universidade federal da paraíba centro de ciências da

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS FARMACÊUTICAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
MAYARA CASTRO DE MORAIS
O SOFRIMENTO PSIQUICO DOS FAMILIARES DE PORTADORES DE
ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
João Pessoa – PB
2015
MAYARA CASTRO DE MORAIS
O SOFRIMENTO PSIQUICO DOS FAMILIARES DE PORTADORES DE
ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado à banca examinadora do curso
de Graduação em Farmácia da Universidade
Federal da Paraíba como parte dos requisitos
para a obtenção do titulo de Bacharel em
Farmácia.
ORIENTADOR:
Prof. Dr. Hemerson Iury Ferreira Magalhães
João Pessoa – PB
2015
M827s
Morais, Mayara Castro de.
O sofrimento psíquico dos familiares de um portador de esquizofrenia :
uma revisão bibliográfica / Mayara Castro de Morais. - - João Pessoa: [s.n.],
2015.
53f. : il.
Orientador: Hemerson Iury Ferreira Magalhães.
Monografia (Graduação) – UFPB/CCS.
1. Esquizofrenia. 2. Família. 3. Psíquico. 4. Portadores.
MAYARA CASTRO DE MORAIS
O SOFRIMENTO PSIQUICO DOS FAMILIARES DE UM PORTADOR DE
ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à banca examinadora do curso de Graduação
em Farmácia da Universidade Federal da
Paraíba como parte dos requisitos para a
obtenção do titulo de Bacharel em Farmácia.
Aprovado em: ___/___/____
______________________________________________
Prof. Dr. Hemerson Iury Ferreira Magalhães
Orientador
______________________________________________
Prof. Ms. Pablo Queiroz Lopes
Examinador
______________________________________________
Prof. Dr.
Examinador
À minha mãe Rosemary de Souza Castro
Morais – in memoriam, que sempre sonhou
em estar presente nesse dia, mas infelizmente
não pode.
Meu porto seguro e refúgio de
todas as horas, o qual continua onde estiver a
cuidar de mim e acreditar que eu posso ir
muito mais além. Eu te amo para sempre
minha mãe.
AGRADECIMENTOS
À DEUS, por dar-me saúde, força e coragem para a realização de mais
uma etapa em minha vida.
Ao meu pai, Guilherme Cordeiro de Morais, que é meu herói, minha
fonte de inspiração, respeito, carinho, coragem, determinação, otimismo e fé.
Eu te amo meu pai.
Aos meus tios Roseana, Francisca, Renata, Luiz, Carlos, Elias, Márcia,
Vermar, Gerson, Guilherme por todo carinho a mim dispensados.
A minha prima Juliana a quem considero como a irmã que não tive.
Ao meu namorado, Daniel Soares, por toda força, compreensão,
estímulo e incentivo oferecido, me dando forças para enfrentar as dificuldades
com paciência e amor.
A minha amiga Samanta que desde o começo do curso não foi só uma
amiga, foi também uma irmã, uma parceira, uma confidente, uma pessoa que
SEMPRE esteve comigo nos momentos bons e ruins.
A minha amiga Fernanda que foi a primeira amiga que eu tive em João
Pessoa e de lá pra cá já foram 9 anos e não nos soltamos mais.]
Ao meu amigo Raphael por ter atendido todas as milhares de ligações
que eu fiz pra perguntar sobre o TCC.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Hemerson Iury Ferreira Magalhães, por ter
me aceitado, carinhosamente, ser orientador do meu trabalho.
Ao examinador, Prof. Ms. Pablo Queiroz Lopes, por ser mais que um
professor, ser um amigo. Um professor que se preocupa e ajuda.
Ao examinado, Prof. Dr. Ricardo Rodrigues Lucas por participar desta
importante etapa da minha formação.
Aos membros da coordenação de Farmácia, especialmente ao Sr.
Petrônio, que me aturou durante todos os anos do curso.
Aos professores e técnicos da UFPB que não medirão esforços para
difundir o conhecimento.
Aos funcionários da UFPB, que todos os dias de me recebem com um
sorriso largo no rosto, melhorando o meu dia.
Obrigada a todos.
“De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco.”
Michel Foucault
RESUMO
MORAIS, M. C. O sofrimento psíquico dos familiares de um portador de
esquizofrenia: Uma revisão bibliográfica. 2015. 40fls. Monografia de
graduação em Farmácia. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.
Sempre se procurou uma definição para a loucura. As primeiras a surgirem
foram que era algo sobrenatural, uma doença de alma amaldiçoada, que a cura
só poderia ser obtida através de penitências e ritos religiosos (PEREIRA,
1998). A esquizofrenia é uma patologia que atinge 1% da população mundial e
vem sendo estudada desde 1911, mas mesmo assim é um desafio para
cientistas, psiquiatras e estudiosos, porque a mesma não é apenas uma
patologia, mas sim uma junção de várias doenças mentais. Este trabalho traz
uma breve revisão da doença, sintomas, tipos e tratamento; e discorre sobre o
sofrimento da família que vivencia constantemente momentos de sofrimento
como: a incerteza com o futuro, o adoecimento familiar, a forma de lidar em
uma crise aguda, a postura a ser tomada, dificuldades enfrentadas em âmbito
social e financeiro, a prevenção de recaídas, a rejeição ao tratamento, entre
outros. Para o alcance dos objetivos propostos fizemos uma revisão da
literatura, em que buscamos identificar o sentimento dos familiares dos
portadores de esquizofrenia. A revisão feita permitiu a construção de uma
análise ampla do que já foi publicado. Foram encontrados 10 artigos que se
encaixam com o tema pretendido.
Palavras-chave: Esquizofrenia, Família, Psiquico, Portadores.
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.
OBJETIVO........................................................................................................................... 3
3. MÉTODOS .............................................................................................................................. 4
4. ESQUIZOFRENIA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................... 5
4.1 Conceito ............................................................................................................................ 5
4.2 Histórico............................................................................................................................. 6
4.3 Considerações etiológicas.............................................................................................. 7
4.4. Apresentação clínica ...................................................................................................... 8
4.4.1 Pré- morbidade ......................................................................................................... 9
4.5. Sintomas ........................................................................................................................ 10
4.5.1 Sintomas positivos.................................................................................................. 10
4.5.2 Sintomas negativos ................................................................................................ 11
4.5.3 Sintomas precoces a esquizofrenia ..................................................................... 11
4.6 Tipos ................................................................................................................................ 11
4.6.1 Paranóide................................................................................................................. 11
4.6.2 Catatônico ................................................................................................................ 12
4.6.3 Hebefrênico ............................................................................................................. 13
4.6.4 Simples..................................................................................................................... 14
4.6.5 Indiferenciada .......................................................................................................... 14
4.6.6. Residual .................................................................................................................. 14
4.7 Distúrbios X Esquizofrenia ........................................................................................... 15
4.7.1 Distúrbio afetivo ...................................................................................................... 15
4.7.2 Distúrbio esquizoafetivos ...................................................................................... 16
4.7.3 Distúrbio esquizofreniforme .................................................................................. 17
4.7.4 Distúrbios paranoides ............................................................................................ 17
4.7.5 Psicose reativa breve ............................................................................................. 17
4.7.6 Distúrbio de personalidade ................................................................................... 18
4.8 Tratamento...................................................................................................................... 18
4.8.1 Tratamento farmacológico .................................................................................... 19
4.8.2 Internações existentes para o tratamento .......................................................... 22
5. A FAMÍLIA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................ 23
5.1. Reflexões sobre a dinâmica familiar – a família interagindo com a esquizofrenia.
................................................................................................................................................. 23
5.2 O adoecimento famíliar na presença de um portador de esquizofrenia ............... 24
5.3 A postura a ser tomada pela família ........................................................................... 25
5.4 A forma de lidar no momento da crise aguda ........................................................... 25
5.5 O cuidado em saúde e à família da pessoa portadora de esquizofrenia no
contexto das práticas atuais ............................................................................................... 26
5.6 A rejeição ao tratamento............................................................................................... 28
5.7 A prevenção de recaídas .............................................................................................. 29
5.8. A importância de um ambiente acolhedor na casa do portador de esquizofrenia.
................................................................................................................................................. 30
6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS......................................................................... 31
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 39
1. INTRODUÇÃO
Sempre se procurou uma definição para a loucura. A primeira a surgir foi
que era algo sobrenatural, uma doença que a alma estava amaldiçoada, que a
cura só poderia ser obtida através de penitências e ritos religiosos (PEREIRA,
1998).
Com o passar dos tempos, a concepção de loucura foi evoluindo ao
mesmo tempo em que a sociedade, porém, sempre permaneceram as
percepções carregadas de preconceito, medo e necessidade das pessoas
consideradas loucas serem mantidas escondidas, longe dos olhos da
sociedade. Em virtude disso, sempre houve locais que abrigavam as pessoas
que deveriam ser isoladas dos demais por não se adequarem aos padrões
“normais” da sociedade. Em torno do século XVII esses abrigos eram ocupados
pelos doentes mentais, mendigos, criminosos e leprosos (FOCAULT, 1978).
A ciência apresentou diversas formas de tratamento, que nos dias atuais
é possível considerar cruéis e inadequadas. Assim, nos hospitais psiquiátricos
os tratamentos empregados constituíam-se de duchas, banhos gelados,
chicotadas, máquinas giratórias, choques elétricos e sangrias, entre outros
(GONÇALVES e SENA, 2001).
A esquizofrenia é um tema que não é muito abordado nem debatido, por
isso, até nos dias atuais, é pouco conhecido. De acordo com Rhoden e Gentilin
(2009) é normal que as pessoas temam e se afastem daquilo que não
conhecem.
A esquizofrenia é uma patologia que vem sendo estudada desde 1911 e
ainda é um desafio para cientistas, psiquiatras e estudiosos, porque a mesma
não é apenas uma patologia, mas sim uma junção de várias doenças mentais.
Holmes (2007) esclarece que a esquizofrenia é uma doença complexa e
assustadora porque seus sintomas excedem o domínio das pessoas.
Rhoden e Gentilin (2009) defendem que a esquizofrenia também pode
ser por causa de vírus, pois um terço aproximadamente dos doentes com
diagnóstico de esquizofrenia desenvolveram esta patologia por decorrência de
uma gripe na infância, evoluindo para uma encefalopatia. Uma contaminação
no sistema nervoso central pode vir desarticular o funcionamento do cérebro,
mudando a química do cérebro, mesmo na transição da idade adulta.
1
Ainda de acordo com Rhoden e Gentilin (2009) a patologia pode se
manifestar em todas as idades, porém sendo comuns os primeiros sintomas
aparecem no início da adolescência ou início da vida adulta.
Foi mostrado que, em geral, ocorrem sintomas não psicóticos, muitas
vezes por anos, antes dos sintomas psicóticos.
A hereditariedade é um fato muito importante, parentes de primeiro grau
de um portador de esquizofrenia, torna-se vulnerável em apresentar a doença
(RHODEN; GENTILIN, 2009).
A esquizofrenia é considerada pelos conhecedores, o transtorno mental
mais grave que existe. Ela não tem cura, porém, existe controle. Existem casos
em que a pessoa com a medicação certa melhora bastante e consegue ter uma
vida normal, mas ela ainda continua tendo a doença e se parar de fazer o
tratamento os sintomas voltam a se manifestar (RHODEN; GENTILIN,2009).
Vemos que mesmo com todos os estudos e pesquisas que fizeram
grandes avanços sobre a psiquiatria e a saúde mental, a sociedade ainda tem
muito preconceito e discriminação com pessoas que sofrem com alguma
doença mental. Também, foi observado que quando há uma pessoa adoecida
na família, é percebido o adoecimento de sua família. Surge a necessidade da
abordagem deste ambiente familiar por inteiro.
A família vivencia constantemente momentos de sofrimento como: a
incerteza com o futuro; preocupação quando o doente sai sozinho e demora a
voltar para casa; dificuldades enfrentadas em âmbito social e financeiro, entre
outros. Mas, ao mesmo tempo em que experimenta limitações e perdas,
aprende sobre possibilidades e esperanças, isto é, novas aberturas, mudanças
positivas e criativas que aliviam o sofrimento e permitem viver o presente.
Fiz esse trabalho com o objetivo de relatar os tipos da doença, os
sintomas, os tratamento, e principalmente, relatar o sofrimento dos familiares
de uma pessoa portadora de esquizofrenia.
2
1. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo, mostrar os desafios diários que
os familiares passam a ter diante do sofrimento de um ente, portador de
esquizofrenia.
OBJETIVO ESPECÍFICO
i.
Relatar aspectos quanto à doença, os tipos, os sintomas e o tratamento.
ii.
Relatar o cotidiano da família de um esquizofrenico, a postura a ser
tomada, a forma de lidar com crises e recaídas, a negação ao
tratamento e a importância de um lar acolhedor ao portador de
esquizofrenia.
iii.
Realizar uma revisão de literatura que analisou artigos a partir das
palavras “esquizofrenia” e “família”.
3
3. MÉTODOS
Para o alcance dos objetivos propostos fiz uma revisão da literatura, em
que buscamos identificar o sentimento dos familiares dos portadores de
esquizofrenia. A revisão feita permitiu a construção de uma análise ampla do
que já foi publicado.
Para esse trabalho se tornar viável foi feito a leitura e análise de apenas
artigos científicos, excluindo, então, teses e dissertações.
Para nos orientar nessa revisão, foi formulada a seguinte questão: “Qual
o sentimento e o sofrimento da família quando um ente se torna portador de
esquizofrenia?”.
Na busca de respostas à questão acima, foi realizado um levantamento
bibliográfico, a partir do ano de 2005, para buscar publicações mais recentes
que reflitam uma prática atual, por meio do banco de dados da Biblioteca
Virtual em Saúde (BSV) – disponível em www.bireme.br – utilizando as
seguintes palavras em português: “esquizofrenia” e “familia”.
Os artigos analisados foram realizados no Brasil, dentro do período de
10 anos, publicado em qualquer tipo de periódico. Desta forma, se tornou
possível a discussão de uma realidade mais próxima ao nosso contexto. Os
artigos foram escolhidos pelo seu titulo e resumo, para se ter a convicção que a
temática era a mesma proposta por este trabalho.
A revisão também pode ser definida como uma compilação da produção
cientifica sobre o determinado tema, em um determinado período utilizando-se
um método,
cujas vantagens se traduzem
por evitar esforços dos
pesquisadores, possibilitar as lacunas de conhecimento e rápida atualização da
literatura (MUNARI, 2006; GODOY, 2006).
4
4. ESQUIZOFRENIA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1 Conceito
A esquizofrenia é uma doença caracterizada por desordem mental
profunda, psicose (perda de contato com a realidade, alucinações, delírios e
pensamento desordenado), além de déficits cognitivos e comprometimento em
nível social (BECKER et al., 2004).
Em meio as psicoses conhecidas, a esquizofrenia é a que resulta em
uma maior despesa para o estado e para a sociedade. (RICE, 1999).
A prevalência da doença é estimada em 1% da população mundial,
embora contraditoriamente percentuais menores e maiores já tenham sido
discutidos. Nos Estados Unidos estima-seque 2,5 milhões de americanos
sejam afetados pela doença; dentre estes, acredita-seque 1,7 milhões estejam
sob tratamento medicamentoso (FRANK et al., 2004).
A manifestação inicial da doença ocorre em jovens, entre 15e 25 anos, e
em geral causa profundos danos na qualidade de vida profissional, intelectual e
especialmente social dospacientes (SZYMANSKI et al.,1995).
A doença apresenta espectro amplo de manifestações que incluem
sintomas positivos: alucinações, delírios, pensamento desorganizado; sintomas
negativos: embotamento afetivo, isolamento social, tristeza, depressão; e
sintomas cognitivos como prejuízosna memória, aprendizado, atenção e
linguagem (ANDREASEN, 1994).
Os prejuízos perceptíveis na cognição e
memória parecem estar presentes mesmo antes do surgimentodos outros
sintomas, sendo já precocemente manifestados nospacientes.
A dificuldade no diagnóstico da esquizofrenia deve-se principalmente às
lacunas que ainda existem sobre o conhecimento da etiologia da doença.
Alguns fatores de risco para desenvolvimento da doença já foram identificados
como histórico familiar e complicações pré e pós-nascimento (hipóxia,
exposição a toxinas); além disso, acredita-se que muitos fatores genéticos e
epigenéticos conferem vulnerabilidade para o desenvolvimento da doença,
5
embora não haja relação clara entre a presença de tais genes entre pessoas
com potencial de risco e a manifestação clínica de sintomas (JONES, 1997).
Até o momento, ainda não há cura para essa doença e uma vez
instalada, a esquizofrenia é marcada por alternância de exacerbação e
regressão dos sintomas; porém, raramente o paciente volta a ter níveis normais
de qualidade de vida. Para alguns psiquiatras, a persistência da doença e o
agravamento dos sintomas mostram uma similaridadeda esquizofrenia com
algumas demências (ANDREASEN, 1994).
4.2 Histórico
A idéia de uma alteração biológica como agente causador da
esquizofrenia é tão antiga quanto a definição desta doença como entidade
nosológica. Kraepelin (1996), ao sistematizar os diagnósticos psiquiátricos,
agrupou a então chamada Dementia Praecox dentro do grupo das demências
endógenas.
O conceito de endogenicidade era fundamental para o sistema
krapeliniano e, embora expressasse o desconhecimento das causas reais das
afecções mentais, foi de grande importância ao centrar na própria constituição
do indivíduo a origem da doença.
A concepção de um transtorno demencial direcionou inicialmente as
pesquisas para um processo neurodegenerativo. Alzheimer foi o primeiro a
conduzir estudos neuropatológicos e não observou gliose reativa, diferenciando
os processos neuropatológicos envolvidos na esquizofrenia das demências
senis (BOGERTS, 1999).
As dificuldades metodológicas inerentes aos estudos neuropatológicos,
os achados inconsistentes e o advento dos antipsicóticos na década de 1950,
fizeram com que as pesquisas passassem a enfocar os neurotransmissores
como elementos centrais na gênese da esquizofrenia. Entre as décadas de
1970 e 1990, houve um grande desenvolvimento dos grupos de pesquisa em
esquizofrenia, os quais começaram a coletar dados genéticos de amostras
bastante consideráveis.
Nesse período, também houve um avanço das técnicas de neuroimagem
que
permitem
a
avaliação
in
vivo
de
alterações
neuroestruturais,
6
neuroquímicas e funcionais, as quais foram amplamente utilizadas para
investigação da esquizofrenia.
Na década de 1990, os principais grupos de pesquisa focaram seus
esforços em estudos de pacientes de primeiro episódio psicótico e, mais
recentemente,
na
identificação
de
pacientes
de
alto
risco
para
o
desenvolvimento da esquizofrenia.
4.3 Considerações etiológicas
Na esquizofrenia há diversas teorias pra explicar o que faz a
doença desencadear, porém, nenhuma teoria é completamente aceita. Isso nos
leva a crer que na etiologia da esquizofrenia há uma combinação de fatores
intrínsecos e extrínsecos. Assim destacam-se os seguintes fatores etiológicos e
epidemiológicos: alterações genéticas, distúrbios pré-natais e manifestações
sazonais (SENI, 1996; TENGAN; MAIA,2004).
Os estudos genéticos comprovam que parentes de primeiro grau de um
esquizofrênico tem risco doze vezes maior quando comparado com a
população em geral. Gêmeos monozigóticos apresentam um risco de 40% a
50% de desenvolverem a doença em comparação com o índice de 17% para
gêmeos dizigòticos. (PLISZKA, 2003, p.178).
Há estudos que mostram grande quantidade de regiões cromossômicas
que podem estar relacionada à doença, supondo que o indivíduo necessita
herdar múltiplos genes para que haja o desenvolvimento da doença. Portanto,
a mãe e o pai tiverem esquizofrenia, o risco da doença no filho é de 46%.
(RILEY; McGUFFIN, 2000)
Há autores que confirmam o envolvimento genético mostrando que,
independente dos fatores ambientais, crianças de pais esquizofrênicos que
cresceram em lares adotivos mantem os níveis de risco. (ibid., 2003)
No que diz a respeito aos aspectos perinatais, há algumas referencias
que mostram que há uma relação entre a exposição materna ao vírus influenza
no sexto ou sétimo mês de gestação com a incidência de filhos
esquizofrênicos. Entretanto, há estudos que não concordam, referindo outro
risco para o desenvolvimento da doença: desnutrição na gravidez (SENI, 1996;
TENGAN; MAIA, 2004).
7
Acredita-se que os danos cerebrais precoces seja o principal fator de
risco ambiental para a esquizofrenia. Porém, vale ressaltar que o risco genético
se faz necessário para o desenvolvimento da doença (McGLASHEN;
HOFFMAN, 2000). As lesões hipocampais e para hipocampais decorrentes de
uma hipóxia perinatal também são destacadas como história prévia em alguns
pacientes esquizofrênicos.
Os fatores de risco significativos que se destacam na gestação são: a
hemorragia cerebral, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional. Variações sazonais
são relatadas, notando-se uma ligeira tendência de esquizofrênicos nascidos
no período de inverno (GOURION et al, 2004; TENGAN; MAIA, 2004).
4.4. Apresentação clínica
A esquizofrenia é uma doença que se caracteriza por delírios e
alucinações. Os delírios são uma fantasia que a pessoa cria, e pra ela é real,
não podendo bater de frente com o paciente. As alucinações, geralmente
auditivas, mas podendo também ser de vários outros tipos.
Na esquizofrenia, o principal campo de avaliação diagnóstica é o
comportamental, onde os pensamentos são, por frequência, incoerentes com
perda de continuidade lógica do raciocínio. As crenças irracionais delirantes e
as experiências alucinatórias são frequentes e podem acompanhar o paciente
em toda história natural da doença (ALVARENGA-SILVA; TEIXEIRA-JÚNIOR;
COSTA, 2000).
É uma doença que se confunde com o uso de drogas, por ser uma
doença que atua nos lobos temporais. O médico consegue detectar
rapidamente em uma consulta por ter características próprias. Os portadores
da doença podem ter dois tipos de delírios: delírio de identidade (caracterizada
pelo paciente achar que é outra pessoa) e delírio de persecutório (delírio de
que esta sendo perseguido).
Os
distúrbios
do
humor,
particularmente
a
depressão,
são
frequentemente observados em pacientes esquizofrênicos e podem indicar um
mau prognóstico da doença. Acredita-se que a depressão seja uma reação à
psicose, “um luto consequente à perda da capacidade de lidar com a vida”
(PIEDADE, 1996, p.214).
8
Ainda não existem testes psiquiátricos definitivos para o diagnóstico da
doença. Para estabelecer o diagnóstico de esquizofrenia os sintomas devem
permanecer porpelo menos seis meses e estarem associados a grave
comprometimento de função social eintelectual (DSM IV, 2004).
Em crianças deve começar o tratamento o mais rápido possível, pois a
esquizofrenia é uma doença progressiva e degenerativa, sem cura, havendo só
uma estabilização da doença.
As manifestações clínicas na esquizofrenia são divididas em dois
grandes grupos. O primeiro grupo é conhecido por sintomas positivos, os quais
são a base para o diagnóstico clínico e são caracterizados por delírios e
alucinações fugazes e fragmentárias. O segundo grupo compreende os
sintomas negativos, apresentados sob a forma de embotamento afetivo,
retração social e dificuldades de relacionamento entre outros, que podem estar
presentes
em
outras
psicoses
não
sendo,
portanto,
específicos
da
esquizofrenia (ASSUMPÇÃO; KUCZYNSKI, 2003).
4.4.1 Pré- morbidade
A prevalência pra ter o primeiro surto esquizofrênico é de 15 a 25 anos e
por isso que antes do século XX era conhecida pelo nome de demência
precoce (KRAEPELIN, 1896).
Entende-se por pré-morbidade na esquizofrenia, a existência de sinais
precoces específicos e não-específicos que precedem o primeiro episódio
psicótico. Acredita-se que tais sinais seriam capazes de anunciar a eclosão da
psicose, porém a especificidade e a validade ainda não foram demonstradas.
Isso se deve ao fato de haver vários fatores de confundimento nos estudos,
onde os autores admitem que os fenômenos poderiam estar associados a
eventos sócio-culturais ou até mesmo a outras psicoses (KHAZEN et al.,
2003).
É uma doença que ninguém sabe a causa, tem várias teses, mas não se
sabe a origem correta dela. Uma coisa que se sabe, é que pessoas que já
nascem com a pré-disposição á doença tem fatores que podem desencadear a
doença, como por exemplo, o uso de drogas (principalmente maconha,
9
anfetaminas e alucinógenos), depressão, estresse, tragédia na família ou susto
muito forte.
Mc Gorry analisou o período precedente à eclosão do primeiro episódio
psicótico em 21 pacientes. O resultado mostrou uma variedade de sintomas
como humor depressivo, idéias de culpabilidade e de morte; apatia e fadiga;
perturbação da atenção e da concentração; distúrbios do sono; retraimento
social, comportamentos impulsivos, bizarros e agressivos; anomalias no
discurso, comportamentos obsessivos e compulsivos e distúrbios da habilidade
motora (YUNG; JACKSON, 1999).
Outro estudo analisou os sintomas prodrômicos em 19 pacientes e foi
encontrado riqueza de alterações no plano comportamental, o que gerou
abandono escolar na maioria desses pacientes, além de dificuldades na
concentração e compreensão, comportamento delinquente, passividade,
isolamento social e modificação da aparência geral (MOLLER; HUSBY, 2000).
O período entre os fenômenos pré-mórbidos e o primeiro episódio
psicótico parece durar em média de um a dois anos (KHAZEN et al, 2003).
Porém outros autores defendem a idéia de que em todo o seu
desenvolvimento, a criança pode apresentar alterações motoras, cognitivas e
sociais, chegando a considerar tais fatores como marcadores clínicos da
infância para a esquizofrenia. (FISH, 1977; ROSSO et al. 2000; HOLLIS, 2003).
4.5. Sintomas
Para um melhor entendimento dos sintomas da doença, podemos dividir
em dois: os positivos e os negativos.
4.5.1 Sintomas positivos
Os sintomas positivos são assustadores e aparecem mais nos
momentos de crise (fase aguda). Os mais comuns são: acreditam que são
outras pessoas e têm crenças estranhas (delírios); Alterações da percepção –
o paciente vê, ouve e sente coisas que não existe (alucinações); Sentimento de
estar sendo controlado por forças exteriores. (AMARAL,2003)
10
4.5.2 Sintomas negativos
Os sintomas negativos deixam o paciente impossibilitado para o trabalho
e para coisas do cotidiano, o paciente passa a não se preocupar nem com a
própria higiene; Desprezo pelas pessoas e pelo ambiente; Falta da
concentração; e falta de energia e motivação. (AMARAL,2003)
4.5.3 Sintomas precoces a esquizofrenia
A esquizofrenia é uma doença heterogênea de transtornos mentais. Ou
seja, os sintomas podem ser diferentes em diferentes pessoas, e esses
sintomas mudam de acordo com a personalidade da pessoa e outros fatores.
Os sintomas podem simplesmente aparecer nas recaídas e depois
desaparecer como podem se desenvolver lentamente. (AMARAL, 2003)
Os comportamentos que podem antecipar a esquizofrenia são:
- Ouvir ou vê coisas irreais;
- Mudança brusca na personalidade;
- Falar ou escrever coisas sem sentido;
- Sentimento de estar sendo perseguido;
- Problema para se concentrar;
- Comportamento inapropriado;
- Posições corporais incomuns;
- Problemas para trabalhar e estudar;
- Isolamento das pessoas.
(AMARAL, 2003)
4.6 Tipos
A esquizofrenia pode ser dividida em cinco tipos: Paranóide, Catatônico,
Hebefrênico, Simples e Indiferenciada.
4.6.1 Paranóide
“De aparição mais tardia, nesse tipo de esquizofrenia predomina os
delírios auto referenciais, sendo eles místicos, messiânicos e persecutórios.
11
Também tem como características, a ansiedade, a irritação, a discussão e a
violência.” (ESPINOSA, 2000).
A esquizofrenia Paranóide é o tipo mais homogêneo de esquizofrenia e
o menos variável em comparação as outras. O esquizofrênico paranoide é o
que apresenta menos deterioração de sua personalidade.
Caracteriza-se por delírios primários, que compreende uma percepção
repentina de uma persecutoriedade (sentir-se perseguido por algo ou alguém).
A persecutoriedadesão convicções profundas para o paciente, e este não
aceita nenhuma outra causa, por mais obvias que sejam.
Além de, na esquizofrenia paranóide, o sujeito achar que está sendo
seguido, perseguido ou atribuindo-lhes culpas, outros sintomas se relacionam a
pensamentos sobre seu próprio corpo.
É comum relacionar-se bem com as outras pessoas, ter respostas
afetivas próximas do normal e, com o processo de pensamento e cognição
preservados.
Pessoas que tem contato com esquizofrênicos paranoides só os
reconhecem quando tentam explicar suas crenças sobre seu corpo ou sobre as
perseguições a que se sente submetido. Nestes momentos é que se percebe
os delírios e as explicações sem sustentação e com origens bizarras e
impossíveis.
4.6.2 Catatônico
“Apresenta perturbações psicomotoras e pode haver alteração entre
extremos como hipercinesia estupor ou obediência automática, negativismo e
mutismo.” (FIGUEIREDO etal., 2008).
A esquizofrenia catatônica pode ser aguda ou crônica. Nos episódios
agudos apresenta-se como um repentino mutismo acompanhado de redução
exagerada da atividade motora. A pessoa pode permanecer sentada, imóvel,
com as mãos nos mesmos lugares, com o dorso e cabeça curvada, em posição
fetal ou como uma múmia sem mexer nem os olhos.
12
O paciente com essa esquizofrenia apresenta uma expressão facial
vazia, mas com batimentos cardíacos acelerados, que sugerem que eles estão
com medo e o olhar pode mover-se rapidamente como forma persecutória.
São pessoas que não apresentam resistência ao internamento, mas
apresentam grande negativismo ao tratamento e se porta de forma rígida
quando examinado, se colocado um membro em posição incomum, o paciente
retém esta posição, como se fosse uma estátua.
Esses pacientes recusam comida e bebida, causando inanição; São
insensíveis a dor e nem mesmo piscam quando aproxima uma agulha dos
olhos.
4.6.3 Hebefrênico
“Corresponde ao tipo desorganizado, tem início mais precoce.
Predominam alterações do pensamento, e das emoções, juntamente com a
fraqueza de vontade e comportamentos estranhos.” (ESPINOSA, 2000).
Essa é a esquizofrenia considerada a mais grave, pois geralmente ela
começa em idade precoce, como em crianças e adolescentes, o que dá um
prognóstico desfavorável pela imaturidade do paciente.
É uma condição debilitante na qual o paciente é indiferente à realidade.
Ele não se importa com a gravidade da situação, eles estão sempre “fechados”
em seus pensamentos e sentimentos, parecem viver em um mundo paralelo,
são mais preocupados com suas fantasias do que com o mundo real.
Costumam rir quando recebe uma má notícia, e com o avanço da
doença apresentam um comportamento infantil e mais retraído,falando de uma
maneira incompreensível e seu discurso pode frequentemente incluir risos de
criança, conversa de bebê, rindo imaturo e o uso repetitivo de palavras que
soam semelhantes.
Alguns dos pacientes com hebefrenia pode tornar-se hostil, agressivo e
violento, e apresentar comportamento obsceno, sem um traço de vergonha. As
vozes ouvidas por esses pacientes podem acusá-los ou ridicularizá-los e
muitas vezes até abusar deles, chamando-lhes nomes e condenando-os de
práticas imorais.
13
Eles podem desenvolver um interesse vago nas fezes e urina e pode
manchar tudo o que sobre si mesmos ou em seus arredores.
4.6.4 Simples
“Há um desenvolvimento insidioso, mas progressivo de conduta
estranha, incapacidade de atender ás exigências da sociedade e um declínio
no
desempenho
total.
Delírios
e
alucinações
não
são
evidentes.”
(FIGUEIREDO et al., 2008).
Os sintomas negativos ocorrem isoladamente. Os pacientes com
esquizofrenia simples não sofrem de alucinações, delírios e desorganização.
Os sintomas que classificam essa esquizofrenia são a falta de vontade e
comportamento excêntrico ou desviante, com tendência ao isolamento e
desinteresse à sociedade e falta de afeto. E esses sintomas ocorrem mesmo
sem ter tido um surto psicótico antes.
4.6.5 Indiferenciada
“São as psicoses esquizofrênicas que não se encaixam nem em CID
F20. 0 e nem em CID F20. 2.” (OLIVEIRA, 2008).
Nessa esquizofrenia há tanto sintomas positivos quanto negativos,
havendo alucinações e delírios aos sintomas negativos e desorganizados. O
prognostico e a evolução da doença é muito variável nesses casos, podendo
ser pior que na paranoide, porem superior na hebefrênico.
4.6.6. Residual
São esquizofrenias que estão em fase crônica, de anos de evolução ou
de evolução rápida para um comportamento mais deteriorado. Nessa
esquizofrenia
já
há
prejuízos
sociais,
afetando
sua
capacidade
de
comunicação, inclusive a verbal. É uma pessoa passiva, com falta de iniciativa,
apresenta lentidão psicomotora, monotonia e prejuízo no autocuidado e higiene
pessoal.
14
4.7 Distúrbios X Esquizofrenia
Pacientes com sintomas compatíveis de esquizofrenia que vão até o
médico já com um histórico de episódios anteriores dos sintomas positivos e
déficits residuais, não ha dúvida quando ao diagnóstico de esquizofrenia.
Quando se tem um único episódio psicótico, pode ser um distúrbio
mental orgânico, e é possível excluir as possíveis causas orgânicas que podem
culminar com os sintomas compatíveis da esquizofrenia fazendo os exames
listados como:
-Contagem sanguínea completa;
-Dosagem plasmática de sódio e potássio, uréia e creatinina;
-Screening sanguíneo para drogas;
-Sorologia para síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS/SIDA);
-Sorologia para Sífilis;
-Eletroforese de proteínas plasmática;
-Dosagem sérica de hormônios tireoidianos (T3, T4, 25 TSH);
- Eletroencefalograma (EEG);
- Tomografia computadorizada (TC) do crânio.
Há 6 tipos de distúrbios que podem acometer ao paciente que podem
ser facilmente confundido com a esquizofrenia.
Na caracterização cuidadosa da história psiquiátrica, exames psíquicos
podem detectar itens sugestivos de etiologia orgânica, tais como: ausência de
alterações mórbidas de personalidade, flutuação de sintomas, presença de
alucinação, etc.
4.7.1 Distúrbio afetivo
Quadros
afetivos
agudos,
maníacos
ou
depressivos
pode
ser
confundidos com a esquizofrenia. Em caso de mania, distúrbio da forma de
pensamento como pressão ideomotora e fuga de idéias podem dificultar o
pensamento incoerente do paciente esquizofrênico; delírios e alucinações
podem estar presentes nos quadros maníacos e nem sempre são congruentes
com o humor expansivo. O quadro depressivo pode também ter sinais de
15
delírios e alucinação, congruentes ou não com o humor do paciente. (DSM IV,
2000)
A diferença pode ser guiada pela proeminência dos sintomas afetivos e
pelo curso da doença que é muito mais benigno em quadros afetivos.
A presença de sintomas deficitários residuais é altamente sugestiva na
esquizofrenia. Outro aspecto dessa diferenciação diz respeito a possível
presença de sintoma depressivo durante o curso da esquizofrenia. O sintoma
depressivo é de uma importância no caso da esquizofrenia.
A
caracterização
de
sintomas
sugestivos
de
depressão,
em
esquizofrenia, pode ser difícil, já que o humor depressivo e apatia podem ser
confundidos com sintomas negativos da esquizofrenia, ou, ainda, com efeitos
colaterais de neurolépticos.
Nesse caso, além da caracterização minuciosa do humor depressivo, a
detecção dos sintomas e sinais objetivos, como insônia terminal, perda de
apetite e variação circadiana do humor, podem ser úteis.
A identificação de síndromes depressivas de humor em pacientes
esquizofrênicos tem uma importância fundamental, não pela alta tentativa de
suicídio associada a elas, mas porque o diagnóstico correto autoriza a
instituição terapêutica antidepressiva.
4.7.2 Distúrbio esquizoafetivos
Em 1933, Kasanin, batiza a esquizoafetivos os quadros psicóticos
semelhantes a esquizofrenia mas com componente afetivos maníacos
depressivos intensos, de recuperação breve e com tendência a recorrência.
O termo vem sendo usado nos casos de sintomas esquizofrênicos e
afetivos importantes. Eles aparecem simultaneamente ou em sequência,
tornando impossível a decisão diagnóstica entre as duas entidades.
Além de cursar com sintomas afetivos de grande proeminência, tais
casos têm em geral prognóstico melhor em comparação com casos de
esquizofrenia, sendo, portanto, justificada sua manutenção como entidade
distinta.
A fronteira entre esquizofrenia e distúrbio esquizoafetivo nem sempre é
fácil de ser definida. De acordo ao DSM-IV, no caso de sintomas compatíveis,
16
tanto com a esquizofrenia, como com distúrbio afetivo, o diagnóstico é de
distúrbio esquizoafetivo, se houver evidências de sintomas esquizofrênicos
produtivos sem alteração de humor, concomitantes durante um período de 15
dias.
4.7.3 Distúrbio esquizofreniforme
A psicose esquizofreniforme foi descrita por Langefeldt (1937) como
sendo um distúrbio caracterizado por sintomas psicóticos similares a
esquizofrenia, acrescidos de confusão e perplexidade e ausência de sintomas
negativos.
Geralmente tem fatores estressantes precipitantes e com características
fundamentais, a recuperação é completa após a remissão de sintomas
psicóticos
(em
contraposição
a
permanência
de
sintomas
residuais
características da esquizofrenia).
4.7.4 Distúrbios paranoides
Nesse distúrbio se tem como característica fundamental a presença de
delírios crônicos, sistematizados e coerentes que se diferenciam da
esquizofrenia pela maior preservação da personalidade do sujeito, pelo caráter
não-bizarro, muitas vezes plausível dos conteúdos delirantes e pela ausência
de outras alterações psicopatológicas sugestivas da esquizofrenia. Sintomas
afetivos, quando presentes, são compreensíveis e coerentes à luz das
experiências delirantes.
4.7.5 Psicose reativa breve
Este quadro psicótico é semelhante ao da esquizofrenia. Com uma
duração breve, em geral, tem a duração de um mês. O início dos sintomas é
em geral abrupto e com fortes fatores estressantes precipitantes.
17
4.7.6 Distúrbio de personalidade
No distúrbio de personalidade, este é o principal diagnóstico diferencial a
ser feito com a personalidade esquizotípica. Esta tem traços e sintomas que
lembram os sintomas da esquizofrenia, mas não se completam ao total e
incluem idéias vagas de referência (que não chega ser delirante), têm um
comportamento bizarro e ilusões auditivas ou visuais. Isoladamente social, os
contatos afetivos também são frequentes. Outros distúrbios de personalidade
também apresentam características que lembram componentes específicos do
esquizofrênico.
Em geral, a diferenciação dos distúrbios de personalidade, em relação à
esquizofrenia é feita, não só pela ausência de sintomas produtivos, mas
também pela análise da história de vida do paciente que mostra os sintomas
presentes.
São, na verdade, padrões do comportamento crônico, consistentes,
integrantes da personalidade do sujeito.
4.8 Tratamento
A esquizofrenia é uma doença sem cura, todos os medicamentos são
utilizados para o controle das crises. O seu tratamento é paliativo. Com o
controle das crises o paciente tem uma qualidade de vida melhor, mas se parar
os medicamentos, os sintomas voltam.
A terapêutica também inclui como tratamento para esquizofrenia a
psicoterapia cognitiva, a terapia familiar e a eletroconvulsoterapia.
(FIGUEIREDO et. al., 2008)
O tratamento tem que começar na primeira crise do paciente. Esses
tratamentos poderão ser feitos no hospital ou não, isso depende da gravidade
da doença. Nos dias de hoje é indicado que o paciente só seja internado nos
surtos agudos. As internações devem ter uma curta duração. (FIGUEIREDO et
al., 2008).
A assistência aos pacientes com esquizofrenia deve atender aos problemas do
paciente respeitando sua singularidade e sua crença.
De acordo com Figueiredo et al. 2008, são pontos importantes:
18
1.Sempre estar em um ambiente agradável.
2. Manter uma vigilância permanente e discreta.
3. Estimular a socialização do paciente.
4. Estimular a participação do paciente em atividades terapêuticas.
5. Sempre mostrar uma atitude tranquila.
6. Estar atento para a comunicação verbal e não verbal.
7. Usar frases curtas e simples com um tom de voz firme. (FIGUEIREDO et al.,
2008)
Espinosa em (2000) diz que deve avaliar a capacidade do paciente em
participar de atividades nas quais tenha de se movimentar, podendo ser
individuais no inicio, para induzir gradualmente em atividades de grupo, de
acordo com sua capacidade. Caso mostre-se agressivo, evitar invadir seu
espaço pessoal, ao menos que seja imprescindível.
4.8.1 Tratamento farmacológico
“Para Giacon et al. 2006 o tratamento farmacológico no primeiro
episódio da esquizofrenia consiste no uso de medicamentos antipsicóticos,
chamados neurolépticos.”
“FIGUEIREDO et al., 2008 refere que antipsicóticos são drogas que
atuam no SNC e agem reduzindo sintomas de alucinações, delírios, entre
outros. São portanto,medicamentos redutores de quadros psicóticos.”
Antipsicóticos e antagonistas de receptores dopaminicos não são
necessariamente sinônimos. A clozapina é um antipsicótico eficaz, mas
deferem de outras as drogas, no sentido de ter comparativamente pouca
atividade nos receptores D².
Para o uso da farmacocinética e da farmacodinâmica do fármaco devem
ser acrescentadas às informações específicas do paciente, assim terá mais
facilidade no tratamento, pois, qualquer fármaco, não implica quão trivial sejam
suas ações terapêuticas, pode causar resultados deletérios (BENETTI;
BARREGAS;FURLAN, 2004).
19
Todo o tratamento é o controle dos sintomas que os pacientes sentem, e
com o uso do medicamento adequado com a dose adequada à melhora pode
acontecer em duas semanas.
Existem, hoje em dia, mais de 20 substâncias antipsicóticas desiguais
disponíveis para uso clínico. De forma geral, aquelas que foram originalmente
ampliadas são chamadas de antipsicóticos clássicos ou típicos, em contraste
com as mais recentes, chamadas de antipsicóticos atípicos. Essas drogas,
apesar de controlarem de forma decidida os sintomas positivos, consistem
serem ineficazes comos sinais negativos (RANG et. al., 2004).
Tabela 1: Antipsicóticos típicos ou clássicos ou atípicos
Fonte: (RANG et. al., 2004)
Antipsicóticos típicos:
O
principal
representante
dessa
classe
de
medicamento
é
a
clorpromazina, o primeiro fármaco a tratar efetivamente os sintomas positivos
da esquizofrenia, sendo capaz de diminuir o tempo de internação do paciente e
diminuir os reincidentes. (BENES; BERRETA, 2000).
O mecanismo de ação desses fármacos é procedente do bloqueio de
receptores dopaminérgicos do subtipo D2 pós- sinápticos. Esses fármacos
melhoram os sintomas positivos da esquizofrenia, porém pioram os sintomas
negativos. (RANG et. al. ,2004)
20
Possuem efeitos colaterais designados como sintomas Parkisonianos
(tremor, rigidez e bradicinesia), acatisia, distonia e discinesia tardia.
Atipsicóticos atípicos:
São antipsicóticos mais eficazes que os clássicos, pois também
bloqueiam outros receptores de monoaminas, particularmente a 5HT. A
clozopina também bloqueia os receptores D4, isso faz com que eles sejam
eficazes para os sintomas positivos e negativos. (RANG et. al. ,2004)
A clozapina é um medicamento eficaz no tratamento de pessoas
esquizofrênicas é um fármaco multireceptor, ele oferece muitas vantagens em
relação aos antipsicóticos disponíveis, sendo também eficaz no tratamento dos
sintomas positivos e, parcialmente, sobre os sintomas negativos e a carência
cognitiva dos esquizofrênicos. A clozapina ao mesmo tempo mostrou-se capaz
de prevenir psicoses em pacientes refratários e intolerantes aos antipsicóticos
clássicos (BENES; BERRETA, 2000).
Segundo Silva (2006) A eficácia clinica dos anticipicóticos foi
demonstrada antes da compreensão do seu mecanismo de ação.
“O bloqueio dos receptores dopaminérgicos pós sinápticos provoca
inicialmente, no neurônio pré-sináptico, aumento na produção e laboração da
dopamina, por aumento de atividade da enzima tirosina e hidroxilaze,na
tentativa de vencer o bloqueio. Em condições normais a dopamina quanto nos
receptores pós sinápticos tanto nos pré sinápticos. A ação da dopamina nesses
últimos inibitória sobre a tirosina hidroxilase. Como o receptor pré sináptico
também é bloqueado pelo anticipscóticos durante o tratamento, a ação
inibitória da dopamina não ocorre. Observa-se então aumento da atividade da
tirosina hidroxilase, conseqüente aumento da produção e liberação da
dopamina na fenda sináptica, que, no entanto encontrará os receptores
bloqueados. Assim, tanto os efeitos terapêuticos (ação ante delirantes) quanto
os efeitos indesejáveis e endócrinos nos antipsicóticos dependem da inibição
dopaminérgica .”(Silva, 2006, p. 322)
21
4.8.2 Internações existentes para o tratamento
A internação às vezes é necessária pra controlar uma crise, entretanto
não significa que o problema está resolvido. Após a crise, que é considerado o
período crítico, inicia-se um processo de reorganização da vida tendo que lidar
com a presença da doença. Trata-se de um “começar do zero” em uma
situação em que a pessoa encontra-se fragilizada e sem esperanças no futuro.
O apoio da família é o principal nesse momento.
Para o paciente esquizofrênico há dois tipos de internação:
- Internação psiquiátrica: É uma medida de cuidado para esquizofrênicos que
estão em crise. Ela não pode ser uma punição ou um ato de desrespeito ao
paciente, pelo contrário, tem que ter a finalidade de proteger o paciente e
oferecer atenção profissional e tratamento em tempo integral; (ASSIS, 2006)
- Internação hospitalar: É um processo complicado pois é acompanhada pelo
sofrimento tanto da pessoa como dos familiares. A internação é recomendada
quando a pessoa está colocando as pessoas e a si própria em risco, ou ainda
quando por mais dedicada seja a família, ela não consegue oferecer o cuidado
que a pessoa em crise precise. Deve durar o tempo necessário para a pessoa
se estabilizar; o paciente deve voltar pra casa, ir às consultas e continuar no
tratamento ambulatorial. (ASSIS,2006.)
22
5. A FAMÍLIA – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1. Reflexões sobre a dinâmica familiar – a família interagindo
com a esquizofrenia.
Os familiares de esquizofrênicos aprendem a lidar com os altos e baixos
da doença e desenvolvem maneiras de se aproximar para melhor compreendêlos. Mas novas dúvidas e inquietações surgem no decorrer da vida da família,
por exemplo, questões relativas ao futuro de seus filhos. Os familiares destas
pessoas encontraram meios de compartilhar suas questões por meio de grupos
de apoio em encontros promovidos por associações de familiares de sua
cidade. Nesses espaços de troca, entendem também que tão importante
quanto seguir o tratamento e buscar informações sobre novas perspectivas é
associarem-separa a troca de experiências, o apoio mútuo e a defesa de
direitos. (ASSIS, 2006.p.12)
Durante a convivência com a pessoa esquizofrênica, os familiares e
pessoas próximas, relacionam as mudanças de comportamento com a fase de
adolescência. Com essa confusão dos sintomas, deixam de procurar ajuda
especializada para um tratamento e a busca ocorre somente quando surgem
os sintomas agudos.
Este início agudo tem como característica o surgimento de sintomas
repentinos, como a regressão, a confusão e a ansiedade, que se não tratados
e evoluem para estado de pânico. Surgem também episódios de confusão,
excitação motora, insônia e possíveis atitudes catatônicas (FERRARI, 1996).
No período insidioso ocorre um desenvolvimento da psicose de forma
amena, a função psicomotora é preservada, mas os aspectos emocionais e
intelectuais da pessoa são afetados severamente, acarretando mudanças
constantes de humor, atos obsessivos, compulsivos, irritabilidade e hostilidade
(GIACON e GALERA, 2006).
Para essas pessoas com esquizofrenia, a intervenção necessária
abrange além de um tratamento farmacológico e psicossocial. É preciso
trabalhar a inclusão familiar, perceber as necessidades das pessoas que
convivem com o doente, estimular a participação dos mesmos, para que
colaborem para estabilizar possíveis surtos e possível a piora do quadro.
23
5.2 O adoecimento famíliar na presença de um portador de
esquizofrenia
De acordo com Zanetti e Galera (2007), existem diversos fatores que
desestruturam uma família. A doença é um fator preocupante até o momento
de sua cura. Considerando a esquizofrenia como um transtorno crônico a
solução é se adaptar com a situação. Há um grande impacto negativo ao
descobrir este diagnóstico em algum membro de uma família. Surge um
turbilhão de emoções, como medo, tristeza, preocupação, aflição, revolta e
apatia por se sentirem incapazes de intervir e propiciarem a melhora deste
indivíduo.
Durão et al. (2005) aponta estudos que afirmam que a presença da
esquizofrenia no grupo familiar acarreta sobrecarga em atividades cotidianas
(relacionamentos, lazer, saúde física e mental). Outras famílias se sentem
sobrecarregadas devido um aumento de tarefas como acompanhar ao médico,
ficar mais atento nas atitudes, o gasto com medicamentos e, assim, um
possível problema financeiro. Além do impacto da descoberta, ocorre também
o abalo emocional no decorrer dos dias, pois o processo do cuidar de uma
pessoa esquizofrênica exige atenção minuciosa aos comportamentos e
costumes; adaptar-se às oscilações de humor e aprender a agir frente uma
crise, fatores que exigem um esforço maior do cuidador familiar.
Algumas famílias acreditam que a melhor atitude para o membro
portador dessa patologia é o isolamento e a exclusão. Mesmo considerando o
grau de rigidez desse comportamento, é necessário compreender que cada
família se adapta da maneira que julga ser mais eficiente àquela situação.
Ainda, é possível imaginar também, que esses familiares não tiveram – ou
tiveram de forma inadequada – orientações sobre os cuidados com a pessoa
portadora de transtorno mental (TEIXEIRA, 2005).
Zanetti e Galera (2007) afirmam que o sofrimento é predominante
nessas situações, já que a adaptação aos sinais e sintomas da doença é
desgastante. Também há a frustração dessa família em pensar que tempos
anteriores esse indivíduos era uma pessoa aparentemente saudável, e agora
se encontra bastante desorganizado. Fica a dúvida sobre quais expectativas
24
podem esperar para o futuro, o medo de atitudes agressivas, a vergonha da
sociedade, etc
5.3 A postura a ser tomada pela família
Na esquizofrenia, muitas famílias creem que suportarão a doença
sozinha, sem que ninguém perceba; e quando percebem que isso não é
possível, retorna ao médico a procura de uma solução imediata, uma cura.
Há uma compreensão que pode alterar esse aspecto de procurar “a
solução pronta”. Ele diz respeito ao fato de que o esquizofrênico tende a
desenvolver uma maneira de funcionar e reagir diferente do que as pessoas
esperam.
As atitudes que os familiares acreditam que sejam as mais corretas
muitas vezes não funcionam com os pacientes de esquizofrenia. Entender essa
diferença de ações é fundamental para conseguir produzir soluções junto à
pessoa com esquizofrenia. (VILLARES, 2003.p.23)
Quando o paciente e sua família conversam juntos com o psiquiatra,
entendem melhor o que está acontecendo com o paciente, e então se inicia os
medicamentos. Ao primeiro passo, esta é a solução. Entretanto, no inicio, o
paciente sempre se nega os remédios, em razão de ideias delirantes. Quando
o paciente começa a seguir os tratamentos, os problemas diminuem, mas não
desapareceram; os familiares também tem que buscar ajuda para compreender
a condição do paciente e darem conta das questões de cada um, iniciando
assim as mudanças. Isso permite ir elaborando soluções a partir das questões
cotidianas, principalmente o entendimento das limitações que a doença trás e
como ajudá-lo a combater e superar suas dificuldades. (VILLARES, 2003.p.23)
5.4 A forma de lidar no momento da crise aguda
A esquizofrenia é uma doença que não existe um remédio que vai
simplesmente curar o paciente. O médico não tem uma “fórmula mágica”. O
que realmente se dá pra fazer é algo paliativo, uma série de remédios que dão
estabilidade ao paciente. As soluções, cada família precisa ir se adequando e
25
assim construindo, pela convivência. Sempre vale a pena um dialogo com os
profissionais da saúde. (ASSIS, 2006.p.21)
As soluções começam a aparecer quando os familiares conseguem
estabelecer canais de comunicação com o paciente, quando conseguem
estabelecer uma rotina pra família sem ficar assombrado pela doença.
O que estreita a relação entre o paciente e a família, é quando a família
começa a entender o sofrimento do paciente, e procura assim, diminuir o seu
isolamento, mostrando quanto é amado.
Na crise a família pode se desestabilizar e com isso criar muitos
conflitos. Não há uma forma certa de se lidar com o paciente no momento da
crise, mas há várias dicas que ajudam. Sempre devemos lembrar que no
momento da crise, o paciente, perde o controle, a sua realidade se torna muito
diferente e ameaçadora. (ASSIS,2006.p.22)
É preciso ter sempre em mente que num momento de uma crise, o
paciente, está tendo várias alucinações e delírios, e aquilo é real para ele.
A esquizofrenia é uma doença que não tem cura, mas tem controle e
tratamento, e há muitas maneiras de evitar ou tratar as crises logo no começo,
evitando-se situações extremas.
Na primeira internação de Carlos, a família foi orientada sobre a
esquizofrenia. Eles entenderam que é uma doença que atinge o funcionamento
do cérebro, fazendo com que ele tenha delírios e alucinações e com isso vendo
a realidade diferente. Entenderam que o uso dos remédios é primordial e a falta
dele faz com que aumente a ocorrência das crises agudas. Mas, entenderam,
principalmente, que o uso do remédio não é suficiente, ele também precisa de
um lar acolhedor, com um convívio harmônico. (ASSIS, 2006.p.23)
5.5 O cuidado em saúde e à família da pessoa portadora de
esquizofrenia no contexto das práticas atuais
O cuidar de um paciente psiquiátrico nos leva a refletir sobre como tem
acontecido o cuidado por si só. Assim, ele pode receber uma diversidade de
interpretações, mas a de maior prevalência é de cuidar apenas da patologia
apresentada. Esse é o modelo biomédico que predomina nas práticas em
saúde. O foco é a doença, geralmente física, e não o individuo como um todo.
26
O contexto das instituições de saúde, atualmente, nos mostra uma organização
centrada na hegemonia do modelo médico e isto coloca o cuidar num lugar de
menor importância, visto que os outros profissionais mantêm-se em posição
subordinada (MERHY, 2007).
Cecílio (2001) nos traz outra lógica para o cuidado. Ele afirma que as
necessidades de saúde podem ser o foco das intervenções e práticas
profissionais, para que seja feita uma melhor “escuta” das pessoas que buscam
o cuidado em saúde. Desta forma, categoriza as necessidades de saúde em
quatro grandes agrupamentos: 1) boas condições de vida – referentes aos
fatores externos do processo saúde-doença, bem como os fatores sociais, dos
lugares ocupados pelas pessoas na sociedade; 2) acesso – está ligado à
possibilidade de consumir todas as tecnologias de saúde disponíveis; 3)
vínculos – estabelecidos entre o usuário e os profissionais, numa relação de
confiança e 4) autonomia – proporcionar aos indivíduos condições para que
possam conduzir sua vida e buscar satisfazer suas necessidades da forma
mais completa possível. Esse elo de intervenções tem como objetivo principal
promover adequação a uma assistência prestada, não tratar do problema de
maneira individual e sim coletivo.
Para que isso ocorra, é necessário que o profissional realize uma escuta
atenciosa e ampliada, acreditando que a pessoa que busca pelo cuidado em
saúde, pode ter algumas outras necessidades e não apenas o mal-estar físico.
Com relação à esquizofrenia, não existem cuidados padronizados para
a pessoa com a doença. Assim, cada família desenvolve atividades e atitudes
de acordo com as necessidades individuais de ambas as partes. Entretanto, a
concepção familiar sobre a doença pode interferir bastante em como essa
família percebe a pessoa adoecida.
Sobre esse assunto, SCAZUFCA (2002) apresenta que a família não é
considerada responsável pela ocorrência da doença, mas, ao contrário, procura
entender as dificuldades encontradas, a partir da vivência de outras famílias
que possuem um membro com grave transtorno mental.
Sendo assim, uma das intervenções psicossociais aos familiares é a
ênfase no trabalho colaborativo entre familiares e profissionais, compartilhando
e abordando informações sobre a doença. A proposta de grupos para essas
famílias é de que os integrantes possam reconhecer e aceitar o aparecimento
27
das dificuldades e que as mesmas façam parte do contexto da doença durante
o convívio. (SCAZUFCA, 2002)
Quando acontecem as reuniões com essas famílias que possuem
aspectos incomuns entre si, ocorre uma troca de informações sobre suas
vivências com seu ente portador de esquizofrenia, tornando se possível maior
compreensão de que ninguém é responsável pelo o que está acontecendo e
que a prioridade é se adaptar do que culpar.
Segundo DURÃO et al. (2005) é perceptível a importância da realização
dos grupos de apoio para essas famílias, pois através da compreensão
adquirida de como tratar o portador da esquizofrenia existem chances de
melhora no percurso da doença.
A Intervenção Psicossocial possui dois objetivos específicos: reduzir ou
prevenir os sintomas da esquizofrenia e melhorar a qualidade de vida de toda a
família. As intervenções também possuem o objetivo de trazer compreensão
aos familiares sobre qual a maneira mais adequada de tratá-los diariamente e
entender que qualquer mudança na vida de cada ser humano acarreta diversos
sentimentos extremos. (SCAZUFCA, 2000)
Antes do início das reuniões é importante que sejam feitas avaliações
referentes a cada família para identificar suas dificuldades mais relevantes no
momento, que serão trabalhada com cautela e solucionada de maneira
contínua. (SCAZUFCA, 2000)
5.6 A rejeição ao tratamento
A maioria dos pacientes com esquizofrenia rejeita o tratamento, e tem
diversas justificativas, reais ou irreais. Uma parte considerável dos pacientes
com esquizofrenia rejeita o tratamento por causa dos próprios sintomas da
doença. Os familiares passam por um desafio diário que requer muito de
paciência, autoridade e negociação para que a pessoa com esquizofrenia faça
uso do remédio. (BRESSAN, 2007, p.56)
Muitas vezes o paciente não consegue compreender a utilidade do
tratamento, e a família precisa ajudar o paciente a entender que o tratamento é
um quesito necessário pra sua melhora. Persuadir uma pessoa adulta a fazer o
que não quer é uma posição muito complicada. Alguns familiares escondem os
28
remédios nos alimentos, mas, é uma conduta errada, já que o paciente começa
a achar que está melhorando sem a necessidade dos remédios. O
convencimento e a negociação, mesmo sendo difícil, é o caminho mais efetivo.
(BRESSAN, 2007, p.57)
Quando a pessoa compreende que os tratamentos trazem uma
vida melhor e com menos sofrimento, abre-se espaço para que o tratamento
adquira o sentido de reconstrução de projetos para o futuro. Cabe então à
família e aos profissionais de saúde facilitar esse entendimento.
5.7 A prevenção de recaídas
A esquizofrenia é uma doença em que o paciente sempre está
precisando de assistência, mesmo não apresentando os sintomas. A família é
de extrema importância para a prevenção das recaídas. (SCAZUFCA, 2000)
Os pacientes ao sentirem uma melhora, tendem a parar de tomar o
remédio, pois o mesmo causa muitas reações adversas, e com isso acontecem
as recaídas. A família tem que estar monitorando o uso da medicação
diariamente.
O ambiente familiar acolhedor é um aspecto fundamental. Um ambiente
harmônico ajuda a prevenir as recaídas e evita situações muito estressantes,
como discussões, cobranças e responsabilidades que estão além da
capacidade da pessoa. Esse ambiente gera um grande apoio para que a
pessoa sinta- se integrada no ambiente familiar. Sabemos que não é uma
tarefa fácil e é preciso que todos se esforcem para cuidar da rotina da família.
Os familiares ajudam a evitar as recaídas quando observam alguns
sinais
que
antecedem
a
crise,
tais
como,
mudança
repentina
de
comportamento e humor, como insônia, irritabilidade, idéias diferentes ou
estranhas, perda de interesse nas atividades, enfim, oscilações que somente
quem convive diariamente com o paciente consegue perceber. Quando a
família consegue notar essa mudança, é indicado procurar o psiquiatra para
uma nova avaliação. (VILLARES, 2003.p.26)
Sabemos que muitas vezes, a pessoa com esquizofrenia tem um
comportamento que dificulta a aproximação dos familiares ou gera conflitos.
29
Prevenir recaídas exige da família o exercício da tolerância e do diálogo
sempre que possível.
5.8. A importância de um ambiente acolhedor na casa do
portador de esquizofrenia.
A esquizofrenia não é a única causa dos problemas de convívio familiar,
há posturas individuais dos membros da família que podem gerar brigas,
discussões, conflitos. (SCAZUFCA, 2002)
Os portadores de esquizofrenia tem dificuldade para aceitar algumas
situações de estresse. Fatores ligados a família como superproteção, brigas e
críticas podem piorar os sintomas. Cada paciente tem um grau de sensibilidade
ao estresse.
Um ambiente acolhedor primordial para a melhora do paciente e é
constituído por uma relação afetiva entre os familiares marcados pelo amor,
pela compreensão e pela confiança. Esse é o objetivo a se alcançar com o
tempo, por meio de superação e de mudanças. (SCAZUFCA, 2002)
É preciso saber ouvir, saber entender o outro, perguntar, para que o
assunto se desenvolva. Tem dias que procuramos alguém para conversar, para
desabafar, e é bom ser acolhido; então imagina uma pessoa que na maioria
das vezes só tem a família como de confiança para conversar tais assuntos.
É importante sempre cultivar esses hábitos sendo fundamental para que
as pessoas com esquizofrenia sintam-se acolhidas no ambiente familiar e
também para que a família não coloque a doença como o centro das questões
do convívio entre os membros. Esses hábitos ajudam na superação dos
problemas sem dar um tamanho maior do que merecem.
30
6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Foram encontrados nove artigos que se encaixavam com o tema
pretendido.
Artigo 1
Título: Avaliação da sobrecarga em familiares cuidadores de pacientes
esquizofrênicos adultos.
Autores: Manoel Dias de Souza Filho; Professor de Psicofisiologia do curso de
Psicologia e de Ciências Fisiológicas do curso de Biomedicina da Universidade
Federal do Piauí – UFPI – Parnaíba; Andréia de Oliveira Sousa; Psicóloga
comunitária do Centro de Referencia da Assistência Social; Alexandre Castelo
Branco Vaz Parente; Doutor em Medicina de Saúde Mental pela Universidade
de São Paulo; Professor adjunto da Universidade do Piauí. Maria do Carmo de
Carvalho e Martins; Professora do Departamento de Biofísica e Fisiologia;
Membro do Programa de Pós Graduação em Alimentos e Nutrição da
Universidade Federal do Piauí; Professora titular da Faculdade NOVAFAPI.
Ano: 2010
Método: Estudo observacional transversal.
O artigo teve como objetivo apresentar o gênero afetado, a sobrecarga
causada pela assistência ao cotidiano dos esquizofrênicos, os gastos
financeiros, a qualidade de vida de ambos, o cuidador e o indivíduo adoecido.
É necessário ter novas estratégias de enfrentamento na psiquiatria, mas
que o cuidado seja não seja somente ao paciente, mas também ao cuidador.
Artigo 2
Título: Esquizofrenia: dando voz à mãe cuidadora.
Autores: Gisele da Silva: Anhanguera Educacional, Faculdade Politécnica de
Jundiaí, Curso de Graduação em Psicologia; Manoel Antonio dos Santos:
Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto, Departamento de Psicologia e Educação, Ribeirão Preto.
Ano: 2009
Metodologia: pesquisa qualitativa.
31
O artigo traz as mães que sofreram com o aparecimento da
esquizofrenia em seus filhos adolescentes. Os temas principais foram:
estranhamento, o estigma da loucura, a chegada ao consultório médico, o
diagnóstico resistindo ao tratamento médico, mudanças na vida, aceitação ou
resignação.
O presente artigo conclui que, as mães não tiveram a percepção da
doença logo de inicio, e sim das alterações em seus comportamentos: Logo
com a confirmação do diagnóstico, buscaram ajuda e se empenharam para
resgatar o vínculo familiar perdido, apesar de, no inconsciente, permanecerem
em luto pela perda do filho sadio.
Artigo 3
Titulo: Álbum de família e esquizofrenia: convivência em retrato
Autores: Gisele da Silva; mestre em psicologia da Secretaria da Saúde do
município Valinhos – SP, docente do curso de graduação em psicologia da
faculdade politécnica de Jundiaí da Anhanguera Educacional, São Paulo.
Manoel Antonio dos Santos; Doutor em psicologia Clínica, Professor do
Programa de Pós - Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP
Bolsista de Produtividade Cientifica do CNPq
Ano: 2009
Metodologia: Pesquisa Qualitativa
Foram utilizados fotos e a maioria delas, era referida a situações
representativas dos momentos da infância de seus filhos. Analisadas as
entrevistas, foi percebido a ausência de fotografias no período da doença..
Este artigo destaca a importância de direcionar a atenção psicológica
aos cuidadores dos portadores de esquizofrenia, objetivando desmistificar a
autoculpabilização e conscientizá-los sobre a postura de corresponsabilidade.
Artigo 4
Título: O impacto da Esquizofrenia para a família
Autores: Ana Carolina Guidorizzi ZANETTI; Enfermeira, mestranda do
Programa de Pós Graduação em Enfermagem Psiquiátrica da EERP-USP.
32
Sueli Aparecida Frari GALERA; Professora Doutora do Departamento de
Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da EERP-USP.
Ano: 2007
Método: Estudo de Caso Etnográfico
O artigo apresenta uma análise referente ao sistema familiar, dividindo-o
em Aspecto Estrutural: quem compõe a família e forma o vínculo afetivo;
Aspecto Desenvolvimento: identifica qual o momento em que a família
encontra-se e, Avaliação Funcional: a vivência, o comportamento de um para
com o outro. Ressalta que a literatura apresenta, para o significado impactante
da esquizofrenia, as seguintes categorias: sofrimento pessoal, sofrimento
familiar e a sobrecarga. Porém, durante esse estudo um novo item surgiu para
esta categoria, o isolamento.
É necessário oferecer suporte aos familiares para que os mesmos
possam ser direcionados e não se sintam isolados, tais como seus doentes.
Artigo 5
Título: Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem.
Autores: Bianca Cristina Ciccone Giacon; Aluna do terceiro semestre de
graduação do curso de Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP); Bolsista do Projeto de
Extensão Universitária, Núcleo de Estudos e Recursos da Família. Sueli
Aparecida Frari Galera; Professora Doutora do Departamento de Enfermagem
Psiquiátrica e Ciências Humanas da EERP/USP.
Ano: 2006
Método: Estudo bibliográfico.
Esse artigo explana sobre o transtorno da esquizofrenia, a idade de
início e a importância do tratamento farmacológico. Além de todo esse
processo, é indispensável a Intervenção Psicossocial e familiar tornando
fundamental o apoio na assistência familiar durante o primeiro episodio de
esquizofrenia.
Artigo 6
Título: Cotidiano de portadores de esquizofrenia, após uso de um
antipsicótico atípico e acompanhamento em grupo: visão de familiar.
33
Autores: Ana Maria Sertori Durão; mestre em Enfermagem Psiquiatria,
Enfermeira chefe do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, da Universidade de SP; Maria Conceição Bernardo de Mello e
Souza – Professora Doutora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da
Universidade
de
São
Paulo,
Centro
colaborador
da
OMS
para
o
desenvolvimento da pesquisa em enfermagem.
Ano: 2006
Método: Pesquisa de avaliação.
O artigo apresenta a importância da participação dos familiares em
grupos. Estes familiares, quando questionados sobre o que sentem após o
envolvimento no grupo, relatam satisfação com o tratamento que os pacientes
vem recebendo.
É indispensável o apoio dos profissionais de saúde às famílias de
indivíduos portadores da esquizofrenia, no âmbito hospitalar e pós alta agindo
como facilitador na integração do paciente à sociedade.
Artigo 7
Título: Fatores associados à qualidade de vida de pacientes com
esquizofrenia.
Autores: Leonardo Araújo de Souza; Departamento de Epidemiologia, Escola
Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de
Janeiro (RJ). Brasil; Evandro Silva Freire Coutinho; Departamento de
Epidemiologia, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Osvaldo Cruz
(FIOCRUZ), Rio de Janeiro (RJ). Brasil.
Ano: 2006
Método: Revisão de literatura cientifica.
A importância de se ter qualidade de vida é indiscutível. Na saúde
mental essa preocupação aumenta, pois para o paciente portador da
esquizofrenia é necessário adequá-lo de acordo com suas necessidades. Logo,
atenção voltada para a qualidade de vida do doente, favorecerá a qualidade de
vida de seus familiares também.
34
Artigo 8
Título: Grupo de Acompanhamento de portadores de Esquizofrenia em
uso de Clozapina e de seus familiares: percepção dos participantes.
Autores: Ana Maria Sertori Durão; Enfermeira do Hospital das Clinicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP; Mestre em Enfermagem
Psiquiátrica; Professora do Centro Universitário Barão de Mauá. Maria
Conceição Bernardo de Mello e Souza; Enfermeira; Professora Doutora do
Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto-USP. Adriana InocentiMiasso; Enfermeira;
Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e
Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão preto- USP.
Ano: 2005
Metodologia: Pesquisa de Avaliação.
A entrevista desenvolve sentimentos de libertação e desabafo. As
reuniões resultam em algo positivo às famílias e também ao portador de
esquizofrenia, ambos expressam satisfação e expõem melhora no convívio
diário.
A terapêutica medicamentosa é algo que está incluso no tratamento ao
esquizofrênico, mas a relação interpessoal entre os membros dessas famílias
juntamente com seu doente, necessita de melhorias no desenvolvimento das
conversas, tendo como objetivo agir no vínculo familiar, amenizando a
sobrecarga de estresse que os acomete.
Artigo 9
Título:
Qualidade
de
Vida
de
familiares
cuidadores
do
doente
esquizofrênico.
Autora: Marina Borges Teixeira; Professora Titular 1 da Universidade
Guarulhos; Professora Doutora da Faculdade de Enfermagem de Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo.
Ano: 2005
Metodologia: Pesquisa Exploratória Descritiva, Transversal, de campo com
uma análise quanti/qualitativa dos dados.
35
O artigo apresenta que a maioria dos cuidadores não possui vida social
ativa e frequente, após a esquizofrenia acometer um e/ou mais indivíduos da
família. A queixa mais aparente é o estresse. Os cuidadores sentem-se
sobrecarregados e as preocupações aumentam a cada dia, mesmo o doente
estando aparentemente bem. Alguns vínculos são desfeitos nessa fase
turbulenta, como entre amigos, companheiros e familiares. A qualidade de vida
é prejudicada cada vez mais, já que o acúmulo de afazeres causa esgotamento
no cuidador.
Conclui-se que, o cuidador e os familiares deixam de viver suas vidas e
se adaptam à vida do ente com esquizofrenia
36
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Reforma Psiquiátrica veio com o intuito de dar uma melhor qualidade
de vida aos portadores de esquizofrenia. Com isso, veio uma maior
responsabilidade à família, pois essa exerce o papel principal pela melhora do
paciente.
Percebeu que alguns familiares se sentem esquecidos e sem
conhecimento sobre a doença que atinge seu ente. Zanetti et al. (2007), aponta
a assistência e as ações dos modelos substitutivos encontram-se falhas no
auxílio de enfrentamento da doença mental, ou seja, é preciso oferecer suporte
aos familiares para melhoria no vínculo entre os mesmos e diminuir a
sobrecarga.
Durão, Souza e Miasso (2005) em seu artigo, apresentam que a
terapêutica medicamentosa é um processo incluso ao tratamento da
esquizofrenia e possui sua importância, mas ressalta que a relação
interpessoal entre os membros familiares juntamente com seu ente doente é
imprescindível para melhorias em estabilizar se quadro.
A partir das mudanças feitas pela Reforma Psiquiátrica, o individuo
acometido pela esquizofrenia, foi novamente inserido no convívio social.
Ficando claro que os familiares dessas pessoas são as principais responsáveis
por tal ato, tendo, consequentemente, um acúmulo de afazeres.
Existem serviços que auxiliam no tratamento dos portadores de
esquizofrenia e lhes oferecem suporte, tanto farmacológico, psicossocial ou
terapêutico contribuindo para o equilíbrio emocional dos mesmos.
Entretanto, após a análise dos textos, percebeu-se que, depois da
Reforma Psiquiátrica, talvez exista um déficit no atendimento oferecido pelos
serviços substitutivos atualmente, deixando falhos o atendimento e suporte ao
paciente esquizofrênico e seus familiares.
As famílias necessitam de atenção, do auxílio de profissionais
multidisciplinares para direcionar o que pode ou não ser positivo para o ente
adoecido e que amenizem a sobrecarga do cuidador. Portanto, é necessário
aos profissionais da área da saúde modificarem seu olhar individual aos
37
doentes e, de maneira holística, tratar as necessidades de todos os membros
da família.
38
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