cada indutor A Figura 3.30 mostra um detalhe das formas de onda da corrente nos indutores iL1 e iL2 . Podemos observar que embora os valores médios sejam iguais, a ondulação da corrente em cada um dos indutores é diferente. Esta diferença na ondulação das correntes afeta diretamente na forma de onda da corrente total na entrada. A Figura 3.31 mostra o espectro harmônico da corrente na entrada do conversor, corrente esta que é a soma das correntes nos indutores, para a situação em que os dois indutores são iguais. Na composição harmônica aparecem os harmônicos pares e uma componente contı́nua. Figura 3.30: Detalhe da corrente nos indutores L1, L2 e na entrada para indutores diferentes A Figura 3.32 mostra o espectro harmônico da corrente de entrada do conversor para o caso em que os dois indutores de entrada não são iguais. Podemos observar o aumento significativo dos harmônicos ı́mpares, particularmente do fundamental, que afetam o dimensionamento do capacitor de saı́da. 50 Figura 3.31: Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores L1 e L2 iguais. Figura 3.32: Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores L1 e L2 diferentes. 51 3.8.2 Segunda solução: acoplamento dos indutores Figura 3.33: Acoplamento entre os indutores do conversor boost entrelaçado. A segunda solução consiste em acoplar os dois indutores em um mesmo circuito magnético, formando assim um transformador interfase (LEE et al., 2000; KOSAI et al., 2009), conforme mostra Figura 3.33. Nesta aplicação, a indutância de entrada do conversor é a indutância de dispersão deste transformador interfase. A Figura 3.34 mostra as formas de onda da corrente nos dois indutores e na entrada do conversor boost. Podemos observar que as correntes nos dois indutores são idênticas, apesar dos comandos dos transistores estarem defasados de 180 ◦ devido ao entrelaçamento. A Figura 3.35 mostra o espectro harmônico da corrente de entrada do conversor “Boost” mostrando que não existem os harmônicos ı́mpares. O primeiro harmônico é o segundo harmônico responsável pelo entrelaçamento das correntes do conversor. Figura 3.34: Detalhe da corrente nos indutores L1 e L2 acoplados iguais. 52 Figura 3.35: Espectro harmônico da corrente na entrada para indutores acoplados. 3.9 Considerações finais Neste capı́tulo foram apresentados os resultados para simulação do conversor boost entrelaçado no ambiente Simulink Matlab, a parametrização dos componentes segue os valores utilizados para o Kit texas HV Solar Digital Controller C2000, os resultados apresentados demonstram a geração do sinal PWM com defasamento de 2π = 180 ◦ esn tratégia, como comprovada pelo registro nos gráficos da corrente de entrada e tensão de saı́da, contribui para o aumento da frequência e diminuição da amplitude do ripple por um fator ‘’n” diretamente proporcional ao número de células utilizado. A resposta das malhas de corrente e tensão também são apresentadas, mediante a aplicação de degrau de carga, corrente e a variação de referência de tensão respectivamente. As respostas encontradas apresentaram valores satisfatórios com pequeno sobressinal e tempo de acomodação reduzido, o que evidencia a qualidade dos controladores projetados. Também foi apresentado o comportamento do conversor boost entrelaçado diante de variações nos valores dos indutores, as soluções para se minimizar ou cancelar a distribuição desigual da corrente foram apresentadas e simuladas. 53 Capı́tulo 4 Resultados Experimentais Neste capı́tulo serão apresentados os resultados obtidos com a implementação do conversor boost entrelaçado no Kit texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo DSP TMS28035. A técnica de sincronização/modulação leading triangle também é apresentada e discutida. 4.1 Implementação digital do controlador O Kit Digitally Controlled HV Solar MPPT DC-DC Converter elaborado pela texas tem como objetivo a implementação de conversores c.c.- c.c. e c.c. - a.c. digitalmente controlados, utilizando os recursos da famı́lia C2000 Piccolo-B. Dentro da topologia apresentada pela Figura 4.1(b) encontra-se um estágio c.c. - c.c. composto por um conversor boost entrelaçado trabalhando com algorı́tmo de rastreamento do máximo ponto de potência (MPPT) para utilização da capacidade total de um painel solar de 500W. Ele mantém sua tensão de entrada no ponto de ajustado pelo algoritmo de MPPT e fornece energia ao inversor c.c-c.a; quando conectado através de sua saı́da. O conversor c.c. - a.c. transfere a energia a partir do c.c. - c.c. para uma emulated grid. Este trabalho, portanto, utiliza apenas a montagem do conversor boost entrelaçado para coletar os resultados deste estudo, os outros itens como MPPT, conversor c.c.-a.c. (meia ponte isolada LLC ressonante) não são tratados aqui. A Figura 4.2 mostra o fluxo dos sinais para o controle na implementação do conversor boost entrelaçado. Contém nesta estrutura os principais sinais: A tensão de saı́da do conversor V b f b, amostrada através do canal ADC (ADCDRV 1ch : 2), o sinal de referência V b ref e por fim o controlador de tensão Gv (CN T L2P 2Z : 2) que possui a forma de dois pólos e dois zeros (2P 2Z) contribuindo assim para a regulação da tensão no 54 (a) (b) Figura 4.1: Kit Texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo (a) Foto real da placa e (b) Diagrama blocos do funcionamento. barramento de saı́da. A malha mais interna utiliza também como estrutura principal: a saı́da do controlador Gv (Boost IL cmd) como referência de corrente, a corrente medida Iind ref através da amostragem ADC(ADCDRV 1ch : 1), o sinal de saı́da (DutyA) que é a razão cı́clica utilizada pelo bloco PWM (P W M DRV 1chU pDwnCnt : 1 2), responsável pela geração defasada dos sinais de gate drive para as chaves. Figura 4.2: Blocos de programação para biblioteca Dplib Para o projeto no code composer CCS foi utilizada a biblioteca C28x Digital Power Library - Dplib, nela estão os ábacos contendo os códigos para PWM (PWMDRV 1chUpDwnCnt), ADC(ADCDRV1ch),controladores(CNTL 2P2Z) entre outros. Neste formato o programa faz uso principalmente do “Cbackground/ASM-ISR”. As interrupções ISR mais rápidas (50kHz) são desenvolvidas em assembly e as mais lentas (10kHz) em 55 ambiente C. As aplicações mais rápidas incluem a leitura de valores de ADC, cálculos de controle e atualizações de PWM. O uso de microprocessadores no controle de sistemas digitais tem criado não apenas uma nova oportunidade devido a sua capacidade de processamento, mas também uma necessidade para certas aplicações. Os mecanismos de controle já foram implementados de forma mecânica, pneumática, eletromecânica e até meados dos anos 80 eram concebidos em sua maioria através de recursos eletrônicos, com o uso de componentes como resistores, capacitores e amplificadores-operacionais. Contudo, aprimoradas as dificuldades encontradas nos métodos anteriores e pela diminuição dos custos de hardware os microprocessadores e sistemas digitais recebem atualmente destaque no ambiente acadêmico e indústrial, atribuı́ndo vantagens significativas ao processo, entre elas (BUSO; MATTAVELLI, 2006) cita: (i) baixa sensibilidade a variações dos parâmetros; (ii) redução do número de componentes passivos; (iii) possibilidade de implementação de controles avançados, proteção e algoritmos de calibração e (iv) flexibilidade, o que permite modificar o projeto das estratégias de controle, ou reprogramá-lo totalmente sem precisar fazer modificações significantes no hardware. Figura 4.3: Diagrama esquemático de uma entrada ADC O circuito de conversão do sinal contı́nuo para a forma digital é denominado Analog-to-Digital Converter ADC, além do ADC o dispositivo Sample/Hold (S/H) é muito importante, pois garante que o sinal analógico, no instante da conversão para sinal digital, não apresente resı́duos e variações, evitando assim erros na representação do mesmo. O diagrama deste circuito é mostrado na Figura 4.4, seus parâmetros são: capacitância parasita Cp = 5pF , resistência da fonte Rs = 50Ω, sampling capacitor Ch = 1, 6pF , resistência da chave Ron = 3, 4kΩ. Portanto, para que o DSP possa tratar um sinal analógico, primeiramente ele deve ser discretizado, passando pelos processos de amostragem e quantização, o DSP TMS28035 possui o núcleo do ADC contendo um único conversor de 12 bits, alimentado por dois circuitos de amostragem e retenção. Os circuitos S/H podem ser amostrados, em simultâneo ou sequencial, sendo alimentados por um total de até 16 canais de entradas analógicas. Para montagem do conversor boost entrelaçado neste trabalho utiliza-se 3 en56 Figura 4.4: Circuito de entrada para ADC no DSP TMS28035 tradas analógicas, para medição da tensão de entrada Vpf b , tensão de saı́da Vbf b , e corrente total IL , o módulo do driver ADC converte o resultado ADC de 12 bits para um valor Q24 32bits. Pela teoria de Nyquist é recomendado que a freqüência de amostragem fosse maior que duas vezes a freqüência máxima do espectro desse sinal, então as amostras conteriam toda a informação do sinal original, o que possibilitaria sua posterior reconstrução com mı́nimo de perdas de informação. No entanto, em aplicações como conversores estáticos é possı́vel que a freqüência de amostragem e comutação sejam iguais ou relacionadas por um número inteiro, o que caracteriza uma amostragem sincronizada. Apesar da inconsistência, o que se esperaria era o efeito aliasing, ao contrário disso é normalmente vantajoso para o desempenho do controle a utilização da sincronização (BRAGA, 2008). As perdas inerentes ao processo de amostragem são função da taxa de amostragem e do instante em que as amostras são coletadas, portanto, a sincronização basicamente consiste em coletar essas amostras para cada perı́odo de comutação em um local predeterminado do sinal. Para o controle de corrente média a amostragem sı́ncrona permite a reconstrução do valor médio da corrente no indutor, amostrando o sinal na metade da subida da corrente no indutor, quando SW1 está ligado, conforme ilustrado na Figura 4.5 este instante corresponde a P W M 1A ON , o valor da coleta neste ponto representa a corrente média no indutor iL para o modo de condução contı́nua. Esta técnica de sincronização/modulação é denominada leading triangle e é apresentada por (BRAGA, 2008)como a mais adequada para este processo. É importante observar que para os casos onde existe um apropriado sincronismo entre a frequência de comutação e amostragem, o sinal reconstruı́do não apresenta o efeito aliasing, no entanto, se as frequências aplicadas forem diferentes e levemente desincroni57 zadas, componentes de baixa frequência (efeito aliasing) aparecerão no sinal reconstruı́do. A grande maioria dos DSP’s designados para esta aplicação dispõe de sistemas DPWM ( Digital Pulse Width Modulation) dotados de comparadores digitais e contadores binário capazes de substituir o tradicional PWM por sistemas digitais sincronizados. Figura 4.5: Estratégia de controle e medição das entradas ADC para implementação de um conversor boost entrelaçado utilizando TMS28035. A Figura 4.5 contém a estratégia utilizada para parametrização e funcionamento do circuito de potência do conversor boost entrelaçado, além disso ela descreve a forma com que o controlador TMS28035 foi programado. O primeiro passo é a corrente no indutor que é amostrada no ponto médio do P W M 1A ON assim o valor da coleta representa a corrente média no indutor para o modo de condução contı́nua, as outras duas conversões de sinal de tensão Vpf b e Vbf b também são iniciadas neste momento. Neste caso ePWM1 é usado como uma base de tempo para gerar um inı́cio de conversão (SOC) de disparo quando o TBCNT1 chega a zero. A conversão do ADC simulado é realizada neste ponto, a fim de assegurar a integridade dos resultados ADC. Tipicamente a conversão A/D é iniciada pelo sinal de interrupção do registrador (contador) e após realizadas as conversões há outra interrupção que redireciona o processador para a função que realiza o controle. Os sinais de PWM são gerados em uma frequência de 100kHz, isto é, um perı́odo de 10us, com o controlador operando a 60 MHz, a contagem para base de tempo de 58 ePWM1 corresponde a 16.6667ns e 600 contagens na base de tempo do counter (TBCNT1, TBCNT2). Os módulos ePWM1 e ePWM2 estão configurados para operar no modo de up-down, todo este processo é apresentado na Figura 4.5. Para o evento 00 CAU 00 LIGADO (TBCNT1=CMPA e count up), saı́da EPWM1A é resetada, evento 00 CAD00 LIGADO (TBCNT1=CMPA e count down), saı́da EPWM1A recebe o set. Registro EPWM2A é configurado da mesma forma, mas com defasamento de 180 ◦ . O valor do CMPA é função do duty cycle gerado em Q24. Todas as conversões são completadas utilizando o SOCA trigger. O módulo ADC é configurado para usar SOCA do Epwm1 tal que, SOCA é trigado quando evento TBCNT1=ZERO. Estes três resultados da ADC são lidos na interrupção ISR executando o módulo ADC de 50kHz. Um mecanismo de proteção contra sobretensão é implementado no software, através da utilização do DAC, a inicialização da tensão será referênciada no chip. Para o caso de uma sobretensão a saı́da do PWM será limitada pulso a pulso utilizando o registro “TZ” (trip zone). Como a tensão máxima a ser lida, pelo Kit da texas HV Solar C2000, tanto em sua entrada quanto na saı́da, é de 511 Volts um divisor de tensão como mostrado na Figura 4.6(a) é projetado para condicionar o sinal aos 3,3Volts da entrada ADC permitida. A corrente total iLt é medida através de um shunt 0.01Ω, como mostra Figura 4.6(b), o valor máximo a ser medido de corrente é de 8,8A, considerando o limite da ADC de 3,3Volts e o ganho de 37,3 do circuito. 59 (a) (b) Figura 4.6: Circuito de condicionamento de sinal para as entradas ADC do Kit Texas HV SOLAR Digital Controlled C2000 Piccolo (a) Divisor de tensão e (b) Shunt de medição de corrente total. 4.2 Implementação controlador digital O controlador proposto foi projetado em regime contı́nuo, no domı́nio s, e posteriormente discretizado mapeando a sua função de transferência no domı́nio z. Este método foi escolhido por utilizar técnicas de controle linear e métodos convencionais. Portanto, para se realizar a conversão de uma função contı́nua, representada por uma função de transferência no domı́nio s, para uma função discreta representada por uma função transferência no domı́nio z, deve-se adotar uma aproximação discreta da função continua (BUSO; MATTAVELLI, 2006). Entre os métodos que mapeiam o domı́nio s no domı́nio z (MATHWORKS, •). Optou-se pela discretização com aproximação de Tustin ou também chamado como bilinear, esta aproximação mapeia o semiplano esquerdo do domı́nio complexo s dentro do cı́rculo unitário do domı́nio z, garantindo ao mesmo tempo em que uma realização estável no domı́nio s é estável no domı́nio z e que uma realização estável no domı́nio z é estável no domı́nio s. A função de transferência Gc(z) pode então ser expressa pela Equação(4.1), em que E(z) é a entrada do controlador e U(z) é a saı́da. 60 PM − U (z) i=0 bi z 1 Gc (z) = = PM − E(z) i=0 ai z 1 (4.1) Este sistema representa um controlador de segunda ordem com 2 pólos 2 zeros, usando uma estrutura de filtro IIR com a saturação de saı́da programável. Este tipo de controlador requer duas linhas de atraso: uma para os dados de entrada e outra para saı́da de dados, cada uma composta por dois elementos. A função de transferência discreta para o controlador 2P2Z é mostrada na Equação(4.2). b 2 z − 2 + b1 z − 1 + b0 U (z) = E(z) 1 − a1 z − 1 + a2 z − 2 (4.2) Na forma de equações de diferenças, u(k) = a1 u(k − 1) + a2 u(k − 2) + b0 e(k) + b1e(k − 1) + b2 e(k − 2) (4.3) A Equação(4.4) pode ser representada por um diagrama de blocos, mostrado na Figura 4.7 Figura 4.7: Diagrama de blocos representativo do controlar digital A forma recursiva do controlador PID é dada pela equação de diferenças: 61 u(K) = a1 u(k − 1) + b0 e(k) + b1e(k − 1) + b2 e(k − 2) (4.4) b0 = kp + ki + kd b1 = −kp + ki − 2kd b2 = kd E a função de transferência do PID no domı́nio z b 2 z − 2 + b1 z − 1 + b0 U (z) = E(z) 1 − a1 z − 1 4.3 (4.5) Formas de onda coletadas O conversor boost entrelaçado foi então implementado utilizando o DSP Piccolo TMS28035 em conjunto com o Kit texas HV Solar Digital Controlled C2000. As respostas para a implementação experimental são demonstradas nesta seção. A Figura 4.8 mostra o instante de aplicação de um degrau de 50V na referência da malha externa de tensão, o sistema se comporta de forma estável, sem apresentar sobressinal e um baixo tempo de acomodoção. A corrente também cresce pelo aumento da potência 2.4A para 5.4A. A carga é mantida constante em todo ensaio. Figura 4.8: Degrau gerado na referência de tensão. 62 Em um segundo momento foi aplicado o teste reverso, e percebe-se que a tensão tem um comportamento lento em função do banco de capacitores no barramento de saı́da, a malha interna responde de forma rápida mas a constante de tempo de descarga que rege o sistema. Figura 4.9: Degrau na malha de tensão, escala de 50V/div; A Figura 4.10 demonstra o defasamento de 180 ◦ entre as saı́das dos sinais ePWM1 e ePWM2 gerados pelo DSP TMS28035, o deslocamento entre as formas de onda e um é confirmado em 5us considerando um perı́odo de chaveamento 10us, isto é, 2pi n deslocamento Tns . Figura 4.10: Defasamento entre os sinais do PWM1 e PWM2 gerados pela saı́da do DSP TMS28035 A Figura 4.11 demonstra forma de onda do ripple de tensão na saı́da, como 63 apresentado acima percebe-se um ripple baixo e de alta frequência, o que contribui para diminuição do capacitor de saı́da. Figura 4.11: Ripple de tensão no barramento de saı́da. A Figura 4.12 mostra o momento em que a chave SW1 é ligada e desligada pelo comando PWM,percebe-se que o conversor está trabalhando em regime de condução contı́nua. Figura 4.12: Sequência de disparo para chave Q1 O resultado da topologia boost entrelaçada é então demonstrada pela Figura 4.13, as correntes iL1 e iL2 estão defasadas 5us e no somatório destas correntes ocorrerá a diminuição do ripple e a duplicação da frequência. O defasamento entre as corrente il1 e il2 64 promove com o somatório das correntes uma diminuição do ripple da corrente iLtotal mantendo -se a mesma frequência de comutação de 100kHz para as chaves semicondutoras. Figura 4.13: Corrente IL1 e IL2 nas bobinas do conversor 4.4 Considerações Finais Este capı́tulo esboçou os itens fundamentais a se ter atenção durante a implementação do conversor boost entrelaçado no processador TMS28035, entre os pontos citados o de maior relevância está na realização da amostragem sı́ncrona, para o controle de corrente média, que permite a reconstrução do valor médio da corrente no indutor, amostrando o sinal na metade da subida da corrente no indutor, isto é, quando existe um apropriado sincronismo entre a frequência de comutação e amostragem, o sinal reconstruı́do não apresenta o efeito aliasing. Outro tópico abordado diz respeito à implementação do controlador digital, obteve-se a função de transferência discreta para o controlador de dois pólos e dois zeros utilizando a aproximação bilinear, a equação de diferenças foi encontrada e os parâmetros do controlador identificados, permitindo assim sua implementação em um DSP. A parametrização dos componentes ADC’s, PWM’s, DAC’s,GPIO’s do DSP TMS28035 são itens pertinentes a cada aplicação e seguem datasheet do fabricante 65 Capı́tulo 5 Considerações Finais 5.1 Conclusões O estudo da topologia de entrelaçamento permitiu demonstrar que o aumento do número de células de potência, mantendo-se a mesma frequencia de chaveamento, promove o aumento da frequencia de ripple, tanto na entrada de corrente como na tensão de saı́da. Além disso, a ligação em paralelo das bobinas na entrada operadas no modo entrelaçado provoca a redução por ”n”( sendo ”n”o número de células em paralelo) da magnitude dos ripples, tendo em vista que a corrente de saı́da do capacitor é agora a soma das duas correntes no diodo, I1 + I2 , menos a corrente c.c. de saı́da, o que reduz a ondulação na saı́da e possibilita o uso de capacitores menores. O uso de entrelaçamento para”n”indutores em paralelo na entrada promove seu redimencionamento possibilitando a redução do peso, tamanho e custo destes componentes. O conversor boost entrelaçado também apresenta outras vantagens se comparado ao conversor boost convencional. Nesta nova topologia ocorre a redução do efeito do zero no semiplano direito (graças a diminuição dos valores dos elementos passivos e aumento da frequência de chaveamento), a diminuição dos efeitos EMI, a simplificação do projeto de filtros, a redução das perdas nas etapas de filtragem e comutação, além de apresentar melhor reposta aos transientes e maior confiabilidade ao sistema. A simulação utilizando o ambiente Matlab simulink atribuiu vantagens significativas para o desenvolvimento do projeto, através desta ferramenta foi possı́vel comprovar a eficiencia da topologia proposta, além de trabalhar no ajuste dos controladores e na resposta dinâmica do sistema. Nesta etapa foram feitos testes na malha de corrente simulando um degrau no sinal de referência, o que permitiu analisar a resposta dinãmica da malha e o ponto de operação no modo de condução contı́nua. 66 A implementação do conversor boost entrelaçado através do Kit da Texas HV Solar C2000 Piccolo apresentou os resultados esperados para comprovação da literatura apresentada, isto é, o sinal de corrente ILt apresentou o dobro da frequência e com metade da amplitude de ripple. Os resursos de programação, como os àbacos disponibilizados pela biblioteca da texas Dplib contribuem para programação do DSP TMS28035 e são uma solução interessante para aplicações de baixa ciclicidade, tendo em vista que executam as rotinas mais rápidas em Assembler. Portanto, a topologia proposta agrega vantagens significativas principalmente em aplicações de alta potência atribuindo maior eficiência e modularidade ao circuito. 5.2 Sugestões para Trabalhos Futuros A partir da análise apresentada neste trabalho conclui-se que o uso da topologia e estratégia de controle do IBC atribui vantagens significativas, no entanto, aperfeiçoamentos ainda podem ser implementados, dentre os principais podemos citar a utilização de comutação suave e o uso de indutores acoplados. 67 Referências Bibliográficas BRAGA, H. A. C. Controle preditivo de corrente aplicado a um controlador de carga de baterias baseado em conversor cc-cc bidirecional. Dissertação Mestrado em Engenharia Elétrica Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2008. (Citado 4 vezes nas páginas 11, 11, 57 e 57.) BUSO, S.; MATTAVELLI, P. Digital control in power electronics. Lectures on Power Electronics, Morgan & Claypool Publishers, v. 1, n. 1, p. 1–158, 2006. (Citado 2 vezes nas páginas 56 e 60.) CHUNLIU, C.; CHENGHUA, W.; FENG, H. Research of an interleaved boost converter with four interleaved boost convert cells. In: Microelectronics Electronics, 2009. PrimeAsia 2009. Asia Pacific Conference on Postgraduate Research in. [S.l.: s.n.], 2009. p. 396–399. (Citado na página 7.) CREWS, R. An-1820 lm5032 interleaved boost converter. Texas AN-1820, May 2013. (Citado 3 vezes nas páginas 5, 22 e 22.) DORF, R. C.; BISHOP, R. H. Sistemas de controle modernos. [S.l.]: Livros Técnicos e Cientı́ficos, 2001. (Citado na página 24.) ERICKSON, R. W.; MAKSIMOVIC, D. Fundamentals of power electronics. [S.l.]: Springer, 2001. (Citado 2 vezes nas páginas 16 e 16.) HEGAZY, O.; MIERLO, J. V.; LATAIRE, P. Analysis, modeling, and implementation of a multidevice interleaved dc/dc converter for fuel cell hybrid electric vehicles. Power Electronics, IEEE Transactions on, IEEE, v. 27, n. 11, p. 4445–4458, 2012. (Citado 3 vezes nas páginas 1, 7 e 7.) JÚNIOR, P. Conversor CC-CC Boost Entrelaçado Aplicado no Processamento de Energia de Arranjo Solar Fotovoltaico. Tese (Doutorado) — Dissertação de Mestrado, 2011. (Citado 3 vezes nas páginas 15, 71 e 72.) KOLLURI, S.; NARASAMMA, N. Analysis, modeling, design and implementation of average current mode control for interleaved boost converter. In: IEEE. Power Electronics and Drive Systems (PEDS), 2013 IEEE 10th International Conference on. [S.l.], 2013. p. 280–285. (Citado 2 vezes nas páginas 8 e 18.) 68 KOSAI, H.; MCNEAL, S.; JORDAN, B.; SCOFIELD, J.; RAY, B.; TURGUT, Z. Coupled inductor characterization for a high performance interleaved boost converter. Magnetics, IEEE Transactions on, IEEE, v. 45, n. 10, p. 4812–4815, 2009. (Citado na página 52.) LEE, P.-W.; LEE, Y.-S.; CHENG, D. K.; LIU, X.-C. Steady-state analysis of an interleaved boost converter with coupled inductors. Industrial Electronics, IEEE Transactions on, IEEE, v. 47, n. 4, p. 787–795, 2000. (Citado na página 52.) MATHWORKS. 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ISSN 1057-7122. (Citado 3 vezes nas páginas 7, 11 e 29.) POMILIO, J. A. Fontes chaveadas. publicação FEE, 1995. (Citado na página 11.) RASHID, M. H.; RASHID, M. H.; RASHID, M. H. Power electronics: circuits, devices, and applications. [S.l.]: Prentice hall NJ, 1988. (Citado na página 4.) 69 Anexo A Manipulação de matrizes no espaço de estados A Figura A.1 demonstra os dois circuitos equivalentes originados de um perı́odo de comutação para o conversor boost operando em regime MCC. Para simplificação do modelo foram desprezadas nestes circuitos as perdas de condução da chave semicondutora, as perdas no diodo e resistência equivalente série do capacitor. Figura A.1: Circuito equivalente para conversor Boost CC-CC no MCC. (a)Chave fechada - subintervalo D1Ts .(b)Chave aberta - subintervalo D2Ts . Para o primeiro instante de chave fechada, demonstrado pelo circuito da Figura A.1(a), tem-se: VL = L C di dt dv0 V0 =− dt R (A.1) (A.2) Organizando os termos na forma matricial de espaço de estados, seguindo Equação 2.19 70 " d dt iL v0 # " = 0 0 1 0 − RC #" iL v0 # " + 1 L # h Vin 0 i (A.3) Para o instante de chave Aberta, demonstrado pela Figura A.1(b) L diL = vin − v0 dt (A.4) C dv0 V0 = iL − dt R (A.5) Organizando os termos na forma matricial de espaço de estados, seguindo Equação 2.20 " d dt A.1 iL v0 # " = 0 1 C − L1 1 − RC #" iL v0 # " + 1 L # 0 h Vin i (A.6) Modelo de variáveis de estado médio Considerando um ciclo de chaveamento obtém-se a descrição média do circuito,conforme (JÚNIOR, 2011), representado por < Ẋ > na Matriz 2.23. Nesta equação são definidas A0 e B0 como matrizes para o modo de chave aberta, A1 e B1 como as matrizes para o modo de chave fechada, ”d” é a razão cı́clica do circuito, sendo ponderado o intervalo de tempo em condução e em corte do semicondutor. < ẋ >= (A0 + d(A1 − A0 )) < x > + (B0 + d (B1 − B0 )) < u > (A.7) Dessa forma: (" < ẋ >= 0 0 d0 0 − RC # " + 0 d C − Ld d − RC #) (" <x>+ Então: 71 d0 L 0 # " + d L 0 #) <u> (A.8) " d dt A.2 iL vb # " 0 = d0 C #" 0 − dL 1 − RC iL vb # " + 1 L # h 0 Vp i (A.9) Modelo grandes sinais em regime permanente A representação das caracterı́sticas do conversor boost para grandes sinais no MCC, torna vin = Vin , v0 = V0 , iL = IL , d = D, d0 = D0 e são constantes. " A.3 0 0 − DL 0 1 − DC − RC #" IL V0 # " + 1 L 0 # h Vin i =0 (A.10) Modelo pequenos sinais O modelo de pequenos sinais como descrito na Seção 2.6, leva em consideração as variáveis de estado decompostas em um valor CC de regime permanente acrescida das pequenas perturbações CA. O arranjo das matrizes fica como disposto na Equação A.11. Para simplificar a matriz assumi-se que a tensão de entrada Vin é constante e livre de perturbações, (JÚNIOR, 2011). d dt " îL v̂0 # " = 0 ˆ (D0 −d) C 0 ˆ − (D L−d) #" 1 − RC IL + îL V0 + v̂0 # " + 1 L 0 # vin (A.11) Através da matriz A da Equação A.11 percebe-se que qualquer pequena perturbação posiˆ tanto a corrente îL quanto a tensão v̂0 irão sofrer uma tiva em D + dˆ (equivalente D0 − d) perturbação. Reescrevendo a matriz conforme Equação 2.26 72 d dt " # îL v̂0 " 0 − DL 1 − RC 0 = D0 C #" îL v̂0 # " + dˆ L 0 ˆ − Cd #" 0 IL V0 # + (A.12) " #" D0 −L 1 − RC 0 D0 C IL V0 # " + # Vin L " + 0 dˆ L 0 ˆ − Cd #" 0 îL v̂0 # Aplicando as mesmas considerações feitas para Equação 2.27 desprezamos os ˆ sinais d, îL , ev̂0 , por produzirem o resultado deste termos d dt " îL v̂0 # " = 0 D0 C 0 − DL 1 − RC #" îL v̂0 # " #" îL v̂0 + dˆ L 0 ˆ − Cd #" 0 IL V0 # (A.13) Isolando duty cycle na matriz d dt A.4 " îL v̂0 # " = 0 D0 C 0 − DL 1 − RC # " + V0 L V0 RCD0 # dˆ (A.14) Função de transferência de pequenos sinais Aplicando a transformada de laplace ( sX(s) = AX(s) + BU (s) Y (s) = CX(s) + DU (s) Y (s) = C(sI − A)−1 BU (s) + DU (S) i îL h Gid (s) = = 0 1 dˆ " 0 D s L D0 1 − C s + RC 73 #−1 " (A.15) V0 L V0 RCD0 # (A.16)